Google This is a digitai copy of a book that was prcscrvod for gcncrations on library shclvcs bcforc it was carcfully scannod by Google as pari of a project to make the world's books discoverablc online. It has survived long enough for the copyright to expire and the book to enter the public domain. A public domain book is one that was never subjcct to copyright or whose legai copyright terni has expired. Whether a book is in the public domain may vary country to country. Public domain books are our gateways to the past, representing a wealth of history, culture and knowledge that's often difficult to discover. Marks, notations and other maiginalia present in the originai volume will appear in this file - a reminder of this book's long journcy from the publisher to a library and finally to you. Usage guidelines Google is proud to partner with librarìes to digitize public domain materials and make them widely accessible. 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Os livros de dominio pùblico sào as nossas portas de acesso ao passado e representam urna grande riqueza histórica, cultural e de conhecimentos, normalmente dificeis de serem descobertos. As marcas, observa^òes e outras notas nas margens do volume originai aparecerào neste arquìvo um reflexo da longa jornada pela qiial o livro passou: do editor à biblioteca, e finalmente até voce. Dìretrizes de uso 0 Google se orgulha de realizar parcerias com bibliotecas para digitalizar materiais de dominio pùblico e tornà-los ampiamente acessiveis, Os livros de dominio pùblico pertencem ao pùblico, e nós meramente os preservamos. No entanto, esse trabalho é dispendioso; sendo assim, para continuar a oferecer este recurso, formulamos algumas etapas visando evitar o abuso por partes comerciais, incluindo o estabelecimento de restri^òes técnicas nas consultas automatizadas. Pedimos que voce: • Paga somente uso nào coniorcial dos arquivos. 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I 3^acbar& College l.ibracg PRICE GREENLEAF FUND ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ 1 a A ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ VOL. VI -ANNO DE 1908 LISBOA or. TU». — CAL^ADA DO CABRA, 7 T^9(n;e 11^./ LISTA DOS ASSINANTES V voi, 1907 General José Maria Grande — Lisboa. D. Maria do Castello Pereira de Lucena Alves do Rio — Lisboa. Conselheiro Gama Barros — Lisboa. Conde de Sabugosa — Lisboa. Duque de Palmella — Lisboa. Dr. Carvalho Monteiro — Lisboa. D. Antonio, Arcebispo de Calcedonia — Lisboa. Aires de Ornellas — Lisboa. Dr, Carlos Tavares — Lisboa. Dr. Bettencourt Raposo — Bucellas. Francisco Van Zeller — Lisboa. D. Joao de Lancastre e Tavora — Lisboa. Conselheiro Augusto Gomez de Araujo — Lisboa, Condc de Valengas — Lisboa, Conde de Bertiandos — Lisboa. Conselheiro Costa Lobo — Lisboa. Visconde da Esperan^a — Evora. Conde de Mangualde, Fernando — Lisboa. Dr. José Sim6es de Ólivcira Martins — Lisboa. Augusto Goltz de Carvalho — Buarcos. D. Maria Luisa da Cunha e Meneses — Lisboa. Dr. Maximiliano de Lemos — Gaia. Conselheiro Silva Amado — Lisboa. Gabriel Pereira — Lisboa. Dr. José Maria Rodrigues — Lisboa. Carlos Quintella — Aiambuja. Gomes de Brito — Lisboa. Augusto Mendes Simòes de Castro — Coimbra. Joaquim Emilio Tovar — Lagos. Sebastiao Pereira da Cunha Soutomaior — Lumiar. Joao de Saldanha ae Oliveira e Sousa — Lisboa. José Manuel da Costa Ba^to — Lisboa. Dr. Gonf alvez Guimaraes — Coimbra. Dr. Antonio Viana da Silva Carvalho — Lisboa* Comendador Guilherme Henriques — Lisboa. VI ARGfHVO HISTORIGO PORTUGUEZ Antonio Cesar de Mena Junior — Bemfica. Conselheiro Adolfo Loureiro — Lisboa. Sociedade Nacional de Bellas Artes — Lisboa. Biblioteca da Universidade — Coimbra. Dr. Toniàs de Mello Breyner — Lisboa. Conde de Pcnha Garda — Lisboa. José Pereira Palha Bianco — Villa Franca de Xira. Biblioteca do Ateneu Comercial — Porto. Marquis Mac Swiney de Mashanaglass — Roma. Artur do Sacramento — Porto. Miguel de Matos Fernandes — Epora. Conde da Esperan^a — Cuba. Conde de Penha Longa — Paris. Roberto de Campos — Lisboa. Francisco José de Carvaiho — Ameixoeira. Alfredo Pinto (Sacavem) — Lisboa. Manuel de Oliveira Lima — Vene^^técla (Caracas). Konigliche O. Bìblioiheck — Dresde. Conselheiro Piza e Almeida — Rio de Janeiro. Comendador José Vasco Ramalho Ortigao — Rio de Janeiro, Sebastiao Lopez da Cruz — Rio de Janeiì*o. D. Carolina Portella — Porto. A. Pedone — Paris. Biblioteca Nacional do Brasil — Rio de Janeiro. Edgar Prestage — Chiltèrn — Botpdon — Cheshire. Conselheiro Jaime Forjaz de Serpa Pinìcntel — Lisboa. Agostinho Fortes — Lisboa. Bernardo da Silveira — Lantego. Biblioteca Publica — Evora. Biblioteca Publica — Braga. Biblioteca Publica — Vita Real. Biblioteca Publica — Ponta Delgada. Librarian of the John Ryland's Library — Manchester. Alvaro de Azeredo — Lisboa. Eugenio do Canto — Ponta Delgada. Tiago Eleoterio de Soure — Evora. Julio Nombela y Cannpos — Madrid. G. Bivar Pinto Lopes — Gorongo\a. Biblioteca do Regìmento de Cavalaria io •— Vita Vicosa. Real Colejio Militar — Lwz. Senador Manuel Barata — Belem-Pard. G. E. Stechert — Paris. Joaquim Gomes de Macedo — Porto. Livraria Rodrisues & C* — Lisboa — (sete exemplares). Victorino da Mota & C** — Porto. Parker and Son — Oxford. Joaquim Elisio Gon^alves — Porto — (dois exemplares). Jose Claudio de Sousa — S. Miguel. LISTA DOS ASSINANTES ni Livrarìa Moreira — Porto* Conselheìro Alexandre Cabrai — Ancéde — Douro. Jorje O'NciI — Lisboa. José Estanislau de Barros — Lisboa. Conde de Azevedo — Vila do Conde. Dr. Eduardo de Campos de Azevedo Soares — Caminha. Baron Eduard Teixeìra de Hatos — Monte-Estoril. Julio Moreira — Porto. Joao da Rocha — Viana do Castello. Dr. Capistrano de Abreu — Rio de Janeiro. Dr. Antonio Barbosa de Mendon^a — Felgueiras. Instituto Historico e Geografico — Rio de Janeiro (j). Academia Real das Sciencias— Lfs^oa (i). José Rodrigues Sim6es — Lisboa (i). Dr. Tito de Sousa Larcher — Leiria. Real Biblioteca da Àjuda — Lisboa (2). i 1) Assinou para os cinco volumes. 3) Assioou para os tres ultimos volumes. ■^: Os antepassados de Camillo (Conttnuadù do voi. V, pag. 4io) APENDICE NO¥os e ìnteressantes documentos, que se me depararam jà depois de pubiicada a parte principal deste estudo, obrigamme a voltar a tra- tar dos antepassados do romancista que nas suas obras fieimente representa os costuaies das aitas e baixas classes tao rudes e vio- lentas da sociedade de Alem-Doiro; romancista a quem devemos oconhe- cer III loco a popula^ao dentro da qual na sua quasi totalidade se recru- tam OS que dirigem os destinos do pais. Daquelles documentos, uns sao devidos ao interesse que leitores illustres do Archivo mostraram pelo as- sunto ; outros, a novas investiga<;6es a que procedi na Torre do lombo. Um traballio sobre os Correias Botelhos tem interesse, nao so por se referir & personalidade de Camillo ; mas, o que ainda é mais ponderavel, por ser material para umi futura historia da vida social portuguesa tao mal conhecida, e tao desprezada. Por vezes tcnho caido em tenta^ao de fiistigar qualquer acto ripugnante à ethica, que se me tenha deparado no constava de cartas escritas por elle e seu irmSo José e do que havia va- rias testemunhas. Como nao tinha escritura, a referida Anna pediu a gra^ a de Ihe servirem aquelles elementos de prova publica. Domingos sabendo do caso veiu declarar que ^lla «numca emprestou dinheyro algum ao Em- bargante nem o podia emprestar porquc he bua pobre meretrix publica que de seu nao tem couza alguma nem para se sustentar mais que o que adquire pelo ilicito trato que tem com muitos homens sendo alguns os re- feridos para testemunhas que entressados para Ihe fazer beneficio se tem (1) Desembargo do Pago, Beira^ n.o 458o5. (2j Desembargo do Pago^ Beira, n.* 4561 5. j OS ANTEPASSADOS DE CAMILLO 5 conjurado contra o Embargante para ver se pelo modo que a supplica re- presenta Ihe podem tirar aquella importancia so para a consumirem huns e outros luxuriosamente por julgarem ao Embargante com dinheiros». Alegou ainda que nao era verosimil «que o Embargante pedisse em- prestada tao avantajada quantia i Embargada no tempo de filho famillias, porque- nunca tcve ocaziao de que se presizasse de tantos dinheyros^ an- tes seos Pays o assistirao com todo o necessario, tendo tambem em seu favor o amparo de seos Thyos que da mesma sorte o sucorriao, por se- rem estes e os dittos seos Pays abastados dos bens de fortuna tidos e re- putados por homens ricos e o b)mbargante por comedido e bem governado que nunca obrou excessos, que o obrìgassem a mayores despezas e nam a pedir dinheiros emprestadosi. Nao obstante os embargos, foi Anna Margarìda Mourao autorìzada a dar a prova que pretendia em i6 de outubro de 1772 (i). A questao protelou-se e durava ainda em 1774. Anna Margarìda acusava seu sobrinho de ter Villa Real em opressao e de se nao importar com as justi^as. Este por seu turno dizia : cNSo pode o recurrido dcixar de por na prezen^a de V. Mag.^^ que a Recurrente he mulher que tem fìlhos de vanos homens e prezentemente d*hum Joze Manoel Teixeira de Novaes hua filha naturai por andar com ella amigado ; e que sendo solicitador de cauzas igualmente injuria ao Recurrido por ser feita a supplica da mes- ma (2) por letra do dito solicitador seu Amasio». Mais adiante diz-se: cE se acba a Recurrente pelo seu mao procedimento com que vive escanda- losamente nesta villa, e incestuozamente amigada com o dito solicitador Joze Manuel Teixeira de Novaes, de que he parente no 4." grau ; e com outros mais homens, nos termos de que V. Mag.''^ a mande remetter para a Gaza d'Estopa». A proposito da pessoa do recorrido diz-se em sua defesa: «He o Rec< currido Domingos Jozé Correla Botelho homem cordado, prudente, cìvili- zado, retirado de communica^oens com offìciaes de Justiga tanto que os seos negocios os trata por Procuradores sem escandalìzar pessoa algua^ e menos aos offìciaes eie justi^a, sobre cuja circumstancia, e de todas as que nesta resposta alego em defeza, ha necessariamente d'informar o dito meretissìmo Juis» (3). A viuva conseguiu no final pela provisao de 21 de junho de 1774 que o processo passasse para as maos do ouvidor de Villa Real (4). Jd vimos que Domingos José Correìa Botelho depois de deixar de ser juiz de fora de Cascaes em 24 de mar^o de 1772, logar que esercera com pouca felicidade cérca de nove meses (e nao dois comò por erro disse), se recolhera a Villa Real com sua mulher. Cabe àqui a scena comica, com que abre O Amor de PerdifSo^ do desapontamento de D. Rita Teresa ao ver o esplendor negativo dos parentes de Villa Real. Loeo Camillo conta a seguir a constru^So de um palacete na rua da Piedade, para a qual a (1) Desembargo do Paqo^ Beira, n.* 39082. (2) Doc li. m Desembargo do Pago^ Beira^ n.» 39, 314. (4) Idem. 6 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ rainha D. Maria I contribuiu com donativos a favor da sua aia ou dama. Nao é provavei que taes donativos se fizessem nem em 1772 nem depois da morte do rei D. José. O dote de D. Rita bastaria para isso, alem de que ella, corno as suas irmas, usufruia desde 1766, em virtude dos servi- cos de seu pai, urna pequena tenca de dez mìl réis (i), ten^a que no raeu entender fez levaniar a lenda de pertencer à familia ou casa da rainha. Mas nos tra<;os geraes deve ser verdade o que Camillo diz. D. Rita havìa Ihe de desprazer os rudes tugurios do norte ; e o genio atrabiliarìo da sogra, no caso que ella fosse viva, tambem nao seria de molde a amenizar a esistencia a uma crian^a habituada ao clima morno e cornuto de Cas- caes. O exjuiz de fora procurou portanto casa sua e de tal fórma se houve que em 3 de abril de. 1773 D. Maria Eugenia de Portugal, senhora de varios morgados, filha de Bernardo José Teixeira Goelho de Mello Finto de Mesquita e de D. Mariana Francisca Pereira da Silva, residente no Por- to, fez-Ine prazo de umas casas situadas na rua das Flores, as quaes elle logo tratou de reparar. Mas um anno depois Joao Correia BotelhOs fidai- go da Casa Real, veiu demandar o enfiteuta e a directa senhoria ale- gando que sua tia D. Josefa Clara Botelho da Fonseca, filha de Joao Cor- reia Botelho e casada com Francisco José Teixeira Coelho, residira naquel- las casas por mais de quarenta annos, sucedendo-lhe depois seu filho An- tonio Teixeira Coelho, o qual fallecendo sem outros parentes mais do que o refendo autor, a elle pertencia a posse das casas. O antigo juiz de fora em vista do mandado eie d spejo teve de abandonar a casa aos procura- dores do autor, seus filhos Antonio Botelho Correia de Queiroz Pimentel, José Botelho Cardoso, Joaquim Botelho de Almeida e seu sobrinho An- tonio Botelho de Lucena. Por seu turno nomeou Domingos seu irmao José Correa Botelho de Meneses, ao que parece mais habil do que elle, para defender o seu direito. A demanda nao se chegou a resolver e ainda durava em 1791. Neste processo achamos a litigar os Correias Botelhos descendentes legitimos de Martim Machado Pinto e os Correias Botelhos descendentes de Lazaro da Costa, filho illegitimo do mesmo Martim. E' interessante registar a noticia de que as casas da rua das Flores foram compradas em 1625 por Gonzalo de Mesquita Pinto a Elvira Moreira, viuva de Pero Correia Botelho, e a seus flinos Tomàs Botelho e Pero Correia (2). Estes Correias Botelhos podem ou devem ser aparentados com Isabel Machado da quinta de Silvella, mulher de Domingos Rodri- gues Pinto. Pela habilitacao para o Santo Officio de Maria Botelho Correia, segunda mulher de Domingos Lemos da Rosa (m. 100, n. 3), datada de 1 656, consta que era filha de Fedro Correia de Barros, naturai da sua quinta de Sii velia e de Maria Botelho da Nobrega; neta paterna de Antonio Correia de Barros e de Joanna Tavares; e neta materna de Tomàs Botelho, atràs mencionado, e de Isabel da Nobrega. (1) Chancellaria de D. José^ liv. 5i, p. 67. (2) Estes elementos foraoi coihidos do processo q.<* 46866 do Desembargo do Pa- fOy Beira, OS ANTEPASSADOS DE CAMILLO 7 O ex juiz continuou residindo em Villa Real onde, em 17 de agosto de 1778, nasceu Manuel, o pai de Camillo (i). Em maio de 1784, nasce o desgragado SimSo na freguesia de Ajuda, onde OS pais entao residiam (2). Em 1787. estava ainda o ex iuiz de fora occupado com a heran^a de sua mulher» corno jà sabemos. De aqui até fevereiro de 1799 "^^^ ^^ì delle; mas neste més, residindo de novo em Villa Real., requere para se re- presentar por um procurador no processo que move na correigao de Villa Reni centra Flavia Teresa e seu nlho, em virtude e de necessidade de hir à Corte fazer a sua oppozigam e outras dependencias, deiuandas, negocios que nella tem>. A divida era na importancia de quarenta moedas e meia. Està questao consta dos processos 8535, i56o5 e 40596 do Desembargo do Pa^o, Beira. Em 1802 requere para poder agravar fora de tempo de urna sentenza proferida contra elle no processo que tinha com Antonio José de Sampaio, do logar de Meneses (3). Em setembro de 1809, tendo jd morrido o pai de Simao, requereu a sua viuva, crismada em D. Rita Preciosa da Veiga Castello-Branco, para po- der agravar fora de tempo de uma divida de Antonio Alves Monteiro com fundamentOf de que $e nao fizera isso mais cedo, fora cpor embara^os do dito seu defunto marido» (4). Estes emprestimos sucessivos dc^pertam em mim a suspeita de que o Btxi^a se metera a agiota. O caso é que por qualquer necessidade, perto de trinta annos depois da saida for^ ada da judicatura de Cascaes, o velho bacharel com os seus sessenta apnos se submeteu às contingencias de um concurso ou comò entao se dizia de uma oposi^ao. Para sua infelicidade foi nomeado em 24 de junho de 1802 por tres annos para juiz de fora de Vizeu. E' aqui que decorrem as principaes sce- oas do Amor de PerdipaOj novella que tantas lagrimas tem feito derra- mar is pessoas sensiveis e pari passu feito lucrar os editores. Em meado de 1802 cometa, segundo a cronologia j>ouco segura de Camillo, a dese- nhar-se o drama de aue é heroe Simao, drama que deve ter tido o de- senlace tragico em junho de i8o3. Documentos autenticos, que concordem com a narrativa de Camillo, nao consegui achar. Uma carta anonima diri- gida em julho de i8o5 ao Provedor de Lamego com o fìm de defender Domingos José Correia Botelho das acusa^Ses do clero, nobreza e povo de Vizeu, carta de que ha suspeitas ser autor o juiz, declara : e pois Ihe adevirto que se deram està carta, estam resiando os ^ugeitos que deram acapituladas de seu filho, querem ver se o emquietam para eie nao res- pirar» (5). Ou^amos agora os documentos. Em de 3 de agosto de 1804 sen- do um quarto de bora depois da meia noite, na Rua Direita de Viseu foi fendo por um tiro de clavina Francisco José Ferreira, naturai de Moimen- (1) Amores de Camillo^ 25. (2) Amor de PerdigSo^ Gap. 1 1. (3\ Desembargo do Pago^ Beira^ n»"* 41818. (4) Desembargo do PagOj Beira^ n.^* 42209 e 42332. (5) Desembargo do Pago^ Beira^ n.» 41707. 8 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ ta da Beira, criado de José Cardoso Cerqueira, de quc Ihe resultou Bear sem parte dos dedos das maos e com urna coxa atravessada, recolhendo- ae OS criminosos a casa do juiz de fora que morava no tèrreiro da Sé* Foram acusados d'este crime Simao Antonio Botelho e José Jeroni- mo, filho de Lourengo de Andrade e Seixas, que tinham sido vistos andar armados por aquella rua e ameagando o primeiro Fernando de Alme/da, filho do refendo Cerqueira. De Simao diz urna testemunha : «sendotam- bem publico que o mesmo filho do Juiz atirari mais tres Tiros a outras varias pessoas e que he verdade que saDe pello ver e ouvir que toda està cidade [de Viseu] andava com temor e estavam em grande dcsasuse^o em quanto o ditto fillio do Juiz de Fora se achava nesta Cidade pellos insul- tos que fazia e esperan^ado na fatta de castigo por seu Pai scr Juiz». A devassa que se tirou, feita pelo vereador mais veiho de Viseu e pelo meì- rinho geral em 6 de agosto, resultou pela pressao esercida sobre as teste- munhas corno de nenhum valor, pelo que o Desembargo do Pa^o orde- nou em 21 de maio de i8o5 se procedesse a outra. Entretanto os dois criminosos «homens vadios custumados a commeter similhantes delitos, e a andarem de noute e de dia dando tiros em varias pessoas», tinham tira- do cartas de seguro, sendo a de Simao datada de 17 de setembro de 1804, augmentada por mais um anno em 5 de setembro de i8o5 (i) e aìnda por mais outro em 12 de agosto de 1806, em consequencia do seu livramen- to pela Rela(;ao ir muito atrasado (2) ; e a de José Jeronimo de Loureiro e Seixas tambem reformada por mais um anno por despacho de 11 de outubro de 1806 (3). Nos capitulos apresentados contra o pai de Simao, aos quaes adiante me referirei, diz a testemunha o bacharcl Antonio Cardoso de Sousa e Liz «he publico bem comò que o refendo filho [Simao] asuciado com o refendo Quinlas derao hum tiro e foram dezafiar a porta hum irmao do Cappitam de Sao Salvador, em ocaziao que se queixava de the matarem as suas pombas». José Rodrigues Quintas do logar da Travanca era cladrao pu- olico que rouba pelas Feiras e Mercados quanto pode, he da amizade do dito Juiz de Fora, e um ca<;ador que muitas vezes acompanhava com seus filhos». Sobre o amor fratemal de SimSo e de Manuel^ o pai de Camillo, acha- mos um depoimento feito pelos dois milicianos em 25 de setembro de 180; sobre o que sucedeu, quando iam prender este por ser desertor do regi- mento de cavallaria de Braganga (alias Miranda), no qual se diz que cen- contrando-o na Pra<;a desta mesma cidade o conduziram à cadeia com- portando-se elle com muito socego, e estando elles Declarantes de centi- nella a porta daquella cadeia chegara o dito Ministro seu Pay a querer entrar nella, o que nao consentirlo pellas ordens que tinhao de seu com- mandante nSo obstante elle dizer ser o dono daquella cazn de cadeia e retirandose viera logo hum seu filho chamado Simao Antonio e querendo igualmente entrar tambem o ambara^arao pela mesma forma, e retiran- (i) Desembargo do Pagos Beira^ jS3 e 754. (2) Desembargo do Pago, Beira^ ma^os 753 e 757. (3) Desembargo do Paqo^ Beira^ ma^o 756. OS ANTEPASSADOS DE CAMILLO 9 dose a sua caza muito enfadado, tornara depois rebussado com um ca- pote havendo logo quern ali dissesse vinha rudiado de pistollas e chigando e querendo entrar o replirao elles declarantes segunda vez e entao alte- randosse com elles dezabafou e rogando alguns nomes menos descentes e injuriosos contra o Coronel delles declarantes, Ihe portesiara havia de fazer-Ihe o mesmo que jà tìnha feito a alguns da cidade assim corno de se vingar delles ditos declarantes». No Amor-de Perdicao contam-se estes factos fortemente alterados e corno nao trato agora da verdade naquelle romance, por isso nao registo as contradi^es. A devassa tìrada a pedido do clero, nobreza e povo contra o juìz po^ de resumir-se nas se^uintes palavras que recebia por si^ sua mulher e fi- Ihos e amigos quanttas avultadas. A resposta do Dr. Domingos José Correla Botelho aos capitulos diri* f;idos contra elle, é na verdade machiavelica. Elle que so reconhecia a or^a da lei para a torcer em seu benefìcio, declara se corno urna das co> lunas do trono e do aitar ! Eìs comò o ex'juiz come(;a a sua defesa : A mudanqa de tempos, a currucao de costumes tem disgragadamente produzido as intrigas e ca- balas nos coragóes dos homens que conduzidos por huraa fal^a felozofia, nao querem conformar suas acgones com as leis, aborressem os sopriores, e so desejam uiuer soltos, sem coragoes e sem Magistrados que os con- tenham e nonham diques a sua resolugao». A mesa do Desembargo do Pa^o nao se deixou colher com a lealdade do pai de Simao, tanto mais q[ue nos ultimos tempos erao muitas as quei- xas contra os magistrados, e visto que celle se acna gravemente indiciado de crimes enormes que pela lei do Reino tem pena de morte, oferecendo tao bem a impunidade aos malfeitores a pre^o de dinheiro, e vendendo a justica em publico leilao: provandose ja quanto basta para dever ser sus- pensb, sequestrado e prezo, dando-se-lhe logo o logar por acabado, e mandando-se tirar sua rezidencia por Ministro exacto, a qual deverà ser julgada no Juizo dos Feitos da Pazenda com assistencia de Procura dores Kegios». A consulta foi feita em i de marcio de 1806 (i). Suspeito que Domingos José Correia Botelho se suicidasse para esca- par a uma vergonha publica. Camillo diz que elle faleceu em 180& e algures conta que foi assassi- nado na sua quinta de Montezellos por salteadores (2). Em 17 de mar?o de 1807 embarcou para a India Simfio Antonio Botelho, segundo diz uma observa(;ao esistente no livro das entradas dos presos dd cadeia da rela^ao do Porto de i8o3 a i8o5, de que nos dà co- nhecimento Camillo no Amor de Perdicao. O crime que o Icvou ao de- gredo nao é o que nos conta o grande romancista. Os documentos dizem- nos so, que elle foi criminado pelo estropiamento que praticou com um tiro da sua carabina ou clavina na pessoa do crìado de um individuo de Vi- seu. De ter sido o amor que Ihe armou o brago, estao mudos os proces- sos que compulsei; so o archivo da Relaqao do Porto nos dirà alguma 1 1) Desembargo do PacOj Beira^ mago 758. 2) Aib. Pimentel, O Romance do Romancista, 23. ^ IO ARCHIVO HISTORICO PORTUGUCZ cousa» no caso que este ainda esista (i). Quanto a Teresa^ seu pai, seu pri- mo, o ferrador Joao da Cruz e a fìlha deste, sao figuras ao que me parece creadas pela fantasia de Camillo. Nao seria todavia muito improvavel que o amor de Simao tivesse sido consagrado a urna rapariga pobre e de tao baixa condì^ao, que ao juiz de fora sobreviesse repugnancia em a admitir por nóra, a qual todavia praticado o crime pelo amante, o tivesse acom- panhado até à morte quer nas profundidades do oceano, quer nas regioes do oriente. Esvae se assim urna lenda, mas aumenta se o brilho de Camillo por quanto retirou da sua imagina^ao uma das narrativas de maior sentimento que possuimos. Dias antes do embarque de SimSo para a India, tinha Manuel Joaquim Boteiho Castello-Branco dado baixa de cadete. No penultimo més desse anno de 1 807 entravam em Portugal os franceses comò inimigos, a quem sucediam depois os ingleses. O apatico pai de Camillo parece que nao tomou parte nas lutas, porquanto mais tarde no tempo de u. Miguel reque- rendo o habito de Cristo nao poude demonstrar outros servi^os alem do de ter dado baixa de cadete, documento a que jà me referi. Foi todavia algum tempo director do correio de Villa Real (2). Uma senhora com a qual nao tinha impedimento canonico deu-lhe uma fìlha e o grande Camillo. Aquella senhora, de quem ainda nao estao bem averiguados os nomes, pois umas vezes se Ihe dà o nome de Jacinta Rosa d'Almeida do Espirito Santo, outras de Jacinta Emilia Rosa do Espirito Santo e ainda outras de Jacinta Rosa de Proen^a (3), suspeita-se que era aforeana e casada (4), formando as rcia<;6es della com seu pai um episodio que Camillo intro- duziu no Amor de Perdigdo. Se Camillo é tao puro pintor dos costumes, deve essa qualidade aos quadros da vida provinciana que elle conhecia quer comò actor, quer comò ouvinte, quadros que concatenava tao maraviihosamente que o leitor so conhece as suturas por meio de poriiado estudo. O melhor esemplo de urna dessas composi(;des é por certo o Amor de Perdifoo. Todos ou qua>i todos os episodios sao reconhecidos até agora por esactos, mas se compulsarmos os documcntos vemo-los dispostos por elle anacronicamen- te, as figuras sao deformadas de proposito, para o leitor facilmente aprcen- der OS caracteres idealisados pela esthetica inconsciente de Camillo. Agora consideremos uma outra face da familia do romancista. Era ella nobre ? Em que categoria pode ser coUocada ? Este assunto jé foi venti- lado pelo sr. José de Azevedo e Meneses, da casa do Vinhal, em Fama- licao, no jornal A Alvorada de i de outubro de i885, sob o titulo ^45 costellas do sr. visconde de Correa Boteiho^ ao qual se refere o autor d*Os Amores de Camillo^ p. 400. Desde 29 de abril de 1826, dia em que foi promulgada transcenden- (i) O archivo da Rela^So conserva-se num subterraneo, estando os papeis respe- ctivos, devido à humidade, convertidos em pasta. Uma gloria para a magistratural (2) Sr. Alberto Pimentel. Os Aniores de Camillo, p. 25. (3) O Romance do romancista^ p. io. (4) Os Amores de Camillo^ p. 27. OS ANTEPASSADOS DE CAMILLO ii talmeote a carta constitucionaU a nobreza jd combalida sofreu um golpe profundo. No art. 145.^ encontramos tres §§ que Ihe dizem respeito e sao o i3.% i5.^ e 3i.^ O primeiro diz que todo o cidadao pode ser admi- lido em qualquer cargo sem outra diferen^a que nao seja a dos seus ta- lentos e virtudes. Pelo segundo sao abolid^s todos os privilegios que oao estiverem ligados aos cargos por utilidade publica, isto é que os privile- gios sao objectivos e nao subjectivos. O ultimo e garante a nobreza bere- aitarla e suas regalias» (i). O decreto de 28 de seteoìbro de i835 referen- dado pelo illustre Rodrigo da Fonseca Magalhaes declara que a Can:)ara dos Pares, fazendo o corpo de nobreza reconhecida pela carta constitucio- nai, gozando por isso todos os seus membros das distingoes que perten cem aos Grandes, teai na Córte as niesaias honras e regalias que com- petem aos Grandes do Reina. Por estes dois estatutos temos ou tivemos : i.^ nobreza hereditaria [doReino], 2.® nobreza [ad personam] do pariato do Reino. A distin^ao era primitivamente so aparente, porquanto toda a alta nobreza mariana tinha assento na camara na pessoa de um ou mais membros da familia. A comparando dos dois primeiros paragrafos da carta acima mencio- nados com o terceiro leva-nos à convic^ao que elles sao contraditorios. Està contradi^ao tem desde aquelles tempos aumentado constantementc em vista da legisla^ao, a ponto de hoje os privilegios da nobreza serem meramente domesticos, apenas minorados quanto aos pares pelo uso do foro judicial que tambem partilham com os deputados. O § 3i.^ garante a nobreza hereditaria e suas regalias. Este paragrafo foi infringido em dois pontos, pois nem o codigo civil ou outros codigos o incluiram, nem a nobreza ficou estacionaria, pois todos os annos vemos aumentados os numeros de tìtulos, fidalgos-cavalleiros e brasoes, sem pen- sar nos agraciados com ordens militares e com titulos de conselho, que nada tem com a fidalguia. Falta-nos, portanto, hoje uma craveira para avallar a nobreza, comò nos falu para a avallar durante o antigo regimen. Antigamente so havia uma com realidade era a que tinha assento em Cortes, a qual se pode comparar com a corporacao da nossa Camara dos Pares. Os senhores que a constituiam erao verdadeiros dinastas hereditarios, todos os outros cons- tìtuiam a baixa nobreza continuamente vivificada pelo sangue plebeu que se infiltrava principalmente por meio da magistratura. Os nossos mais antigos documentQs mostram as distin^oes de clas- ses. Um documento de gòg diz e., plerisque nobilium et uulgarium»; outro de 1079 diz: cfilii nobiles et ignobiles»; outro de io85 diz: cCons- mutum est mter viventes ut quidam ex illis sint maiores quidam medio- cres»; e ainda outro de 1088: cNotum ergo omnibus minoribus ac nniio- ribus...» {i) (1) Na Allecnanha a alta nobreza constituida pelas antigas familias soberanas media- tizadas é isenta de contribui^oes e do servilo militar. A baixa nobreza em que entra m entre outras familias a do prìncipe de Bismarck goza de tantos direltos corno a de que usa apenas de voti. (2) Port. Monumenta Historica; Dipi. pagg. 44, 346, 383, 417. 12 ARCHI VO HISTORICO PORTUGUEZ A lingua foi buscar ao uso corrente os termos qualificativos de nobre- za. Os nossos livros de linhagem là nos falam em grandes homensj alias homens^ altos senhores^ grandes corno os pequenos (i). Jà havia entao distincao entre fidalgos e nobres pois encontro nobres e mais filhos dalgo e nobres fidalgos (2). Filho de algo deve significar an- tes filho de alguma cousa (=linhagem) do que filho de algttem. Algo ou gì^ande algo e tambem sinonimo de rìqucza e sabemos, aue os ricos ho- naens ou condes com o titulo de dom constituiam a alta nobreza, que pre- sidia ao governo das terras ou còndados em que se dividia o velho Por- tugal do norte. Depois desta esposicao nao resta duvida de que os Correias Boteihos, descendentes do marchante Lazaro da Costa, nao pertenciaip à alta nobre- za, e so talvez ao grau mais baixo da pequena. Camillo declarou urna vez ao sr. Alberto Pimentel que Correia Botelho erao apelidos nobres da sua familia TS), o que pode ser esacto para os tempos anterìorcs ao apareci- mento aos antepassados do romancista nos documentos. Tao pouco per- tenciam elles à pequena nobreza matriculada, por isso que nenhum pre- tendeu o fSro de fidalgo-cavalleiro da casa real. Se Domin^os José Cor- reia Boieiho tivesse sido D.sembargador do Pa^o, ter-lhe-hia cabido està mercé e a seus descendentes; mas elle nem sequer chegou a descmbar- gador da rela^ao do Porto, quanto mais a sobre-juìz ou jui\ em casa del rei corno se dizia no sec. XIV. So o que se póde admitir é que, nao sendo fidalgos de solar, viveram & lei da nobreza ; e tanto que Manuel Joaquim Botelho Castello Branco jà nao contava entre os seus primeiros avós indìviduos mecanicos e elle proprio entrou no corpo dos cadetcs. Temos, porém, um meio indirecto de proceder à classifica^ao na pessoa do ultimo varao legitimo da familia- Vimos jà que Camillo nSo herdou a parte que Ihe competia na heran^a paterna, por seu pai ter fallecido sem testamento. Se Manuel Joaquim Botelho Castello Branco tivesse sido plebeu ou peao, seu filho ainda que naturai herdar-lhe-hia os bens, mas comò era cavalleiro, os bens recairam nos coltateraes. Aqui està porque Camillo nao foi rico, o que Ihe evitou o labeu de dissipador dos bens patrimoniaes. Os Correias Botelhos de Manuel Correia Botelho, escrivSo publico e judicial de V^illa Real, para cà sao portanto cavalleiros. Nao sSo, porém, cavalleiros-fidalgos, ou cavalleiros de qualquer casa de alta nobreza, sao, para empregarmos um termo obsoleto, cavalleiros vtllóes. VillSo deverà entender-se todavia no sentido de burgués. NSo é correcto dizer-se com respeito a està familia que ella era afidalgada, sendo os contemporaneos (4) de Domingos José Correia Botelho unanimes em asseverar que elle era de hum baixo nascimento. Estas investigagSes sao cousas infimas para o nosso tempo, scm re- i;i lì PorL Motty Hist.^ Scriptares^ pogft- >43, ^78; 186, 189, 558; 254; 387. 1) Pori, Mon. Hist.^ Script, pagg. 175; 157, a3o, a5i. (3) Os amores de Camillo^ 399. A genealogia a que me referi no principio deste es- tudo foi imaginada por Camillo. (4) Inimigos jé se v8. OS ANTEPASSADOS DE CAMILLO i3 sulcado pratico, e que parecem a uns indicativo de ideias retrogradas e a oulros sacrìlegios por entrarem ha iDtimidade da familia. Que necessi- dade temos de saber o origem de (|ualquer individuo? Porcorramos os jor- naes, orgaos immanentes nao direi da opiniào publìca, cousa que nSo esis- te, mas dos sentimentos nacionaes, e quando se nos depara naquelles a tentativa de biografia de qualquer personalidade, difìcilmente Ihe achare- mos datas, naturalidades, habilita<;6es e outios elementos positivos. Toda- via o publico le e fica satisfeito com o artigo, em que nada se diz de claro. Para encerrar definitivamente este estudo sobre a familia de Camillo publico de novo a arvore de costado com as emendas e acrescentamen- tos que se me depararam. Lom respeito aos pais de Domingos Correia Botelho, picheleiro, fica a arvore completa até o firn do seculo XVL De Arcangela Fernandes, da aaal eu nada sabia, fica-se, pelo processo guardado noarchivo da Camara e Lisboa, conhecendo a ascendencia até os avós. Qs pais de D. Maria de Carvalho e Meneses, mai do juiz de fora de Cascaes, erao, segando uma nota do sr. Alberto Pimentel (i)^ cristaos-no- vos, e m(H*adores na rua de Santa Margarida em Villa Real. Ali diz-se que o pai se chamava Francisco Martins Mendes. O apelido nao ha duvida que era Meneses, nao da familia nobre, mas da povoa^ao que jd achamos. Esplica-se a diferen^a pela ma lei tura da abreviatura Mens. A genealogia de D. Rita Teresa Margarida Castello-Branco tambem fica em grande parte illustrada com as habilìta^oes do tio Francisco Pe- reira de Mesquita para o Santo Officio (2) e da tia Joanna Rosa da Silva, mulher do desembargador Manuel de Oliveira Finto (3). Obteem-se por este processo as certid6es as quaes nos dSo as datas aponiadas na arvore de costado. Os Correias Botelhos tendo alcan^ado em Camillo Castello Branco a culminancia do desenvolvimento intellectual, obtiveram pela carta regia de 18 de junho de i885 a ascensao ao grau nobiliarchico de visconde. Com està bomenagem ninguem lucrou« Em 6 de junho de 1889 foi aprovado pela camara dos pares uma pensao vitalicia de um conto de reis a Camillo e a seu filho Jor^e Camillo Castello Branco, visconde de S. Miguel de Seide, cem reconhecimento publico dos relevantis&imos servicos prestados és let- tras patrias pelo Visconde de Correia Botelho» (4). Um anno depois sui- cidava-se o romancista. As concess6es de titulos ligada a pens6es nao sao raridade entre nós, liì Amerei de Camillo^ a5. Ma^o 87 de Franciscos, n. i486. [3') Ma^o i63, de Manuel, n. lyBi. Talvez seja parente seu o seguìnte bacharel de quem dou a^ora conta» servindo tambent o processo para se ver a lacilidade com que entranti apelidos estranhos nunoa familia. O bacharel iacinto de Oliveira Castel Branco, naturai de Saotar, era tìlho do bacharel iacinto José de Oliveira Finto e de Quiteria Ja- cinta do AmaraU neto paterno do capitao Manuel de Oliveira Finto e de Lourenca Ma- ria, e neto materno de José Fais do Amarai e de Leonarda Maria. Lettura de BachareiSy Ma^. 69, I. n. 27, anno de 1806. (4) Todos estes documentos vem transcritos n'O Romance do romancista. 74 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ nem o sao no estrangeiro. Wellington foi recompensado por està forma pelo governo portugués, recompensa que ainda logram os seus descendentes. Mais anteriormente ainda varaos encontrar numerosos senhorios dados a individuos de poucas posses que tinham caldo no asrado dos reis, ou de ?uem estes pretendiam o agrado. E' està a origem da nossa alta nobreza. )s registos de mercés estao repletos tambem de ten^as concedidas a in- dividuos que alegavam para esse efeito servi^os muitas vezes de probie- matica verdade. So o que ha de interessante na mercé, é regisrar que o interesse do publico em ter as obras do prosador nSo foi suficiente para estancar os cuidados da manuten^So do romancista. O publico admitiu a admira^o corno dogma, mas nao procurou fundamentar, consciencializar essa admi- ragSo. Desvaneceu-se com a gloria, mas nem por isso ficou mais instruido. Foi necessario recorrer ao estado, essa grandiosa companhia de seguros de vida que se chama Portugal, para que Camillo nao fosse perturbado nos ultimos annos* Essa indiieren^a permanente pelas ietras é chamada no parecer apresentado para a concessao da pensSo, parecer que deve ser do f)unho de Hintze Ribeiro, de origem judaica : cepocha de exaggerado rea- ismo, que atravessamos». O incorregivel romantismo é quem domina o parecer: cnesta lucta, às vezes baixa e odiosa, dos interesses pessoaes, que substituiu no nosso tempo a lucta das cren^as e das paixdes desinteres- sadas, a Victoria cabe muitas vezes aos menos dìgnos». Finalmente o bra- go do legislador é esaltado: té dever dos poderes publicos considerar a sciencìa, a arte e as lettras nos homens que representam aiguma destas que sao as mais beilas manifestagóes do espirito hu nano» ; e ainda ccum- pre ao legislador, nao diremos jd emendar completamente a injustiga social, porque isso excede, por emquanto, as suas faculdades, mas procurar repa- ral-a quanto possiveU. O parecer so vaie comò documento da cultura do relator, mas nada nos illucida sobre as causas da indiferen<;a do publico. Nessa occasiao o sr. Joao Franco, descendente de uma familia de cris* taos novos, declarou a e lìngua um dos elementos mais primordiaes é fun- damentaes para a existencia de uma nacionalidade». Este estadista, sem- pre sufocado pelo subjectivismo, nSo parece distinguir entre estado e na« cionalidade^pois que devia lembrar-se c|ue a Suigaestà drvidida entre tres ou quatro nacionalidades e a nacionalidade polaca vive em tres estados. A nota essenciai do discurso nao é a de convencer, mas a de impdr. Insensivelmente tenho vindo a cair na personalidade de Camillo, o que de certo me sera perdoado. Mas antes de terminar este estudo vou tornai pubiica uma carta de Camillo datada de Villa Real aos 28 de agosto de 18469 mes e meio antes da sua prisao. Encontra-sc na Biblìotheca da Ajuda devendo eu o conhecimento e a copia della ao sr. Jordao de Freitas, in- e ansavel e intelligente investigador, de quem jà tem lar^o conhecimento OS leitores do Archivo Histortco. Essa carta deve ser dirigida a Herculano que nesse mesmo anno publicava o I volume da Historia dt Portugal. Jà nesse tempo elle era bem conhecido pelas suas obras em estilo profetico Jteis reflexos da bondade^ religiào e amor do proximo que dominao seu auctor comò diz Camillo. OS ANTEPASS ADOS DE CAMILLO i5 A carta é lamurìante, mas jà revela o caracter do futuro romancista que nao é precisamente o de Smiles. Camillo andava entao enieado em amores com urna viallarrealense, pretendendo alcan^ar em Lisboa um logar publico com o qual os dois podessem viver. Nao obteve o empre- go na capital, mas o rapto deu-se terminando a aventura com a captura dos fugitivos no Porto. Em 1847 dnha alcangado o logar de amanuense do governo civil de Villa Real (i). E' possi vel que tivesse dado algum resultado a carta que passo a publicar : m."* Sr. — Os virtuosos sentimentos por V. S.* proclamados em suas obras ; — essas obras, que eu jolgo fìeis reflexos da bondade, religiao, e amor do proximo, que dominio seu auctor, — me incttSo, com arrojada confìan^a e temeridade, a dirìgir à presenta de V. S." està minha carta, nSo mensageira de talentosas fraxes, antes pura copia da ma- goa, que inspira seu desconhecido escrìptor. Um licito desejo de fazer algum vulto nas letras, se bem (|ue jncompattvel com as minhas cìrcurostancias, me excitou a frequentar o curso de Direito na universidade de Coimbra. Encetei-o ; e, depois que colht vìctoriosas palmas das fadi^as do meu priroeìro an- no, a morte me roubou o protector unico, que ali me mantmha com as suas parcas, mas para mim, filho das circumstancias, abundantes posses (3). Absolutamente prìvado de meios para a continua9So do meu corriculo literario, cibo para o meu futuro, e prevejo um futuro calamitoso, qual |>óde sobrevir a um mo- co de 20 annos, despido de proteccoens. Em meu abono, a restgna^fio me tem conser* vado, até hoje, entre os lìmites da nonra e da prudencia ; por que^ no melo de minhas amarguras, lembra-roe que ha um Deus, assiduo vigilante por suas creaturas, e repre- sentado na terra por alguns homens ^ honra da sublime idea da crea^So. NSo temo enganar-me, se disser, que V. S.* he um dos Apostolos a cumprir a mais divina das missoens : — valer aos afflictos — He pois a V. S." que me dirijo : — serei eu feliz n'esta minha atrevida inspirarlo ? 1 Meios de subsistir com honra — unica heran^a de meus paes — he, o que procuro, e pelo que suspiro. N'esta Provincia, Senhor, nSo vive o homem probo, por que a ca- lumnia, de maos dadas com a politica, vSo denegrir o homem que mais Ines foge. N>s- ta Provincia» o homem, quer de medio, quer de transcendente talento, senSo segue a maxima geral — o vaivem das opinioens he ente nulo. Quizeni| eu, Sr., fugir a este ar mefitico, e procurar n*essa cidade, em paga do meu trabalho, seis vintens para o pao de cada dia, e viver tranquillo — ahi, onde ninguem conhece os meus nrincipios t§o bellos, e tSo esperanrozos para admirar a minha sub- jeii^So de hoje — ahi, onde ninguem motejarà a minha casaca \A velha, nem me apontaré dizendo por escameo : «AH vae o filho d'um que foi corregedor em Vizeu !» Pode V. S.* valer-me ; poderei eu ir a Lisboa esperan^ado na caridade de V. S.* ? Eis aqui, meu protector^ cumprida a mensagem d'està carta. Se ella he digna da resposta de V. S.* eu a aguardo anciosaroente — Favoravel, Deus promettiré que teja. Conceda-se-me a honra de me assignar de V. S." — servo m.*» venerador V.» Real — de Tras-os-Montes — 28 de agosto de 1846. Camillo Ferreira Botelho Castello Branco.^ Seguem agora a arvore de costado e os mais documentos pronaetidos. Peoro a. de Azevedo. (i) Os amores deCamilìOy f52. , ^ „ (2) Seu tio JoSo Pioto da Cunha ainda era vivo em 1849, Cfr. Pimentel O Romance do Romancista^ 92. i6 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ DOCUMENTOS I Senhor. — Dis o fìacharel Domingos Jose Correia Botheiho de Villa P.eal que na mesma villa com hum seu irroSo soldado cadete, e outros soldados razos aconteceo ha- ver hùa bulha no dia treze de Junho deste prezente anno e dahi a poucas horas depois de recolhido o dito seu IrmSo para caza de seu Pay : vierSo muntos soldados com as espingardas carregadas e com outras armas : e asim armados pertenderlo a Rombar as portas da mesma caza detreminados a roatarem os que estìvessem dentro, e rrebaten- do-se-lhe aquelle acometimento com rrogos e com o comcursso de muntos vezinhos que acudirao a elle vultarSo pouco depois os suplicados com o mesmo intento de exu- catarem a sua abominavel perten^ao : e achandosse o supplicante neste tempo na mes- ma caza do dito seu Pay : se vio percizado a sahir a rrua com bua arma ae fogo que mais pronptamente achou afìm de rrebater o rrepetido entento dos supplicados atne que vendosse em perigo de vida, n3o so pella desigualdade do numero dos Contrarios, que com as armas Ihe faziao pontaria mas tambem por se ver ja quasi na ponta da espada com que hum delles mais proximamente o acometia : se rrezolveo o supplicante por necessidade da defesa da sua vida a desparar arma de que se tinha valido e se seguio matar a esse (cujo nome ignora) que mais proximo se oferecia a qucre[r] Ihe tirar a vida a elle supplicante e porque em deva^as, que na mesma villa se tirarao por parte da Justi^a se acha criminozo, e teme ser prezo antes de se saber a verdade. P. A. V. Mag.^ Ihe fa^a merce conceder Ihe alvara de fianca: para seguro tratar de seu livrà- mento e mostrar a sua defeza. E. R. M.c* O Juiz da culpa informe com o seu pareccr. Lisboa 29 de Agosto de 1763. — Urna rubrica. Senhof. — Mandando vir as deva^as a que procedi pelo cazo declarado na petÌ9ao )unta ; das mesmas se mostra que havendo bua bulha em o dia treze de junho deste anno no citio da Igreja de Santo Antonio com bus soldados, e hù irmao do suplicante taobem soldado, concluindo-se aquella pendencia, e recolhendo-se os dois irmaos a sua caza, a està passado algum tampo, forao ter os mesmos soldados asociados, e armados com animo de insultarcm ao suplicante e seu irmao, de cujo intento forao desvanecidos a presua^òes, e rogos de alguas pessoas que acudirao ao tumulto, nao se extinguio, po- rem, o urgulhozo animo dos mesmos soldados, porque passado pouco tempo voltarao a procurar o suplicante, e seu irmao, ex vi do que pegando aquelle em bua arma de fogo, e seu Pay em outra sucedeu atirarem se dois tiros, com hu dos quais morreu hu dos ditos soldados, e com outro fìcou fetido em o bra<^o e^^querdo hu pobre que acazo se achàva no citio para onde se incaminhou a balla, samndo està da ama do suplicante Domingos Joze, segundo se mostra das refiferidas devassas, pelo que parece està nos ter- mos de V. Mages.«« Ihe conceder a graga que o suplicante pertende. V. Mages. foi omittìdo no Caderno de ibgS. Identico enunciado, salvo xia cifra, que sao 50^000 rs., para Duartc Fernandes, O titulo de Fernao Lopcs explica sómente : «per compra que delles (So^ooo rs) fez ao dito dom pedro, corno en sua escretura he declarado» o que suppoe que o adquirente se cntcndeu com o trespassante, sem a interven^ao paterna. Mas a D. Pedro de Meneses tinha-o invadido a furia de se desfazer de todo do grosso beneficio que a Infanta Doaddra Ihe destinara, e elle là terà sabido porqué. • . Certo é que n'este Caderno, de iSgd, nos apparcce o resto da ten^a com que fìcéra ; isto é, os 1 70^000 rs. restantes, distri- buìdo por Duarte Fcrnandes, que Ihe tomou mais 60^000 rs., Fernao Lo- pesy que se avantajou ao irmao, ficando com jo^il^ooo rs., e Pero Comes de Olivares, provavelmente o mesmo Pero Comes, cessionario, por scu neto do mesmo nome e sobrenome, em um dos quinh6es da ten^ a de D. Constan^a de Cusmao, com 40^000 rs.; total : 1 70^000 rs. Assim, tendo as ten(;as pagas por este Caderno ascendido ao numero de 55^ dada a duplicagao dos novos titulos relativos aos dois filhos de Al- varo Fernandes, sao 53 os individuos de ambos os sexoa que as recebe- ram, comò se ve pela scguinte nota : Importancia total das 55 ten^as constantes d'este Caderno, segundo a analyse oue se exporà no Gap. XVII do presente estudo : Rs. 1 :5gyillk3^S Ten<;ade D. Fedro de Meneses, fraccicnada em duas partes deseguaes, no valor total de : » 37o;fl^ooo • Importancia total das 54 ten9as restantes : » i :227^395 Distribuirlo dos quinhoes do primeiro fraccionamento: Antonio da Fonseca tomou Rs. loo^^ooo i Duarte Fernandes idem » 3o^ooo > » 2oo)|^ooo Fernao Lopes idem » 5o^ooo ) DtstrìbuÌ93o dos quinhoes do segundo fraccionamento : Duarte Fernandes tomou Rs. 60^000 j Fernao Lopes idem m 70^5^000 / » 1704^000 Pero Gomes d'OIivares idem » 4o;)^ooo ] Total das 55 ten^as, comò acima Rs. 1 :597^395 Asim : ^— — »^— i I Duarte Fernandes, a addi^òs na mesma ten^a » | lo^^ooo Fernao Lopes, idem idem » i2o;^ooo Sommam : » 23o^ooo 53 tencionarios - , i:367#395 ^ ditos Total supra : » i : 597*395 AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA a3 XVI Oepois d'este, o facto que mais avulta no Caderno que vamos exami- nar, é o das penhoras nas ten; as de que estavam gosando varios tendo- narios de ambos os sexos. Como, em vista do aspecto do mesmo Caderno, entendemos que para melhor comprehensao de seu teor, seria conveniente dar urna lista dos respectivos titulos, addicionando-se-ihes, onde se tornasse preciso, as com- petentes informaqdes, as que se referem ds penhoras se explanarao em cada um dos titulos respectivos* E' o que passàmos a fazer, dando na ìntegra o titulo relativo à Cama- reira-mór da serenissima Infanta, que é o primeiro dos 64 do Caderno, nao contando os dos 5 ordenados ao pessoal da Administragao da Heranca. Escreveu-se, pois, n'este primeiro titulo : — «Donna Costanca de gusroao canoareira moor que foy de sua A. tinha trecentos roìU rs. de ten^a en cada ha anno en sua uida, Os quaes uendeo as pessoas adiante de- claradas por a dita snri declarar en seu testamento que os podese noiDcar e repartir por sua morte pellas pessoas que quisese as quaes s3o as seguintes» E' de reparo a nova formula adoptada para este primeiro titulo, no qual o tempo do verbo «ter» parece indicar que D. Constan^a fallecera entre ibgi e i5g6, pois que n'aquelle anno ainda o proprio Sebastiao da Fonseca escreveu «tem>.No resto da redac^ao sustcnta-se o mesmo em- buste jd notado, quanto d affirmativa de que a Serenissima Doaddra conce- derà, em seu testamento, permissao d sua Camareira-mór para vender a tenfa que Ihe deixou, asser^ao dcmonstradamente falsa, comò se provou pelo tcxto d*aquelle documento* Seguem-se dquelle titulo os oito cessionarios constantes do Caderno de iSqo, impresso apóz o Cap. IV d'estes estudos (80) e mais uma nova ces- sionaria, que apparece no'seguinte titulo: «It Dona Maria d.e Mello que està no moesteiro dodiuellas ha da uer dez rail! rs co- rno na escretura que a dita dona Costanca Ihe fei he de clarado« (Por letra de SebaS" tiào da Fonseca) «de que mostrara f ertidSo de comò he vìua* Consultando a lista dos quinh6es dìstribuidos pela Camareira-mór por seus cessionarios, vése que, para que està D. Maria de Mello entrasse no rol das pessoas de quem se diz terem escripturas de venda dos alludidos ?|uinh6es, se recortaram estes 1 o^D^ooo rs. no quinhSo de Jeronyma Leme, reira tambem n'aquelle mosteiro, e que n'este anno, comò acabamos de ver, figura receber so iS^ooo rs., em vez dos costumados 25^000 rs. Nao se percebc corno està sub-cessao possa dar-se, e tampouco o mo- tivo por que so agora apparece, allcgando-se, para ambos os casos, escri- pturas feitas pela trespassante. (80} D. Anna de Sousa, uma das tres cessionarias de D. Constan<;a, tem sido nos respectivos titulos declarada «freira», sem se dizer em qua] convento. Junto ao titulo d'este Caderno acha-se avulsa a procura^So que ella passou a Gii da Costa «escrivSo da disima do duque de bargamsa e morador na si da de de LJsboa», na qual a outor* gante se declara «freira n'este musteiro de nosa sfiora da esperamsa de uìla uisosa». Gii da Costa cobrou todos os quatro quarteis d'este anno. 24 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Cometa em seguida à nova cessionaria da Camareira-mór a serie dos tencionarios da Serenissima Infanta, jà nossos conhecidos, pelo titulo do: — Prior e Padres de S. Domingos de Santarem^ de que nada ha a notar Faltam : Margarida Persy, roulher de Luis Tavares. Joanna da Costa, que foi mo^a da Camara da Infanta. A respcito de Margarida Persy, cujo appelido veni de Hespanha \ da Catalunha talvez, onde ainda agora ha famiiias que o usam, nada mais po- demos dizer. Viuva de um Luis Tavares, que se nos nao offereceu modo de sa- ber quem fòsse, e que situa^ao terà tido na Casa da Infanta, a ten^a de 23^956 rs., de que dispunha, egual à da religiosa Maria de Quinhones, tia de D. Maria da Silveìra, que por ella a cobrava, pode ter sido do grupo das hereditarias^ ou do das vitalicias^ segundo foi o marido ou a mulhcr o contemplado. No primeiro caso, fallecido Luis Tavares antes de iSgo, ter-lhe-ha succedido a sua viuva, por determinando da Serenissima Doa- dora, expressa nos roes que a tal respeito deixou confiados e recommcn- dados a Antonio Vàz Bernaldes. Ha mais exemplos d'està especie n'estes estudos. No segundo, seria jà Margarida Persy a contemplada, em atten- gao, acaso, a servi^os de seu marido à Infanta, mas tendo, por isso mes- mo, o caracter de vitalicia a concedida ten(;a. Tambem ha exemplos d'està especie entre as ten^as em exame. Quanto a D. Joanna da Costa, que fora moga da camara da Serenis- sima Doaddra, e que, segundo notàmos na lista das ten^as de iSgo, ti- vera a de 40^000 rs., que usufruia, augmentada com io«Q^ooo rs. mais, «por (jertos Respeytos gue pera iso ouue», nada mais, por egual, sabemos. A sua tenqa e respectiva melhoria, sendo do numero das vìtalicias, aca- baram com a contemplada. Seguem-se : — Anna do Soveral, viuva de Belchior Monis. Està tencionaria era residente na villa da Certa, de onde, a 14 de no- vembro, de 1696, passou procura(;ao, que se acha avulsa n'este Cadérne, a Mano I Collaco e Vicente de Moracs, moradores em Lisboa, o primeiro cem hua sua quynta junto a sam Bento o nouo», (81) para Ihe cobrarem (8f) Em sua Benedictina Lusitana nao nos deixou Fr. Leao de Santo Thomaz nota do mez e dia em que fosse lan^aJa a primeira pedra d*este segundo mosteiro que os Bentos tiveram em Lisboa, referindo apenas que Fr. Balthazar de Braga, o sexto Geral da Ordem, procederà, no anno de iSqó, a tal solemnidade, aqui, e no Porto, fundando O mosteiro de S. Bento da Victoria. O edifìcio de Lisboa so veiu a ser habitado no principio de novembro, de i6i5 comecando, porém, entao a denominar-se «mosteiro de S. Bento da Saóde, cu dos' Mongés negros», denomìnac«io està que prevaleceu, e persistia ainda no come<;o do seculo pnssado, corno dcmonstra a Begulaoào da Feqaena Posta, de 1801. No prin- cipiar da$ obras é que o futuro edificio foi designado «S, Bento, o novov, para o difFe- ren^arcm de «S. Bento, o velho», isto é, do edificio que o mesmo Fr. Leao de Santo Thomaz posteriormente aproveitou para Collegio, com a invocarlo de Nossa Senhora AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 25 0 S."" quartel» tendo stdo o i.* e o 2.® recebidos por Francisco Gon<;alves, tambem d'aquella villa, e o 4,^ por e Aleixo Ferrasi, na melina residente. — Anna Moniz^ fiiha do defunto Belchior Moniz, e mulher de Jolo Tobias Galdeira. O mando e a mulher deram procuralo ao capellao de el*rei, Manoel Lcitao Caldeira, residente em Lisboa, ta nossa senhora da vitoria», para Ihes cobrar o i*^ guartel^ sendo os restantes recebidos pelo marido da tencionarìa, o refendo Joao Tobias Caldeira. —Escolastica Manoel. O marido d*esta tencionarìa assigna o conhecimento da tenfa de sua mulher que Ihe foi paga inteira, na importancia de 3^ooo rs», em i de marfo, de 1S97, cLopo Sentii de Barros». — D. Brìtes de Scusa, viuva de JoSo Rodrigues de Beja. Està ìnfeliz senhora devia passar atribulados dias, enredada em divi- das que até na dependencia da sua propria criada a punham! Jà vimos no Gap. XII cjue um tal Henrique da Costa, morador n està cidade, ao Po^o doChao, sitio que deveria ficar, na freguezia de S. Nicolau, entre as e fan- gas da farinha» e a crua do chiado» (82), obteve precatoreo do dr. Rodri- da Estrella, e serve, desde 1837, de Hospital Militar, com a cognominammo «da Estrel* linha». ConcIue quartel d'està ten^a, pago a Manoel Cola<;o, a incluiu na sua redac- qlo geral. (8a) E* o que resulta, quanto à topographia, dos termos da certidSo de 22 de agos- to, de i586, inserta a pa^. 55, Nota (>), do Tom. Il dos Elbm. para a hist. do Mun. de Lisboa, passada pelo escrivao da Camara, certificando ter sido certa provisSo règia pu- blicada pelo porieiro do concelho... na rua Nova, Fangas da farinha^ pra^a do Po<;o do chao e rua do Chiado, «na ecruzilhada das ruas,» e rua dìreita da porta de Santa Catharioa. Pelo que toca à divisao parochial, a «rua do P090 do chao» anda nas listas das vias publicas de Christov3o Rodrigues de Oliveira (Summario-i55i), mencionada nas da fre- guezia de S. Nicolau, e bem assim a «rua diretta da porta de santa Caterina», (ero parte) pcrque o territorio d*esta freguezia, abrangendo enorme area, sé terminava, para o N, no «Campo da Trindade». As Fangas da farinha eram um edificio, nio uma via publica, propriamente tal- Nao é pois de extranhar a ausencta da sua men^ao no Summario de ChristovSo. Fica- vam no terreno, onde hoje veroos o tribuna] da Boa Hora, e perpetuavam, pela dcno mina^ao, a memoria dos armazens ou alfandega de cereaes que ahi extstiam jé no tem- po de D. Afionso IV, e que D. Joao III transferiu para a Ribeira, coro a denomina f5o a6 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ go Homem, Corregedor do ctvel da córte, para receber da Pagadorìa Gas tencas da Infanta a quantia de iS^gSy rs., deduzida da de 6o^S^ooo rs., que a està tencionarìa annualmente se pa^avam. Os quebrados do mon- tante d'està divida induzem-nos na suspeita de que Henrique da Costa incluìu no todo os juros do capital inicial — que sabe Deus que miseria seria! — A infeliz senhora, tendo um filho frade, e portanto sem Ihe po- dcr prestar, houve de satisfazer o compromisso pelo recurso unico de que dispunha ; a tenga valedora, com que a Magnanima Princeza, de quem seu marido fora criado, ainda là da sepultura a amparava. Pois bem, agora, n'este anno de ibgS, averigua-se que D. Brites de Sousa voltara a contrahir novas dividas, se é que uma aellas nao era jà do tempo em aue Henrique da Costa Ihe penhorava a ten<;a. Devia à sua criada, Isabel ae Barros, sete mil réis: devia a D. Joanna Henriques, nao consta por qué, cincoenta mil e quatro centos. A' primeira passou uma obriga<;ao que se acha cosida, com mais documentos, é foiba do seu ti- tulo. Na predita obrigacao confessa a divida, — e sete mil réis polo tempo em que me seruio», — obrigando-se a pagal-a em duas metades; a pri- meira cpolo natal de 95>| a segunda «por pascoa uimdora de noventa e seisi. Isabel de «Bairos» poderìa ha ver os seus sete mil reis do thesoureiro de Terreiro do Trìgo. Em 171 a, as Fangas da farinha pertenciam é freguezia de S. Ju- liao. No que respeita é «ma do Ghiado», é certo que nas Hstas do Summario se nSo en- contra, nem nas da freguezia de S. Nicolau, onde, alias, era naturai ser menciooada, em vista da configura^So temtorial d'està parochia, nem nas da sua confinante, Marty- res, onde no-Fa mostram os itinerarios de Carvalho da Costa (17 u)- Presume-se., po- • rem, que nao deixaria de existir jà em i55i, podendo ser que nao tivesse ainda a deno- minaijao que a tornou tao celebrada nos fastos da via publica lisbonense. Està presump^ao parece-nos tanto mais justìfìcavel, quanto é certo que entre as ruas e travessas, mencionadas por Christovao nas freguezias de S. Nicolau e Mart^res, ainda este nos dà noticia de bastantes, a que se n§o sabe que orienta<;ao attribuir na complicada réde da via publica do seu tempo. C^uem nos dìz que alguma d^ellas n§o seja a futura «rua do chiado»,^a certidao municipal, sabido, corno anda, que a muitas vias publicas da Lisboa quinhentista foram corno em nossos dias tem acontecido, rou- dadas, no discorrer dos tempos, as primitivas denomina^oes ? De certo, porém, sabemos que a quatorze annos de distancia do Summario de Chf is- tovSo, ainda a «rua do Ghiado» nao era conhecida por tal nome. Gom cfìfeito, quando em 1 565, os «sacadores» que percorreram a freeuezla de S. Nicolau, para cobrarem as fìntas do «servilo que os povos prometeram a et rei nosso senhor», nas cortes de i563, subtram, entre seus diversos giros, a «rua da cal^ada de Pay de novais», passaram para a «rua diretta da porta de santa catrina» por uma rua que indicaram, escrevendo: «rua que volta para santo esprito da pedreira». Isto quere dizcr, a sentir nosso, que a «rua do chiado», d*esse tempo, lan^ada corno um hyphen^ ou ponto de ligacao, no sentido fortemente ascendente, entre aquellas duas ruas, formava com a «rua de* santo esprito», futura «rua nova de Almada» desde i665, a «encruzilhada», a que se referiu o cscrivao da Camara, no documento supra lembrado. Està encruzilhada, acaso afìfectando a fórma de um funìi, constituiria o «largo» interpose 10 nas ruas das Poftas de Santa Catharina e cal^ada de «Pay de Navaes», a que allude, capttulando-o de «irregular e torpe», o legislador que redigiu o •Plano para se regalar o alinhamento das ruas quejajem entre a Rua Nova do AÌmada^^ publicado nas Memo- RtAS DAS Principaes Providencias, a pag. 337 e segg., e nao era outro, senSo o regula- mentador infatigavel e minucioso, que se chamava entao Sebasttao Joseph de Carvalho e Afelio, AS TENiJAS T£STAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 27 da herao^a da Infanta D. Maria, e d'elica Ibe dar quita^So; descontando-os da ten^a pertencente à devedora. O esento foi por està assignado em 19 de outubro, de iSgS. Acompanham'no: i.^ um cpoder», outorgado pela mesma D. Brìtes em favor de Salvador Soares, e, eoa sua aqsencia, de Antonio Gon^alves, para qualquer d*ellea cobrar do tbesoureìro Alvaro Fernandes a quantia de tres mn e quinhentos reis, e deste coarto coartel», assignado em 14 de dezembro, de i3q5; 2.^ Procurasse em causa propria a Femio da Rocba, para receber do mesmo thesoureiro a quantia de \b^t>ooo rs. fdo segundo quartel d*este anno presente» (iSgó), dos 604^000 rs. da predìta ten^a. Està procura^ao foi escripta pelo filho da outorgan- te, fr. Jofio de Santo Agostinho, que a lavrou> assignando cFr. Jofio de Beja», a pedido de sua mae, cporquanto nao fa^o boa letra»; em Lisboa, a 23 de abrìli de 1 596. A assignatura da outorgante justifica a sua allega- (ao ; nao era, na verdade, dotada de boa mao de penna D. Brìtes de Sousa. Parece que o cpoder» outorgado para a cobran^a da primeira das duas metades da divida à criada Isabel de Barros^ que provavelmente a reba- tcra aos individuos em favor de ouem o escrito fora passado, nSo chesou a ser utilisado, pois que em 34 ae maio, de 1 596, assignou Gaspar Gar- cez, escrìvao dos aggravos, a rogo de Isabel de Barros, por conhecel-a, o recibo que JoSo de Pina lavrou, dos referidos sete mtl reis^ fìcando sai- dada està divida da infeliz vìuva do antigo vedor da fazenda da Infanta. Mas, datado de 1 3 de dezembro, d*este mesmo anno, recebeu Sebas- li2o da Fonscca um precatoreo do dr. Diogo de Athayde, cidadao e juiz do civel n'esta cidade de Lisboa e seus termos, notificando-lbe que tendo D. Joanoa Henrìques alcan^ado sentenza contra D. Brìtes de Sousa, pela quantia de cincoenta mìl e quatrocentos réis, de que està era devedora à supplicante, e tendo a dita devedora nomeado ao pagamento d'està divida a ten^a que houvera da dnfanta D. Maria, que Deus tem», na importancia de sessenta mil réis, mandasse o mesmo notificado satisfazel-a i exequente conforme o requerido, e nos termos em que tal ten^a era paga. O preca- toreo recebeu o ccumpra-ae> do escrtvSo da fazenda da Inranta no pro- prio dia em que fot expedido, e Gaspar Pimenta, o mesmo que cfaz os negocios de Guterre de Moorc^», isto é, uqq administrador-procurador'de diversos, e que o seria tambem de D. Joanna Henrìques, entrou a intei- rar-se da divida de D. Brìtes de Sousa, recebendo aeste anno, de 1596 R/ 26M60 (83). (83) Segofido ot lan^amentot res|>ectìvos, Isabel de Barros recebers, corno no texto se explica, em 24 de maio de 1596 Rs. 7^000 A seguir, em a8 do refendo mez e anno, recebeu Joao Velho Fragoso, ti conta do !.• e ».• quarteìs d*esta ten^a» : » 11 V>7A^ Ven a saguir Femio da Rocha, roorador na Rua Nova, auctorisado pela procura9Ìo mencionada no texto, que recebe, a 34 de iulho,do mes- nK) anno: » i5;i&ooo Entra, emfiro, Gassar Pimenta, procurador da exequente, que em 8 de oQtubro, do mesmo anno, passa recioo de : » 1 1 {(^260 E em 24 de ìaneiro, de 1597, outro de : > » i5;8^ooo O que perfax somma egual à d*esta ten^a, no valor de : • 6o»ooo Recebeu, portanto, a exequente, p/c da sua divida, até o princìpio do anno de 1597 : » 26;j^26o 28 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Seguem^se : — Dr« Jeronymo Fernandes, fisico que fora da Infanta. O 4.^ quartel d'està tenga foi re:ebido pelo filho do contemplado, An- tonio Fernandes de Villa-Nova, com procuragao paterna. — LeoQor de Oliveira, viuva de Braz Reynel. Està tenga conttnuou a ser recebida pelo filho da a^raciada, Ru^ Co- mes de Villa-Nova, que a cobrou inteira com procuragao de sua mae. Devia seguir-se o dr. Antonio da Gama, mas desappareceu. Este causi- dico, que era proprietario na freguezia da Sé, segundo consta do Livro do LancamentOy do Archivo Municìpal de Lisboa» n'estes estudos citado, e, comò Vereador da Camara da mesma cidade, teve na entrega d'ella ao duque d'Alba a parte ingrata que deixàmos méncionada em Nota (28), nao parece ser o mesmo de quem se occupa o bibliographo Barbosa Machado, e que elle diz fallecido a 3o de margo, de iSg^, isto é, no anno anterior ao da presente analyse. Com. effeito, segundo o douto Abbade de Sever, o seu biographado assignava cAntonio da Gama Pereira*^ appelido que em documento al* 5;um da Camara foi attribuido ao seu Vereador, e que o cprocurador dos eitos da fazendai da Infanta nao empregou, na unica vez em que, pessoaU mente, recebeu um quartel da sua tenga (84). E é de notar que na pauta dos cleteradosi que se organiseli na Ca- mara para a eleigao dos dois procuradores, que deviam representar a Ci- dade no acto de ser jurado o principe D. Filippe, em i583, de que vimos o originai, e vem publicada a pag. di e S2, do Tom. II dos Elem. paka A HisT. DO MuN. DE LisBOA, fìguram dois Antonios da Gama, obtcndo cada um d'elles um voto. Sao dois letr^dos differentes, ou é imperfeig£o da pauta ? Um, é o antìgo Vereador, de quem aqui se trata, e sere o outro o biogra- phado de Barbosa Machado 7 E' singular, com effeito, a coincidencia de nomes em individuos da mesma profissSo, que viveram na mesma epoca, e que, dado o fatlecimento d'este entre os annos de iSgS e iSgG, pouco tempo sobreviveriam um ao outro, tendo talvez a mesma idade, até. Do dr. Antonio da Gama Pereira nos diz Barbosa Machado que foi a sepul- tar em Santo Eloy, com 76 annos. O que somos levado a crer quasi seu homonymo bem pode ter fallecido n'esta idade. Assim, ao tempo do pas» samento da Infanta, o dr. Antonio da Gama poderia ter seus 57 annos. Pelo que toca à nossa affirmativa, a tespeito da ausencia do appelido € Pereira»^ nos documentos do Archivo Municipal, referentes ao verea- dor Antonio da Gama, ha bastantes provas do facto, impressas no Tom. I, desde pag. 604, dos citados Elementos, accuradamente cotligidos, corno se sabe, pelo sr. Eduardo Freire de Oliveira. Seguem-se : — Miguel Ribeiro — Maria Manoel (84) O I.* de iSgo, corno vimos nas respectivas transcrip^oes. AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 29 A respeito dos quaes nada ha que notar, além do costume, e conti- nuanì: — D. Brìtes e D. Marianna de Meneses, filhas de D. Antonio de Almeida (85), sob a tatelte de sua mSe^sej^nido-se-lhes. — Joanna Ignacia, cessionaria de D. Helena, irmi da$ antecedente». A respeito de Joanna Ignacia, esclarece o escrevente, lavrando o titulo : eque Ihe comprou a sua ten^a (a D. Helena) por serem iguaes nas ida- des>, circumstancia que nao fora mencionada no titulo originai do tres- passe, em tSj^S, alcan<;ada, talvez, peimissSo para elle, mediando a cere- orina supposi(;ao de que a cessionaria, por ter iaade igual i da trespassante, poderia, sem inconveniente, substituir-se a ella. Falta n'esta altura : Hortensia de Castro, fallecida no anno anterìor a este, segundo informa Barbosa Machado, Tom. Ili, artigo «Publia Hortbnsia» ; E seguem*se: — Branca d'Evora, enfermeira das Damas da Infanta ; — Maria Gon^alves, sobrinha do confessor da Infanta, P. fr. Gon^aFo; — Joanna Sardinha, que fora mo^a da Camara da Infanta, e se metterà freira no mosteiro da S. Joio, de Setubal ; — D. Joanna Maldonado, mo^a da camara da Infanta ; — Isabel de Miranda ; — * D. Helena de Mendon^a, viuva de JoSo de Mendon^a, mordomo da Infanta : A respeito das cinco antecedentes tencionarias nada ha que notar. Nao assim, com rela^ao a està ultima senhora, que n*este Caderno se nos apresenta em mais mal paradas circumstancias, do que a pobre D. Brites de Sousa. Certo Joao de Mendon^a, com efifeito, detestavel homonymo de seu defunto marido, alcantara contra ella, nSo fìcou emescriptura por que ti- tulo, sentenza de execu^ao pela quantia de i:35o^ooo rs., nada menos! Requerido precatoreo para Ihe serem embargados os So^S^ooo rs. da ten- fa, e ha vendo seu eifeito, vciu a juiso Simao Fetnandes, procurador do exequente, e por elle auctorisado, requerer que Ihe fosse mandado entre- gar o 2.^ quartel da referida ten<;a, do anno de iS<)7, obtendo despacho do Licenceado Antao Caroto (86), do desembargo de el-rei, por meio de novo precatoreo, datado de 27 de jnnho, d' aquelle anno, dirìgido a Se- bastiao da Fonseca, em sua qualidadc de cveaaor da Fasenda» da Infanta. (85) A eiperìencia nos adverte ser arriscado sempre attribuir a um individuo unico factos e actos diversos, que podem ter se passado com differentes pessoas, de nome igual. De i566 a i368 foi Vereador da Camara de Lisboa um D. Antonio de Almeida. Era o marido de Valeria Borges, o pae das tres tencionarias da Infanta ? Quem pode affirmal o^ De certo so temos que este fìdalgo Vereador apparece no mesmo tempo em que vtveu o genro de Gii Vicente. Quando foi da elei^ao dos procuradores de Lisboa és cortes de 1 homar, em i5Si, tambem D. Antonio de Almeida obteve 3 votos na pauta dos fidalgos. Veja-se, na obra supra citada, o Tom. II, pag. 10. (86) Se este béca seri descendente do «bailador» Caroto, que, por tal, recebia ten^a e trigo de D. ioao III, corno vemos no Somaryo de Alfonso Mexia, dado a lume no Ar CBivo HiSTOftico, voi. II, pag. i23 e 137 ? óo ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Cobrado que foi^ rq[>eiirain-se eguaes diligencias, para a cobran^a dos doìs restantes quarteis, assign«xk> oa competentes precatoreos o cdr. Per- nao d'Ayres de Almeida, do desembargo de eiretf corregedor com al- idada dos feitos e causas civeis n'esta cidade de Lisboa e st» correifaOy e bem assitn juiz e conservador dos alemaes e privilegiados» (87), sendo estes documentos expedidos em favor de Francisco de Vasconcellos, substicuin* do o primitivo procurador do exequente. D. H elena de Mendon^a fora corno dissémos ena Nota (33), casada com Joao de Mendonga, o CagdOj mordomo da Casa e Fazenda da Infan- ta, fallecido governando Tan^er. Morto em Alcacer-Kebir o primogenito de seus tres nlhos, a pobre viuva ficara, bem provavelmente, em circum- stancias proximas eguaes às de D. Brites de Sousa ; — restavam-Ihe dois fìlhos frades, sem meios, por conseguinte, de valer a sua mae, se eram ainda vivos n'esta epoca. Quem fòsse o fatai homonymo do marido de D. Helena, que tao im- portante crédor seu se mostra ser, de que natureza era tal crédito, que so da ten^a da pobre senhora pudéra haver satisfa^ao, interrogagSes sao estas destinadas a ficar sem resposta. Seguem se : — D. Guiomar de Almeida, freira em Santos. Em iSgo ià està religiosa apparece comò cessionaria de Catharina Anrulha, à qual, cpor ser muito mais veiha», foi permittido renunciar n'es- ta o beneficio com que a contempSara a Infanta Doadóra. Por modo que, a respeito d*esta renùncia, deu-se hypothese diversa da que permittira o trespasse da ten^a de D. Helena de Meneses, por cserem eguaes nas eda- dest, à sua cessionaria, Joanna Ignacia. Segue- se: — Soror Magdalena de Jesus» freira professa no Salvador. Està filha de Sebastiao da Fonseca receberà a ten^a, emquanto viver sua irma, soror Maria, freira no Mosteiro da Madre de Deus. Por onde se ve que o escrivao da fazenda tinha duas filhas em religiao, sendo uma ces- sionaria da outra, facto de que so agora ha notìcia. A propia Maria da Fon- seca )d era, comò vimos no Caderno de 1690, cessionaria de Maria Rapozo. E continuam : — Joanna de Ornellas» mulher de SimSo da Cunha Soares, que assigna os conheci- naentos dos respectivos quarteìs ; — «Soares», muito claro, e sem nenhuma duvida. — Sebastiao Alvarez, que foi mo^o da Camera da Infanta. — Joanna de Couros, menor. Rccebe por ella sua mae e tutora» Philippa Girda, que, para tal firn, deu procurando a Salvador Rodrigues. Este, ^ue em iSgo declarava mo- rar cna rua de S. Pedro Martyr», é agora residente cna rua dos alemos», (87) Este magistrado foi tambem Vereador da Camara de Lisboa, desde 1608 até 161 5) conforme nota, pessoalmenie tomada no Archivoda mesma Camara. As ten(;as testamentari as da infanta d. maria 3i isto é, passou de urna para outra rua, dentro do territorio da {Mffochk de Santa Justa, por isso, que a primeira d'aquellas vias publicas ainda n*esta epoca nao perteocìa a iri^uezia de S. Louren^o. — IsabeldoBarcOfparaquemrecebeJeronymoLopes, seufìlho. I —Pero Correa d'Andrada, que deu procurarlo a Luiz Macbado. r Semcircum- — Miguel Maceira, que «foy homern da Camara de S. A.» \ stancias de — Jeronymo Simoes» que «foy reposteiro de camas de S. A.» 1 notar. — Thomé RaposOj que «foY trinchante das Damas.» 1 — Jordao de Olhreiraf que «foy mo^o da cacnara e scruya nos contos.» Este eoQpregado da Administra^ao da Casa da Infanta falleceu a 26 de agosto, d'este anno. A sua viuva, Francisca de Mesquìta, recebeti j^bo rs., que se contavam desde o i .^ de Janeiro^ até à data do falleci* mento de seu marido. Appensos, acham-se: a) Requerimento de Francisca de Mesquita, para haver dereceber 0 que seu marido venceu da ten^ de 12^000 rs. que tinha por merce da Infanta D. Maria, allegando ter ficado herdeira universal do dito seu marido. — Na parte inferior do documento, o des- pacho do escrìv3o da fazenda, mandando proceder é liquida^fio do devido, em vista da respectiva justifica^io. b) Certidao de justifica^So em fórma, mandada passar pelo dr. Antonio Diniz, do desembargo de el-rei, a requerimento da justìficante Francisca de Mesquita, de corno seu defunto marido a deixou por sua herdeira em todos os servicos, preten^des, augSes e mercés que esperava de Sua Magestade, e comò tal fora julgada por sentenza do dr. Sebasjiao Diniz, lavrada em 3 de setembro^ de 1 596. Falta : JoSo Femandes, porteiro da Camara da Infanta. (88) E seguem-se : — Duarte Ribeiro, que «foy boti cario de S. A » J — Luis Soares, que «foy sergeiro (sirgueiro) de S. A.» l Semcircumstan- — Helena da Costa, que «està no moesteiro de oudivellas» 1 cias de notar. — Violante Nunes, por quem recebeGasparBotelbo, seu sobrinho. 1 — D. Jaoebra, vluva de Alvaro Cago, que «foi mantyeiro de S. A.» Ao contrario de outras, aqui nomeadas, nao deveria de estar eoa pre-* carias circumstancias està viuva, pois que dava procuracao a dois criados scus, Antonio Coelho e Francisco de Sousa, para ihe receoerem os diversos quarteìs da sua ten^a. — Sebastianna de Santo Antonio, ou Sebastianna da Silva, filha de Christovao Ta- vares, freira no Salvador. Recebe por ella coni a devida procurarlo Lucas da Silva, seu cunhado. ^ Lopo de Castro, «copeiro de S. A.» Seu procurador Fernao Rodrigues Temudo, que recebeu està ten^a por inteiro, declarou à naargem do respectivo conhecimento : (88) Terà faUecido entre os annos de 1594 e iSgS, visto comò em iSqS aioda rece- beu, elle proprio, OS diversos quarieis da sua'ten^a, no valor de i6|9Mo rs. 32 ARCHTVO HISTORIGO PORTUGUEZ cassino todos os corenta mill destavadicam assima comò pìrocurador de Lopo de Crasto — ChristovSo Luis, ourives de ouro. Falleceu a io de agosto, d'este anno. Recebcu, portanto, o i.® e o 2.* ouarteis, vindo a cobrar o mez de julho e os déz dias do mez seguirne (Rs. i^3oo) Luis Vazy que apresentou certidao de obito, e bem assim a devida procura^ao dos herdeiros. — D. Isabel de Mesquita, tutellada de Jolo da Costa, e filha de Jorge da Costa. — AAarid Reymondez, viuva de Manuel da Fonseca. Na cobranca dos respectivos quarteis' d'està ultioia intervìeram suc- cessivamente, fr. Manoel do Cspirito Santo, graciano, Vicente Montz e Alvaro de Madureira. — Antonio da Fonseca. Recebcu por elle os loo^t^ooo rs. que tem, por urna so vez, o escnvao da fazenda, seu pae. O titulo de Antonio da Fonseca o transcrevemos no antecedente capitulo. — Duarte Fernandec e FernSo Lopes. Ambos estes, comò ficou dito no allegado capitulo receberaro, cada um So^t^ooo rs., por identicas raz5es ds de Antonio da Fonseca. ~ D. Cecilia de Goes, viuva de Domingos Leitio, recebendo por ella, com a devi- da procura^So, Balthasar LeitSo. — D. Maria, filha de Estevao Comes da Silveira, que recebe por sua tia, freira no mosteiro de Nossa Senhora dos Martyres, de Sacavem, primitiva agraciada da infanta Doaddra. — Roque Rodrtgues, clerigo de missa. Fallecido em Vinhó, a 27 de junho, d'este anno ; filho de Antonio Ro- drtgues, sapateiro que fora da Infanta, gosando d'està tenca por heran^a de seu pae, primitivo tencionario. O fallecido fìzera testamento, pelo qual instituiu por seu universal herdeiro Mamede de Gouvéa, dando este ijro- cura^ao a e Francisco Fernandez morador nesta cidade de Lisboa jun- to ao Salvador», para, apresentando o competente «estromento publi- quo» de justHìca;ao« receber o liquidado d'està ten;a, na importancia de 2^950 rs. Extinguiu-se, pois, o testemunho d'este beneficio, feito pela Serenissi- ma Doaddra ao nlho do modesto industriai, que o preparava para orde- nar-se sacerdote. A ten<;a de Antonio Rodrigues foi do numero das here- dilariasy decerto para aproveitar ao filho. O pobre clerigo, porém, que nao terà morrido veiho, e que talvez deveu o priorado que pastoreava i influencia bemfaseja da Infanta, pouco se gosaria dèstes beneficios. — Francisco LeitSo, cosinheiro na casa da Infanta. Domingos Gii, seu filho, recebcu os dois primeiros quarteis ; Matheus Homem, procurador de varios outros tencionarios, cobrou os restantes. — FernSo Martina, confeiteiro que fora de S. A., recebeu elle proprio. — Bernadim d'Alte da Silva. AS TENCAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 33 Tambem este pseudo tencionario nao trazia a sua vida desafogada, se- gundo testemunham as peripecias de que foi objecto a cobran^a dos qua- renta mil reis que a dadivosa Administra^ao da Testamentaria da Sere- nissima Doadora houve por bem conceder-lhe. Na verdade, elle passara procuracao a um tal Francisco da Rocha, para haver de cóbrar-Ihe os di- versos quarteis da improvisada ten^a, e podere ter sido este mandato su^ jeito ]à a quaesquer difficuldades fìnanceiras do outorgante, porque parece poder-se estabelecer com todos os visos de certeza que bastantes indivi- duos, de ambos os sexos, no goso d'estas ten^as recorriam à intervcngao de pessoas a quem outorgavam as rcspectivas procuraqoes, para obterem d'ellas o adiantamento dos diversos quarteis de suas ten^as, mediante al- guma honesta (?) remunera(;a6. Se este é o caso de Bernaldim d*Alte, dando poder a Francisco da Rocha para Ihe cobrar todos os quarteis d'este anno, corno se ve dos respectìvos conhecimentos, nem se afSrma, nem se nega, mas ha que reconhecer ter sido a cobran^a dos alludidos quarteis renhidamente disputada por um crédor implacavel que a ambos deu as- sés que fazer; consti tuin te e procurador. Ainda bem, com efleito, nao tinha Francisco da Rocha recebido, em 31 de maio, d'este anno, de 5g6, o primeiro quartel da tenga do seu con- stituinte, estala na Contadoria da Administragao da Fazenda da Infanta um precatoreo do Licenciado Luis Martins, servindo de Juiz do civel n'esta cidade, datado de 3 de julho, penhorando o resto, a requerimento de Theo- desio de Moraes, (8g) para pagamento da quantia de 700^000 rs., que Bernaldim d'Alte Ihe devia. Era està diligencia, porém, ao que parece, a de menor alcance das que 0 crédor promovia contra o seu devedor. Bernaldim d*Alte, segundo se deprehende de um dos precatoreos appensos d foiba de seu titulo, possuia bcns em Arruda, que Theodosio Moraes Ihe foi penhorando, corno penho- rava a ten(;a. Para maior seguranga de seu crédito, e desconfìado, acaso, das ìntengSes do seu devedor, requereu o exequente, quigà fundado no disposto no § i.® do Tit. 86, L. Ili da Orden., que emquanto se nao pro- ceaia & arrematagao d'aquelles bens, fosse este intimado para nomear de- positario aos rendimentos. (90) (89) Pela segunda veznos appareceo baptisroal «Theodosio» em estudos d*esta epoca* (Reyista Archkologica — Voi. Il— 1888— Con v^n/o das FlamengaSy em Alcantara — Os Ar- chìvos Frias\ E' prova vel que cstc homem seia de Villa Vi(josa, ou nascido enirc familia addicta aos duques de fìragan^a. Estes, com cfleito, pelo V duque, D. l'heodosio I, falleci- doem i563, introduziram este nome proprio na rota9ao dos muitos u^ados dokalendario romano, anebrando a quasi invariabilidade tradicional^ e inaugurando urna nova fei^So d^enomes baptismaes, que, sem proscrevera grande maioriados multo communs, até en- taousados, iroprimiu, n'este particular, ao seculo XVII o mesmo lom de novidade que remo^ou muitos dos antigos usos e costumes, e defìniu o Passado pela pittoresca expres* sao de : — «era dos Affònsinhos». Dos dois nomes proprios menos vulgares (jue a familia brigantina introduziu no cyclo dosbaptismaes, so o de «Jayme» logrou a persistencia.Pode dizer-se que osaTheodosios» acabaramno seculo que os adopiou,e provavclmente após a morte de D.JoaoIV,em i5de maio, de i653. Deu-lhes fóros litterarios em sua RecreacàoPhilosophica. o P.Theodoro de Almcida. (90) «E dando i penhora bens de raiz livres e desembargados, sere desapossado d'elles (o executado) e serSo entregues por authoridade de Justi^a a pessoa, ou pessoas ■^ 34 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Obtido favoravei despacho, corriam ao mesmo passo em Lisboa os cpregóesf para a arremata^ao da tenga, o que se effectuava. Outro tanto, segundo todas as probabtlidades, ia acontecer em Arruda. Fi- Iho de um causidico de consideragao, qual terd sido o dr. Christovao Estevens, advogado consultor da Casa da Serenissima Infanta D. Ma- ria, e sobrìnho ou, porventura, neto de um chanceller da Casa do Ci- vel, do seu mesmo nome e appeliido; Bernardim d'Alte (91) nao se dei- xou acovardar com a activa arremetida do crédor, antes tratou de repellir a affronta, appelando, dentro do praso perscrìpto pela Ordenagao, do despacho que o mandava — a elle, pessoa conhecidamente abonada — no- mear depositario a seus proprìos bens, protestando ao mesmo passo con- tra o embargo sentenciaao. E comò era preciso evitar os ìnsanaveis effei- tos do despacho recorrido, requeria na 1/ instancia se sobreestivesse na execugao, vista a certidao que offerecia, pela qual provava t ter posto 0 feito em aggravo». Era-lhe, entretanto, favoravel aquelle tribunal, onde, em 9 de setem bro, de 596, se proferia o seguinte Accordio, aqui transcripto na integra' e graphia hodierna, corno elemento para a historìa da evolugao do prò' cesso civil, entre nós, e amostra dp laconismo das estancias superiores' • «Accordam em Rela^ao, & Aggravado é o aggravante pelo jui2, em Ihe mandar dar depositario aos meios da contenda. Provendo em seu aggravo, vistos os autos, e co- rno o aggravante notoriamente é abonado, e a fórma da Ordena9ao, L. 3.*, Tir. 77, § fi- nal, mandam qae o embargo se levante, e o aggravante nao seja*obrigado a dar depo- sitario.» (92) Que raz6es presidiram a està sentenza, tao diametralmente opposta, comò acabamos de ver em Nota, ao preceito da Ordena; So, é o que os Sem suspeita, seguras e abonadas, a que sere mandado que os nao entregue, nem ren- dimento algum delles, ao condemnado.» — Loc, ciL (91) O dr. Christovio Estevens fora tambem votado na eleì^So dos dois procurado- resy um fidalgo e um letrado, para ser jurado pelos Tres Estados herdeiro do throno 0 prìncipe D. Filippe, em i583.~£leiìentos — Tom. II, pag. Sa. O desembargador Bernardim Estevens d*AIte era fidalgo da casa de el-rei, e Chan- celler da Casa do Civel, em i36o. — Arcb. Hist. Port., voi. V, pag. 38. (91) Para que bem se com prebenda o valor do julgado, no tocante aos termos da Ordena^So, chamados a refor^ar o Accordao, cumpre esclarecer que o Tttulo cit. està- por quem nao tenlia Juns- di^ao. «De maneira que — resa o testo — se da sentenza condicional n§o for appelado até dez dias, contados do momento em que foi publicada, jé mais nao podere appelar d*ella o que foi sabedor corno foi dada contra elle, e podéra d'ella appelar, se quuera». O % final d*este Titulo, especìalmente invocado no Accordio, condue nos seguin tes termos : «E passare a tal sentenza em cousa julgada, assi comò se fora pura, sem condi^So alguma». pOra Bernardim d*Alte, appelando de urna sentenza condicional, caracterisada, dentro do raso da lei, estava a coberto d*ella, e no caso de receber provimeoto em seu aggravo. Foi està bermeneotica a que o Accordio confirmou. ^^ AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 35 doutos magistrados entenderam escusar explanaf6es, e nós, dada a pro- pria incompetencia, nao intentaremos esclarecer. Certo é que, urna vez publicado o Accordao, baixou o feito concluso, e DO i.® de outubro pronunciou o Juìz o seu despacho, mandando passar carta para ser desembargada a fazenda do rèo, e empossado elle proprio na que Ihe fora penhorada, por virtude da sentenza que o seu crédor con- tra elle obtivéra. Todos estes actos, poréai fìcavam subjeitos à causula de 3 uè o rèo nao poderia vender os bens em litigio, nem alheiar-lhes o ren- imento. Como consequencia d'este despacho, veiu Bernaldim d'Alte requerer que se Ihe passasse precatoreo, para Ihe ser levantado o embargo nos qua- renta mil reis da ten^a, assim corno fora ordehado para os bens em Ar- ruda. Differiu-Ihe o dr. Diogo de Athayde, perante quem se derimia o feito, dando o dito embargo por levantado, e assim o notificou a Sebastiao da Fonseca, em 4 de Janeiro, de 1597. A 9 do dito mez lan(;ava-lhe o ccum- pra-sei o escrivao da fazenda da Infanta, e la, emfim, Francisco da Ro- cha receber os dois ultimos quarteis do anno anterior, jà que, atravéz os incidentes do processo, elle conseguirà, nao se atina bem comò, receber, a importancia do segiìndo, em 18 de setembro, d'aquelle anno. Theodo- sio de Moraes, porém, que nao dormia, e naturalmente se nao conformara com 0 singular Accordao da Rela^ao, interpondo recurso, d'aquelie des- pacho, alcan^ou annula-l'o, levando o mesmo Juiz a enviar ao Thesoureiro da Fazenda da Infanta, Alvaro Fernandes, o precatoreo de 3 de fevereiro, seguinte, pelo qual aquelle magistrado voltava a embargar em poder d'elle Thesoureiro cos dois quarteis vencidos do anno passado dos quarenta que 0 dito Bernardim d'Alte tem de ten^a na fazenda da dita Senhora». Que se passou em seguida a este novo incidente ? Como sahiram, em- fi^, OS dois litigantes d'aqueile circulo vicioso, em que aos precatoreos c^bargantes se succediam os oppostos, sem modo de ver terminada a chicana por um Accordao decisorio, e que se nao prestasse a mais recur- sos ? Eis o que nao tem facil resposta. Que foi Bernaldim d'Alte, ou o seu procurador Francisco da Rocna quem, por firn, recebeu os dois dis- Putados quarteis, é o que nos certificam, em primeiro logar, a presenca, junto ao titulo do pseuao tencionario, de um quarto precatoreo do mesmo Juiz, dirigido ao escrivao da fazenda da Infanta. N'elle Ihe notificava que tendo, a requerimento de Theodosio de Moraes, embargado na mao de Alvaro Fernandes o importe dos dois ultimos quarteis da tenca de Ber- naldim d'Alte, do anno de bg6^ agora tpor seu despachoit^ havia o dito embargo por levantado, desemoargados os vinte mil reis, objecto d'elle, e livre o thesoureiro de os entregar, t comò se o dito embargo nao fora feito». Em segundo logar, e tendo este quarto precatoreo a data de 8 de tnaìo, de 1697, vemos que logo a 9 lavrou o escrivao do thesoureiro na foiba do respectivo titulo, e a seguir aos dois conhecimentos anteriores, do \? e do 2." quarteis, o do teor seguinte: tRecebeo francisc^uo da Rocha do tisoureiro Alvaro fernandez vinte mil rs Do ter- seìfO e qutrtò quarteis Da ten^a asima de Bernardim dalie por sua procuracao Raza iQjliBquada au« Ihe fìquou por ser pera mais e aprezentou desenbarguo do \^^ dioguo Jjgtaicifi juis ao ^ivel de todos os enbarguos que estauSo feitos nesta ten^a e asinou aqui 36 ARGUIVO HISTORICO FORTUGUEZ comiguo em lisboa nove de maio de noveau e sete znos^Guaspar defigueiredo—Fran- cisco da Rocha^i Conformarse-ia Thcodosio de Moracs com scmelhantc remate, dado a tantas canceiras para segurar o scu crédito, e rehavel-o por meios de Justi^a ? E' o que veremos pela continua^ So do nosso exame, ao ser pre- sente o Caderno das Ten?as da Serenissima Infanta, relativo a ^^91* Por agora, continuemos a nossa revista aos titulos abertos no de 1D90, apóz o de Bernardim d'Alte. Sao OS seguintes : — Duarte Feraandez : Tendo comprado a D. Fedro de Meneses sessenta mìl reìs do resto da ten^a de que este se desfez, comò fica registado no Gap. XV reccbcu tal quantia por inteiro, na mesma data em que foram pagas as suas con- generes ; isto é, a 8 de fevereiro, de i S97. — Pernio Lopes : Recebeu em uma so presta^ao, na data supra, os setenta mil réis, que adquiriu de egual procedencia. — Pero Gomez de Olivares : Recebeu, em duas ptesta^ 6es, os 40*000 rs. que adquiriu do mesmo D. Fedro de Meneses, em eguaes termos supra» — Joao de Lomano (?) Recebeu, em duas presta?6es, os quatro quarteis da ten^a de 20»ooo rs. que, diz o titulo respectìvo, sem que possàmos atinar por que funda- mento, cvagarao por falecimento de sua may, por S- A. aver por bem que elle os ouvesse corno en seu testamento he declarado». Em primeiro logar, percorrendo as listas das ten^ as de 203^000 rs., nao achémos que de 1593 para 1596 pudesse vagar nenhuma d*este typo, instituida em favor de individuo do sezo feminino. Vagara, sim, mas de 1591 para 1593, a ten^a de Anna de Sequeira, viuva de AfPonso de Fi- gueiredo. No exame ao Caderno d'este ultimo anno o deixémos notado, presumindo que o de 1 592, nao comprehendido nos scis que sao objecto d'estes estudos, haja dado conta d este fallecimento, uma vez que no anno de 1S93 jà està tencionaria nao appareceu, nem pessoa alguma por ella. Fortanto, é este um caso cjue nSo sabemos corno explicar. Depois — ja o temos repetido — é positivamente falso que a Infanta Doad6ra se ocupasse, em seu testamento, ou ainda em seu codicillo, de quaes- quer pormenores que disséssem respeito às ten<;as que instituia, ou a seu destino, vìvos ou mortos os agractados. Se alguma disposi^So, do teor d'està que se allega em favor de Joao de Lomano, que por sobrenome nao perca, ou semelhantes, existiram, devem ter constado dos roes, a que a Serenissima Testadora se referiu. Ora, taes roes segundo todas as probabilidades, nunca ninguem os viu, a nao ser Antonio Vaz Bemaldes, a quem a Infanta deixava entregue este assumpto, e, depois d'elle, Sebas- tiao da Fonseca, e quem elle qui^. AS TENgAS TESTAàlENTARIAS "DA INFANTA D. MARIA ^ Luisa da AscensSo, filha de JoSo da Rocha, dìspenseìro-mór que fora da Infanta, e se metterà freira em S^nta Gara, de Santarem. — > Nada a notar. — cOs herdeiros de Gregorio Rodrigues que foi mo^o da estribeira». Este tencionarìo falleceu, segundo cóta é margem de seu titulo, cno firn de enarro de 5§6t. Parcce que ao tempo de se preenchercm os titu- loa d'estc Cademo e que este fallecimento vciu a ser conheddo da Admi- nistra^o da Heran<;a da Infanta, e por isso foi redigido o titulo da ma- neira que acima se le. Em continua^ao, escreveu-se : •hSo da YtT tres dìI reìs do prìmeiro quartel deste presente ano dos doze roil rs qoe tioha de tcn^ em sua uida que uenceo até firn de mar^o em que falleceo» O conhecimento lavrado por lofio de Pina, escrivao do thesoureiro, diz que recebeu aquella quantia Diogo Pereira, genro de Gregorio Rodri- gues. Nao allega justificaofio alguma, apresentada por aquelle individuo, para ha?er de a cobrar. xvn Tal é o teor, abreviado, dos 55 titulos abertos n'este Caderno a ten- donarios, ou verdadeiros ou suppostos, da Serenissima Testadora, e a oiitros indiviauos que, por compra, se empossaram no direito de gosar da munificencia da dadivosa Infanta. A estes se seguem os titulos dos or- denados ao pessoal, comef andò pelo do escrivao da fazenda, que, por ofife- recer novidade, se transcreve na integra. Diz assim : «SebastiSo da fonseca escrìuSo da fazenda de sua A. que tem a seu cargo o compri- mento do testamento e de escriuSo delle, ha dauer duzentos mill rs. de seus ordenaaos. corno en sua provisfio he declarado.» Segue-se o recibo do proprio punho do interessado, que o datou de coje xxix dagosto de Sqó», e assignou. Parece pois oue o escrivSo da fazenda n&o tinha jé por que fazer a dis- dncfSo costumada entre um e outro motivo dos seus dois titulos, acaso por ser cbegada a occasiao de se dispensar de mais ezplicafSes e subter- nigios. Vem a seguir Alvaro Femandes, que serve de thesoureiro, e ao qual se attribuem os costumados 8o4lk>oo rs. do dito cargo. Abaixo por letra do escrivSo da fazenda : e A mays da ver ^sk) o dito thesoureiro trimta e tres nàl reìs que tem em cada hum ano por aRecadar o juro de sevilha (93) e de goadalcanai que he outro tanto comò levou OS anos pasados» Abaixo ainda, do mesmo punho de Sebastifio da Fooseca : «Recebeo o dito Alvaro Femandes thesoureiro em si mesmo os cemto e treze mill rs acima conteudos e assinou aquy oje ixiii} de dezemhro de b* IRbj SebaitiSo da» sequa.» (93) No Cademo de 1593 tinha escripto «de Badajos». 38 ARCraVO HISTORICO PORTUGUEZ Apesar, porém, da affirmativa, a assignatura do thcsourciro-cobrador falta, O seguinte titulo é o de Joao de Pina, escrivao d'este. Sebastiao da Fonseca lavrou o termo que vae ler-se : «Por quanto Johao de Pyna conteudo na Adi^ao acitna fale^eo a oytodias dagos- to deste ano de 5g6 e tinha Recebydo do Thesoureiro alvaro fernandez os dttos xsx rs de seu ordenado de todo o dito ano — S — dezoyto mylì)ijc 1 rs que vemceo e xj ij«lr» que mays tinha Recebido corno costou fsicj per dous escrytos seus-se assemtou que ou- vesse per Imteiro o dito ordenado posto que o nao acabasse de vemcer. a yemdo Rcs- peito a seu servyqo e por outros que pera Iso ouve e aos pareceres que sobrejso se toma- rao; pello que mandou Sua S. IH."* que se levassena em comta aadito thesoureiro 08 ditos xj ij* 1 rs que nao acabou de vemcer; Jumtamente com os xbii) bij« 1 ts que vemceo; per este soo despacho. por constar pellos ditos escritos do dito Johao de pyna Receber todos OS ditos tryrata myli rs do dito thesoureiro; corno dito he em lisboa A xxb iij de mar^o de 597 — e os escritos se derSo a sua molher Rotos — SebastiSo da» sequa» Em consequencia do fallecimento de Joao de Pina, entrou a exercer o cargo de escrivao do thesoureiro Gaspar de Figueiredo, que assigna os conhecimentos d'este Gaderno, desde seterabro de 1 596. A doen<;a mortai d'aquelle antigo funccionario da Ad ninistragao da Gasa da Infanta deve ter sido breve, pois que tendo fallecido, comò se viu, a 8 de agosto, d'este anno em estudo, ainda a 3 de julho, anterior, assignou o conhecimento re- lativo aos dois primeìros quarteis do ordenado de Pedr'Alvarez, continuo da Gontadoria. Joao de Pina era, com efifeito, antigo servidor da Infiinta, no cargo que exercia, pois que jà em 1578 fora elle quem lavrara o alvarà de 23 de mar<;o, pelo qual a Serenissima Infanta nomeara a Antonio Fcr- nandes d'Elvas seu thesoureiro, com a moradia de 2;(^ooo rs. por mez, conforme dizemos em Nota (17). Seguem-se : Gregorio Vellozo, «que serue na capella de nossa senhora da lux, e nas mais cou- sas que sao nese^arias» Pedraluarez, «que foi reposteiro de Sua A. que serue no testamento e nos recados e mais cousas nese^arias» O conhecimento d'este servidor da Infanta, relativo aos 3.^ e 4.® quar- teis, foi lavrado pelo escrivao da fazenda, e é elle quem assigna, a par do interessado, e nao Gaspar de Figueiredo, que nao estaria ainda nomeado para o logar vago pelo fallecimento de Joao de Pina, supposto nao tar- dasse a sél-o. Declara o termo do fecho d'este Gaderno, egualmente lavrado pelo punho de Sebastiao da Fonseca, e por elle assignado em g de aoril, de 1596, que o valor das 168 adiqoes» (94) constantes n'elle monta a Rs. I -.947^395, sonìima està de que o Arcebispo testamenteiro auctorisou o pagamento na mesma data. Jà vamos ver que n'esta totalidade ha ^000 rs a mais. 'sto é : 55 ten^as, sendo urna dividida em 9 addi^Ses = 63 + 5 de Ordena- AS TEN^AS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 39 Vem depois a fl. 36 v. o apanhado do que o thesoureiro pagou e som- ma i:g68;fl^SMC>3 rs. Sebastìao da Fonseca remata, lan^ andò no v.^ da ultima foiba, innumerada, a nota dos direitos que cobrou do thesoureiro, os quaes nas 54 ad]^5es do Caderno, produzìram 3^240 rs., porque a 14 pessoas que deixou notadas os quitou. Estas 14 pessoas foram elle proprio, a filha, o 61ho, e os socios d*este na compra da ten^a de D. Fedro de Meneses ; o dr. Jeronymo Fernan- des, emfim, tencionarìo em dinheiro e em graos, corno vimos na transcri- p^ao das ten^s de iSj^o, no fecho do Gap. IV, d'estes estudos, e que nao costumava ser excepcionado dos taes direitos. Apuremos agora està contabilidade. As addif 6es pagas por este Cademo sao : i:i704>335. 1004>000. 3oo4|>ooo 3^1^000 } 5 de 34^000 a 61^240 47 de io#ooo » 8o4M)Oo 1 de 9 de divenos typos, qumhSes da } len^a de D. (ionstan^a de Gus- / rnSo^no total de: I quartel (i.*) da ten^ de ia;|^ooo rs^ pagos a Diogo Pereira, gearo de Gregorìo Rodriguea, conio ^ficou explicado : I 63 Soromaro Rs. 5 Ordenados, no valor de : • • . • • » 1 :294»395 3o3;g>ooQ 1:597^395 3484^)00 68 addi96es, » : Perceotagem da arrecada^So dos juros de Hespanha, ao thesou- reiro Ahraro Ferna ndes, comò acima se 1€ : Total do que este funccionario deverìa ter pago a diversos, e ar- recadado para si : i;945»395(95) 334^000 i:978»395 Das bb teofas, porém, 3 tiveram reduc^So, segundo o correspondente aos dias de vencioEiento dos respectivos possuidores, conforme a seguinte nota: JordSo de Oliveira, ten^a de 12^000 recebeu a TÌuva Rs. 74^858 Christovio Luis, » 12^9^000 » o procurador dos herdeiros » i;fl^3oo Roque Rodrìguex, • 6|^ooo » o seu herdeiro » 2^950 Total. » 124^108 Està quaotta, abatida do total processado, reduz os pagamentos feitos n*esce anno, ten9as e ordenados Rs. 1:9334^287 Ajuotando a percentagem dos juros de Hespanha. paga ao thesourei- rOy e nao incluida no total processado, no valor afe » Teoios que o valor total pago por este Cademo, è de 33;i^ooo i:966;i>287 (95) E nSo 1:9474^395 rs., corno SebastiSo da Fonseca escreveu e assignou, no termo de fecho d'este Gaderao. Porque este resumo, que ar^ùe um erro de somma ao escrivio da fa9enda,nSo prejudique a sua demonstra^ao, aqui se mencionam in extenso 40 ARCraVO HISTORICO PORTCGUEZ Ve se, portanto : 1-* que eatre a totalidade auctorìsada pelo Arcebispo testamenteiro, e o rcsumo surra ha urna differenca de Rs. scatS, a menos do que o acc:onsado. Erro de somma parcce scr. ^•* q-^e, ao coltrarlo do que se obscrva no anno de iSg?, a percenta- geia ao iheso-^reiro, pela arrecadacao dos juros de Hespanha^ nao cn- troa na soncma total do valor do Cadcmo. Advcrtir-se-ia melhor, emfiru n3 que tinha aquì de descabido semclhante abooo? O ìeiior paciente que ajuise da perfeìcao que reìnava na escrìpta ad- minìstrativa d'està famosa heraoca, por estas, e pelas anteriores amostras denaonstratÌTas d'ella . xvra NIo deremos fechar o estudo d*cste Cademo, scm meociooar dois fo- ctos« de que elle é ou denùncia, ou testemunha. Por qualquer circumstanda que nao e possirel descortìiiar, mas que tera siìa razao de ser n*aìguma reclamacao, acaso, ou qocixa cootra a or- cem estabeledda para o pagamento d*estas ten^as, oa coDtra alguma ir- regularìdade^ Yoluntaria ou inroluntana^ introduzida nos mesnnos paga- inentcs, pelo noTO escrÌTao do thesoureìro, rictima da soa falla de pra- rcx. arparecem de frequencia, e pela primrira vez n^este Cadcmo, deda- racoes escriptas pelos tencìonarìos ou seus mandataiios, confirmando o tcor dos ccchecimentos larrados pdo alìudido Gaspar de Figiieìredo, e por elles assignados. Ho'e, taes declara(;des pareccm-Dos pleonasdcas, em foce das asstgna- mras dos proprios interessados, fdtas a par oa knmcdiaiamcnte à d'a- cueHe fuccdonario da Testamentaria. No tenqpo cm q|iic derlo, todaTia, ter lido sua razao de existir. Logo a ds. 3 do Caderno, por exemplo, Yicexkte Lopes Reiael, om dos cessìooaiios da Camareira-mór, aue assigna um e outro dos dois conbeci- meniDs b^rados pdo soccessor oe Joio de Pina, daodo-ae assiai por in- tendo dbs reqiectnras qtiantias, nio sc-ooauitaDda oom o tcor dos dois lancamentos, e com a assignatura com que autentìcoo o prìmciro, eoa 18 de setembro de 96, escrere por b:ixo do segando, laTrado em 8 de Ja- neiri, de i5p7 : «asino os dpo = :, de 4C.;>X30 ^4^ de >:^;>C300 = 3, de cc^:>x? = 3, de 70-^000= I, de 7^^413=1» de :?oC'?oo = i, de iocS^ooo= 1, de 5ix'»5S>30 = 1. Soffi-TviTy 54 i:5q4;^395 1.» q-.Ljrteì da tco^ de Grecxio Rodri^iues 'S^^ooo Totalsenl Rs. tzb^i^^ ■ AS TENCAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 41 O outro facto que tambem dSo passou em claro, em nosso exame ao presente Caderno, é o de apparecer n*elle um novo funccionario, com o caracter de hnpector do the:{oureiro* Revela-nos a sua presen<;a o segutnte termo de paganaento do 4.^ quartel da ten^a de D. Brites de Sousa a Gas- par Pimenta, procurador da exequente D. Joanna Henriques. «Recedo Gaspar pimenta Dalvaro Fernandez thesoureiro quinze mil reis Do quarto quartell Dos Ix" rs de teo^a De donabrites De sousa que tem na dif io da foiba adiante (96) osquaes xb rs Ihe pagou por procura93o bastante De dona Joanna Anrric^uez que se Ihe tomou por ser pera mais. A quali dona Joana pertencerao por precatorìo de Diogo de faide. Juiz do civell Desta ^idade que Ihe pasou por Virtude de urna sentenza que ouve contra a dita Dona Brites e asinou aquy comiguo thome do Couto que tomo conta 00 dito thesoureiro em lisboa « xxiu) De Janeiro de b^ 1 R b ij — Thome do couto Fer- nao (i) — Gaspar Pimenta.» Egual declara^ao de Jnspeci;ao ao thesoureiro se le no conhecimento lavrado por este mesmo novissimo funccìonario da heran^ a, do pagamento do 3.* quartel da ten^a de Joanna Sardinha, que fdra mo^a da camara da Infanta, e no correr d'estes annos se achava recolhida no mosteiro de S. Joao, de Setubal, recebendo por ella, e com a devida procuratilo, Luis Sardinha, seu irmao. Algons conhecimentos mais se acham do mesmo punho d*este inspe- ctor, intromettidos por urna que outra foiba de titulo de ten^, mas ne- nhum com a precisSo dos que ficam notados. O homem, deve confes- sar-se, podere ter sido um habil e zeloso funccionarìo, nao desconvimos, mas as letras, pelo visto, n&o o abonavam, e a propria calligraphìa esgrou- yiada e sem cunho, corno se nos apresenta, pouco diz da capacidade men- lai do sujeitò. (Continua) Gomes db Brito. (96) Tendo-se JoSo de Pina enganado, ao lavrar o conhecimento de um «é conta» do 1.» e do a.* quarteis da ten^a de D. Brites de Sousa, que recebeu JoSo Velho Fra- goso, por procurando d'asta tencionaria, escrevendo «onze mil reis», em vez de conze mil seitecentos corenta reis», que aquelle recebeu,^ com effeito, necessario foi lavrar-se e assignar-se uma rectifìca<;ao, o (jue tomou é pagina mais do costumado espa^o, para OS subseauentes lan^amentos. Foi por isso que este, em vez de ser escripto na rolha propria, foi lavrado no espa^o em oranco da foiba anterior, que pertence ao titulo de ^scolastica Afanoel, cujo marido, recebendo a ten^a por inteiro, nSo careceu de mais do que de um so lan^amento. A «foiba adiante» t pois a «foiba em fronte». A Inquisigao em Portugal e no Brazil (Conttnuado do voi, K, pag, 425) Vili Priviiegios, confilctos internos e externos e visita9oes da Inquisigio de Lisboa Depois de termos visto, no capitulo IV d'este trabalho, os orivilegios especiaea de (jue gozavam os membros do Conselho geral do danto Offi- cio, e no capitulo V genericamente os de todos os officiaea da inquisi^ao, cumpre referir os privilegios especiaes da in(}uisi^ao de Lisboa. Aquelle que conhecemos tem importancia principalmente economica. El-rei D. Joao III, attendendo às grandes despezas da inquisì^ So de Lisboa, ordenou em 20 de mar^o de i&45, que Ihe fòssem entr^ues todos OS bens e dinheiros pertencentes à real fazenda por seguirem para fora do reino, quer pelo porto de Lisboa, quer pelo de Setubal. (i) Dois annos depois, talvez para por termo a quaesquer contendas, dedarava-se que essa mercé era concedida sem embargo das que tivessem sido feitas i Redemp^ao dos Captivos. Em 9 de dezembro de 1563 D. Sebastiio con- fìrmou-a e um anno depois, era aclarada dizendo comprehender os bens d'aquelles christfios novos que, sem licenza d'el-rei, se auaentavam e em- barcavam os seus havercs em Lisboa ou Setubal. D. Philippe I, em 21 de marco de i586, confìrmou este privilegio e referio-se em especial a uns oito centos cruzados, sobre que pendia litigio, que definitivamente pas- saram para as maos inquisitoriaes. Nao era pouco dispendiosa e exigente a justi^a da Inquisi^ao ! Talvez porque a situando do Santo Officio era assim cumulada de privilegios e portanto provocante de invejas, de alguns conflictos internos nos chegam noticias se bem que é de prever muìtos ficassem sem o mi* nimo vestigio. Depois veremos se o excessivo zelo da Inquisi^ao de Lis- boa provocou tambem algumas questóes externas. Em todas as inquisif6es os conflictos internos foram principalmente provocados pelas rivalidades em que a crea^ao do Santo Officio deixou OS preiados das dioceses com os respectivos inquisidores. Verdadeiras (1) Doc. L. A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 43 qucst5es de hyssope, corno primazia de logares nos autos da fé, foranti faólhas que por vezes ateiaram as labaredas. De varias sabemos das in- qoisi^Ses de Evora e Coimbra, mas por ora occupemo-nos semente de Lisboa. A' frente d'està diocese estava, por iS6o, Dom Fernando de Vascon- cellos e Menezes de quem a historia reza nSo ter mantido sempre cordeaes rela^Óes com o poderoso Inquisidor geral D. Henriaue. Com effeito, no dia 20 de margo (i) um notario do Santo Officio, Manoel Cordeiro se cbamava elle, sobia as escadarias do pa<;o archiepiscopal a fim de reque- rer o arcebispo a que nomeasse um seu representante para assisdr ao despacho final dos encarcerados na InquisifSo. Trabalho baldado e inutii. D. Fernando de Vasconceltos negou-se terminantemente e declarou que so nomearia alguem, se Ihe reservassem o logar que Ihe pertencia que era o segundo, isto é, à esquerda do presidente, desde que à direita Scas- se o representante do Inquisidor geraL E por mais que o notario inquisi- torìal insistisse, so obteve corno resposta que a responsabilidade dos jul- gamentos recahia sobre a consciencia dos mquisidores porque sem assis- tenza do seu representante era tudo nullo. Tambem a ac^ao da InquisifSo de Lisboa provocou conflictos externos. Os extrangeiros residentes no nosso territorio eram alvo de especìal vigilancta. Por isso, em io de Janeiro de i56i, Carlos IX, rei de Franca, expedia a todos OS seus subditos urna carta patente em que prohibia aos seus vas- sallos que iam commerciar a Castella, Portugal e seus dominios, sob pena de confisco nos corpos e bens, de ali levarem, ou mandarem por outras pessoas, livros compostos pelos sectarios da supposta religifio, ou suspei- tos de heresia. Ptobibia-lhes egualmente, debaixo das mesmas penas, du- rante a sua estada em Portugal e Hespanha, acontecendo tratarem ou dis- carsarem sobre religiao, o proferirem palavras escandalosas e contrarias à religiao catholica, em todo o tempo observada nao so em Portugal e Hes- panha, comò tambem em Franca. Devìam outrosim abster-se de praticar actos contra essa religiao, para nao darem occasiao aos officiaes dos reis de Portugal ou Hespanha procederem rigorosamente contra elles, comò jà o haviam feito em alguns logares, o que poderia causar a interrup^So no escambo das fazendas d'um e d'outro reino e a continuarlo da mutua confianga e da honesta liberdade com que os vassallos da sua corda cos- tumavam traficar e communicar com os dos seus reinos. Terminava re- commendando em especial a publica^ao d'està carta nos portos de mar para se poder proceder rigorosamente contra os que delinquissem. (2) No proximo capitulo se verao as denuncias que houve contra muitos estrangeiros e quando tivermos extractado todos os processos veremos o resultado d'essas denuncias. Para elles se fez em ibói um Regimento (3) bastante draconiano, que cometa por especialmente se referir ao proce- dimento que deviam ter com os navios ancorados nos nossos portos. (i) Doc. LL (2) Quadro elementar, tom. 3.% pag. 38o. (3) Doc. Lll. 44 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Para os visitar devia haver ucn interprete, huma pessoa aue entenda OS linguas da$ diversas partes^ que, acompanhado por um soTlicitador do Santo officio e por um escrivao, se devia dirigir em primeiro logar ao ca- pitao do navio, ou a quem suas vezes fìzesse. Para Lisboa ha via disposi^Óes especiaes : tres familiares dividirìam cn- tre si OS navios conforme a sua nacìonalidade ; os inglezes pertenceriam a um, OS allemaes e flamengos a outro e os francezes ao terceiro. Qual- 3uer d'eiles, lo^o que os navios entrassem da torre de Belem para dentro, evia ir prevenir o respectlvo interprete e inquisidores. Mas voltemos à visita^ao do navio. Com toda a urbanidade deviam os representantes do Santo Officio indagar se trazia livros suspeitos e preju- diciaes à reUgiao chista e fazer ver aos re^pectivos capitaes quao vantajo- so seria para elles entrega-los no caso affirmativo, para se nao proceder contra hos culpados com todo rigor de justiga. Tambem o capitao devia declarar se là vinham fradcs ou clerigos para residir em Ponugal e es< tes tinham por obriga^ao, logo que posessem os pés em terra, dirigir-se à Inquisi^aOy ou nao sendo sède de triounal ao bispo, ou seu representante. Ainda o mesmo capitao devia dizer quaes as pessoas que veem para re- sidir no nosso paiz, cujos nomes ficariam apontados. Este apontamento devia juntar-se à lista dos extrangeiros residentes em Portugal que se devia organisar, assim comò das pessoas que os agasa- Ibam, ou Ines dào de comer. Para estes hospedeiros tambem o Regimen- to em questao consignava disposi^6es especiaes. Recommendava-lnes que nao consentissem que elles comessem carne nos dias prohibidos pela E^reja e que os catechisassem de maneira a mostrarem os livros prohibidos que trouxessem e a irem-nos entregar à mesa da Inquisi^ao. Era essa a forma de se livrarem de incommodos, alias teriam as pessoas que os hospedavam obriga^ao de os irem deaun- ciar. E^almente tinham de proceder se elles dissessem ou fìzessem qual- quer coisa que Ihes parecesse contraria à nossa fé. Assim se exercia em volta dos extrangeiros uma espionagem de tal or- dem que raro era o descrente que podia escapar e Deus sabe quantos até seriam injustamente condemnados ! Que ella deu o devido resultado adeante verao os nossos leitores. Uma das suas victimas foi o cosinheiro do embaixador francez Joao Nicot(i). Queimado vivo é naturai que essa morte trouxesse contra a In- quisi^ao a ma vontade do representante francez e por effeito d'isso amar- gamente se queixasse em Francia do Santo Officio portuguez, que deitara as garras a nada mais nada menos que trinta e tres dos seus compatrìo- tas, presos quando foi da sua partida ! O caso levantou celeuma na córte de Catharina de Medicis que recla- mou em favor dos seus subditos. Quando porém a reclamando chegou a Portugal jà elles estavam soltos por se terem rcconciliado e os seus bens restituidos na integra. Parecia portanto que sobre o caso se deveria p^ pedra. (i) Doc, L. III. A INQUISigXo EM PORTUGAL E NO BRAZIf- 4^ Nao aconteceu porém assim. As laroenta(6es de Nicot tomaram tal Yulto que o conselho sé apossou do assumpto e perante elle teve de ir o DOSSO representaDte, Jolo Pereira Dantas, declarar, jé que a isso o for^a- vam, que as affirmacoes do ministro francez eram exageradas. Affirmara elle que tinham ficado presos trinta e tres francezes e no emtanto no anno de i562 até agosto, tinham sido presas dezoito pessoas, quìnze das quaes ou tinham nascido em Portugal ou eram residentes ha quinze, vinte, trinta ou quarenta annos no nosso paiz. Fica?am portanto so tres : André Cadré, Luiz Francez e Fedro Babineo. Os dois prìmeiros eram completamente miseraveis e teve a Inquisi^ao de os sostentar quando estiveram presos e ao ultimo, oue alguma cousa possuia, foram-lhe resti* tuìdos OS bens por completo. Por ultimo affirmou estarem todos jà em liberdade. * E assim se encerrou o incidente que podia ter importancìa de maior. Passemos is visita^Ses de que temos conhecimento terem sido fei- tas é Inquisi^ao de Lisboa. Como jà dissémos (i) era o Conselho Gcral do Santo Officio competente para as ordenar. Assim o determinava, comò vimosy o respectivo Redimento. A primeira que se fez A inquisifSo de Lisboa foi a 21 de novembro de 1571. Sendo a inquisi^So da cdrte foram os proprios membros do Con* seiho Geral que a realisaram. Por ella se v6 (2) que os inquisidores eram demasiadamente brandos na forma de tratarem os officiaes, devendo informasse bem dos seus cos- tumes, da maneìra corno desempenhavam os seus logares, castigando os que 0 merecessem e premiando os cumpridores das suas obriga^Ces. N80 os deviam deixar estar na casa do despacho senao quando tratassem dos ne- gocios para que foram chamados e entao os tratariam com a devida cor- tesia tnas com toda a auctorìdade, retribuindo Ihe os ofiìciaes com muita reverencia. Sempre que o julgassem conveniente podiam os inquisidores apartar a sua mesa, destinando-se para tal firn urna casa especial. Nao deviam tambem os inquisidores consentir que o Promotor estivesse nos interrogatorios que se fizessem aos presos mas semente nas audiencias ju* diciaes. Até entao as denuncìac6es andavam em cadernos ; por isso determi- nava a visitarlo que ellas passassem para livros especiaes. Tambem o mesmo determinava quanto às reconcìlia(;6es e de tudo o que sahisse do Santo Officio devia ficar competente registo feito pelos notarios e fiscali- sado pelo Promotor. Picava expressamente prohibido aos officiaes e inquisidores o ter hos- pedes e ao Promotor o tirar qualquer papel do secreto e o tratar os ne- ^ocios do Santo Officio com o Inquisidor Geral sem o ter feito saber aos inquisidores. Quanto ds relac6es com os christaos novos dìsposigSes havia espe- (1) Arch, Hist^yoL IV, pag. 3^; (quando escrevemos e&zù capitulo nSo tinhamos tido ainda notìcia das visita^oes é inquisi^So de IJsboa. (a) Doc. L. IV. 46 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ ciaes : todos os officiaes deviam ser avisados de que nao tivessem coDver- saqSes com christaos oovos, nem d'elles tomassem nada fiado ou empres- tado t em especial o meirìnho Damiao Mendes, a quem recommendavam que se devesse alguma coisa o pagasse. O Promotor devia ter todo o cuidado em nao appellar sem prìmeiro fazer todas as diligencias necessarias para a sil^ apella^ao. Por ultimo ainda Damiao Mendes era advertido para nao ser tao exal- tado nas conversa^ées com os officiaes. Mais tarde, por IS78« nova visita^fio era reaiisada. Em consequencia d ella recebia a inquisi^ao de Lasboa instrucf 6es es- pecsaes (i). Gonaef ava o Inquiaidor Geral por Ihes suscitar a observancia do Re- gimento e provisoes oue o completavam, de vendo para isso ler-se nas epo- chas nelle determtnaaas, entregar um treslado d'elle a cada um dos de- putados e le-lo na Mesa antes do despacho. Ficavam os inquisidores obri- Sados a terem um caderno em que escrevessem os nomes dos presos, o ia cm que davam entrada nos carceres, em que os interrogavami em que Ihes pubiicavam o libello, e quando tinham sido feitos os mais termos jucKciaes conforme o Regimento, afim de nao haver dila^ao alguma por esquecimento ; depois de realisado o Auto da Fé podiam*no queimas ou rasgar. Quando os feitos fossem graves ou de diffidi percepì ao seriam lidos na venera do dewacho afim dos deputados terem tempo de estudar os pon- tos duvidosos« Lo^o que as testemunhas depozessem deviam ser racufica- dos OS seus depoimentos ad majorem cautelami nao vendo os inquisido- res inconveniente nisto. Os processos que se podiam avocar passavam a ser sómente os seguintes: aquelles em que, por duvidosos, se nao tivesse tornado qualquer resolu<;ao, ou que, ainda que a tivessem tomado, fosse o caso tao grave ou duvidoso que devesse ser visto no Conselho Geral ; os dos relaxados quando a relaxa^ao se determinasse so por um voto de maio- ria ; OS dos heresiarchas, dogmatistas e dos que judaisam no carcere ; os de pessoas que pelo Regimento se nao podessem prender sem consulta do Inquisidor Geral e do Conselho. Em todos os casos que acabamos de enu- merar OS inquisidores deviam mandar a copia da sua resoluf ao com os votos que tivesse obtido. Se, ao ser ordenada qualquer prisao, o meirinho ou sollicitador a nao pudesse immediatamente executar, ser-lhe-hia pedido o mandado para nao ficar fora do secreto. Na occasiao do preso tratar da sua defesa ou das contraditas e ter de, por causa d'isso, fallar com um procurador devia estar sempre presente um notano para evitar qualquer inconveniente. O Promotor devia rever com multo cuidado os reperiorios, livros das denuncia(6es e quaesquer ca- dernos que houvesse no secreto e, se achasse nelles algumas pessoas cul- padas ainda nao fallecidas nem julgadas, devia requerer a sua pronuncia e prisao, conforme determinava o Regimento. E' necessario prover i nomea- (i) Doc. LV. A INQUlSigAO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 47 (ao de familiares e para isso assentar no nunero dos que deviacn existir em cada Dovprto da cidade de Lixboa ou da villa de Setuvel pera os levare pera fora do Regno e e outra nnaneira nào por- quanto quero e me praz que os bees que ficare no Regno se perdo pera minha caroara comò ategora se perderlo E a dita provislo e apostillas e asvy està que bora mfidej fa- zer se registarfio nos Livros das rela^5es das Casas da Suplica^So e do Civel Ì que se registlo as semelhStes provisSes e ey por he que valha corno carta e nSo passe pela Chancellarìa s€ fbarguo das ordena^oes £ contrairo Jorge da Costa a fez € almejrim ao primeiro de fevereiro de mi! quinbentos setenta e quatro. E visto per mf o dito alvarà e apostillas, e por mo Sviar pedir o cardeal Arcbeduoue meu multo amado e prezado sohrinho e )rmao Imquisidor geral destes Regnos de Portugal ey por bS e me praz de cSfirmar ao -santo officio da Inquisirlo comò de feito confìrmo o dito alvari e apostil- las neste treslados assy e da maneira e c6 as clausuUas e codi^Óes que nelle e nas ditas apostillas se cStem pelo que mando a todas minhas justi^as officiaes e pessoas a que o conhecimento disto perten<^er que E todo o cumprSo e guardem muy inteiramente assy e da maneira oue no dito alvaré e apostilla se contem porque assy o ey por meu ser- vilo. O qoal alvaré ey por hi q aja effeito na toroadia de oito centos cruzados sobre que pendeo letigio e se jul^ou per setenta que nSo havia lugar na tal tomadia por nSo ser confirmado per m^ e isto se embargo da dita sentenza de quaesquer provisdes ^ aja e contrairo e este alvaré quero que valha comò carta etc. Antonio Roiz o fez em Lisboa a xz| de marf o de ib^lxzxb). E mando ao Regedor da Casa da Suplica^So que farà registar este alvaré no Livro dos Registos da dita Casa pera se saber corno assy o tenho confirmado e midado. Symlo boralho o fez escrever. Friyiiegios de Philippe 1; liv. I, 11. 1 15. LI Certìdao de corno 0 arcebisvo de Lisboa fot intimado a enfiar um vepre- seniante teu ao despacho dos feitos da Inquisicào e da resposia que deu. Aos vimte dias do mes de mar^o de mil bc e sesenta Annos em Lixboa eu Ma- nuel Cordeyro capellSo do Cardeal Iflante dom amrrique Inquysydor geral destes Regnos e senhorios de portugal e notarlo e escryuSo da Santa Inqu)rsÌ98o desta cidade de lixboa fuy a casa do Reuerendissimo Senhor dom fernando arcebispo de lixboa e da parte dos senhores Inqoysydores Requery a sua Reverendissima Senhorya pera o des- pacho final dos presos deste arcebispado de lixboa que ao presente estauam presos no career do Santo Officio 0 por sua parte mandasse quem estiuesse e asestise aos des- pachos delies em seu nome. / E por sua senhorya me foy dicto e Respondido que nam avya de mandar nenhtia pessoa que em seu nome asistise se nam se asentasem de Ihe darem ho seu lugar que era ho segundo a par do derradeiro da mesa / porque soo bum Inquysjrdor Representava ho Inquysydor geral e este soo ho avya d^ preceder a Inda Sue estiuesem muitos Inquysydores na mesa por que quem elle mandase auya de estar a mao esquerda do presydente. / E que asy se auya de asemtar pera sempre / de Iho darem sem nunqua aver outra nouydade se nam que nam auya ae mandar nymguem e que qua despachasem os senhores Inquysydores emcarregando Ihe suas conscien- das porque os despachos eram nulos e nom podiSo despachar sem elle / por que elle senhor arcebispo estaua prestes pera mandar quem asistise em seu nome se Ihe dessem ho seu lugar / por que nam Iho damdo que nam auya de mandar nem pera Isso o Re- quereaem mays por que nam auya de mandar nynguem pois Ihe nam dauam o dicto lugar que dizia que era seu / e por tudo pesar na verdade mandaram os senhores In- qoysydores fezer este termo e què eu notarlo ho asynase / en lixboa no dicto dia mes anno v/ supra — Manuel Cordeyro, Codice, Frcvisóes de S, A^ doc. n.<> 4a So ARGUIVO HISTORIGO PORTUGUEZ LII Regimento determinando^ por parte da InquisifSo^ a forma de receber os navios extrangeiros e os deveres respectivos dos donos de hospedarias. Originai Nos o Gardeaì Iffante Inquir.idor geral e legado de latere nas cousas da fee nestes Rcinos e senhorios de Portugal etc. fazemos saber aos que està nossà prouisao vireiii que somos enformados que dalguas partes vem a estes reinos naos e navios estran- gciros que podem caus'ir dano e prejuizo nas cousas da fee. / E por nos parecer serui- 90 do nosso senhor prouer nisso corno convem a nossa obriga^ao e salua^ao das almas mandamos que os Inquisidores e nossos offìciaes guardem Inteiraoiente o Regimento sobre ysto que adiante se vera /. . It. tanto que as naos e navios estrangeiros vierero a està cidade de lixboa e ao Remo de partes de aue ouuer sospeita que sua vinda possa trazer prejuizo aa terra cousas da fee se farà a diligencia na forma seguirne. It. Està diligencia farà bua pessoa que entenda as lingoas das ditas partes / e que coro a tal pessoa ve bum solicitador do Santo Officio e bum escriuSo que sua Alteza pera ysso ordenar o qual tomarà em lembran^a o que parecer ne9essario corno a dian« te se dire. It. Primeiramente deue fallar com bo capitao e offìciaes dos ditos navios de que boa- mente se poder enformar e Ibe dirà com todo bom tratamento da parte do santo Offi- cio da Inquisi^So que por bo desejo que ba que as pessoas que vem naquella nao nSo encorrao em algum perigo ou trabalbo c^ue se n§o poderà escusar vindo em sua com- panbia alguns liuros sospeitos e perjudiciaes a Religiao cbristaS Ibes encomendao rouito e mandao que se souberem parte por qualquer maneira que seja que na dita nao ou companbia vem alguns dos ditos liuros que os nao vendao nem dem a nenbua pessoa nem os tenbao sendo certos que fazendo o contrario se procederà contra bos culpados com todo Rigor de Justi^a. It. Se enforroarà a dita pessoa pellos ditos offìciaes se na tal nao ou navio vem algum frade ou clerigo pera residir na terra que nao seiao conbecidos / e Acbando ajguns Ibes notifìque que tanto que sairem em terra vao logo a casa da santa Inquisi<;ao a fallar com OS Inquisidores / e nSo os Avendo na terra birao ao ordinario pera se enformarero de sua vinda e de todo ho mais que Ihe parecer bem e serui^o de nosso senhor vista a en forma 9§o que tiuerem no caso '/. It. Outro si se enformarà se vem no tal nauio outras pessoas alguas pera Residirem e viuerem nesta cidade ou em outra qualGjuer parte do Reino / e tomarà os nomes das taes pessoas e gente que trouxerem consigo / e todo bo acima dito se perà em escrito para os Inquisidores se enformarem do que passa e se deue fazer. It. Deuese fazer Rol de todallas pessoas estrangeiras a saber — Alem§es, Ingreses, framengos, franceses, e Italianos, que Residem e viuem na terra / e assi dos naturaes della que agasalhao e dao de corner aas pessoas que vem de fora do Reino / os auaes serao chamados particularmente à mesa do Santo Officio da Inquì»i<;So e Ibe sera en- comendado e mandado que aos ditos estrangeiros que vierem pousar a suas casas nao consintao corner carne nos dias probibidos polla sancta madre ygreja. It. tanto que vierem pousar a suas casas logo Ibes digao que se elles ou outra algua pessoa de sua compannia trouxerem liuros sospeitos e perjudiciaes aa fee e Religiao cristam de quaesquer bereges ou beresias que logo os dem ou mandem dar no santo Officio da Inquisi^ao e os nao tenhSo nem dem a nenbua pessoa porque com ysso se liurario do castigo que por ysso merecem / e nno o fazendo assy tenhSo por certo que serao castigados e se entenderà com elles com todo o Rigor de justica. / Ebem assi serSo avisadas as ditas pessoas que agasalhao em suas casas que se virem ou soube- rem por qualquer via que seja de quaesquer liuros c^ue os ditos estrangeiros consigo trouxerem ou lerem que secretamente no denunciem logo / aos Inquisidores / e asi mesmo ouvindo Ibes dizer ou fazer algua cousa que Ibes pareva ser contra a fee que polla mesma maneira ho vao logo denunciar aos Inquisidores. It. Hum soli^itador do Santo Officio terà cuidado de saber das mais pessoas que aga- A INQUISigÀO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 5i r salliio em suas casas que nao podem vir nem sereni chamados e os amoestard da parte dos loquisidores polla dita maneira. / 2t. De tres em tres meses se deve pobricar Edito em forma sobre os liuros prohibidos era que breuementese declare comò mandao os Inc^uisidores a todas e quaes quer pessoas de qual quer estado qualidade e condi(;So que sejao que souberem por qualquer via que seja de alguns liuros sospeitos e periudi^iaes a RelegiSo christaam que os entreguem no Santo Officio da Inquisi^So estanao em seu poder e sendo doutras pessoas logo ho denunciem secretamente aos Inquisidores pera nisso se prouer corno parecer serui^o de nosso senhor. / Il Dos faroiliares que ouuer no Sancto Officio da Inquisi^5o se escolherao os que fo- rem necessarios pera saberem das naos e nauios estrangeiros que vierem de fora corno dito he / e bum delles teré cuidado de saber das naos e navios que vierem de Inglaterra e outro aos que vierem dalemanha e frandes^ e outro pera os que vierem de franca / e OS taes familiares terao muito particular cuidado tanto que os navios entrarem da torre de belem nera dentro de o faxerem logo saber aos Inquisidores e assi a dita pessoa que ouuer de razer as dilligencias nas naos corno dito he pera em todo se prouer comò pa- recer mais semino de nosso senhor / Antonio Rodrigues a sobescreuy em lixbóa Aos XXI dias do mes de outubro dejb.^ 1 xi Annos. O Cardeal Iffante. Codice, Prwnsòes de 5. A^ doc. n.* 88. LUI Carta de ii de agosto de i562 de JoSo Pereira Dantas^ no$$o ministrò em Paris, a el-rei D* SebastiSo. Originai «Despois d'aver vista hCa carta de Voss. altesa, das que Vicente Cervalho me trouxe, sobre o neguocio dos franceses que nesse reino forio presos pcUa sancta Inqui- SÌ9Ì0, e aver bem considerada a temqSo e vontade de V. A. con todas as mais cousas a que se devya ter respeito e dar resguardo : me pare^eo servi^o^ de V. A. nao fazer njsto mab que dezer d Rainha quando mais a propositto e a pello viesse que quando o cor- reo aue eu avya a ysso despachado cheguou a essa córte jà os presos herSo soltos por comnqSo feita e Recon^illia^ao com a ssancta madre Igreija e sseus bens restituydos ynteiramente 7 e assy o ffiz antes de partir para Inglaterra, por escusar de tratar nem fazer destim^ao ou ex^ep^ao das cutpas là nesse reino comettidas aa^uellas comettidas neste; dezendo-lhe mais que os offi^iaìs da sancta Imquisi^So pro^ediao tSo rectamente neste sancto officio que nSo hera neccessario roguéllos para assolverem os yno^entes nem possivel tor^ellos ou dobrallos a perdoarem os culpados sem ymtervì (estàrasga- do) que para averem de sser perdoados se requerem : Ao que respondeo, que folguava molto de sserem soltos e me agrade^ia a delligen^ia, tanto corno se aynda estiverSo presos e por ella os ouvessem solto ; e nGca mais se fallou nisto nada. Depois ^ vim de ynglaterra me tornou o chancarel a mandar fallar nisso, de* zendo ^ nunca mais vyra reposta daquelles homens ^ nesse reino estavSo presos e \ o conselho queria saber corno este negocio passava, eu Ihe mandei dezer ({ pois o conselho o queria saber Q me assinassem audiencia, e ^ em conselho satisfarla e darla razSo de m5^ e assy me foy dada em dezanove de julho, estando presentes os cardeais de Bourbon, de Ferrara, de Guisa e d'Arminhac, os bispos d'Orleans, d'Au- serra, e de Vallen^a, o principe da Roxasurìon e muitos outros cavalleiros da hordem e senhores do conselho ; ante os quais o chancarel repittio o <} se me avya propos- to e requtrido em Sam Germain bespora de natal sobre o neguocio de Villa Guat- nhSo e de trimta e tres franceses que JoSo Nicot avya ditto ^ nesse reyno iìcavSo pre- sos, ao tempo de ssua partida, em grande miserya e callamidade, por casos comettidos neste reino //. Eu Ihe repetti, quanto ao primeiro ponto, tudo o tj nesta matteria hera passado até guora conrcluyndo com dezer t\ )é senao devya fallar nella (guanto da parte delrey) pois V. A. nSo avia sido auctor, nem avya mandado vsar nenhuu aucto d*ostel- lidade, mas antes avya contestado quanto comvinha a amizade 3 tinha c6 elRey chris- tianissimo e d'aquy passeey e saltei no segundo ponto//. Dezendo-ihes que eu avya deflFc- 32 ARGHIVO HISTORICO PORTUGUEZ rido até entao, mostrar por auctos publicos o cotrario do q o ssea embaixador auya ditto^ por Ihejiao fazer esse desprazer e afronta, mas pois me for^avao eu nlo podia deixar de dar razao de m^ e da justiqa q eu avya sempre sostemtado que os offì^iais da Sancta Im- quisi^So nesse reino fazero e ^ por mais brevidade Ihes nSo faliaria nem apresentarya auctos, mays q do anno de sassenta e huu, de que Joao Nicot tantas qoeixas avya feito porque por aquelle poderiao julguar os pretteritos, presentes e ffuturos ; e que quanto ao numero que dezia de trinta e tres discordava caise de meio a melo por^ em todo aquelle anno n3o forao presos mais que dozoito e menos concordava nas callidades por^ d*es- ces dozoito os c^uinze sao alguùs na^idos, a maior parte delles casados e todos abittaa- tes de quinze, vinte, trinta e corenta annos nesse reino fsegue-se um bocado dilacerado) e rauito menos na substancia pois sendo comò ditto he, sao natturais desse reino e as 'culpas commettidas nelle, e nSo em Franca ; e q desta maneira dos trinta e tres que elle avya ditto, nao fìcavSo mais q tres de q fallar se podesse, os quais herao Luis Frances, Andre Cadré e Fedro Babineo de ^ os dous primeiros herSo tao pobres ^ a sancta In- quisicSo OS manteve emquanto estiverSo presos e o terceiro, a ^ achario algua fozen- da, nao tao semente Iha nao tomarSo comò elle dizia mas amtes Ihe foi dada e resti- tuyda quando os soltarao / comò veriao pellos auctos do recibimento della, pello mesmo Babineo assinados / mas antes ao contrairo, os offi^iais dosancto officio a avito depo- sitada per ymventairo em m§os do sseu mesmo hospede, copanheiro e participante naquellas mesmas mercadarias, co o ditto preso e co seu. pay, o Q tudo veriSo ampia- mente peljos auctos ^ apresentava e q por q poderia sser q estas queixas de Joao Nicot procederiao de huu cozmheiro seu q nesse reino queimarao de ^ aquelles autos faziao men^ao ; por elles veriao que elle era relaxso e q sobrisso avya tornado a domatizar e ynduzir outros ygnoramtes e a cometter cousas por onde foy daquella maneira punnido, o q se devia crer ser justamente feito aynda que se nSo mostrassem auctos visto corno constava por elles q duas das prin^ipais pessoas de ssua casa e criados, yndo corno fo- rao dezer sua culpa aos offi^iais da sancta ynquisi<;So, nSo tSo somente avy3o sido re- ^ebidos à recon9Ìllia9ao da sancta madre ygreja (sem penitencia algua) mas tarobem guardado o segredo q em segredo me mandarSo os nomes e autos d'elles e eu (quanto aos nomes) em segredo os daria tambem a quem ordenassem q aquelles auctos se des- sero e arrematei ed Ihes assegurar q nesse reino nao se tteria nunca respeito (em caso de eresia) à grandeza da pessoa nem a nenhuus outros mere^imentos quanto mais ha nacao de 5 he ou de quem he vassallo, e muito menos se tteria aguora, que vyamos a olho OS trabalhos em que este reino està, a causa da liberdade devyda q os estrangeiros nelle tiverao de tempos aqué. Ao q o chan^arel nao respondeo mais senSo que se hera corno eu dezia que constava por auctos eu tinha [razSo] e o q os mal emformou nenhua e q mandasse os papeis ao bispo d'orieans para os ver e emformar o conselho o Qual bispo OS vyo e deu verdadeira emforma9ao d'elles de q satisfeitos e os prellados e senhores q ally se acharao [naquella] audiencia, muiio contcntes de verem corno eu ..... . desesperey de sse nao aver de fazer nesse reino excep9ao a pessoas em materia de relligiao. Co estes autos verbais q apresemtei, me forao tambem enviadas as repostas Q ji outra vez forao feitas por parte do officio da Sancta Inquisi^So, a alguGs falsos teste- munhos q algu0s calluniadores quiserao allevantar aos offì^ìaes della, mas nestas roatte- rias nao emtrey porque me nao pare^eo comvyr é auctoridade do sancto officio nem ao servii^o de V. A. fazer estes senhores capazes de se ihe auer de dar conta e razao do modo de guoverno delle, pois este nao he o trebunal a q compette julguar nem exami- nar estas materias, tocante as quais me nao parece q sera fora de propositto lembrar a V. A. ^ para q os francezes e todos os estrangeiros que nesse remo s3o casados vi- vem e abittao saibSo q sSo vassalos e subgeitos de Vossaiteza e nao d'outrem e para escusar poderem ser ouvidos dos embaixadores, nem suas querellas e queixumes re^e- hidos para fazerem delles negocio seu //. Serya bom e pare9e razao dar QJgCia ley ou fazer algua ordena^ao por onde cada htiu saiba cujo vassallo he //i. Depois de differentes consideraqdes^ a proposito dos christaos novos repatriados di^ Joao Pereira Danias : «Vossa Alteza devia mandar por em considera^So os arezoados meios e condi^Ses com que poderya passar huu perdao geral aos que sse quisessera tornar a esse reino, com suas casas e famillias, os casados ou com suas pessoas os solteiros, limitando A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 53 tempo em que o possio faser // outor^uando tornente ysto aos ^ estSo em Jrandes, franca e em outras partes que V. A. quiser limittar ou geralmente a todos os q se nao iizerSo judeus, nem mudarao a ff e e relligiao catholìca e finalmente deixando a parte a llimita<;ao e excep^o de pessoas (nas quais me nao antremetto porque nao he de mi- uba profissSo) Do perdao me parere que se seguirya servilo a Deus e a Vossa Alteza ; e repouso is coQ9Ìen<;ias d'alguùs (^ eu conhe^o por boms christaos) os quaiì» se sse nao forem loguo por q nio pareva q esnerando ysso e ^ nao ousando hir por respeito das culpas que teim ou por q tem suas fazendas espalhadas a yriSo ajuntando, e sse yriao aparelbaado e despondo para se poderem rettirar». Torre do Tombo — Corpo Chronologico^ Parte I, ma^. 106, doc. 4. LIV Termo da publicacao da primeira visitagao da luquisifao de Lisboa feita a todos OS officiaes da mesma em i de deiembro de iSji. Originai Ao primeiro dia do mes de dezembro de mil e quinhentos setenta e huum annos em lixboa oos estaos na casa do despacho da sancta Inauisi^Io estando hi os senhores Inquysidores E seus officiaes Eu norayro de seu mandado Ihe publiquey a visita^ao de sua allteza e Iha ly toda de verbo ad verbum em alita E emtelegibil voz em maneira que de todos ffoy bem ouvyda e elles senhores Inquysidores mandaram a mym notayro que fizese este termo da dita publica^io em o qua! tresladasse a dita visita^So a qual tresladey e bee a que se segue. Jo9o veiho notayro apostolico o esprevy. Treslado da visitagSo de Sua altera O cardeal Iffante Inqujsidor geral etc. fazemos saber que mandamos visitar a In- qujsicSo da cidade de Hsboa pellos do conselho geral do Santo Officio a qual visita^So foy por nos Vista e com o parecer dos do dito comseiho aprouemos no modo seguinte prymeiramente que os Inqujsidores sejao advertidos que nSo tratem os officiaes daquy em diante com tanta brandura comò tee quy fìzerao e que sejSo muy deligentes em sa- ber dos costumes dos ditos officiaes e comò seniem seus offi^ios e os castiguem em seus descuydos e erros e fauore^ao os que seruirem bem com Ihes pedirem e procura- rem roerces e nao nos deixaram estar na casa do despacho mais tempo que o em que se tratarém com elles os nego^ios pera que foram chamados e posto que em sua casa 08 poderao tractar com a cortesja que quiserem comtudo n«t mesa do Sancto Officio os tractarSo com authorydade e os officiaes a elles com mu^ta rreuerencia. E nao comsentira estar o promotor presente as sessoes que se fizerem aos presos nem estar na mesa senSo has audiencias Judiciaes comforme ao Regimento. E quando requerer algua cousa por parte da justi9a ou os Inqujsidores tfuerem que comunjcar com elle cousas do sancto officio. Prouejao os Inqujsidores que as Reconciliasois e denuncia^Ses se tomem todas em liuros e dahy se tirem pera os pro^essos comforme ao Regimento e que as cousas que v3o pera fora se Registrem todas e asy se fa^am liuros das denumaa^Ses que andao em caderaos e asy que se guarde o Regimento que manda que os Inqujsidores e offi- ciaes do sancto officio nS tenha ospedes e que aja nysto muyta vigilancia. O promoter resida no secreto onde teraa o cuyaado de cottar os fèytos E fazer as mays deligem^ias e cousas que perten^erem a seu officio e teraa especial cuydado de saber se se Registram as cousas que vao pera fora e os notajros terao cuydado de as Registrar e n3o tiraraa nenhum panel do secreto pera outra parte fora da casa do san- cto officio Inda que seya pera nollo mostrar ou no conselho sem prVmejro dar conta diso aos Inquysidores e por seu mandado. Nem trataraa os negoqios'do sancto officio conosquo nem no comseiho» sem primejro dar diso conta aos Inqujsidores. E nos casos em que appellar seraa advertydo que primejro fa^a todas as deligen- qias necessarìas pera Justifìca98o de sua appella^^ todos os maes officiaes se avisarSo que nSo tenha conuersa^So com christSos nouos nem tomem deles fiado nem empres- tado e serujrao seus officios com diligen^ia e nSo se encarregarlo de negoctos alheos e 54 ARCHFVO HISTORICO PORTUGUEZ seram muito obedientes aos Inquìsìdores e os tratarìfo com muyta cortesia e terao emtre si paz e comcordìa e se tratarSo com boas palayras e de amjguos / e estando na salla nS praticarSo em cousa do Santo officio penante pessoas de fora e na dirSo mal de officiai algum a pessoa de fora e sabendo delles alfgua cousa o dirao aos Inqujsidores pera prouerem niso corno Ihe parecer serui^o de deos / sendo certos que nS conoprindo estas cousas e as mays que s?io de seu regtmento sera por isso castigados. Os Inquisidores avisarS o mejrinho damilo nfSendez que daquy em diante n3o tome mercadorias fìadas a chrìstSos nouos nem a pessoas sospeitas / e que se deuer all- gua cousa a pague / e que seija mais brando e attentado na converaasao dos officiaes asy nas palauras corno nas obras, e que sayba que fazendo o contrayro sera por jso casttgado / do qual castiguo o Relevamos bora por ser està a primeira visitando que mandamos fazer na dita cidade / dada em a villa dalmejrìm a vynte E num dias de no- vembro de setenta E huum sob nosso sinal E sello do Santo officio. O Cardea^ Jffanie. O qual treslado elles senhores Jnquisidores asjnarao e concorda com ha propia d e verbo ad verbum diz na sobescrycao em bayxo manoel de coadros / martim gonsaiues de camera Joao velho notarlo appostolico a espreueo. Jorge gonsalves Rybeiro, SimSo de Saa pereira. Codice, PrcvisSes de 5. A., doc. n.« ioo« LV Instrucfoes dadas a Inquisigao de Lisboa em consequencia da visitando de 1578 Originai O Cardeal Iffante Inquisidor geral em estes regnos e Senhorìos de Portugal etc. fazemos saber que mandando bora uisltar a Inquisirlo da cidade de iixboa pella obri- ga^ao que a elio temos, depois de uista per nos a informando ^ue se tirou e consultada com OS deputados do Conselho geral, pareceo que se deuiao prouer alguas cousas pera bem do Santo officio na maneira seguinte : It. Prìmeiramente mandamos que os inquisidores seiao muito obseruantes do regt- mento e prouisdes que pera boa ordem dos negocios sSo passadas, e que alleai de se leer o ditto regimento nos tempos que per elle està ordenado (o que muito Ihes encar- regamos que se guarde) se dee a cada bum dos deputados do Santo officio o traslado delle, e Ihe seia lido na Mesa em o principio do despacho com todas as mais prouisdes 3 uè a elio pertencerem, pera que tendoo mais impresso na memoriai com maior facili- ade se conformem com elle em seus uotos. Encomendamos muito aos Inquisidores que tenhSo bum quaderno em que suma[ria- mente] escreuao os nomes dos presos, e o dia em oue forem trazidos ao carcere [e os dias enl que Ihe fìzerem as sessoes, publicarem os libellos, e forem feitos os mais ter* mos iudiciaes conforme ao regimento e stillo do Santo officio e uejao este quad.... uezes, pera que pellas diligencias feitas, facilmente saibio as que està ... e nom aia dila9Ao algQa por esquecimento e depois de feito o Auto da fee poderi romper e quei- mar este quaaerno, e reformarse outro pellos presos ficarem no career pera se conti- nuar pella mesma ordem. It. Ordenamos e mandamos que no despacho se leao os feitos dos ca[sos grajues e diffioultosos bum dia antes que se despachem. pera que os deputados specialmente te* nbao tempo pera studarem os pontos e duuiclas delles, os auerem criados corno os In- quisidores e assi possao notar mais segujamente do qqe poderao fazer notando na bora que forem lidos, o que se nom fari senao nos casos ordmarios e comums em que nao ouuer duuida. It. Por quanto se achou por experiencia auer as uezes faltaua prona da Justica por nom se ratificarem logo as testemunh^ della» equeremdo se depois fazer nompodeser por serem as testemunhas absentes ou ia fallecidas. Mandamos que daqui em alante se ratifiquem ad maiorem cautelami tanto que deposerem nom parecendo aos Inquisidores que ha inconveniente algum niso. A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 55 Ir. Quanto aos feUos que seadnocSo ao Con&elho geral per hfia nossa prouisao dada ero Sìntra a mi] d'agosto de LWxi Auemos por bem e mandamos que daoui em diante nom seiSo aduocados a nos, e ao ditto conselho mais que os seguintes a saber : aquelles em ()U6 por duuidosos se nom tomou resolu(3o, e ainda ^ue se tornasse he o caso tSo dauidoso, ou t3o graue, e de tal qualidade que deue ser uìsto no conselho, e os dos re- laxados, quando a relaiacSo se determinar com ventagem de hum so uoto. e dos bere- siarchas, e dogmatistas e dos que iudaizarem no career, e assi mais todos os processos das pessoas que pello regimento se nom poderem prender sem consultar o inquisidor geraU e o Conselno e nestes casos acima contheudos os Jnquisidores mandarSo a rela- Sao do assento que la tomarem com declara^So dos uotos que nelles ouue, corno na itta prouisao Ihes he mandado. It. Os Jnquisidores depois de passa rem mandado pera ser presa algua pesoa terao nraita lembran^a de saber se o meirìnho ou solicitaaor a ^ue foi dado, fez obra pera elle, e nom a facendo, nem sperando fazella tao cedo, cobrarao o tal mandado, por nom £car fora do secreto na mSo do officiai com pcrigo do segrcdo que em semelhantes casos deue auer. It. Quando o preso iìzer sua defesa, ou contradittas com o procurador os Inquisidorcs trabalharSo quanto for possivel por desoccupar nesse tempo hum Notarlo que seia pre- sente, pera auer mais resguardo, e menos occasiSo de acontecer aIgGa desordem. It. por quanto aconteceo ia que algGas pesoas sendo mandadas prender pello Santo officio se absentaram, e depois tomaram a suas terras, parecendo Ihe estarem esqueci- dos seus negocios com a mudanca dos tempos, e officiaes, por hora nSo poder aconte- cer o mesmo, e os taes, nom reportarem proueito de sua malicia, encomendamos muito aos Inquisidores que logo deem ordem comò o Promotor reueja com muito cuidado os reportorios, liuros das denuncia^oes, e quaesquer quademos que ouuer no secreto, o qual achando nelles algCias pessoas culpadas, de oue nom conste serem fallecidas, nem castigadas pellas culpas que teuerem, parecendo the que silo bastantes a prisSo, as farà tirar, e requereré que se pronuncie nellas conforme ao regimento, informando-se pri- roeiro pello milhor modo que poder ser pelìos solicitadores, officiaes e familiares da casa se estao taes pesoas nas terras onde parecer que deuem resedir. It. Por sermos informado que indo os ministros do Santo officio fazer algGas dili- gencias a lugares do distrito, por nom conhecerem a gente da terra, as nom podem fa- zer com a seguran<;a que he nesesario os Inquisidores se informarao [das] pesoas que Ihes parecer em cada hum dos lugares e terras grossas e de muita po[voa9aoj de seu distritto, quem podere seruir nellas de familiar, assentando se o numero que bastata em cada lugar (o qual sera o menos que Ihes [parecer] que basta pera este enecto.) e com a infor- mando que se tirar da uida costumes e limpeza dos que assi ordenarem que se elejao, nos escre[uerao] pera Ihes mandarmos passar suas cartas. It. Por importar muito conseruar se em tudo a authoridade da Mesa do Santo Officio e dos ministros della, do que ia foi mandado pella uisita^ao [passa]da neste caso Manda- mos que da qui em diante se nom dee cadeira despaldas na Mesa a pesoa algua nom sendo das deciaradas neste capitoUo por que estas semente se podere dar — a saber — a fìdalgos conhecidos por taes ou sendo ho[mens assentados nos] livros d'el Rei, desembargadores aàì'dàsas da suppltcanao ou do ciuel, ou os que teuerem esse priuilegio, corregedores Juizes de fora^ Vereadores de cidades, ou de uillas notaueis, doctores ou Licenciados por Universidades, Conegos e di^nidades de Igreias cathedraes ou coUegiadas, Prouiso- res, Vigarìos gerais, ou desembargadores dos Prelados e Rela^òes ecclesiasticas e a Prlores leterados e és mais pesoas se darà cadeira rasa / corno somos informado que ho stillo doutros Tribunais destes regnos / e os I(v:)uisidores mandarSo ao Porteiro da casa do despacho que uenha sempre com recado diunte e diga na Mesa quem s3o as pesoas que han de entrar pera se Ine dar o assento segundo sua cjualidade conforme ao que fìca declarado / e ao seu meirinho alcaide do career, solicitadores, porteiro, dis- penseiro e guardas se nom darà cadeira nem assento algum, estando na Mesa em nego- ciò de seus officios somente se Ihe podere dar quando for necessario testimunharem em algum caso / mas nem entao, nem em outro tempo algum se cobrirao ante os In- qui^dores na Mesa. / It. Pella frequencia ouehàdeMocos estrangeiros na ditta cidade, onde costumSo seus pais trazellos e mandallos ensinar, temos ordenfdo que aia muita uigilancia comò os amos seiao pesoas de confìan^a, e por hora crescerem os dittos mocos estrangeiros em grande numero, e pello muito que importa serem bem instruidos naquella idade, os In- 56 ARanVO HISTORIGO P0RTUGUE2 quistdores passarlo logo edittos que se publiquem pellas Igreias nas prega^oes e està- coes que se fìzerem ao pouo, que nenhfia pesoa sob graues peoas recolha eia sua casa moco estrangeiro sem o fazer saber na Mesa da Inquisicam e os que ia teuerem alguos sem està diligencia, a fa^ao logo / e os laquisidores terao xnuito tento Como aom seiao entregues a pesoas suspectas, e quando os entregarem mandarlo aos amos que ìndose OS taes mocos de suas casas o uenhSo fazer a saber na Mesa / e estes edictos se man- dar3o notificar cada anno hSa vez. / It Por quanto se achou que por algGas uezes se tomauSo fardos caix6es e cofres de liuros, e se recolhiao na Alfandega por desencaminhados, e retendo se ahi por tempo se tirauio delles algQs liuros sem serem examinados, o que tambem se fazia às vezes abrindose la outros caixoes pera se ver, se uem outras mercadorias entre elles, do que pode resultar muito preiuizo a nossa santa féé^ sendo atgùs dos ditos liuros defesos / pera obuiar a isto, os Inquisidores mandarlo notificar com pena de excorounham aos officiaes da ditta Alfandega que nom deixem tirar liuro algum nem leuar pera fora, ao- tes de serem trazidos a Inquisi<;am e nella uistos corno està mandado, ou seiio de par- teSf ou se tomem por desencaminhados, porque depois de se fazer exame delles, pode- rao ser leuados por Quem tener, ou pretender ter nelles direito encomendando se outro si muito aos dittos officiaes que assi no lu^ar onde le na Alfandega se poserem os dittos liuros comò no modo de se trattarem aia grande resguardo pello muito que importa nom se usar dos livros antes do ditto exame, no qual tambem os Inquisidores procura- rlo que aia muito tento assi em nom se fazerem molestias nem extorsóes aos donos dos liuros / comò em nom se deixarem de examinar cada bum per si comò se requere /. It. Auendo respecto ao tempo e carestia das oousas Auemòs por bem que o meirìnho do santo officio indo fora da cidade fazer alguas diligencias [per] mandado dos Inquisi- dores aia em cada hum dia trezentos reaes e os solicitadores duzentos reaes conno tem nas outras Inquisii^òes posto que o regimento Ihe [leijxe menos. E està nossa prouisao mandamos que se cumpra, e faca claramente comprir e guar- dar^ e quando se uisitar a Inquisirlo se mostrerà com o regimento pera se saber se se guarda corno por nos he mandado / feita em lixboa a xi) de Julho / Manuel Antunes secretano do conselho geral do Santo officio da Inquisicam a fez de M. D.«.. Cardeal Paulo afonso^Dò Miguel de Castro — Antonio tellef. Codice, ProyisSes de 5. A. — Documento n.* ii3. A dez dìas do mez de nouembro de Izxviij em lixboa nos estaos na casa do despa- cho do Santo officio da Inquisicam estando ahi o Senhor Inquisidor Diogo de Soasa Ihe presentei eu Manuel Antunez per mandado dos Senhores deputados do conselho geral a prouisSo atras que sua Altesa proueo nas cousas que pareceo necessario pella Inaui- ri^ao da visitando que foi feita os dìas atras na dita In^uìsi^ao pera elle ditto Sennor Inquisidor a mandar notificar aos officiaes e dar a sua diuida execu^ao / e por verdade fìz este termo e o assignei / dia mes e anno ut supra — Manuel Antune^, foi publicado o capitullo a diante aos gardas do career Em presenta do Alcalde estando presente p Senhor doctor Dioguo de sousa Inquisidor aos vinte seis diàs s lentes e conegos, afim de Ihes subtrairem as felicitacoes e papeis que levavam, alguns dos quaes eram comprometedores para os estudantes de ideas avan<;adas. Se este foi o mandato, os seus perpetra- dores excederam-no muiio, para desgraca propria e vergonha do partido que representavam, e cuja causa assim comprometiam. No assalto às de- puta^óes, fez-se emprego das armas de fogo, fìcando^nortos dois dos seus membros e outros feridos . O attentado politico transformara se num crime commum e sobre os treze Divodignos recaiu a mancha de homicidas. Domingos Joacjuim dos Reis era do numero desses treslotrcados, que nao poderam praticar tanto a salvo o seu deploravel feito, que nao fossem descobertos por urna aidea, que preveniu a gente que de madrugada ia para a fèira. Diversas circumstancias concorreram para que a prisSo dos estudantes se efectuasse sem delongas e sem dificufdades. Somente quatro conseguiram escapar, sofìrendo os nove restantes as con- sequencias inevitaveis do seu delieto. A pena de morte impunha-se, corno repressao partidaria e comò severidade le^aU A sorte aue os esperava era de prever. O seu caminho era o do patibulo e Dommgos Joaquim dos Reis sofreu a morte ignominiosa da forca sem que Ihe valessen os desvel- Ics da pae, que empregou todas as diligencias para o salvar daquella afronta. Diz a lenda que elle chegara a oferecer em ouro o peso de seu filho,para que Ihe fosse commutada a pena. A justifa, porem, foi inexora- vel, e o cadaver do desditoso estudante pendia da forca na tarde do dia 20 de junho daquelle anno. A popula^a de Lisboa, porventura satisfeita, presenceou no Caes do T6jo o viiependioso espectaculo. Tres dos supli- ciados Megre, Delfino e Couceiro tiveram as caoe^as e as maos pregadas nos respectivos postes. A cabefa de Domingos nao serviu, felizmente, de trofeo a tanta ignominia, (i) Depois de tao luctuoso acontecimento, nao sei se a familia do enfor- cado passou por algum vexame, embora o seu chefe, jà pelos cargos que desempenhava, jà por ser compadre de D. Cariota Joaquma, pertencesse, naturalmente, ao partido absolutista. As quadras acima transcritas, levan- tam comtudo a suspeita de que se tivesse dado algum facto menos com- mum. Os motivos daquella ausencia, talvez se possam expHcar por cir- cumstancias politicas : o receio de perseguigao, se nao a perseguigao efe- ctiva. Maximo José dos Reis era capitao-mór de Cintra, cargo para que fora eleito em sessao da Camara de 3i de Janeiro de 1812. O meu amigo Sr. Braamcamp Freire, que examinou a respectiva acta, teve a bondade de me communicar as curiosas notas que della extraiu e passo a trans- crcver : (1) Joaquim Martins de Carvaiho nos seus Aponiamentos para a historia contempo ronea— 1868 de pag 98 em deante, relata este lastimoso processo. 6o ARCHI VO HISTORICO PORTUGUEZ «Em 3i de janejro de 1812 se procedeu na Camara i proposta de tres pessoas, que tivessem as circumstancias que a lei exige para o posto de capitao-mor da villa de Cintra e seu termo e da outra sua anexa Colla- res, em conformidade com urna provisao do conseiho do estado da casa das scnhoras rainhas. E porque dois dos vereadores eram capitaes de or- denan^as da mesma capitania mor e por isso mesmo suspeitos nesta elei- (So, mandou o juiz de fora, presidente, chamar dois dos vereadores que serviram no anno de 1810. — Procedeu-se a està elei^ao em virtude de urna provisao regia : nella diz o principe D. Joao, corno adoiinistrador da casa e estado da rainha sua mae, que tendo reformado com as honras ine- rentes ao seu logar, o capitao-mor das ordenancas de Cintra Antonio Ru* fino de Resende Cabrai, ordenéra ao corregedor de Alemquer procedesse, com OS officiaes da Camara, à proposta, ria forma da lei, para o provimento do dito posto ; respondendo o corregedor que nao podia ir pelos seus mui- ros afazeres, dispensa-o, e encarrega o juiz de fera de proceder em conformi- dade do al vara de 18 de outubro de 1709» A provisao é de 29 de Janeiro de 1812 E procedendo-se d elei^ao saiu em primeiro logar o capitao Ma< ximo José dos Reis com todos os votos ; em segundo logar Francisco Ho- norato da Silva com tres votos ; em terceiro logar o capitao Joao Clima- co dos Reis com dois votos» (i). O nome de Climaco dos Reis recorda-nos o de outro indivìduo^ resi- dente numa das republicas de La Piata, que foi vivamente discutido, ainda nao ha muito, pela imprensa de Lisboa, a qual accusava o nosso governo de o agraciar com a ordem de Christo, quando elle nao passava de mero corretor de Aspasias importadas da Europa. Maximo José dos Reis era inquestionavelmente homem de avultados haveres, rico proprietario, pelo menos, e nao repugna admitir a lenda, embora muito exagerada de que oferecesse em ouro o peso de seu filho, para o livrar do vexame da forca. Na Chancelaria de D. Joao VI encontra-se um documento datado de 14 de dezembro de 1819, pelo qual se provn que elle arrematdra no Conseiiio da Fazenda o foro de 24^000 réis, imposto no casal chamado de Abucharda, pertencente à Capella instituida por Domingas Esteves e seu marido Bras Lopes, em Cascaes, pelo pre^o de 599^000 réis. As terras de que se compunha sao as seguintes ; Terra chamada 0$ oileiros que parte com Aleixo Elias e Thomé Fran- cisco. Terra chamada A Mercieira que parte com Thomé Francisco e com Maria da Rosa. Terra chamada O chao da Cidreira que parte com Paulo Dias e com Domingos Francisco Casaleiro. Outra no mesmo sitio que parte com os herdeiros do Major Motta e com Domingos Francisco Casaleiro. Outra chamada As casas Domingas que parte com Alberto Francisco. (1) Actas da Camara de Cintra, Liv. i.«-fl. di v.% extractos. MAXIMO JOSÉ DOS REIS 6i Outra no mesoìo sitio que parte com os herdeiros de Vicente Fran- cisco. Outra chamada As Eiras. Outra chamada At Cru:{inha$ que parte com Joaquim José* Outra chamada As Pessas que parte com José Martins. Outra chamada A Roxalinha que parte com Luiz Francisco. Outra chamada A Cabeca que parte com Manuel Luiz Alcabideche. Outra chamada Os Curraes que parte com herdeiros de Vicente Fran< cisco. Urna vinha chamada o Valle que parte com Joaquim Vicente e com Jacintha Maria. Outra chamada A Vinha de Cima que parte com Francisco Peres e com a viuva de Joao Cofdeiro. (i) Na 2.* edi^ao da Cmtra Pinturesca ("pag. 244) diz se que o predio fronteiro à fonte dos Pis6es, e que ainda pertencc aos herdeiros de Ma- xiroo dos Rets, fora arrematado por este em 18 io. Era foreiro i casa de Belmonte, e consta que pertencera aos duques de Aveiro. O academico Manuel Bernardo Lopes Fernandes, apaixonadissimo pe- los estudos numismaiicos, e auctor de duas Memorias uma sobre moe« das outra sobre medalhas portuguezas, cstava relacionado com Maximo José dos Reis e andou com elle em transa^óes sobre o aluguer de umas casas em Cintra. Resulta isso de uma carta, que o sr. Annibal Fernan- des Thomaz, distincto bibliographo, archiva na sua colec^ao de manus- critos e autographos, a qual passo a transcrever, segundo a copia que te- ve a bondadc de me facultar : Ill.^o Sor. Manuel Bernardo Lopes Fernandes Meuam.*e Sr. Recebi a sua esnmavel de 16 do corrente em resposta à qual sou a dizer a V. S.* que tanto a casa do Rio do Porto, corno a dos Castanhaes eu posso dis- pensar para o tìm pertendido ; a do Rio do Porto tem a sala 3a palmos de comprido e 22 de largo e 14 Vs ^^ ^^^o^ tem huma saleta no principio e huma porta larga no meió, assim come tem no fìm outra caza tambem com porta para a sala tem a mesma altura elaréura porem qualc|uer dellas teré 18 palmos de comprido. A sala dos Castanhaes he quadrada e anda por io palmos porem terà de Altura nas paredes 12 palmos, e no meio mais porque he ovada, apesar desta inforroacao a mim me parece que seria bom vir al- gpma pesoa entendedora ver qualquer dellas a fìm de ver se serve. Eu fa^o ten<;ao de ir a essa no dia aS se V. S.* aparecesse pela rua Augusta podcrla pessoalmente me- Ibor informar a V. S.* de q.* Cintra 21 de Abril de 1822. Sou deve ras m.* V.*' e obrigado C. Maximo José dos Rey'S Lopes Fernandes poz, de seu punho nesta carta, a seguinte nota : «Ma- ximo José dos Reis. Capitao-mór de Cintra. Morreu em Cintra a 3 de Maio de 1849». O numismata equivocou-se n'um dia pois o falecimento succcdeu no anterior, corno o testifica o assento de obito registado a il. 63 do respec- tivo livro, do cartono da parochial igreja de S. Martinho de Cintra, a cujo prior o Rev.® Sr. Amaro H. Teixcìra de Azevedo, consagro aqui o (i) ChanceUcria de D. JoSo VI, liv. 27, p. 75. 62 ARCHIVO mSTORlCO PORTUGUEZ meu indelevel reconhecimento, pela extremada fineza com que tao gene- rosamente se dignou prestar-nie o resultado das suas investiga^oes so- bre este ponto. O obito de Maximo José dos Reis està registado por estes termos : cEm o dia dois do mez de maio de mil oitocentos e quarenta e nove falleceo com todos os sacramento» Maximo José dos Reis, viuvo, morador n*esta villa e foi sepultado no dia seguinte no cemiterio publico. E para constar fiz este termo que assignei dia mez e anno ut supra. O cura José Luiz Ferreira». Aqui deixo consignadas as noticias mais autenticas que pude alcan^ar A cerca de Maximo José dos Reis, cuja biografia està reclamando um es- tudo mais completo, nao porque elle desempenhasse um papel de primei- ra ordem nos acontecimentos politicos, que tanto convulcionaram a epoca demoUdora em que viveu, mas por ter feiio parte de urna das institui^oes mais caracteiisticas do regimen do absolutismo. A ajuizar pelo que se pas- sa ainda hoje nas diversas phases do recrutamento militar, pode-se imagi- nar facilmente a influencta que um capitao-mór exerceria sobre os povoados ruraes, que dependiam do seu cargo. O sistema constitucional, fazendo taboa rasa de <^uasi tudo que constituia a base fundamental da sociedade, no proposito politico de destruir pela raiz as resistencias do tradicionalismo, deu cabo tambem da nossa antiga organisa^ao militar que ainda hoje é adoptada nas suas linhas geraes por algumas das potencias, que passam por modelo nesta materia. Acresce a tudo isto uma circumstancia mais ponderavel ainda. Na existencia dodlestica de Maximo José dos Reis occorreu, quanto é possivel presumir, um d'aquelles antagonismo», que tao frequentes foram por toda a parte, e em todas as classes. A luta social era constituida pela luta das familias, no embate febrìl das ideas e dos interesses de toda a casta. Assim comò Zola simbolizou nos Rougen-Macquart o viver inter- no da Sociedade francesa do segundo imperio, assim a familia de- Maxi- mo José dos Reis póde personificar, com menos fantasia e mais realida- de, a vida social da quadra agitadìssima das nossas revolu^oes fratrìcidas. Nao fecharei està resenlia sem Ihe juntar um documento curioso. E' imia especie de inquerito, a que procedeu um meu particular e illustrado amigo, afim de satisfazer quanto possivel a minha curìosidade. Apenas uma testemunha depoz n^este processo, o que nao inhibe que o seu de- poimento ofere<;a particularìdades dignas de apreqo, enibora nem todas, apezar da sua sinceridade, se possam considerar absolutamente fidedignas, por isso que a reminiscencia està sempre sujeita à falibilidade humana. Feita està ligcira reserva, aqui dou a informacao. colhida directamente em outubro de IQ07, da boca de Manoel José de Oliveira, ex-sacrìstao da freguezia de S. Martinho de Gin tra, filho de Henrique José de Oliveira, que fora o anterior sacristao da mesma freguezia, para onde entràra em 1820. € Maximo José dos Reis^ era naturai do Linho, peqaeno logarejo prò- ximo de Cintra, e da freguezia de S. Fedro da mesma villa. Muito novo foi para Cintra para ser caixeìro na loja, aue hoje pertence a Jeronymo Ignacio Cintra. Casou depois com uma sentiora de nome D. Maria Kosa I I j a MAXIMO JOSÉ DOS REIS 63 do Carmo Pereira, do casal da Asneira^ no logar de Villa- Verde, fregue- zia da Terrugem, do conceiho de Cintra. Desse casamento houve quatro filhos, o i.° e o ultimo meninas e o 2.^ e o 3.^ varoes, morrendo de parto a mae, pouco depois do nascimento da ultima filha. Poi essa senhora se- pultada na egreja de S. Martinho da villa de Cintra, em sepultura que ti- nha o n.^ 9, sob a condi^So, imposta pelo capitao-mór e recommendada 30 velno sacristao, de que d*alti nao saniria senao para o iazigo, que seu tìuvo ia nuindar construir no cemiterio de S. Sebastiao, d'aquella villa, estabclecido no terreno de um seu pequeno casal d*esse nome, e que elle cederà i auctoridade competente de entao, sob a clausula de que esse seu jazigo alii se conservarla perpetuamente, o que se nao dà presentemente, porqiie esse terreno foi ]à profanado, e n'elle vao construir a cadcia da villa ! — A respeito do cadaver d'està senhora deu*se um triste episodio, uè é relatado do seguinte modo : havendo por esse tempo as luctas civìs a liberdade, e sendo chamacios és armas todos os mancebos aptos para esse servilo, a firn de formarem o batalhao nacional, o antigo sacristao Henrìque José de Olipeira^ teve de partir para Lisboa para se alistar n'a- quelle batalhao ; na sua auscncia o coveiro da egreja de S. Martinho, sa- bendo que nao havia n'essa egreja nenhum covai vasio. abriu, por maldade cu estupidez, a sepultura N.^ 9, onde jazia o corpo eie D. Maria Rosa do Carmo Pereira dos Reis, e encontrando-o ainda intacto, tirou-o para fora, e, amarrando-Ihe uma corda ao pescoso, o puxou de rastos pelo pavimento da egreja, sahindo a porta principal, indo deposital-o na casa dos ossos (ossoario) ao lado esquerdo da egreja, pequeno compartimento, muito ar- ruinado, que ainda hoje alli se ve. Maximo José dos Reis, sabendo d'este triste incìdente, e comò era jé entao auctoridade em Cintra, mandou cha* mar, de Lisboa, o sacristao Henrìque de Oliveira, censurando-o da incu- ria em nSo comprir as suas ordens e encarregando-o de averiguar da ve- racidade do caso, que, sendo confirmado, o levou a mandar prender o coveiro, que foi processado e condemnado. O cadaver de D. Maria Rosa voltou para a sua sepultura, e so de la sahiu muito mais tarde para o ja- zigo no cemiterio de S. Sebastiao. Todos OS filhos de Maximo José dos Reis nasceram em Cintra e fo- ram baptisados na freguezia de S. Martinho. Falleceu este capitao-mór em 2 de Maio de 1849, e jàz no cemiterio de S. Sebastiao, no jazigo que alli foi erigido> vinte annos depois da morte da mulher, tcndo-se proTongado o seu acabamento por as desaven^as en- tre OS maridos das filhas. O filho mais veiho, cujo nome ignoro, suicidou-se dentro de um tan- que da ^Quinta da Portella^^ que pertencìa ao pae, e depois passou por venda ao Conde da Pr&ia e de Monforte (depois marquez do mesmo ti- tulo), e por morte da marqueza, sua mulher, passou par.'i seu fiIho Anto- nio, que ha poucos annos a venderà ao Snr. Fernando de Moraes, filho do fallecido moageiro Moraes. Era um desequilibrado em alto gràu. Està sepultado no adro da Egt e)a de Santa Maria, em Cintra. Osegundo filho varao, sendo estudante em Coimbra, entrara na embos- cada de Condeixa contra os lentes, e foi enforcado. Uns afiirmam que o 64 ARGUIVO HISTORICO PORTUO0E2 pae tentou todos os meios para o salvar, chegando a prometter, por q perdao do filho, o seu peso em ouro. Outros dizem que offerecendo-se* Ihe alguem para o libertar ou que Ihe fosse commutada a pena, em troca de certa quantia estipulada, egual a outras que o mesmo agente jà rece- béra para a commutando da pena a outros condemnados impTicados n'esse crime, reccuséra tal intercessilo, dizendo que o filho devia soffrer o justo castigo, que merecSra e, retorquindo-selhe que o seu proceder era moti* vado por mesquinhez e nao querer dispender aquelle dinheiro, respondeu que ia expatriar-se com suas filhas, e que n'essa viagem muito mais cas- tana ; o que parece realtsou, por o grande des^osto que soffreu* sendo a primeira versao a mais geralmente accetta. Diz-se que estes doìs tristes acontecimentos em sua familia se deram, com pequenos intervallos de tempo, no mesmo mez. Tambem ignoro o seu nome. ^ filha mais veiha, de nome Candida^ foi casada com Frederico Gui- Iherme da Silva Pereira^ irmao do Conde das Antas^ e que chegou a ser juiz em Cintra e depois na Relagao em Lisboa. Falleceu na fre^uezia de Santa Izabel, em Lisboa, e jaz sepultada com seu marido no jazi^o do Conde das Antas, no Cemiterio dos Prazeres. A està coube, em parulhas, entre outras propriedades, a € Quinta da Pori ella*, de que acima se falla, e a € Quinta do Campo de Seteaes^^ que hoje pertence ao Marquez da Praia e Monforte, que a comprou ao Banco de F^ortugal, que a recebéra em hypotheca, por dividas, de Frederico Guilherme. Nao tiveram filhos. A filha segunda, 4.® e ultimo dos filhos, e de nome Libania, foi ca- sada com Miguel David Galiway, americano dos Estados-Unidos, a quem coube em partiiha, entre outras propriedades a € Quinta dos Piso^^, em Cintra, (ainda hoje pertencente i familia), e a casa da rua do Alecrim, N.®' 73 e 75, na freguezia da Encarna<;ao, de Lisboa, hoje propriedade do dr. Antonio Augusto de Carvaiho Monteiro, que a comprou em basta pu- blica, por execu^ao hypothecaria, em Dezembro de 1906. Parece que ambos falleceram n*essa casa, sendo sepultados no jazigo de familia no cemiterio de S. Sebastiao, em Cintra. Nao houve successao d*este casa- mento, e OS bens passaram para urna sobrinha de Galiway, de nome Guilhermina, que, por sua morte, deixou varios legados aos caseiros e em- pregados das suas propriedades em Cintra, e o remanescente a um seu so- brinho de nome Guilherme Miguel Galiway, casado com Mary Gertrudes Galiway, hoje interdicto e internado em um maniconio nos Estados Uni- dosy de onde ambos sao naturaes. D'este matrimonio ha um filho menor, de nome Eduardo Henrique. A m9e e o filho residem tambem nos Esta- dos Unidos, mas nao sei em que cidade. No jazigo do capitSo-mór, Maximo José dos Reis, no cemiterio de S. Sebastiao, em Cintra, estam depositados os restos mortaes de : Maximo José dos Reis, instituidor; D. Maria Rosa do Carmo Pereira dos Reis, sua mulher; D. Mathilde, dona que foi da € Quinta dos Castanhaesi^y hoje propriedade de Teixeira Marques ; Uma tia do capitSo-mor, de Linhd ; MAXIMO JOSÉ DOS REIS 65 D. Libanta, filha ; Miguel David Gallway, genro, e D. Guilhermina Gallway, sobrinha d'este.» 0 Manuel José de Oliveira é actualmente sacrìstao na capella da Santa Casa da Misericordia de Cintra, e tem de edade 62 annos, parecendo um velho de mais de settenta. SOUSA VlTBKBO. Livro de D. Joao de Portel (CoiUinuado do voi F, pag. 4ji) CXL Agogto de 1260 IN nomine dominj. Hec est carta uenditionis et perpetue fìrmitudinis quam iussimus fieri ego Martinus laurencij et uzor enea Eluira menendi Vobis Montessino et uxori uestre Ousedina de una nostra hereditate quam habuimus in termino de Eluis in loco qui dicitur Mo^araua. cuius isti sunt terminj. In oriente et In occidente, et In aquilone domnus Johanes de Auoyno. In africo Mons. uendimus uobis ipsam hereditatem prò precio quod a uobis accepimus scilicet . vii; . marabitinos. quia tantum nobis et uobis conplacuit et de precio apud uos nichil remansit prò dare. Igitur habeatis etc. ffacta carta mense Agusti. E.* M.* CC* L.'ifviij. Nos supranominati qui hanc cartam iussimus fieri coram bonis hominibus. Qui presentes fuerunt. franciscus dominicj — Petrus iuliani — Johanes pelagij — Gon^aluus (sic) baloco — Gonsaluus petrì carnifex. Martinus petri publicus tabellio dominj regis Portugalie in Eluis qui notuit et hoc signum ^ feci. CXLI Janeiro de 1260 IN dei nomine. Hec est carta uenditionis et perpetue firmitudinis quam iussimus fieri Ego Martinus balzam et uzor mea Maria montana uobis domno Johanj petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi de una nostra hereditate quam habui- mus in termino de Eluis in loco qui dicitur Alcarapina. Cujus isti sunt termini. In oriente Atalaya de Alcarapina. In occidente sicut fuerint uicinos suos. CC. bara^os in longitudine et xvij. bara^as et mediam in latitudine. In aquilone fìlij de Siluester. In africo uia publica vendimus uobis ipsam hereditatem prò precio quod a uobis accepi- mus scilicet ij. marabitinos. quia tantum nobis et uobis conplacuit et de precio apud uos nichil remansit prò dare. Igitur habeatis ipsam hereditatem etc. fTacta carta mense Ja- nuarij Era M.* CC« Lifviij*. Nos supranominati qui hanc cartam iussimus fieri coram bonis hominibus roboramus. Qui presentes fuerunt. Stephanus uincencij tunc pretor — Johanes stcphanj clericus — Martinus perna — Dominicus monachinus (1 ). Martinus petrj publicus tabellio domnj regis Portugalie in Eluis qui notuit et hoc signum fecit ^ et istam hereditatem uencUmus uobis sicut data fuit nobis a sesmarijs. (1) Monachinus corresponde ao hespanhol monaguUlo e ao pottugues AfofinAo ou liousifOio. LIVRO DE D. JOAO DE PORTÉL 67 CXLII Janeiro de 1260 IN dei nomine. Hec est carta uenditionts et perpetue firmitudinis quam iussi fieri Ego Matia pelagì) dieta ^orda. Vobis domno Johanj petri de Auoyno et uxori uestre domne Manne alfonsi de una mea hereditate quam habuj in termino de Eluis in loco qui dicitur Alcarapina. CC bara^os in longitudine et passa mures .C. bara^os ul- tra et XXXV. bara90s in latitudine. Cuius isti sunt terminj. In oriente Johanes martini mercator. In occidente sicut uadit ad soueralem. In aquilone dictus conpara tor. In afri- co hereditas sancii vincencij vendidi uobis ipsam hereditatem prò precio quod a uobis accepi scilicet . iiij . marabitinos quia tantum mihi et uobis conpJacuit et de precio apud uos nichil remansit prò dare. Igitur habeatis etc. facta carta mense Januarij. £.* M.* er aquam ipsam de Mo^araua uadit anfesto usque ad semetipsam heredi- tatein quam prtmitus dedimus ej in predicto loco de Mo^araua. Damus et concedimus ei predictam hereditatem prò multo bono adiutorio quod nobis fecit. ut habeat et possideat eam et omnia posterìtassua usque in perpetuum. Et si aliquisuenerituel uenerimus ut hoc factum nostrum frangere uoluerit non sit ei licitum. set quantum quesierit tantum ei in duplum conponat et domno terre aliud tantum, et hereditate duplata et quantum fue» rìt meliorata sibi conponat. Et ut hoc factum nostrum maius robur obtineat fìrmitatit dedimus ei istam nostram cartam nostri sigilli sigillatam in testimonio, facta carta Mense feì>ruari}. E.* M.« CC* L?riiij. Nos qui hanc cartam iussimus fieri coram bonis hominibus roborauimus. Qui presentes fuerunt Johanes dominicj pretor in ipso tempore. — Dominicus pelagij — S. fernandi Judices «—Dominicus monsanto — Petrus ramundi — ffernandus garssie — Johanes menendi ses- marij — Nunus menendi miles — Petrus petri scriba de eluis. CXLIV Jnlho de 1260 IN dei nomine. Notum sit omnibus tam presentibus quam futuris presentem licteratii inspecturis quod nos Domnus S. petri prior Monasterij sancti Vincencij Vlixbo- ne una cum Conuentu nostro damus et outorgamus domno Johanj petri de Auoyno et uxori sue Marine alfonsi quondam nostram hereditatem quam haoemus in termino de Eluis. scilicet. illam quam nobis dedit Conciiium. que iacet inter capud de Alcarapi- na. et capud de Mo^araua. Damus eis dictam hereditatem integre sicut eam nobis dedit Conciiium de Eluis ut habeant et possideant illam in perpetuum illi et omnes succes- sores eorum. In super damus et outorgamus eis predictam hereditatem tam ruptam ()uam irruptam cum montibus et fontibus cum introitibus et exitibus et cum omnibus iuribus que predicta hereditate habemus. Et istud fecimus prò seruicio et prò aiuda quod «d ARCHIVO historico portuguez fìobts fecit Monasterio nostro et spectamus quod nobis faciat. Et quod donatìo ista ma - jus robur obtineat fìrmitatis et in posterum in dubium non ueniat. dedioius eis istam nostrani cartam apertam sigillis nostris munimine sigillatam. ffacta carta Mense JuUj. E.' M.* ce.» Lifviij.* CXLV (i) 28 abril de 1275 IN de) Aomiile amen. Hec est carta uenditionis et perpetue firmitudinis quam iussimus facere. Nos Johanes dominicj mercator et vxor mea Dominica ìohanis nepotis Vin« éenti) Bitoco vicinj Santarene vobis Nobilibus viris domno Johanj petri de Auoyno et Vjct»r{ uestre aomne Marine alfonsi de quadam vinea nostra quam habemus in termi- tao Sanctarene in loco quj dicitur valada. Cujus vinéé terminj sunt isiL ad orientem Riuus Ta^. ad ocddentem via publica. ed ad quilonem. vos comparatores. ad africum Maria Sol- tana, vendimus uobis et concedimus predìctam. vineam cum ingressibus et egressibus et omnibus iuribus et pertinenci js suis prò precio. quod de uobis recepimus scilicet quatuor* centas e quinquaginta libras portugalie quia noois tantum placuit et de precio apud uos nichil remanssit in debito prx> soluere Habeatis igitur etc. Et ego Domintcus stephanj publicus tabellio Ciuitatis Vlixbone ro^atus a predictis Johane dominici et uxore sua Dominica iohanis omnibus supradictis mterfuj et ex inde hanc cartam scripsi in qua apposui meum signum quod tale est >ìi apposuj in testimonium premissorum. Et nos pre- dictj uenditores quj cartam istam iussimus fieri eam coram subscriptis testibus robora- mus. facta carta Vlixbone iiij<»kalendasMadij E.*M.* CCC* Xiij*. Qui presentes fuerunt. Johanes Laurencij — Johanes caballarius cleric) — Petrus petri eixanus domae re- gine — Michael alfonsi — Stephanus caruallus testis. CXLVI ? IN. dei nomine amen. Hec est carta uenditionis et perpetue firmitudinis quam iussimus facere Nos Johanes menendi vicinus sanctarene parrochianus sancte Eirene et Marti- nus iohanis ejus filius portionarius diete ecclesie, uendimus perpetue et concedimus vo- bis domno Johanj de Auoino Maiordomo domnj regia Portugalie et Algarbij et vxori ues- tre domne Marine alfonsi integre iilud nostrum casale c|uod nos habemus in Ademia de tooxi in termino Sanctarene quod mihi Johanj menendi et vxori méé domne Stephanie quondam Mater dicti iìlij mej Éluira fernandi germana mea dedit et donauit cum casis cur- ralibua pascuis ressijs hereditatibus raptis et non niptis montibut • . . CXLVII Otttubro de 1267 IN dey nomine. Seia sabuda e Conhuf uda coussa. a quantos està Carta virem e léér ou- uirem que eu Domingos perez di ciò sarrSo en Senbra com^Domin^as soarez mha mo- Iher enossa uida e en nossa saude e sen prcima nen bua e co todo nosso enten- dimento. Recebemos por nossos fìllos lijdemos e herdamos enossos aueres gaafiba- dos e por gaanhar. don Joham perez da voym Móórdomo de don Alfonso nosso Senhor o muy nobre Rey de Portugal e dona Maria ifonso Molher do dicto Johan perez davojrtn ou qual quer de uos anbos ficar uiuos se huu de uos morrer Mandamos e outorgamos que a morte nossa ou de cada hGu de nos o dicto Johan perez davoym e dona Maria sa molher. leuem e Agian nossos béés alssy come fìllos boos e lijdimos deuem Aleuar b6a de sseu padre e de sa madre saluo ende nossas ter^as de nossos aueres. que deue- mos a dar por nossas Almas aly hu A nos aprouguer ffey ta a Carta no Mes de Oytubro E.« M.> ecc.* V.« testemunhas, (i) Està carta repete-se no n.* CC. As cartas que vSo de CXLV até CLV focam In* tercaladas com outra letra. LIVRO DE D. JOAO DE PORTEL 69 Lope Steuaes. vaasco uelho. Steuam rodri^uiz. Martjm mendìz da Sllueyra. Caun- leyros. Domingos martijz cerui^do. Martjin siluestre e eu Fedro louren^o Tabelion devora està Carta escreuj e este meu «nal in eia pusy intestemSyo desta coussa. CXLVIII 20 de jvoho de 1279 EN nome de deus amen. Està é a carta de uendii^on e de perdurami fìrmìdSe que eu Domìi^os paiz e eu Miguel paiz e mha molher Costan9a gii. e eu Martin paez por m\ e por oiha molher Maria martiiz e por Domingos soarez e por sa moiher Domin* gas perez. Mandamos e outorgamos a fazer a uos Don Johan perez daroym e a uossa molher dona Maria affonso de quanta herdade nos auemos en termho de Fortel en logo que chamam Odiuelas. a quel herdade nos auemos de parte de Martnela lìossa madre e nossa Ando. E nos sobreditos Domingos paez e eu Miguel paiz e mha molher Cos- tanza gii e eu Martim paiz e mha molher Maria martijz e eu Domingos soarez e mha fflolher Domingas perez. vendemos essa herdade sobredìta a uos don Johan perez da- Toym e a uossa molher donna Maria affomso por precio que de uos recebemos conuen a saber por Izvij. marabitinos e de preco non remeeceu nenhGa rem pera pagar. Onde outorgamos e demos a uos essa herdade pera senpre. E sse alguem ufer da nossa parte cu da estraya que està nossa carta mandamos fazer de romper quiser peitem a uos essa herdade dobrada e quanto for melhorada e ao senor da terra .C. marabitinos. E nos sobredictos etc. fifeita a carta .xx. dias andados do mes de Joyo. E.* M.* CCC* zvij*. Que presentes foron e uiron e ouuiron e outorgar e reuorar està carta. joban solteiro e Domingos domingutz dicto calastom. e Domingos soarez do Almazen e Domingos perez azeirom. é Martjm bei^udo. Johan do souto. testemunhas. E cu Johan clerigo publico scriuam de Portel a prazer das partes està carta screuj e este meu sinal e ella pos que tal é in testemoya. E està carta foy feyta per duas procura- cÒes que adusse o dicto Martjm paez que llj outorgaua a dieta ssa molher a uenda da dieta herdade e que llj outorgaua o dicto Domingos soarez e a dieta Domingas perez a uenda da dieta herdade. GXLIX 15 abrìl de 1279 SABAN quantos està procura^on viren que eu Maria martijz uezfa devora fa^o e sta- beiesco e ordio meu procurador auondoso Martin paez meu mando procurador desta presente procura^on sobre hGu herdamento que eu e o dicto meu marido auemos en termho de Fortel in logar que chaman Odiuelas pera uender esse herda- mento e dar e donar e en outra oualquer maneira alhear. e pera fazer carta ou cartas en meu nome de uenda ou de camoa ou de enpenhoramento ou doutra qualquer ma- .neira de firmidoe pelo Tabellion da terra e pera receber ende o pre^o e pera reuorar essa carta ou cartas in meu nome e rogo ao Tabellion da terra que fa^a en meu nome carta ou cartas de uenda ou de cambo ou de penhoramento ou doutra qualquer maneira de firmidoe aaquel ou aaqueles que esse Martin paez meu marido e meu certo procura» dor fezer ou mandar fazer. E prometo aauer por firme e por stauil pera todo senpre que qoer que for feito nas cousas de suso dictas ou in qualquer parte delas. pelo dicto meu marido e meu certo procurador comeu per mha pess6a presente fosse. En testemdyo da qoal cousa eu Martin nugueliz tabellion devora a ro^o da dieta Maria martijz està pro- cura^om com mha mio propria screuj e este meu amai in eia pos in testemoyo desta coosa. ffeiu a procuralo .xv. dias dabni E.« M." CCC* Xvij* testemunhas Johan steuSez tabellion devora. Vicente martijz. Martin perez clerigo. CL 15 de abril de 1279 SABAM quantos està procura^on uirem que eu Domingos soarez e mha molher Domingas perez veaoa devora fazemos e stabele^emos e ordiamos nosso procurador certo e auondoso Martin paez portador desta presente procuralo sobruu herdamento que 70 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ nos auecnos in termho de Portel in logar que chamam OJiuelas. pera uender esse her« damento e dar e donar e en outra qualquer maneira alhear. E pera fazer carta ou car- tas in nosso nome de uenda ou de camba on denpenlioramento. ou doutra qualquer maneira de fìrmidde |)elo tabcllion da terra, e pera receber ende o pre^o. e pera reuorar essa carta ou cartas in nosso nome. E rogaraos ao tabellion da terra que fa^a in nosso nome carta ou cartas de uenda ou de Gambo ou denpenhoramento ou doutra qualquer maneira de fìrmidde aaquell ou ééqueles.que esse Martim paez nosso certo procu rado r fezer ou mandar fazer. E prometemos auer por fìrme e por stauii pera todo senj>re que quer que for feito nas cousas de suso dictas. ou en qua! quer parte delas pelo dicto Martin paez nosso certo procurador come se nos per nossas pessÒas presentes fosse* mos. En testemòyo da auai cousa. eu Martim migueliz tabellion deeora a rogo do dicto Domingos soarez e da dieta ssa molher està procura96 com mha mSo propria screu} C esce roeu sinal in eia pos in testamdyo desta cousa. ffeita a procuratore .xv. dias da- brìi E.» M-* CCC* xvij. testemunhas Johane steuaez tabellion devora. Vicente martijz. Martim pirez clerigo. GLI 25 de jnnho de 1279 EN nome de deus amen. Està é a carta de uenJicom e pera senpre de fìrmidoe que eu Domingos menenJiz e mha molher Mdria ueegas minJamos eoutorgannos a fa- zer a uos don Johan perez davoym e a uossa molher donna Maria affonso de quanta herdade nos auemos in termho de Portel in logo que chamam a de Méén dàà Ruda. a qual herdade a nos acae^eu e aGeo de parte de donna Béénta madre de mjm Domingos menendiz e eu Domingos menendiz e mha molher Maria ueegas uendemosessa herdade sobrecUcta a uos don Johan perez davoym e a uossa molher donna Marta affonso por pre^o que de uos recebemos conuen a saber por .x. marabitinos é x. soldos. e de pre^o nò remaeceu nenhua rem pera pagar. Onde outorgamos e damos a ùos essa herdade pera senpre. E se alguem ueer da nossa parte ou da straya que està nossa carta que mandamos fazer de ronper quiser peitem a uos essa herdade dubrada e quanta for me- Ihorada e ao senhor da terra .C. marabitinos. e eu sobre dicto Domingos menendiz etc. éetta a carta, vj. dias por andar de Jóyo E * M.« CCC * xvij.* Que presentes forom e ui- ró e ouuirom outorgar e reuorar està carta. Domingos martijz mercador Jojz desse tempo e Johan menendiz da Corte e Matheus alfa^a. e Martim corno e Johan perez ^apateiro e Steuan perez. e eu Johan clerigo publico screuam de Portel a prazer das partes a screuj e este mea sinal e eia pusi que tal é. en testemo^a. CUI 22 de janho de 1279 EN nome de deus amen. Està é a carta de uendÌ9om e de perdurauil fìrmidoe que eo ffernam tocho e mha molher Maria migueliz e eu Johan martijz fìlho dessaMana mi* gueliz mandamos e outorgamos a fazer a uos don Johan perez davoym e a uossa mo- lher donna Maria affonso de quanta herdade nos auemos in termho de Portel en logo que chamam Odiuelas e eu ifemam tocho e mha molher Maria migueliz e eu Johan martiiz uendemos essa herdade sobre dieta a uos don Johan perez davoym e a uossa molher dona Maria afibnso por pre^o que de uos recebemos conuem a saber por .xiij. marabiti nos e V. soldos e do pre^o nenhua rem nom remaeceu pera pagar. Onde outorgamos e damos a uos essa herdade pera senpre. E se alguem ufer da nossa parte ou da straya Sue està nossa Carta que mandamos fazer de romper quiser peitem a uos essa herdade obrada e quanta for melhorada. e ao senor da terra .C. maravedis ffacta a carta .xxij. dias do Mes de Joyo. £.* M.* CCC* xvij;* Que presentes forom e uiro e ouuirS ou- torgar e reuorar està carta. Johan solteiro é Domingos dominguia calastom. é Domingos soares do Almazem è Martjm belando é Martin eanes cotjm de seda, é Domingos paez é Migueel paez fìlhos de Manuela. Eu Johan clerigo publico screuam de Portel a prazer das partes a screuj e este meu $ÌoaL y pusi que tal et en testemo^a. LIVRO DE D. JOAO DE PORTEL 7' CLIII i6dejanho de 1280 EH nome de deus amen. Està é a carta de uendlqon e de perdurauil firmidSe a qual eu Joban conialo mercador devora e ma inolher Ana perez encoroendamos a fa- ser a uos don Oan peres da voym e a uossa molher domna Maria affonso dUa Adega con saa cubas e con sas ttas que auemos en évora na ifrééguisia de sancta Maria a Séé e d(ia via qae auemos en termho devora en logo que cbamam vai b5o. da qual Adega estes som os termhos en Ouriente <^aide capateiro que foy de Fedro rodriguiz. en Ou- ciente via publica en Agyom Pedro maadio fcrreiro en Avrego eréés de Fedro paex dicTo IrmSo. E da via estes som os termhos. en Ouriente carreira publica. en Ouciente eréés de Johan screuam en Aguyom Fedro rodriguiz en Aurego eréés de Fedro paez irmgo. vendemos a uos a dieta Adega con sas Cubas e con sas tfas e a dita via con sas entradas e cum sas saidas e cum todas sas nerteen^as por pre^o que de uos reccbemos conuecn a saber .viijc. ]. libras da moeda uelha usada de Fortu^al porque a nos e a uos tanto bem prougue. e de pre^o apres de uos nom tìcou nulha rem por dar. Haiades uos etc. E nos de suso dictos que està carta encomendamos a fazer eia ante b6os homies reuoramos. Louren^o uogadó. PedrafTonso. Steuam martijz falit. Bartholameu diaz mercadores. E eu Martim migueliz publico tabellion da ^idade devora e estas cousas presente fiij. e està carta con mha mio propria screuj e este roeu sinal in eia pusi in testeinunho^ ffeita a carta in evora .zvj. dias de Joyo. £.* M.* CCC* xviij.* CLIV 22 de jnlhode 1280 SABAM auantos està carta uirem corno perante ro j Martin migueliz publico tabellion da Cidaae devora e das testemoyas que aqui som scritas Steuam affonso almoxarife de dom Oane en evora fez cambo en nome de don Oane con Johan martijz Frior de San Fedro devora. e cum Affonsso domin^uez e con Domingos martijz ra96eiros dessa Egreia conuen a saber que el deu aa dieta Egreia bua casaria que conprou de don Bartholpmeu e de ssa molher a qual é no arraualde que chamam na Eira dos freires. da qual estes som os termhos. en Oriente e en Avrego via publica. en Ociente Suer rodri- guiz en Aguiom Anaga. E o dicto almoxarife deu aa aicta Egreia a dieta casaria por OQtra casaria que a el deu o dicto Frior e os dictos clerigos. en cambò da qual estes som OS termhos en Oriente Aziaga. en Ociente e en Aguyom. don Oane. en Avrego fì- Ihos de Pedro lourido. E o dicto Steuam affomso per quanta uia que enpareja dieta ca- saria aa dieta Egreia de todo enbargo e de toda demanda, que sobreia ufesse. E p dicto Prìor e os dictos clerigos oblìgarom sse outrossi per quanta [uia] que enparen ao di- cto Steuam afTomso a outra casaria que Ihi eles derom. testemunhas. Johan Louren^o — dom Bartholameu — Migeel diaz — Louren^o dominguez— Domin- gos diaz — Pedro Infan^on — Domingos perez clerigos — Domingos perez pintador. E eu dauandito tabellion eestas cousas presente fuj e ende duas cartas partidas per A. b. e coro mha mSo propria screuj e este meu sinal eelas pus! en testemunho. tfeitas as cartas .xxij. dias de Julho. E.* M.« CCC* xviij. CLV 4 de fevereiro de 1276 Atodos aqueles que està carta uirem fazemos a saber corno dante nos Joham cle- rico Alcalde e ffemam rodriguiz é Pay miguééz Joizes de monte móór o nouo. Do- mmgos durSez tabelliom da dieta villa é Migel eanes mellur ca sem ella futures e executores da manda de dona Maria reinaldiz que é ia morta, a qual toy moller de Jo- ham eanes caualeiro uenderom a dom Joham perez davoym e a sa moller dona Maria afoQso .V. tendas que a èssa dona Maria reinaldiz acaecerom en ssa parti^om as quaes tendas^som ena dieta villa de monte móór ena freeguesia de sancta Maria a do a^ou- 7a ARCraVO HISTORICO PORTUGUEZ guj a par da porta que chamam de sanctarea <^ue os tennhot das dictas tendas som es- tas. In oriente e en aurego Johan eanes caualetro e a ouciente e ééguiom via pulueaa. e nos dauandictos Domingos duraez e Migel eanes vendemos a uos sobredicto dom Joham perez da voym e a dieta uossa moUer dona Marfa afonso [as] sobredictas tendas pera pagar a manda e as deuidas da dieta Maria reinaldiz assi comela mandou en sa manda com sas entradas e com sas saidas e com todos seus dereitos e com todas sas perteeoqn por pre^o o qual de uos recebemos conuem a saber .vj«. xx libras da usada moeda nella de Portinai ca a tanto a nos e a uos bem prougue e de pre^o apres de aos nemìgalha non remaece por dar. Aiades essas sobredictas tendas etc. E eu sobredicto tabeiliom a rogo de sobredictos Domingos duriez tabelliom e de Migel eanes e a ma&dado dos di- ctos Alcaide Joises està carta com roba mSo propria escreuj e seelev e en eia t$t» meu Sinai puia que tal é que presentes forom. feita a carta en monte moór o nono .iiij. dias de feuereiro na E.* de mil e ccc«. e xiiij. anos. Francisco eanes fillo do priol— Steuam crespo — Gon^allo aenendia aliaiar— Marti- nus dominguiz ^auado— Steuam perez rogel etc. CLVI(i) Mar^ de 1260 Estas som as cartas que don Johan tm da conpra que ffei das herdades de Portel e de sseu termho IN nomine dominj. Hec est carta uenditionis et perpetue firmitudinis quam iussimus facere Ego Johanes stephani miles et uxor mea Maria martinj vobis domno Johaaj petri de Auoyoo et uxori uestre domne Marine alfonsi de una nostra hereditate quam habemus in termino de Elbora inter Atalayas que uocantur Marlin j femandi Adail et mea de portel conelia. vendidimus uobis ipsam predictam hereditatem quantam ha- bebamus intus marcos uestros de beredamento quod uobis dedit Concilium Elborense prò precio nominato quod a uobis recepimus scilicet L.' libras quia nobis et uobis tan- tum placuit et de precio apud uos nichil remansit prò dare. Habeatis igitur etc. facta carta mense Martij. E*. M*. CO. LiT vii)*. Nos uero suprsnominati qui hanc cartam iu- ssimus facere coram bonis hominibus eam roborauimus. Qui presentes fuerunt uideruat 9t audierunt. ffemandus martinj curutelo— Petrus martinj de sensu — Menendus iohanis iudex El- borensis— Martinus suerij Urania — Jobanes pelagij miles— Martinus cambas— Suerius al- fonsi—Jobanes menendi chauelia — Dominicus iohanis cardenalis— Rodericus martinj fa- ^ania— Martinus petri fai., a Et ego Petrus laurencij tab^Uio notauj et hoc signum ^ meum in testimonio huius rei apposui, ^^ CLVII Mar^ de 1263 IN dei nomine et eius gratta. Noscant omnes tam presentes quam fiituris quod Ego Jo- hanes martini Ciza et uxor mea Maria pelagi) et ego Johanes iohanis filius Johaois martini ciza damus et concedimus uobis domno Johani petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi et omnes successores uestri quantum heredamentum ba« bebamus uidelicet de Ameeira de Maura usque ad riuulum de gallinas. et hoc facimus uobis prò multo bono et auxilio quod nobis fecisUs. Habeatis uos igitur predictum he- redamentum in perpetuum etc. iTacta carta mense Marti] E*. M*. CCC\ j*. Qui presen- tes fiierunt uiderunt et audierunt. Johanes petri barcellos ^ Stepbanus martini — Dominicus martinj presbiter — Ste- phanus meoendi até Ìi) Com este documento transcrito a fl. 73 volta a ser enfpregada a letra do codice .79. LIVRO DE D. JOÀO DE PORTEL 7^ Et ego Petnis lauréntij publicus tabellio Elborensis de mandato istis supradictis hanc cartaio scrìpsi et hoc signum ìJì menta in testimoniutn huius rei apposui. CLVIII Margo de 1263 IN dei nomine. Noscant omnia tam presentea quam futurts quod ego Stephanus me- nendi aod ini et uxor mea domna Maria damus et concedimus uobis dorano Johanj petrì de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi et orones succesaores uestn quantam heredamentum habebamus videlicet de Vdiana usque ad Meeiram de Mauram. et hoc facimus uobis prò multo bono auxilio quam nobis fecistis. Habeatis uos Ì£itur etc. flacta carta mense Martij E*. M*. CCC'. j*. supradictis testes de ista alia carta Jonanj martinj Cita Et ego Petrus laurenctj tabellio Elborensis hanc cartam manu propria scrìpsi et hoc signom meum »{i in testimonium huius rei apposui. CLIX Margo de 1263 IN dei nomine. Noscant omnes tam presentes qaam futuris quod ego Suerìus saluato- rìs et uxor mea Dominicas Adàia damus et concedimus uobis domno Johanj petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi et omnes successores uestri quantum heredamentam habebamus uidelicet de Vdiana usque ad riuulum de gallinas et hoc fa- cimus uobb prò multo bono et auxtlio quam nobis fecistis. Habeatis uos igitur etc. iTa- età carta mense Martij. E*. M. CCC*. )«. Qui presentes fuerunt uìderunt et audterunt Laureatius martinj miles — Stephanus menendi miles— Johanes petri barcelos — Joha- nes dominici mercator — Dominicus iohanis cardenalis — Doroinicus menendi bichi testis. Et ego Petrus laurencij tabellio Elborensis de mandato et de outorgamento de istis supradictis hanc cartam scripsi e hoc signum meum 1^ in testimonium hujus rei ap- posuL CLX Margo de 1263 In dei nomine. Noscant omnes tam presentes quam futuris quod Ego Johanes martinj dictus feigon et uxor mea Tarasia petri damus et concedimus uobis domno Johanj petrì de Avoyno et uxorì uestre domne Marine alfonsi et omnes successores uestn uidelicet. quantum heredamentum habebamus de Ameeira de Maura usque ad fontem de ficulnea que est contra Elboram et hoc facimus uobis prò multo bono et auxilio qaam nobis fecistis. habeatis igitur etc. ffacta carta Mense Martij E*. M*. GCC*. j*. Qui presentes fuerunt uiderunt et audierunt Johanes petri barcellus — Suerius saluatoris ^ Johanes dominic] bichi presbiter — I>on)inicus ionanis cardenal — Pelagius martinj foupana — Petrus petri barcellus — Pe- trus romaniz Et ego Petrus laurencij tabellio Elborensis hanc cartam manu propria scripsi et hoc signum meum in testimonium huius rei apposui. CLXI (i) Mar^ de r263 IN dei nomine. Noscant omnes tam presentes quam futuri (sic) quod ej^o Dominicus mar* tinj dictus satuminus et uxor mea Maria menendi damus et concedimus uobis domno Johanj petrì de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi et omnes successores (f) Patece quena fi. lor se come^ou a transcrever de novo està carta, o que senSo levoua cabo por a tempo se reparar na repeti^ao. I 74 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ uestrì uidelicet quantum heredanaentum habebamus de Ameira de Maura usque ad Vdlanam et hoc facimus uobis prò multo bona et auxilio quam nobis fecistis. Habeatis uos igìtur etc. facta carta mense Marcij. E-. M-. GGC.j-. Qui presentes fueniot uideruni et audierunt Dominicus iohanis cardenal — Dominicus peiagij Adail. Et ego Petrus laurencij tabellio Elborensis haiic cartam manu propria scrìpà et hoc stgnum meum in testimonium hujus rei apposuj ^. CLXII Margo de 1263 IN dei nomine. Noscant omnes tam presentes quam futuri quod ego Dominicus satur- ninus et uxor mea Maria menendi damus et concedimus uobis domno Johanj ,petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi et omnes successores uestn uide- licet totum nostrum heredamentum quantum habebamus de Ameeira de Maura usoue ad Vdianam et hoc facimus uobis prò mulm bono et auxilio quam nobis fecistis. Haoeatis igitur etc. facta carta mense Martij. E*. M. CCC* prima. Qui presentes fuerunt uiderunt et audierunt. Dominicus iohanis cardenal—Domintcus peiagij Adail — testis. Et ego Petrus laurencij tabehioEIbore hanc cartam s'cripsi et hoc signum meum in tes- timonium hujus rei apposui. CLXIII Margo de 1263 « IN dei nomine. Noscant omnes tam presentes quam futuri quod ego Laurencius mar- tini miles et uxor mea Maria Stephanj damus et concedimus uobis domno Johanf petri de Auoyno et omnes successores uestrì quantum heredamentum habebamus de Ameeira de Maura usque ad Vdianam et hoc facimus uobis prò multo bono et au- xilio quam nobis senper fecistis. Habeatis igitur etc. facta carta mense Marcij E". M% CCG*. j*. Qui presentes fuerunt uiderunt et audierunt. Dominicus gonsaluj mercator — Johanes pascal mercator — Stephanus dominicj bi- chi — Dominicus iohanis cardenalis — Egidius menendi abegonem Et ego Petrus laurencij tabellio Elborensis hanc cartam manu propria scrìpsi et hoc signum meum in testimonium hujus rei apposui. CLXIV Abrìl de 1263 IN dei nomine. Noscant omnes tam presentes quam futuri quod ego Johanes pascal mercator et uxor mea Orraca michaeli damus et concedimus uobis domno Johanj petri de Auoyno et uxori uestre domne Manne alfonsi et omnes successores uestn quantum heredamentum habebamus de riuulum de Gallinis usque ad Ameeiram preter tres cavallarias que remanent nobis ibi in predicto loco et omnes qui ibi morauerint de- bent nobis obedire et hoc facimus uobis prò multo bono et auxilio quam nobis senper fecistis ffacta carta mense Aprilis. E». M«. GCG." j". — Qui presentes fuerunt. Dominicus iohanis cardenalis — Dominicus gonsalui mercator — Suerius suerij mi- randa — Dominicus peiagij Adail — Johanes petri barcellus. Et ego Petrus laurencij tabellio Elborensis hanc cartam scrìpsi et hoc signum ^ [meum apposui]. CLXV Mar^ de 1263 IN dei nomine Amen. Hec est carta uenditionis et perpetue firmitudinis quam iussi- mus facere Ego Suerius stephanj miles et uxor mea. Dominicas petrì uobis domno Johanj petrì de Auoyno et uxori uestre domne Manne alfonsi et omnes successoies uestri de quantum heredamentum habebamus uidelicet inter Amééiram de Maura et rì- LIVRO DE D. JOAO DE PORTEL nulum de Gallìnas. yendimus uobis totum predictum heredamentum prò predo nominato quod a uobis accepimus scìHcet unum Donum poldrum quia nobis et uobis tantum conplacuit. Habeatis uos igitur e te. ffacta carta mense Marci). E*. M*. CCC* prima. Qui presentes fuerunt. Johanes petri barcellus — Dominicus iohanis cardenal — Matheus dictus capud dal- fa^a — Petrus gonsaluiz — Stephanus sim5ez — Julianus petri. Et ego Petrus laurencij tabellio Elborensis hanc cartam manu propria scripsi et hoc signum meum in testimonium hujus rei apposui »^. CLXVI Mar^ de 1263 IN dei nomine, Hec est carta uenditionis et perpetue fìrmitudinis quam iussi facere Ego Dominicus gonsalui mercator prò me et prò iilijs meis uidelicet Orraca et Ge- raldus. vobis domno Johanj petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi et omnes successores uestri de Quanto heredamento habebamus uidelicet de fonte de ficulnea usque ad rìuulum de gaUinas. uendidi uobis totum predictum heredamentum prò precio nominato quod a uobis recepì scilicet unum bonum poldrum quia mihi et uobis tantum bene conplacuit Habeatis igitur etc. ffacta Carta mense Marcij. E*. M*. ecc.* prima — Qui presentes fuerunt et audierunt. Johanes petrib arcellos — Dominicus iohanis Cardenal — Dominicus palagij — Ste- phanus simeonis — Julianus petri — Petrus ^onsaluj — Johanes didacj £t ego Petrus laurencij tabellio Elborensis hanc canam manu propria scripsi et hoc signum meum »{( in testimonium hujus rei apposui. fConiinuaJ PXDBO A. DX AZXYBSO. Cartas de quitagao del Rei D* Manuel (Continuado do volume F, pag. 4S0J Fazemos saber que nós encarregémos a Vasco Fernandez, nosso escudeiro, roorador na ilha da Madeira, do recebimento dos quartos dos a9acares da dita ilha, que a nót pertence, hsdor da alfandega da dita ilba, que Ihas outroti mandou entregar per certos encaì- zadores ; e 2405 arrobat do sobredito Fernam Coelho, almoxarìfe da dita alfandeca, pelot encaixaoores ; e as 3 299 arrobas do sobredito AntS Alvarez, almoxarìfe de Ma- chico, por certos encaixadores. E bem assi se mostra receber de avocar de retarne^ OS ditos aonos de 507, 5o8, 672 arrobas, a saber : io5 arrobas do sobredito Pero Rodri- gues por duas veses, e 71 arrobas de Salvador Graoaaxo por outras duas vezes, e ii3 arrobas do dito Fernam Coelho por outras duas vezes, e as 383 arrobas do dito Antam Alvarex. E de acucar refiaado, 40 arrobas ; e de conservas de toda sorte, 92 arrobas, 23 arrates. E 1:9^3:225 reaes em dinheiro, que recebeo de si roesmo per venda de certos a^ucares que Ine mandiroos vender pera despesa de seus carregos. Os quaes acucares, conservas e dinheiro se mostra elle. . . despender per nossos mandados. . . per bero do qual demos por quite. . . ao dito Vasquo Femandes... Dada em Sintra, a 28 de julho, Joham de Bairros a fez, anno de i5o9 annos. — Chancellaria de D, Manuel^ Hv. 5.*, fi. i5 V. ; liv. das Uhas^ fi. 174 v. Fazemos saber a quantos este nosso alvaré virem, que nós mandimos ora tornar conta a Vasco Femandez, escodeiro de nossa casa, de 33o:i5o reaes que recebeo, a sa- ber: 323:400 rs. per venda de 080 arrovas de a^uquar que recebeo, a saber : 700 arro- vas de huG por cento das renaas da ilha da Madeira do anno de 3c8 ; e 40 arrovas de huH por cento do dito anno da renda das ilhas do Cabo Verde ; e 200 arrovas do huG por cento do arrendamento das ilhas dos Acores do anno passado de 509 ; e as 40 ar- rovas do arrendamento das ditas ilhas do Caoo Verde do dito anno de 500. E os 6:750 rs. que falecem pera comprìmenio da dita soma, recebeo do Vigairo do Porto Santo, que se chama frey Vasco, dos tres quartos da sua roea anada. Dos quaes dinhelros entre- gou a Diogo Fernandez Cabrai, recebedor do huQ por cento e dos tres quartos, 3 26: i5o rs. per nossos mandados. ... e os 4:000 rs. tomou pera si do seu mantimento de 509. E por quanto dos 33o:ooo (sic) rs., que assy recebeo, nos deu muim boa conta. . per este presente nosso alvarà ho aamos por quite e livre... 0 quoal queremos que valha asy corno se fose carta asynada e asclada e pasada per nosa Chancelaria sem embarguo da nosa ordena^am. As quaes 980 arovas de a^uquar vendeo a rezao de 33o rs. arova com conselho do Provedor segundo seu regimento. Fello em Almeirim. aos io de julho de i3io anos. — Chancellaria de D. Manuel^ Itv. 3.% fi. 28 ; liv. 6,^ de Misticos^ fi. 83 v. (1). I Fazemos saber que foi tomada conta a Vasquo Fernandez Leborato, nosso escudeiro e almoxarife em a villa de Avis, de 3:010:936 reaes e i preto que recebeo, a saber : 378:250 rs. de Joham Pereira, almoxarife em Estremoz ; 3o3:834 rs. de Alvaro da Gama ''ue foi recebedor do almoxarìfado da dita villa de Estremoz ; 25o:ooo de Ruy Feman- les, recebedor do almoxarìfado de Portalegre ; i6:oo3 rs. e 3 pretos de Sabastiam Vaz que foi almoxarìfe em a dita villa de Avis ; 100:000 is. de Diogo Lopez Ribeiro que foi recebedor dos milhoes em Portalegre ; i5o:ooo de Joham Rodriguez, almoxarìfe de Vei- ros ; i6:328 rs. de Afonso Louren^o, recebedor das sisas em a dita villa de Avis ; 40:000 de Joham da Fonseca que foi pagador dos emprestimos ; 5:ooo rs. de Francisco Alvarez, nosso escudeiro ; 5:ooo rs. de Alvaro Mendez que foi recebedor em a dita villa de Avis; 2:280 rs.de frei Pedro, do Prior do dito convento de Avis. E os 1:642^)41 rs.,4 pretos, que fallecem pera comprimento dos ditos 3:010:936 rs. e i preto, recebeo o dito Vasco Femandez do rendimento das rendas que a Hordem tem em a dita villa e iugares que com ella andS, os quaes renderam des dia de sam Joham do anno de 80, até outro tal Ola do anno de 87, que sam sete annos. E bem assi Ihe foi tomada conta de 709 moyos (1) Publicado jà no Archivo dos Aqores^ voi. Ill,paj. 2oa 78 ARCHiVO HISTORICO PORTUGUEZ e 55 alquetres, 5 oitavas de trìguOf e de io3 xnoyos e 6 alqueires, 7 oitavas de cevada, e de 16 moyos e 5y alqueires de centeo, e assi de vinho, azeite e doutras cousas que re- cebeo pera despesa do dito convento e freires delle, dos quaes . . . deu boa conta. . . e por elle dar assi a dita conta. . . o daoios de todo por quite e livre • . Dada em Evora, a a6 de julho, Alvaro da Maya a fez, anno de 1497.— Chancellaria de D, Manuel, liv. 3o.% fl. 32 V. j liv. !.• do Guadiamo fl. 227. Mandàmos ora tornar conta em nossa Fazenda per Gii Alvarez, contador de nossa casa, a Vasquo Martinz, nosso cavaleiro e almoxarìfe em a nossa cidade de Cepta, de todo o que recebeo e despendeo os tres annos de 1494, 95 e 96. E mostrousse per a recada^am de sua conta receber o dito almoxarìfe os ditos tres annos estas cousas abaixo declaradas, a saber: de triguo, i638 moyos, 10 alqueires e meio; de farinha, 29 moyos e 4 alqueires ; de bizcoyto, 83 quintaes e 1 arrova ; de sacos, 3o; o qual tri- guo, farinha, bizcoito e sacos recebeo de desvairadas pessoas. E mais recebeo o dito almoxarife: de dinheiro, 2:5q3:32'3 reaes pera despcsa do dito almoxarifado ; e mais recebeo pera despesa das ooras que se fìzeram na dita cidade o anno de 94, de que Lopo Sanchez foy védor, e do anno de 96, de que Vicente Sodre foy védor, das quaes tambem foi tomada conta ao dito almoxarife, 427:160 reaes [de] desvairadas pessoas, contando aqui 7:o3o reaes que recebeo de Diogo Ribeiro, scprivam do almoxarìfado, que tinha em sua maao e Ihe foram entregues per manJado de Lopo Sanchez de bua execnqao que fez por nossa parte. E de quali fcalj^ 3:373 moyos, 2 alqueires; de tavoa- do, 280 duzias ej tavoas; de carros, 3; de aguieiros, 12; de pregos, i5:o53 ; de ferro, 39 quintaes e 3 arrovas ; de vigas, 81 ; de a<;o, 1 quintale 3 arrovas meia, segundo que todo mais compridamente se mostrou pella dita recada^am de sua conta. Das quaes cousas todas e dinheiro se mostrou o dito almoxarife dar muy booa conta ... e portante o damos por quite e livre . . Dada em Lixboa, a 16 de julho, ci Rei e Princene o man- d|>u, a Rainha sua irmaa, Regedor destes seus regnos e senhorios, asynou. Gii Alvarez a fez, anno de ì 4^.-- Chancellaria de D. Manuel^ liv. 3i.*, fl. 22 ; liv. das Ilhas, fi 72 v. eoo Mandàmos ora tornar conta a Vasco Martinz, cavalleiro da nossa casa e nosso al- moxarìfe em a nossa cidade de Cepta, de todo o dinheiro, ouro e prata, trigo, centeo, milho e cevada que recebeo em os annos de 5o3 e 6 e 7 e 8, e bem assy de todo a<;o, ferro, artelharia, madeira, tavoado e cousas que em o dito tempo recebeo em o nosso al- mazem. E pella recada<;am da dita conta se mostrou receber em todo o dito tempo 5:8oi:569 reaes destas pessoas, a saber: 3:995:900 rs. de Gon^allo de Sequeira, nosso tcsoureiro mor da Casa de Cepta, per certas pessoas que Iho entregaram, segundo se na dita recada^am decrara; e 1 conto que recebeo de Francisquo Pestana, recebedor da dita Casa de Cepta; 19:989 rs. das ter^as dos Comendadores; 20:800 rs. que recebeo de si mesmo per venda de 52 quintaes de bisquoito; 37:570 rs. de certos dizimos; 6i:5oo rs. de Atfonso Mixia; 585:ooo per i5oo cruzados de ouro de Femam de Espanha; 55:770 rs. de Pero Vieira, recebedor da dita cidade de Cepta; e os 25:ooo rs. que recebeo de si mesmo per venda de 12 moios de triguo e de 5 marcos de ouro que recebeo de Diogo Coelho, contador da dita cidade. E mais se mostrou receber 2:58 1 moios e 6 alqueires de triguo, e 74 moios e 40 alqueires de milho, e de 16 moios de centeo, e de 146 moios de cevada, e de 52 quintaes de biscouto que todo recebeo pera pagamento de soldos e mantimentos e ten<;as e resguardo do Capitam, e pera governancada dita cidade, segundo se mais compridamente contem na dita recada^am. E bem assi se mostrou receber p::ra 0 almazem da dita cidade : 8 quintaes, 12 arrates de aco; 9 bombardas gro^as cm que en- tra a espera, e 60 bestas gucarnecidas, e 9 camaras das ditas bombardas gro<;as, e aO tìros caes, e 48 camaras de ber^os, e quartaos, e 7 quintaes e 8 pastas de chumbo, e 20 tiros ber^os, e 34 espinguardas, e 33 quintaes, 1 arroba de ferro, e 2 fustas aprelha- das, e 9 lagartixas, e 397 lan^as, e 46 mafos, 4 marros, e 24 roachados, e de 1:297 pil- r" CARTAS DE QUITAgAO DEL REI DOM MANUEL 79 louros de chumbOi e 18 quìntaes, 25 barris de polvora, e 20 pic5es, e 6 pés de cabra, e 22 pia de ferro, e 100 padexes, e 4 poatorias de ferro, e io3o pregos contraes, e 1200 per- nos, e 888 rodas de barbante, e 1 barrii, e 2 quaxoes delie, e 12 quintaes de selitre, e 3:900 setas empenadas, e io cax6es dellas; e bem assi mutto tavoado de pinho e casta- nho, e couceiras e vigas e meias vigas^ e tra^adas, tavoados de curvalho, e pontoes tre- Sados, e a^uieiros e ripa, e outra multa madeira e tavoado e cousas que na dita reca- 393111 mais comprìdamente se contem e roostrou receber em os ditos quatro annos. Do qaal dinheiro, ouro, pam e artelharia, a^deira, tavoado e cousas . . . nos deu o dito Vasco Martine mnim boa conta. . . e por nos assi dar boa conta. . . o damos. . . por quite e livre. . . Dada em Santarem, a 23 de mar^o, Alvaro da Maia a fez, anno de 1 5 10 annos. — Chancellaria de D. Manuel^ liv. 3.* il. 8 ; liv. das llhas^ H. 179 v. eoi Mandimos tornar conta a Vasco Maninz, cavaleiro de nossa casa e almoxarife da nossa cidade de Cepta, de todo o que recebeo e despendeo os annos de 5io, 11 e 12 e do anno de 5i3. E mostrou-se receber 3257 moios de trigo de 60 alqucires o moio, a Mber : 247 moios, 45 alqueires de Pero Vieira ; 984 moios, 22 alqueires de Nuno Ribei- ro; 85 moios, 16 alqueires de Andre Vaz, recebedor da Casa de Cepta em Lixboa ; 32 moios e 38 alqueires que recebeo de mestre Duarte ; 140 moios, de Louren^o Mendez, sirooxarife em Qafìy ; 541 moios e 29 alqueires de Reroir Alvarez e Nuno Fernandez e Duarte TristS ; 81 moios e 16 alqueires do doutor mestre Felipe e Anrique Alvarez e Anrìque Fernandez e de Duarte Tristi ; 235 moios de Rui Diaz e Luis Fernandez ; 93 moios, a« alqueires de Basti! Fernandez, feitor nOdemirn ; 77 moios, 5i alqueires de Jorje Vaz, feitor em Mertolla ; 439 moios, 2 alqueires de Trista Diaz ; e os 1 97 moios, 59 alqueires que recebeo de Gonzalo de Sequeira. thesoureiro da Casa de Ce[>ta. E de 81 moios de cevada que recebeo do dito Gonzalo de Sequeira ; e de 61 3 quintaes de btzcoyto que r<:cebeo de Pero Vieira ; e de 108 barris de fariiiha que recebeo de Pero Vieira; e de 172 sacos, [iJ3o delles que recebeo de Andre Vaz e os 42 per compra ; e de 7:794:398 reaes que recebeo, a saber : 154:000 de Pero Vyeira ; 390:000 de Rui Go- mez, thesoureiro da Casa da Mina ; 2:988:362 rs. de Andre Vaz, recebedor da Casa de Cepta; i3o:ooo de Diogo Lopez, mercador; 111:006 rs. de Antonio da Costa; 585:ock> de Eytor Nunez; 114:400 rs. de mice Marco ; i56:ooo de Nuno Ribeiro ; 18:000 de Li- suarte (1) da Costa ; 1:81 1:1 5o rs. de Gonzalo de Sequeira ; 1:270:000 mais delle dito Gonzalo de Siqueira per Antonio Leite: e os 61:080 rs. que recebeo per venda de 43 capacetes com suas babeiras. E deste almaze e cousas abaixo decraradas oue recebeo de Pero Vieira, a saber : 10 alampedas ; 8 bnrris de alcatra ; 2 almofarizes de fazer pol- vora ; e de 6 auintaes de aqo, e de 23 alferces, e de 17 barris, e de 1286 rodas de bar* bante, e de 25 oancos pera veri^os, e de 2 colhares de pelouros ; de 12 quintaes meio de chumbo, e de 3 coynhas (cunhasj de cavouqueiros, e de 4 cadeados, e de 6 cordas ca- (onetes, e de i3 costeiras, e de 18 cadeas que fora de naao, e de 2 cnlabretes, e de 9 quarteyrollas, e de 170 caxas de setas mouriscas, e de 2 cantaros de cobre, e de 9 carré- tas, e 'de 5 or^as popas (f), e de 71 exadas, e de io quintaes e meio de enxofre, e de 4 escaletas, e de a junteiras, e de 2 ?xos, e de i escoupro, e de 38 quintaes, 1 arroba e meia de ferro ; e de 4 formas de fazer pelouros, e de 5 fouces de ro^ar, e de 1 farpom, e de a fustas, e de 1 fateiza, e de o fìas de péo, e de 1 fìsgua, e de 2 ferrolhos com suas fechaduras, e de 5 govemalhos; e de goivas, i ; e de 5o gybanetes, e de 1 26 lan^as, e de 46 Ihachados, e de 27 marróes, e de 2 mastos, e de 14 nieias vigas, e de 2 navalhSes, e de 4 ostagas, e de 1 orca novella, e de 54 barris de nolvora, e de 2 quintaes della de esplguarda, e de 25 padeses, e de 7 polés de cabra, e de i5 pic5es, e io pàs de ferro, e de 4 pés de cabra, e de 5oo pernos, e de 1359 pelouros de chumbo, e de i83 pelouros de terrò, e de 100 pelouros de ferro, e de 5 piques, e de 4 picaJeiras, e de 7 pontoens, e de 12 tavoas de castanho, e de 16 quintaes de salitre, e de 4 rodos, e 4 serras, e 19 ter^ados, e de 8 vigas, e de 3 vellas, e de 2 toldos, e de 2 torocas, e de 11 :ooo setas, e de (1) Està em abreviatura, L.t« ; cm leiturn ncva porem entcnderam Lanzarote e talvez este seja o verdadeiro nome. 8o ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ a verrumas, e de 4 tavolechinas, e de a3 duzias de ripa, e de 107 bestas de a^o, e de 5i tiros ber^os com 145 camaras e chaves, e de 8 booibardas grossas coid is camarai, e de 5i capacetes c5 seus barbotes, e 17 tiros cals de metal, e de 3 quartados, e de 1 bombarda espera, e de 24 espingardas, e de 4 falc6es com pìcamares e 4 chavetas^ede 6 lagartixas, e de^ rat^adoques de metal. Dos quaes dinheiro, trìgo, cevada e bizcoyto e farìnha e almaz^, e cousas acima decraradas, nos o dito Vasco Martinz, almozanfe, deu mui boa conta. . . e por nos assi dar boa conta. . . damos a elle. . . por quite e li- vre... Dada em Almeirim, a 3 de marqo, Alvaro da Maya a fez, de i5i6.—Os 61:000 rs. for5 per venda dos 43 capacetes com seus barbotes a 320 pe^a, e de 44 gibanetes a 7^0 pe, compareceu JoSo Antao, alrayate que disse que via guardar os sabbados a Catbarina Mendez e sua irrna oue faziam o comer da 6.* para o sabbado, sendo christas novas, assim comò a um al- fayate que morava defronte d'elle. No mesmo dia foi chamado Mestre Antonio que denunciou um individuo^ por alcunha Pio Relheno por ter dito que S. Pedro era urna cousa posti(^a, que nao tinha poder e a respeito de Nossa Senhora que so havia um Deus verdadeiro. • A 17 de dezembro compareceu Simao de Vera, criado de D. Pedro d'Almeida, que disse que n'um armario, em casa de Mestre Jeronymo, christao novo, encontrou um li- vro grande, escripto em h ebraico. No mesmo dia compareceu Caiharina Goncalves, mulher de Christovao Ferreira, que disse que Maria Fernandes, christa nova, mulher de Fernao Garcia, sapateiro, numa certa 2.* fcira estava vestida de festa, nao come, ncm o marido nem os filhinhos espe- rando que apparecessc a estrella para o fazerem, disse que Branca Mendes, christS nova, mulher de Manoel Lopes, tambem christao novo, alfayate, ausentc na India, aos Domin- gos fazia marmelnda e aos sabbados nao fazia cousa alguma ; tambem assim proceJiaai Catharina Fernandes e Isabel Machona. A 19 compareceu Catharina Goncalves, viuva, que disse ter umas visiahasque tra- balhavam ao Domingo e descan^avam ao sabbado. A 22 compareceu Pedro Anes, ferrciro, oue disse ser verdade que Beatriz deCa- ceres e Branca Lopes, christas novas, guardavam os sabbados, dias em que, na casa onde moravam, se junctavam muitas christas novas e um christao novo, vclho cres- po, e depois fìcavam com a porta fechada e com pannos lavados nas janellas. De mverno entravam antes de nascer o sol. Aos Domingos, as duas denunciadas traba- Ihavam, e quando o parocho vinha escrever 0$ nomes das pessoas por causa da confis- sSo, ellas, estando em casa, mandavam dizer que tinham sahido. No mesmo dia compareceu Guiomar Alvares, mulher de Joao Queimado, ourives que disse que a uma christS nova, irmS de Duarte Vaz, tabelliao, ouvira dizer a propo- sito d*uma coisa falsa que isso era tSo verdade corno «ho outro que diz que cono oito pSes e dous pexes deu de comer a tantas mil pessoas,,. No mesmo dia compareceu Ignez Fernandes, viuva, que disse que uma chrìstlnova, mSe de Isabel Antunes^ costumava aos sabbados pela manhS fazer certas resas, yestio- do nesses dias, ella e a filha, caraisas lavadas. A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRA2IL 85 A 3 de Janeiro de i538, em Lisboa^ nos Estdos, compareceu Antonia Cardosa, viuva, que ouvira dizer a Isabel Nunes, christa nova, que «toda a pessoa que vlvese na ley de Mousecn que nuca Ihe falle<;eria nada»; disse tambem que Manoel de fìrito, fìdalgo, ti* nha trazido de Tunis unia judia que tinha posto em casa d'ella por ser casado e ahi vi- nha fallar coni ella Fedro Alvares Branco, christno novo, sem a testecnunha entender coisa algutna, assim corno Isabel Nunes, que Ihc levava de corner. Maria Dias Pitadira, christS nova, que Ihe levava camisa, coifa e beaiilha e tambem de corner, assim corno •huti call^ado velho que andaua uendendo e cdprando por està cydade», os quacs fai- lavam com ella de maneira que a tesiemunha nftda entendia. No dia 3 compareceu Gaspar Nun^s, alfayate. de Pedrogao Pcqueno, que disse que Catharina Fcmandes, mulher de Simao Lopes, christao novo, passava os sabbados re- zando, vestida melhor que de costume. No dia 4 compareceu Ignez de Paria, viuva, que disse que costumava ir a casa do L.'** Gii Vaz Bugalho, do desembargo d'El-Rei, e quando ia aos sabbados tinha notado que o guardavarr, vestindo-se de festa, fìngindo-se doente o dono da casa para nao ir à Relai^So, a fìlha pondo a sua cadeia d*ouro e cota de chamalote e dizendo à escrava Maria, preta, que guardavam o sabbado que era o seu Domingo ; os cordeiros e galiinhas Ruanda varo-nos matar fora, a casa de Pedro Vaz, christao novo, d*onde vinha o pao asmo. A dona da casa Beatrìz Vaz dissera que nfio comia lampreia por ter nojo e Ihe parecer cobra ; os coelhos que appareciam mandavam-nos vender, nao comiam toucinho nem errala e corno houvesse necessidade da testemunha matar uma gallinha o Licenciado deu-Ihc um canivete para a matar multo depressa e fora de casa. Vira-os todos ires re- cando e a mSc do Licenciado la menta va-se do fìlho estar judcu. O Licenciado tinha uma Biblia em lingoagem. No dia 9 compareceu Isabel Fernandes^ mulher de Pedro Fcrnandes, barbeiro, e disse que Catharina Comes, soheira, e sua mae trabalhavam aos domingos e dias de festa o que ella sabia por ter ouvido dìzer a umas mulhcres com quem ellas estavam e guardavam os sabbados. No dia IO compareceu Balthasar Pires, escrivao dosorfaos, e disse que tinha visto Catharina Gomes trabalhar no dia de Natal, aos sabbados por os seus vestidos bons ^ nseadas d'aljofar ao pescoso. No mesmo dia compareceu Braz AiTonso que confìrmou o depoimcnto anterior quanto a Catharina Gomes. No dia 14 compareceu Guiomar Luiz, mulher de Baltazar Pires, que confìrmou o depoimento d'elle, dizendo que tinham espreitado Catharina Gomes por urna greta do sobrado e a tinham visto em dia de Natal iavrando em uma almofada, tendo uma cada' ft^^ tao grande corno a almofada onde lavrava e era allumiada por uma candeia inetida num mancebo ; aos domingos e dias sanctos via-a coser e sabia que ella possuia duas meadas d*aljofar, uma com cxtremos d'ouro e outra sem extremos, além d'urna pera d'ambar e umas manilhas d'ouro grossas nos bra90s e um collarinho d'ouro aiocìiado o que tudo prova que nao era por necessidade que trabalhava. Uns sabbados guarda- va-os e outros nao. Quanto ao costume disse que se tinham zangado, apesar da teste- munha nao querer mal é denunciada. No dia i5 compareceu SebastiSo Coelho que disse que estando a fallar com Catha- rina Gomes ella Ihe disse que jeiuava e que o fazia por occasiao das fcstas dos christaos novos. No dia 16 compareceu Belchior Fernandes que disse que. indo comprar unsgaboes de bure! e uns cal^oes a uma fanqueira, Anna Dias, christa nova, ella suppozera que eram para um judeu cujo elogio fez e acrescentando que os gaboes tinham sido cosidos por tres mulheres com muitas ben^aos. No dia iS compareceu Lopo Soares, clerigo de missa, que disse que tinha recebido 96 ARCHRTO HISTORICO P0RTUGUE2 à porta da egreja de Santa Josta Fedro Affonso com Filippa Vaz, assim corno JoSo Goa- falves, trabalhador na Casa da India, com Catharìna Comes. No dia 19 compareceu o Bacharel André Pires, juiz do crime de Lisboa, que disse que, indo no cumpritnento das suas fuaccoes a casa d*um christlo novo em cata d*um ladrao; à sahida, os homens que tinham ido com elle e que tinham ficado é sua espe- ra, Ihe entregaram 3 ou 4 IWrós, em hebraico que tinham lan^ado d'urna janella para fora. Dias depois Gonfio Fernandes veio pedil-os, dizendo que pertcnciam a «huQ judeu destes de synaes de Fez que aquy andam», depois disse-lhe que se os niu querìa dar a elle que os desse a Nuna Henriques Mendes que bem lh*os pagana. O Dr. Joao de Mello inquisidor que presidia sempre a estas inquiii^óes mostrou entao uos livros à testemu- nha, que ella confìrmou serem os mesmos. Egualmente nelles Ihe faliou o Licenciado Gii Vaz Bugalho. No dia ai compareceu Fedro Affonso bainheiro que disse que, querendo entregar umdinheiro a Braz Affonso, christao novo^ este, por duas vezes, nSo consentirà que o fìzesse ao sabbado. No dia 21 compareceu Beatrtz Franco que disse que Catharina Fernandes eseu marido Gabriel Dias moravam na sua ioja por debaixo d'ella ; via-os guardar os sabba- dos, ella vestir camisa lavada. Disse mais que ouvira dizer que Maria Rodrigues era bruxa. Espreitava os por um buraco e quando a testemunha foi chamada é InquisÌ9So vio-a entao subir com a la embrulhada num len^ol. No dia 23 compareceu JoSo Rombo que disse que Mestre Nicole u, francez, pedreiro, Ihe mostrara uma mandracolla que trazia, do tamanho d'um palmo e «era figura de macho co cabellos na barba e S todallas outras partes» com o qual objecto alcani^ava quanto dese)ava. No mesmo dia compareceu Manoel Borges, que esteve na quinta de Fernao de Barros, ao chafariz de Arroyos, e accusou Fedro Fernandes e sua mulher Isabel Fer- nandes, comò judaisantes. No dia 7 de fevereiro compareceu Andrt^ Diniz, sapateiro, e denunciou o seu col- lega Manoel Rodrigues, por ter dito que nunca se fez milagre maior do que a resurrei- qsLO de Lazaro ; accusou tambem o sapateiro André Comes, dizendo que os dois eram christSos novos. No mesmo dia compareceu Catharìna Fernandes, mulher de mestre Lodo «sollor- già», que disse que é visinha de Marìa Ana, viuva, Maria Fernandes, Cuiomar Fer- nanaes e Ana Fernandes, suas fìlhas, christSs novas que guardavam o sabbado e nesses dias «depois de jantar tornava seus mStos e se hia as ortas a folgar», nao as via ir a egreja e so a mae o fazia, havia pouco tempo. Quanto ao costume disse que se nao fallam porque ellas a mandaram citar por supporem que ella testemunha Ihes chamava ladras. No dia 18 compareceu Bartholomeu Rodrìgues, escrivlio do crime, que disse Isabel Fernandes Ihe contara que celebrara a festa da Paschoa. No mesmo dia compareceu Anna Rodrìgues, mulher de um pintor, Christovao Treque, que disse que indo à Ribeira a uma venda de carvSo d'uma preta, està Ihe per^ guntou que novidades havia e se a Inauisi^io vinha, e corno a testemunha Ihe dissesse que era uma coisa multo santa, ella Ine respondeu, fazendo fìgas, e dizendo que eram para o rei, para os seus conselheiros e para o papa «porque por derradeiro ham deficar por que som e for^a do dinheiro ha dacabar tudo». (1) (1) Foi publicada pelo sr. Sousa Viterbo a pag. i52 da sua Noticia de alguns pin* tores. A INQUISig&O EM PORTUGAL E NO BRAZIL 87 No dia 19 compareceu Jeronvoio Ferraz, cavalleiro fidalgo da casa d*El-Rei, que disse que, quando no anno passano se dissera que tinha acontecido um milagre num chrìstSo novo, veio a Lisboa urna Joanna Rodrigues, chrìsta nova^ roulher de Pedro Lopes, tambem christSo novo, moradores em Torres Novas, e Joanna Rodrigues Ihe disse que a mulher do Licenceado Gii Vaz Bugalho era judia e o Licenceado tmha a Biblia e on- tros livros, assim corno que um certo Diogo Pires, judeu, quando foi queìmado fora arrebatado das chammas, dando ainda ella mais provas de judaismo. No dia la de Mar^o compareceu Bamabé de Sousa, fidalgo da casa d'EURei, filhO de Jo3o Vaz d'Almada, que disse que Branca Nunes, christa nova, quando a nata sahia Ihe punha a mSo no rosto, descendo com ella, dos olhos para baixo e dizendo ; «boat fadas que te fadem». No dia 18 compareceu Maria Lettoa, mulher de Alonso Maldonado, que esté na India, que disse que Henrique Vaz, christao novo, casado com Catharina Lopes, jà falle- cida, quando està falleceo nSo consentio aue a testemunha o viesse dizer, nem que ficasse em casa a fazer companhia à familia da defunta e, estando à porta da ma, vio a criada trazer urna panella nova e urna tijela nova, com agua com que lavaram a defun- ta. Quanto ao costume disse que se nao fallam porque elTes dizem que ella testemunha Ihes chama judeus. (Ao lado tem a nota de «suspeita»). No dia ai compareceu Irta Femandes que disse que Margarida Lopes, sua amai chrìsta nova, guardava os sabbados, na sexta-feira à tarde mandava-lhe accender as candeias e és vezes até faziam o corner ; na quaresma fazia duas paschoas, numa nSo comia senio pao asmo e noutra comia em tigellas e louj^a nova, és ytte% a de pSo asmo cahia na nossa paschoa e entio nSo comiam carne ; jejuava frequentes vezes, nlo ia à missa, e confessava- se e commungava. Quanto ao costume disse que nSo desejava mal a sua ama e roga que Ihe nao fa^am mal e que o que disse foi por descargo da sua consciencia. No dia 32 compareceu Gracia Alvares, vi uva, qua disse que, estando em Aveiro, em casa de Miguel Gomes, christao novo, tamb em là estava Filippa Rodrigues, sua mie, a qual ella via és sextas-feiras accender ca ndeias, tel-as assim toda a noite, na sexta-feira fazer comer para o sabbado, neste dia nao fazia nada, e numa sexta-feira d*en- doen^as a vio trabalhar. No dia i5 de maio compareceu AfFonso Vaz, alfaiate, christao novo, e disse que estando na Ribeira, junto das cami^arias, conversando com Duarte Femandes, anzoleiro, este Ihs perguntou «que no tempo que os judeus andavam no deserto quando sayrS do £gito e nam . . . os fìlhos por causa do caminho, se Deus Ihes ha via aquillo comtado por pecado», a testemunha respondeu que oaté a quelle tempo nom era dada alley aos fudeus poreque Deus Mandara a Josué que fizesse navalhas agudas e que sayri aquelles cno^os que nascerà depois que sayra do Egito até aquelle tempo» e o dito Duarte Fer* nandes respondeu que «pois eses por esa causa n e Ihe foi comtado por pecado que fa* remos nos outros que por medo o nam fasemos». No dia 14 d^agosto de iSSg compareceu SebastiSo Femandes, alfaiate, que disse que Fernando Alvares jejuava aos domingos, assim comò a mulher Maria Femandes. Quando faziam isto é noite comiam gallinha, carneiro ou gallo ; a Maria Femandes nSo ìa à missa senio quando se confessava e commungava; és sextas-feiras fazia comer para OS sabbados, neste dia divertia se e vestiam os dois camisas lavadas; aos domingos tra- balhava e aos sabbados nao accendia fogareiro, nao comiam senio bolos d'azeite e as« mos; nas sextas feiras accendiam mais candeias d'azeite que nos outros dias. Disse tambem que em casa de Fernando Alvares estiverà fogido mestre Thomaz. naturai de Elvas,por causa da Inquisi^io, a quem ouvira rezar em hebraico; és sextas-feiras é noite accendia candeia e assim a de ixava estar accessa até que ella se apagava ; és sextas-fei- ras se ajuntavam muitos christio novos com mestre Thomaz, ao sabbado divertia-se e ao domingo trabalhava. Disse mais que Manuel Dias e sua mulher Leonor Lopes, pousa- vam em casa de Fernando Alvares e faziam o mesmo que elle fazia. Quanto ao costu- me disse que tinha tido alterca^io com o Alvares, e este Ihe chamara ratinho. Ainda acrescentou que no sabbado é noite comiam figado. 88 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ No dia 18 de agosto, nas casas do dr. Joao de Mello, conpareceu Jorge Fernandes Que disse quo Antonio i^endes e sua mulher Filippa da Costa, christaos novos, traba- Itiavaoi aos domingos, nunca a vira na egreja^ parecia-lhc que guardavam os sabbados. Quanto ab costume disse que os denunciados nao gostavam d'elle por os ter aconse- Ihado a serem bons christaos. No dia 20 de niarco de 1540 nas pousadas do dr. Jo3o de Mello compareceu Isabel Fernandes que disse que ella testemuaha «morou e Vallverde até que EÌ-Rèi nosso sor veo pera os estaos* de fronte de urna Catharina Fernandes, christà nova, tenJeira que guardava os sabbados, fìngindo-se doente para nao vender, aos domingos trabalhava. Nas sextas-feiras a noitc acendia em cada casa um candeeiro d*azeite e nos outros so urna candeia; nos sabbados vestia camisa lavada e «saynho de chamalote» e «saya ver- melha» e manilhas d*ouro nos bra9os e seus anneis e cadeia d*ouro. No dia 22 compareceu Lopo Fernandes, sapateiro, que disse que Catharina Fernan- des, christa nova, nao costumava ir à missa, guardava os sabbados, pondo entao um panno na cabe^a para se fìngir doente, ao domingo vendia na sua tenda. No mesmo dia Ignez Pires, mulher de Alvaro Dias, compareceu e disse que Ca- tharina Fernandes fìngia-se doente aos sabbados para nao trabalhar, aos domingos lavava a lou9a ó porta e outras vezes mandava albardar um burro e sahia, dicendo que la a Cascaes e a Belem, mas dizendo a visinhan^a que ella ia lavar fiado a Alcantara. Antes devir a Inquisi^ao, na noite de sexta para sabbado, costumava ter accesos tres ou quatro candeeiros d'azeite, mas, depoii d'ella vir )à se acautellava mais. Ouvindo pregar disse que o pregador era um «padrelha castelhano». No mesmo dia compareceu Margarida Anes que disse que Catharina Fernandes guardava os sabados e trabalhava aos domingos. No dia 19 de julho «nas casas da Santa lnquisi<;ao», compareceu André Fernandes que disse que Gaspar Fernandes, dissera ter ouvido a um pregador que Christo dever apparecer no dia de juizo nao era verdade (Até aqui todos os depoimentos, com exce- p^ao dos primeiros, foram feitos na presenca do Inquisidor dr. Joao de Mello). No dia 16 de dezembro de 1640 em Lisboa, nas casas da Santa Inquisi^ao, na pre- senta do LA^ Jorge Rodrigues, inquisidor, compareceu Pedro Barbas, clerìgo de missa e beneficiado na egreja de Santa Maria do Castello de Torres Vedras, e disse que tindo a fallar com Pedro Annes Polveira na prisao do christao novo, Vicente Fernandes, aquelle Ihe dissera ter ouvido ao preso que quem vivia na lei de Moysés vivia mais fico que na lei de Christo. Quanto ao costume disse que nao tinha boa vontade a Vi- cente Fernandes por andar em demanda com elle. No dia 20 «em as casas onde ora pousa o L. No mesmo dia compareceu Alvaro Dias que disse que Catharina Fernandes. agora presa, guardava os sabbados, trabalhava aos Doroingos e que, quando pelo Val verde, onde eUa mora, passavam os cadaveres que iam do Hospital para S. Roque ella nao fa* sia reverencta d crux e so depois de passar o acompanh amento dizia «Deus nos de sau- de« e que, quando foi o auto que se fes na ribeira em que queimaram o Montenegro ella com isso se mostrava agastada. No mesmo dia compareceu Guiomar Correia que disse que mòra numas casas on- de YÌvem uns mouriscos, onde esté um Jo3o Verde que tem tido questSes com outro homem, dizendo os dois que urna certa Isabel é sua mulher ; por causa d*isso foram ao Vigano geraì que mandou que a Isabel sé pertencesse ao sobredito mancebo, nSo po- dendo JoSo Verde fazer-lhe mal. Jo^ Verde, zangado por causa d*isto, disse que Mafa* mede era muito bom homem. Tambem ouvio dizcr a Cecilia Fernandes que elle tinha affirmado que Barba róxa havia de tornar Lisboa, entrando por Cascaes, ao que Cecilia Fernandes respondeu que grande era o poder de Deus, ao que Joao Verde retrucou que a cabra tambem era grande porque dava 13 e carne. No mesmo dia compareceu Cecilia Fernandes que confìrmou o que a testemunha anterior disse que ella tinha ouvido. No mesmo dia compareceu Isabel Gon^alves mulher de Sebastiao Fernandes que disse que JoSo Verde Ihe tinha dito que nao trabalhava num dia de trabalho, nao sabe a testeodunha o motivo. No mesmo dia compareceu Luiz Nunes, al fatate, que disse que Isabel Comes, viu- va e christi nova, jejuava num dia de festa dos judeus e, questionando com uma vizinha, disse que havia de morrer comò judia. Como morresse um christSo novo, perto de sua casa, isMbel Gomes vasou quanta agua tinha em casa, o que a testemunha nip sabe se sena alluma ceremonia judaica. Quanto ao costume disse que quer mal a Isabel Gomes e nao falla com ella* No mesmo dia compareceu Catharina Fernandes, mulher de Luiz Nunes, alfaia- te e disse ter ouvido a seu mnrido o que consta do seu depoimento acima, tendo -o ella acotiselhado a vir delata r é Inquisi^ào e «que neste meyo o prenderao». Tam- bem disse que uma sua comadre Ihe declarara que Catharina Fernandes jejuava à 6.* feira até que via a estrella, quando vinha a Paschoa comta azeitonas e pio sem sai por tristeza. Quanto ao costume disse que nao fallava a Catharina Fernandes e ihe queria maL No dia 7 de fevereiro compareceu SimSo Alvares que disse ter ouvido a um chrìs* tSo novo, por alcunha, o Cagajote, quando a testemunha Ihe ia entregar um escravo, invocar o nome de Deus, jurando. (Citou testemunhas que foram Jo3o Quaresma e Dio- go Vieira). No mesmo dia compareceu JoSo Quaresma que da mesma forma accusou corno blasphemo o Cagajote. No mesmo dia compareceu Diogo Vieira, homem mourisco, que accusou da mes- ma maneira o Cagajote. Os tres prenderam um negro, escravo d*este Cngajote, que le- vava roupa furtada e corno Ihe exigissem tres tostoes pelo seu trabalho e elle ofTerecesse so tres vmtens e depois seis, elles entao disseramlhe que o levariam ao tronco, e o Ca- gajote respondeu que o podiam fazer e «que n5 creo em Deus se o solto». No dia 8 de Fevereiro compareceu Maria Torres, solteira, que disse que ouvira a Antonia Vaz mourisca, que seu marido, tambem mourisco, e que anda a marióla se queria tornar mouro, partir para terra de mouros e leva-la comsigo. 94 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ No dia 14, nas pousadas do L,^ Jorge Rodrigues, inc^uisidor, compareceu Cathan- na^ mourìsca captìva, que disse que ouvira dizer a Maria ternandes, que um^lerìgobis* cainho dìssera que umas itnagens que ella tinha na parede n3o eram senSo papeìs e que, vindo a testemunha da préga^So na Sé, elle zombara d'isso. Citou urna testemu- nha. No mesmo dia compareceu Apolonia do Rego que disse que um seu genro, por no- me Diogo Le5o, mourisco, eatando a conversar com ella Ihe perguntara se cria que Ma- famedc fosse homem sancto, ao que a testemunha respondeu que Mafamede era o dia- ho e que estava no inferno, com o aue Diogo de LeSo tivera grande paixao; accusava-o tambem de rasgar imagens e de as deitar «em huua onde fazia seus feytos*. Quanto ao costume disse querer mal ao genro por nao ser bom chrìstSo, e por outra cousa Ihe nSo queria mal. No dia i5 compareceu Phitippa Pires, que disse que vio tres domingos, juncto do adro de Santos, na horta de Alonso de Barreira, christao novo, andar a nora e d*isso se queixaram os seus escravos, dizendo que Alonso Barreira os fazia trabalhar aos Domin- gos. Citou corno testemunha Antonio Fernandes que vende agua e fhicta debaixo das varandas da casa da India. No mesmo din compareceu Pedro Annes, teceiio, morador em Setubal, e disse que em Setubal vive uma christl nova, chamada Leonor Serrana, i qual nSo via ir à igreja, assim corno a uma outra christl nova, cujo nome nio sabe. No mesmo dia compareceu Domingos Pires e disse ser publica voz que o ma- rido de Maria Rodrigues, agora preso, que Ihe parece chamar-se Joao Rodrigues, é chrisiio novo, guarda os sabbados. Tambem é voz publica que Maria Rodrigues é bru- xa e disse à testemunha que antes queria estar no inferno que em Alfama, porque ahi mataram os judeus. Disse mais que quando Jo3o Rodrigues anda a pedir de porta eno porta leva sempre uma figa feita e na visinhan^a se dizia que era por causa dos Chris- taos velhos. Disse tambem que, estando d*uma vez a comer carne de porco, Ihe entrara pela porta Maria Rodrigues, que nio quiz acceitar o offerecimento que a testemunha Ihe fez e antes sahio pela porta fora. No dia i6 compareceu Lopo Homem, que faz cartas de marcar, e disse que indo folgar para Santos ouvira dizer, numa altercarlo, que Alonso Barreira fazia trabalhar os escravos ao Domingo, o que a testemunha tambem vio. No dia 17 compareceu Antonia Fernandes que disse que tinha visto andar na horta de Alonso de Barreira trabalhando ao Domingo. No mesmo dia compareceu Beatriz Alvares que disse que bavere 3 ou 4 aimos oa- ▼io dizer que indo o parocho de S. Vicente com o Santo Sacramento a uma casa por debaixo d'onde morava Maria Rodrigues, que agora està presa, e estando numa mesa, cablo de cima ourina, explicando a Maria Rodrigues isso, dizendo que era roijo de gato. Ouvio tambem dizer que Maria Rodrigues dizia que os christSos adoravam as pedras. No dia 19 compareceu Diogo Homem, escudeiro do Duque de Bragan^a, que acca- sou Francbco Vaz de proferir blasphemias. No mesmo dia compareceu Isabel da Costa que accusou Francisco Vaz de blasphemo. No mesmo dia compareceu Ana da Costa que foi perguntada sobre o caso de Fran- cisco Vaz e disse nada ter ouvido. No mesmo dia compareceu Genebra Dias que declarou que, depois do sino, é noite, Francisco Vaz viera bater A porta d*ella e, corno a nSo quizesse abrir, arrenegara de Deus e de Santa Maria e de todos os Santos. Quanto ao costume declarou querer mal a Francisco Vaz. No dia 2a compareceu SebastiSoDias, tomeiro, que disse que Onofre Sanches, castel- A INQUISigXO EM PORTUGAL E NO BRAZIL gS hano, marceneiro coro quein a testemunha trabaiha óiz frequentet vezes que arrenega da encarna93o de Deus. Citou testemunhas do facto, urna das quaes é Femio Manhoc. Quanto ao costume disse que o Onofre o ìnjuriava e por isso Ine nao falla. No mesmo dia coropareceu Fernao Manhoz, marceneiro, e disse ter ouvido a um cu- nhado de Onofre Sanches que elle era blasphemador e arrenegava e descria de Deus. No dia 26 foi interrogada Maria Rodrigues que disse que Isabel Comes, christS nova, jurara pela vida de Deus que Francisco Cabrai era seu marido, e dissera raivala, raivala que judia bey de morrer. No mesmo dia compareceu Maria Femandes que disse que Isabel Comes, agora presa, Ihe tinha dito que nunca dissera raivala, raivala, o que era uma calumnia que Ihe assacara Catbarina Femandes ; disse mais que é 6.* feira a via accender uma candela, fazia o corner para ó sabbado e que, levando a enterrar uma pequenita à egreja da Madda- lena, quando veio para casa vasou toda a agua que tinba e comprou agua fresca. Citou differentes testemunhas. No prìmeiro de Mar^ o compareceu Affonso Dias, escudeiro da casa d*El-Rei, que disse que André Mendes, taberneiro, Ihe contara aue estando em sua casa a jogar as tavolas, vieram a fallar em Nosso Senhor e um cnristSo novo Ihe chamara papudo, motivo por que André Mendes Ihe quiz bater. No mesmo dia compareceu Braz Affonso aue disse que nunca via ir à missa a Ca- tbarina Vaz, christa nova, ao Domingo trabalhava e ao sabbado nSo. Por este motivo a testemunha Iho exprobou e se poz mal com ella. No dia a de Mar^ o compareceu Antonia Quaresma que disse ter casado com um Bartholomeu Antunes e apezar d'isso este se foi casar com a fìlha d*um moleiro. Citou testemunhas para comprovar o seu casamento e uma sentenza. No mesmo dia compareceu André Mendes, escudeiro do conde de Linhares, que disse que na sua taberaa um christSo novo chamara a Deus cap eludo ou papudo. No mesmo dia compareceu Victoria Fernandes que disse que a Catharina Feman- des, christa nova, via^ metter-se para dentro de casa e fechar-se quando pela sua porta iam a passar uns clerigos, com a cruz e um cadaver. Que està Catharina Fernandes fo- giada Cruz, que ensìnava a ora^So és avessas a uma negrinha que tinha, com quem d'u- rna vez se zangara e que mandando-lhe fazer o signal da ctuz, comò ella o fizesse com um dedo, ella o mandou fazer com os dedos junctos. A's 6.** e sabbados via-a andar com beatilhas lavadas, nSo querendo nesses dias vender carvao, o que fazia ao Doroin* go. Tambem disse que o pae da testemunha vendia carne de porco, vacca e cameiro e Catharina Femandes nunca Ihe comprava sen§o de vacca e cameiro e que quando, d'u- rna vez entrou em casa da testemunha e vio toucinho disse que se Ihe embrulhava o es« tomago. No dia 3 de Màr^o compareceu Joao Affonso, clerieo de missa, beneficiado na igreja de S. Mamede, que disse que na taberna de Andre Mendes ouvio dizer a um christao novo, cujo nome nao sabe, que Deus era um papudo. No dia 5 compareceu Maria Jorge que disse que ouvira a Isabel Comes que està presa que judia tinha nascido e judia havia de morrer. No roesme dia compareceu Catharina que està em casa de Maria Jorge, sua irmS, 3 uè disse que ouvira dizer a Catharina Fernandes que Isabel Comes, agora presa, tinha ito : Judia nasci, judia bei de morrer». No dia 9 compareceu Bartholomeu Almunha, valenceano, que disse que, estando etn Fez, ouvira dizer que um christSo de Lagos, chamado Duarte, levara um christSo e 0 deixara empeohado a um mouro, aconselhando-o a que se tornasse mouro, o que 96 ARCHIVO HISTORICO PORTOGUEZ elle fex. O mouro a quem o christio foi veadido era um mouro «que fora de Portagal dos velhos». No dia 14 compareceu Pedro Dias que disse que Antonio Fernandes, ferreiro, corno a testemunha era, Ihe tinha dito «que Deus quando foy crucifìcado pagara polos pasa- dos e presente» e por vyr e que naào avya ahy majs purgatoreo e que neste mGdo pur- gavamos e que quSdo moriamos hyamos caminho do paraiso». A isto retrucou a teste- munha que elle la errado porque a Santa Madre Egreja dÌ2Ìa o contrario e n'isto appa- receu terceira pessoa e interrompeu a conversa. Tambem disse que ouvira a uoi mestre )à fallecido da officina de Antonio Fernandes que elle, que agora està jé preso, a mulber e fìlhos comiam carne toda a quaresma. No mesmo dia compareceu Anna Martins que disse que vive defronte da casa d'urna fìlha de Mestre Pedro, que ensina as damas a dannar, casada com um «tangedor» do Infante ; n'esta casa trabalha-se ao domingo e guardasse o sabbado. Disse mais que, vindo a Lisboa uns christSos novos de Leiria, um d'elles ChristovSo Louren^o e outro filho de Fernao Nunes, e indo a testemunha a uma estalagem onde eìles estavam na praqa da Palha, para ver a sua mercadoria, a uma sexta-feira, encontrou um com urna tìgela de caldo de gallinha na mao e o outro ao pé, dimoiando os dois, havendo no chao ossos que pareciam de carneiro; estavam ambos sSos e rijos. Quanto ao costarne disse que ralhara com a mulher de Mestre Pedro por nao ter probibido a fìlha de varrer ao domingo. No mesmo dia compareceu Guiomar Alvares que disse que Filippa Correia, caste- Ihana, que tem fama de chrìsta nova, no domingo pela manha mandava varrer a casa. Tambem ouviu dizer a testcmunhas que citou que Filippa Correla lavava e coiia ao domingo. No mesmo dia compareceu Clara d*Aguiar e denunciou Catharìna Fernandes, que està presa por assoalhar roupa e vestidos nos dias sanctos. No mesmo dia compareceu Catharìna Fernandes que disse que vira nura dia sancto éi janella de Catharìna Fernandes, que agora està presa, assoalhar roupa de cama com ccabe^des» e len^oes. Ouvio Jizer que està Catharma Fernandes quando Ihe passava a Cruz pela porta abaixava a cabeca e nao a fìtava ; ouviu tambem dizer a uma negra de Clara d'Aguiar que vira entrar pam casa de Catharina Fernades, num domin^^o, urna irma d*elta vestida de semana e trjzcndo debaixo da mantilha um volume que parecia almofada de lavrar. Ouviu tambem a uma ama d'Antonio da Cunha que uma visinha de Catharìna Fernandes a espreitarn e a vira comer carne à sexta-feira; ouviu tambem dizer que Catharìna Fernandes, a proposito do toucinho que Ihe metteram na panella, disse que era uma pouca de pe^onha e nao o quiz comer. Quanto ao costume disse que aborrece Catharina Fernandes por scr me christa. No mesmo dia compareceu Filippa Rodrìgues que disse ser visinha de Catharina Fernandes, que agora està presa, e por isso a via andar de semana com as «suas beati- Ihas» e co sabbado punha Ihes por cima uma toalha lavada e que quando foi o auto da Inquisirono contavam as vizinhas corno um negro va^ra um olho ao Montenegro e Catharina Fernandes respondeu que assim visse ella o negro arrastado; e diziam mais as vizinhas, a proposito do Montenegro que elle nSo queria oihar para a Cruz e Catha- rìna Fernandes respondeu que Deus sabia onde cada um iria ter. Que d*uma vez estava Catharìna Fernandes chorando, dizenJo é testemunha que era por Ihe terem mettido na panella toucinho e estopa ; Joanna Carvaiho que tinha feito està partida affirmou à testemunha 4ue era semente toucinho. Ouviu dizer que Catharina Fernandes quando passava a cruz do hospital baixava a cabeca e a nao queria fìtar. Quando passava algum cadaver Catharina Fernandes dizia : «Deus vos de saude». Disse tambem a testemunha que, indo d'uma vez ao mosteiro de Chellas, com Catharina Fernandes, està depois disse ter ido aos perdoes de S. Francisco, o que a testemuha n§o quiz desmentir. Quanto ao costume disse nao ter boa vontade a Catharina Fernandes. No mesmo dia compareceo Ana Nunes que disse que Catharina Fernandes, que agora esti presa, guardava os sabbados ; ouvio dizer a uma sua escrava que ella tinba A INQUISigÀO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 97 dito, quando queimaram um hereje, que tinham morto um innocente ; ouvio dizer que, quando Ihe metteram na panella toucinho, ella disse que tinha là sugidade e estopa. Que vio d'urna vez passar a cruz do Hospital e entao Catharina Fernandes, que estava dobando, abaizara os olhos corno que nao querendo olhar. A' testetnunha disse um irmao que um escravo de Catharìna Fernandes Ihe affirmara que cornerà carne na ves- pera d'Ascen^io. No mesmo dia compareceu Magdalena d'Aguìar, captìva preta, que disse que Catha* rìna Fernandes num dominso assoalhava roupa à janella e, quando pozeram as he- resias à porta da Sé e Ihe disseram que queriam queimar o homem que as tinha pos* to, Catharina Fernandes respondeu mataram um innocente. No mesmo dia compareceu Antonio, mo^o de Clara d*Aguiar, a quem nao foi dado jurameoto |>or parecer menor de 14 annos, que disse que um mulato de Catharina Fer- nandes Ihe disse que ella comera carne na vespera da Ascen9&o. No dia 16 compareceu Roque Martins e disse que na villa d'Aveiro ouviu dizer a Catharina Fernandes, a Isabei Pimentel e a Antonia Nunes que ouviram dizer a um christSo novo chamado Thomaz Fernandes «que justi^a de Deus viesse sobre aquella casa e que no avya justiqa e Aveiro que Ihe botavSo sua mulher fora d*ali porque no qaeria acoutar a Christo corno ellas taziàu». Ouvio tambem dizer a Isabei Lamega e a Isabei Pimentel que, no mo&teiro de S. Domingos, é hora de missa, entrara Id um cbrìstào novo a perguntar pelo rendeiro da alfandega e sentara-se pondo a mào sobre OS olhos para nao ver o Santissimo Sacramento. No mesmo dia compareceu Tristao Felippe, criado de Antonio da Cunha, contador dos contoS} e disse que Catharina Fernandes, que agora està presa, fora vista por elle^ frìgindo peize com manteiga numa vespera de Nossa Senhora d'Agosto. No mesmo dia compareceu Joao Anes que disse que ouvira a um Henrique, in- glez, «que o emperador havia de tornar conselho com os Imgreses e se no quiaesse que elles avySo de por huù emperador a sua vontade e que o papa naao podia fazer o que elle faz porque no tinha ese poder porque sam Pedro andava descal<;o e que este anda cuberto de brocado e nao faz nada senao por dinheiro e que os clerigos que na sua terra que erao casados e que sera bem que fossem casados». Ainda esse inglez disse mai das imagens. Quanto ao costume disse ser amigo d'este inglez, com quem ganhava a Vida porque elle era vendedor de trigo no Terrei ro do Trigo. Ainda acrescentou que Ihe perguntara com quem elle se confessava e o inglez respondeu que com certo indi* viduo e corno a testemunha Ihe dissesse que esse individuo nfio tinha ordens de missa 0 inglez retrucou que isso nio fazia mah No dia 19 compareceu Ana Fernandes, testemunha citada pela anterior, cujo de- poimento confirmou. » No mesmo dia compareceu Antonio Dias, naturai de Campo Maior, agora em Lisboa de passagem para a India, e disse que na Venda do Ouque, entro Arrayollos e Estre* moz, estava là pousada Justa Rodrigues, christa nova, e comò a testemunha, por dissi- mula^ao, se dissesse tambem christa nova, Justa Rodrìgues dissera-lhe que ia de Lisboa fugida poraue um homem a accusava perante a inquisi^So. Continuando a conversar perguntou-lhe a testemunha quando viria o Messias ao que ella respondeu que nao sa* Dia eque antes consentirla ser queimada do que «cuidar que Jcsu Christo nem Santa Ma* ria ihe aviao de caber na boca;> disse mais que seu marido fora preso pela Inquisirlo, Quanto ao costume so n 'aquella occasiao com ella se encontrou. No dia 23 compareceu Antonia Lopes, mulata, que disse que quando foi o auto da InquisÌ9ao e queimaram o Montenegro, ouvio a Maria Rodrigues, christa nova que agora està presa, quando a testemunha Ihe dizia que o Montenegro nao quiz morrer bom chdstào ella retrucou. «E se vos a vos disesem que vos tornaseis moura tornar-vos hyes». Ao que a testemunha disse que nio e Maria Rodrigues respondeu: «Pois assim gS ARCHIVO HISTORICO PORTUGOEZ somos nós». Perguntou ella mais é testemunha : «Depois que vos estaes farta te vos derem um pam coroeloyes ? E corno a testemunha respondesse que nSo^ Maria Rodrì- gues retrucou : «Asy somos nos que depois que estamos na nossa ley no nos podemos tirar». No mesmo dia compareceu Roque Martins e disse que Branca de Lifio, chrìstS nova de Aveiro, comò a testemunha, guarda os sabbados, trabalha aos domingos; e disse tambem que é voz e fama que em Aveiro ha duas synagogas. Quanto ao costume disse que estava mal com Branca de LeSo e Ihe naò falla. No mesmo dia compareceu Duarte Fernandes, Inveirò, e disse que indo dormir a casa de André Lopes, tambem Inveirò, vira, n*uma sexta-feira, a mulner d'elle, Beatrìs Correa, ter a sua candeia limpa e com auas matulas d*estopa velha, accendendola na sua camara; e ce fora, onde trabalhavam, tinham outra tambem accesa. Disse tambem que estando em casa de Pedro Femandes, Inveirò, ji fallecido, e conversando com a sat mulher e filha, enteada d'aquelle, ellas disseram que Beatriz Correa fizera pio asmo por occasido d*uma ftsta. A mulher de Pedro Fernandes é christi nova, chama-se Mar- garida Fernandes e sua filha Beatriz. Disse mais que ouvira dizer a JoSo Gomes. luvei- ro, que Gaspar Dias, mando de Francisco Ramires, Ihe disse que quando amortaiharam uma sua filna Ihe tinham mettido dois meios vintens na bocca, dizendo que era «para a primeira jomada» ; Isabel Ramos, que agora està presa, achava-se entio ahi. Quanto a està acrecemou aue estiverà 3 ou 4 annos em casa duella trabalhando e d*uma vez a n9o vira corner tono o dia, trabalhava aos domingos, toucinho nunca o comia e o ma- rido dizia que em casa d'elle era preciso duas panellas por causa d*isto. No dia a5 compareceu Afìfonso Femandes, almoxarife do duque de Bragan^a em Torres Vedras, e disse que ouvira a um trabalhador de nome Antonio Pires que Ihe disseram que Jeronymo Femandes tinha uma estampa de Santo Antonio, à qual fizera as suas limpezas. No dia 26, nas pousadas do LA^ Jorge Rodrigues, inquisidor, compareceu Francisco Barbosa, ourives, que disse que, Leonor, mourisca, fazia actos religiosos de moura. No mesmo dia compareceu Francisco Dias e disse que, indo a casa de Isabel Gomes, que agora està presa, num dia n3o a vira comer e depois soube que fazia isso por ser o iejum da rainha Esther e o fez durante 4 ou 5 dias; ouvio dizer que ella numa Paschoa nao comeu carne nem nas oitavas e fizera pao asmo ; tambem ouvio dizer que ella ia degolar gallinhas a outras christas novas e affirmou ihe Maria Femandes que amassando d'uma vez p3o Ihe fizera uma cruz comò é costume, o que Isabel Gomes desmanchou e quando Maria Fernandes fallava em Nossa Senhora a outra Ihe disia para que fallava ella nisso. No dia 28 compareceu Martim Trìgueiro, capella5 da Rainha, e abbade de Viohaes, o qual disse que em Vinhaes ouvio a ChristovaS de Moraes que Joa5 de Moraes dizia n§o haver ezcomunhoes ; tambem em Vinhaes se dizia que este joa6 de Moraes comia carne às sextas feiras e aos sabbados, assim corno afiìrmava nao haver mais que nascer e mor- rer. O que a testemunha ouvio foi sómente a Joa6 de Moraes que quando fora mancebo tinha livros de adivinhar e de bem querer. No mesmo dia compareceu Beatriz Mendes e disse que Brigida Henriques, ra- Ihando com a sogra, corno a testemunha e a mae as fossem aquietar, disse que na6 havia Deus nem Santa Maria; e comò Ihe fallassem na Inquist^aó disse m.. .^para a Inquisi^a6. Disse mais que nunca a via ir à missa, apezar de ser tìda por christa velhs. Quanto ao costume disse que ihe aborrece Brigida Henriques, por ter proferido estat palavras. No mesmo dia compareceu Constan^a Annes, moradora em Torres Vedras e sogra da testemunha anterior, cujo depoimento confirmou. No dia 29 compareceu Luiz Gilhem e disse que Helena Carvalho é casada com) A INQUISigÀO EH PORTUGAL E NO BRAZIL 99 Joad Fernandes, agora homisiado em Castella, e quartdo este se homisìou ]evou-a com- sigo e ella depois velo pedir perda5 a El-Ret, consegaìndo-o com a coDdi^So do marido ir na armada de D. Garcia para a India, mas nao Ine chegou a ser en tregue e Helena Carvalho oamorou-se de uro Christovao de Cerqueira coro quetu casou. A testemunha ìnformou Cbristova5 de Cerqueira disto e outras pessoas, mas elle nada se importou. Apontou differentes pessoas oue teem cartas do primeiro marido de Helena Carvalho, dizendo que està tinha pedido a um individuo que ]h*as trazia para affirmar que Jo&o Fernandes morrera. Quanto ao costume disse que era amigo de Helena Carvalho e do seu primero marido e por isso muito Ihe pesava ella fazer tal desatino. No mesroo dia coropareceu Diogo Fernandes, morador em Campo Maior, e disse que tinha ido na vespera de Entrudo, é Venda do Duque, entre Arrayollos e Eztremoz, com seu filho Antonio Dias, cujo depoimento confirmou, quanto a Justa Rodrigues. No mesmo dia compareceu Joao Fernandes e quanto a Helena Carvalho disse saber que o seu primeiro marido està vivo em Sevilha e acrescentando que ella Ihe pe- dini, para affirmar que elle era fallecido. Quanto ao costume disse ser amigo della e do seu primeiro marido. No mesmo dia compareceu Gaspar Luiz que disse e na feira do Rodo havia um algibebe chamado Luiz Silveira a quem a testemunha quiz comprar um corpinho pelo qual Ihe pedio oito vìntens ; a testemunha ofTereceu-lhe um tostao ao que Luiz Silveira respondeu que so se qui^esse ser da sua lei que era a de Moysés. No mesmo dia compareceu Antonio Comes e, a respeito de Luiz Silveira, confir- mou o depoimento anterior. No primeiro d'Abril compareceu SebastiaÓ Rodrigues, clerigo de missa e disse que um allemao ou flamengo chamado Alberto Liebcr Ihe affirmara que Homar, lapi- dario ou ourìves, tambem allemao ou flamengo, estava casado com urna freira professa cono quem o casdu Fr. Martinho Luthero, comò fez a ouiras muitas. No mesmo dia compareceu Henrique Luiz, prior da egre) a dos Martyres, e disse que tinha recebido Helena Carvalho e Joao Fernandes, jé na muitos annos, e era voz corrente que ella tinha casado segunda vez estando vivo o primeiro marido. No mesmo dia compareceu Pedro Dias e disse que depois de dar o seu testemu- nho contra o ferreiro Antonio Fernandes, que està preso, ouvira dizer que elle e sua fa- milia iam, de vez em quando, para uma qumta do filho com varios christa&s novos. No mesmo dia compareceu Joao Nunes, marchante, e disse que Manoel Rodri- gues, chrìstao novo, e Branca Dias, sua mulhcr, castclhanos, trabalham ao domingo. Ci« tou testemunhas que conhecem este facto e quanto ao costume disse que està mal com Manoel Rodrigues e com a mulher. No dia 4 compareceu Leonor Martins e disse que o seu marido, SimSo Rodrigues, fallava hebraico muitas vezes ; d'uma vez estiverà doente, confessara-se e communga- ra e, comò quizesse a Estrema Unc^ao, mandaram pedir que um padre Ih'a trouxesse e elle poz*se a comer carne de vacca. Tinha casado com elle ha seis mezes e eroquanto estiveram junctos fazia comer para elle apartado, porque nad queria na panella tempe- ros de porco. Quanto ao costume disse estar desavinda com oseu marido, vivendo cada om na sua casa. No mesmo dia compareceu Rodrigo Alonso, pae da te»temunha anttfrior, cujo de- poimento confìrmou. No dia 7 compareceu Pedro Comes e disse que, indo é Ribeira de Santarem e hospe* dando-se na casa de Jole de Avila que era na rua do mei, chegara le um algibebe, por al- cunha Na varrà, o qual nÌo levara a bem que a Inquisì^ So prendesse a mulher do Cabefa (le Vacca. 100 ARCHIVO HISTORICO PORTUGOEZ No dia 1 1 compareceu Joana Lopes e disse oue Maria Rodrigues, presa nos car- ceres da Inquisi^ao, Ihe tinha dito que perdoasse Deus ao rei que tomou os judeus por for^a christaos e acrescentou dirìgindo-se à testemunha : se vos tornassem moura, se- rieis boa moura ? A testemunha respondeu-lhe que nSo e ella replicou : Logo, corno seremos nós bons christSos ? Maria Rodri^ues contou à testemunha um milagre acon- tecido numa synagoga e disse mais que nao deviam dizer mal dos judeus porque Nossa Senhora tambem era judia. No mesmo dia compareceu Bartholomeo Leite, mo^o da camara d'El-Rei| <)ue disse ter ouvido a uma Francisca, criada de Mestre FernandO| cirurgiSo do hospital^ que este comia carne na quaresma, é sexta-feira e sabbado. No mesmo dia compareceu Isabel Viciosa e disse que ouviu dizer a sua irmS 2 uè vindo Esperan^a Dias, mulher de Mestre Fernando, rendeiro do pa90 da Madeira, a egreja da Concei^So perderà uns alambres e por isso disse : sempre tive tengSo àqueila egreja. Em casa d'este mestre Fernando comiam carne em dias de )e|am. No mesmo dia compareceu Beatris Viciosa e confirmou o depoimento da irmi Suanto a Esperan^a Dias, acrescentando que d'urna vez numa quarta-feira de endoen^as, ia de N. Snr.* de Mar^o, chegou à janella da casa onde moram«uma fìlha de Esperan^a EHas, chamada Isabel Femandes, vindo com um dedal e disendo que estava a trabalhar, ao que a testemunha replicou que nao era dia de trabalho e Esperan^a Dias disse de dentro que Deus tudo perdoava. Aos sabbados nao trabalhavam comò nos outros dias e um dia fallando a testemunha com ella, Esperan^a Dias Ihe disse : «Neste mundo me vejam bero passar que no outro me nlo vem penar». No mesmo dia compareceu Ilisena Mendes de Vasconcellos, mulher de Joio Alva- res de Valasco, e disse que Esperente Dias Ihe dìssera : «Neste mundo me vejas bem gassar que no outro n6 me ves penar». E quando perdeu os alambres: «Perdoe-me ^us que sempre tive azar com està egreja» (a da Concei^ao). Confirma o depoimeoto da tia (Beatriz Viciosa). No mesmo dia disse ainda Beatriz Viciosa que uma sua visinha castelhana co- mia carne ao sabbado e quando ella esteve em Abrantes, onde vivia uma christl nova Isabel Femandes, està se tirava da janella quando ia a passar o Santo Sacramento, assim comò comia ovos na quaresma. No dia 19 d'Abrìl compareceu Antonio Alvares e disse que Francisco Femandes e seu genro, christaos novos, comiam pSo asmo em vez de pio levedado. No mesmo dia compareceu Guiomar Martins, e, quanto a Francisco Femandes, confirmou o depoimento da testemunha anterior. No mesmo dia compareceu Gatharina Femandes e, quanto a Francisco Feman- des, confiriTiOu o depoimento das testemunhas anteriores e acrescentou que urna es- crava se queixou de que a sua senhora, quando ia é Egreja, Ihe mostrava o Cristo era- cifìcado, Qìzendo que era um homem enforcado. No mesmo dia compareceu Isabel Franca e disse que Violante Dias, christi nova, deitara IS a enzugar num dia santo e que tambem um christSo novo, sapateiro, Gabriel Lopes, manda varrer a rua nos Domingos pela manhS. No dia 32 de Abril compareceu Martim de Benavente^ castelhano, e disse que Antonio, mourìsco, forro, seu visinho, comeu carne na sexta-feira de endoen^as que passou, o que elle viu espreitando porque a ella Ihe cheirava, e comendo com ella coscos. No dia 26 compareceu Leonor Henriques, mulher prete, e disse que Maria Ro- drigues, christa nova que està presa, no dia do auto da fé na Ribeira Ihe dissera muito irada oue sabia mais que Deus e, tendo-a a testemunha convidado para ir ver 0 auto da fé ella Ihe respondeu: cMéo inferno de Deus a el-rei D. Manuel que nos fez chrìstios A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRAZIL lOi por for^». Perguntou mais é testemunha se ella gostarìa de se tornar branca, ao que ella respoodeu que sim e entao replicou Maria Rodrìgaes : «Pois assy nos tomaremos DOS boos chrìstSos comò vós tos toraareis branca». No mesmo dia coropareceu Francisco Comes, cavalleiro da casa d'EI-Rei, e disse 3 ne escaodo é porta de Francisco Ribeiro, livreiro na rua Nova, anpareceu Diogo Feman- es que vende barretes e disse deante d'elle e do livreiro que «so havia nascer e morrer». No mesmo dia compareceu Francisco Ribeiro, livreiro, que, a proposito de Diogo Femandes, disse nao se lembrar de tal fieicto. No dia a8 compareceu JoSo Femandes, luveiro, que jé tinha vtndo facer o seu de- poimento contra um creado do Mestre de Santiago, cujo nome entSo nao dissera por 0 nao saber e a^ora sabe que è Pedro Femandes que «traz urna commenda d*Avtz», acrescentando mais que um sirgueiro castelhano nio trabalhava aos sabbados. No mesmo dia compareceu Isabel de Ucanha, mulher de Martim de Benavente, cujo depoimento confìrmou quanto a Antonio, mourisco. No dia 39 compareceu Aleixo Coelho, mofo da camara do infante D. Luiz. e disse ter ouvido a Catharìna da Costa que Henrìque Dias, christio novo, nSo trabalhava ao sabbado e ao domingo sim. No mesmo dia compareceu Luiz Gota, clerìgo de missa, do habito de Sant'Iago, e disse que no Barreiro tinha pré^ado, nesta quaresma, um cierigo chamado Jorge Sardinha, e no primeiro Domingo dissera que o «diabo quando tentare a Christo o co- nhecera ser filho de Deus» e mais adeante disse: «maior pena padeceu Christo em ser tentado do diabo da que levare em sua paixao». Na ter^a-feira das oitavas da Paschoa dissera elle que era muito bom letrado e que tinha urna gra^a particular de Deus, que tudo o que tinha dito o difputaria ainda deante dos Inquisidores. Quanto ao costume disse oue Jorge Sardinha Ihe nSo fallava por saber que a testemunha nao gostava do que elle tinha dito e até a injuriara. No mesmo dia compareceu Violante Braz e disse que Martim Pires, ferreiro, seu visinho, blasphema de Deus de quem renega; d'urna vez que se zangou fez fìgas é ima- (;em de Santo Antonio, dizendo que elle era um cornudo quando a mulher Ihe disse para he pedir pèrdao. A fìlha e a mulher de Martim Pires tambem tem dito é testemunha que elle pisou aos pés uroas estampas de Santo Estev&o e Santa Monica, dizendo que està fora a maior aleivosa do mundo. Viu-o tambem a testemunha corner carne na quaresma passada, por duas ou tres vezes, e sabbado passado da Paschoela comera tubaras e figado assado. Citou testemunhas d'estes factos.— Accusou tambem Antonio Femandes, ferreiro, que agora est.é preso, de ir no dia do auto da fé na Ribeira para ama quinta que tinha na banda d'aìem. No dia 3o compareceu FeraSo Rodrigues e disse que um seu genro, jé fallecido, Ihe dissera que Antonio Femandes, ferreiro, que agora està preso, comera carne n'uma qaaresma. No dia 4 de maio compareceu Violante Braz e disse que, depois do seu depoi- mento anterìor, no sabbado passado, Martim Pires, ferreiro^ comera carne ao almo9o, ao jantar e à ceia. No dia 5 compareceu Bernardo Pires. ferreiro, e disse que nada sabia nem contra Martim Pires nem contra Antonio Femandes. No mesmo dia compareceu Rodrigo de Villas Boas e disse que estando em casa de Louren^o de Sousa, aposentador-mór, ouvira a Catharìna Lopes que uma sua vizinha acoutara um moco que tinha por soldada. tendono crucificado comò a. Jesus Cristo e ao pae do mo^o Ihè deram dinheiro para elle se calar. Disse tambem que ouvira dizer ao derìso Antonio Pinto, que fora conego no mosteiro de Grijó, que Deus nio tinha poder absoluto. ioa ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ No mesmo dia compareceu Bras Annes e disse que ouvira a mestre Affonso, ci* rurgiao de Torres Vedras, que quecn vive na lei hebraica nunca Ihe falta de corner. A testemuaha confessou-se d'isto e o seu confessor Ihe disse que o viesse contar à laqui- si^ao. No dia 6 de maio compareceu Joao Rodrigues de Bulhao, morador em Benavente onde é juiz e mordomo da confraria do Santo Sacramento, e disse que, quando estavam a trabalhar na e^reja para arranjar um aitar de madeira no domingo de Paschoa, o be- neficiado Francisco Fernandes, apezar de saber o motivo por que se estava fazendo ba- rulho, voltou-se para a testemunha e disse-lhe que end fìzssse aquilo q tolbia o servi90 de Deus e fazia o servilo ao diabo». Referindo-se a esse aliar disse é testemunha Se- bastiao Zuzarce, irmao de Francisco Fernandes : «que enfermaria é aquella que cendes feica ^ sey que aves de por ali o .senor até que seja sao, milhor estiverà eu ora ali, bofee, deitado que estou bem doemte». E no dia em que jà estava o aitar armado passou por diante d'elle sem fazer urna reverencia nem tirar o barrete. Quanto ao costume disse que depois disto nunca mais Ihes fallara. (Citou test.). No mesmo dia compareceu Amador Gongalves, clerigo de missa, e disse que a mulher de Martim Pires, ferreiro, Ihe afirmara que o marido dava murros n*uma imagem de Santo Antonio, comia carne na quaresma às sextas-feiras e sabbados, tornava o pao da mesa e o dettava pelo chao, e duìa que viessem a elle clerigos e frades que os ha- via de absolver. No dia 7 nas pousadas do LA^ Jorge Rodrigues compareceu Anna Fernandes, mu- lher de Martim Pires, ferreiro. e disse que o seu marido era muito desbocado, dizia que descria de Deus e de toaos os Santos, comia carne na quaresma e ovos mexidos com manteig'i e bredos; que um dia ton-^ra as imageas de Santa Monica e Santo Antonio e as espesinhara, dizia que a testemunha era feiticeira e Santa Monica tana- bem e Santo Antonio um feiticeiro. D'urna vez chegara elle^ casa irritado por ter per- dido um, tostao e disse que a mulher Ih'o tinha tirado, entao ella Ihe respondeu que «por Santo Antonio Ih'o n§o tomara» e Martim Pires come^ou a bater no retabulo de Santo Antonio que tinha em casa ; dizia tambem elio por uma sua fìlha bastarda que tinha em casa ique abaixo de Nossa Senhora nao havia melhor mulher». No mesmo dia compareceu Guiomar Dias e confìrmou a respeito de Martim Pires o depoimento da testemunha anterior. No mesmo dia compareceu Beatriz Fernandes e disse ter ouvido a JoSo Fernan- des que Martim Pires, terreiro, que agora està preso, tendo pedido um pucaro d*agua a uma sua mo^a e corno estivesse sujo arremessou-o de encontro a uma parede onde estavam umas imagens de santos. No dia 9 de Maio por o L,^ Jorge Rodrigues e o padre Fr. Jorge foram interroga- das as testemunhas seguintes : Maria Alvares que disse que seu pae Martim Pires, que està preso, rasgara umas estampas de Santo Antonio e Santa Monica, motivo por que sua mie fìcara muito agas- tada, blasphemava de Deus; e quanto ao costume disse que Ihe aborreciam os ezageros de seu pae. No mesmo dia compareceu Isabel Alvares, tambem fìlha de Martim Pires, e disse que sua mae se Ihe queixara de que elle rasgara umas estampas e Martim Pires disse que as nao tinha rasgado e que, se ai rasgara, nao fora por vontade. A testemuaha acresceotou que fora depois de jantar, e Ihe parece que estava embriagado. Quanto ao costume disse que Ihe aborrecem os exageros de seu pae. No dia IO, nas pousadas do LA^ Jorge Rodrigues, compareceu Ayres Fernandes, morador em Benavente, e disse ter ouvido a Joao Rodrigues de Bulhoes o que està testemunha ià afiìrmou contra o clerigo Francisco Fernandes e contra SebastiSo Zuzarte. Quanto ao costume disse que nio fallava com os denunciados. A INQUISI<;£0 KM PORTUGAL E NO BRAZIL to3 No mesmo dia compareceu Jorge Qon^alves, de Benaveate, e confirmou o depoi- meato de JoSo Rodrìgues. Este era o carpinteiro que trabalhava na confec^ao do pul- pito. No mesmo dia compareceu Domiof^os Fernandea, mestre de ensinar mo^s em Be- oavente, e disse ter ouvido a JoSo Rodrìgues, Jom Gon^alves e Jofio de Soure, bene* ficiado o que o primeiro depox contra Francisco rernandes e Sebastiao Zuiarte Quanto ao costume disse estar mal com elles. No mesmo dia compareceu Braz AfTonso e disse que ouvio dixer no Barreiro a am prégador, cu|o nome nSo sabe» que «Nosso senhor Jhesu X.* recebeu mayor paixio em ser tentado pello diabo que na paixio que recebera por nos salvar». No mesmo dia compareceu Salvador Martins, cavalleiro da casa do Mestre de Sant*IagO) que confirmou o depoimento da tcstemunba anterior e acrescentou que o mesmo prégador dieserà na sua ultima pregarlo que «todo o que tinha dito em suas préga^Óes avya por bero dito e que o provarla na santa Imquisi^So onde leterados ouvese.». Nò dia 1 1 compareceu Manoel Serrio, clerìgo de missa, morador no Barreiro, que, quanto ao costume, disse ser amigo de ha 3 mexes do prégador denunciado, que se chamava Sardinha e que elle tinha dito o que Brax Affonso affirmou. No dia 16 compareceu Vicente Marttns, morador no Barreiro, e, quanto ao pré- gador Sardinha, comfirmou o que Braz Affonso affirroara. No mesmo dia compareceu Margarida Annes e disse que Ignex Alvares e Maria Femandes, sua filba, eram chrìstis novas e urna d'ellas viera d'urna vex à porta locando urna campatnha dixendo : «Dade qua pei a a misa de vosa avoo torta ; dade qua pera a misa da mal aventurada». Citou differentes testemunhas. Quanto ao costume disse que 1^0 fallava a Maria Femandes e Ihe queria mal. No dia 17 compareceu Aleixo Mendes, thefoureiro na igreja de Benavente, e disse ter ouvido a SebastiSo Zuxarte, cleri|;o, o que quanto a elle disse Jo§o Rodrìgues no seu depoimento. Quanto ao costume disse que nSo tem boa vontade ao denunciado. No mesmo dia compareceu Manoel Rodrìgues, morador em Benavente e confir- mou o depoimento de JoSo Rodrìgues quanto aos dois clerìgos jà nomeados. No mesmo dia compareceu SebastiSo Netto, morador em Setubal, e disse que JoSo de Ferreira, pescador, Ihe dissera que gostava do rei de Inglaterra porque nSo que- rìa là frades nem clerìgos. Quanto ao costume disse ser parente do denunciado. No mesmo dia compareceu Balthasar de Moraes, morador em Setubal e disse que. em conversa JoSo de Ferreira Ihe dissera que cDeus n6 tinha cuydado ou'que se n5 lembrava de nos outros, a isto respondeu a testemunha dixendo que o Deus das for- mìgas tinha cuydado» ao que elle respondeu : cPois os que se perdem no maar corno OS no salva Nosso Senhor»! e acrescentou : «Deus estaa em sua gloria n§o tem cuida- do de nós». Tambem Ihe ouvio palavras contra as poropas dos bispos. No dia 18 compareceu Mem Gon^alves, morador em Sant'Iago de Cacem, e disse que Joao d'Affonseca, cavalleiro e morador em Santiago, afiirma que ninguem é obrì- gado a faxer penitencia nem a jejuar poraue Deus fex penitencia e jejuou por todos, e que ninguem vae para o inferno e que ncnnum pobre ha-de ir para o Paraiso. Esté mal com um dérigo chamado Varella e ouando vae à igreja nio quer ouvir missa d'elle por- aue dix «quo quem vyo o di.ibo a aixer missa» e acrescenta : «quem vio Deus na mao o diabo»? Citou testemunhas d'estes factos. No mesmo dia compareceu Pedro Annes, tecelfio, morador em Setubal, e disse ter ouvido a Catbarìoa Gon^alves que Estevao do Prado, castelhano e christSo novo, I04 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ sapateirOf Ihe perguntara, ao ouvir um responso da missa de Santo Estevao, que nege- sydadeayya na gloria de pa^; tatnbem ouvio dizer a Ruy Dias, atafoneiro, que EstevSo do Prado dizia que «em Castella tinha o seu sam benito.0 No mescno dia compareceu Jorge Annes Couceiro e disse que Francisco Dias, escu- deiro e veador que foi de D. Jorge de Menezes, senhor de Cantanhede, Ihe contara andar incommodado por ver muitas vezes um homcm deante de si que fora queimado em esta- tua deante d'elle . No mesmo dia compareceu Isabel Luiz e disse que ouvira dizer a pessoas que citou que Catharina Fernandes, moradora em Castanheira e chrìsta nova, poserà um crucifìxo na barrella e, a proposito d*este caso, Ignez Mendes, tambem chrìsta nova, dissera que o crucifìxo devia ir mas era para o monturo. No mesmo dia compareceu Joao de Sé, tosador, e disse que é sua visinha Isabel de Castilho, mulher castelhana e velha, a quem nunca via ir a missa. No mesmo dia compareceu PVancisco Dias, veador que foi de D. Jorge de Menezes jé fallecido, e disse que Antonio Semedo, estando em Sevilha, ouvira dizer que quei- maram em estatua a Manuel Caldeira^ cunhado da testemunha, por cora outros compa- nheiros, alguns dos quaes nao poderam fogir, praticarem actos de magia. » No mesmo dia compareceu Anna Rodrigues e disse que Maria Fernandes Ihe dis- sera que Leonor, mourisca, com outras mouriscas, toda a quaresma comeram carne. No dia 25 compareceu Francisco d*Aguiar, cavalleiro, morador em Azamor, que em Fez vio Luiz Garcia e Francisco Lopes, mercadores de trigo, pousar na judearia, comendo com os judeus. Disse tambem que em Fez teve urna polemica coro um judcu por causa d'urna passagem da Escriptura e que, em defesa do judeu, acudio Miguel Nu- nes, christao e mercador de trigo. Tambem vio em Fez um Duarte Lopes, de Lagos, que costuma ir para a judearia. No mesmo compareceu Jorge Nunes, criado de Gaspar Carvalho, deao da Sé, e disse ter ouvìdo a um preso do carcere que quem dizia aque S. Paulo era apostolo que n5 sabya o que dizia porque n5 andara senSo depois da morte de Christo.» No dia 28 compareceram JoSo Moreira, Jorge Cortez e Joao d*Araujo, bombardei- ros, e disseram que Francisco Gon^alves, porteiro do corregedor, fora para penhorar Joao d'Araujo e corno se travassem de razoes o porteiro disse que no seu officio fallava tanto verdade comò os Evangelistas. « No dia 3i de Maio compareceu Joao Fernandes, sapateiro, e disse que seu amo, jà defunto, Pedro Affonso, fora por elle encontrado d'urna vez a rezar em hebraico e a mulber d'elle, Ignez Fernandes, tambem jé defunta, nunca ia à missa, Ihe disse d'urr.a vez que Deus dera primeiro a lei aos judeus que aos christaos. Tambem disse que ou- vira a [gnez Fernandes, chrìsta nova, que està viva e é mulher de Manoel Alvares, a proposito dos judeus guardarem o sabbado : «bem sabe Deus a minha vontade e iste abasta.» No primeiro de junho compareceu Joao Fernandes e disse que a Franca, chnstS nova, come carne é sexta feira e ao sabbado e Maria Nunes tambem é chrìsta nova, come carne nesses dias e nunca vae à egreja. No mesmo dia compareceu Beatriz Fernandes e disse que muitos sabbados vio Isabel Franca, chrìsta nova, comer fìgado assado, assim corno Marìa Nunes; tambem as vio comer carne nas sextas feiras da quaresma. Nunca as vio ir é egreja. No mesmo dia compareceu JoSo Goncalves e disse que proximo d'elle habitam quatro ou cinco casaes de christSos novòs, vindos de Fronteira, e que parece q«e se A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRAZIL io5 preparam para fc^r pofque tem tìdo coafereacias com uns allemaes ou fiamengos e fa- xem biscoutos. No dia 2 de junho compareceu Lopo Goncalves e disse que vio a mo^a de Guio- mar Fernandes entrar com perdizes e gallinhas na casa da Franca e de Maria Nuaes, chrìstas novas, pela quaresma, acrescentando que eram acompanhadas pelo escrivSo Si- mSo Rodrigues, nos seus banquetes. Quanto ao costume disse que estava mal com todas estas pessoas. No mesmo dia compareceu Beatriz Gon9alves que confirmou o depoimento da tes- temunha anterìor. No mesmo dia compareceu Cecilia Saraiva e disse ter visto entrar para casa de Maria Nunes, està quaresma, quartos de cabrilo, perdiz e coelhos ; assim comò ouvio Guioraar Fernandes dizer para a creada : «Mo^a, vayme aly per huua perdiz para corner eu c6 S^mao Roiz.» Quanto ao costume disse que nao falla nem a Guiomar Fernandes, nem a SimSo Rodrigues. No mesmo dia compareceu Diogo Lopes, ferreiro, que disse ter ouvido a Antonio Fernandes dizer: «Josoque, Josoque,» comò que zombando de Jesus. No dia 4 de Junho compareceu Leonor Viciosa, e disse que Esperanca Dias dis- sera em conversa que a sua irma Isabel Fernandes estava cosendo numa 3.* feira d*en- doea^as e, comò urna irma da testemunha a censurasse^ Esperanca Dias respondeu que Deus tudo perdoava, disse mais a testemunha que comiam carne em dia de jejum. No dia 9 de Junho compareceu Beatriz Feia e disse que ouvira dizer a urna sua creada Violante Fernandes, queo tinha sido de Jorge Lopes, mercador que vive na rua Nova, que a mulher d*este aos sabbados vestia camisa lavada e se enfeitava e na 6.* feira à tarde fazìa o servi<^o que havia de fazer ao sabbado, fazia lavar as mSos ao ma- ndo antes de se deitar na cama e que tambem, se ella estava rezando e a interrompiam, nao continuava na sua reza sem ter lavado as maos. No dia 14 compareceu Antonio Pacheco, castelhano, e disse que Francisca Bo- carra, iDulata, Ihe dissera que dormir huua mulher com huG homem soheiro q no era pecado e que ella nunca se confessara d*isso ; disse mais que nunca a vira ir é egreja e costumava jurar. Confirmou os depoimentos das testemunhas anteriores acerca da Franca, Maria Nunes e Simio Rodrigues. No mesmo dia compareceu Briolanja Martins que confìrmou os depoimentos ante- riores quanto é Franca, Maria Nunes e SimSo Rodrigues. Acrescentou que, em Alem- quer, urna filha d'um Diogo Rodrigues, christao novo, dissera que Nossa Senhora nao era virgem. No dia 19 compareceu Alvaro Pinto, cavalleiro da casa d'El-Rei, e disse que es- tando a jantar numa casa, ouvio dizer a urna mulher^ cujo nome nao sabe, que havia de mandar matar um homem e depois d'isso fez um juramento e corno a testamunha a advertisse de que isso era caso da Inquisi^So ella respondeu am. . . para a Inquisi^go.» No mesmo dia compareceram Simao Vaz, tosador, e Gaspar Gon<^alves e disse- ram que indo com Duarte Fernandes, tosador, foram ter à Ribeira e ahi encontrarara Lanzarote Villella, com quem conversaram e este chamou a Santo Antonio «comudo.» No mesmo dia compareceu Duarte Fernandes que confìrmou o depoimento ante- rìor. No mesmo dia compareceu Manoel de Sequeira, cavalleiro da«casa d'El-Rei, e disse que estando a jantar numa casa que dà de corner vieta ^er ahi Leonor Soares, so - brinha da dona da casa, muito agastada porque Ihe tinham embargado uma fazenda e dizendo que a vontade d'ella era matar quem Ihe tinha feito tamanha injustÌ9a e comò io6 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Alvaro Finto a atlverttsse de que nSo. devia dizer isto ella fez um juramento, motivo porque Alvaro Pinto a acnea^ou com a Jnquisi^io ; Leonor Soares disse entSo : «m... para a InquisifSo.» No mesino dia compareceu Margarida Fernandes, e coafirmou o depoimento da testemunha anterior quanto a sua sobrinha Leonor Soares. Era a dona da casa, )uncto da Porta do Mar. No dia 22 compareceu Catharìna Fernandes, viuva, moradora na rua de Calca Fra- des, e disse que Ignez Nunes era casada com Manoel Trancoso e recebida à porta da egreja e que ella casara segunda vez, com Matheus Fernandes, sendo vivo o seu pri- meiro marido. Citon testemunhas. No mesmo dia compareceu Manoel de Sousa, clerìgo de missa, que foi quem reali- sou o segundo casamento de Ignez Nunes e disse, ter ouvido dizer depois que Ignea Nunes tinha vivo o primeiro marido* No mésmo dia compareceu Francisco Beliarte, serralheiro, morador na rua dasEs- tetras Que disse ter ouvido dizer o que Catharina Fernandes affirmou a respeito de Ignez Nunes. No mesmo dia compareceu SebastiSo Cordeiro, capellio e beneficiado da igreja de S. Nicolàu, que fez um depoimento egual ao anterior. No dia 6 de julho compareceu Fedro Gaviao, pescador, morador em Alcacer do Sai, e disse que urna filha de Sebastilo Freire, alfaiate, christao novo de Alcacer do Sai, fora vista arrastando pelo pescoso, preso com uiua linha, um crucifìxo de marfim com um bra^o quebrado, com o que se junctou muita gente e se deu o crucifìxo so clerìgo Joao Gon^alves ; Sebastiao Freire porém affirmava que nao tinha sido um crucìfizo, mas um Santo Amaro. No mesmo dia compareceu Joao de S. Paulo, da Congrega^So de S. Jo5o Evanse- lista que està no mosteiro de S. Bento, e disse que no Porto ouvira a Antonio de Si, fìlho de JoSo Rodrìgues de Sé, dizer, a proposito da testemunha o aconselhar a «fazer urna capella de misas, que as misas naSo forSo feitas pera defuntos ;» depois d*isso ainda disse que o livro dos Machabeus era apocrypho. No dia 12 compareceu Fedro Annes, tecelSo, morador em Setubal,e disse que Ma- noel Gon^alves, tecelao e christao novo afRrmou que judeuquer dizer justo e apezar d'elle padecer muito nunca o vio chamar pelos santos nem pelas santa s ; tambem ouvio di* zer que Diogo Vaz trabalhava aos Domingos. No dia 21 compareceu Joanna Gon(;alves, viuva, moradora em S. ChristovSo, e disse que Joao Mendes, christao novo, Ihe tinha dito, a proposito d'ella ir à Senhora da Luz; aj^es le pera ver huu santo de pao !» No dia 94 compareceu Isabel de Souto-Mayor e disse que a mulher de ChristovSo Brandao, christao novo. Violante Lopes tambem christa nova, costuma rezar sem se entender o que diz e affianca uma creada d'ella que falla em «deus Abram, deus Isaac e deus Jacob ;» tambem Violante Lopes na sexta feira à tarde mandava alimpar os can- dieiros e os accendia ao sol posto para estarem toda a noite accesos. Nas sextas feiras, ella e o marido, so é noite é que comiam e era entio que mandava varrer as casas e coser pao ; Violante Lopes nao comia carne de porco e, se sabia que alguma da sua lou^a tinha tocado em tal, immediatamente a mandava quebrar, guardava os sabbados, nunca ia à igreja. Disse mais que Antonia Brandào, irma de ChnstovSo Brandio, tam* bem nas sextas feiras é tarde mandava alimpar os candieiros, guardava os sabbados, comeu d'uma vez «bolos de pao asmo, fechava-se para rezar, e na sexta feira à tarde dava esmolas aos christaos novos pobres. Disse ainda que Isabel Moniz, mie de Anto- nio Brandao, muitos dias nao comia senio é noite, na sexta feira é noite comia com a filha mais manjares que de costume, comera d*uma vez pao asmo. Isabel de Souto- A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 107 Mftlor disse finalmente que Clara Dias e Guiomar Dias, (ilhas de um corretor de cavai- los e negros que vìve na Rua Nova d'EI-Rei, costumavam és sextas feiras accender as candeias mais cedo, à noite mandavam bascar mais corner do que de costume, aos sab- bados nao lavravam nem faziam nada ; d*uma vez que a testemunha foi dormir a casa d'ellas levava uma ora9ao do «Justo Juiz» e no dia seguinte pela maaha encontrou-a rasgada. No mesmo dia compareceu Antonia do Casal, senhora e ama da testemunha an- teriore cujo depoimento confìrmou. (Està testemunha assistio ao depoimento da ante- rior). No dia 36 compareceu Maria Gon^alves e, a respeito de Joao Mendes, confìrmou o depoimento de Joanna Gon^alves. No dia 24 de Agosto pelo P.« Fr. Jorge, inquisidor, foi perguntadq Domingos Car- do$o que disse ter vivido com um Simao Fragoso, christao novo e Julianna Jorge, sua mulher, moradores na Rua Nova dos Mercadores, defronte do arco dos barretes, e que elles ambos, ao sabbado, ou na sexta ftira à noite, vestiam camisas lavadas e punham lea^oes lavados; nos sabbados levantavam-se mais tarde e Julianna Jorge, quando fallava com christaos novos, jurava multa vez por «Nosso Senhor da Verdade» e dizia que eram cousas de aNosso Senhor, o mo^o» e de aNosso Senhor, o velho,» e parece à lestemunba que ella se referia zombeteiramente a Dens Padre e a Deus Christo. D*uma vez que a testemunha chamou pelo nome de Jesus, Julianna disse : «huy negro, Jhesu ve- nha por ty;» e d'uma vez que uma christa velha Ihe deu um panno, aem que estava la- vrada de lavores d'agulha a Annuncia^ao quando o anjo veio saudar Nossa Senhora,» Simao Fragoso disse que era bom para cobrir o bacio. Disse alnda a testemunha que Simao Fragoso fora para Fez com mercadorias, e, no dia do auto da fé era que quei- raaram o homem que poz o escripto ó porta da sé, Julianna chorou e o marido nao quiz corner nada e estava muito triste. A testemunha disse finalmente que ouvira a Tristao d*Oitveira, dirigindo-se a christaos novos, que «Nosso Senhor queria que antes se tor- nasem christaos ou se nomeassem por christaos, antes que padecer tormentos e marty- rios.» No dia 4 de outubro compareceu Antonio Medeiros, naturai da ilha da Madeira, e disse que Gabriel Vaz, christao novo que vive ao po^o da Fotea, às sextas feiras à noite fazia o comer para o sabbado, guardava o sabbado assim comò a sua familia, o que a testemunha sabia porque, desconfiando-o se metterà em casa d'elle ; disse mais que elle jejuava por vezes, recebe esmolas dos christSos novos, as reparte e paga as covas aos deiuntos. No dia 5 de outubro pelo P.« Fr. Jorge foi perguntada Catharina Lopes e disse que a mulher de Pedro Dias, cortador e christSo novo, Ihe contara que a sogra «golava» OS cameiros e corno a testemunha nao soubesse o que tal queria dizer, a outra expli- cou que era o que os judeus costumavam fazer, acrescentando que ella se chamava Isabel Dias e vivia na rua das Esteiras. No mesmo dia compareceu Barbara Pires, moradora é porta de Santa Catharina, e disse ter ouvido dizer o depoimento de Isabel de Sotto- Maior contra Violante Lo- pes, acrescentando sómente que ella tinha partido multa lou^a, que valerla mais de aooo reaes, por nella comerem carne de porco, e entre ella uma bacia grande de M aiega No dia 20 de Mar90 de 1542, nas pousadas do Dr. Joao de Mello, inquisidor, com- pareceu Jorge Affonso, mo^o da camara do marquez de Villa Real, e disse oue, es- tando a )ogar com Pedro Lopes^ tambem mo^o aa camara do marquez de Villa Real, este blasphemara. No dia 3i de Maio compareceu Anna, fìlha de Vicente Fernandes, lavrador, mora- dorna aldeia da Granja, termo de Ctntra, que indo a Cintra vender quei jos ou leite, fora a casa de Violante Rodrigues e a vira esfar fìando num dia sancto. No mesmo dia compareceu Vicente Rodrigues Evangelho Moreira, cavalleiro da 'Jk 108 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ casa d*El-Rei, e que foi morador era Azacnor, e disse que Catharina Vas, christa nova, raoradora em Azamor e agora cm Lagos, quando o filho estava para morrer e foi ungido, ella Ihe lambia os pés de quando em quando e cospia fora, por causa do oleo, o que a testemunha vio. No mesmo dia compareceu Luiz Martins Evangelho, cavalleiro do habito de San- t'Iago, e disse que Luzia Gon<^alves, cnoradora és Escolas geraes, na rua da porta prìncipal, Ihe confessara ser judia por a testemunba se ter fìngido christao novo, e que quando elle invocava Nossa Senhora ella Ihe dizia : «soes de nosa casta e falaes nessi mulher 1» Tambem Luzia Gon^alves ihe confessou que em Tavira ensinava a lei de Moysés. No I.» de junho compareceu Alvaro da Silva, alfaiate em Ctntra, que velo depòr conerà Jeronymo Dias, christao novo. No dia 5 de junho compareceu Isabel Fernandes, mulher de Fedro Reinel que faz cartas de marcar (1), e disse que, indo a passar pelo terreiro do pelourinho velho,onde vendem as cousas d*aImoeda, ouvira a um porteiro chamado Remedeo blasphemar e disse mais que Isabel Fernandes, christ§ nova, Ihe tinha respondido, quando a testemu« nha Ihe perguntou porque razao os cchristaos velhos folgavam que a terra que cornerà seu pay e mae e avós os cornerà a ellès» e os novos preferiam «covas virges,» a dita christa nova respondeu : «é porque se se lan^auao em couas onde jà jouvera6 outros defunctos que todos os pecados daqueles que aly jaziam se Ihe apegauad.» No dia 8 de Junho compareceu Maria, mo^a solteira, filha de Gii Affonso de Gin- tra, e disse que indo a casa de Duartc Gon^alves,' christao novo, agora preso nos car- ceres da Inquisirlo, vira a mulher d'elle, Ignez Alvares «sarilhando ma^arocas num Do- mingo.» No mesmo dia compareceu o Bacharel Simao Nunes, morador na Covilhl, e disse que no Fundao, em casa de Fernao Nunes, ha via uma synagoga, e ahi faziam os seus of- ncios e orai^oes segundo o rito judaico, Fernao Nunes ensinava aos christaos novos pstlmos e Ihes dizia que o Messias estava ainda para vir, fazendo assim as suas prega- ^oes ; ahi iam os seguintes chrìstaos novos : Ruy Mendes, pessoa prìncipal do Fundao e jA defunto; sua mulher Isabel Mendes que ainda hoje costuma praticar jejuns dos ju- deus; o seu fìlho Henrique Mendes, mercador que habita na villa de Estremoz, e que praticava o jejum de quipur; o seu fìlho Duarte Mendes, a irmà d*este Beatriz Mendes mulher de Duarte Gon^alves, mercador e morador no Fundao; Anna Mendes, irma dos sobreditose Branca Mendes. A testemunha disse saber que Fernao Nunes tinha morrido a caminho de Golfo para onde ia fogido e que ella durante muito tempo praticou tam- bem ceremonias judaicas, mas que ha anno&se apartou d*elles por Ihe chamarem malsim por elle ter d^escoberto o dinheiro que elles tiraram para Roma. Disse ainda a testemu- nha que SimSo Vaz, morador no logar do Fundao, era judeu, estando a espera do Mes- sias e dizendo que Deus «no tinha necesydade de se meter no ventre de huCia molher e que o naesyas no avya de ser deus.» Acrescentou finalmente que Luiz Gon^alves anda pelo reino pedindo dinheiro para mandar para Roma a seu sobrinho Diogo Antonio, contra a Inquisi^ao e jà fez com que os christaos novos Ihe dessem 70:000 reaes por anno e o LA"* Luiz Gomes Dias, phisico, morador na Covilha, tambem ere que o Messias nao veio ainda, euarda os sabbados e foi elle o Un^ador do dinheiro que na Covilha se tirou contra a Inquisicao e em casa d'elle agasalharam André Vaz, christao novo de Lixboa, que à Covilha foi para receber o dinheiro. Tambem em Trancoso sabe <)ue a mulher de Simao Peixoso pratica actos judaicos. Quanto ao costume disse ter odio a Luiz Gon^alves e ao LA* Gomes Dias, por Ih'o elles terem. No dia K) de Julho compareceu Gaspar de Figueiredo, clerìgo de missa, chegado (1) D'elle se occupa o sr. Sousa Viterbo nos Trahalhos Nauticos dos Portuguexei nos secuhs XVI e X Vii A INQUISigAo EM PORTUGAL E NO BRAZIL 109 ha pooco do Brasil no savio de Luù de Goes e que depos contra o ereado d'este^ Diego Fernaodes, que lombava de Deus e de S. Fedro, nio se confessando. No mesmo dia compareceu Gaspar Morato, trabalhador, morador 'juncto de Colla- rea, e disse que em casa de Duarte Femandes, morador eoi Cintra, comiam carne à 6.* feinL No dia IO de funho (i) compareceu Pite Joio, frances, naturai de Liio, peletetro, e disse que em Sarago^a, JoSo fìrancez, em conversa com elle Ihe dissera que na Alleroanha demibaram as egrejas e tiraram as rendas aos arcebispos e bispos, no que fizeram hem ; convidou-o a vir para Portugal e nessa occasiio nao quiz a testemunha vir. Aqui em Lisboa tomaram a encontrar-se e o tal Joio, francez, que trabalha em casa do peieteiro da Rainha e entlo o convtdou a ir para a Allemanha poroue lé podia tra- balnar nos dias sanctos, e corno a testemunha trouxesse umas contas elle disse-lhe que as mandasse para o diabo. No dia 19 de junho compareceu Gomes Femandes, pescador, morador na rua da Cardosa e disse que. indo num navio a caminho de Cabo Verde, ia com elle um christào novo chamado Diogo da Fonseca, mercador, que costumava guardar os sabba- dos, e aos Domtngos mandava trabalhar os escravos e escravas. No mesmo dia compareceu SebastiSo Rodrìgues^ marinheiro, morador na lapa d*Alfaroa, e disse que tinha estado em Ceuta a negociar o resgatc d'um filho que tem captivo onde conheceu um Manoel Alvares, christio novo, o qual costumava descrer de Deus e da virgindade de Nossa Senhora. No mesmo dia compareceu Antonio Pires, morador na rìbeira de Santarem, e disse que na egreia de Santa Irla ouvio missa a um individuo, que se disia clerigo, cha- mado Rodrigo Alvares, ouvio missa d'elle e costumava confessar e dar a communhSo, mas teve de fugir por abusar da confìssSo e ]à vio urna pessoa, que Ihe pareceo elle ves- tido de leigo, com a differenza semente de ter a barba mais crescida. No dia ai de funho compareceu o Bacharel Estevao Vaz, clerigo de missa que ac- cusou de bigamo a Femio Qadrado. No dia 12 compareceu Gaspar Martins, sapateiro, e disse ter ouvido que a mu- Iher de Henrique Nunes, sapateiro, tinha fogtdo ae Evora. No dia 28 compareceu Maria Femandes e disse aue Isabel Femandes, christfi nova, na vespera de Santo Antonio comeu carne e trabalnou. No mesmo dia compareceu Branca Vaz e disse que, em conversa com Isabel Femandes, chrìstl nova, a proposito d'uns soldados ()ue lam para Mazagao, a testemu- nha manifestara o desejo de que elles viessem victoriosos e Isabel Femandes ihe repli- cou que antes vencessem os mouros. No ì.^ de julho compareceu Estevao Alfonso, mareante, e disse que uns christaos novos chamados Diogo da Fonseca e seu irmSo Joio da Fonseca Ihe tretaram uma ca- ravella para irem a Cabo Verde e que, quando invocava m a trindade, Joao de Fonseca ievantava um dedo e punha os olhos no céo e que, quando diziam a Salve Rainha, Diogo da Fonseca fugia e tambem guardava os sabbados. No dia 5 compareceu Joio Rodrigues, marinheiro, que confirmou o depoimento anterìor. No dia IO compareceu Cosme Dias, cavalleiro da casa d*el Rei, morador em Alco* Ìi) Parece que a audiencia anterior foi a 9 de junho e nÌo no dia indicado que tal' OMO engano do notarìo. no ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ chete, e disse que Soeiro Lopes, chrisiSo novo, castelhano, andou fogido pelas vinhas e pinhaes em redor da villa e que Manuel Fernandes, escrivao da caraara, das «otas e da almota<;aria, o protegia e é vor corrente que quando os dois estao sósinhos fallam na lei de Moysés. No dia i3 compareceu JoSo Baptista, marceneiro, morador ero Santarem, e disse que, indo k quinta de Antonio Gentil, phisico ausente era Mazagao, levar urna «ff>aS«[n de christo que elle Ihe encomendara, a mulher Ihe disse que a nao quena U porquc me valia mais a sua saude e o seu dinheiro que quantos christos havia. No dia i8 compareceu Jaques Crepeao, francez, merceeiro, e disse que Fedro Comes, que dizem que é christao novo, ao convidar a tesiemunha para ir a ™ssa, disse que ia para cuofprir e que Niculàu Ruer francez, merceeiro, comia carne as o. e sabbados e na quaresma; e Guilherme Martins tambem a comia na quaresma. No mesmo dia compareceu Jeronymo de Piemonte, naturai do ducado de Saboya, que confirmou o depoimento anterior quanto a Nicolào Ruer, francez. No dia 14 do Agosto compareceu Braz Goncalves, morador em Marvao, e disse que Diogo da Rosa, christao novo, comia carne na quaresma. No dia 9 de outubro compareceu Ruy Dias, cavalleiro da casa d'El-Rei, e disse que em Fez ouvira dizer que Luiz Garcia cstava na judearia praticando actos de judais- mo. Tambem na judearia de Fez estivcram Diogo Alvares de Lagos Rafael Rodngues e Tristao Fernandes, christaos novos. No mesmo dia compareceu Pedro de Chaves e disse q^ue em Fez, Marcos Cardoso praticare actos de judaismo, assiro corno Luiz Garcia e Tristao Fernandes. No dia 23 de outubro compareceu Alvaro Fernandes do Sardoal, morador na villa de Farào do reyno do Algarue, negocianre, e disse que estando em Azamor, fora es- preitar d synagoga judaica e vira que para là queriam entrar um Diogo Rodrigues, chris- tao novo, e André Luiz tambem cnrisiào novo, acompanhados de duas mulheres novas, o que nao conseguiram, estando a bater perto de meia hora. No dia 8 de novembro compareceu Pedro Rodrigues, marcante (dono de caravella), morador em Tavira, e disse que Margarìda Avondosa, christS nova e yiuya, a qucro a testemunha disse que aj5ora, que vinha a Inquisi(j§o, tinham de andar direitos, respon- deu : m. . . pera a Inquisi^ao e pera quem a manda e pera quem a tras. No dia 17 compareceu Heitor de Mariz d'Andrade, cavalleiro do habito de S. Joao de Jerusalem, e disse que nunca vio ir Branca Nunes, christS nova, é Igreia durante me- zes em que esteve em casa d'ella, nunca a vio rezar ncm dizer ora(^ao alguma, ouvioa dizer algumas palavras em hebraico e quando, d'uma vez a vio ir se confessar, esteve tao pouco tempo coro o padre que Ihe parece que se n§o confessou. No mesmo dia compareceu Alvaro da Costa, morador em Cintra, e disse ter ou- vido a SimSo Rodrigues, christao novo e recebedor das sisas em Cintra, que os chris* taos velhos eram uns c3es. No dia 22 compareceu Maria Fernandes que accusou Branca Dias. No dia 28 compareceu Pedro Correia, escudeiro fìdalgo da casa d*£l-Rei, morador em Evora e disse ter ouvido dizer que Antonio de Luna, castelhano, era christSo novo e que effectivamente, conversando coro elle, a proposito dos christaos novos, a teste- munha Ihe disse que o erro d*elles era supporem que o Messias nao tinha ainda vind<^ ao que Antonio de Luna replicou : «Eso es mucho, yo tambem no lo see». No dia 7 de dezembro compareceu o LA"* Vasco Lobo, cura de S. Nicolao, e disse que estando para morrer urna christS nova cujo nome nao sabe, mas que morava na ma de D. Rolim, nSo quizera adorar o Sanctissimo Sacramento. A INQUISICAO eM PORTUGAL E NO BRAZIL 1 1 1 Nò dia II compareceu JoSo Diniz, seleiro da Rainha, qua confinnou o depoimento anterior. No dia 3 de Janeiro de i543 compareceu o clerìgo Antonio Pires, morador em Axambaja, e disse que Marcos Fernandes, christSo novo, trabalhava ao Domingo e corno a teatemunha *o reprehendesse elle replicou : Sacerdotes de tr. . . . No molher dia IO de Janeiro pelo Dr. Antonio de Liao foi interrogada Violante de Goes, de Chrìstovio Farzao, e disse que, em Azamor, habitavaro Junctos Manoel Rodriffoes, Filippa Rodrìgues, sua mulher e filhas, urna casada com Fernao Pinheiro, chrìstao novOy e ouira com Gabriel Pinheiro e a casa d'elles iam corner urna judia, dona Cemaha, e os |udeus Jacob Adibe e Mo3rsés Adibe e vio ir essa familia Rodrigues a todas as festas e paschoas a casa da dita juoia. Disse mais (^ue« indo-se confessar, o confessor Ihe aconselhou a que viesse dixer isto é Santa Inquisi^ao. No dia 24 compareceu Manoel de Moraes» naturai e morador em Villa Franca de Lampades, termo de Braganca, e disse que no hospital que esté na Ribeira està uma chrtsti nova que nao sabe o Padre Nosso, e declarou à testemunha aue ba dois annos se nao confessava e ouvio que quando ella pedia esmola nio dizia pelo amor de Deus. No mesmo dia compareceu Maria Rodrigues, «esturiana espritaleira no esprital dos pobres desemparados que esii na Ribeira debaixo das varandas dos pa^osi que confìr* mou o depoimento anterior quanto a Catharìna Fernandes. No dia IO de fevereiro compareceu Antonio Rico, alc^ide na villa de Vallelhas, bispado da Guarda, e disse que, estando a conversar com Arthur Rodrigues, merca* dor, chrìstSo novo de fìelroonte, Ihe dissera que a terra de Jerusalem era multo esteril e sómente produzia p3o, e isto por causa do peccado dos judeus que crucifìcaram Jesus e o denunciado rcspondeu que ella tornarla a ser vinosa quando elle viesse, referìndo-se ao " No dia 13 compareceu Paulo Arraes, mo^o da camara d'El-Rei e morador em Al- mada^ e disse que JoSo Lopes, juiz das sisas d'Almada, em conversa com elle Ihe dis- sera, a proposito de dizimos, que se nSo deviam pagar senao a clerigos virtuosos que nSo estivessem amantisados e que repartissem as rendas corno cram obrigados, ao due a testemunha respondeu comò S. Paulo que dizia que quem serve o aitar do aitar na- de viver, ao que JoSo Lopes replicou : os clerigos corno a sio Paulo se avySo de pagar. E noutra occasiao fallou contra o dinhciro deixado para responsos, quando era bem melhor que se desse aos pobres e contra os clerigos. — Este depoimento tem a nota seguirne : «Este Jolo Lopez d'Almada foy ouvido e despachado por nnf, frei Jorge de Santiago e o doutor Antonio de Liio, Frater Georgius de Sancii Jacobi. No mesmo dia compareceu Martha Rodrigues e disse que Antonio Fernandes, tendeiro, e sua mulher, às 6.** feiras coziem e amassavam, aos sabbados vestiam «beati- Ihas lavadas» e a casa d'elles vinham os genros, fìthas e netos, vestidos de festa; citou testemunhas. Ouvio tambem dizer que a mulher de Antonio Fernandes affìrmara que tres dias no anno os diabos andavam é solta : dia de Corpus Christi, de S. Joao e 6.* feira de endoen^as. Declarou que vinha dizer isto porque o cura de S. Nicolàu na con- fissSo Ih'o manderà. No mesmo dia compareceu Joao Fernandes que confìrmou o depoimento ante* rior. No mesmo dia compareceu Alvaro Afionso, pichaleiro, morador na rua da Cutela* ria que confìrmou o depoimento anterior. No dia 14 de fevereiro compareceu Branca Nunes, mulher da testemunha antece* dente que confirmoo o depoimento anterior. No mesmo dia compareceu Diogo Fernandes, que està em casa de Alvaro Affonso, cujo depoimento confinnou. xia ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ No mesmo dia compareceu fìraz Alfonso, criado de Alvaro Affonso, cujo depoi- mento confìrmou. No dia 19 compareceu Fedro Fernandes, cerrador^ e disse que por varìas vezes, urna bora antes de amanhecer, vira urna christa nova que està presa, cujo nome naosa- be, (ao lado diz se que era Violante Rodrigues) A espera da estrella de alva, de joelboSt corno que a orar. (Mostraram-lbe a tal christa nova e a testemunha reconbeceu-a.) No dia 23 compareceu JoSo Vicente, morador em Albufeira, que accusou Rafael Fernandes, cbristao novo, de ter proferido palavras contra Jesus Cbristo. No dia 27 compareceu «Genebra», preta e captiva de Ayres Tavares, escrivao da camara d'El-Rei, que accusou um mourisco, Cbristov§o, de querer ir para a terra dos Mouros. No dia 28 compareceu, nas casas do despacho da Santa Inquisi^So, Martim Jorgei e disse que um homem castelhano, confeiteiro, trabalha aos Domingos e come carne quando a nSo deve corner. No mesmo dia compareceu Antonio, criado da testemunha anterior, cujo depoi- mento confìrmou. No dia 5 de Marco compareceu Joao Louren^o, sapateiro, e disse que Duarte Fernandes svseiro em (Zintra, viera de Gulfo e nSo fora ce baptisado, nem a mulher e que o seu mho Simao Fernandes jé foi penitenciado pela Inquisi^ao. No mesmo dia compareceu Antonio, trabalhador, que denunciou Catharina Fernan- des por nao ir é missa. No mesmo dia compareceu Catharina e disse ter ouvido a Guiomar do Couto que seu irmSo, cujo nome nao sabe, blasphemava frequentes vezes. No mesmo dia compareceu Fedro Rodrigues, carpinteiro, e disse que o bacharel Gaspar Drago affìrmou a testemunha que o papa nSo tinha poder sobre as almas do purgatorio, porque so tinha poder sobre a terra. No dia li compareceu Antonio Fernandes, carpinteiro na Ribeira, que confìrmou 0 depoimento da testemunha anterior. No dia 5 compareceu Gaspar Rodrigues, tintureiro, e disse que Catharina Fernan- des, mulher de Fedro de Vargas, comia carne aos sabbados, que guardava. No mesmo dia compareceu Maria Mendes que confìrmou o depoimento anterior sobre Catharina Fernandes. No dia 6 compareceu Antonio Fernandes e confìrmou o depoimento anterior sobre Catharina Fernandes. No mesmo dia compareceu Braz Gon^alves e confìrmou o depoimento anterior contra Catharina Fernandes. No dia 7 compareceu Antonio Fernandes e accusou Diogo de Vargas de ter al- mo^ado antes de commungar. No dia 16 compareceu Maria Comes e disse que Violante Finto e Beatriz Lopes, moradoras abaixo da Forta do Sol, sao tidas por reiiiceiras, dìzendo a segunda d*ellas que fallava com os diabos e que para isso era preciso levarlhes alguma coisa. A pri- meira costumava moer «pedras de cevar» para dar de beber a quem quizesse provocar OS amores d*outrem. Disse ainda que as duas costumavam vestir urna vassoura e cba- mar-lhe mie do diabo, dona Abisodia (?) A INQUISigÀO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 1 13 No dia 21 compareceu Dutrte Pacheco^ mo^o da camara d*elrei Nosso Senhor, e disse que estando a conversar com urna christS nova, Beatrìz Mendes, ella, suppon« do-o tambem chrìstao novo, Ihe disse que ia A igreja a nngir e differentes coisas a cer- ca do valle de Josapbat. No mesmo dia ainda Duarte Pacheco confirmou um depoimento anterior acerca de Gaspar Drago. No dia 34 de mar^o compareceu no mosteiro de S. Domingos, na capella de S. Pe» dro, martyr, Uermana Comes e confìrmou o depoimento contra Beatriz Mendes acres- centando que Cathariaa Alvares Dalegre guardava os sabbados, na 6.* feìra A noite accende candeias e quando isto fax costuma dizer o seguinte : «Estas sa as encomedan- cas benditas e santas que nos encomendou o nosso deus Q a<;endesemos candea e noyte ae sabbado com azeite d'oliva limpa.» Tambem esca Catharìna Alvares fazia o jejiim da rainha Esther. Duse ainda que Violante d'Oliveira e seu marido eram judeus. No dia 97 compareceu Gaspar Luiz, oleiro, e disse que mastre Fernando, «sollor- gia e phisico», fallando com elle Ihe afiìrmou que o abrir do mar Vermelho nio fora tanto pelo poder de Deus corno pelo vento que n'aquella ocasiio se levantou. No mesmo dia compareceu Antonio Fernandes, e disse que Diogo Femandea» cortador, chrìstSo novo, fez no chao urna grande cruz com um pào e Ihe deu «e cyma huu gride cou^e» e depois de apagar està tomou a fazer outra. No dia 3o compareceu Rodrigo Bernardes, morador em Tuseo, termo de Vinhaes, e disse que na villa de Vinhaes habitava um JoSo de Moraes e que, este, a proposito da romana do Senhor da Serra, tinha dito que a gente oue le ia melhor fari a em com* prar fazendas porque nao havia senio nascer e morrer. Acrescentou a testerounha que em Vinhaes ha, dos muros para dentro, 5o moradores e d'esses sé tres é que sao chris- tios velhos ; os restantes guardam os sabbados e, corno um d'elles tosse preso, e se espalhasse a noticia de que a Inquisi^ao os queria prender a todos, esteve a villa despo- voada durante 8 dias porque fugiram. E' voz publica qua a «j&ynoga» é em casa d'um Francisco Lopes. No mesmo dia compareceu Antonio do Ballcacere, morador em Vinhaes, e disse que nesta villa havia 3o moradores e d'esaes so 4 oa 5 eram chrtstaos valhoa, vivendo a maior parte dos outros comò judeus, tendo «aynoga» em casa da Franciao Lopes, que dizem que foi «araby ;» aos sabbados costumare elles vestir-se melhor do que nos outros (fias, nm% seztas feiras é noice accendem candeias até ao sabbado, rarameoia vio A missa e, em especial, Simlo Garda e seu irmfio Joao Garcia e seu primo Pedro Fernandes, quando na egreja levantam o corpo de N. S. Jesus Christo, poem os olhos no chao e n3o se inclinam; Francisco Lopes costuma ter um livro na mio, mas para fingir que reza poraue està sempre de bocca aberta. A testemuoha disse umbem ter visto a mulher de Simao Oarcta cosar pio noa domingos, vio Simio Garcia corner carne i seata -feìra e jorar falso assim corno Pedro Fernandes. Citou testemunhas a disse ter me voatade a Sìmio Garcia. No mesmo dia compareceu Antonio Martins, tambem de Vinhaes, e disse que em Vltthaea havia 3o moradores, dos quaes so 3 oa 4 christSot velhos e oa reatantea tidos corno judeus com «synoga» em caia de Francisco Lopea. Em particular referiu-se a este qae se vesiia melhor aos sabbados e nio guardava oa domingos, assim «omo Pedro Fernandes ; tambem disse que Bernardo Lopes d'urna ves tróusara na sua vinha homens a cavar num dia sancto pelo que foram condemnados. Gton teatemunhas. A a d'Abrì! «S a casa do despacho da Santa Int^uisi^ao» compareceu Joaana Dias, moradora no arco do «Rosyo», e disse que Beauis Mendea, christi nova, com doaa iilhas, <^ue 5 amios esteve em casa da testemunha, guardava os sabbados, facendo na sezta-feira a noite o que os christios novos costumam fiszer; noa sabbados veatia touca e beatflha lavada, nao confai carne de porco. D'urna vac, em conversa» A tealemuaha perguntou Beatriz Mendes se «folgava 4 Ine tirasse as unhas quido vieae o aniechristo» 3 114 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ e a testemunha respondeu «que pella fee de Deus e seu amor folgaria de sofrer yso» e depois d'iste B. Meades come^ou dannando e bateado as palmas, e dizendo : «Jé viesse, jà viesse», mostrando assim grande desejo da sua vinda. Disse a testemunha vir fater aste depoimento para n3o ser excom mungada e acrescentouque-BrancaPemandesfòra cozer ao seu forno numa sesta -feira de endoen^as e nunga a viu ir a missa. No mesmo dia compareceu Catharìna Rodrìgues, fìlha da testemunha anterior, cujo depoimento confirmou. No mesmo dia compareceu Jeronymo, mo^o de 14 ou 1 5 annos, filho da testemunha Joana Dias, cujo depoimento confìrmou. No mesmo dia compareceu Ignez de Cai que disse ter ouvido a Isabel Feroandes que OS christaos novos tinham fomalha onde coziam pao asmo. No mesmo dia compareceu Esterao Lourenfo, clerigo de missa e cura da egrejt de S. Martinho da villa de Cintra, e disse que, estando d'urna vez a dar a communhlo, entre outras pessoas que a tomaram, estava uma Isabel Rodrigues Atasadeira, chrìstS nova, e comò a testemunha pedisse para que dissessem se alguem tinha mais necessi- dade de agua, Isabel Rodrigues per^untou: «Que diz o padre ?» E a testemunha per- guntou-lhe entao se sentia alguma coisa na bocca e ella respondeu asperamente : «Que bey de sentir, senty ysto que me meteste na boca». No dia 3 de mar^o (oa abril) (este depoimento ou està aqui interpalado ou ent3o deve ser abril e nao mar9o, mas é todo da tetra do Inquisidor Fr. Jorge de Santiago e està assignado pela testemunha), compareceu Bento Forge, thesoureiro da igreja de S. Martinho que fez egual depoimento ao da testemunha anterior. No dia 3 de abril compareceu, na presen9a de Fr. Jorge de Sant'Iago e do Dr. Anto- nio de LeSo, desembargador. Fausto SimSo de Calvos, cavalleiro da Casa d'El-Rei, e disse que ouviu a sua mSe Francisca Delgada e a sua irmS Isabel Serrao, mulher de Gaspar do Couto, criado do infante D. Luiz, que em casa de Francisco de Lope se nao comia carne de pK>rco. No dia 4 compareceu Francisca Delgada que confìrmou o depoimento anterior conerà Francisco de Lope e sua muiber. No mesmo dia compareceu o cura da Maadaldna, Gonzalo Femandes, e disse ter ouvido que a mulher de Francisco de Lope, christSo novo, trazia comstgo um )udeu de Safim. No dia 6 compareceu Luiz de Sà^ escadeiro fìdalgo d'El-Rei, filho de J080 de Sa, thesoureiro da Casa da India, e disse que estando preso no Aliube ouvio dizer a Fedro Alvares, sapatoiro, do Algarve, que cse deus qua viesse e Ihe tornasse o seu Itie daria ed bua panella na cabe^a». Citou corno te:itemunhas todos os presos e entre elles o co- nego Antonio da GrS. No dia 9 compareceu Joio TaTares, escudeiro do bispo que foi de Viseu D. DiogD Ortiz de Vilhegas, morador numa quinta no termo de Alhos Vedros e disse que Diego Lopes, neto de uma Maria Dias, christS* nova, clerigo de missa e que foi frade de Nosst Senhora da Gra^a, disse a proposito d'urna bulla aue os freguezes da igreja de Palhaes, onde elle era cura, tinham impetrado : «està bulla oulrra, està bulrra buia». Citou teste- munhas de tal facto. D'outra vez tirou uma bulla de perdòes que estava em cima do aitar com palavras irosas: citou testemunhas. Tambem o mesmo fez um casamento, sabendo que a mulher ia cesar segunda vez; citou testemunhas. Tambem ha quem se 2ueixe d*elle revellar confissSet. E a testemunha notou que quando disia a «Coofissfio ìéral» nunca fekva em Nossa Senhora e sé o come^ou a faser depois que veio a Inqui- sito. (Este depofanento e o anterior foram escrtptos pelo punbo de Fr. Jorge de Sant'- Iago por o notario estar doente). A INQUlSigÀO £M PORTUGAL E NO BRAZIL ii5 No dia IO eoflifMireceu Henrìque Jorge, lavrador, morador no termo de Torres Ve- dras, qoe accusou de proferir heresias a Alvaro Annes. No dia 12 compareceu Catharina Annes e disse ter ouvido a Anna Lopes que Manuel Soares que foi escrìvao da camara de Beja e sua mulher, guardavam os sabba- dos e nas sextas feiras à noite accendiam um candeeiro com muitas «matullas», jun- ctando-se eoa casa d'elle a familia toda» n'um quarto muito reservado onde liam por uns lÌTros grandes, dicendo : «Veo, n3 veo^ veo, na veo». 0*uma vez que a mulher de Ma- nuel Soares surprehendeu Anna Lopes com umas contas na mao oisse-lhe : «Aleivosa, Tos rezaes por cotas e fazeis-vos da nossa casta I Se vos fores da nosa casta na rezaries por contas.» Disse tambem a testemunha que, entrando em casa de Manuel da Costa, cbrìstao novo, o encontrou e a sua mulher comendo gallinha cozida numa sezta-feira d'endoeagas, dizendo que estavam doentes quando escavam bem sSos. Disse tambem ter visto em Beja a um christao novo, Branco, tecelao ter 2 fìgas de baixo da carapu^a quando erguiam o Santissimo Sacramento. No dia f3 compareceu Andre Fernnandes, mestre dos biscoitos d*EI-Ref, morador em Palhaes, termo ae Alhos Vedros, e disse que era vcrdade ter dito ao cura da sua fre- guezia Diogo l^pes, jé denunciado, que urna mulher que elle queHa cesar \à o era, com o que elle se nao impo^tou. Tambem disse que duas mulheres Ihe affirmaram que eile Ihes tinha promettido da pedra de ara se o conseguissero congregar com os respe- ctivos maridos. No dia 14 compareceu Catharina Tavares mulher de Gii, mestre cantor de El Rei, e disse que Henrique Lopes, christao novo de Evora, tinha fìcado muito agastado quando se publicou a Inquist^ao naquella cidade, que elle, agora residente em Lisboa, nao cooiia carne de porco e fallando os dois acerca de christaosjnovos, disse-lhe a tes- temimha que «eiles sepre fora ^egos nas cousas de deus e andava as avesas do que Ihe deus mandava porque no tempo que deus Ihe dera a lley por mouses elles nuca a comj prira ne gardara comò Ihe deus mandava e agora que tem a fee de noso senor Jhu Christo noso Redemtor mas torna a gardar a lley de mouses que pasou ja e que fora figura da nosa fee e paixa de Christo» ; a isto respondeu Henrique Lopes que Deus nunca fizera cousa que desfìzesse, com o que a testemunha muito se escandalisou. No mesmo dia compareceu Beatriz Thomaz, irma da testemunha anterìor, cujo de- poimento confirmou. No mesmo dia compareceu Catharina Esta9a que, a respeito de Henrìque Lopes, confìroDOu o depoimento das anterìores. Aiuda neste dia 14 compareceu Branca Rodrìgues que disse ter visto urna camara da casa de Fraodaco de Lope muito allumiada, numa sesta feira, onde se encerraram di£Gsrentea peasoas ; que nessa casa nao se comia carne de porco e d'urna vez que uma creada les isso mandaram lanfar a lou^a ao Te)o. No dia 16 compareceu Anna Lopes que confirmou o depoimento da testemunha anterior coatra Francisco Lope. No dia iH d*abril compareceu Micia Femandes e disse ter ouvido a Leonor, filha de^ma Faroandes, que està tinha deixado ir uma filha com uns chrìstios novos para Galfo. No dia 21 compareceu Margarìda Femandes que confirmou os depoimentos ante- rìoret coiitra Franciaco de Lope e soa mulher. No dia aa oompareceu Franctsca Vas e disse que vira Isabel Femandes, Isabel Nu- nea e Ehira Dias (epar no dia de Quipur, que vem no tempo das uvas, e que, no dia anterior so dito jeiiun^ cearam A noite muito bem e d'ahi até ao outro dia à noitef em que nascett a eatrella, consenraram-ae sam corner nen beber e estiveram descal^s, pra- ticando tanbcsi onttoa ftymt jndaicos. Duse maia a tesiemimba que laabel Fernanda» 1 16 ARCHIVO HISTORKX) PORTUGUEZ accendta urna candela d'aseite na sesta feira é tarde logo que nasda a eatrella, a qual nioguem havia de apagar e as torctdas d'està candela eram feitas na sexta feira pela manhi em jejum. Elias foziam na sexta feira o corner para os sabbados. Cltou testemu- nhas e quanto ao costume disse que as denunciadas se davam mal com a testemunha. No dia 27 compareceu Domingos Femandes, baneficiado na igreya de SacaTem, e disse que Joao Lopes, de Unhos, vem nos sabbados a Sacavem com camisa lavada e pe- lote novo e que ouvio dizer que elle, a proposito da vìrgtndade de Maria, ùaha dito : «n5 ha hy queijo sem qualho.» No mesmo dia compareceu Vìcente Viegas, sapateiro, e disse que na igreja de S. Christovao tinha ouvido a um prégador que Nossa Senhora tinha de idade 60 annoa quando subio ao céo e a proposito d*isso, um carpinteiro, JoSo Nunes, tinha dito : «Bem veiha era a burra.» No mesmo dia compareceu Maria Fernandes que confirmou o depoimento anterìor* No dia aS compareceu Jeronymo Goncalves, clerigo de missa, e depos contra JoSo Lopes que vinha a Sacavem aos sabbados, de barrete e gabSo que costuma traxer aos Domingos e confirmou o depoimento de Domingos Fernandes. No mesmo dia compareceu Francisco Lopjes, escudeiro do duque de Bragan^a, que confirmou o depoimento da testemunha anterìor contra JoSo Lopes. No dia 3 1 compareceu Antio Martins, morador no termo de Vinhaes, e disse que ouvio a umas criadas de Bartholomeu Alvares, o mo^o, e Fedro Fernandes que elles nas sextas à noite as mandavam deitar e estavam teda a noite com as luzes accesas e a testemunha reparou em que elles, quando iam à missa e levantavam a Deus, voltavam a cara para traz. No mesmo dia compareceu Anna Lopes, moradora em Aliao, freguesia de Unhos, e disse que là habita urna Isabel Dias, mulher de SimSo Rebello, que tem fama de christa nova, que nao costuma ir à missa e quando esteve de parto nunca chamou por Nossa Senhora. Quanto ao costume disse que estSo mal. No dia 9 de Malo compareceu Catharina Lopes de Vasconcellos e disse que. em conversa com Luis Antunes que foi religioso, Ihe perguntara quem era Erasmo e o Luis Antunes respondeu que fora um grande doutor e confessor do imperador e que fizeta muitos livros e que era um exceliente homem ; a isso replicou a testemunha que admi- rava ser assim porc^uanto d'elle diziam multo mal e entSo Luiz Antunes respondeu «i{ jso faziS com emveja que ajnda avia de vyr tempo em que os haviam de ouvir e esti- mar multo.» A testemunha disse tambem ter ouvido que Luiz Antunes aifirmara (pie os sacerdotes nao deviam levantar o sacramento mais que uma vez. Disse ainda que ojp^e de Luiz Antunes era um d'aquelles christaos novos que tinham vindo fugidos de Cas- tella. No dia 7 compareceu Margarida Imdoa que fez o seu depoimento contra Leonor Fernandes e Ana Lopes, christis novas que guardavam. os sabbados, e que em casa d'ellas um Lopo Dias, clerigo, comera carne numa quaresma. Disse mais a testemunha que Joanna Dias e sua maorasta Leonor Dias aos sabbados se enfeitavam e nlo traba- mavam. No dia 9 compareceu Margarida Comes e disse que, Catharina Alvarea, christSttOva, por a testemunhfi ter feito o signal da cruz Ihe disse : cbem sarìlhaves vos oje • A's sextas feiras é noite costumava accender candeias, d'uma vez vio-a a testemonha corner Slo asmo que Ihe tinha enviado sua neta Juliana Jorge. Disse mais a testemunha que eatriz Mendes, que a^ora esté presa nos carceres da Inquisi9fk>, dissera deante d'ella que o Messias havia ainda de vir e de a tornar mo^a e come^ou bailando e dizcuado urna cantfga em que se Olivia a palatra: «Adonay.» A testemunha pedio finalmente qoe «por A INQUISigXO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 117 amor de noso stnòr seu nome n6 fose dado nem descuberto e o padre Inquisidor Iho prometeo.» No mesmo dia compareceu Manoel^ crìado d'El-Rei e morador em Aldeta Gallega, e disse que Luis Anttmes que fora religioso e agora era professor, Ihe contara estar trabaihando num livro em defesa de Erasmo e a testemunha vio-lhe mesmo um livro d'esse aoctor. No mesmo dia compareceu Francisco Murzelo, crìado de D. Rodrigo de CastrO| que denunciou corno blasphemo a ChrìstovSo Rodrìgues, preso na cadeia da cidade corno ladrio. No mesmo dia compareceu Fedro Pestane, crìado de D. Rodrigo de Castro, que coofirmou o depoimento anterìor. No dia IO compareceu Francisca Vaz e acrescentou o depoimento que anterìor- mente fez dicendo que Isabel J*'ernandes Ihe dizia que no dia do jejum de Quipur se de- verìam perdoar todas as culpas e que ensinou é testemunha, ouando amassava o pSo, a tirar um bocado de massa e deita-la no fo^areiro. Disse tamoem que Isabel Fernan- des tinha aprendtdo todas as ceremonias judaicas com Duarte Trìstio. Antonio BaiÀo. CCmamóaJ. O dote de D. Beatriz de Portugal Duqueza de Saboya CONVENiENCiAS dynasticas, interesses politìcos e financeiros, razSes do Estado em fim, sao geralmente as causas determinantes dos ma- trimonios reaes e principescos. Disse geralmente, porque toda a regna tem excep^ao, havendo exemplos, tanto na nossa historia corno nas estranhas em que o sentimento amoroso e a paixao vuluptua- rìa permaneceram superiores a todos os dictames de qualquer natureza. D. Meda Lopes de Haro, D. Leonor Telles, e D. Miria Francisca de Saboya prearam nas suas garras sensuaes a D Sancho II, a D. Fernan- do I e ao irmao do desditoso e ludibriado D. Alfonso VI. Succede tam- bem algumas vezes que certos consorcios reaes, que pareciam a princìpio nao serem senao o mero cumprimento d'um contracco, a convencional obriga<;ào de prolongarem a gerarchia dynastica, se transformam depois em affecto reciproco, tao duradouro e sincero, quanto é possivel n*uma athmosphera palaciana. O Consorcio de Carlos III, duque de Saboya, com D. Beatriz de Portugal subordinou se da parte de um dos contraentes, a um pensamento politico e mercantil. Escusado sera dizer que a noiva foi, completamen- te < Iheia, a todos vsses calculos, obcdecendo resignada é imposi^ao pa- terna, o que todavia nao impediu que ella fosse depois urna esposa dedi- cada, boa mae de familia e até zelosa administraddra dos seus estados, coadiuvando o marido no difficult'>so officio de reinar; assim o testefica« baseado em factr>s e documentos, um seu biographo^ o barào Gaudenzio Claretta, nas I^oti^ie storiche intorno alla vita ed ai tempi di Beatrice di Portogallo^ publicadas em Turim, em i863. A situa<;ao do Piemonte no principio do seculo XVI era bastante cri- tica, nao so pela exiguidade dos seus recursos, comò tambem pelos peri- gos a que se achava exposto em consequencia das rivahdades existentes entre a Franca e a Allemanha, e de que a Italia tao cruelmente foi vieti- ma. Manter-se neutral era quasi impossivel, e quér se inclinasse para o lado dos francese», quér para o lado dos imperiaes, os resultados eràm auasi OS mesmos, nao chegando a differenqar-se os beneficios dos amìgos OS ultrages occasionados pelos antagonistas. Os exercitos mercenarios d'aqu^Ila epoca, por maior que fosse o pres- tigio dos seus chefes, ignoravam a verdadeira nocao do espirito de dis- ciplina e, comò andassem quasi sempre com o soldo em atraso, paga* O DOTE DE D. BEATRIZ DUQUEZA DE SABOIA 1 19 ram-se por suas proprias maos, fazendo soffrer, aos pobres habitantes das terras que atravessavam, os mais crueis vexames e depreda^oes. A' similnan^a dos nobres arruinados, que procuram por meio d'um coDsordo opulento redourar o seu brasao, assim o duque de Saboya re- correu a egual expediente, buscando em algumas das mais poderosas fa- milias reinantes da Europa um eniace, que servisse ao mesmo tempo de estabilidade i sua politica, e de referto i mingua dos seus thesouros. O reino de Portugal assombrava entao a Europa com a audacia dos seus descobrìmentos e conquistas ultramarinas, e nada mais naturai que o prin- cipe italiano fixasse na sua mente ambiciosa a córte de Lisboa, excitado o seu olfato pelos aromas das especiarias orìentaes, fascinada a sua vista pelas 8intìla^6es das joìas e rìquezas d*essa nova Ophir, de que el-rei D. Manoel era o novo Salomao. A empreza de Carlos III nSo era das mais faceis, e durante alguns an- nos decorreram duvidosas e vacilantes as negocia^des, até que chegaram ao seu apetecido desfecho. Principiaram ellas a entabolar-se no anno de mil e quinhentos e dezasseis, sendo o encarregado d'està delicada mis- sao Honorato de Gays, nizardo ou naturai de Niza, homem sagaz e pru- dente, o qual, apesar de todos os seus dotes de fino e perspicaz diploma- ta, nao conseguiu levar a cabo o seu intento, (i) Nem Garcia de Resende, nem Damiao de Goes explicam satisfactoriamcnte a causa do insuccesso, attribuindo-o este ultimo chrontsta, além de varios respeitos, i pouca ida- de da infanta. Effectivamente D. Beatriz, o segundo dos fiihos de D. Ma- noel e D. Maria, tendo nascido a 3 1 de Dezembro de 1 504, nao contava ainda 12 annos, flfir demasiado tenra para sér sacrificada no aitar do ma- trimonio, embora n'aquelias epocas os casamentos reaes se effectuassem na mais juvenil idade, segundo o reclamassem os interesses dynasticos. E' possivel, porem, que a proposta nao fosse acceita, por se julgar na c6rte de Lisboa que ella nfio seria suficientemente vantajosa em honras e pro- veitos. Quem dera, em epocas de menos explenddr uma princeza para o thalamo do duque de Borgonha, e outra para o thalamo rea! da Alle- manha intendia e intenJia muito bem, que era baixar da sua prosapia contrair um casamento com uma entidade reinante de somenos impor- tancia. E' certo que o fundadSr da monarchia fora procurar esposa à cdne de Saboya, mas essa allianga longinaua quasi que se tinha oblite- rado na memoria dos portuguezes, havencio até entre os nossos histo- rìaddres quem nSo acertasse com a ascendenza da nossa primeira rai- nha. As causas que motivaram a uniao matrimoniai de D. Affonso Henri- Sues com D. Mafalda où Mathilde de Saboya, as circumstancias em que Ja se realisou, nao as registaram os annaes contemporaneos e ainda hoje sao um problema porventura indecifravel. Carlos III nao desanimou com o primeiro revez, e persisitiu em contor- nar os obstaculos que se Ihe ofTereciam, até conseguir a realisa^ao do seu desideraium. Damiao de Goes conta que depois d' aquella primeira ìn- (1) Dami&o de Goes, na oarte IV, cap. LXX da Chronica de D. Manod^ seguindo teztualmente Garcia de Reseiiue diz que os prinneiros negociadores foram : o seonor de CoQsinbam e Pero Caes. laot ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ vestida viera a Lisboa secretamente utn frade franciscano da ordem da Observancia, incumbido de tratar do casamento, nao jà para o duque Carlos, mas sim para um seu irmao herdeiro de todo o seti estado por elle nam ter filho. D. Manuel respondeu que subsistiam ainda as razoes do primeiro impedimento, e que por isso se punha ponto por agora em tal materia. A este incidente diplomatico nao allude sequer o barao Gau- denzio Garetta. Acrescenta ainda o mesmo chronista oue em seguida ao frade viera para tratar do mesmo assunto Honorato de Caes, que resi- diu depois muito tempo na nossa córte corno embaixador dos reis de Franca. D. Manuel ainda usou de palliativos, promettendo dar a respos- ta decisiva passados seis mezes, p riodo que aproveitou para mandar a Saboya, a tomar informa^oes directas. Silvestre Nunes, escrivao da sua camara, e que o servirà de feitor em Flandres. As informaqSes sairam fa- voraveis e aahi decidiu se o nosso soberano ao final consentimento. Chegadas as cousas a este ponto, o duque nomeou os ^mbaixadores que deveriam vir a Lisboa ultimar o negocio, celebrar o contracto e acom- panhar depois a infanta na sua ida para Saboya. A 20 de fevereiro de i Sai eram elles recebidos na nossa córte, dando-se principio a todas as solem- nidades e festas das nupcias principescas. Damiao de Goes forma a cotni- tiva dos seguintes membros : senhor de Ballaisom, camareiro-mór do du- 3 uè, barao de S. Germaint, cavalleiro de Cambella; Jofre de Pacerio, ouctor in utroque jure^ e por secretario Chatel. Garcia de Resende enu- mera : Monseor de Balleisam, tres vezes barao : Jofre do Passerìo, douctor emLeis: e por secretario Chatel, estes nomes podem ser rectificados pela rela^ao que se encontra a pag. 3o e 3i da obra de Claretta. e Erano dessi Claudio, signore di Blaison, barone di San Germano, ca- valiere deirOrdine supremo e ciambellano del Duca, e Goffredo Pasero^ collaterale del Consiglio ducale stati nominati in virtù di procura spedita da Tonone l'ultimo di novembre detto anno alla presenza di Frances- co di Lucemburgo, visconte di Martigues, Pietro della Salma, Giovanni della Foresta, prevosto di Monte Giove (Gran San Bernardo) Frances- co de Villetta Chevron, abate di Cavour, Luigi di Chatillon, signore di Musinens, gran scudière, Aimone di Ginevra, barone di Lullin, Pie- tro di Beaufort, signore di Bosch governatore di Vuaud, Chiaberto dei conti di Piossasco e Scalenghe, Pietro, signore de Longacomba, Ugo della Balma e Luigi di Gorras». Nao se imagine que as negocia^Óes para o casamento se agenciaram directa e unicamente entre Portugal e Saboya. A diplomacia europeia metteu ambem o seu bedelho e duas potencias rivaes, de interesses dia- metralmente oppostos, contribuiram simultaneas para o exito ambicionado. A Franca nao ignorava que o principe ia contrair intimo parentesco com a casa d'Austria e tentou a principio dissuadilo d'este intento, mas elle insis- tiuno seu proposito, certo c|ue as vantagens oue Ihe offereciam d' aquelle paiz, jà pelo lado pecuniario, jà pelo lado politico eram inferiores às que esperava recolher aa allian^a portugueza. A Francia, nao querendo perder de todo o affecto do nubente, fez das tripas cora^ao, segundo o proloquio vul^ar, e levou a sua condescendencia a ponto de prestar o mais valioso auxilio por intermedio do seu embaixador Honorato de Cays. D'està cir- O DOTE DE D. BEATRIZ DUQUEZ A DE SABOIA iii cumstancia dao conta os nossos chronistas, deìxando em silencio a inter- ven^ao de Carlos V, cujos bons officios estSo bem patentes na carta oue dirìgiu ao duque, datada da Corunha a 24 d'abril de iSsi, em (jue Ihe commanica os resultados obtidos sobre o assumpto pelo seu embaizador. le sieur de la Chaulx. ( 1 ) Garcia de Resende, nao indica o dia em que foi assignado a contracto de casamento : dìz nos, porém, que o acto matrimoniai se efectuàra no domingo de paschoela 7 de abril; Damiao de Goes pelo seu lado escreve: OS quaes contraetesi acabados e concluidos^ que foi aos vinte e seis de marco de iSai se comefou lego a intender na partida da infante. Pelo texto do contracto, extenso documento em latim publicado por Claretta, vé-se que efectivamente foi assignado naquelle dia. Os nossos dois chronistas sao conformes, no que respeita às clausulas do contracto, em que D. Manuel e o duque de Saboya garantem e re- gulam a dota^ao da infanta. El-rei deu a sua filha cento e cincoenta mil cruzados, sendo cem mil em ouro e os restantes em joias, adornos de ca- mara e pe(;as de enxoval. Alem d'isso fazia as despezas da armada que devia conduzir a infanta ao seu destino, (a) O duque é quem fixéra desde o comedo das negocia^oes a somma in- dispensavel para validar o casamento, sendo talvez està uma das cau* sas que motivaram reststencia por parte da nossa córte. Elle reclamava trezentos mil ducados em ouro de contado, pagaveis em Nisa ou em Cham- bery, e cem mil em joias, alem dos gastos da viagem. Cohonestava o seu pecudo ou exigencia, allegando que era este o valor usuai do bilhete de nupcias com que davam entrada as princezas estrangeiras na recamara dos seus antecessores. Na Torre do Tombo, existem duas importantes cartas de quita^ao, passadas por D. Joao III, uma das quaes, de 21 de Marfo de i536, em favor de Fernao d'Alvares, do conselho d'el-rei e seu thesoureiro-mór, pela quantia de sessenta e quatro contos, cento e cin- coenta e quatro mil cento e um reaes, alem de muitos outros objectos, o que tudo fazia parte do dote da duqueza de Saboya. N'esta carta encon- tra-se, ainda que incompletamente, o inventario da baixela, adere<;os, ta- pe^arias e adornos. que a princeza arrecadou no seu grande e luxuoso sbafate nupcial. A lista póde còmpletar-se com os inventarios italianos. (3) A outra carta foi passada a 3i de Julho de 1622 a Diogo Ferreira, es- crìv§o da camara real, feitor da armada que conduziu a Saboya a infanta D. Beatriz pela quantia de quatro contos e tres mil reaes, alem de outros objetos que recebeu para aquelle firn (4). Està armada, forte e luxuosa, adornada e empavesada ricamente, (1) Està carta foi publicada pelo barSo Gaudenzio Clareta, na pag. i53 da suaobra Noiipe storiche^ etc. (a) O contracto do casamento creio que desapareceu do Archivo Nadonal; em com- pensacio encontram-se alli dois instrumentos de posse de terras que fatiam parte da doa- rio feita pelo duque a sua esposa; de um deUes aou copia, que vae adeante sob o n.® xa da sec^So dos documentos. (3) Vide doc. n.o 1. (4) Vide doc. h-* ?. • lai ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ cheta de ele^ancia e de conforto, apresentando ezterìormente a mais des- lumbrante vista pelas bandeiras, ^alhardetes, e toldos, de seda e de rei- ludo, é mais urna prova do podeno naval do nosso paiz n'aquella epoca em que tantas frotas sairam do porto de Lisboa, com destino aos desco- brimentos e conquistas nas mais remotas paragens. Poucos annos antes vira aprestar a numerosa armada, que levou a expedi^ao de D. Jayme à conquista de Azamdr. Dir-se-iam inesgotaveis os nossos recursos. A dez dias d'Agosto saiu fóz em fora a armada que conduziu a in- fanta, cujas saudades pelo abandono da patria e da familia, nao poderìam desvanecer-se com os festivos clamdres que a rodearam n'aquella bora. Antes da partida, tanto em terra comò no Tejo, onde esteve ancorada por alguns dias, as festas succederam-se a dissipar-lhe as maguas do seu tndefe* nido apartamento. Entre os festivos regozijos, um dos mais memoraveis foi o serao, que terminou com a representa^So da tragi-comedia de Gii Vi- cente — Ascories de Jupiter, em que o supremo deus do Olympo convi- da OS elementos para que sejam propicios durante o trajecto marìtimo da prìnceza. Garcia de Resende menciona o episodio por estas palavras: cE as dan^as acabadas, se come(;ou huma muyto boa, e muito bem fcita co- media de muitas figuras muito bem ataviadas, e muy naturaes. • .» Resende deiza no olvido o nome do auctor, embora o poeta Ihe dedi- casse uma pittoresca passagem na mesma tragi-comedia : «E Garda de Resende Feito peixe tamboril ; E inda que tudo intende. Ire dicendo por ende : Quem ne dera um arrabil.» A tragi-comedia vem cheia d*estas allus6es a diversas personagens, o que a deverìa tornar interessantissima, se outras circumstancias a nao va- torizassem tambem. O effeito produsido por ella devia sér extraordinario, sobretudo pela parte scenica e musical. Sào numerosas as cantigas cita- das, a maior parte d*ellas em hespanhol. Ha tambem a notar um lindo romance em castelhano que principia : «cNifia era la infanta Doiia Beatriz se decia Nieta del Buen Rey Hemando £1 mejor Rey de Castilla.» No final da rubrica d'està pe^a dramatica lé-se: «Poi representada nos Pa(;os da Ribeira na cidade de Lisboa, era de i5ig>. O erro chrono- logico é evidente, nao sendo este o unico que se observa nas rubricas das pe^as do grande comcdiographo, o que nos obriga a estar quasi sempre de sobreaviso. A bella e poderosa esquadra, composta de dezoito navios, alguns dos quaes de grande tonellagem, todos elles abastecidos de forte e numerosa artìlharìa, so aportou a Villa franca, depois de longa e talvez tormentosa viagem de cin^oenta dias, a 29 de setembro. O roteiro d'està expedi^ao, que devia ser tao curioso, nao chegou a ser escripto, ou se o foi, desap- pareceu. Pelo menos nao se sabe da sua existencia. Em 3 de outubro en- O DOTE DE D. BEATRIZ DUQIJEZA DE SABOTA ia3 trera D. Beatrìz solemnemente em Nice. O corte jo dos portuguezes que a acompanharam é computado por um escrìptor italiano em 5:ooo pes- soas, todas ellas rìcamente ataviadas n'um luxo orientai. O numero tal- Tez seja um pouco exagerado, o que jé nSo succede com relac^&o A ri« queza dos seus vestidos e adornos corno se póde ver no quadro tra(;ado a ^randes linhas por urna testemunha occular, Garcia de Resende. Os tra- |os dos mais finos e deslumbrantes estofos, eram cobertos de pedrarias e enfeites de toda a sorte. Nas espadas, nos estoques, nas adagas e nos pu- nhaes, scintilavam as pedras engastadas em ouro delicadamente burilado. Os ourives e os algibebes, alem de outros artifices, deverìam ter rivali* zado entre si na perfeiqao das variadas obras que executaram. E nSo era semente a fidalguia que prima va na ostentando de tantas galas: os seus Eagens e creados de toda a especie, honraram com as suas librés a li- eralidade dos seus senhores. Debaixo, porém, de tamanha magnificencia corno o verme sob a flor, germinavam os influxos da peste, que nao tar- dou a contagiar os nizardos, que por bem alto pre^o pagaram os ephe- meros regozijos da festa. Antes de proseguir nesta ligeìra narrativa, s'!Ja me permittido interca lar aqui um trccho da Chronica de D. Jodo HI de Francisco de Andra- de, que se diria urna pagina arrancada de algum jomal de modas contem- poraneo, se por ventura naquelle seculo jà existìssem. O parenthesis é um pouco extenso, mas talvez o leitor nao o julgue inteiramente enfadonho, observando o vestuario de D. Joao III, que, sendo ainda principe, nao quiz seguir a córte, por occasiao das solemnidades em honra de D. Bea- trìz, irma que elle tanto querìa. Palle agora o chronista : «No tratamcnto de sua pessoa se contentou sempre mais do seu trajo naturai Por^ tugues que de quaesquer outras inven9Óes das na(^des estrageiras, de tal maneyra que quando el Rey dò Manuel seu pay casou a terceyra vea com a Rainha Dona Leanor irma do Cmperador Carlo quinto ihdri que vio el Rey seu pay e toda a gente nobre da corte deixarao supitamente o seu naturai trajo, e se passarao ao estrangeiro por ve- rem que a Rainha, que en(§o vinha de Frandes onde se criara, e todas as damas se vestiào ha usanca dos Framengos, elle toda via nunca (et mudan^a do trajo que sempre custumara, e nella se afìrnoou que Hzera veatagem a todos os da corte na galantaria. Isto mesrao lh*a conieceo nas festas da ifante ilooa Beatriz sua irmara quando foy para Saboya, em que assy ci Rey corno toda a corte su vestirao hus ha framenga, e outros ha saboyana, e saìndo el Rey com hQa Roupa curta de veludo avelutado pardo e hG pellote do mesmo, com hum colar e espada douro e com cal^as pretas e ^apatos fran- ceses de veludo com fiuellas douro, hia o princepe detras delie com hum pelote de brocado de pello com mangas tran^adas, cortado sobre citim pardo, com hua espada e talabartes douro csmaltado, e en cima hua capa aberta frisada e na cabe^a hùa gorra de duas voltas com hum firmai de muyto pre^o que tudo era ha usanza Portuguesa daquelle tempo, assy que em quanto foy princepe inda que seu pay, e co seu exemplo, toda a corte se mudarào aos traios estrangeyros elle nunca deixou seu trajo naturai, e que sempre neste reyno fora custumado (i)». A peste que se desenvolveu no sequito da infanta, corno acima notei, e a noticia da morte de D. Manuel anuviaram um pouco a viagcm do noivado que os dois esposos realisaram atravez dos seus estados, e a re- cep(;ao triumphal com que Ihes abriu as portas a cidade de Turim. Mais tarde Genebra fez-lhes o mais aflectuoso e seductor agasaiho, ao que (i) Francisco d'Andrade, Chronica de D. Jo3o III; I, fl. 4. 114 ARCHIVO WSTORICO PORTUGUEZ a nossa infanta parece ter correspondido com frieza e are se diz com desdem. Jactancia da sua formosura ? Altivez de caracter ? Estranheza de costuntìcs, a que ainda se nao podera affeii^ar? Nostalgia da sua faroilia e de urna córte faustosa, que nao tivera tempo de esguecer? Tudo é possiveU O que é certo é que tentaram desculpal-a, attibuindo a sua indifFerenfa ou falta de enthusiasmo a costumes de Hespanha. Um escriptor francez, Brantdme) tambecn a critica por aquelles defeitos, o que levou Claretta a vir cavalheirosamente em sua defeza^ mostrando com OS factos, sobretudo com a sua correspondencia, que ella fora urna se* nhoia digna a todos os respeitos, urna esposa modelo, tanto no tbalamo corno no throno, auxiliando efficazmente o marìdo com o seu tino admi- nistrativo e politico. Para esse louvavel effeito, póde muito bem ser que concorresse proficuamente a aturada leitura das Insiruccoes^ que D. Ma- nuel Ihe entre^ou d bora da partida, InstrucfSes que fazem a honra de quem as redigiu, constituindo um pequenino trataao de philosopbia mo« ral e politica, (i) Para disfar^ar a ausencia da patria, fazendo suppor, imaginariameme pelo menos, que ainda vivia no seio da sua familia, D. Beatrìz levou em sua companhia algumas damas da alta nobreza, assim comò outras mu- Iheres de sómenos condi^So. Isto sem fallar no pessoal que devia exercer diversas func^6e$ officiaes, comò o seu thesoureiro, Alvaro Tojal, capellaes e musicos da capella, etc. A orchestra que Ihe devia mitigar, com os seus suaves accordes, as agruras do amoroso exilio, compunna-se de seis chamarellas^ tres violas d'arco^ huma citra^ otto trombetas e seis atam* bores. Resende, e no seu encalqo Damiao de Goes, dà-nos a lista do se- quito feminino da infanta, o qual termina com estes nomes: Francisca Tavares e Ines de Aguileira. Estou convencido que o ultimo nome saiu errado e que deve lér-sc Ines Alvares. Quem era Ignes Alvares ? Era a ama de D. Beatriz, à oual D. Manuel em carta de 22 de Julho de i52i, concedeu a tenga annua! de quinze mil reaes, que passariam por sua morte para sua filha Tornea Alvares, pò- dendo tamoem trespassal-a n'ella em sua vida, se assim o quizesse. D. Joao III confirmava està carta em 16 d'agosto de i524, ordenando em outra de io d*outubro de 1628 que a mesma tenga fosse paga à sobredìta Inés Alvares no almoxarifado de Extremoz. (2) Chegaram até nós duas cartas de Ines Alvares dirigidas a D. Joao III, n'uma das quaes pedia que a tenga fosse transferida em sua filha Fran- cisca Tavares. Se o pedido chegou a effectuar-se, ignoro-o; o que sei é que em t528 ainda o pagamento da tenga era feito a favor de Inés Alvares. D. Beatriz tambem escreveu duas cartas a seu irmao, recom- mendando està e outras pretengoes da sua ama. O sr. visconde de San- ches de Baena publicou jà aquelles documentos reproduzidos pelo sr. dr. Theophilo Braga no seu Bernardini Ribeiro e o Bucolismo. Em ne- (i) Estas Instrucgde»^ cujo originai està depositado nos Archivos Nacionaes de Tu- rim, foram reproduzidas na integra segundo urna copia photographica, pelo sr. Annibal Fernandes Thomas nas suas Cartas Bibliographicas. (2) Vide doc. n.*« 304. O DOTE DE D. BE ATRIZ DUQUEZA DE SABOI A i iS • nhum (Telles se dà a Ines Alvares o appellido de Z!agalo^ nem tao pou- co 0 titulo de Dom. O sr. Theophilo Braga, a pag. 104 do seu estudo historìco-poetico sobre o auctor da Menina e McUpa^ diz que D. Francisca Tavares Zagallo faliàs Francisca Tavares) era collana da infanta ; e logo na pagina seguinte concede as mesmas honras a Tornea Alvares, a ultima das quaes, so por mèra conjectura é que poderia ser considerada corno tal. (I) A 33 d'abrìi de 1533 era passada quita^ao do dòte da infanta no valor de cento e cincoenta mil ducados. Pouco tempo antes, a sete e vinte e um de fevereiro, havia sido feita a avaliagao da parte movel, joias, adere<;os, tapefarias e outros objectos. Das pe^as de ouro e conseneres foram pe- ritos avaliaddres por parte de D. Beatriz, Gonzalo de Mesa, e por parte do duque, Antonio Faignan. O encargo das tape^arias e guarda roupa coube a Alvaro do Tojal, cavalleiro de Christo, por parte da primeira, e Michelle Calluze por parte do segundo. Os respectivos instrumentos fo- ram redigidos em francez e d'elles nos dà o barao Claretta alguns tre- chos, em presenta dos quaes se prova que os perìtos do duque baixavam sempre no pre9o da avalia^ao portugueza. Verifica-se tambem que nao é pelo numero dos objectos preciosos que se póde calcular o thesouro da infanta, porquanto muitos aelles eram de pouco peso (3). * Gonzalo de Mesa pertenceu a urna gera<;ao de ourives do seu apjpeli- do, que doresceu no ultimo quartel do seculo XV e se estendeu ate de- pois da primeira metade do seculo XVI. D*elles tratei no opusculo publi- cado em 1904, sob o titulo gcral de Artes e Industrtas Metallicas em Pùrtugal e sob o titulo especial de Ourives-espadeiros etc. Gonzalo, se acompanhou D. Beatriz a Saboya, nao permaneceu alli muito tempo ao seu servi{0| regressando à patria, onde exercia o officio de contraete da c6rte, para o qual fora nomeado por D. Manuel em i de maio de 1530, sendo-lhe connrmada a nomea^ao por D. Joao 3.^, em 6 de agosto de i538. Este mesmo monarcha permittiu que o officio passasse por morte do agraciado para seu filho Diogo de Mesa, o que se eOectuou em i de outubro de i554, epoca da morte do pae. A correspondencia de D. Beatriz entre Saboya e Portugal foi nume- rosa e frequente, comò se deduz de algumas das suas cartas, embora a quasi totalidade dcllas tenha desaparecido ou se Ihes ignore o paradei- ro. As suas rela(6es epistolares nao se limitavam sómente a D. Joao III seu irmao e aos membros da familia^ mas tambem a outras pessoas, im- portantes da córte. Antonio Carneiro e D. Antonio de Athayde estavam n'este caso. Outros haveria a quem a infanta se dirigisse tambem. Quasi (1) Urna das cartas de Ignes Alyares conserva ainda o sinete com as arnias dos Tavares. Està circum slancia parece me digna de al^um apre^o. Transcreverei aqui o quea respeito do assunto escreveu o director do Archivo Historico Portuguej: aTambem ■o Somaryo de Afonao Mexia se encontra reduzida és suas verdadeiras e modestas pro- por0es, a ama da Infanta D. Beatriz Duqueza de Sabova, aquella Inez Alvares, a res- petto da qual, accrescentando-lhe o Dom e o appellido ae Zagallo, tantas novelas se tem esento.» (s) Claretta, op. cit., pag. 46 e 4S. 126 ARaUVO HISTORICO P0RTUGUE2 « todas as cartas^ senao todas, sao do aiesmo caracter, isto é de recom- menda^ao ou de empenho em favor de familiares seus, e de pessoas a quem desejava sér acradavel. Em 3o d'agosto de i52S enviava ella a D. Joao III urna carta por mSo de Alvaro Fernandes, seu homem da camara. O portador vinha a tratar negocios da ama, Ignez Alvares, e agenciar tambem cousas suas. Para elle pedia a infanta ao irmao que Ihe desse todo o agasaiho, pois d'isso era mereceddr e o nomeasse escqdeiro da casa real, assentandoo no ról dos seus moraddres, embora tivesse de voltar a Saboya. A carta é subs- cripta de Turim (i). Em 4 de setembro, da mesma cidade, se dirigia ella a seu irmao, re- novando com insistencia o pedido, que por varias vezes Ihe fizera de con* ceder o habito de Christo com alguma tenga a Chatel, seu secretano- A. mercé, alem de bem cabida, seria um incentivo a outros fidalgos da terra para bem servirem el-rei, quando houvesse opportunidade de o fazer. N'es- ta carta allude-se ao bispo de Targa, a quem eUrei escrevéra, prometten- do que daria resposta pelo primeiro que viesse. (2) Chatel era secretano do duque e por seu mandado veìu a Lisboa a tratar do casamento, redigindo com André Cotrìm (Andreas Cotrinus) o respectivo contracto, o qual assigna d*esta m meira: Glaudius Chatael de Chamberiaco gracinopotemis diecesis notarius aucloritate cesarea publica ac prefati illustrissimi domini Sabaudiae Ducis secretarius^. . • Em Carta de 16 de fevereìro de 1627 escrevia ella de Chambéry, agradecendo muito a Antonio Carneiro, secretarlo de el-rei, o prestimo- so acolhimento que fizera a monseor de Comfinhdo^ seu estribeiro-mór. O portaddr d*esta carta parece ter sido Diogo da Costa, gentil-homem da casa da princeza, que o recommenda calorosamente a Antonio Carneiro, a fim de o favorecer nos negocios de que vinha tratar a Lisboa. (3) Em4de Junhode i526 enderegava a princeza uma extensa e curiosa carta a D. Antonio de Athayde, védor da fazenda, mais tarde conde da Castanheira. O principal assumpto d'està missiva é o dòte de D. Beatrìz de Mascarenhas, oue havia casado com o conde de Cresenty, cujo enlace matrimoniai fora ae muito agrado da nossa princeza, concedendo-lhe todo o seu valimento e protecgao. A noi va dava-se por muito satisfeita, sendo honradamente tratada por seu marido. O dòte era de tres mil cruzados, contribuindo sua alteza para està somma com mil e duzentos, faltando mil e oitocentos, a que sua mae se comprometterà, obrigagao que toda- via ainda nao cumpnra. A infantar reclama os bons officios de D. Anto- nio de Athayde para que este negocio se ultime o mais breve e satisfacto* riamente, desempenhando-se a mae da condessa da sua palavra. Na mesma carta pede que obtenha a nomea<;ao, na primeira vagante de uma escrivaninha da feitoria de Flandres, para Diogo da Costa, gentil i\\ Vide dee. n.* 5. (2) Vide doc. n."» 6. — JoSo Pedro Ribeiro, no quinto voi das Disserta^Ses _ coSj aponta apenas muito laconicamente um bispo de Targa no prìmeiro quarte! do seculo XVI, de nome D. Joao. Nao cita sequer o documento. (3) Vide doc, n.» 7 O DOTE DE D. BEATRIZ DUQUEZA DE S ABOIA 1 27 homem, a auem se confessa deveddra de multo bons servi^os. Como se viu acima, Uiogo da Costa veiu a Lisboa em 1S37, recommendado par- ticularmente a Antonio Carneiro* Falla-se tambem em Chistovam Pires, que nao póde despachar mais cedo por duas circumstancias muito attendiveis. Em prìmeiro logar por se achar ella doente sobre parto, estando a^ora restabelecida por completo. Em segundo logar por o ter enviado a Milao ao marcjuez del Guasto e a outros capitSes por cousas que cumpriam a seu servilo, incumbencia de que se saira airosamente. (1) Dirigida ao mesmo D. Antonio de Athayde ha uma carta sem data, a qual todavia, pelo seu conteudo e pelo proprio subscripto, se pode referìr a i53i, anno em que o mesmo fidalgo desde o mez eie Junho a Setem- bro, andou na córte de Fran<;a a tratar negocios relativos i Carta de Marca de Joao Ango. A infanta pede-lhe que elle ao retirarse para Portugal nao deixe de ir ao seu encontro, pois nao haveria outra pessoa com guem pu- desse tao opportuna e convenientemente fallar do que tanto Ihe interessa- va. N'esta mesma carta refere-se a Gaspar Paiha a quem dera cartas para tratar do negocio de que estava incumbido. (a) A correspondencia de D. Joao III para D. Antonio de Athayde e que Fernando Palha inseriu corno prova documentai no seu opusculo publica- do em 1882 sob o titulo a Carta de Marca de Joao Ango^ serve de com- mentario elucidativo à carta de D. Beatrìz. As negociaq6es de D. Anto- nio de Athayde foram laboriosas e difSceis, poraue o nosso monarcha dese- java evitar por todos os modos um rompimento formai com a córte de Fran- ca, continuando assim a politica de neutralidade que sempre procurerà observar entre Francisco I e Carlos V, nSo obstante as soUicita^Óes d'es- te ultimo. A sua diplomacia resentia-se por conseguinte de uma circum- spec^ao levada ao extremo. D. Joao III desejava mais empregar o subor- no do que a violencia, e por isso, coUeando os obstaculos com uma certa pru- dencia e habilidade jesuitica, despresava o emprego da forga, o que tal vez nao fosse demasiadamente arriscado, pois as nossas armadas nveram freauentes ensejos de se baterem sem desaire com os navios francezes, jà de piratas, jé da propria naf ao. Em 5 de maio de ibSi escrevia D. Joao III a D, Antonio de Athayde, mostrando-se satisfeito pelo interesse que tomàra em favor da nossa cau- sa o duque de Nemours, irmao do duque de Saboya meu muyto amado e presaao irmSo. Em outras cartas subsequentes se refere el-rei mais de uma vez a Gaspar Palha, que havia ido a óenova contractar o piloto Leao Pancaldo, afim de prestar servi^ os a Portugal no que tocava é sua espe- cialidade. Para este effetto é que a duqueza Ihe dera cartas de reco- menda^ao. Ainda pela correspondencia de D. Joao III se ve que Gas- Car Palha tinha um appellido que nao correspondia ao seu animo tur* ulento. Ahi se diz que elle ferirà um homem sem se designarem os mo- tivos da rixa. Nao obstante o seu genio, irascivel ou pundonoroso, era su- \ 1) Vide doc. n.» 8 a) Vide doc* n.* 9 k xa8 ARCHI VO HISTORICO PORTUGUEZ ietto habil e prestadio, proprio para servir e acompanhar o dr. Gaspar Vaz, que ficara representando Poriugal em Franca. Tenho presente urna carta regia de 20 d*outubro de is34 pela aual, D. Joao Ili concedeu o privilegio de cidadao da cidade do Porto a Dio- ^o Gomez, com residencia em ihomar e cryado da duque\a de Sabo/a^ tfamte minha muyto amada e pre^ada irmàa. (i) Entre os musicos que foram na frota que levou a infanta D. Beatriz a Saboya. contava-se um Fernao de Caria, atabaqueiro, o aual tinha prati- cado um certo delieto de que D. Manuel o relevàra por ir n'aquella em- preza, com a clausula de oue depois da volta se livrasse sob fianca de cinquenta cruzados, o ^ue elle assim fez. Como porem nSo se tivesse la- vrado o competente registo um dos seus fiadores, de appellido Malvesado, era por este motivo inquietado pela justi^a, decorridos mais de vinte an- nos. D. Joao III houve por bem perdoar-lhe em carta de 21 de fevereiro de iS^Q. (2) Recopilei estas breves notas e documentos com o intuito de propoicìo- nar alguns subsidios a quem um dia se destine tratar mais a fundo a vida da filha de D. Manoel, ampliando as Noiicias do barao Gaudenzio Cla- retta. (3) A duqueza de Saboya, apesar de nao tSr deixado nenhuma pro- ducalo litteraria^ tem o seu nome intimamente ligado A historia da nossa litteratura. A' similhan^a da Beatri^ do Dante, Beatriz de Portugal inspi- rou um dos mais encantadores poetas do seculo XVI, Bernardim Ribeiro, autor do livro das Saudades ou Menina e moga^ novella de cavatlaria impregnada de perfume bucolico, partecipando do Orlando furioso^ de Ariosto, e da Arcadia de Sanazaro, um misto do Amadis de Gaula de Vasco da Lobeira e da Diana de Jorge de Montemór. Houve quem vis- se no entrecho d'aquelle romance a trama de uma paixSo amorosa, de que eram protagonistas a infanta e o poeta. Foi Manoel de Farla e Souza, o commentadór dos Lu^iadas^ quem pdz em circula^ao està tenda, que chegou até aos nossos dias, servindo de thema as varia<;6es de alguns romanticos. Garrett aproveìtou*a, estylisando-a comò delicada fldr do sen timento, no seu drama Vm auto de Gii Vicente. Ha poucos annos està ienda foi substituida por outra, em que D. Beatriz continua a figurar, posto que indirectamente. Nao foi por causa duella que se passaram as tempestades de amor no cora^ao e no cerebro de Bernardim Ribeiro, mas sim por uma filha da sua ama Ignez Alvares. Nao sei se a nova orienta^So dada d biographia do poeta, embora ac- cetta e calorosamente defendida pelo sr. dr. Theophilo Braga, satisfarà, (1) Vide doc. n.* la (2) Vide doc. n.* 11. (3) Em carta datada de Genova de 2 de abril do corrente anno» teve o meu VeflC' rando amigo Prospero Peragallo a amabilidade de informar me que o Sr. Marquez Mar- cello StagUeno estava no proposito de dar a estampa uns documentos ineditos écerca de um emprestimo, contraido em Genova^ com hvpotbeca de suas joias, pela nossa In- fanta. Nos archivos de Monaco taoibem existem documentos seus, que ja se achans re* produztdos num dos quatro volumes, mandados luxuosamente imprìmir pelo Prìncipe daquelle Estado. O DOTE DE D. BEATRIZ DtJQUEZA DE SABOIA 129 sem sombra de duvida, sem reparo de qualquer natureza, o criterio dos mais exigentes. Pela minha parte estou persuadido que ainda nao foi pro- ferìda a ultima palavra sobre o assumpto e que novos achados poderao modificar a sentenza actual. Muito seria para estimar que ella se confir- masse d'um modo definitivo e absoluto. E ainda quando fosse derro^ada, nao redundaria em prejuizo da considerando e mereciroento dos juizes que a assignaram agora. SousA Viterbo DOCUMENTOS I Carta de quitacSo a Fernao AlvareSy do dote da infanta Dom Joani, etc. Aquamtos està minha carta de quita^a vyre fa^o saber que eu mSde^ tornar conta a r ernS daluarez do meu conselho e meu thesoureiro moor do dinheiro prata joias douro brocados sedas e outras cousas que Recebeo pera o casa- mento da Infante dona fìriatiz duquesa de Saboia minha muito amada e prezada IrnìSa per mandado delRey meu Senhor e padre que samta gloria aja e pela Recada^am de sua comta se nnostra'Re^eber em dinheiro sasemta e quatro contos cemto cimcoenta e quatro rojl ^eroto e huu reaes. E estas pe^as douro abaìxo declaradas ss. quinze aneys e dous aguoTT ys e duas arrecadas e bua bro^haje coreota e hu bra^aletes e dous barrvs e setecemtos e aoze colares e quatro cadeas e hu cordSo e hCu cadeado« bua copa e nu(ì colarìnho e cimco Ramajs de cdcas e trìmta e dous corchetes e tres casct^ajse huu esper- tador e huS escudella e huu espelho e huua estampa e sete fìrmais e ouatro joias Ricas qae tinbam pedraria e huS laf ada e vymte quatro maniihas e hiiu nao e nua pemtem com perllas e Robyi e duzentas trinta e sete pomtas e ^ento e tres pemdentes e huu piméteiro e bu saleiro e bui sobre copa e tres tauoletas e huus viuos e tres vasos E asy estas pe^as de prata .s. seìs albarraaas e duas allmofìas e duas allmorraxas e hG a^afate e seis Bguomys e dous atanores e duas bacìas de lavar cabe^a e dezanove bacias de cozinha e hua bo^eta de ther ostras e quatro barris e cimco bacias dagoa as maaos e dous bar- oeguais e duas bacias de mijar e tres braseyros e hQa bacia de lavar pees e vymte e cinco casti^ajs e trìnta e seis colheres e dous calezes e nua cumadeira e nove ca- fouUas e dez copas e bua campainha e oyto copos e tres comieiteiras e dous cam- taros e duas cnizes e huua calldeira daaoa benta e huG cadeadinho e dez comtas e bua comdessa e vymte e oyto escudellas e quatro estrelas e huG escalfador e dous frascos e quatro fomtes e quatorze guarfos e duas galhetas e tres guarniqÓes daba- nos e huu Isope e duas jarras e dous jarros e duas ma^as de porteiros e hGa na- ueta e quatro oveiros e noventa e tres parteis de servir e seis perfumadores e dous porjLapazes e dous picheis e huu pimeteiro e coremta huu marcos cinco hom9as sete oytavas de prata tirada e huua poma e quatorze sallelras e huG sello e hGa tyjella pera foguo e nove taqas e duas thesouras despivitar e huQ tribullo e asy duzemtos trìnta e huu grSos dalljofar e dezaseis alcatifas e trinta e huGa allmofadas Ricas e huas amdilhas de veludo cramesim goarnecidas de prata e quatorze abitos de borcado tela douro veludo e doutras sedas e oito allmateguas de velludo e outras sedas e tres brìab de seda e huQ Ramaa) de comtas dambar e quatro capuzes de cetym avelutado e quatro capas de Igreja e sete cortinas de ouvyr misa e oito cobertores de borcado veludo carmesim e graS e omze fraldilbas de seda e dez livros de Rezar goarnecidos douro e dez mantilhas de tela de prata e sedas de 4K>res e quatro mil trezemtas setemta e nove perllas e cimcoemta e quatro Reposteiros e hu tauoleiro demzadres muito Rico e cimco timbres de martas e seis vistimentas e outras muytas cousas douro prata bor- cado e sedas segundo se majs compridamente mostra ^ella RecadacS de sua comta dos 3uajslzixij contos cliiij*.mil e j rreaes e de todo ouro joxas prata vystidos e cousas sobre . xtas e asy outras que aquy nom vam declaradas e se nam poseram por brevydade que i3o ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ o dito Feraam dalvarez, Reqebeo se mostrou de todo daar mav boa comta c6 anatre- gua e ludo emtregar dcspemder por meus roandados e dos veaaores de minha fazetnda as quajs Ihe foram e sam ordenadaoiete levadas em comta e despeza segundo he decla- rado pello meudo co ho peso fei^am e sorte de cada huua dellas na arrecada^ da dita sua comta a oual foy vysta per Jorge Dias provedor em lugar de dom Rodrigo Itobo do meu conselho e vedor de minha fazenda por virtude da quali comta e arrecada^ della mSdey dar està carta de quita^à ao dito Fernam dalvarez meu thesoureiro moor pella qual o dou por quite e hvre a elle e a todos seus herdeiros deste dia pera todo sempre do dito dmheiro ouro prata joias e de todallas cousas outras sobre ditas que asy Re^ebeo e despendeo e mamdo que em tempo allguu nam posam per elio ser cyta- dos requerìdos chamados demandados costrangidos ne eixecutados per nem bua vya e modo que seja e minha fazemda ne e meus contos nem e outro alguu juiso nem fora delle por minha parte nem por meus sobre^esores que depois de mj viere por causa desie Re^ebimento nem cousa que delle dependa por quanto se mostrou e vio ther dado muy boa conta com emtregua sem fìcar devemdo cousa allgua corno dito he porem mamdo aos veadores de minha fazemda e ao provedor moor dos meus comtos e aos contadores deles e ao Regedor da minha casa da soprica<;am e ao ^ovemador da casa do ci veli e a todollos desembargadores corregedores ouvjdores juizes )usti9as e a todoUos outros meus oficiaes e pessoas a que o caso pertem^er e està minha carta for mostrada que em todo e per todo a cumpram e guardem e fa^am jmteiramente comprir e goardar corno a qui he conteudo sem duvjda nem ebarguo allguu que a elio scja posto e por fìr- meza dello Ihe madey dar està carta de quita^a per my asynada e asellada co ho meu sello de chumbo. Pero Comes da Rosa a fez S Evora aos xxj dias do mes de mar^o anno de j b.' xxxbj anos — diz a amtre linha prata por verdade. Doagdes de D* Joào III, liv.» 22.% fls, 145. II Carta de quitafófo a Diogo Ferreira pelas despe^as da armada que con- duiiu D. Beatris a Saboia. Dom Joham etc. A quantos està nosa carta de quitaga virem fazemos saber que nos roandamos tomar cota a Dieguo Fereira, escprivam da nosa camara da feituria darmada, em que a imfnmte duquesa de Saboia, mmha muito amada e presada irmia, [foi] pera Saboia, e pella recada9om de sua conta se mostra elle ter recebidos em dinheiro quatro contos e tres mil rs., e trinta e sete quintaes, bua arroba e mea bum quarto hum barrii vinte e nove libras dazeite e mill oitenta e dous quintaes tres arrobas cento e oiten- ta e tres rotollos do biscoito e mill corenta quintaes, tres arrobas e tres libras de camejde vaqua e dozentos sateeta e cinquo cameiros e seis cemtos sesemta e tres galìnhas capoes e fragos e cento dezanove pipas hCE quarto e trezetos e sessemta e tres quanadas cento sateta nove pintas cento trinta e duas arobas e mea de vinho e outras muitas cousas se- gundo se mais coropridamcnte mostra pela recada^om de sua conta, do quali dinheiro e cousas nos deu de tudo multa boa conta com etrcga sem nos fycar dev^do cousa algua, e por tato damos por quite e livre deste dia pera todo sempre e queremos e madamos eie nem seus herdeiros nom posa ser demSdados nem requeridos em nossa fazenda e contos nem em outro nenhuu juizo pelos sobreditos quatro contos iij mil rs. e cousas no ^paramen- to da sua conta declarados por de todo nos ter dado boa conta corno dito he e pera sua guar- da madamos dar està nosa carta de quita^S por nos asynada e aselada do nosso selo pen- dente. Dada em Lixboa, o deradeiro de julho do ano de y^ xxij. Luis Vaaz a fez. Doagdes de D. Joao III^ liv. i.% 11. 57 v. Ili Confirmacao de urna tenga de i5:ooo reaes a Ignei Alvare^ Dom Joham, etc. A quamtos està minha carta virem Uqo saber que por parte de Ines Alvarez, ama da ifante dona Bryatyz, duquesa de Sahoya, minha muito amada e prezada irmSa, me foy apresentada hGa carta de quinze myll rs. de ten^a per mlm connrmtdi, O DOTE DE D. BEATRIZ DUQUEZA DE S.\BOIA i5i de que ho teor tali he: ([Dotti JoSo per graca de D." Rey de Purtugall e dos Algarves da- quem e dalein maar eoi Africa, senhor de Guine e da conquista navega<;afn e comercyo dEtìopia Arabia Persya e da India, a quamtos està minha carta virem fa^o saber que por parte de Ines Alvarez, ama da ifante dona Bryatiz, duquesa de Saboya, minha multo amada e prezada irmaa^ me foy apresentada hua carta deIRey meu senhor e pa- dre que sanata grorya aja, de que ho teor tali he : ([ Dom Manoel per gra^a de Deus Rey de Purtugall e dos Algarves daquem e daiem maar em Africa senhor de Guine e da comquista navega^am e comercyo dEthyopia Arabia Persya e da India, e te. a quamtos està nosa carta vyrem fazemos saber que avemdo nos réspeito a cryacam e servi^os que Ines Alvarez, ama da ifante dona Bryatriz, duquesa de Saboya, minha multo amada e prezada filha, Ihe tem feito e esperamos que ao diamte farà, queremdolhe fazer gra^a e merce, temos por bem e nos praz que ella tenha e aja de nos de ten^a em cada huu anno em dias de sua vida quinze mill reaes de Janeiro a uè vem do anno de myli b" xxij em diante Porem mamdamos aos veedores de nosa fazenda que Ihos fa^am asy asemtar nos lyvros dela e dar conta deles em cada huu anno peralu^ar homde Ihe sejam bem pa- gos e mais nos praz que por sua morte fìquem os ditosqumze mill reaes a Tornea Taua- res, sua filha, e se em sua vida os quiser poer nela prazernos ha diso. E por certydam e firmeza dello Ihe mandamos dar està por nos asynada e aselada do nosso sello pem- demte. Dada em Lisboa a xxij dias de julho Amt." A.* a fez anno de myll b^' e xzj. E Pedinklome a dita Ines Alvarez por merce que Ihe comfirmase a dita carta, e visto por mim seu requerymento, querendo-lhe fazer gra^a e merce tenho por bem e Iha confìrmo e ey por confirthada e mando que em todo se cumpra e guarde corno nela he comteudo. Dada em a cydade dEvora a xbj dias dagosto Amtonio Sanhudo a fez anno de mill b* xxiiìj. ([ Pedirodome a dita Inez Alvarez por merce que ouvese por bem Ihe mandar pagar OS dìtos quinze mill rs. de temca por carta geral no meu almoxarifado dEstremoz, e por Ihe fazer merce me praz que des prymeiro dia de Janeiro deste presente anno de bc xxbtij em diante eia tenha e aja de mim cada huu anno os ditos quimze myll rs. asem- tados e pagos no meu almoxarifado dEstremoz por està so carta jerall sem mais tyrar outra de minha fazenda, e porem mando aos veaJores de minha fazenda que fa^am rys- quar os ditos quimze mill reaes dos meus lyuros dela do almoxarifado omde ate qui amdara asemtados e asemtar no lyuro das geraes dela e ao almoxarife que hora he e ao diamte for do dito almoxarifado mando que Ihos pague cada huu anno do dito dia em diamte aos quarteis dele per està so carta sem mais tyrar outra de minha fazenda e per o trelado dela que seja Registada no lyvro do dito almoxarifado e seu conhecimento ihe seram em cada huu leuados em comta. Antonio Paez a fez em Lixboa a x doutubro de myll b^xxbiij e pagara chancelaria da comfyrma^I da carta por que ha n3 tynha aimda pasada por eia. E eu Dimyam Diaz a fez escreuer. Chancellaria de D. Joào llly DoagSes, liv. 14.% fi. 186 v. IV Verta relativa a tenga anterior A Ines Aluarez, ama da Ifamte duquesa de Sabota, de tem^a xb rs. e por seu fale- cimento fìquem a sua fìlha Tomea Tauares ou se amtes Ihos quiser dar o posa fazer. Armario 17 interior da Casa da Coroa^ fl. 43 v. Afoto— E* o li vro das ten^as d'el rei D. Manuel, coordenado em 1 5 23 por Affonso Mexia , o qual foi publicado no Archivo Historico. Tem urna nota : finada que scria de valor se ajuntasse o anno, pois assim se fìcaria sabendo a epocha em que falleceu Ignes Alvares. Carla de D. Beatris de 3o d'agosto de i525, dirigida a D. Jodo III Senhor — Alvoro femSdez meu homem de camara vay la com minha li^en^a a ne- gocear cousas que cumprem a mjnha ama e eu bey por meu serui90 Elle he pessoa Q me tem muyto bem seniida e Coda a merce que Ihe fezer he nelle bem empreguada e por i32 ARCHI VO HISTORICO PORTUGUEZ seus boos seruicos o merecerem. beijarey as maos a V. a. querello tornar por seu escudei- ro e mandallo esentar nos liuros de seus moradores posto que aja de tornar qua per meu nuldado njsto me farà v. alteza grande merce escprita em torym a zxz dagosto de i525. — duquesa ejffante. Sobrcscn'pto — A elRey meu senhor jrmao. Corpo ChronologicOy parte i.% ma^o 32, documento 104. VI Carta de D. Bealris de 4 de Setembro de i525 dirigida a D. Joao III Senhor — Eu tenho escprìto muytas vezes a vosa alteza pedidolhe que me feasese mer- ce do abeto de chrìstus com alguua tenca q Ihe parecese ser nonesta pera chateil meu se- cretano ate agora no ouue Reposta sena dizerme o bis pò de targa q vosa alteza (he es- cpreuera q Responderia pelo primeiro que viese. gràde merce me farà em querer fa* zerlhe està, por q he pesoa que sempre me seniio muyto bem e fiellmentee està merce he nelle bem empreguada e os da terra tomara emxemplo de seus bo5s seruicos. escprita em torym a quatro de setembro de i525. — duquesa e Iffanie, Sobrescripto — A elRey meu senhor Jrmao. Corpo Chronohgico^ parte i.% ma^o 18, documento 81. VII Carta de D. Beairis de 16 de fevereiro de iSaj a Antonio CameirOj secretano d* et- rei Honrrado Antonio carneiro. Eu a duquesa de sauoya Ifante de portugall etc. Vos envio muyto saudar por monseor de comfìnhao meu estrtbeiro mor que la foy soube o guasalhado que Ihe fezerees o que vos agradeco muyto e esa comfianca tenho eu de vos que asy o farees em todas as cousas que de meu seruico forem. e està vontade vos estara gardada pera em lodo o tepo que de my alguua cousa vos coprir achardes que so lembrada dos deseios que tendes de me seruir e em me Requererdes farees cousa de que terey grande contentamento eu mando la diogo da costa gentili home de mjnha casa a cousas que me muyto comprem muyto vos agardecerey que todo o q em vcsa mao for pera elle ser despachado bem e breucmente o facaes asy comò eu espero que 0 farees. e por que tenho por certo fazedelo asy volo n5 emcomendo mais, escprita em chambery a xbj de feuereiro de i525. — duquesa ej^ante, Soìn-escripio — ao honrrado antonio carneiro hdalguo da casa delRey meu senhor jrmSo e seu secretarla Corpo ChronologicOi parte 1.*, ma^o 21 , documento 38. vm Carta de D. Beatris de 4 dejunho de j5a6 a D. Antonio deAthayde. Multo honrrado dom Antonio dAtaide eu a duquesa de Sauoya Ifante de Portu- gal etc. vos envio muyto saudar ja sabereis corno casey dona Beatrìz Masquarenhas ed 0 conde de Cresenty pesoa de muito boa casa e Renda de que ella està muyto bem casa- da e eu so muito contente por que alem desto a trata muyto honradamente e por que acerqua de seu casamento pera comprimento do que avya de dar sua mSy Ihe tinha pro- metido fazer tres mjll cruzados com o casamento que Ihe elRey meu senhor Jrmao dese e por que ate agora no roandou majs que mjll e dozetos cruzados que era o que Ihe sua alteza fez merce co o que Ihe era deujdo e pera se comprirem os tres mjll sua may he obriguada a madar mjil e oyto ^entos sobre os quaes ja Ibe tenho escripto pellos ella prometer por sua carta que ella no compre comò tem escripto; eu muyto vos agra- decerey falardes Ihe de mjnha parte pera que queira comprir ed sua filha o que Ihe tem O DOTE DE D. BEATRIZ DUQUEZA DE SABOIA i33 prometido comò eu c5pry o que Ihe proroety. aue por estar tam bem casada deuia de foignar muyto co jso e posto que este longe della està rouyto perto de m9 pera todo o fauor e tner^e que Ihe for necesario eu Ihe tazer e precurar o seu descamso iste vos agra- decerey falardeslhe de minha parte pera que quetra comprir co sua fìlha o que Ihe tem pro- metido corno eu compry o que Ihe promety que por estar tatn bem casada deuia de fol- guar rouyto co }so. E po^sto que este longe della està muyto perto de mym pera todo 0 fauor e merce que Ihe for necessario eu Ihe fazer e procurar o seu descanso. Jsto vos agradecerey muyto fiazerdes por amor de my que eu comfìo que por voUo emcomendar folguares de o fazer comò eu farey por vosas cousas e por que sei aue nas cousas que delRey meu senhor Irmao me forem necesarias per vos roejsera mjlnor avydos aue per outrem muito vos agradecerey quererlhe por my pedir huùa espriuanynha da teitoria de frandes pera Diogo da Costa, escudeiro fidal^uo de minhu casa que me qua serve por que sam seruyda delle em cousas que se elle no fose nom teria qua quem me seruise e por que so emformada que estes ofìcios n6 vaguam tam asinha pera o qua ter este tepo em que n5 vaguara pera me seruir pera que ho no va muyto vos agradecerey trabalhardes ed sua alteza que me queira fazer està mer<^e pera o dito Dio^o da Casta e seja na pri- raeìra vaguSte e entudo folgaria de ver carta vosa pello primeiro que pera qua viese E se no da condesa for tam contente farey falar a el Rey agradeceruos hey muyto fazer dello por oue minha paiaura que eu tenho dada se cumpra. Isto vos n5 emcomendo roajs pella comnan^a que tenho que o que vos eu emcomendar farees niso comò eu espero e volo emcomendo que fa^ais. Christovao Pirez nom despachey majs cedo por que ao tepo que veo estaua ainda muyto fraqua de meu parto e ja louuores a Deus estou bem sam. E tambem por que neste tSpo ocorrerao cousas por honde o màdey a Milao ao marques deigasto e aos outros capitaes com cousas que cÓprem a meu semino por ver nelle que era pesoa que njso me podia bem seruir e elle o fez comò Iho eu emcomendey com muyta boa vontade esprita em Torjr a iiij de junho de i526 — Duquesa e Jfante» Sobrescrito» Ao muito honrrado dom antonto dataide do comselho delRey meu se- nhor JnnSo, senhor das vilas de castanheira, pouos e chileiros. Collecqao de S, Lourengo^ voi. I, fi. 194 bis. IX Carta sem data (i53i ?) de D. Beatrt^ a D. Antonio de Athaide. Muyto honrrado dom Antonio eu deseyaua bem de vos n§ poder dar a culpa de que agora vos tirastes pola boa Rezam que me a yso dais e vos agarde^o muito o que me dezeis da bòa votade que tendes pera as cousas de meu serui^o eu vola mereco que asy a tenho pera ludo que vos de my conprir a Gaspar pailha dey as cartas que Ineram necesarias pera seus negocios e pasage agardeceruos ey muyto cSdo vos fordes dessa corte quererdes vyr aquy por que deseyo muito de falar com vosco e mais per que sey que da quy a muyto tenpo nS vyra outro a que eu t9to folgue de dar cota de todas mi- nhas cousas se vos Ysto muyto na estrouar dos negocios delRey meu IrmSo crede que na pode vyr cousa que me t§to c6tentamento de que en quererdes tomar este traballio muyto honrrado doro Antonio noso Senhor vos tenna em sua goarda a v de setembro. ^Duquesa e Ifante. Sobrescrito — Ao muyto honrado doro antonio de taide enbaxador del rey meu Jr- mSo en franca. CoUecgào de 5. LourengOy voi. i.% fi. 199 v. Carta de previlegio de cidadSo do Porto a Diogo Comes. Doro Joham &c. A quamtos està carta vyrem fa(^o saber que por folgar de fazer mer- ce a Diogo Gomez, cryado da duquesa de Saboya, ifamte mmha muyto amada e preza- da irmaa, roorador na villa de Tomar, tenho por bem e me praz Ihe conceder e outor- gar, e de feito per està presente carta comcedo e outorgo preuilegio de cydadao da cy< i34 ARGUIVO HISTOIUCO PORTUGUEZ dade do Porto, do qual quero e mando que vse e goze etn todas as cousas no dito pre- ujlegio conteudas corno vsam e gozam os cidadoes da dita cydade, asy e tam inteyra- mente corno se elle fose na gouernan^a della. Notefico asy a todos corregedores, ouui- dorcs etc. . . . Jorge Roiz a fez em Evora a xx dias do mes doutubro anno do nacymento d^ noso Senhor Jhesu christo de roill b* xxxiiij anos. Doagòes de D. Joào IH, liv. 20.» fl. 172 v. XI Carta de perdao a Malvesado fiadòr de Fernào de Caria. Dom Joam &c a todoUos corregedores, ouuidores, juizes, justi<;as, olici aes e pesoas de meus Reinos e senhorios, a que està minha carta de perdam for mostrada e o co • nhecimento della com dircito pertencer, saude, fagouos saber oue Malve;$ado mSviou dizer por sua piti^ao que avera vimtanos que serado preso huu r ernao de Caria, meu atpbaqueiro, por bum delito, elRey meu senhor e padre, que samta gloria ap^ pera ir com a ifantc, minha muico amada'e prezada irmaa, a Saboya, a sentir no dito officio, corniamo que da chegada a certo tempo se liurase sobre fiamma de 1> (3o) cruzados, na qudll elle com outros o fìaram, o qual delinquente se liurou e era solto e viuia comigo, e por se ora achar que seu liuramento nao fora registado no asemto da fiamma, era cons- trangido por os ditos 1.'* (56) cruzados que pera elle hera gramde opresam e fadiga fazer ceno de cousa de tamto tempo, envtamdome eie sop> pedir por merce qui- Ihe perdoa- se o perdimento da dita fìam^a, e mandase que por ella nao fose constramgido, nem avexado e oouuese de todo por releuado, e eu Vendo o que me eie sopricante asy dizia e pidia, se asy he comò eie sop.^ diz e hy mais nom ha, visto huu prazme com o meu pare ce, e querendolhe fazer gra9a e merce, tenho por bem e me praz de Ihe per- doar e o relevar do perdimento da fìamca em que tem ecorydo do modo em sua pi- ti^ao conteudo liurementc, e por tanto vos mando que daquy em diate o nom prendaes nem mandeis prender, nem Ihe fa<;ais nem consyntaes scr feito mail nem som rezao nem outro algum desaguisado quanto he por rezao do conteudo em sua piti^ào em està minha carta declarado, porque mmha merce e vótade he de Ihe asy perdoar e releuar (>ela guisa que dito he, o que asy compry e ali nom fa^aes. Dada cm a minha cidade de Lixboa aos xxi dias do mes de feuereiro. ÈlRey o mandou pellos doutores Christouao Esteues e Luis Eanes, ambos do seu conseiho — Amrique Fernandez, por Pero da Lagoa es[. rivaro, a fez, ano do nacymento de nosso Senhor Jhesu X** de miti b.c xxxix anos. Legit?.mag6es e PerdÓes de D. Joào HI, liv. io.*, fl. 84. XII In Nomine Domini Amen Anno ejusdem Domini milesimo quineentesimo vigesirao primo, Indictione nona, et die Veneris, tres decima mensis Decembns Actum Casellis in Hospitio signi sancii Anthonii, videlicet, in camera nova, in qua de mandato, et ante preseniinm specialis, ac generosi Domini Aresmini Archatoris ex Dominis AUessam superioris, Castellani ejusdem loci prò Illustrissima, et Excelsa Dominatione Sab«iu- die, et ad instantiam mfrascriptorum Con;»uliim ejusde loci, sono Campanae, ut roo- ris est, convocata, et congregata fuit credcntia i()sius loci Casellarum, in qua interfue- runt infrascripti. Et primo Jacobus coor et Franciscus Ingiguati, consules ejusdem loci casellarum, necnon Nobilis Baldesar Marchixii Anthonietus de homine Guilliemus cos- terii, Bartholomeus caffaxi, Martinus de Roberto, Bartholomeus de Vanino, Johan- nes Gavegli, Dominicus lordani et Bemardus de Bertono ex credendariis ipsius loci Casellarum, se praesentavit magnifìcus Domtnus laffredus Passeri! ex collateralibus ma- gnifici consilij residente, in hac parte commissarhis Sabaudiae Ducalls constantibus Ut- teris DominicalibuS; quarum, tenor sequitur, et est talis. Karolus Dux Sabaudiae ctc. speciali benedilecto fìdeli consiliario nostro Domino laffredo Passeri! ex collateralibus consilii nobiscum residentis ad infrascripta per nos deputato, salutem. Informati de tenore infrascripti tractatns matrimoni! per nos cum Illuttrìssiron, sincere, dilecta consorte nostra carissima Domina Biatrice de Portu- O DOTE DE D. BEATRIZ DUQUEZA DE SABOIA i35 gallia celebrati, ex cujus tenore licet possessio nostrorum locorum, et jurisdictionum cam eonim emolumentis que Illustrissima benememoriae consanguinea nostra Domina Biancha a nobis et de dominio nostro prò e}us dotalitio, dum viveret, tenebat, et pos* sidebat eidem Illustrissime consorti nostre prò statu sue Dooius manucentione assigna- tonim non veniret remi t tenda, ni si infra tres menses a die celebra tionis nuptiarum ÌQchoandos. Verumtamen, ut manifeste deprehendant omnes quantum cupiamus con« rractum ipsum nedum observare, et que nobis incumbunt ultro adimplere^ sed tempuA predictum liberaliter anticipare, cum prò nostra in Serenissimum, et Invicttssimum Do- minum Portugallie Regem Socerum nostrum colendissimum observantiam, cum prò ea siogulari benevolenza, et dilectione, c]ua Ipsam lUustrissimam consortem nostram suis quali tattbns, et moribus exigentibus jure prose qui mur Vobis ex nostra certa scientia expresse coromittimus, et mandamus qua tenus ad loca propterea opportuna personali- ter accedendo eamdem lUustrissimam consortem nostram, seu prò ea agendo in posses- siooetn realem, actualem, et corporalem dictorum castrorum, locorum et jurisdictio- num, quae Prefata Illustrissima Domina Blancha, ut premittitur, tenebat, et possidebat cum eorum proventibus, emolumentis, bonis, pertinentiis, et appendicibus vniversis pò- natis, mittatis, et inducatis, positam c|ue missam et inductam manuteneatis, thueamini, et deffendatis cum potestate officiarios in dictis terris constituendi, et deputandi, cons- titutosque revocandi et alia faciendi, que ad hoc necessaria fuerint et opportuna, ser- vata forma dicti tractatus, subque modis, formis, reservationìbus, et conditionibus in eodem descrìptis, precipiendo msuper, et injungendo vniversis, et singulis officiariis, et subdictis dictorum locorum mediatis, et immediatis, etiam voce preconia, locis, et moribus lalia fieri solttis sub pena indignationis nostre prò quolibet, quibus sic injun* gimus, quod eidem Illustrissime consorte nostre suisque ofnciariis de cetero pareant, obediant, et asststant, et dictis proventibus, redditibus et emolumentis indillate respon- deant, prout eidem Illustrissime quondam Dominae Bianche, et suis officiarìis parere, obedire et respondere soiebant quoniam sic fieri volumus, et vobis penas, et mulctas imponendi mitigandi, declarandi^ ac alia omnia In praemissis et circha necessaria fa- ciendi, gerendi et exercendi vobis plenam presentibus impartimur potestatem, vestrÌ9- que jussibus, et mandatis circha hec fìendis pareri volumus et intendi cum ei sine penis veluti nobis quibuscumque in contrarium alle;;antibus non obstantibus. Datum Cargna- ni, die quarta mesis novembris millesimo quingentesimo vigesimo primo Per Dominum Presentibus Dominis R.* Claudio de stomaco Episcopo Bellinense canzellario ordinis, Gabrielle de Lande Canfellarìo Sabaudie lacobo Cumite Mont.' Barone Miolani ex militibus ordinis, Claudio de Beltey Barono Sancti Cermani Ludovico de Ca.ne Do- mino de Mussinons magno scutiffero scutiiTerie Bertulino de Monte.io Domino Fruzasci Reheportem (?). VuUiet. Quiquidem Magnificus Dominus collateralis predictus, paulopost premissa volens mandata Ducalia exe(}ui vigore predictae sue commissionis ac in exequcionem tractatus matrìmonii in praedictis litterìs commissionalibus mencionati et in presentiam nobilis Baldisaris Marchixii comentium virorum Anthonieti de homine Martini de Roberto Bar- iholomey de Vanino, Dominici lordani, et Barthoiomey Caffaxi cum credendariorum dicti loci posuit in pd^sessionem Realem Actualem et corporalem in Castro hujus oppide casellarum et in toto Oppido, tanquam de terris, et Cascris que alias tenebatur per II- lustrissìmam nunc quondam Dominam Blancham de Monteferrato Sabaudiae Ducissam prò ejus donareo lUustrissimam, ac IncUtissimam Dominam Beatricem de Portugallia Sabaudie Ducbsam, in personam tamen specialis ac generosi in utroque jure Licenciati Domini Alvari Johannis Procuratoris specialis ad hujus modijpossessionem aprehenden- dam, et apreheosam rettinendam, a prelibata Illustrissima Domina Ducissa Sabaudie constituti constantibus litteris patentibus, quarum tenor sequitur et est talis. Etoatris de Portugallia Ducissa Sabaudie etc. Vniversts sit manifestum, quod cum placuerìt Illustrissimo, et Excellentissimo Principi, et Domino Carolo Duci Sabaudie ^onthorali meo observandissimo possessionem Castrorum Locorum, et jurisdictionum ^ae Illustrissima bone memorie Domina Blancha, olim Ducissa Sabaudie tenebat et possidebat cum eorum prouentìbus redditibus, obventionibus, et emolumentis nobis prò «atu Domus nostre substenta tione assignatorum ex forma contractus nostri dotalis no- bis remitti et assignari confisi Itaque de probitate, et experientia specialis Domini Al- vari Johannis utriusque juris Licenciati, et Serenissimi Domini et Genitoris mei obser- Ttidissimi Domini Portugalliae Regia expeditoris, ex nostra certa scientia eundem Do- mnum Alvarum Johaonem presentem et acceptantero harum serie facimus constituimus, i36 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ et deputamus Procuratoretn nostrum specialem. Ita tamen quod specialstas generalitati non derroget, nec e 'contra ad verumtamen prò et nomine nostro aprehendendum et adipiscendum realem, actualem, et corporalem possessionero dictarum Castrorum, Lo- corum et jurisdictionum redditum, honorum, emolumentorum et pertinentìarum eonim- dem, et aprehensam retinendum, ac alia faciendi, que nos ipsi faceremus, si presentes adessemus sub tamen modis, reservationibus et formis in dicto dotali tnstrumento latius descriptis Promittendo nos Ducissa Prefata gerenda per vos in premissis, et circha per- petuo habere rata grata, valida et firma, et nunauam contravenire, cum et sub aliis pro- missionibus, renuntiationibus, et ceteris clausulis in talibus opportuois, quas hic oro ex pressi s habere volumus et has in praemissorum testimonium concedimus. Datas Car- fnani, die vndecima mensis novembris millesimo quingentesimo vigesiroo primo Per >omìna Duc|uesa // vuUiet. Presentis, et acceptantis nomine et ad opus prelibate Domine Ducisse per eandem lUusirissimam Ducissam seu ab eadem deputandum a modo in antea tenendi, et .possi- dendi, sub modis tamen et formis latius in predicto instrumento tractatus matrimoni! expressis jubendo et precìpiendo prefato Domino Castellano Casellarum, utsupra pre- senti Quatenus hunc Locum Casellarum ejus durante accensamento in officio no- mine et ad -opus prelibate Domine Ducissae teneat, et possideat, et de proadmis obventionibus, ac emolumentis predicti loci a modo in antea non habeat respondere nisi in manibus prelibate lllustnssiroe Domine Ducisse, seu ab eadem deputandi Qui Dominus Ctistellanus paratum se obtolit quibuscunque madatis ducalibus obedire, et premissa omnia fncere, jussit que etiam, et precepit existentibus in dieta camera pre- fatus magnificus Dominus coUateralis, et commissarius Ducalis predictis lacobo Cor et Francisco Ingignati consulibus, nec non Nobili Baldissedo Marchixii Anthonieto de homine Guilielmo Costerii Bartholomeo caffaxii Martino de Roberto, Bartholomeo de Vanino lohanoi Ganegli^ Dominico lordani et Bernardo de Bertono ex credendariis et Consiliariis eiusdem loci ibidem presentibus ac toti communitati ejusdem loci Casel- larum in eorumdem Consulum et credendariorum personas Quathenus prelibate Illus- trissime Domine Ducisse, ac suis officialibus a modo in antea parere et obedire uti eorum Domino de cetere debeant. Quiquidem consules et credendarii nomine et vice totius credentie et communi tatis die ti loci Casellarum pariter obtulerunt se se paratos citra tamen prejudicium et derogationem franchixiarum libertatum statutorutn et ca- pitulorum ejusdem loci Casellarum quibuscumque mandatis sabaudie Ducalibus ut de- cet semper obedire et premissa facere sperantes prelibatam Illustrissimam Dominam Ducissam ipsas franchixias liberta tes et statuta ac bonas consuetudines ejusdem loci eidem communitati et hominibus casellarum observaturam et ipsam communitatem et homines particulares in eorum agibillibus commendatos semper habituram. De quibus omnibus premissis jusserunt micni Notario et scribae onere subsignato tam prefatus Dominus Collaterahs et commissarius ad opus prelibate Illustrissime Domine Ducisse ac quorum interierlt in futurum quod prefati consules et concredendarii nomine pre- misso fieri litteras testimoniales seu publicum Instrumentum Presentibus ad omnia et singula premissa nobili Cristophoro Carrani de Visthis Vice Castellano dicti loci Ca- sellarum et speciali ac generoso Domino Hectore de Confaloneriis ex Dominis Badalochi in eodem loco Casellarum commorantibus, ambobus testibus ad hec vocatis et rogatis. Et ego Amedeus de Costerìis de Casellis Tauronensis Diocesis publicus Imperiali Auctoritate Notarius presens Instrumentum per me receptum ex licentia michi concessa aliena manu fui et in fìdem prembsorum hic me subscripsi com appensione mei soliti signi Tabellionatus // Loeus stgiili publici // Gaveta i4y ma^ 3, n.* /• (i) (i) Na Gaveta 14, ma^o a, n.o 6, encontra*se outro documento semelhante rela- tivo à terra de Monte Galeno. O DOTE DE D. BEATRIZ DUQUEZA DE SABOIA .37 XIII Facsimile da assignatura da infanta D. Beatri{^ duque^a de Saboia ^^-Uc^UC, As Tengas testamentarias da Infanta D. Maria fContinuado de pag. 41) XIX TEMOS agora a examinar o Caderno de 1 697, o ultimo do seculo XVI, que nos veiu à mao. Continua a Morte a sua funerea ceifa entre os tencionarìos de ambos os sexos da Bondosa Doaddra. E* a primeira a curvar-se sob a intiplacavel fouce D. Janebra, viuva de Alvaro Gago, que fora manteeiro da Infanta. Falleceu a 7 de margo, d'cste anno em exame. Seguiu-selhe, a 2| do mesmo mez, o dr. Jerony- mo Fernandes, medico da Serenissima Testadora. Depois, a 2 de agosto, fìnou-se o confeiteiro Fernao Martins, que mais nos inclindmos a crer haver sido um simples apaniguado de Sebastiao da Fonseca, do que tencionario verdadeiro da infanta, dadas as irregulares circumstancias que caracterisaram, corno noràmos, a sua inclusao no rol dos verdadeiros pro- tegidos d'està Princesa. A 5 d'este mez tambem, foi a enterrar na tum- ba da Misericordia, dando a respectiva esmola, D. Helena de Mendon- (;a, a endividada viuva do védor da Fazcnda da Infanta, Joào de Mendon^a. Finalmente, a 29 de setembro, finou-se a antiga mo^a da camara Joanna Sardinha, que professara no mosteiro de S. Joao, de Setubal. Estamos no firn do seculo XVI, e nao voltaremos — é mais que certo — a encontrarmo'nos, no seculo seguinte, com a maior parte dos persona- gens com OS quacs este nosso achado nos fez tomar conliecimento. Està triste previsao, — triste, porque o e sempre a certeza de nao tornarmos a ver aquelles em cuja companhia, quando nao seja senao e Ai espirito, con* versàmos o passado, sempre saudoso, interessante sempre, por isso mes- mo que é €0 passadoìi! — està triste previsao, dìzemos, està tanto mais em nsco de ver-se confìrmada, quanto é positivo terem jà chegadoa nosso conhecimcnto noticias documentadas de urna atrocissima rcsolucao, intìma- da à mal dirigida gerencia d'està Hcranga infeliz; — a dQ se redu:^irem as tengas^ mediante rateioy por ter-sc averiguido que ... se havia sumido par- te dos fundos a elias drstinados ! . . • E' pois bem naturai que procuremos deìxar, ainda que brevemente, me- moradas neste estudo, quantas averigua^des possam contribuir para ex- for OS antecedentes genealogicos de alguns dos servidores da Dadivosa nfanta, que, à scmelhan^a ae sua infenz mae para com os seus, d^elles AS TEN<;AS TESTAMENTARIAS da infanta D. maria i39 se lembrou, consoante a seus merecimentos e aualidades, ao ordenar a extensa memoria de suas dcrradeiras dadivas. Virao tambem assim a re- cordar alguns factos e occorrencias do tempo, nao de todo, cuidftmos, desnecessarias ao conhecimento d'este triste final de seculo portugués, e i acclara^ao de pontos hìstoricos, de tal qual importancia geral, e outros especiaes para a cidade de Lisboa. Por tal modo contrìbuiremos tambem para o preito que se deve ao passado, embora, pclos dias que vao, elle pouco mere^a aos que teem por tempo perdido para seus interesses o gastar a atten^ao a estudal-o. *Além de que, é dever que facamos, quanto em nós caiba, completas as nossas despedidas aos companheiros aescas tao gratas digress6es. Qual- quer que haja de ser a opiniao que tenhamos das prosapias de muitos, e dos motivos pessoaes, influencia dos tempos e outras circumstancias, seguros penhores da situacao privilegiada que disfructavam no melo so- cial do seu tempo, nao pode deixar de impressionar- nos um facto, que nos sensibilisa e nos commove, e é : que tal situaqSo os nao livrou toda- via, a muitos, de viverem dependentes sempre de mercés e de favores, e de fcnecerem, tantos d'elles e suas mulheres e filhas, em descaroavel po- bresa; aquellas, quando viuvas, estas, em obscuro e esteril monachis- rooy quando a fortuna paterna Ihes nao assegurava dotes de tentar. Uè tao triste destino so urna causa é responsavel; — a ìmprevidencia commum a todas as classes, em tempos em que e fortuna publica» eram dois vocabu- los que ainda nao tinham nem significado, nem valor. Sao assim todos para lamentar: — a epoca, e os que em sua dependencia viveram (97). (97) A rede da agìotageoi, no sentìdo vulgar e antjpathico d*este vocabulo, domi " nava por toda a parte, em Portugal, corno em Italia e r ran9a. Viviam, assim, de gera- nio em gera^ao, enredados em suas malhas, nobres e plebeus, sem differenza alguma ; a usura desbragada era a lepra moral que corrofa surdamente os pouco bem parados teres das familias. Nas classes privìle^iadas, entre nós, os Morgados, reunidos por dois, e até tres ca* samentos, sob a admiaistra^ao, melhor se dirà sob o perdularìo dominio, de um so indi- viduo, eram o reducto, em que se entrincheiravam os necesriitados de recorrer aos fa- vores di agiotagem clandestina. Os que, porém, nao dispunham d'estes meios, os avcn- tareiros da fortuna, a velhice mulheril desprotegida, em summa, cahiam inevitavelmente sob a garra adunca da miseria, após tcrem dado à usura o ultimo seitil. Nem havia modo de empregar aprevisao^ que tira exeroplo da formiga, até porque a tal emprego se oppoz sempre o caracter a venturoso e refractario és advertencias da prudencia, da na^ao cuja teaios a honra de ser compatriota obscurissimo. Parece, na verdade, terem sido os banaueiros da Lombardia e da Toscana os pri- meiros a distinguir, comò diziam os d*esta ultima regiao, a remuneracao, permittiJa ao emprestimo, da usura prohibida, e sempre ineffìcésmente reprimida. Mas os meios pra- ticos de tornar utilisavel a bondaJe da doutrina, em favor dos que a usura consumia, so muito mais tarde comcqaram a estabelecer-se. N'este particular, teem nomeada bis* torica o Monte-Pio de Floren^a^ onde o nosso D. Pedro de Aìfarrobeira tinha capitaes, e o «l^anco de Sao Jorge», que tanto contribufu para o esplendor commercial e politico da Republica de Genova. Ao seculo XV pertenceu, diz-se, a primeira institui^ao ban- caria da Peninsula, destinada a servir o commercio da Catalunha ; o Banco de deposito de Barcelona. Houve em Lisboa, no correr do XVI seculo, alguma institui^ao de crédito, de ge- nero semelhante, fundada, acaso, em operacoes no Ultramar ? Parecc. Pelo menos, ves- tigios encontram-se. Assim, por exeroplo, no Livro do Langamento, do Archivo Muni- I40 ARCHIVO HISTORICO PORITJGUEZ Às obserya<;6es biographicas, pois, que se o£Ferecerem a notar irao se- guindo a indicacao ou transcrìp<;ao dos respectivos titulos, onde couberem. Estes sao os seguintes: — D. Constan^a de Gusmao, Camareira-mór (98). Apresenta-se este titulo ipsis verbis o de iSgfi. Egualmente os dos seus nove cessionarios, de ambos os sexos. Adverte-se, porém, que, se- gundo conjecturàmos no Gap. XV, ao narrar o desbarato da tenca de D. Pedro de Meneses, Pero Gomes, cessionario de D. Gonstanca, se^appelida effectivamente f de Olivares», e é, pertanto, o mesmo que tomou ao neto * da Gamareira-mór os 4o;ff)00o rs. do segando fraccionamento da sua ten- ca, quer seja, dos dois Pero Gomes, o avo, quer o neto, pois que ambos tinham o mesmo nome e sobrenome, conforme se ve da transcripcao inte- gra do Gaderno de i5qo, no Gap. IV d'estes estudos. Gaspar de Figuci- redo, o novo cscrivao do thcsoureiro, tambem, comò o escrevente dos ti- tulos do Gaderno, o nao designa mais que por e Pero Gomez > ou < guo- mez>, mas o cessionario alludido assigna muito clara e distinctamente tP* gomez doIìuares>. Tambem, a proposito de D. Anna de Sousa, que jà sabemos ter side freira no mostciro de Nossa Senhora da Esperanca, de Villa Vinosa, urna das cessionarìas da Gamareira-mór, neta de Luisa Leme, dissémos em Nota (20) ser provavel que està fosse e fìlha de HenriqueLeme, neto naa- terno de Martim Leme, bem conhecido mercador burgé^^ estabelecido cm Lisboa, nos tempos de D. Affonso V». Succede aue, revendo agora os nossos apontamentos, advertimos ter- mos deixado de inserir, comò tencionavamos, em nossa Nota (18) algumas informa<;6es, écerca da familia Bustamante, colhidas no ms. copia da obra de Fr. Manoel de Santo Antonio, Thesouro da Nobre\a das Familias Gentilicias deste Reyno^ N.^ 161, dos da Bibliotheca Nacional, a proposi- to da men^ao que a Serenisima Infanta fez em seu testamento, dirigindo- se a seu regio sobrinho, de algumas de suas damas, especialisando duas, e d'estas D. Maria de Bustamante, que havia muitos annos a servia. O que o douto frade, perito em armaria e sciencia do brasao, escrc- cipal, a que por vezes nos temos refendo, apparece men9ao de certa mulher, «com dinheiro no contrato». Era urna dona de casa previdente, que entregava as suas economias a urna enopresa constituida para qualquer explora^ao nnaritima do tempo, de existencia conhecida e correntia em Lisboa, e que dos lucros auferidos pagarla o que hoje chamamos diyiden- dos aos depositantes ? Eis um bom thema para estudos, écerca do resultado economico politico da nossa actividade conquistadora em além-mar. (98) Em Nota (45) dissémos que do matrimonio de D. Pedro de Meneses com D. Constanca de Gusmio houvera, entre outros fìlhos^ um D. Antonio de Meneses, 0 qual, casanao com D. Joanna de Lencastre, viera a ser pae de D. Fedro de Meneses (2.*), agraciado pela Infanta com a tenca vitalicia de 370.)S&ooo rs. Agora accrescentaremos que este neto da Camareira-mór ncara orphSo de pae em Alcacer-Kebir, visto comò Fr. Bernardo da Cruz, em sua Chron. de El-Bei D. Sebastiào, Ed. 1837, pag. 289, men- ciona o referido D. Antonio entre os mortos da batalha. AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 141 veU) pois, no titulo « Bustamanie >, e agora nao deixa de vir a ponto, é o segutnte : f He familia castelbana, que tooaou o appelido do logar de Bustaman- te (99), de que foram senhores no dito reyno. Passaram depois a Por- togal, de onde se transplantaram para America, e sSo na cidade de S. Se- bastiao do Rio de Janeiro das pessoas mais caiificadas, porque apparenta- ram com 0$ Lemes e outros da orimeira nobresa d'ella». As armas dos Bustamantes, ainda segando Fr. Manoel de Santo Antonio, seriam : e em campo de oiro, treze arruellas de azul, postas em tres pallas ». Relendo, pois, agora estas informa(;6es, e lembrados da crigem bur- guesa dos Lemes, que haviamos assignalado, occorreu-nos ver o que o dou- to frade teria escrìpto d'est'outra familia, que, por se apparentar no Rio de Janeiro à dos Bustamantes, fez d'estes pessoas e das mais calificadas » d'aouella cidade ! O que Fr. Manoel de Santo Antonio diz a respeito dos Lenies, posto dìo contradiga a nossa informando, tende, comtudo, a dar^lhes importan* eia nobre là na sua terra d'elles, facto que nos parece mais que proble- matico, attendendo & occupagao do chete da familia em Portugal; — do que veiu soHicitar os favores da fortuna a Lisboa. Eram oriundos de Flandres, escreveu o frade, e com solar em Bru- ges ». Teriam domicilio, decerto, porque algures haveriam de habitar. O que se nos afìgura, porém, da nobreza dos Lemes, em Flandres, é que eram gentes de negocio, mercadores honrados, que pagavam, provavel- mente, as suas letras nos proprios vencimentos, e se porta vam corno ho- mens de bem, em summa, o que jà nao é ser somenos nobre. De crér sera que os netos de Martim Leme, a cujo filho, Antonio, D. Afibnso V confirmou, ao que parece, as armas que déra ao pae, transferindo se ao Brazil, continuassem là as honradas tradi(6es da familia. E cste proce- der mais de e califìcar » sere, decerto, do que os titulos nobiliarchicos, arranjados em Portugal pelo mesmo procèsso porque de todos os tempos se enfeitaram capitaTistas ; — dissimulando-lhes heraldicamente o nome burgués que jé foi de seus paes, atràs de uma corda e de um escudo, de que todos se rìem, corno no tempo dos recem-nobilitados Lemes, tantos motejariam dos cmelros negros, sem pés, nem bicos», do seu exotico brasao . • . Caso é este para lembrar o que ficou em memoria, àcerca do concei- to que o venerando secretano Antonio Carneiro, progenitor dos que vie- ram a ser condes da Uba do Principe, fazia de semelnantes distinc^Ses, e se traduziu no modo porque recebeu o desenho do brasao de armas que certo especulador de taes fragilidades Ihe ofierecia : — atirou com elle ao fogo dizendo : — e A meus descendcntes basta-lhes que contem por seu progenitor a honra e merecimento com que procuro viver, sendo util ao rei e ao reino» (loo). (99) «Bustaìunte: 1. en la prov. de Santander, part. jud. de Reinosa». Madoz — Bioo. Geog. Sstad. Hist de Espaiia. (100) Brasòaa de Ointara-I, 007 — E' de nota que os Carneiros vieram a acceitar» paracompòr o brasao, a lenda que os fazia desceader de €Mr, Mouion», fìdalgo franirés^ 14* ARCHIVO HISTORICOfPORTUGUEZ Medraram os Lemes por onde quer que se propagaram, o que nós achamos justissirao, principalmente se foi devida recompensa a um viver sem macula. Na Ilha da Madeira possuiam e bons morgados i (1800), e na America tinham a e casa do Guarda-mór das minas, Fedro Dias Paes Leme », informagao de cujo valor Fr. Manoel da Santo Antonio nao teve, nos parece, exacta comprehensao, e acaso inseriu no tìtulo dos Lemes um pouco pela toada (loi). Continuando a nossa revista, vemos serem, corno no anterior Cader- no, OS primeìros tencionarios n'este arrolados: — O prior e Padres de S. Domingos, de Santarem. que receberam e os juros » de seus quatro quarteis, dois a dois por inter- venfjao do Procurador Geral da Ordem, Fr. Thomas Rebello, e do Pro- curador do convento, Fr. Pedro de Escovar, respectivamente. Seguem-se-Ihes : — Anna do Soveral, mulher que foi de Belchior Monix, e : ■ — Anna Moniz^ fìlha d*este. Entre um e outro dos dois titulos acha-se, solta, urna procurando, cujo teor é o seguirne: « Por este por min feito e asinado digo eu JoSo Tobias Caldeira Alcalde mor das villas da serta e pedrogo (sic) do priorado do Orato que eu e ana nionis do Soural (sic) minha molher fazemos e damos nosos poderes € direito A Joào l^pes de mon- te mor e morador na cidade de Lx* para elle ou quem elle mandar por hu escrito seu poca (possa) arecadar e cobrar os sinquo mil rs que estao venciJos do deradeiro cartel do ano pisado de no venta e sete anos de que ten a dita ana monis do soural minha molher vinte mi! rs cada ano na fazenia da dita (sic) Infante dona maria que està em groria dos quais darà e asioarà na foiba ou por conhecimento corno he uso nos pagamentos da fazenda da dita senhora corno nos em pessoa ao que por tudo nos obri* guamos a cuprir e auer por bon e asina. .. por ana monis gaspar rapozo pruuico ta- baliao de notas e judicial oje na serta onze dias de novcmbro de noventa e oito annos Joao Tobias Caldr» » Segue-se a robora de Gaspar Raposo, e no verso, o reconhecimento do seu signal, pelo seu collega, de Pedrogam pequeno, Christovam da Mata (?) Està procurando, que nos patenteia quaes as altas func(;oes de que se achava revestido o marido de Anna Moniz, fìlha de Belchior Moniz e de Anna do Soveral, comò que nos convidava a conversar com o patricio do alcaide mór, e chronista da terra de seu ber^o, o bom, e por vezes provavel motivo que exciiaria a colera do severo secretario de D. Manoel, bem no caso de ajuisar da pacranha. De companhia, pois, com os acarnciros passantest, entraram no brasao dos Carneiros ^tresflores de lys^ de ouro^ em banda de azuU, A ìrianoel Severim de Paria, porém, nao occorreu mencional*os no § 12, do Discurso ÌII^ das suas JETotioias. (101) De cinco membros d'està familia de noticia Gaspar Correa, presentes do es- tremo Oriente, a come^ar do governo de Lopo Soares, successor de Affonso de Albu- querc|ue. O «Anrique» é, bem provavelmente, o pae da Luisa Leme, da nossa Nota (*o). Dominava em todos o eenio commerciante dos avós fiamengos. O Martim chegou a ter alcaide*mór e/(? : m Os Caldeiras da Certa sao de antiga stirpe, na sua terra. De Caldei- ra em Caldeira, vimos a um Diogo Gon^alves Caldeira, jd agraciado com a Alcaidaria-mór d'aquella villa, e da do Pedrogam pequeno, sempre liga- das. Teve cste Diogo dois filhos. O primogenito, André Caldeira de Sou- sa, casou com Cecilia de Goes, filha de Damiao de Goes. Parece, porém, que morreu sem geracao, porque a Alcaidaria mór, de que fora herdeiro, passou a seu irmao, Diogo Rodrigues Caldeira* Casou este com Brites Famusga de Almeida, de quem houve um filho e uma filha. O filho, Chris- tovam Caldeira, succedeu a seu pac na Alcaidaria mór, e teve tambem 0 almoxarìfado das duas vilias. Foi escudeiro fidalgo, commendador na Ordem de Christo, e tiroo carta de brasao de armas em 19 de novembro, de 1504. Che&aram aqui estes Caldeiras ao fastigio da fidalguia: — es- cudo azISl, e n elle uma banda de prata: sobre està banda, tres caldeiróes negros entre duas flores de liz, de ouro, attributo obrigado de toda no- breza que entre nós quizesse passar por ser originaria ae Franca. Elmo de prata, aberto, paquife de ouro e azul: timbre, dois bra^os que sahem do elmo, vestidos de azul, co.ii uma caldeira nas maos, e um monte de ouro, por differenza I — Devia de ser lindo, este brasao dos Caldeiras ! . . . Lindo e rico ! Para nada Ihe faltar, até tinha Jlores de li^y de ouro . . • Se tivesse por mote o conhecido «Disse a caldeira a certa — Tir'te Id^ nao me enfarrusquesh^ ficaria completo. Assim nobilitado e engrandecido, Christovam Caldeira deixou-se finar em i522, succedendo Ihe Vicente Caldeira» seu filho segundo, porque Dio- go, o primogenito, fallecera em vida de seu pae. O Infante D. Luis, por carta de 21 de fevereiro, de i54i, feita por Diogo de Proen^a, o prova vel pae d^ Joanna de Ornellasi tencionarìa da Infanta (102), confirmou Ihe o cargo de Alcaide-mór, que vinha de seus antepassados. Vicente Caldeira casou com Isabel de Alcobia, filha de Joao de Alcobia e de Catharina Bernardes, sua mulher. Deste matrimonio resultaram dois filhos, o cleri- go Christovam Caldeira (2.^), e o nosso Joao Tobias Caldeira, que suc- cedeu a seu pae na Alcaidaria mór, por carta do Cardeal Alberto, de 4 de fevereiro, de 1587. Anna Moniz, sua mulher, fora mo<;a da camara da Infanta D. Maria, e daqui, a ten^a com que foi brindada pela Serenissi- ma Doaddra. N'este casa] acabou o segundo tronco dos Caldeiras, descendentes de Dio- go Gon^alves, porque Joao Tobias finou-se sem geracao, segundo affirma o {ìoj) Veja-se na conttnua^ao do estudo d*este Caderno, o titulo de Joanna de Oniellas. 144 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ nosso informador, e nós repetimos, sem maior averìgua^ao, nao sendo a materia de transcendencia (io3). Vamos agora aos sogros d^este. Os Moniz, coni quem o derradeiro d'estes Caldeiras se apparentou, tambem eram da Certa. Belchior Moniz, filho segundo de Branca Monìz e de Francisco Dias, que foi mo^o da camara de el-rei D. Manoel, casou, em Vìzeu, com Anna do Soveral, irmS de Diogo do Soveral, cavalleiro- fidalgo da casa de el-rei, filhos ambos de Francisco Dias de Sequeira, e de sua mulher Leonor do Soveral^ filha de Gaspar dò Soveral. Faoiilia nobre e antiga n'estes reinos, no dizer de Fr. Manoel de Santo Antonio, n'este momento, o genealogico mais a taiho de fouce que aqui se nos de- para, OS < do Soveral i descendìam de Fedro Martins do Soveral, meirì- nho-mór da provincia de Tras-os-Montes, remando D. Diniz, e tinbam as mesmas armas dos Avellares. Nao procuràmos saber por qu6. Do casamento de Belchior Moniz com Anna do Soveral procedeu, comò vimos, Anna Moniz, a muther de JoSo Tobias Caldeira. A ten^a que sua mae disfrutava, legara-lh'a a Infanta, em atten^ao aos servi^os de seu marido, que fora escudeiro-fidalgo de sua casa, desde o i.^ de julho, de 1 560, e seu escrivSo do thesouro, pelo que tinha 40^^)00 rs. de orde- nado. Deve Belchior Moniz ter sido bem acceito da Serenissima Prìnce^ui, a quem zelosamente serviria, pois que, além do testemunho d*esta ten^a, !>or sua intercessio, el-rei seu sobrinho fez mercé ao Moniz da renda e Òros de quatro casaes no losar de Fragozella debaixo, termo de Vizeu, a terra natal de sua mulher. Jà D. Joao III, é bem naturai que pelo mes- mo valioso empenho, ou pelo do Infante D. Luis, notavelmente favorece- ra este zeloso servidor de seu irmao e de sua irma. Os dois primeiros quarteis da ten<;a de Anna do Soveral foram cobra- dos pelo mesmo Manoel Collabo, que ella jà constituira seu procurador para este firn, e residia, corno vimos, junto a S. Sento, o novo, em iSg6. Os dois ultimos foram recebidos por um Francisco de Siqueira, apresen- tando procurando e € fé de corno he viva >, podendo ser algum parente seu, acaso, por parte de seu pae, se nao era elle proprio, assignando so nome e apellido. Quanto aos primeiros tres quarteis da ten^a de Anna Moniz, esses foram pagos ao mesmo seu procurador, que o fora j& no anno preterito, Francisco Gon^alves, e o quarto a Joao Lopes, de Monte- mór, mas residente em Lisboa, na conformidade dos termos da procura- ndo, mercé da qual nos foi dado entrar no conhecimento da famiha e prò* sapia dos Caldeiras, da CertS. Seguem-se a estas duas scnhoras: — Escolasdca Manoel, da qual pela primeira vez se declara n'este Caderno ser e filha de Ma- (io3) Nao parece mie o P. Manoel LeitSo Caldetra, que algumas vezes fora portador da procuracSo de Jole Tobias Caldeira, {bs&t seu irmSo, corno presumtoios no cap. Vili d'estes estudos. AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 14S Qoel Coelho >, algum servidor subalterno da Infanta, em vista da magra ten^a que a filha disfructava (3^ooo rs.). Lopo Sentii de Barros, seu marido, assignando agora o nome comple- to, passa recibo de todo o anno, em 6 de maio, de 1 598. Por evitar dù- vidas, sempre foi escrevendo junto à assignatura, e comò a confirmar o conhecimento lavrado pelo escrivao do thesoureiro: « asino todo ano ». — D. Brìtes de Sousa, « molher que foy de joSo roiz de Beìa » Em Nota (26) dissémos ter sido Joao Rodrigues de Beja védor da fa- zenda da Infanta, tendo anteriormente exercido egual cargo na casa do Infante D. Luis. ^ Daremos agora, tal qual chegou até nós, e sem ficarmos pela exacti- dao genealogica, antes declarando, que, pelo menos, nao està perfeita, noticia resumida d*esta antiquissima familia, que nao precisou de incul- car-se de origem estranha i terra que Ihe foi bcr^o, para deixar na his- torìa da sua patria, e na chronica dos feitos com que bastantes de seus membros Ihe asseguraram, em Africa e na India^ uma nomeada honro- sa, perduraveis padr6es que a illustram e nobilitam. ^e, deixando se dominar, com efTeito, por pruridos que nao prescindi- ram de que se inculcassem de origem francesa muitos dos que, no seu tempo, compuseram a especie de marca de fabrica^ a que se chamou o brasaoj algum dos Bejas o deìxou en/eiiar com as impreteriveis flores de l^^ bem desculpavel peccado foi, que a tyrannia da especula^ao, me- drando à sombra da fragil natureza humana, tornou para todo o sempre inevitavel. Procedem os Bejas, ao dizer dos que se applicaram a memorar-lhes as origens, unanìmes em contradiciar o Conde D. Pedro, por imperfeito e apaixonado, de Joao Domingues de Beja, que terà sido do conseiho de el-rei D. Diniz^ e seu escrivao da puridade. O seu appelido tomou-o da terra de onde provavel e que fosse naturai. Acompanhando no conseiho 0 rei seu amo^ acompanhou nas armas o seu successor. Com D. AfTonso ly esteve no Salado, e tal, e tao justo desvanecimento Ihe ficou da glo- riosa Jornada, que Ihe foi epitaphio a memoria d'ella na sepultura. Des- can^am-lhe as cinzas no mosteiro de S. Francisco, d'aquelia cidade, e na pedra tumular se conserva, dizem, a memoria do feito. Casou com Isabel Viegas, de quem teve um filho, Alvaro Annes de Beja, que duas vezes foi por embaixador a Castella por parte de D. Pe- dro I (104). Continuando a prole diversos varSes d'este appelido, as suas alliangas n'outras familias deram variedade és armas de que usaram. As primeiras apresentavam escudo esquartellado, tendono i.^ e no 4.^ quar- teis, em campo vermeiho, uma cruz, firmada de oiro, entre quatro flores de li:^^ do mesmo metal ; — o innocente o desculpavel peccado !. . . No 2,*» (104) No Tom. I do Quadro Elementar, do visconde de Santarem, pag. 2o5 e ai3, acham se confìrmadas estas duas enviaturas, sendo, porém, a primeira a Castella, e a segunda a Arag^o. Auctorisam-se as respectivas noticias, para aquella, na Chron. int. de D» Pedro I, por Fern3o Lopes, e para està na Chron* dos Bela, de Duarte Nnnes do LeSo. 5 146 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ e 3.^, em campo de prata, urna aguia, de negro, aberta. Timbre, urna das aguias do escudo. Filho de Alvaro Ànnes, nos aparece Mendo AfFonso de Beja, que se achou em Aijubarrota, ao lado do Defensor da independencia de Portugal (io5). Gasando com Leonor Fogaqa (io6), te ve por primogenito a Joao Affon* so de Beja, que serviu os Reis D. Joao I, seu filho 5. Duarte e D. AfFon- so y. Dos tres fìlhos de seu matrimonio com D. Maria de Tavora, filha de Nuno de Castanheda, o primogenito, Rodrigo Affonso de Beja alcan^ou OS reinados de D. Joao II e de D. Manoel. Na casa do Infante D. Luis ainda chegou a exercer o officio de manteeiro (loy). Casou duas vezes este Rodrigo AfTonso de Beja, tendo de seu primei* ro consorcio, com I^nez de Aboim, tres fìlhos, dos quaes, o primogenito, Joao Affonso de Be)a, do nome de seu avd paterno, continuou a illustrar em Africa os nomes jà consagrados de seus avós. Tendo servido em Sa- fìm e em Tanger, foi com o duque de Bragan<;a, D. Jayme, na tomada de Azamor (io8). Joao Affonso de I3eja foi commendador de Santa Ma- ria, da cidade natal de seus avoengos, e veador do Infante D. Luis. Um dos dois restantes fìlhos de Rodrigo Affonso deve ser aquelle Diogo Fernandes de Beja, que tendo partido para a India, na armada do Marichal, tanto illustrou, com seus feitos, discreqao e humanidade o nome de seus maiores, quanto foi dedicado ao Grande Affonso de Albuquerque, que viu fallecer à barra de Goa, na «Frol da Rosa», cuja era capitao. Elle (io5) Este Mendo Affonso foi morto no final da bataiha, e sepultado, porordemde D. Joao I, no mosteiro de Alcoba9a, com outros valentes cavalleiros portugueses, e o ingles, Micer Joao de Monferrara, conforme o conca Fernao Lopes, em sua admiravel Ghronioa. Elle nos conservou tambem o nome de Francisco Domin^^ues de Beja, entre o numero dos fìdalgos e cidadaos que «ao Meestre ajudarom a deffemder o rregno». Consultado Manso de Lima, acha-se que este Francisco Domingues de fìeja deve ser um segùndo irm&o de Mendo Affonso. (io6) Se estivermos pelo que nos conta Carvalho da Costa, em sua Ck>rografia, en- tre OS Mor^ados que em seu tempo ^1708- Tom. II) bavia em Beja, distinguiam-se o que instituira Joao Domingues de Beia, o chefe da familia, e era eniio possuido pelo moco-fìdalgo da casa de el-rei D. Joao V, AHonso de Sousa Beja e Sampaìo, e os que funaara Francisco Domingues de Beja, que Manso de Lima nos diz ser o nome do pae de Leonor Foga^a. Eram tres, possuindo dois d*elles o mesmo Affonso de Sousa, e es- tando em poder de Bartholomeu de Aboim Pessanha o terceiro. Carvalho da Costa, porém, para nao falcar ao costume, desafina^ attribuindo ao Francisco o exercicio do cargo de Escrivao da Puridade de eì-rei D. Diniz, que Manso de Lima, e outros, registam ter desempenhado o Joao. E o peior é que o auctor da Co- rografi leva tal exercicio ao anno de 1412, sendo alias sabidoque o Rei-Lavrador fal- leceu em i323 1 Escusado sera dizer que a 2." ed. da Corografia, impressa em Braga, em 18Ó8, re- pete, ponto por ponto, ouantos desacertos pejam a i.% do que ninguem se admire, vis- ta a tranquiHisadora aavertencia do Editor, no competente prologo, affìrmando que està 2.* edi<;ao «sere em tudo copia da i.% nao alterando em nada o texto, nem fazendo na orthographia e pontua^ao a mais leve mudan^a». Que Ihe preste I (107) Por tal o dà Fr. Bernardo da Cruz, na Ohronioacit.(Pag. 29i),ao mencto- nar-lhe os dois lìlhos, mortos na batalha de Alcacer. (108) Damiao de Goes o confirma em sua Cbronioa, Terceira Parie^ cap. XLVL AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA IP^s'ANTA D. MABIA «47 proprio acabou no mar, no tempo do governador Diogo Lopes de Se- queira, comò tao suggestivamente o conta o bom Gaspar Correa (109). Tres vezes casou seu irmao primogenito Joao Alfonso. A primeira com D. Maria de Vasconcellos, a segunda com Isabel de Brìto, a terceira, ten- do jà setenta annos (!) com Lucrecia Froes. De todos estes consorcios resul- tou larga progenie. Do primeiro houve doìs filhos e duas fìihas. Dos filhos, o primogenito, é o nosso Joao Rodrigues de Beja, que succedeu a seu pae nas func(;6es de veador do irmao de D. Joao III, e, fallecido elle, passou, na mesma qualidade, ao servii;o da Infanta D. Maria, corno temos dito. Sua segtinda muiher, que era jà viuva de Duarte de Mello, deu-Ihe um filho e uma filha. De Lucrecia Froes houve ainda Joao Affonso ciuco filhos, tres varoes e duas femeas. Dos filhos, André foi roorrer em Tanger, com Luis de Loureiro, e Nuno, vestindo a roupeta de Santo Ignacio, discor- reu pela Asia, e foi um dos tres Jesuitas que trouxeram à Europa os Prin- cipes do Japao (no). Voltando para a India, là morreu, tendo merecido por seu talento, ser n'aquellas partes Provincial da Companhia. Esqueceu-se Manso de Lima de notar o segundo casamento que diz ter contrahido Rodrigo Affonso de Beja, nao dando, nem o nome da es- posa nem a filia^ao, se tinha que mencional a, comò somos levados a en- tender, e adiante o explicamos. Certo é que o seu collega Rangel de Ma- cedo, a quem recorremos^ a ver se Ihe teria remediado o lapso, nao so, e (109) Tom. II, Parte 2,\ Pag. 669 — A Diogo Fernandes de Beja matou-o um pe- louro, que Ihe acertou 00 peito. Manso de Lima nSo dà conta d'este que nós suppomos dever ser filho segundo de Rodrigo Affonso. Entendemo-l'o, porém, assim, em razao da cooteooporaneidade. (110) P. Duarte de Sande fez imprimir em Macau, no Collegio da Companhia, e em i5<)o, o •Itinerario da Emhaixada Japone^a a Curia Romana»^ por elle colligido do •Diario» da mesma Embaizadaf e vertido na lingua latina. Innocencio, em sen Diocion. Bibliogr., biographando este Jesnita, insere o titulo da obra, tal qual o publicou Barbosa, em sua Bibliotheca, declarando, porém« que ninguem dera jamais noticia de a ter visto. Comtudo, adverte que, segundo Figamiere observara, poderia ter-se dado um qui prò quo^ imprìmindo Barbosa o titulo da obra em portugues, traduzindo, sem o declarar, o titulo latino. De, a seguir, este titulo, e as mais tnforma^des bibliographicas, notando a existencia de esemplare s da obra oa Bibliotheca Nacional e no Archivo da Torre do Tombo. O voi. do Diooion. Bibliogr., onde està materia se contem é o 2.% e veiu a lume em iSSg. Ora, em 1862 come<;ou a publicar-se no Archivo PittoreBOO uma serie de arti* gos, assignados A. J. de F,^ corno introduca ao, e doutissiroa, ao epitome da traducalo da obra do P. Sànde, e é traduc^ao na integra da parte em que elle descreve a nossa capital. Està traduccSo teve comedo em o n.<* io, d'aquelle repositorio litterario, refe- rido ao anno de i863, voi. VI, pag. 78. Os Prìncipes do Japao, embaixadores ao Papa por seus parentes, os reis do Bungo e Arinsa, e o Principe de Omura, eram quatro, que além de lusida comitiva, se feziam acompanhar e diri^ir pelos Jesuitas portugueses' Diogo de Mesquita, pedagogo, e Nano Rodrigues (de Be)a) interprete, assim comò pelo irm&o Jorge de Loyola, interprete tambem. Tendo partido de NaRasiki a 20 de fevereiro, de 1 582, e aportando, emfim, a Goa, após crudelissima trave» sia, vieram directamente d'ali a està capitai, onde visitaram o Cardeal Alberto^ Vice-rei, estiveram no Escurial com Filippe II e sua irmi, a impera- triz viuva, e dingindo-se, por firn, a Roma, ahi alcan^aram ver e venerar, no dia a3 dA mar^o, de i383, o Summo Pontifìce Sisto V, dando cumprimento à sua embaìiada. 14» ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ ao contrario do que esperavamos, nao confirma tal segundo consorcto, mas dd, até, em nota à margem, por «toda certissima» a descendencia que descreve, do primeiro Joao ASbnso de Beja em diante. Nao ha, pois, remedio, senao ver o que se tira da leitura do linha^ista da Certa, condusida a par do texto de Rangel de M acedo. E' o seguiate : Casou duas vezes o primogenito do primeiro matrimonio de Jole Affonso de Beja, o nosso Joao Redrigues de Beja. A primeira com D. Antonia de Brito, filha de Heytor Godins de Brito (iii), dos Britos Go- dins, de Beja (?). Foi sua segunda mulher a pobre tencionaria da Infanta, a nossa D. Brites de Sousa, a qual, viuva jà de Ruy Lopes de Sampaio, era filha de D. Goterre de Monroy, e de D. Maria de Sousa e Mello. De seu primeiro consorcio, teve Joao Rodrigues de Beja tres filhos e duas filhas, ambas freiras em S. Joao de Extremoz. Os filhos foram Gar- cia Affonso, o primogenito (queira notar-se), outro Joao Rodrigues de Beja, que militou na India, e Nuno Fernandes de Beja. Do segundo thalamo houve Joao da Silveira, o primogenito, que tendo, comò seu av6, servido em Tanger e em Ceuta, foi morrer em Alcaccr- Kebir. Veìu depois um Nuno Rodrigues de Beja, outro Goterre de Mon- roy, do nome de seu avo materno, ainda um Diogo de Sousa, e por firn, D. Guiomar da Silveira, que augmenta o numero jà conhecido das damas da Infanta, e casou com Antonio Rolim de Moura. Em taes termos vao de accordo os dois genealogistas. Por sua parte, D. Antonio Gaetano de Sousa, reputado, em geral, se- guro e de confiar, referindo*se a D. Brites de Sousa, segunda mulher d'este Joao Rodrigues de Beja (Hist. Oeneal. Tom. XII, P. i.* pag. 449), diz que do primeiro casamento desta Senhora com Ruy Lopes de Sam- paio resulterà uma filha unica, D. Marianna de Sousa e Sampayo, a qual casara com Garcia Affonso de Beja, filho de Joao Rodrigues dfe Beja, e de sua mulher D. Antonia de Brito Godins. Por conseguinte, temos tres linhagistas conformes em attribuir a paterni- dade de Garcia Affonso de Beja a Joao Rodrigues de Beja. Ora, contradictan- do està conformidade, apresenta-se-nos o testemunho de dois auctores de consideragao, que, nao so fazem Garcia Affonso filho de Rodrigo Affonso de Beja, e portanto, neto do primeiro Joao Affonso, mas Ihe attribuem outro ir- m§o, que se chamaria Francisco Domingues de Beja. Sao estes dois allega* dos auctores Fr; Bernardo da Cruz, em sua Ohronica de D. Sebastifto, e Jeronymo de Mendon^a, em sua Jornada de Africa. Ambos, ao menos (111) Neto paterno de Francisco Domineues de Brito, de Beja, vereador perpetuo d'està cidade (?), feito, si vera est fama^ pelo Infante D. Fedro, regenie em nome de seu sobrinho D. Affonso V. Nao sabem os genealogistas dizer se a ascendencia dos Bri- tos Godins provém da familia dos Godins, se da dos Britos, de Beja, sendo que o pro- prio solar que Lousada attribuiu aos Godins, em Elvas, a herdade da Godinha, é repu- tado multo posterior propriedade à existencla dos Godins. Demais, a procedencia (^'^^ versio, bastava para a invalidar, sabendo-se quem foi o linhagista que Ihe deu curso. 0 mais certo é que os Godins sao de Beja, assim corno estes Britos, nao andando liquido quando se desse a aiUaa^a das duas familtas. Uma e outra dispòz de morgados n*aquella cidade e cercanias. AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 149 0 segundo, foram presentes d desordenada bataiha de Alcacer; ambos conheceram, decerto, ouantos guerreiros ali pereceram, ambos, etn suas rc- la;6es dos mortos da oatalha, alias bastante distinctas urna da outra, dao a Garda Affonso e a Francisco Doraingues de Beja, ali extinctos, por fi- Ihos de Rodrigo Affonso de Beja, accrescentando até Pr. Bernardo da Cruz: cmanteeiro que foy do infante dom Luiz>, comò jà notómos. N'estes termos^ ha motivo para perguntar : Seria Francisco Domingues de Beja, ausente nas listas dos dois linha- gistas, prìmeiro citados, filho^bem corno seu irmao Garcia, do segundo tha- lamo de Rodrigo Affonso, e passarla o lapso de Manso de Lima para Rangel de Macedo, e a confusao que daqui se originou para as paginas da His^ toria Qenealogioa ? Quem poderà responder ? De certo, em definitiva, temos : que dois irmaos, de que os linhagistas so conheceram tim, e esse dan- do-lne por pae o que devia ser seu sobrinho^ morreram em Alcacer, de- clarados filhos d'aquelle cue, segundo Manso de Lima e Rangel de Ma- cedo, devia ser seu bis-avo. 0 que vale corno dizer que se puzermos as linhagens descriptas por estes dois genealogistas em concordancia com as duas testemunhas da bataiha de Alcacer, Joao Rodrigues de Beja teria n'ella perdido, em vez de dois fìlhos do primeiro matrimonio, dois tios-auós. Quanto a Joao da Silveira de Beja, o filho do seu segundo consorcio, linhagistas e historiographos inscre- ▼eram o seu nome entre os que morreram na fatai bataiha. Manso de Lima, porem, que, segundo acabamos de ver, nao dea conta de um dos fìlhos do primeiro matrimonio de Joao Rodrigues de Beja, conforme a sua versao, ou seu sobrinho, segundo as relag6es da ba- taiha de Alcacer, tambem nao registou, comò filho do segundo consorcio do mesmo Joao Rodrigues, a Fr. Joao de Beja, a quem sua mae pediu, tporquanto nao fazia boa letra>, que Ihe escrevesse a procuragao, a que nos referimos no Gap. XVL Por egual trocou, segundo todas as probabilidades, o nome de Diogo Fernandes de Beja, o esforfado capitao da ndu «Fior de la Mar>, em Joao Rodrigues de Beja, que deu por filho segundo ao marido de D« An- tonia de Brito, a fìlha de He}'tor Godins de Brito. A conclusao de tudo isto é que os genealogistas e linhagistas so teem de commum com o divino Homero dormitarem, às vezes, comò elle, accrescendo que nao raro, dormindo, sonham, e que o resultado de seus sonhos, documentalmente analysado, desfaz-se e evapora-se ao raiar a manha clara e limpida da Historia. Por isso tao advertidamente escreveu o Director do Aroliivo Hlsto* rioo Portugnez, sr. Anselmo Braamcamp, com a competencia que Ihe dà a pratica aturada d*estas especiaes materias, quando no tomo I da sua obra BrasGes de Olntra, a pag. 3y3, resumé o seu juiso dcerca d'este Manso de Lima: — «Repositorio vastissimo de verdades e de pctas». f Continua J Gomes de Brito. Livro de D. Joao de Portel {CoHthuiado de pag. yS) CLXVII Margo de 1263 IN dei nomine. Hec est carta uenditìonis et perpetue firmitudinb quam iussimus facere ego Michael didacj gallecus mercator et uxor mea Ousenda menendi. uobis domno Johanj petri de Auoyno et uxori uestre domne Manne alfonsi de ouanto hereda- mento habebamus uidelicet de vdiana usque ad Ameeiram de Mauram. Vendimus uobis predictum heredamentum prò predo quod a uobis accepimus scilicet.vij.lib ras quia tantum nobis et uobis bene conplacuit et de precio apud uos nichii remansit in debito prò dare. Habeatis igitur etc, nacta carta mense Marci) E*. M*. CCC* prima. Qui pre- sentes fuerunt. Dominicus pelagij — Johanes petri barcellus — Dominicus iohanis cardenal — Pe- trus martini de Arruda — Johanes stephanj de Arouca — Laurencius femandi — Aiarti- ous dominici dìctus Lorpino. Et ego Petrus laurencij tabeliio Elborensis hanc cartam manu propria scrìpsi et hoc signum meum in testimonium buius rei apposui. ^ CLXVIII Mar^ de 1263 IN dei nomine. Hec est carta uenditìonis et perpetue fìrmitudinis quam iussi facere ego Dominicus gonsalui mercator, prò me et prò fìlijs meis Geraldo et Orraca, uobis domno Johani petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi de tote heredamento quam habebtm cum supradictis meis fìlijs uidelicet de Vdianam usque ad Ameeiram de Maura vendidi uobis predictum heredamentum prò precio quod a uobis recepì scilicet vij. libras quia mihi et uobis tantum bene complacuit et de precio apud uos nichii remansit in debito prò dare. Habeatis uos igitur etc, facta carta mense Mar- ci) E.' M.A CCC* prima. Qui presentes fuerunt. Johanes petri barcellus — Johanes dominicj gemeno. — Martinus petri reimondiz. — Dominicus iohanis machide. — Dominicus suerij ualada. — Stephanus martini mercator. Et insuper ego predictus Dominicus Gonsaluj uenditor sum fìdeiussor ut quando predtcti filij mei fuerunt de rebora quod faciam eis concedere istam meam uenditionem de predicto heredamento. Et ego Petrus laurencij tabeliio Elborensis hanc cartam maaa propria scrìpsi et hoc signum meum in testimonium huius rei apposui. >^ CLXIX MarQO de 1 263 IN dei nomine. Hec est carta uenditìonis et perpetue fìrmitudinis quam iussimus facere ego Martinus petri reimondiz et uxor mea Maria martinj Vobis domno Johani petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi de quantum heredamentum ha- LIVRO DE D. JOÀO DE PORTEL i5i bebamus uideKcet de Vdiana usqae ad Ameeiram de Maura. Vendimus uobis predictum heredamentum prò predo quod a uobis recepìmus scilicet vij. libras auia tantum no- bis et uobis bene complacuit et de precto apud uos nichil rem&nsit in debito prò dare. Habeatis ìgitur etc, facta carta mense Marci). E.* M.* CCC* prima. Qui presentes fue- nint Doffiinicus iohanis Cardenal. — Johanes petri barcellus — Johanes iohanis scriba — Domiaicus pelagij Adail — Laurencius Ganonicus Elborensis — Johanes martini lobeiro. Et e^o Petrus laurencij tabellio Elborensis hanc cartam scripsi et hoc signum in testimomum huius m apposui. ^ CLXX Margo de 1263 IR dei nomine. Hec est carta uenditionis et perpetue fìrmitudinis quam iussimus face- re Ego Vincencius iulianij et uxor mea Maria roenendi uobis domno Johanj petri de Auoyno et uxori uestre domna Marine alfonsi de quanto heredamento habeba- mus uidelicet de Ameeira de Maura usque ad Vdianam vendimus uobis predictum here- damentum prò precio nominato quod a uobis recepimus scilicet .vi) . libras quia nobis et uobis tantum bene complacuit et de precio apud uos nichil remansit in debito prò dare. Habeatis uos etc. ffacta carta mense Marci). E.* M.* CCC* prima Qui presentes fue- ruiit. Dominicus iohanis Cardenal — Johanes petri barcellus — Johanes iohanis scriba — Domlnicus pelagij Adail— Laurencius Canonicus Elborensis— Johanes martini) lobeiro. Et e^o Petrus laurenci) tabellio Elborensis hanc cartam scripsi et hoc signum in testimomum huius rei apposui. »{i. CLXXI Mar^ de 1263 IN dei nomine. Hec est carta uenditionis et perpetue fìrmitudinis quam iussimus fa- cere Ef|;o Petrus goterriz et uxor mea Maior petri uobis domno Johani petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi de quanto heredamento habebamus uidelicet de Ameeira de Maura usque riuulum de gallinas uendimus uobis predictum heredamentum prò precio nominato quod a uobis recepimus scilicet xv). libras quia nobis et uobis tantum bene conplacuit et de precio apud uos nichil remansit prò dare in debito. Habeatis igitur etc. ffacta carta mense Marci). E.* M. CCC* prima. Qui presentes fuerunt. Johanes iohanis scriba. — Johanes petri barcellus — Goterri petri— Vincencius domi- nici laurosus— Menendus ^onsalui. Et ego Petrus laurencij tabellio Elborensis hanc cartam manu propria scripsi et hoc signum meum in testimomum huius rei apposui. ìi^ CLXxn Marco de 1263 IN del nomine. Hec est carta uenditionis et perpetue fìrmitudinis quam iussimus facere ego Stephanus dictus rolam et uxor mea Columba saluatoris uobis domno Johani ^ petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi de toto nostro heredamento quam habebamus uidelicet de Ameeira de Maura usque riuulum de gallinas uendimus uo- bis predictum heredamento prò precio nominato quod a uobis recepimus scilicet viij. li- bras quìa nobis et uobis tantum bene conplacuit et de precio apud uos nichil remansit in debito prò dare. Habeatis uos etc. ffacta carta mense Marci). E.* M.* CCC* prima. Qui presentes fuerunt et audierunt de alia carta Petri goterriz. Et ego Petrus laurencij Elborensis hanc cartam manu propria scripsi et hoc si- gnum meum in testimonium huius rei apposui. >Jn li» ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ CLXXIII Mar^o de 1263 IN dei nomine. Hec est carta uenditionis et perpetue fìrmitudinis quam iussimus facere ego Alfonsus martin) caluus et uxor mea Maior dominici uoDis domno Johani petri de Anoyno et uxori uestre dorane Marine alfonsi de toto nostro heredamento quam habebamus scilicet de Ameeira de Maura usque ad Vdianam. Vendimus uobis totum ipsum predictum heredamentum prò precio nominato quod a uobis recepimus scilicet vi), libras quia nobis et uobis tantum oene complacuit e de precio apud uos nichil re- mansit in debito prò dare. Habeatis igitur etc. Ifacta carta Mense Marcij E.* M. CCO. prima. Qui presentes fuerunt. Johanes petri barcellus — Dominicus iohanis cardenalis — Johanes iohanis scriba — Dominicus pelagij — Johanes lobeiro. Et ego Petrus laurencij tabellioElborensis hanc cartam scrìpsiethoc signum»{ (6) Id., 337. (7) Id., 359. ACCHITO HisTOBico PoBTtTGUxz — Vol. VI, n.« 5 e 6. Maio e Junho de 1908. Propnetarìo e editor, Anselmo Braamcamp Freire^Composì^So e ioipressSo, of. tip., càì^ ^ada do Cabra, 7, Lisboa. i62 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Ao passo que o governo portugués implorava do francés medidas ati« nentes a aquietar os vassalos deste, os irrequietos norroandos e os bre- toes iao salteando os navios do commercio de Portugal. 4 li^^^ dos navios aprccndidos^ corno se ve da lista que o secretano Fedro da Alcacova en- viou a Bras de Alvide em novembro de i55i (i), era jà longa, sendo irri- sorio o numero de navios franceses aprisionados (Doc. II). Em i5b2, constou em Portugal que nos portos de Franca se arma- vam muitos navios com o fìm de saltearem as embarca^es portuguesas. D. Joao III enviou entao em io de fevereiro circulares aos portos de mar a proibir a saida de navios para o occidente. No Archivo Historico; II, 243, dei jà conta do rol dos navios que se acha- vam no Porto, Macarellos, Villa do Conde, Azurara, Matosinhos, Le?a e Aveiro. Eram estes os portos de que tinha enconirado os rois. Agora posso aumenta los com os de Esposende, Fao e Sesimbra (Docc. Ili e IV), este ultimo insufìciente. Faltam, porem, os de Vianna e de Setubal, que deviam ser muito interessantes. O porto de Lisboa nao e provavel que tivesse neces- sidade de tal peca e quanto aos do Algarve, corno tinham pouca frequencia com o norte da Europa, nao haveria necessidade de aviso. O governo de Portugal nao se limitou a està precauqao, mas ainda en- trou no refendo anno de i552, com justifìcavel quebra de neutraliJade, numa conven^ao com Carlos V para as esquadras peninsulares ccmbina- das cerrarem o estreito de Gibraltar aos franceses e aos turcos. (2) Ainda nesse anno navios portugueses deram caga na altura da Madeira a navios franceses. (3) Tudo isto eram porem simples alfinetadas no grande corpo de Franca, que ella nem sentia. Em i555, come<;a a serie de atentados centra o do- minio colonial portugués com a invasao de Ville^agnon no Brasil. Tambem nesse anno Henrique II concede aos mercadores crìstaos- novos amplos privilegios em Franca (4U Nao parece, portanto, ser muito infundada a suspeita de que os cristaosnovos incitassem os naturaes do estado onde se estabeleceram a assentar pénas rendosas colonias de Portu- gal, comò depois fizeram nos Paises Baixos e em Inglaterra (5). Os nossos historiadores sao parcos em noticìas de caracter adminis- trativo, todavia Severim de Faria (6) diz o seguinte: «porque o poder dos Piratas hia quada vez crescendo mais, communicando el Rey està materia com o Emperador no anno de i552 : se assentou pelos Gonselheiros mais praticos de Estado, e Guerra, que as nossas costas maritimas se defen- dessem nesta forma. Que el Rey mandarla armar 20 navios latinos de 25 até 3o toneladas quada bum, que andassera sempre à vista da terra, tres delles aviao de estar em Cascais, quatro na Atouguia, quatro em Carni- nha, quatro em Lagos, dous em Villa Nova de Portimao, tres em Cizim- ìi 1) Quadro elementar ; 111,332. [2) Id., 334. (3) Id., 335. (4)Id., 341. (5) Em i663, encontrou 0 jesuita Manuel Godmho em Bordeus muitos portuguesel cristaos novos. Relogao, i83. (6) Noticias de Portugal^ i655y p. 74. DEFESA DA NAVEGAgAO DE PORTUGAL i6J bra ou Sines, que erao os lugares, em que os navios armados costumavao ▼ir : e alem destes andariao quatro galedes correndo a Costa mais ao mar ; e se ajuntariao assi quada vcz, que cumprissc os 20 navios refcridos : alcm disto andariao na Costa do Algarve quatro navios de remo, bum navio grosso, e tres carnvelas, e se uniriao, quando conviesse, com os outros navios da mesma Costa, os quais andariao, assi no inverno, corno no ve- rao no mar, e so os do remo se poderiao recolher.» Antonio de Castilho no seu elogio de D. Joao III referindo-se à pouca rìqueza dos habitantes de Portugal escreve: e a fazenda dos quais sendo um delgada, comò quada hu em sua casa ve, poderia dar vida aos Por- tugueses, tendo a navegac^ao livre dos Corsarios, o que em seu tempo se fez com diligencia, e cuidado, posto que os Franceses costumados a vi- ver de roubo, ouvessem os Castelhanos, e Portugueses por bua mesma nacao, e nao perdoassem a bus, ncm a outros, quando Ibe cabiao na mao, e a sombra de fazerem guerra aos Castelbanos, tomassem nossos navios desarmados, e outros que às vezes se defendtao valerosamente com igual perda, ncas el Rey Dom Joao c6 armadas ordinarias encomendadas a Ca- fitaes esforqados e outros officios, que fazia por seus Eiubaixadores em ranca, reparava aquella for sam Johao tnestre tnaouel pirez Tezinho de setu- Qu careado. O corpo santo mestre gaspar goa^aluez de triguo. O de satn Christouao mestre oastiam gon^aluez de spo.iende cargado. O saluador cncstre anconio anes de vyla de comde cargado. Outra naao de S. A. que oueimara o ano pasado em guine. A naao ginha cai^ada dacucares por duarte aluarez. O nauio Santo Amtonio em que hia Joao Corea pera o brasil. A naao a misericordia mestre Jo3o Afomso da rrosa A gaspar de sam Joam termo do Porto huu navio cargado de breu. O navio de Pedro Rodriguez de sam JoSo cai^ado da^ucar da Jlha da madeira ao cabo de sam Vycemte. O navio de bastiam ffrancisco do termo do Porto carega e dinheiro e os fran^eses eram da Rybeira de Ruam. O de manuel afonso morador em le^a cargado de vinhos e soo o nauio valia mays multo de mil^cruzados. Roubaram o nauio de gaspar afomso de le<;a ao cabo de finsterra. O nauio cargado de gar<;ia diaz de le^a as beriemguas. O de amtonio afomso de le^a cargado de ferro. Roubaram o nauio de francisco gom^aiuez de miragaya. O nauio de naiguel afomso do porto cargado da(^uquer e brasyl. O nauio de duarte cer- ueira do porto que vaiia rouito. O nauio de francisco pirez de matosynhos ao cabo de sam vicente que valia muyto. Roubaram fazemda do nauio de pamtaliam pyrez de le^a. 0 nauio de pedro aluez de ma^arclos. O nauio de belchior gom^aluez de miragaya cargado que vynha pera os almazens de S. A. O de vycente cUaz de le^a. O de Joao pirez de leca ao cabo de fìnsterra. O de gaspar gom^alvez de le9a cargado de couros. O de arotonio afomso Nobre de le^a cargado de couros em vyla noua. huua naao nona a Joam pirez de matosynhos. Roubaram Jorge gom^aluez morador em Sam Joam. O de francisco do souto de sam Joam da foz. Roubaram o de francisco gon(;aIuez de le9a. Estes me certificarS pesoas com que faley serem tomados e Roubados dos fran^e- ses e que segumdo deus e suas conscien^ias seriam Roubados e tomados duzemtos e virate nauios deste Regno per framceses de poucos tempos a es^a parte. De fram^a tomou belchior de sousa lobo ( i ) huu nauio este anno na costa e Jorge de lima outro ao Como que tinham Roubado portugueses comò estaa muy craro prouado per autos e manuel de mi^quita tomou outro que se foy ao fundo e aa gente perdoou 5. A. com tamto que fosem seruir nas gales em quamto fose sua mer^e. Sumario — i352: lista dos nauios que sam Roubados pelos franceses que foy a Bras daluyde. Collecqao de Sao Vicente; I, 378, III Auto levantado pelo ouvidor do duque de Braganga do avtso que fe\ aos mareantes de Esposende^ Darque e Fao^ para ndo navegarem para occidente* 23 de fevereiro de 1552 Anto que ho ouuidor ffez no llugar desposende per mSdado dellRej nosso senhor. Anno do nacimento de nosso senhor Jhesu Christo de mill e quinhentos he cjn- auohenta he dous hannos aos ujnte e tres dias do mes de feuereiro do dito anno no ugar desposende chegando hj ho Licenciado niquollao dallmeida ouuidor pello duque noso senhor nestas suas terras da quomarqua dantre douro he mynho e beira e lloguo hj elle ouujdor mandou notifRouar aos rooradores do dito llugar aos que tinhS naujos Jiue todos parecesem perante nelle ouujdor pera Ihes notimquar hua carta dellRej nosso senhor e lloguo hj pare^erS has pes5as que tinham naujos seguintes : it. ber- toUameu goncaluez e balltesar Rodriguez que tem ambos hGa carauella^ it. domingos vicente e sjmao Rjbeyro que tem ambos houtra caravella; it. balltesar pirez tem outra caravella; it. francisco vicente que tem hu quarto de hua caravella co houtros de ffao; it amtonio afomso bo§;adotem outra caravella; it. hafomso Diaz tem outra caravella com domingos goncaluez, it. bento goncaluez e andre Uuis tem outra carauella, it. gon^alo anes hoUjado e gaspar pjrez tem outra caravella, i(. afomso pirez e pedro anes bello tem outra caravella; it. e francisco gon9aluez e diogo alluez tem outra caravella; it. gre- (1) Sobre este capitao vide o Archivo Hist. ; I, 38(>. i66 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ guorio gill e antonio diaz seu genrro tem outra caravella; it. alluaro dominguez e do- ningos gon9aluez tem hùa caravella em ujana; it. greguorjo Rodrisuez e pamtalliam fernandez tem outra caravella em ujana; ìt. bertollameu afonso e ballcesar pirez tem outra caravella em ujlla de quondc; it. Joam gon^aluez e dcmingos gon^aiuez tem bou- tra caravella no Porto; ir. Andre anes e joam afomso tem outra quaravella hem ujlla de quonde, it. ffrancisco ffernandez tem outra caravella em ujlla do quonde hem óue tem parte hu homem daveyro e estes todos hacima decllarados fforam os que se acna- ram presentes por que houtros ha e sam (fora em suas ujageis e a estes que hestavà pre- sentes notiffìquou elle ouuidor da parte dell Rej nosso senhor por hCia carta que Ihe es- creveo que nenhu delles navegase pera ponente por canto sua allteza Iho deffjmdia <^ue nam navegasem pera ponente segundo parj^ia da dica carta e isto por que sua aliterà tmha por henfforma^am que heram sahjdos dos portos de ffran^a muitós naujos har- mados he houtros se armavam de novo pera ujrem a estas partes Roubar aos que ha- chasem navegando e desto mandou ffazer este auto; testemunhas que hestavam presen- tes ffrancisco de mariz tabeiliam na ujlla de barcellos e pedro anes escripvam da quo- Rej^a e pedro de chaves meirinho desta quoRey(;a que hasynaram aquy com o dito ouuidor e eu dioguo da costa chanceller ho escrepuj. — Almeida — francisco de maryj — pedro de chaves — pedro anes. Anno do na<;imento de nosso senhor Jhesu Chrlsto de mill e quinhentos he cÌQ- quohenta he dous hanos aos ujnte e quatro dtas do mes de ffevereiro do dito anno no liugar de ffao chegando hy ho senhor niquollao dallmeida ouuidor pello duque noso senhor nestas suas terras da quomarqua dantre douro e mjnho e bejra lloguo per elle ouuidor fToy mamdado uir perante sy todollos moradores que no dito liugar se achavam hos ouaes todos hasy» e da maneyra que dito he fforam Juntos perante elle ouuidor e senao asy Junros ho dito ouuidor Ihes notjfiìcou a todos hda carta dell Rej nosso se- nhor per que Ihes mSdava que nenhu delles navegase com seus naujos e quaravellas per mar quontra ho ponente sem seu mandado e per elles ffoy dito que hem presente nam auja aquj nenhu naujo nem caravella somente hu naujo pjqueno que hesta haquj ho quali navegua has vezes pera avejro e que hem presente nam estava haqay outro e o dito ouuidor mandou ffazer este auto de notjffìqua^am estando o porteiro pedro de chaves meirinho dante o ouuidor e tomas nunez merquador e morador em a ujlla de barcellos que hasinaram c5 o dito ouujdor e Eu dioguo da costa chan^arell ho espreuj. — Nicollao dalmeida — Thomas nune^ — Pedro de Chaves. Titulo do lugar de darque. it. neste lugar de darque se fez a notificala que ni navegase e por hi nam aver na- vio ne carauela se nam asentou aqui cousa algua deste lugar. Titulo e Rol do lugar de sposende dos navios e carauelas que ha nele. it. bertholameu gon^aluez e balthesar rodriguez tem bua caiauella que leuara L^ pipas chamase santa maria da gra9a nam tem artilharia quer navegar pera aveiro e tra- ta em sai. it. domingos vicente e simSo Ribeiro tem bua carauela que se chama santa cruz le- uara R pipas na tem artilharia^ quer navegar pera aveiro por que trata em sai. it. balthesar pirez tem bua carauela que se chama santa maria dajuda leua Lb pi- pas n3 tem artilharia quer navegar pera lixbda e nS tem ajnda carrega- it. andre luis e bento gon^alluez tem bua carauella que se chama sSo yoam leua L^* pipas na tem artilharia quer navegar pera aveiro pera trazer sai. it. Afonso diaz e domingos gon^aluez tem bua carauella que se chama sSo yoham he de L^* pipas n3 tem artilharia staa fretada pera levar de camjnba taboado pera lixboa. it. francisco gon^alluez gazeo e dioguo anes tem bua carauela que se cnama nossa senbora da gra^a leva Iz pipas na tem artilharia staa fretada pera leuar de camjnba ta- boado pera lixbóa. it. gon^alo anes e gaspar pirez tem bua carauela que se chama santa Catarina leua- ra Ix pipas na tem artilharia staa fretada pera leuar de camjnba taboado pera lixb6a. it. antonio diaz tem hùa carauela que se chama a concep^a leuara L<* pipas na tem artilharia sta fretada pera leuar de camjnba taboado pera lixboa. ìt. aluaro dominguez e dominsos goncalluez tem nua carauela que leuara Iz pipas nS tem artilharia a qual staa em viana de vazio. DEFESA DA NAVEGAgAO DE PORTUGAL ib; it. Afoaso pirex e pedre anes belo tetn hùa carauela que se chama nossa senhora da gra^a leuara Ib pipas na tem artilharìa staa fireuda pera leuar de camjnha taboado pera dxboa. it. gregorio rodriguez e pantaleS pirez tem hùa carauela que se chaoia sprito santo leoara Izb pipas nS teoi artilharìa sta fretada pera leuar de caai|nha taboado pera lixboa. it bertholomeu afonso tem hua carauela que se chama santa maria da graga leuara L^ pipas staa de vazio quer jr pera Itxboa ou pera aueiro ni tem artilharìa. It. firanctsco rodriguez tem hua carauela que se chama sprito santo leuara R pipas na tem artilharìa staa nretada pera leuar de camjnha taboado pera lixboa. It. andre aoes e yoam afonso. tem hua carauela que se chama nossa senhora da fran* queira leuara Ix pipas na tem artilharìa quer leuar taboado pera lixboa. it yoam gon^allvez e domingos gon9aUuez tem hua carauela que se chama sao ro- que leua L^ pipas n§ tem artilharìa staa de vazio na cidade do porto sperando por fre- te pera lixboa. ha outras carauelas neste lugar de sposende as quaes sSo fora e sao as seguintes. it. bastia lujs tem hùa carauela que leua R pipas e chama -se o corpo santo nS tem artilharia staa em lixboa. it gon<;alo aluez tem hua carauela de Ix pipas staa em lixboa na tem artilharìa. it bertholameu aluez tem hùa carauela e chamase santa ana leuara Ix pipas staa em lixboa q3 tem artilharìa. it gaspar lujs e ntcolao gii tem hùa carauela que se chama santa maria de lago le* uara Ib pipas na tem artilharìa staa em lixboa. it gon^alo rìbeiro tem hùa carauela que se chama pataixa leuara R pipas he no algarue com trìgo na tem artilharìa. it. pedro aluarez de biiinho tem hua carauela que se chama nossa senhora de con* sola^m staa na cidade do porto de vazio nam tem artilharia. it. beito aluez tera hùa carauela com yoham anes de fao chamase santandre leua c^ zx pipas staa em lixboa <}ue vay pera o brasil. it antonio andre e domingos gon^alluez tem hù navio que se chama corpo santo que leva c*^ Ixxx pipas he em siujlha n§ tem artilharia. it. aluaro rodriguez e bertholameu martjnz tem hùa carauela que leua Ixx pipas na tem artilharia he em stujlha. it domingos ffemandez e baltesar pirez tem hùa carauela que leuara Ix pipas na tem artilharia he em bilbao. it. francisco pirez e gaspar diaz tem hùa carauela que se chama nosa senhora da gra^a levara Ixx pipas nS traz artilharia he en lagos. it bertholameu dominguez e antonio gon^alluez tem hùa carauela leua xxx pipas staa de Tazio no logar de sposende. titolo e Rol do lugar de fio das carauelas que nele ha. it. pantalii ffemandez e domingos anes tem hùa carauela latina que se chama nosa senhora da gra^a leuara cR pipas na traz artilharia he no brasil e foy fretada de mer- cadores de lixboa. It fernando eon^alluez tinha hùa carauela de c'o Ix pipas e vindo do brasil a toma- ratn os firanceses ha ij mcses que vinha carregada de mercadaria e leuarS tambem o dito fernando gon^alluez com dous companheiros sem virem mais. it yoam anes com beito aluarez de sposende tem hua carauela que Ja sta declara. do no rol de sposende. it. gon^alo pirez com yoam anes e yoam Vicente tem hùa carauela que leua Ixx pipas na tem artilharia staa no rio de vazio. O mais que ha neste lugar de fào sSo barcos de pescar porque diso viuem os mora- dores daquelle lugar — Nicolao dalmetda. Corpo ChronologicOf Parte, II, ma^o 143, doc. io. idS ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ IV Auto levantadopelo_oupidor da ordem de S. Tiago ao$ mareantes de Sesim'^ Ifra para nao navegarem para occidente. 2 de margo de 1552 Auto da notefìca^am que foi feita aos marreantes da villa de cezitnbra pello llecem- ceado antonio Uopez da camara houvidor do mestrado de sS tjago per mandado delIRej nesso senhor. Ano do nacimento de noso senhor Jhesu Christo de mjll e qujnhencos ctcnquoeta e dous hanos aos dous dias do mes de marco do dito ano ecn ha villa de cesimbra nas pousadas do llicenceado antonio llopez da camara houuidor do mestrado de sam tjago hoBito houuidor vejo a dita villa da villa de setuuell per mandado dellRej nosso senhor a fazer delegencia dos naujos que havja na dita villa e asj pera dar avjso aos mareantes pera que ni navegasem pera ponente por ho muyto empjdimento que havja no mar de framceses que handavam a Rouhar e asj pera Ihe dar avjso comò sua allteza tjnha reca- do que hera sajdos das partes da fram9a muitos navjos armados pera andarem a Roubar Sello mar hos que achasem e pera Ihe ser dito ho dito avjso aos ditos marreantes ho dito ouuidor hos mandou chamar pera Ihe aver de notefìcar e Ilogo forram ahj jumtos lios que na villa havja e ho dito houuidor Ihe noteficou todo ho sobredito pera que na ffo- sem em seus navios pera parte do ponente e comò ellRej noso senhor Ino mandava no • tefìcar por eie houvidor e fazer autos de dita notefìca^am pera Ihe serememvjadoseas pesoas que hahj forram Juntos a que ffoj notefìcado sam assegjmtes antonio Raposo escriva que ho escrevy. Bastiam Rodriguez — Roque Gon^alvez — Bastiam Vyeira— Francisco gomez— pedro farinha — JoSo farjnha — Joao Gon^alvez Varella — pedro gomez filho da Neta — dyogo preto — sallvador dominguez— ^om^alo preto — pedro gomcalvez seu Jemro — esteuam preto — bastiam voguado — bastiam martinz seu fìlho — Esteuam rodriguez chayi^o— pedro fernandez — firancisco mendez fìlho de Joane mendez — tome neto — manoell diaz — Jacome fernandez— Joa dolljuall — Joam carnj de —Rodrigo eanes — pedro carnjde— JoSo alluarez — afomso marauez — afonso preto — dyogo dolljuall — ^fframcisquo cyde— Joam gon^aluez collabo— alluoro martinz — manoell dellguado — amtonio diaz— dro Antunes, tomar o sacramento com grande descaro e rìso e ao tornar do lavatorio disse: mais valera que fora vinho, Ouvio dizer a urna criada da viuva de André de Ta- vora que està Ihe ramava, quando a via rezando por contas, e o marido Ihe dizia que nSo era boa christa e por isso o melhor seria ir para fora do reino. No dia 3o compareceu Fedro Pires, hollandez de Flandres, que nada entendia de portuguezes e por isso Ihe servio de interprete Joaquim Querse, e disse que sabia de differentes pessi^as que queriam sahir de Portugal e cujos fatos jà estavam a bordo e o accordo para essas pessoas sahirem se fez em casa de Tilmao, allemSo, que Ihe parece servia de interprete ; disse mais que o contracto consistia em irem metidos em pipas sobre o porio do sai, até ao mar alto e ahi haviam de Ihes dar a camera do mestre ; que eram tres as pessoas : pae, iìlho e muiher talvez d*este. Quanto ao costume disse que era amigo d*essas pessoas, mas um cruzado,que Ihe tinham dado de frete era pouco. No dia IO de Junho compareceu Mecia Braz e disse que Jolo Lopes, christSo novo, a proposito d*uma candeia que tinha D. Joanna, muiher de Filippe de Castro, vinda da casa sancta de Jerusalem e quCi por causa d*isso, nunca se apagava, duvidou de tal e blasphemou. No dia 20 compareceu Anna, mo^a solteira, e disse que Francisco de Caceres, e sua muiher, e Guiomar de Caceres, sua fìlha, praticavam actos de judaismo, guardando OS sabbados, comendo ovos na quaresma, cernendo és escondidas uns bolos especiaes. Quanto ao costume disse nue fora preciso a interven^So do corregedor, para este seu amo Ihe pagar um cruzado, e que a trouxera é Inquisi^io, amea^ando-a pelo caminho. No dia 3o compareceu Catharina Fernandes e disse ter ouvido que Simlo Lopes e sua familia praticavam actos de judaismo. No mesmo dia compareceu Guiomar Gonfalves que coafirmou o depoimento da testemunha anterior. No dia IO de julho compareceu Maria Godinho e disse que Isabel Godinho, christl nova, praticava actos de judaismo. No dia 17 compareceu Maria Alvares. que fot amante de Henrìqne Vas^a quem veio denunciar, corno praticando actos de judaismo. A INQUISIQAO EM PORTUGAL e no BRAZIL 171 No dia 19 de juiho compareceu Joanna da Ribeira e disse que Isabel Gomes, que |A esté presa pela Inqaisi^ao, em conversa com ella, corno se fingtsse da lei de Moysés, ihe confessou praticar actos de judaismo. No dia 30 compareceu Jolo Affonso, bombardeiro, que veiu da India na nao de Vi- conte Gii, e diziara à ida que entre elles la fogido uoi cnrist§o novo, queimado em es- tatua e mais 60. No mesmo dia compareceu Gaspar de Seixas, escudeiro, morador em Monforte e disse que em Vinhaes, onde tinha està do, havia muitos christaos novos, que guarda vam OS saboados. No dia 16 de agosto compareceu Gonzalo de Moraes, alcalde de Vinhaes, que dis- se que o procurador do numero d'essa villa^ Pedro Fernandes, praticava actos de }udeu e lh*o confessara em conversa. No dia 20 compareceu Rodrigo Jorge, clerigo de missa, cura d'urna igreja no termo de Cintra e disse que Duarte Fernandes, christao novo, estando d'uma ves muito doen- te, comò a testemunha o fosse ver e dar-lhe consola^oes espirituaes, elle declarou que- rer ser enterrado na ercpida de S. Sebastiao, onde se costumavam enterrar os judeus e ouvio dizer que elle se tinha confessado ao cura, apezar do que Ihe tinha dito e que co- ni ia carne aos sabbados. No dia 3o compareceu Pedro de Basilhaca, navarrez, penteeiro d*el-Rei, e disse que estando Leonar[doj de la Roca, mercador de Bordeus, Oliveiros, clerigo francez e o seu crìado Valentim, a conversar com um Louren^o de Cabelavilla, penteeiro gascSo, sobre a missa, este, a proposito da consagra^So, dissera à testemunha que se fósse verdade, qne Deus estava na hostia depois de consasrada, bevendo em 3 altares a consagra^§o ahi estavam tresdeuses e corno a testemunha Ihe dissesse que nao proferisse taes palavras, o penteeiro gascio replicou,que nao crìa senio que Deus estava nos céos. No mesmo dia compareceu o crìado da testemunha anterior, Valentimi cujo depoi- mento confìrmou. No dia 3 de Agosto (deve ser septembro ; foi engano do notarlo) compareceu Oli- veiros de Bosco, clerìgo de missa, estrangeiro da Navarra, que confìrmou o depoimen- to anterìor. No dia i3 de setembro (i543) compareceu Catharìna Annes, que accusou de biga- ma Isabel Dias. No mesmo dia compareceu Francisco da Costa, que disse ter chegado havia pouco da Mina numa néo, oue tinha por contra-mestre Simao Gon^alves, o qual blasphemava, assim corno Bento Fernandes, que chamava comudo a S. Louren^o por Ihe nSo dar venta No mesmo dia compareceu Pedro de Santa Maria, christao novo que està fazendo a sua penitencia no collegio da doutrina da fé, e denunciou alguns christaos novos de Tanger, cujo nome nSo disse* No dia 17 compareceu Catharìna Alvares que confìrmou o depoimento de Catharì- na Annes contra Isabel Dias. Idem, Margarida Rodrigues. No mesmo dia compareceu Jolo Barbosa Paes que denunciou o capitio no Brazil Pedro de Campo Tourinno, por se dizer là Papa e rei e fazer trabalhar aos Domingos. No dia 18 compareceu o clerìgo Luiz Pires Queimado que confìrmou o depoimento de Catharìna Annes contra Isabel Dias. No dia 3 d'outubro compareceu Ruy Louren^o, morador em Faro, e disse que ahi, ttmas filhas de Martha Pedro, tinham*se ido conlessar e antes de coaunoogarem co- meram passas. rp. ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ « No dia 6 cotnpareceu Pedro Fernandes, lavrador, morador em Benavente e disse que Gonzalo Vaz, sapateiro e chrtscSo novo, quando levantaram a Deus, disse : Pao e vinho vejo, e creio na lei de Moysés. Taoibem affirtnou que um chrìstao novo, Grego- rio Fernandes, Ihe dissera nao acreditar na virgindade de Nossa Senhora. No dia 12 d*outubro compareceu Diogo Louren^o e disse que, estando no Brazil^na capitania de Duarte Coelho, travara d'urna vez conversa com Antonio Dias, que lem um fìlho preso no carcere da Inquisi^So, e elle Ihe dissera que a lei velha era boa e era voz pubkca ter affirroado que antes queria ser mosca que christao. No dia 22 compareceu Miguel de Castro, ourives castelhano, morador na ma da Ourivesaria, freguezia da Magdalena, e disse que, em Lisboa, viviam certas pessoas queimadas em estatua em Granada comò herejes e que sao : Joao Baptista, ourives, christao novo, Antao Peres, mercador da Rua Nova, Louren90 Peres, ourives e chris- tSo novo, e a mulher de Martim Fernandes. No dia 7 de novembro compareceu Maria Fernandes, mulher de Lanzarote Mendes, sollicitador, e disse que Mór Lopes e seu marido Francisco Mendes, sapateiro, nao je- juaram a quaresma passada, e proferiam bidsphemias. No dia i3 compareceu Joao Alves, ferreiro, morador em Montelavar, que disse ter vivido com Jorge Fernandes, cnristao novo, que tinha chegado, havia pouco, de Maza- sao, que vestia camisa lavada aos sabbados, accendia candeias na noite de 6.* feira e Jorge Fernandes passeava entao na casa com o livro na mio. No dia 4 de dezembro compareceu Cosme Rodrigues e disse que sua sogra Catha- rlna Sanbrana, quando a mulher d'elle morreu, a amortalhou com os melhores toucados que tinha, isto é, e Ihe poserao huùa coyfa douro e huu paninho de franja douro e huu jtran^ado que levava huda fìta encarnada e asy huGa camisa de desfìado». Quanto ao costume disse que trazia demanda com ella. No dia 21 compareceu Agostìnho Vaz Guedes, escrivao da descarga da alfandegap e disse que Henrique Pimentel, christSo novo, nao costumava ir à missa e vestia camisa lavada aos sabbados que guardava. No dia 28 de mar^o de 1544 compareceu Violante Fernandes e disse que urna christa nova, por alcunha a Franca, guardava os sabbados e trabalhava aos dommgos. No dia 3i compareceu André Lopes, bombardeiro, e disse que Salvador Carvalho, christ3o novo, escriv§o do Gale&o grande, proferirà blasphemias. No dia 2 d'abril compareceu Diogo Alvares, hortelSo de Setubal, e disse que estando na igreja d'Atalaia dando candeias és romeiras, ouvio dizer a mulher do Stsei- ro d^Aldeia Gallega, voltando- se para um retabulo do Christo a^outado : Assim estarés. No dia 6 d*abril compareceu Mecia de Queiroz Cabrai, viuva de Ruy Dias Freitas e disse que, estando em casa de sua trma Filippa Cabrai, em conversa com Belchior Fer- nandes, feitor de Gabriel Rodrigues, mercador, dissera elle que uns livros contradiziam OS outros e semente a Bibita a nao contradizia ninguem e que, ainda que se fosse mou<- ro, se se praticassem boas obras, se iria para o ^éo Quanto ao costume disse (corno jà algumas testemunhas anteriores) que vinha declarar isto por lh*o ter mandado o seu confessor. No dia 7 d'abril compareceu Domingos, naturai da Torre de Moncorvo, e disse ter vivido na Guarda em casa de um Ruy Lopes e de sua mulher Leonor Gomes, aonde nas 6.** à noite limpavam os candeeiros, pondo-lhe novas torcidas e guardavam os sab- bados; nSo comiam carne de porco. No mesmo dia compareceu Francisco Vaz, cutilleiro, e disse que Anna Gomes, christS nova, que vende agua em casa aos cantaro» d'um po^o que tem. conversando com a testemunha, a proposito d'el-rei Xarafe, que a testemunha entenaia que se de* via fazer christSo, disse: ^sy^far se a christao pera que Ihe chamee despoés cSo», A INQUISI<;AO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 17Ì Nò mesmo dia compareceu Jorge Femandes, que confirmou o depoimento ante- fior. No mesmo dia e iogar compareceu Helena Fernandes, que disse ter ouvido a Anna Comes que a sua lei era melhor que a christa. No mesmo dia compareceu Magdalena Femandes, mulher de SebastiSo Fernandes, luveiro, e disse que Anna Comes, d uma vez que ella estava à porta e por là ia passar o Santissimo Sacramento, metteu-se para dentro; nSo costumava ir à missa senio d'ha um anno para cà, em que foi reprehendida. No mesmo dia compareceu Gonstan^a de Verguara e disse que, quando se tomou o cabo de Gué, Anna Comes se mostrou contente com tal facto. No dia 7 de abril compareceu Catharìna Lopes e disse que Leonor Lopes, a pro« posito d'uma ora^ao que ella rezava, dissera que quem foca a judeu foca a olho meu e dissera que Nossa Senhora fora viuva. No dia 8 compareceu Filippa Cabrai, viuva de Thomaz de Castro, e confirmou o depoimento da irma quanto a Belchior Fernandes. No mesmo dia compareceu Beatriz Rebello, mulher de Manoel Affonso, que està na India, e disse que Cuiomar Fernandes, estando a testemunha a dizer que os Chris- taos novos c)ue queimaram andavam cegos e eram julgados por letrados, ella respon- deu que mais cegos eram os julgadores, dizendo mais que se nao confessava senao para a nao ezcommungarem, que nao sabia o que era a alma porque a nào via, e tem odio a carne de porco. No mesmo dia compareceu Catharìna d'Esobar, fìlha deLopo Dias, cavalleiro, mora- dora ao Cal^ado Velho, rua de Dom Rolim, freguezia de S. NicoUu, e disse que uma tal Isabel, a quem ella ensinava a lavrar, guardava os sabbados e praticava jejuns judaicos. No dia 12 de abril compareceu Domingos Fernandes, calafate, e disse que ouviu a um christao novo, que foi rendeiro da almota^aria em Lisboa, aconselhar a forma judaica comò se devia matar um carneiro. No dia 21 de abril compareceu Violante Mendes, mulher de Diogo da Cama, que vive abaixo da Porta do Sol, indo para o Salvador, e disse que Isabel da Silveira, quando acaba- va de amassar, tornava um bocado de massa e a lan9ava no fogo, e negava a virgindade de Nossa Senhora. Quanto ao costume disse vir dizer isto por o seu confessor a isso a acon- selhar. No dia 11 compareceu Isabel Alvares e disse que Cecilia Goo^alves, christa velha, tinha uma escrava mourisca, baptisada, a quem chamava cadella e a vendeu por locru- zados para ir para terra dos mouros. No mesmo dia compareceu Affonso de Vilares e disse que Gonzalo Fernandes e sua mulher Maria Lopes nunca comiam ^ordura, em casa d'elles as galUnhas eram degolla- das, iam muito poucas vezes à igreja, nao comiam carne de porco nem peixe sem es- cama. No dia 26 compareceu Antonio Vaz e disse que Pedro de Hespanha, christao novo e suas filhas, nos dias de semana lavravam nas suas almofadas e os sabbados nSo. No mesmo dia compareceu Beatriz Annes e disse, que Anna Lopes fugira de casa do pae por elle ser judeu. No mesmo dia compareceu Isabel Dias e disse que Maria Lopes tinha dito que mui- tas coisas se faziam em Roma, que nio eram bem feitas. No dia 20 compareceu Manoel Solteiro de Setubal e denunciou um mourisco cu)o nome nio saoia. 174 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ ^ No mesmo dia compareceu Braz Azedo e disse que Guiomar Luis e sua filha Branca Luiz, christis novas, guardavam os sabbados e trabathavam aos domingos. No primeiro de maio compareceu Helena de Macedo e disse que Anna Lopes, fìlha de Gonzalo Fernandes, preso pela Inquisi^ao, tinha atKrmado que na Inquisi^&o com di' nheiro tudo se remedearia e que por isso nào avya medo e que se fosse mester tomaria huii chapim e quebraria os focinhos a Joao de Afelio e ao ìffante e a deus se /alasse. Aiém d*isso ella e a mae Maria Lopes accendiam candeeiros nas noites de 6.* para sab- bado e guardavam este. No dia 17 compareceu Francisco Fernandes, tosador, e disse que Guiomar Alvares mulher de Agostinho Fernandes, tosador, com quem aprendera o seu officio, guardava , OS sabbados. Quanto ao costume disse que fora o confessor que isto Ihe mandara, e que sahira de casa do Agostinho por com eÙe se ter zangado* No dia ai compareceu Francisco Pires, cavalleiro da casa d*El-Rei, morador en Montalvao, onde disse haver um mercador christao novo, Alvaro Paes, que guarda os sab- bados e houve quem o visse trazer entre as soUas dos pés um crucifixo. Quanto ao cos- tume disse estar escandalizado com elle. No dia 3i compareceu Antonia Pacheca e disse que Catharina Lopes, mulher de Miguel Dias, tinha duvidado de que o nascimento de Jesus fosse comò os presepios representam. No mesmo dia compareceu Diogo Fernandes da Cruz,Juiz das sisas do termo de Maria Alva, e disse que Jórge Mendes, Frol Fernandes, Simao Fernandes, Rodrigo Nu- nes e Gonzalo Alvares, chnstàos novos, faziam jejuns judaicos, fallavam em hebraico, guardavam os sabbados ; disse tambem ser christao novo e que tmha andado em de- manda com Jorge Mendes. No dia 4 de junho compareceu Mecia AfFonso, mulher do Bacharel Henrique Rebello, e disse ter visto os anteriores accusa dos comerem pao nao le vado e sem sai ; às 6.** feiras à noite accendiam candeeiros e que Branca Fernandes nSo acreditava na virgia- dade de Maria. No mesmo dia compareceu Aleixo da Fonseca, morador na villa d'Almendra e disse que Femio Luiz, procurador do numero, tinha afBrmado ser oelhor a lei de Moysés 2 uè a de Christo. Disse mais que Diogo Pereira affirmara que Deus nSo podia subir ao leu em corpo e alma e que Clara Nunes, quando estava de parto, nao chamava jpor Nossa Senhora, mas sim pela m&e. No dia 19 de junho compareceu Gracea Fernandes e disse que, indo a pedir para Nossa Senhora da lluz a Pedro Vaz, este Ihe dera um ceitil de esmola e se fora. No dia 8 de julho compareceu Nicoléo Mendes, pretOi e disse que, estando em Ma- zagSo, vieram dizer ao capitao Luiz do Loureiro que Belchior de Pomares era casado^ ao que elle respondeu que era maior servilo de Deus um homem ser amancebado e que Deus nSo mandava casar e que quando fìzera Eva Ihe nao dissera que casasse com Adao. No mesmo dia compareceu Braz Rodrigues e disse que, tendo perguntado a Diogo Pires, christao novo, por onde passara o Sanctissimo Sacramento elle respondeu : «o touro passou por aquin. No dia 10 de julho compareceu Catharina Gon^alves e disse que Gracea Rodri- gues, chnsta nova, estando à porta e, vendo passar duas pretas rezando contas, disse : contas^ contas^ bulraria, bulraria. No mesmo dia compareceu Gaspar Dias, pescador de Tancos, e disse que Pedro Lopes, mercador e christao novo, quando d*uma vez ia a passar a procissao em frente da casa d'elle veiu d*um cano ourina e cahira sobre o paleo, descalpando*se Pedro Lo- pes, dizendo que tinha sido urna negra. A INQUISigJVO EM PORTUGAL E NO BRAZIL ijS No dia 14 de juiho compareceo Balthasar Ribeirot criado do mfante D. Luis, e disse -^ue Gii Vas affimara que harta muitos santo* no inferno. No dia 8 de agosto compareceu na casa das estdot Joanna da Ponte^ mcdher do Li- cenciado SimSo de Pina, Dezembargador, e disse que Gatharina Lopes, chrìsti nova de Beja, guardava os sabbados No mesmo dia compareceu Francisco Femandes, luveiro, e disse que Maria Fer- nandes, mourìsca, dissera que a maldi^io cahisse sobre um mourìsco que se tornerà christao. No dia i3 compareceu Filippe d'Aguiar, mo^o da camera d'El-Rei, e disse que Isa* bei Gomes, christa nova, tinha affirmedo que Deus fallare com MojTses e que por isso OS que i^ querìam os judeus irìam para o inferno. No dia 39 compareceu Diogo de Medina, clerìgo de missa, vigario da ilha das Flores, e disje que Francisco Rodrigues, ourives de prata^ me affirmara ter ouvido dizer a D. Anto- nio, sobrinfao de Femio de Pina, chronista-mór, que este ttnha dito : corno ha komem de crer em kuttpouco depamfeiio por um ciengo. £ a testemunha ouviu-lhe dizer: Para que era esiolas^ ornomentos e ceremonias t Bastava consagrar huU pouco de pam corno /èf Christo. Fernao de Pina comia carne nos dias defesos, e a testemunha ouviu-lhe diser mais o seguinte : Pois Deus redimirà o mundo ouvera de ser sem condi^am de fa^erem boas obras ; Frades avyam de deiiar a perder a christandade ; que a resureygam de lajaro ouvera de Christo fa^er manifestamente e nSo secreto corno o fe% ; que os judeus sao tnuito parvos por se nao guardarem. No dia 4 de novembro compareceu Antonia Borges, mulher de Ruv Carvalho, criado do thesouro da Casa da Mina, e disse que Francisca Luiz e Beatrix Vaz, christ&s novasy suas irmas, guardavam os sabbados e cantavam ora9oes hebraicas. No dia i3 compareceu, na presenca de D. Ruy Gomes Pinheiro, bispo d'Angra Joao da Roche e disse que Salvador Vaz, criado do nuncio, a proposito da execu^So d*um testamenio, tinha dito que o bem que se fazia pela alma do defunto Ihe nSo apro- veifava. No dia 28 compareceu Gii Meao e disse que Salvador Vaz tinha dito que bavia de tirar as missas a uma capella, porque o fuifdador d*ella se havia de ir para o céo jà le escava. No dia 10 de dezembro compareceu Affonso Vaz, carpinteiro, e disse que Antonio Annes blasphemara. No dia 1 1 compareceu Elvira Soares e disse que Guiomar Dias, em vez de abencoar uma creanza, Ihe pozera a mio na testa, correndo-a pelo rosto abaizo. Diz isto de man- dado do confessor. No dia 5 de Janeiro de 1545 compareceu Anna Dias e disse que Marquesa Gon^al- yes, sobrìnha de Violante Vaz, justi^ada pela InquisÌ9ao, Ibe dissera que està morrera innocente. No dia 19 de fevereiro compareceu Margarida Gon^alves, e disse ter ouvido a Bea* triz Lopes que ElRejr fajia mai em queimar os judeus ; que milhor hos mandaria para a sua terra que os queymar, Nojdia 3 de mar<;o compareceu EstevSo Esteves, cavalleiro do habito d'Aviz e disse que Joao Lopes, christao novo, e uma christS nova d'alcunha, a Torta, tìnham fugido d'Ai Vito. No dia 12 compareceu Jacome Carvalho de Braga, tabellilo em Lisboa e 4i^l9 que Affonso Vaz, mercador, Ihe mostrare um livro de Horas de Nossa Senhora, em qne vi* nham os psalmos de David e que Belchior Lopes, phisico, crittcara uma preganti) em que o orador dissera quaes os actos judaicos. 176 ARCHIVO HKTORICO PORTUOUEZ No mesmo dia conpareceu JoSo Manoei, clerigo de missa e disse que estando em casa de Femio de Pina, chronista mór, que vivia nos Pa^os de Cima d'Alca^ova, elle Ihe dissera que «o santo Sacramento da eucharistia se celebrava entre os chrìstios^e 3 uè oDde nÌo houvesse farinhs, clerì^os, ou vinho nSo haveria Deus» ; tambem FernSo e Pinho disia que os clerìgos deviam ser casados e o Papa assim o devia mandar. FernSo de Pina dizia egualmente que aquellas pessoas que nao tiveram notida da lei de Chrìsto se salvariam, posto que nao tivessem recebido o baptismo; nio costuma ir i missa ; dista egualmente que na lei velha so havia a confìssio roental, ao passo que o Papa ordena a coofìssao vocal e acrescentou Femio de Pina que o Papa ordenara isto para os leigos estare m mais sujeitos à egre] a. No mesmo dia compareceu Francisco Louren^o, tosador, e disse que Simfio Vaz tinha dito a um clerigo que nSo queria acceìtar de esmola 10 rs. que os recebesse por- que senio os iria empregar em vmho. Acrescentou elle que fìeatriz Vaz« apesar de pa« gar essa esmola, fora queimada e morrera martyr. No dia 17 de mar^o compareceu Catharìna Feraandes, e disse que Guiomar Fer- nandes, a Romana, irmi de Diogo Feraandes, que està no Collegio cumprindo a sua pe- nitencia, tinha dito que nao era preciso accusar mais quem estava assim cumprindo a penitencia, amea^ando ao mesmo a testemunha se o fisesse. No dia SI compareceu Lopo Vas, clerigo de missa, e disse que Estevam de Freitas, cavalleiro, tinha amrmado que bem parvo era quem se cria em firades e que quem mor- resse e fosse amortalhado com o hanito de S. Francisco e acompanhado por elles cer- tamente iria a caminho do inferno. No mesmo dia compareceu Joio Pessanha, morador em Alcacer do Sai, que con- firmou o depoimento anterior, acrescentando aue Estevao de Freitas nio costuma ir é egreja matriz, dizem-no casado com tres mulheres, é onzeneiro e tem-o na conta de mào christao. No mesmo dia compareceu Rodrigo Annes Lucas, morador em Alcacer do Sai, que confìrmou os depoimentos de Lopo Vaz e de Joio Pessanha. No dia 24 compareceu Sebastiao Pinheiro, naturai de Braaa, e disse ter ouvido que Joio Vaz de Moreira, termo de Monsio, a$rmara que Nossa Senhora nio fìcara virgem e que assim comò urna vaca nio fica va virgem, assim Nossa Senhora. No dia 39 compareceu Joanna Dias da Certa e disse que Isabel Fernandes e suas tìlhas Beatriz e Violante da Certa guardavam os sabbados, alimpavam os candeeiros nas 6.** feiras, e tinham-nos toda a noite accesos. No mesmo dia compareceu Affonso Alvares e disse que Gabriel do Barco, christlo novo de Setubal, guarda os sabbados. No mesmo dia compareceu Simio Fernandes e confìrmou o depoimento anterior, acrescentando que na mesma culpa cahia a mulher e fìlha. No ultimo de mar^o compareceu Joio, preto captivo de Simio da Veiga, e disse aue tinha pertencido a Jorge Mendes, que agora estd preso, e que nesse tempo cm casa *elle via, de vez em quando, (pelos Ramos) comerem em lou9a nova e fazerem bolos especiaes, e quando isto faziam o mandavam embora para elle nio ver e a casa de Jorge Mendes iam Antonia Luiz, Guiomar cje Torres e Grada de Torres, que se encerravam, nunca o deixando ver o que le faziam. No dia 10 de abril compareceu Matheus Fernandes, ferreiro, e disse que Francisco Rodrigues Ihe tinha dito que assim, se obrigassem os christaos a ser judeus, elles nio seriam bons judeus, assim tambem os chrìstios-novos nio podiam ser bons christios;. No dia 1 1 compareceu Isabel Dias e disse que Francisca Dias, chrìsta nova, comeu carne numa 6.* feira de endoen^as. A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 177 No mesmo dia coinpareceu Henrique Femandes, sollicitador da Casa do Civel, e disse que Diogo Feraandes, confeiteiro, nSo dava esmola a quem Ih'a pedia pelo amor de Deus, mas sim aos christaos novos. No dia 4 de maio compareceu Francisco Nu nes, morador em Ferreirìro, termo de Tarouca, e disse ter ouvido )uncto das Escolas Geraes urna mulher, que conversava com um christao velho, a quem ella dizia que eiles o que queriam era ver queimados 0$ christaos novos. No mesmo dia compareceu Fernao d'Azevedo, morador na cidade do Porto, que confìrmoa o depoimento anterior. No dia 8 compareceu Gonzalo Rodrigues, mo^o da camara do infante D. Lui2, 6 disse que indo com Margarida d'OIiveira, parente da mulher do Dr. Christovao Estevest ella Ihe dissera, referindo-se a urna cruz : que mercé pode fa^er deus ha tera com isto r Quanto ao costume disse ter sido o confessor que Ihe mandou fazer està deciara^So. No dia 16 compareceu Guiomar Femandes e disse que Jorge Fernandes, seu ma- ndo, christao novo, desrespeitava as imagens que ella tinha, zombava da virgindade de Nossa Senhora, dizia que os christaos novos que morriam, morriam por testemunhas falsas. No dia 19 compareceu Clara Pires e disse que, indo à capclla do Collegio da dou* trina da Fé, vira Henrique Nunes, de habito penitencial, fazer uma figa para o Sacra- mento. No mesmo dia compareceu Barbara, e disse que indo a capella do Collegio da Dou- trina da Fé vira uma velha, chamada Aljofar, fazer figas ao Santissimo Sacramento. No mesmo dia compareceu Fernando Annes e disse que, indo a sua casa Estevao do Prado e Pedro de S. Martim, que andam com sambenitos, e aconselhando-os a tes- temunha à resignacao, Pedro de S. Martim dissera que ma paschoa desse Deus a quem 0 fiderà christao. No dia ao compareceu Diogo Fernandes, que estava a penitenciar-se no Collegio da Doutrina da Fé e disse que Joao Martins Cabe<^as se nao ajoelhava, quando levanta- vam o Santissimo Sacramento. No mesmo dia compareceu Joao Cago, encarregado dos presos que estSo no Col* legiodaKé, que confìrmou o depoimento anterior e que Filippa Nunes, que tambem se està a penitenciar no collegio^ quando levantam o Sacramento, nao se levanta, mas curva a cabeq^ e bate com a mio no peito. No mesmo dia compareceu Quiteria Alvares, que confìrmou o depoimento do seu marido, quanto a Pedro de S. Martim^ naturai de Santarem. No mesmo dia compareceu André Gavilao, que està no Collegio da doutrina da fé, e confìrmou os depoimentos anteriores quanto a Joao Martins Cabecas. No dia i5 de junho compareceu Alfonso Matheus, atafoneiro, e disse ter ouvido a Joao Goncalves, tambem atafoneiro, que se nSo devia crer na resurreifSo. No dia 16 compareceu Francisco de Salazar, biscainho e professor de grammatica d'um fìlho de Manoel da Camara, e disse que entrando nuroa livrarìa, defronte da Mise* rìcordia, ahi ouviu a um mancebo livreiro que tinha livros melhores que os Evangelhos, que eram o Rosario de Nossa Senhora e o Testamento, e que tudo o que havia agora haviao desde Adao, assim comò que Nosso Senhor Jesus Christo, com a sua paixao, nao inno vara coisa alguma. No dia 27 de julho compareceu Francisca Mendes, mulher preta, que disse ter ser- vido em Estremoz, em casa de Gon<;aIo Mendes, que foi amo do Mestre de Sant'Iago, o qual no anno da Jome comprou duas mouras, que foram baptizadas, uma das quaes depois voltou a ser moura. 178 ARCHI VO HISTORIGO PORTUGUEZ No dia 4 de agosto compareceu Mecia Rodrigues e disse que um hocnem, por al- cunha o Romano, nao quizera ver a imagem de Gnristo morto, dÌ2eado que era um fi' ncido. No mesmo dia compareceu Manoel Pires, ourives de prata, e disse que, estando com Marco Fernandes e Joao Nuaes, ourives, em casa de Diogo Lopes, tambem ouri- ves e christào novo^ fallaram na morte da princeza e esse christao novo disse que era castigo por ter mandado matar os iìlhos aos christaos novos. No dia 6 compareceu Maria Luiz, mulher de Marcos Fernandes, ourives de prata, que confìrmou o depoimento acima contra o Romano. No dia 12 compareceu Pedro Alvares Arraes, de Almada, e disse ter ouvido blas- phemar a Gaspar de Monteroio, quando estava jogando. No dia 20 compareceu Justa d'Almeida e disse ter ouvido a Gatharina Lopes, christà nova e castellana, a proposito d*um cadafalso que estavam a armar, que magoa tenho de virem a queymar per nuu pouco de vento. No dia 9 de setembro compareceu Beacriz Fernandes e disse que, indo a casa d'ella urna Anna Rodrigues, em conversa, Ihe dissera que Nosso Sennor nao padecera por causa dos peccadores. No dia 24 compareceu Gatharina Thomé e denuncìou, corno judaisantes, Pedro Ro- drigues, Mecia Lourenco e Gatharina Martins, christaos novos. No mesmo dia compareceu Mecia Lourenco, que confìrmou o depoimento anterior quanto a Pedro Rodrigues. No dia 26 compareceu Apolonia, mo^a, e disse que Jo5o Lopes de Unhós, preso jà, Ihe respondeu quando ella disse que ia ver Deus : ides ver huU bolynho de masa que se alevanta aly na jgreja. No mesmo dia compareceu Sebastiao Da^a, naturai do condado de Flandres e te- celao, morador em Villa Franca, e disse que tfnha sahido da casa d'um Ruberie, tecelao allemao, e na quaresma comia carne, dizendo que Deus n§o o prohibia. Tambem disse ter-lhe ouvido que para a confìssao bastava por os joelhos no chao e confessar a Deus, dizia que a agua Denta era egual à do rio e que nao havia purgatorio. Dissera estas coisas ao seu confessor, o qual o nao quizera absolver emquanto as nao viesse dizer a Inquisi<;3o. No mesmo dia compareceu Gatharina Martins, que confìrmou os depoimentos an- teriores contra Pedro Rodrigues. No mesmo dia compareceu Gatharina Thomé, que confìrmou e esclareceu o seu de- poimento contra Pedro Rodrigues. No mesmo dia compareceu Joanna Vaz, moradora na rua do Pato, que confìrmou o depoimento anterior contra Pedro Rodrigues. No dia 29 de outubro compareceu Isabel Fernandes e disse que ouviu ao clerigo Pedro Alvares, cura da Magdalena, arrenegar de Deus, dizendo que Nossa Senhora tinha sido urna grande . . . No dia 6 de novembro compareceu Antonio Comes de Mòraes, morador na ilha Terceira, cidade d'Angra, que accusou Nuno Fernandes de contar feiti^arias. No dia II de fevereiro de 1346 compareceu Jorge Pires e disse que Adao Vaz, tosador d'EURei^ e Simao Fernandes, Ihe tinham comprado um vinho e, indo-os procu- rar, encontrou os jantando e Adao Vaz disse entào : comamos e folguemos queos nos- sos parentes mataram a Nosso Seahor Jesus Christo. A INQUISrqXo EM PORTUGAL E NO BRAZIL 179 No dia i5 d'esfe mez comparcceu o serralheiro Joao Pires e disse que Manoel Fer- nandes, em conversa, Ihe negara que Deus estivesse na hostia consagrada. No dia 18 d*este mes compareceu Leonor Lobo e disse que a mulher de FernSo d'Alvares, christa nova, guarda os sabbados, assim corno Violante d'Horta, Isabel d'Horta e Catharìna d'Horta. No mesmo dia compareceu Izabel Orttz e confìrmou a accusando à mulher de Fer- nSo d'Alvares, assim corno Isabel d'Horta, Catharìna d*Horta e Violante d'Horta. No mesmo dia compareceu Catharìna Lobo, que confìrmou a accusa9ao de Fem3o d'Alvares, a Catharìna d'Horta e a Isabel d'Horta. é mulher No mesmo dia compareceu Antonio de Brito e accusou a mulher de FernSo d'Al- vares, christa nova. No dia 33 de marqo compareceu Ambrosio Rodrìgues, e accusou um homem velho castelhano. No i.<* de junho compareceu Gonzalo Fcrnandes, cura na igreja da Magdalena, e disse que Isabel Fernandes, estando enferma e indo para a confessar, disse-lhe que nSo queria tornar o sacramento. No mesmo dia compareceu Filippe Vaz, ourives de prata, que confìrmou o depoi- mento anterior. No dia 16 compareceu Francisco Lopes e disse que Jacome Dias blasphemara. No dia 3 de julho compareceu Pedro Fernandes, sollicitador da Inquisi^ao, e disse saber que para Flandres tinhara partido diversas embarcac5es, levando a bordo chris«> tSos novcs. No dia I de setembro compareceu Balthazar Dias, clerigo, e disse que Garcia do Figueiredo, prior de Santa Maria de Tortozendo, termo da Coviiha, tinha dito que nSo havia inferno. No dia 16 compareceu Antonio Rodrigues e disse ()ue tinha estado corno aprendiz em casa de Roberte, tecelao flamengo, a auem ouviu dizer que bem parvo era 0 homem Que se ia confessar, que Deus nunca manaara que houvesse frades e que fossem traba- llar, nao pedissem esmola ; Roberte nao costumava jejuar e comia carne na quaresma. No dia a8 compareceu Joao Leitao, criado de D. Helena, fìiha do Mestre de Sant'- Iago e disse que Manoel Gon^alves, tecelio e christao novo, tinha affirmado que Jesus Christo era urna certa pessoa de Setubal. No dia 3o compareceu Mestre Diogo, cirurgiao, e disse ter visto corner carne na quaresma a Mestre Èsprito^ francez e cirurgiao, affirmando elle que Deus nao mandara que nSo comessem carne. No dia I de outubro compareceu Catharina Rodrigues e disse que Anna Fernandes Ihe estranhou que ella fìasse ao sabbado ; està Anna Fernandes era cunhada de Nicolào Vaz que foi queimado pela InquisÌ9ao. No dia 3 compareceu Bartholomeu Fernandes, tecelao, que confìrmou o depoi* mento contra Roberte. No dia 37 compareceu Leonor Vaz que confìrmou o mesmo depoimento. No mesmo dia compareceu Ignez Annes, que confìrmou o mesmo depoimento. No dia 3 de novembro compareceu Bartholomeu Fernandes e confìrmou o depoi- mento anterior. iSo ARCHI VO tìlSTORICO PORTUGUEZ No dia 4 compareceu Maria Dias que confirmou o depoicnento anterìor. No dia IO compareceu Antonio Dias, mo^o da camara d'El-Rei (ao lado tem a nota testemunha falsa) e disse que Manoel Fernandes blasphemara. No mesmo dia compareceu Beatriz da Fonseca, (tem à margem a nota de iestemu' nha falsa) que se referiu ao mesmo caso da anterior. No dia 9 de dezembro compareceu Diogo de Lousada, morador em Vinhaes, e disse que là habita um Joao de Moraes, escudeiro, christ§o velho que affirmou que Deus nao tinha poder para perdoar. No mesmo dia compareceu Gonzalo Annes, lavrador, tambem de Vinhaes, e disse 3 uè Joao de Moraes tinha affìrmado que nao havia senao nascer e morrer; os seus crea- OS trabalhavam ao dia sancto. No dia II compareceu Joanna Fernandes (que tem à margem a nota de testemunha falsa). No dia i3 de dezembro compareceu Jorge Vaz, ourives de jirata, e disse que Alonso Martins, ourives de ouro, castelhano, gracejava da nossa religiao. No dia i6 de marino de 1547 compareceu Joao da Motta, sollicitador, e disse que Guiomar Rodrigues, christà nova, nunca ia à igreja, e nao costumava rezar. No dia 17 compareceu Catharina Fernandes, que confirmou o depoimento ante- fior. No dia 26 compareceu Alvaro Plres e disse que Joao Drago, mourisco, tinha affìr- mado que Mafamede nao era Deus nem sancto, mas era bom homem. No dia 14 de abril compareceu Ignez Gomes, mulher preta, captiva de Izabel Go- mes e disse que està accendia, de vez em quando, um candeeiro de 3 bicos^ que Branca Gomes, mSe de Izabel e Clara Dias, praticavam actos de judaismo. No dia ai de abril compareceu GiSo da Rocha e disse que Antao Fernandes, calce- teiro, trabalhava nos dias sanctos. No dia 23 compareceu Vicente Viegas e disse que quando um judeu sarou e disse- ram que fora por milagre, Diogo Fernandes, sapateiro, affìrmou é testemuntia que elle imo precisou de chamar por Nossa Senhora, mas apenas pelo Senhor do mundo. No mesmo dia compareceu Gaspar Homem, que confirmou o depoimento contra AntSo Fernandes. No dia 16 de maio compareceu Antonio Fernandes, ourives de prata e disse que Joao Ramos Ihe tinha respondido, a proposito da testemunha Ihe dizer que Christo es- tiverà sem comer 40 dias, que Moysés é que nao comeu 40 dias e que de Christo nada sabia. No dia 17 compareceu Balthazar Rodrigues, criado de D. Filippa d'Abreu e disse que em casa de Isabel Gomes, moradora em Montemor-o-Novo, se nao comia carne de porco. No dia 18 compareceu Antonio de Seabra, ourives de prata, e confirmou o depoi- meato anterior contra Joao Ramos. No mesmo dia compareceu Luiz, criado de Antonio Fernandes, ourives, cujo de- poimento contra Joao Ramos confirmou. No primeiro de junho compareceu Isabel Fernandes, de Azeitao, que denunciou Francisco Gomes, christao novo e alfaiate de Cezimbra. A INQUISigXO EM PORTUGAL E NO BRAZIL i8i No dia 8 de julho compareceu Joao Gon^alveSf caaastreìroi e disse que Maaoel Pi- res, estando em dis|>uta com urna mulher, Ihe dissera que a sua lei (de Moysés), era melhor que a de Christo. No dia I.* de agosto compareceu Guiomar Feraandes e disse que Izabel Lopes, a proposito do roubo da corda da cabe9a de Nossa Senhora, Ihe tinha dito se ella a que^ ria consolar por essa falta. No dia 2 compareceu Joao Femandes e disse que Joanna Lopes, christS nova, affìr* mara que Nossa Senhora nao podia ser Virgem. No dia 5 de setembro compareceu Joao Fernandes, bombardeìro, e disse que Alvaro Comes (preso) taberneiro, blasphemava amiudadas vezes, e comia carne ao sabbado. No dia 3 de outubro compareceu Domingas Gon^alves, criada de D. Filippa d*Abreu e disse c|ue Anna d'Almeida affirmara deante d'ella à sua ama que n§o tinna devo^ao ao Sanctissimo Sacramento. No dia t8 de novembro compareceu o livreiro Jolo de fìorgonha, cujo depoimento cootra Fema de Oliveira està publicado a pags. 1 1 1 da Memoria do sr. Henrique Lopes de Mendon^a. Idem, o de Francisco Fernandes, no mesmo dia. No dia ai compareceu Joao Lei te ^ clerico de missa, capellao do arcebispo D. Mar- tinho, jé fallecido, e disse que o tintureiro FernSo Dias consentia que os seus creados trabalhassem ao Domingo e elle proprio trabalhava e aos sabbados nSo fazia nada. m No dia 22 compareceu Luiz Laso, cujo depoimento contra Fernao d*OIiveira està publicado a p. ii3 da citada Memoria. Idem, OS de Fedro Alvares e Manoel Ferreira. No dia 3i de Janeiro de 1548 compareceu Francisco d'Aguiar, cavalleiro, morador em MazagSo, que denunciou um christSo de Tavira, que se fìzera judeu. No mesmo dia compareceu Lucas Alvares, que denunciou um flamengo, cujo nome nao sabia, que ha 5 annos se nSo confessava. No dia 5 de maio compareceu Fedro da Costa e disse que um christlo novo, que estaya em casa de Lopo de Proen9a, dissera que os reis Magos tinham obrado por lei- ti^arìa. No (Sa 2 de junho compareceu Maior Gon9alves e disse que em Tavira, Garcia Mendes, christao novo, diante d'um Crucifìxo, quando ella o invocava, Ihe chamou parva ; fazia fìgas ao Crucifìxo. No mesmo dia compareceu Violante Femandes, qne confirmou o depoimento an- terior. No dia 28 compareceu Lourenco de Palme, mo^o da camara d*El-Rei, e disse que em conversa com um flamengo, chamado JoSo, este Ihe affirmara que o que entrava pela bocca nao fazia mal e o que sahia é que fazia ; tambem disse à testemunha que o Papa nao tinha poder para perdoar. No dia 8 de novembro compareceu Urbano Femandes, guarda pequeno da Torre do Tombo, que come^ou por pedir perdao de nlo ter ainda vindo dizer o que sabia de Fernao de Pina, mas que Ihe devia muitas obriga^oes, o servia ha 14 annos, e era d'elle confidente. A Fernao de Pina ouviu elle dizer que «na primitiva igreja n5o havia con- fìssiio, nem os apostolos se confessavam e muitos segreaos se descobriram pela confis- sao e se fìzeram muitos males» ; ouviu-lhe mai^ que ase a opiniao dos lutheros acerca da confisslo chegara a estas partes que tambem achara alguus que votaram por elles». A testemunha ouviu dizer a Js^bel de Pina, fìlha do Chronista, que ouviu dizer ao pae i82 ARGUIVO HISTORIGO PORTUGUEZ que nem tudo se devia confessar ; a Sim§o da Gama, sobrinho do chronista, e a Alvaro Colalo, crìado que foi d*elle, ouviu dizer que elle estiverà na fìeira 6 ou 7 annos sem se confessar e, quando se confessava, o fazia eoi muito pouco tempo ; tambero SioiSo da Gama Ihe disse que nunca o tinha visto rezar ; ouviu dizer a Joao Manoel, clerigo que està em Tavira, e que foi capellio de Fernao de Pina 6 mezes, que este, quando estava na sua quinta de Sacavem, d'urna vez Ihe dissera que nao curasse de dizer missa, quando elle para isso se preparava, ouviu Ihe a testemunha dizer a proposito de estarem pre- parando hostias : «Querem-rne a mim fazer crer que ha ostea q 0 clerigo està fregindo ha noyte com sua man(;eba q ao outro dia està aly deus inteiro e verdadeiro». Ouviu a testemunha a Francisco Rodrigues, ourives naturai da Guarda, que dom Antonio sobri- nho do Ghronista Ihe dissera que este se referira com muito pouco respeito ao Santis- simo Sacramento. Quando o imperador foi sobre Argel e a armada se perdeo disse elle : «Como n§o favorece Deus o emperador tao christianissimo com a cruz ao pes- coi^o !» Gitou comò testemunha Fernao das Néos e quanto ao costume disse que nao tem boa vontade ao Ghronista, a quem alias foi jé muito dedicado (1). No mesmo dia compareceu Bartholomeu de BidSo, escudeiro fìdalgo da casa d 'EU rei, e està em casa de D. Francisco de Noronha, e disse que, perto de 2 annos escrevera nos livros de registo de D. Manuel na Torre do Tombo, e ouvira a Fernao de Pina «que o rei de Inglaterra ganhara multa honra em mandar derribar os mosteiros, que por confìss5es vinha mal ao mundo.» No dia 22 de Marqo de 1 549 compareceu Rafael Perestrello, filho de Violante Nuaes e Antonio Perestrello jé faIlecido,morador a Cata que farés, de 21 annos, e disse que Fran- cisco, escravo preto, Ihe affìrmara que os costumes dos mouros eram melhores que os dos christaos, aue Deus nao estava na igreja. Disse tambem que um negro de Bartho- lomeu Perestrello : tambem chamado Francisco, *lhe dissera que o costume dos mou- ros era melhor que o dos christaos. No dia 27 de mar(^o compareceu Gatharina Gomes e disse que Anna Alvares prati - cava feiti9arias. No dia 2 de Abril compareceu Gatharina Fernandes, mourìsca e disse que Marga- rida Fernandes, tambem mourisca, dormia com um mourisco. No dia 4 de Abril compareceu Gatharina Henriques e disse que Mi^el Alvares Ihe dissera que sahiam muitos christaos novos do reino, e que por mais que fìzessem nao deixaria de crer na sua lei. No dia 5 de Abril compareceu Gatharina Luiz, mSe de Gatharina Henriques cujo depoimento confìrmou. No dia 1 1 compareceu Isabel Fernandes e disse ter ouvido ao flamengo Ans que tra- balhava com Roberte que està preso, que Deus e o Demo eram a mesma coisa. Viera dizer isto por o mandar o seu confessor. No dia 17 d' Abril compareceu o clerigo Luis d'Almeida e disse que estando em cas* de Ayres Ribeiro, em Palmella, à noite contara muitos casos da Biblia e entao a mu~ Iher aelle dissera : Esse era o tempo da verdade ! e no dia seguiate quizera saber se elle era chrisiao novo etc. ( O depoimento està todo annotado por um dos Inquisido- res dando-o comò suspeito). No ultimo de abril compareceu Estevao Diniz e denunciou Fernando Alvares por ter dito que nao havia inferno ; denunciou outras pessoas. No dia IO de maio compareceu Pedro Machado, morador no Funchal e disse que ou- vio a um Pedro Gon^alves, criado de Antonio Goni^alves da Gamara que o doutor Joao Martins, fisico, blasphemara. segun (i) Publicada pelo sr. Sousa Viterbo a pag. 129 dos Estudos sobre Damiao de Gocm. inda serie. A INQUISigXo EM PORTUGAL E NO BRAZIL i83 No dia 14 compareceu Domingos Pires, alcalde pequeno em Alenquer, cujo teste munho por inverosimil nSo quizeram receber, reprehendendo-o. No dia 21 de Junho compareceu Joao Alvares de Velasco, fìdalgo e denunciou Mes- tre Manoel, italiano que ensina grego, por a urna bulla Ihe ter chamado bulrray bulrra, Nomesmo dia compareceu Alfonso Matheus, atafoneìro, que confìrmou o depoi- mento anterior. No dia i3 de julho compareceu Maria d'Andrade e disse que Isabel Vaz Ihe dissera que em Lisboa estava uma freira professa que Luthero tirara do convento e casara com um Antonio Bispo ; disse tambem que nSo havia purgatorio. No dia i5 de julho compareceu a mesma, dizendo estar lembrada mais que Isadel Vaz Ihe dissera, que Deus so estava nos céos, e nao na hostia. No dia 17 compareceu Jacques de Paris, francez, marceneiro e denunciou um lapida- rio francez, chamado Jorge, por possuir um livro lutherano e dizer bastantes heresias. No mesmo dia compareceu Joao de Paris, francez, que confìrmou o depoimento an- terior centra o lapidario Jorge, e diz mais que Mestre^Thomaz, livreiro, Ine tinha dito que a Rainha de Navarra sabia mais que todos os doutores de Paris, que SalomSo se salvara e nSo cria em Santo Agosti nho etc. No mesmo dia compareceu Joao Pereou, francez, torneiro de relogios de so), que confirmouo depoimento contra o lapidario Jorge que insultava N. Senhora. ( Disse o seu testemunho em latim por nSo saber bem portuguez. No dia IO de Setembro estando ahi o bispo do Algarve, inquisidor e o Licenciado Jorge Gon^alves Ribeiro, deputado, compareceu D. Antonio de Lima d^Azevedo, fìdal- go da casa d*El-Rei e disse que havia 2 annos tinha partido de Roma e vindo por alguns logares de Italia, 1^ encontrou muttos chrtstaos novos vindos de Portugal e que esta- vam judeus descobertamente e em Ancona vio passar uma néo carregada d'elles para a Turquia. Ahi reconheceu Diogo Dias que tinha sido escrivao do capitao de Safìm e que até lez à testemunha o seu alvarà quando ahi o armaram cavalleiro; um irmao de Ro- drigo Anriques ; em Roma vio um alfaiate casado com Valentim d'Oliveira, grande ser- ralheiro de Braga, Bento Lopes, o Lermo, doutor Barbosa e irmSo e muitos outros cujo nome nao sabe. No dia 18 compareceu o clerigo Luiz Alvares que confìrmou um depoimento ante- rior contra Mestre Manoel italiano que ensinava grego. No dia I d*outubro compareceu Diogo Berga, serralheiro, francez, morador na rua das Esteiras, que denunciou um francez chamado Estevao, impresssor de Luiz Rodri- gues, livreiro, por ter dito que nao deviamos adorar a imagens que eram de péo ; a tes^ temunha disse mais que o lapidario Estevao, que està preso, comia carne na quaresma, No mesmo dia compareceu Joao Biao, francez, ourives d*ouro, e denunciou Este- vSo lapidario e Mestre Esprito cirurgiao comiam carne na quaresma ; e Mestre Joao, cirurgiao francez, assim corno os dois anteriores, diziam que o Papa era um homem corno OS outros, que melhor era ouvir o sermao que a missa, que na hostia nao estava Deus. No mesmo dia compareceu Guilherme, francez, mercador, e denunciou Guilherme Gerdin, francez, por corner carne na quaresma, assim comò Joao Rocart, Jacques La- niel, Jacques Elpage; Guilherme Gerdin dizìa que o Papa e cardeaes nao tinham poder, que a missa nao era de obrigacao. No mesmo dia compareceu FilippeThemer, francez, ourives d*oiro que veio pedir per- dio por ter comido carne a convite de Estevao, lapidario que està preso ; os dois juncta-i i84 ARCHfVO HfSTORICO PORTUGUEZ mente com Jacques Elpage que tambem està preso comeram em casa do EstevSo lombo de porco num sabbado e junctamente com Jacques Laniel, JoSo Recar, e Jacques El- page comeram lebre numa 6.» feira. O Estevao dizia que nao ha via purgatorio, que o Papa nSo podia perdoar, que as imagens nao serviam para nada. No mesmo dia compareceii Pedro delsey, marceneiro francez, e denunciou Filberte , francez e carpinteiro, por ter dito c)ue nao havia necessidade de imagens nas igrejas, que o Papa nao tinha poder, os clerigos tambem nao, nao havia purgatorio etc. No dia 2 compareceu Diogo G)rne, francez, que veio pedir perdio por ter comido carne em dias prohibidos. Ao depoimento assistiram, alem do bispo do Algarve, o dou- tor Manoel d'Almada e os Licensiados Jorge Gon^alves Ribeiro e Ambrosio CanQpello, deputados. No mesmo dia compareceu Menan Paure, calceteiro francez, e disse que vinha pe- dir perdao das suas culpas por comer carne em dias prohibidos e tinha dito que anun- ca vy tantos frndas que vivem e nao fazem nada» (A' raargem se diz que elle foi adaao> estado e Ihe foi dada penitencia). No mesmo dia compareceu Joao Baptista^ lapidario francez, que disse que o lapi- dario Estevao que està preso o tinha convidado para comer carne na quaresma. No dia 4 compareceu Diogo Berga, serralheiro francez, e denunciou Huget Cler, la- pidario francez jà fallecido, o impressor EstevSo, que tinha uma Biblia em frances e fallava contra as imagens, o lapidario Estevao, preso, que praguejava contra os fradese Mestre Nicolào, que assistio a ouvi-los praguejar. No mesmo dia compareceu Antonio Homem, ourìves d'ouro, engastador, frances, que denunciou Jacques El Prage, Jacques Lamìel e JoSo Rocar, presos, por comerem carne em dias prohibidos, assim comò a testemunha que d'isso pediu perdSo. No dia 17 compareceu Balthazar Martins, capellao do bispo do Porto, ^ue denun- ciou Manoel Pimenta, mo^o da camara d'El-Rei, por ter duvidado da Egreja quanto a canonisa^oes. No mesmo dia compareceu Francisco Mendes da Galliza, que denunciou Lopo Fer- nandes, alfaiate, por t^r dito que ao S.^"* Sacramento n3o era preciso mais que tirar-Ihe o cbapeo. No dia 26 d'outubro compareceu Heitor Gomes que confìrmou o depoimento ante- rior. No mesmo dia compareceu Manoel Fernandes que confìrmou o depoimento anterior. No mestno dia compareceu Antonio Gon^alves que confìrmou o depoimento ante- rior. No dia 2() compareceu Lópo Fernandes que confessou a sua culpa e foi admoes- tado. No dia 26 de novembro compareceu Gaspar Martins e denunciou Antonio Vas, frade d'alcunha, por ter dito que ^« Deus com todo o seu poder nao farya outro ajunta- mento comò aquelle. " No dia 28 compareceu Antonio Alvares do Lumiar, que confìrmou o depoimento anterior. No mesmo dia compareceu Belchior Fernandes e disse que Antonio Vaz tinha dito: jj Tanta gente nao se ajuntarà n'esta casa d'aqui até ao dia de juizo'\ No dia 7 de fevereiro de i55o compareceu o francez Pedro Lygeyro, serralheiro francez, que denunciou Filberte, francez, por ter dito que em qualquer parte se servia Deus comò na igreja. A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRAZIL i85 No mesmo dia compareceu Guilhercne Lealou, serralbeiro frati cez, quc denunciou 0 marceneiro Filberce por ter dito que os que adoraram as imagens eram idolatras, que nenhuma duvida tinha em corner todos os dias carne etc. No dia a3 d'abril compareceu Alonso Martins, castelhano e denunciou, corno exis- tente em Lisboa, Diogo Dias, calceteiro, fugido dos carceres da Inquisi^ao de Cordova. No dia 26 compareceu Joao Dias, mercador castelhano, chamado para Ihe pergun* ^^^tm se era verdade o antecedente. No mesmo dia compareceu Alonso de Herrera com o mesmo fìm do anterior (Fo- ^^ intimados). No mesmo dia compareceu Nicoléo Contador, mercador de Cordova, idem. No mesmo dia compareceu Gon<;aIo de Cordova, idem, todos para o mesmo fim. (Continua). Antonio Baiào* Tres medicos poetas I Domingos Pereira Bracamonte No ANNO de 1642, sahia A publicidade em Lisboa, da officina typo- graphica de Louren^o de Ambcres, um volume in -4.% de 164 pa- gìnas^ além de duas folhas innumeradas com frontispicìo, licen<;as e dedicatoria, sob o seguinte titulo: Banqpete qve Apolo hi\o a los embaxadores del rey de Portugal Don Jvan Quarto. En cuyos platos hallaran los senores combidados^ mesclada con lo dulce de algnna poe\ia^ y politica^ la conseruacion de la salud humana. Dedicado solamente ed que le costare su dinero. Por el Licenciado Domingos Pereira Braca^ monte. D'estc livro parece que nao houve conhecimento Innocencio Francisco da Silvj^, ou, se o conheceu, nao o folheou, d'outro modo nao terìa dei- xado de o incluir, assim corno o nome de seu auctor, no Diccionario Bi- blio^aphico. E' certo que està escripto em hespanhol, mas comprehende trecnos assaz extensos em portuguez, e bastaria està circumstancia, além de outras, para impedir a injustifìcada omissao. O Banquete de Apoloj apesar da sua forma poetica, é um d'aquclles numerosos pamphletos que se publicaram era favor da nossa independencia e da dynastia de Bragan* (a contra as invectivas de Castella. Ha pois a considerar n'elle o caracter liiterario e o caracter politico. O meo presado amigo e collega Brito Aranha, continuador da obra de Innocencio, reparou a falta do mestre, incluindo a descrip(;ao do Banque- te de Apolo na extensa lista das obras relati vas ao periodo da Restiura- <;ao, lista em que se incluem cérca de trezentas obras, e que vera publicada desde pgs. 174 a 229 do volume 18 do rcferido Diccionario. Bracamonte foi um escriptor de nao vulgar merecimento, manejando com facilidade e elegancia o verso e a prosa e com destreza o epigramma. Apesar de fazer uso com frequencia das antitheses, nSo se deixou influir demasiadamente pelo vicio dominante da epoca, o culteranismo, antes che- gou a criticar Jorge da Camara por se aSei9oar em demasia ao gosto per- vertido da escola de Gongora : «Deixemos profundidades «La pera o vosso Do tu Luiz «Cuja celta culterana «Vos, e outros muitos seguis.» D. Luiz, superfluo sera dizeUo^ é D. Luiz de Gongora, o famigerado r TRES MEDICOS POETAS 187 poeta castelhano, que tao nefasta preponderancia exerceu sobre a poesia peninsular do seu tempo. Combatendo os excessos do culteranismo, repreendendo os que detur* pavam os modelos do principai mestre d'aqueila escola^ Bracamonte é o prìmeiro a curvar-se reverente deante do inquestionavel ingenho do poeta de Cordova, mais para ser admirado que seguido. Os seus imitadores é que eram, na generahdade, a mancha d'aquelle sol. Em dois capitulos, quando trata das Amoras e dos Espinafres^ faz elle a sua profissao de fé nesta materia, sendo multo para lér as sensatas con- sidera^oes, d'um elevado alcance com que tempera e condimenta o ultimo d'aquelles pretos. Avida de Bracamonte chegou até nós muito pouco pormenorisada, nao existindo referencias a seu respeito nem no Elogio de poetas de Jacintho Cordeiro, nem no Hospital das Lettras de D. Francisco Manuel de Mello, onde aliaz se mencionam outros cuja bagagem litteraria talvez tenha me- nor peso. No Banquete de Apollo encontram-se porém esparsos alguns dados biographicos aproveitaveis. Diz Barbosa Machado que elle nascerà cm Amarante, que viera cursar a Universldade de Coimbra, onde se li- cenciata em medecina e que na sua patria exercéra com creditos a clini- ca. Està circumstancia parece me admittir alguns reparos, sendo mais na- turai que elle exercitasse a profissao em Lisboa. A' terra da sua natura- lidade allude Jorge da Camara nos seguintes versos: «Sendo, que pello aviso^ engano e arte Cantando o espalhareis por teda a parte, Que inda que sois pequeno^ e d'esse seito, No saber sois tam grande, e tam perfeito, Que delle a saber venho, Que hum contrapezo sois de vosso engenho, E que em vaso pequeno, de apertado, De forila nos sera comunicado, Por tran&bordar ero vos a musa vossa, E de vos inondante Passare mais alem d'esse Amarante.» Deixando por um momento de proseguir n'esta resenha biographica, illucidarei o leitor sobre o elenco do livro, pois assim terei ensejo de sa- tisfazer a sua dupla curiosidade. Na dedicatoria depara-se-nos uma confissao que bem nos mostra que 0 seu auctor jé nao era crian^a, quando escreveii a obra : e • . • en unas y otras pueden sus dientes afilar su safìa, y no en su dueno que ya por viejo (por verde no) le allaràn muy duro.» A' dedicatoria segue-se, cm 9 paginas de prosa, a Ga^eta de Par- naso-Prologeticay era que. se figura um tribunal^ presidido por Apollo, para litigio de diversas questoes. Na primeira discute-se a incompatibili- dade entre a poesia e a medicina, proposta por certo auctor, sentencian- do Apollo contra este parecér, allegando que a poesia nao prejudica, an- tes é lume da sciencia. (i) Immediatamente a controversia recae sobre a (1) N*este pleito vem um curioso trecho de fina crìtica, embora um pouco mor- dente, ao Para todos^ de Perez de Momalvan. |88 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ lucta politica travada entre Portugal e Hespanha, sendo condemnados dois auctores castelhanos, que se atreveram a contestar os dircitos da nossa au- tonomia. Aqui se desculpa Bracamonte de escrever etn espanhol, nao p?r- que està lingua leve vantagem à nossa, mas porque a nossa nao é enten- dida pelos adversarios. Tambem declara que jà andava na corte de Apollo, soliicitando consagrar à immortalidade um livrinho seu, intìtulado Vello- cino de oro^ que tinha na conta de erro da sua mocidade : Filius suus er^ ror juventutis suae. A paginas onze cometa verdadeiramente o Banquete^ o desfilar dos pra- tos com OS fructos mais saborosos e as hervas cocnestivcis de mais grato paladar nas mesas delicadas. O prato de entrada compoe-se de figos de divcrsas castas, seguindo-se logo as uvas e assim por diante. A apresen- tacao de cada prato é feita em verso, coni um commentario em prosa, em que se explanam diversas considera^Ses sobre o uso dos vcgetaes, tanto sob o ponto de vista alimenticio, corno sob o ponto de vista medicina!. O Banquete é por conseguinte um tratado didatico de bromatologia e thera- peutica, em que o auctor desenvolve as suas ideias, subordinadas aos co- nhecimentos scientifìcos, que entao dominavam sobre està materia. A paginas 42, depois da apresenta^ao dos membrillos^ apparece inter- calada uma Silva do Marciai portiigiie\ Jorge da Camara. Ora està poe- sia, escripta em lingua patria, é tudo quanto ha de mais originai, nao so pelo estylo, tao arrebicado que chega a sér por vezes enigmatico, comò tambem pelo pensamento, pois é ao mesmo tempo um tlogio pomposo e uma diatribe descaroavel. N'ella se pinta, com as córes mais desiavora- veis, o retrato de Bracamonte, figura grotesca, de pcqueno corpo e ainda por cima corcunda : «Tarn engra^ado, fresco, e pecjuenino, Que a tervos conhecido Bocalino, Na mesa vos puzéra ao sabio Apollo, A sor dia corno aste de pescado Por salmonete breve, e corcovado.» Bracamonte, defeituoso no physico, era todavia, ao que parece, de ca- racter jovial, resignado com a sua «órte, e tanto que, além de reproduzir a Silva de Jorge da Camara, Ihe responde desenfastiadamente, sem se mos- trar offendido nem magoado, replicando com fina ironia aos pesados grace- jos do seu amigo: «Qua se eu, por corcovado, Pareto um Salmonete, Vos tambem pareceis hum diabrete, Quando mais enfeitado.» A paginas 122 vem outra poesia de Jorge da Camara, em quadras, nas quaes se queixa de certos amores. Bracamonte responde-lhe pela mesma fórma, adoptando sempre a rima ir^ o que a torna um curioso specimen n'este genero. Jorge da Camara ainda mais uma vez allude à disformidade do poeta : % «Vos sois Athlante o famoso, E cu sou vosso prolevi, Vos traseis o mundo és costas, E eu mal me acarreto a mim.» TRES MEDICOS POETAS 189 0 Banquete de Aj^olo termina com aigumas compo8Ì(6es poeticas alheias ao assumpto principal : — tres sonetos, dois dos quaes em portu- guez, e umas decimas, em redondilhas, no mesmo idioma, A' morte de Miguel de Vasconcellos, alcairu^ das tyranias de Portugal. E' urna sa* tyra picante, alguma cousa livre e desenvolta. O pobre secretano nao dea- pertou no cora^ao do poeta o sentimento da piedade. O sarcasmo nao teve em considera^ao as desditas e a poesia houve-se quasi tao cruelmen- te corno a popula^a, que, nos impetos rancorosos do primeiro de dezem- bro, muiilou impudicamente o cadaver do que tao soberbo fora antes da morte desastrosa. Depois de 1642, anno em que se pubiicou o Banquete de Apolo^ nao sei de mais nenhum facto, que nos ajude a determinar os destinos do lì- cenciado Bracamonte. Mao vejo tambem que elle concorrese a algum dos frequentes certamens da epoca, nem tampouco apparece o seu nome a col- laborar nas poesias laudatorias que antecedem a maior parte das obras dos seus contemporaneos. E' muito possivel que estivesse em rela^ao com outros escrìptores da època, nao se limitando unicamente o seu convivio a Jorge da Camara. Embora toda a sua actividade litteraria se concentrasse apenas no Banquete de Apolo^ bastaria este para resalvar o seu auctor de um perpetuo esquecimento. Se nao e o manjar dos deuses, a delicia supre- ma da culinaria poetica, é todavia um prato de appetite, que se repete sem enjoo, contentando saboroso o paladar exigente. II Dr. Jodo Sucardlo Claramonte No segundo quarte! do secuto XVII residia no Porto um cirurgiao cha- mado Antonio Sucarello Claramonte, cujos appellidos denuncìam proce- dencia extranha, com a maior probabilidade italiana. Era clinico de fama e muitas vezes vinha a Lisboa a convite de pessoas ricas e nobres, que invocavam a sua pericia na cura das molestias da sua especialidade. Usava die de remedios e mésinhas, de que era inventor ou de que tinha secreto conhecimento, sendo habilissimo na cura de carnosidades^ pedra e arte- rìas picadas. Eram estas doencas muito communs em Lisboa, parecendo que nao ha- via quem se dedicasse com particular acerto e cuidado ao seu tratamento, pelo que os enfermos, sobretudo os pobres, padeciam grandes incommodos e nectssidades. O Senado da Camara, a quem incumbia olhar pela hygiene da cidade e saude do povo, attentas estas circumstancias, ouvido o respe- Clivo vcreador e a junta medica, resolveu tentear o sobredito cirurgiao, entrando com elle em accordo para que viesse estabelecer-se definitiva- mente em Lisboa com sua familia e casa, concedendo Ihe para este effeito um moio de trigo, que se dava a um barbeiro, e quìnze mil réis que se da- Pam a uni medico que falleceu^ e se tirarào do ordenado ao que de novo tem 0 partido. N*este sentido dirigiu o Senado, em 21 de maio de 1647, ^^^ consulta igo ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ a elreu que Ihe deu a sua approva^ao, pelo que deliberou nomear medico de partìdo o alludido proposto, lavrando-se o respectivo assento a 4 de junho de 1647. O agraciado nao exercitou por longos annos o seu officio, pois tinha fallecido a 9 de setembro de 1649, conforme se deduz de um mandado de pagamento, de 18 do mesmo mes e anno, em favor da sua viuva, (i) Maria RebeHo. O mandado, extrahido do Livro delles da Camara municipai de 1645 a 1654, fl. 187, é do teor seguirne: A OS 18 de setembro de 1649 annos se passou nsandado pera fìalthesar Telles Sinel, Thesoureiro da Cidade, pagar a Maria Rebello, viuva do liceiiceado Antonio Sucarello Claranionte,que foi ^urgiao da cidade 2:856 reis, de que se Ihe mandou fazer pagamento por tanto os venceu o dito defunto, de seu ordenado com o dito cargo nos dois meses e nove dìas que o serviu no 3.^ qunrtel deste anno presente a respeito de i3;j^ooo por anno — iacinto Monteiro o scerui. Depois de tratar do Licenceado Antonio Succarello Claramonte, apre- sentarei agora seu filho Joao Succarello Claramonte, a quem o ultimo rei do dominio fìlipino, a 17 de junho de i638, auctorizou a usar da sciencia de cirurgia, em carta concebida nos seguintes termos : Dom Phellipe etc. fa^o saber que Jo§o Succarello Claramonte filho de Antonio Suc- carello Claramonte naturai de Mejam frio Bispado do Porto que elle me emviou a dizer queria uzar da sciencia de serugia por quanto a tinha aprendido com surigiao aprouado e ser latino e tinha ouuido artes e uer e praticar em varios hospitaes e uendo eu seu dizer mandej ao Doutor Simao Roubao da Costa meu fìzico mor e ora por meu espe- cial mandado serue de serugiao mor que elle o examinasse na forma de seu redimento o qual o examinou com Balthasar Teixeira e Pero do Couto Cerqueira serugioens de minha Caza, e por me constar seu dizer e que era apto e sufficiente para uzar da dita siencia de surugia em todos meus Regnos e senhorios de Portugal sem duvida nem em- bargo algum que a elio Ihe seja posto e por tanto mando a todos os meus Corregedo- res ouuidores iuizes e justi^as ofìciaes e pessoas dos ditos meus Reynos e senhorios a que està minha carta for mostrada e o conhecimento della com direito pertencer que por o dito Joao Succarello Claramonte assim uzar e praticar a dita arte de surgia o nao prendao nem avexem nem con^intao serlhe feito desaguizado nem sem razao alguma antes liuremente o deixem uzar do que dito he e outrosy mando a quoalquer outra pes- soa que uzar da dita arte de surgia sem minha licen<;a ou do meu surgio mor encorrao em pena de trinta dobras de Banda conforme seu Regimento e denunciandonos o dito Joao Succarello que algiaas pessoas uzao a dita arte de surgia sem licen9as as empraza- reis que em certo termo pare^ao perante o meu surgiao mor e passado o dito termo sem mostrarem que parecerao as prendais e Ihas enuiareis prezas pera delles fazer todo o conprimento de justi^a na forma do seu Regimento e o dito JoSo Succarello Clara- monte juraré na minha chancelaria aos Santos evangelhos que bem e verdadeiramente uze do que dito he comò cumpre ao seruico de deus e meu e do pouo. Elrey nosso Senhor o mandou pelo doutor Simao Roubao da Costa, fìzico e sirurgiSo mor em seus Reynos e senhorios de Portugal. Dada nesta corte e cidade de Lixboa aos dezasete de junho de mil seis centos trinta e oito annos Vicente de Siqueira por Manoel Mendes d*Araujo escriuao do Surgiào mor por elRey nosso Senhor. E eu Manoel Mendez de k Araujo a fìz escreuer e sobescreui. (Archivo da Torre do Tombo, liv. 28." de Doagoes de D. FUipe III, fl. 190 v.) (1) A consulta e assento da Camera veem publicados a folhas j5 e 76 do voi. V dos Elementos para a historia do municipio de Lisboa, do sr. Freire de Oliveira. Ahi, em nota, se faz referencia ao mandado de pagamento à viuva, mandado transcrìto acima. TRES MEDICOS POKTAS 191 D'està carta se deduz (}ue Joao Succarello era naturai de Mesao frio (ou Mejdo frio corno se dizia antigamente) do bispado do Porto, que nao tinha, ou nao uzava de grào academico, nao havendo, ao que parece, cur- sado qualquer Universidade, limitando-se a dizer que era latino que ou- vira aries^ e iinha visto e praticado em parios hospitaes. Muito provavei- mente em seu pae tivera um bom professor pratico. Em 18 de dezembro de i65o foi nomeado cirurgiao mor do exercito do Alemtejo com o vencimento annual de 28^000 rs. Na respectiva carta que pass^ a transcrever, dà-se-lhe o titulo de licenceado, o que nos leva a crér que elle, depois da carta anterior, seguiu estudos universitarlos, a nao ser que haja outro homonimo : Dom JoSo etc. fa^o saber aos que està minha carta patente vìrem que por convir a meu servì<;o prover-se o carguo de cirurgiao mor do exercito de Alenteyo em quem coDcorram as partes que se requerem para o exercicio deste carguo e por ser ìofornia- do, que estas concòrrem no licenceado Joao Sucarello, e que nesta occupa(;ao me ser- uira com todo o cuidado com que o deue fazer, por todos estes respeiios Hey por bem e me praz de Ihe fazer merce do ditto carguo de cirurgiao mor do exercito de Alen- teyo, para que o sìrua assim e da maneira que o seruirao, seus antecessores, e com elle haja de soldo por mes vinte e oito mil reis pagos na confìrmidade de minhas ordens Fello que mando ao Gouernador das armas da Prouincia e exercito do Alentevo e ao mestre de campo geral delle o tenhao, e conhec^ao por tal cirurgiao mor e Ine dei* xem cxercer este cargo, fazcndolhe guardar as perrogatiuas delle e do veedor e con- lador geral do mesmo exercito Ihe assentem, e fa^ao assentar o suditto soldo nos li- uros de seus officìos para delle hauer pagamento na forma asima declarada e aos cirur- gioes dos terj^os e barbeiros das compannias delles, esteySo obrigados e do ditto carguo hey por metido de pos^e por està carta ao ditto Joao Sucarello jurando elle na forma costumada que comprira em tudo as obri^a^oes do mesmo carguo, Por fìrmeza do que Ihe mandey dar està carta por mim assmada e sellada com o sello grande de minhas armas. Dada na cidade de Lixboa aos dezoito dias do mez de dezembro de 65o, e eu Antonio Pereira a fiz escrever : Rey • : (Secretaria do Conselho da Guerra^ n,^ i5, il. 53 v.) Anteriormente a estes dois documentos ha outros, que os vem ampli- ficar e esclarecer, indicando-nos as causas que motivaram as duas mercés. Esses documentos sSo : Carta ou officio do Conde de Sao Louren(;o, General do exercito do Alemtejo, de 1 5 de outubro de i65o, expondo a necessidade que havia naqueile exercito de um cirurgiao com a indispensavel proficiencia para cura dos tnfermos e feridos, pois os que se costumavam mandar de Lis- boa, chegavara tarde e a mas horas, nao tendo a menor competencia o que entao alli assistia. Remetia incluso e recommendava com empenho o roemorial de Joao Succarello, em quem reconhecia as qualidades de habii cirurgiao e medico, julgando se deveiia acceder às condi^oes que prò- punha. Memorial, sem data nem assignatura, em que Joao Succarello, depoìs de referir concisamente qual a sua posicao corno lente na Universidade de Coimbra, crdenado e interesses que aufere, enuncia as condicoes com que se prestava a acceitar o cargo de cirurgiao mor do exercito do Alentejo. A sua familia, corno declara, ccmpunha-se de màe, mulher e filhos. Consulta do Conselho de Guerra, de 2 de novembre, apoiando a pro- posta e alvi tre do Conde de S. LoureD9o, em haimonia com o memorial 191 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ alludido. Resoluqao dei-rei em 7 do dito mes, ezarada na mesma consulta assentindo. Portaria de 20 de dezembro do mesmo anno, pela qual el-rei faz mercé ao mesmo Succarello do titulo de seu medico e de quarenta mil réis de renda efecriva em capellas ou bens confiscados, para os ter com o habito de Christo, com faculdade de poder testar delles morrendo na guerra ou servindo nella seis annos. E mandando lan<;ar-Ihe o respectivo habito, or* denando que se Ihe fa^ am as provangas devidas, com a obrigagao de ser- vir seis annos na fronteira. Eis OS documentos comprovativos dos factos que acabamos de enun- ciar: Por resolu^io de Sua Magestadc de 7 de nouembro de 65o em consaka do Conse- Iho de Guerra de 2 do mesmo mez : El Rey nesso Senhor tendo respeito à sufficien^ia de Joao Succarello e a boa uon- tade com aue se dispoem a serutr na prouincia de Alentejo de sirurgiao mor do^ exer- cito della, de mais do soldo que ha de hauer por outra uìa na forma que o sinir^tSo mor seu antecessor gozaua : Ha por bem de Ihe fazer merce do titulo de seu medico e de quarenta mil reis de renda efTectiva em capellas ou bens de confiscados, pera ter os mes- mos Quarenta mil réis com o habito de Chrìsto que Ihe tem mandado laudar, com fa- culdade de poder testar delles morrendo na guerra ou seruindo nella seis annos ; e pera comprimento da condicio com que se Ihe deu o despacho refendo de serutr seis annos nas fronteiras de Alentejo asinou termo que fora na Secrataria das merces feito por au- thoridade de justi^a. Lisboa em io de Dezembro de 63o. £1 Rey nosso Senhor Ha por bem de mandar tannar o habito de Christo a Joao Succarello que bora uay por sirur- giao do exercito da prouincia de Alentejo pera o ter com quarenta mil reis de renda effectiuos em capellas ou bens de confìscados de que se Ihe tem feito mer^e de prome^a, e manda que pera hauer de receber o habito se Ihe facao as prouan^as e habiUta9oes de sua pessoa na forma dos estatutos e defìni^oes de Ordem, e pera o comprimento da condii^ao com que se Ihe deu o despacho referido de seruir seis annos nas fronteiras de Alentejo asinou termo que fica na Secrataria das merces feito por authoridade da jus- ti<;a. Lisboa em 20 de Dezembro de 65o. (Archivo da Torre do Tombo, liv. 2.® de Portarias^ fi. 3 19 ) Consulta a que se refere a portaria Sfior Na carta inclusa representa o Conde de Sao Louren^o a V. Magestade a necessidade que ha no exercito de Alentejo de bum bom cirurgi§0| pois as occastdes sào muitas, e o sentimento geral de que por falta delle se arriscao a perder a vida os que servem a V. Magestade naquellas fronteiras, porque quando se manda buscar a està cidade, de ordinario ou chega tarde ou nao he ia necessario. E que tem por noticia que bum muito bomcirurgiao e medico comò he o Sucarelo quer ir assistir naquelle exercito fazendo- Ihe V. Magestade mercé do habito de Christo ; de <)uarenta mil réis de tenca effecdvos com faculdade de poder testar delles ; vinte mil réis de pra^a cada mez pagos na plana da corte ; do titulo de cirurgiào mór do exercito e de medico de S. Magestade com mo- radia, casas, palha e ceuada para bum cauallo, comò pede na sua memoria inclusa, apon- tando nella as comodidades que deixa indo seruir de Cirur^^iao mor a Alentejo que sao quarenta mil reis que tem na Vniuersidade com bua cadeira, as propinas de lente e a esperan^a de ir subindo as cadeiras maiores e o mais que Ihe rendem as suas letras ; e diz o Conde que no que toca ao soldo he cousa ordinaria, e que no mais assi do habito comò da teni^a deue V. Magestade ser seruido quererlhe fazer a elio Conde e a todos os daquelle exercito merce de contentar a este homem para que se disponha a ir seruir de Cirurgiào mor honrando com as merces que pede, pois fica toda a sua uida obrìgado a seruir. Mtutas yezes se tem represe ntado a V. Magestade a urgente necessidade que ha de TRES MEDICOS POETAS 193 que na exercito de Alentejo assista hum dos melhores Cirurgioes do Reìno para curar OS enfermos e feridos, e ensinar outros ; e por inculcas de Francisco Nuncs nomeou V. Magestade bum de Santarem que he o que agora assiste em Alentejo com titulo e soldo de Cirurgiio mor do exercito ; e visto dixer o Conde de S. Louren^o que nSo vai nada, e ^ue o Sucarello nSo so na arte de Cirurgia^ mas tambem na medicina he so- jeito pedto : Parece ao Conselho que V. Magestade mande despedir o de Santarem e nooQear para CirurgiSo mor do exercito ao Sucarelo com o soldo quo goza o que agora serue, e porque para o obri^ar a que aceite e sirua sera justo compensarlhe na forma que for possivel as conueniencias que deixa e sao as que se referem no papel incluso na carta do Conde Gouernador das Armas. Parece tambem ao Conselho que V. Mages- tade Ihe deue mandar de titulo de seu medico e o habito de Christo com quarenta mil reis effectivos de ten^a, com faculdade de poder testar delles roorrendo na guerra, ou seruindo nella seis annos. Lisboa 2 de nouembro de i65o. fccm a rubrica do Conde do FradOj /aitando a rubrica de Joane Mendes de Vasconcellos que nella votou), Resolufao regia Como parece, e os quarenta mil reis serio em capellas ou renda de confiscados, e coro certidSo de comò tem assistido recorra à Secretarla das Merces para se Ihe passar Portarla. Lisboa 7 de novembro de i63o. — Com a rubrica d'el Rei. Carta officiai Senhor. Cada dia experimentaroos mais a necessidade que este exercito tem de hum bom serugiao pois as occasides sSo muitas, e o sentimento geral, de que por falta delle se ariscao a perder a uida os que seruimos a V. Magestade nestas tronteiras por que (quando se manda buscar a Lisboa de ordinario, ou chega tarde ou nao he ja ne^essa- no. Tenho por noticia que hum muito bcm serueiao, e medico, comò he o Suquerelo quer uir para assistir neste exercito, fazendolhe V. Magestade a merce que pede nesta memoria que me mandou, e no que toca ao soldo, he couza ordinaria, por que aquy se da o mesmo a hum serugiao que aquy assiste que nenhua couza sabe de surgia, o mais assy do habito, comò da ten^a, seja V. Magestade seruido querernos fazer a todos mer^e de o contentar, honrandoo com està mer^e, pois fica toda a sua uida obrigado a seruir, e nos com grande interesse de continuarmos o mesmo ; Guarde Deos a Real pessoa de V. Macestade comò todos seus Vassallos hauemos mister, Elvas i5 de Outu- bro de i65o. — Ù Conde de S,Lourengo, Memoria Tenho na Vniversidade quarenta mil reis em bua cadeira, e as propinas de lente c6 a esperan^a de ir subindo às cadeiras mayores^ e o mais que me rendem as minhas le- iras. Tenho may, molher e filhos e fazenda que grange© isto he o que deixo. O que me hao de dar ha de ser. O habito de Christo, e nao outro, quarenta mil de reis de tenca effectivos, com faculdade de poder testar delles, uinte mil reis de pra^a cada mez pagòs na plana da corte. O titulo de Cirurgiao mor do exercito, e de medico de S. Magestade com moradia, cazas, palha, e ceuada para hu caualo. Veja V. M. no que deixo se tenho razao para o que pe^o. E neste negocio nao bey de fazer diligencia algua e com todos estes partidos de posse heide entrar em Elvas. Archivo da Torre do Tombo, Consultas do Conselho de Guerra^ ma^. 10.*, n/» 174. Em 24 de junho de i65i se passou carta mandando-lhe lan<;ar o habi- to de Christo, nao se dezignando no respectivo documento nenhum dos scus titulos e cargos, comò se póde verificar, passando a lé-lo : •Dom Joao por grasa de Deus Rey de Portugual e dos Algarves daque dalem mar em Africa Senhor de Guiné e da conquista nauegasao comersio da Ethiopia Arabia Presia da Indiajetc. Como gouernador e perpetuo adminisirador que sou do mestrado caualaria e orde de Noso Senhor Jesu Christo, fa^o saber a uos reuerendo dom prior 194 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ do conuento de Thomar da mesroa Ordem ou a que uoso car^uo seruir que Joio Su- carelo me pedio por merc8 que por quanto elle desejaua e tinha deuasSo de seruir a nosso Senhor he a raim na mesma orde ouuese por bem de o reseber e mandar prouer do habito della e antes de Ihe faser mercé e o reseber a orde habelitou sua pesoa de ante do presidente e deputados do despacho da mesa da consiensia e ordens e juis del- las e por que me constou pella habilitasao que se Ihe fes segundo forma das defìnisoes e estatutos da dita orde o dito Jo3o Sucarelo ter as partes e qualidades nesesarias com- forme a ellas para ser prouido do habito da mesma orde e por esperar que nella podera faser muitos seruisos a noso Senhor he a mim Hey por be me pras de o reseber a ord£ e por està uos mando dou poder a comisao para que Ihe lanseis o habito dos nouisos della nese conuento segundo forma das defìnisoes e estatutos da dita orde e o fareis assentar no liuro da matricula dos caualeiros nouisos della co declarasSo do dia mes e anno e Ihe pasareis sertidao na forma costumada e està carta mandareis goardar narqua que està deputada para goarda das cartas dos habitos que os mestres gouernadores da orde madao lansar nese couento e està se coprirà sendo pasado pela chancelaria da orde Joio Carualho de Sousa a fes em Lixboa aos uinte quatro dejunho de seis sentos sincoemta hu annos — Francisco Pereira de Castro a fìz escreuer. ElRey. Chancellaria da Ordem de Christo^ liv. 3i.% fi. 2i3. Barbosa Machado incluiu-o na sua Bibliotheca Lusitana^ dando-o corno naturai do Porto e cavaleiro professo da Ordem de Christo. Acrescenta, textuaes palavras: eque fora medico insigne e exceliente poeta, principal- mente no estillo jocoserio, em que levou a palma a todos os mais celebres professores desta divina arte». Diz ainda mais que das suas poesias, que se conservavam ineditas, se podiam formar varios volumes, mas que so deixàra estampados uns versos na coUec^ao poetica dedicada à memoria de D. Maria de Athaide, uma especie de Cancioneiro elegiaco, sahido dos prelos da Officina Craesbeckiana em i65r. Para o theatro compoz um en- tremez : Estudante fantastico^ que tambem nao se imprimiu. A maneira corno Barbosa Machado avalia o talento poetico de Joao Succarelio, està reclamando o indispensavel coefìciente de correc^ào. Um dos defeitos da Bibliotheca Lusitana^ alias monumentai no seu conjuncto, é o tom excessivamcnte encomiastico das suas aprecia<;des litterarias. Suc- carello nao era por certo destituido de merecimento poetico, mas estou per- suadido que o seu luzeiro nao fazia empallidecer os mais insignes cultores da arte de Apollo, comò pretende o douto bibliographo, sem restringtr sequer aquelle predominio aos seus contemporaneos. E' muito para notar que so vissem a luz da publicidade os seus versos elegiacos, quando o seu engenho se exercitava superior no genero comico. E' possivel, porém, que OS desta natureza fossem tao soltos, que nao Ihes fosse permittida outra circuiagao atem da manuscripta. Vou aqui reproduzir as duas alludidas composi^oes sentimentaes, uma decima em fórma de epitafio, e um soneto, a primeira das quaes é subs* crita por està forma : O doutor Joào Sucarello Claramonte^ indicando à margem que os ultimos versos sao de Sa de Miranda ; o soneto nao traz o segundo apellido. Julgue o leitor da inspira^ao ou do sentimento do poeta: Epitaphio Està auaramente dura pedra, a tanto logro indigna TRES MEDICOS POETAS iq5 he de Amarìllis Diutna I ou enigma^ ou sepuhura ; discri^ao, & fermosura de nóS) nao louuada assaz aqui se occulta, aqui jaz ; porque entre os fataes enganos, morte, que n§o conta os annos vem, leua o que Ihe apraz, O Doutor Ioao Sucarello Oaramonte (FoL 66 V.; Soneto Lagrìmas brandamente derramadas Suspiros tristes, ancias amorosas, Da inclemencia dos fados tao queixosas, quanto de sentimento acompanhadas : Sahi contìnuamente magoadas, correi perpetuamente saudosas, & no coro das almas venturosas sede bem vistas, corno bem choradas. Aliuio para o mal que se padece grangeio para o bem que nao se alcanna sereis em quem suspira, Se. nSo merece. Porem agora ìzentas da espera n^a sois victimas semente que se ofierece por AmarilliS) que nos Ceos descan^a. O Doutor Ioao Succarelo (FoL 75 V.) Na Bibliotbeca publica municipal do Porto existe urna colleccao de versos de Succarello, reunidos em copias por Christovao Allao de Moraes. Consultando a este respeito o meu amigo Rocha Peixoto, Director daquelle estabelecimento, teve elle a ainabìlìdade de me informar que as poesias sao satyricas, locando até por vezes as raias do obsceno. Para amostra mandou-me as duas que passo a transcrever : Soneto Que mandou às Freyras de Monchique vindo de Coimbra a hffà sua festa* guardadoras do gado deste outeiro, nunca foreis, nao, tÌo guardadoras, As q*ajuntando estais todas as horas, Mais do q'enthezourou Pero Pinheiro. Parte-se à Tossa festa bum cavalleiro, Tingindo em sangue as rodas das esporas. Guida q'ha de corner : nSo faz demoras, Nem quer provar dos mexiloes de Aveiro. Fazeis Sarapatel, juntaes panellas He festifolgas, todo o frade come, Elle fica em gejum vendo as estrellas. Jé vos conhecem, ]à vos sabem o nome Sois egualmente miseras e bellas Pois, q'mataes de Amor e mais de fome. 196 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Decima A Maria da Ressurreigao^ freira de Monchique^ fallando a Lopo Moreno Judeu. Se Amor he fogo fatai, Nao sey quem vos persuade Que haja de arder por vontade Quem Ihe tem odio mortai : Nao gasta amor fìgadal Nem verdadeira affeicao Quem he por toda arezSo Ta6 incredulo Thomé, Que entre outros erros da fé NSo ere na Resurreigào. Outra Deoima Estando o Autor em casa de Francisco Ferreira de Valdeve^o por occasiao de hua briga deu hum desmayo a huà sua cunhada, a qual vendo outra hirma sua mais moga e mais fermo sa se desmayou tambe a vista da hirma ^ acodindolhe, Filis hù desmayo teve, Como era neve, Cahio; De Celia o Sol Ihe acodio, E desmayou junto a neve. Mais Filis à Celia deve Em a imitar nos desmayos Do Que florescendo Mayos E ella Sol a socorrera, * Fello risco que correrà ' Filis neve junto aos rayos. sua Quando o Autor feif està decima pedio aos circunstantes que nenhù dissessey que era f porq' forao os primeiros versos serios que fisserà, Na Bibliotheca da Universidade de Coimbra, nos volumes das Miscel- laneas manuscriptas, cxistem poesias de Succarello. E' possivel que em outras biblioihecas se conservem mais vestigios do talento d'este engenho. O sr. José Pereira de Sampaio, que tem chancellado com o pseudo- nymo de Bruno tantos e apreciaveis volumes de erudita© e de critica, consagra algumas paginas (269 em deante) do i.** volume dos seus Por- tuenses illustres a Joao Sucarello, transcrevendo do codice da Bibliotheca do Porto algumas das suas poesias, substituindo ainda assim por meio de reticencias certas passagcns mais escabrosas. Observa que a obscenidade chega a ser na maior parte das vczes a nota predominante de taes poe- sias. Accresce ainda a circumstancia de que ha n'ellas frequentes allusSes a individuos, que nos sao hoje completamente desconhecidos, o que as torna por isso mais obscuras e menos comprehensiveis. Christovao Alao de Moraes nao merece de certo o applauso da posteridade pelo trabalho que se deu^ colligindo-as. Ili Dr. Fernando Cardoso Nasceu na villa de Celorico, provincia da Beira, onde eram numero- sos OS descendentes dos judeus convertidos^ chamados christaos-novos. • TRES MEDICOS POETAS 197 Ignora se o anno do seu nascimento, assim come a Universidade ou Uni- ▼ersidades ciue freauentou. Se porventura os seus primeiros estudos fo* ram em Coinabra, e nauito possivel que em Salamanca ou Alcalà viesse a tornar graus. Diz Barbosa e com elle os bibliographos c]ue o seguem, que elle féra instruido em Filosophiay Theologia e Medecina^ sendo està ultima sciencia a profissionai, exercendo a clinica em Madrid com srandes creditos e acceitaqao de pessoas de alta gerarchia, corno se deduz das dedicatorias de algumas das suas obras, comò o duque de Sessa, o almi- rante de Castella e o conde-duque. Em 1640 foi nomeado phisico-mór. O anno certo da sua chegada a Madrid nSo o consegui determinar, mas jé alli se achava em i63i, pois n'este anno collaborava com um soneto no Anfiteatro de Felivpe el grande. O dr. Fernando Lardoso, se foi portòguez pelo nascimento, nSo hon- rou a lingua patria com alguma das suas producc6e8, todas escriptas em castelhano e latim. N*este ponto seguiu exaciamente o exemplo do dr. Mi- guel da Silveirafi), havendo porem uma differenza sensivel entre os dois. Silveira so nos leeou documentos do seu valSr poetico, ao passo que Fer- nando Cardoso illustrou a penna, dedicando-se com mais frequencia a assumptos da sua especialidade profissional. Ciuco sao as obras que nos deìxou em lingua castelhana, a saber : «Discurso sobre el montp Vesuvio, Madrid, i632; Oracion fùnebre en la muerte de Lope de Vega Carpio, Madrid, i635 ; Utilidades del Agua y de la nieve, Madrid, 16^7; Si el parto de i3 y 14 meses é naturai y le- gitimo, Madrid, 1640 ; Excellencias y Calunias de los Hebreos, Amster- dam, 1678.» A primeira e terceira d'estas obras véem circunstanciadamente descri- ptas no Ensayo de una biblioteca de libros raros y curiososy de Gallar- do, onde tambem se menciona a quinta sob o nome de Isaac Cardoso, o que faz suppdr que o bibliographo hespanhol ignorava que eraiti de um so e unico auctor. Da Oracion fùnebre ha um exemplar na Biblioteca Nacional de Lis- boa, de que o meu illustrado amigo o sr. José Antonio Moniz me facul- tou a seguinte descrip<;ao: e A Oracion fùnebre tem antes do frontispicio : as armas do duque de Sessa entre as palavras Tvis avspiciis — Segue-se o frontespicio : Oracion fùnebre en la muerte de Lope de Vega. In genio laureado de las Musas^ prodigiosa maravilha de Espaha^ eterna admiracion de las Edades. Al Ex- celentissimo Seiior duque de Sessa^ conde de Cabra^ y gran Almirante de Nàpoles^ etc. El Doctor Fernando Cardoso^ dedica^ comagra^ ofrece* Con licencia. En Madrid por la Viuda de Juan Gon^alez, Afio i63b. In-8.^ 28 fls. numeradas. Ao frontispi :io segue-se uma Epistola dedicatoria ao du- que de Sessa. Està epistola occupa tres folhas, nao havendo outra pe(a antes do texto, que cometa na fl. 5, numerada. Depois do texto nada na.f As Utilidades del agua y de la nieve é das obras de Cardoso uma das que merecem ainda hoje a attengao dos estudiosos, porquanto nos dà (1) Ultimamente encontrei um soneto em portuguez d'éste poeta, o qual julgo ser unico. Vem na Yxday acfóes e milagres de Santo Antonio^ por Francisco Lopes. 198 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ urna ideia do estado da sciencia n'aquella epocha no tocante a um ramo da hidro-therapia. Algumas opinióes nào deixarao de parecer extranhas e porventura pueris e ridiculas. No emtanto certas curiosidades alii se en- contraili, comò é por exemplo o trecho, transcripto por Gallardo, refe- rente ao uso, ou antes abuso, que as senhoras madrilenas faziam do cho- colate. Na approvacjSo do dr. Juan Guttierrez de Solorzano, medico da Ca- mera de S. M., lé-se um periodo muito lisongeiro para a obra, embora ti- nhamos de applicar hoje o indispensavel coefBciente de corre^ao. C do theor seguìnte : tTrata de la nieve, y beber frio con mucha prudencia, descubriendo varia erudicion : disputa utilmente las contraver sias, y en el fervor de Io disputable mezcla soavemente la dulzura de Io elegante.... Doctamente narra ei uso de la behida calicnte tan vàlida en la antigUedad.» CardosO) impressionado pelo atavismo de raga, abjurou o chistianismo e na Italia se converteu publìcamente à religiao de Moysés, datando de Verona, a 17 de Marco de 6438 (anno judaico, correspondente a 1678) a dedicatoria a Jacob Finto, do seu livro Las excelencias de lo$ hebreos^ pu- blicado em Amsterdam, n'aquelle mesmo anno. Jà nao devia sér crianca, antes de idade avangada. Ignoram-se os pormenores da sua vida no exi- lio, o anno em que sahiu de Hespanha, e os motìvos por que se expatriou. Talvez para evitar qualquer perseguiamo inquisitorial. Tratemos agora do talento poetico do dr.* Gardoso. Que elle era affei- coado às lettras deduz-se facilmente das suas relagoes com Lope de Vega, de quem se mostra panegirista. Sao porem escassas as provas que nos fìcaram da sua pericia na arte de Apollo. Barbosa Machado diz a este proposito: cNao foy menos estimado 0 seu talento pela Poesia, metrifìcando com elegante suavidade, comò o mostra o soneto que fez a morte de Lope de Vega. . . Como insigne poeta o louva Jacintho Cordeiro. . .» Effectivamente este na oitava 47.* do seu Elogio de los poetas^ tece-lhe a seguinte coròa de louros : «Luego el Doctor Cardoso en el desgarro «Con prevenìda accion al premio asiste, ttQue a darle Febo el luminoso carro «No lloraras, Laropecia, el caso triste «Del hermano Faeton quando bizarro •Muerto à tus ojos con un rayo viste, «Que el Doctor con su engenio le domàra «Y el Aliapetis sin vigor quedàra.» Com bem pouco, um soneto apenas, se contentou Barbosa Machado f)ara o qualificar de metrifìcador elegante, é semilhan^a d'aquelle natura- ista, que, em presenca d'um unico osso, recompunha o esqueleto do ani- mal a que pertencéra. Eu pude, com mais tres sonetos, augmentar a di- minuta lista das producc6es poeticas de Cardoso. Todos elles sao do mes- mo genero, isto é, laudatorios de obras de outros auctores. Passare! a trans- crevel os em seguida à breve descripcao bìblipgrapbica de cada um dos li- vros em que se encontram. Anfiteatro de Feltpe el Grande^ por D. José Pellicer de Tovar 5 Ma- drid, i63i. TRES MEDIGOS POETAS 199 «Este que entrambos orbes predominai «Glaro Numa espafiol^ Marte cristiano, «En el airoso impulso de su mano« «Envuelto en majestad rayos fulmina. «Del invicto animai la frente inclina, «Que aplaudiendo à su golpe soberano, «Si atiende lo valiente en braso humano, «Respeta lo sagrado en luz divina. «Dichoso muere el bruto, pues merece «Regio valor en ultimo suspiro, «Siendo mortai, con vida mas triunfante. «El cielo, que su diestra favorece, «Anuncia, que centellas de su tiro «Serén del mundo incendio fulminante.» e E/ Monte Vesuvio^ ahora la Montana de Soma^ dedicado a D. Fé- live /F, el Graììdey nuestro seriore . . . por dr. Juan de Quiiiones, Ma- drid, i632. cQuanto el passado siglo as suas Anales De tus inc^ncios tragicos publica, Tu Bolcan portentoso venfica Teatro funeral de los mortai es. Famoso por tus bienes, y tus males, Lo que el Sol en tus valles frutifìca, El voraz elemento multiplica A tus campos ruinas immortales Entre abismos de fuego tenebroso Misero horror infunde tu montafla, Prodigios de secreto milagroso. Esconde tanto arder virtud estrafia Y si Plinio te ignora cuydadoso, Te describe feUz piuma de Espafia.» fama posthuma a la vida y muerte del doctor Frey Lope Felix de Vega Carpio... Madrid, i636. «Este de c^uien el hauro es corta gloria En copiosos conceptos que derrama. Libra su excelso tumulo en su Fama Y el Trofeo immortai en su Memoria. No el Bronce le reserva eterna liistoria En unos y otros numeros le aclama Y en vivos Esplendores de su llama Con tra el olvido illustra su Victoria. Milagroso prodigio en fertil piuma, Admiracion sera de las Edades Honor de lo ingenioso y lo fecundo. Mas porque nunca el tiempo le consuma, Vota el Cielo a su nombre Eternidades, Dolor Espaiia, y sentimiento el mundo.» Catàlogo Real de Espafia^ segunda edi^ao, Madrid, 1639. Al seren/^ Principe Don Baltasar Carlos En estas breves Ifneas dìbuxado Mira el valor (corno en tu pechoardiente), Aquf solo en bosquejos de su miente, En ti con sus primores retratado. aoo ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ Tanto asciendiente Godo sublimado Trasìadados laureles à tu frente O a tu espiritu excelso reverente, O a tu glorioso triunfo anticipado Busca otros Reynos, y otra Monarquia, Juntando la anadida à la heredada, Como hijo de Filìpo al Orbe impera Sea la Historia estimulo à tu espada Que el tiempo sus Anales te confìa, Y el mundo entre sus terminos te espera. Salva (n.® SSyS) diz que a primeira edi^ao do Catalogo Real de Hes' panha deve ser a do anno de 1637, impressa em Madrid era eia imprenta del Reyno.i Descreve tambem a segunda edigao, conforme se declara no frontes- picio da obra, a qual foi impressa em Madrid, em 1639, P^^^ Diego Diaz de la Carrera. Està edì(;ao traz mais algumas poesias laudatorias, além das que ti- nham saido na primeira, a qual tem o frontespicio gravado onde se ve um lindo retrato do principe Balthasar Carlos. No Ensayo de una bibliotheca vem descripta mais desenvolvidamente que em Salvd a segunda edi<;ao9 que attribue ao anno de i636. Cita as approva^oes, sendo urna do chronista Tamayo de Yargas, datada de Ma- drid a 14 de Junho de 1637 e a segunda de L. Francisco Caro de Tor« res, datada tambem de Madrid a 20 de abril de i638. Estas anomalias de datas explicam-se, ao que me parece, por erro typographico no Ensayo^ que trocou o 9 final por um 6, erro muito frequente em typographia. Garcie Peres, referindo-se a Barbosa Machado, considera duvidosa a edi<;ao por elle citada de 1637. Se tivesse consultado Salva, nao apresen- taria està duvida e nao daria corno primeira a de 1639, impressa por Diego Diaz de la Carrera. O mesmo auctor dà comò segunda edigao urna de i656, no que se equivocou grandemente, induzido a isso pelo que leu nas approva(;oes. O seu exemplar carecia de frontespicio e por este motivo ainda incorreu em outras faltas, atribuindo a impressao a Antonio Ribeiro Rodrigues, que foi apenas o livreiro editor. Tenho presente um exemplar completo, perten- cente ao sr. Annibal Fernandes Thomaz e aqui transcrevo a sua portada, que lanca por terra a infundada hypothese, que Domingos Garcia Peres emittiu no seu Catalogo ra\onado. TRES MEDICOS POETAS aoi Catalogo Real Y Genealogico de Espana, ascendencias, y descendencias de nvestros Catoiicos Principes, y Monarcas Supreraos. Reformado y afiadido en està viticna impressione con singulares noticias, curìosas origìnes de Familias, Consejos, Ordenes, Dignìdades Eclesiasticas, y Seglares ; gloriosos hechos, varios sucessos, y nouedades antiguas, dignas de perpètua memoria. Por el mismoavtor, Rodrigo Mendez Silva, Coronista General de Espafia, y Ministro del Real Consejo de Castilla. Que dedica al doctor don Francisco Marin de Rodezno, Presidente de Granada Con Privilegio Real Em Madrid en la Imprenta de dofia Mariana del Valle. Afio MDCLVI A costa de Antonio del Ribero Rodriguez, Mercader de Libros Vendese en la Calle de Toledo, y en Palacio. A dedicatoria d'està edifao, bastante extensa, é feita a Don Francis- co Marin de Rodezno, cu)os dotes pessoaes e illustre ascendencia muito elogia e foì subscripta pelo auctor em Madrid a 3o de Junho de i6S6. A approvacao e de Tineo de Morales, e n'ella se diz que o auctor pela se- gunda vez pretende dar a estampa a sua obra. Tem a data de 29 de ou* tubro de i655. A censura é do nosso compatriota D. Gaspar de Seixas Vasconcellos y Lugo, cavalleiro do habito de Christo e nella se declara tambem que o auctor atra vei ha dado a la estampa este trabajo. Gusta a crér corno ignorassem a existencia de todas as edi^Ses antenores e so se referissem a urna ! Garda Perez affìrma que ha edi^oes posteriores, mas nao as inumerà* Na Btbliotheca Nacional de Lisboa existem as edicoes de 1689 e i656. Segundo cscreve Salva, no n.** 17 (1862) do Boletin bibliographico es^ paHol se diz que a primeira edi^ao é de 1639. O mesmo bibliographo de- clara ter possuido em tempos um exemplar da edi^ao de i656. SousA Viterbo. As Tengas testamentarias da Infanta D. Maria (Continuado de pag, i4g) XX ARECE beni que resumamos agora o que pudémos apurar àcerca da familia de D. Brites de Sousa, de seus muito nomeados ascenden- tes, e das novellescas tradi^des com que os fabricantes de nobresas se comprouveram a enfeitar-lhes o ber(;o. A infeliz viuva de Joao Rodrigues de Beja foi filha do fìdalgo castelhano Don Guterre de Monroy. — Ora, segundo a doulrina de Severim de Parìa, no tocante d antiguidade das fanailias de Hespanha, que elle affirma ser das oiaiores da Europa, e dos godos para cà se bade tornar a sua prìncipal ori- gem > (112). Quem, por conseguinte, quizer ser nobre, sem contradic^ao, entre os Pyrenéus e o Caia, tem de ir embeber as raizes da sua arvore genealogica no terreno onde floresceram os companheiros de Witiza. Nao se livra- ram, d'este modo, os Monroy, nados e cria dos no sólo das Hespanhas, de passar, eoi sua remota origem, por authenticos contemporaneos de Pelaio, e nada menos! Genealogistas houve, porém, um tanto mais modestos, que se contentaram em os fazer procedentes de Franga, pafs de tradicgoes para tudo que represente importagao em Portugal de bagateilas de eie- gancia, frandulagens de modistas, cosmeticos e aguas de chciro. No discretear d'esses taes, cMonro/» quere dizer tMeu rei*^ e tal razSo heraldica^ sem contradicgao possivel, fez franceses os primeiros senhores d'este appelido. A lenda descooriu, até^ que Vigil de Monroy, cvalerosocom- panheiro del Rey D. Pelayo nas victorias da Kestauragao de Espanha», era nada menos do que irmdo de el rei de Franga ! Ao sìngelo Manso de Lima, todavia, pareceu-lhe demasiada tao alta preeminencia, concedida aos Monroy pelos especuladores da francesia^ e assentando em que «para venerarmos sua grande nobresa nao he neces- sario recorrer a estes principios», vem a achar que Monroy, uma simples villa de Hespanha, é que deu o nome a està familia (ii3). Ainda assim. (i la) Notioias do Portugal —Tom. I. — Discurso III, § /.•, pag. 180, da ed. de 1791. (11 3) Tal qual Herculano affirmava nao haver «dois arabistas que escrevessero um nome de geme do mesmo feitio», tal qual nós pensacnos nSo haver dois linhagistas que estejam de accordo, nos pormenores referentes ao objecto de suas lucubra^oes. Aquì nos de, com eneito, a saber o sr. visconde de Sanches de Baena, em seu In- dioe Horaldloo, v. Monroy, que Jeronymo d'Aponte, tratando largamente d*esta fa- AS TENgAS TESTAMENT ARIAS DA INFANTA D. MARIA 2o3 para encontrarmos o primeiro dos Monroy na patria do Cid, é preciso profundar até os tempos de Fernando, o Santo^ descendo até à primeira me- tade do secalo XIII, quando este rei reuniu para sempre sob o seu scep- tre OS reilios de Leao e Castella. Por esses seculos era fora, vieram, pois, discorrendo estes famosos ca- valleiros, nao se fartando de cobrar maravilhast, mas nao deixando, se- gando rugem chronicas, de semear odios e sangrentas rivalidades tambem. Pelo que se colhe de Manso de Lima, no que o acompanha Jeronjmo d' Aponte, citado, corno vimos, pelo sr. visconde de Sanches de Baena, os Monroy continuaram-se em Castella por Fernao Peres de Monroy, que, segando aquelle nosso linhagista, viveu nos reinados de Don Joao I e Don Henrique III (iSyg a 1490) (114). Um filho d'este Fernao Peres, tendo grandes desavengas com Joao Comes de Almards, senhor de Belyis, ma- tou-o em desafio. A seu turno, o fìlho de Joao Comes, Diogo Comes de Almaràs, assasinou o matador de seu pae. Està dupla tragedia, reaccen- dendo OS antigos odios entre as duas casas, foi turbido manancial de mu- tuos vituperios, e origem de um sem numero de memorias e tradi^des san- guìnosas. Por sua parte, Rangel de Macedo margina as paginas que, na esteira do seu confrade da Certa, dedica a està familia, classifìcada comò vimos cdas illustres de Hespanha», de nao menos horrorosas lembran- gas, cuja descrip^ao poupamos ao leitor indulgente. Assim veem vindo um e outro dos dois linhagistas até Don Affonso de Monroy, cmuy esforgado claveiro» da Ordem de Alcantara, para a qual ganhara bastantes fortalezas e castellos. O monge-cavalleiro, vendo se preterldo em suas preten^Ses ao Mestrado, que multo merecera, portan- tas victorias que para a sua Ordem soubera alcangar, preferinao-lhe o loonarcha, um Don Juan de Zuniga, teria resolvido passar a Portugal, e aqui se deixar fìcar (i 1 5). milia, «orna das illustres de Hespanha», escreveu exactamente o contrario do que Manso de Lima affinnou ! «Fernao Peres de Monroy, copeiro-cnór de el-rei D. Sancho IV. — transcreve o sr. visconde^ -~ povoou a villa de Monroy, que é na Estremadura, e Ine p02 por nome o seu appelido» . . . E, afìaal, contra as duas oppostas affirmativas, diz-nos Madoz, em seu Dico. Geog. Batad. Hi8t. de Eapaàa» que, por i3o9, no tempo de Fernando IV, successor d'aquelle Don Sancho, a villa de Monroy se chamava «iMonte-rey» 1 Va là conciliai os . . Este mesmo auctor descreve a villa hespanhola de que se trata nos seguintes ter- mos : «Monroy — v. con avunt. en la prov. y aud. terr. de Céceres (4 leg.), de Badajoz, 18. — Palacio propio de los marqueses de Monroy, habitado por sus dependientes, cuyo edifìcio si bien antiquisimo, presenta una construccion muy sòlida y aun ezisten vestigios de haber estado murado y circuido de un ancho y profundo foso. • .» (114) Attribuindo, porém, Jeronymo d*Aponte, corno acabamos de ver, a FernSo Peres de Monroy o cargo de copeiro-mór de el-rei Don Sancho IV, rectroactivaria as- sira o linhagista castelhano os dias d*aquelle fidalgo até o ultimo quarte! do se* culo XIII. — isto é constantemente ! . . . (i i5) Farla e Scusa, no cap. VIII da sua Afrìoa, apresenta-nos Don Afibnso de Mon- roy corno Cpmmendador Mór d'aquella Ordem. Parece tambem que Don Luiz de Salazar y Castro o dà por Mestre d'ella, no Tom. 2.<* da sua Oasa de Lara. N*este caso, cahe pela base a razao da passagem para Portugal do chefe da familia n'este pais, alJegada 204 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ XXI Trouxe comsigo numerosa progenie o esfor^ado claveiro. Manso de Lima dìz-nos que Don Affonso de Monroy ti vera, sem nos revelar de quem, on\e filhos^ seis varóes^e cinco femeas, além de outras filhas, das quaes nao apurou os nomes (i i6). Os d'estes onze^ bem corno as circumstancias que Ines respeitam, sao, segundo sempre o linhagista da Certa, os se* guintes : «D. Francisco de Monroy, f* nas Indias. «D. Afìfonso de Monroy, que segue. «D. Dio^o de Monroy, f- em Guelves. «£). Gutierre de Monroy. «D. Jo3o de Monroy. (Accrescentando-lhe, bem corno Rangel de Macedo, o appeli- do de Sctto-Mayor ) «D. Fernando de Monroy, que se ouve (sic) com grande valor no cerco de Goa».— (Depois exarainaremos este caso). Tambeoi Rangel de Macedo Ihe attribue o appelido sobredito. «D. Catharina de Monroy, mulher de Tadeu de Chaves (?) «D. Maria de Monroy, mulher de D. Guterre de Sotto-Mayor. por Manso de Lima. Note-se que é este linhagista que trasladou para a roargem do seu texto o de Salazar y Castro. Como quere, porém, que seja, deve testemunhar-se que alguma das circumstancias addasidas pelo nosso linhagista é realmente do dominio da Historia. O governo supe- rior da Ordem Militar de Alcantara, avocado é Corda em iSoq, pelo futuro marido de Isabel, a Catholica^ passou a ser exercido por um Grao- Mestre, delegado do reinante. Fernando II de Aragao, V de Castella, conferiu, com effeito, este cargo a Don JoSo de Zuniga. 0 dado historico seria importante, porque nos habilitaria, se Manso de Lima olo tivesse £oe/aio, comò é mais que certo, a sabcr, de modo positivo, qual a epoca em que Don Anbnso de Monroy emigrara para Portugal. Dos fìlhos do expatriado claveiro aiz- nos Monterroyo, em suas Familias de Portuffal^ da Coli. Fomb.^ da Bibl. Nac. de Lis- boa, que atomaram a parte de el-rei D. Affonso V, nas guerras de Castella». De Don Guterre, o progenitor de D. Brites de Sousa, 4.^* na ordem* dos varóes gerados pelo monge-cavalteiro, sabemos, por seu proprio testemunho, que deveria ter pouco mais de vinte e oito annos em 1 509. — Isto quere dizer que no dia 1 de mar^o, de 1476, em que se feriu a celebre batalha de Toro, atnda D. Goterre de Monroy estava para vtr a este mundo. Nao serd, todavia, impossivel que a Verdade resida entre dados t3o inconsistentes e contradictorios. Póde bem dar-se que seja o claveiro de Alcantara quem haja seguido o partido do nosso D. Affonso V, porventura em companhia de algum de seus outros fìlhos, ià capaz de batalhar; pode bem ser que, mal visto, por tal facto, na córte de Fernando e Isabel, o vencido partidario do pretendente portugues se acolhesse é pro- tecqao do futuro D. Jo3o li. Temos o indispensavel para apurar comò os factos se pas- saram, nSo fallando os documentos ; o que nao sobeja é o tempo para os catar. Espe- ramos, todavia, que nos Retoques aos presentes Estuaos tudo se acclare e explique. (116) A Ordem Militar de Alcantara, filial da de S. Juliao do Pereiro, foi fundada pelos annos de 11 36 Tendo obttdo da de Calatrava a posse da cidade d*aauelle nome, que denodada- mente de fenderà contra os mouros, n*ella estabeleceu sede, sob os auspicios de Af- fonso IX, de LeSo. Celestino III, que a confirmou em 1197, impós Ihe a regra de S. Sento. Foi so em 1540 que seus membros alcan^aram a abrogarlo do voto de castidade, com a permissao de tomarem estado. A todos os fìihos e filhas de cavalleiros de Ordeos Militares, nÌo isemptos do celibato, dà, pois, a Egreja classificafao especiaL AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 2o5 «D. Elvira de Monroy, mulher de Rodrigo do Garvalhal, (117) «D. Isabel de Monroy, mulher de Fedro Vaz de Sequeira. «D. Thereza de Monroy, mulher de Thomaz Canete, que foi letrado, e morador em Badajoz». Quanto a D. Francisco de Monroy, nao sabemos que haja noticia de sua presenta e morte na India (118). É até, duvidoso, se realmente existiu. Ran- gel de Macedo nao o menciona, e assim tambem Monterroyo, em suas Familias de Portugal^ Oolleo. Pombalina, da Bibh Nac. de Lisboa. Emtanto, a expessao e f nas Indiasi podere estar incompleta, e Manso de Lima acaso teré tido noticia de algum fi!ho do claveiro de Alcantara, que^ tendo rumado para as dndias de Castella >, corno por entao se cha- mava és Antilhas e mais possessdes hespanholas do Novo Mundo, là fé- necesse. A respeito de D. Affonso, vemos pelo titulo competente, ter sido ca- sado com D. Maria de Sequeira e Sousa (119)1 filha legitima de Fedro Vaz de Sequeira. Nao tiveram descendencia. Este Fedro Vaz de Sequei- ra, Senhor da Torre da Falma, que tinha por mulher a D. Fillippa de Sousa, enviuvando d'ella, contrahiu, comò acima vimos, segundas nupcias com a quarta das irmas de D. Affonso. De modo que dos dois consorcios resultou fìcarem sendo Fedro Vaz de Sequeira e D. Affonso de Monroy reciprocamente cunhados um do outro, e sogro e genro, cada um d*elles entre si (120). Deixando para o fim do nosso exame a D. Guterre, vemos que Manso de Lima nos diz de D. Joao de Monroy, no respectivo titulo (§ 5), e ajun- tando-lhc o appellido de «Sotto-Mayor», que casara com D. Violante de Mello, filha de Diogo de Mello, capitao de Ormuz, e de D. Eyria (Iria) de Barros. Quanto a nós, todas estas circumstancias poderSo ter-se dado, decer- to, mas, em vez de applicadas ao cfiiho 3.^ de D. Affonso de Monroy», ao prova vel neto d'este, D. Joao de Monroy e Sotto- Mayor, fillio de Gu- terre de Sotto-Mayor, e da segunda das cinco fìlhas do claveiro, pela or- dem por que se acham nomeadas. Este D. Joao de Monroy (2.°) seria as- sira, o mesmo que o nosso Gaspar Correa dà por sobrinho a D. Guterre, e foi na India ccapitao-mói de uma armada de fustas». De D. Joao de (117) Daqui a pouco vamos ver que a mulher de Rodrigo do Carvalhal nao era^i- Ma, mas neta de Don Affonso, sendo està uma dasinexactidoescommettidas por Manso de Lima, e repetidas pelo seu confrade Rangel de Macedo, quando^ sem renexao nem criterio, o copfa servilmente, corno acontece no enumerar a maioria dos membros d*esta e de outras familias, e até os proprios proemios das differentes listas de linhagens. (118) O sr. visconde de Sanches de Baena (Ind. Herald.) registando a presen^a^de D. Guterre na India, corno capitao de Goa, accrescenta com effeito : «... e seus irmSos D. Francisco e D. Joao de Monroy serviram no mesmo estado com distincto valor». De- vena porém escrever antes : «seu irmSo D. Fernando e seu sobrinho D. JoSo». (119) Rangel de Macedo, introduzindo discrepancia, chama-lhe D. Jonna de Sousa. (lao) Segundo Diogo do Como, que nos deixou memorado este portiienor historico de nota (Dee VH, L. 8.^, cap. a.«), foi Fedro ou Pero Va« de Sequeiro, «hum Fidalgo velho, muito honrado», qnc levou é India, corno capiiao mór da armada fda de Lisboa em mar^o, de i359, o primeiro Arcebispo de Goa, e os primelrcs Bispos de Cochim e de Malaca. ao6 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Monroy, mencionado corno 5.® filho de D. Àffonso, parece-nos poder di- zer o que escrevemos àcerca de seu pretenso irmao D. Francisco: — é du- vidoso que haja existido. Às circumslancias referidas por Diogo Rangel de Macedo à margem do seu titulo podem bem attribuir-se ao soorinho de D. Guterre, d'este mesmo nome, segundo acima suppdmos. Nao assim, pelo J|ue toca a D. Fernando de Monroy, que de todos os cinco individuos d'està amìlia, presentes na India, parece ter sido o melhor, senao corno caracter, comò homem de guerra de terra e mar, sabedor do seu ofBcio (i2i). Venhamos ao 4.^ fìlho do claveiro casteihano, D. Guterre de Monroy. Nao é menos extensa a sua prole, do que fora a de seu pae : Gasando com D. Marianna de Sousa e Mello, ou melhor, D. Marianna de Sousa da Siiveira, filha de Fernao da Silveira(i22), e de D. Brites de Sousa, jà viuva de D. Joao Henriques, II senhor de Barbacena, morto em Azamor, sem successao, d'ella teria tido sete fìlhos, quatro varSes e tres fé- meas, se a lista de Manso de Lima nao estivesse errada, comò demonstra- remos. Fronteiro em Azamor, teve de uma Fulana Caldeira um fìlho, a quem foi posto o nome de Tristao (i23). Ainda uma tal Ascensa Gardim, cas- (121) A especialidade d'este fìdalgo casteihano, a quem Diogo do Couto chega a declarar «da casa de Oropeza» (Beo. VEDt, cap, 8,*^J^ parece ter sido a de apresador do mar; urna' especie de Vicente Sodré, ecn ponto mais modesto. Taesforam as suas primeiras armas, ao chegar é India, em companhia do irmSo, D. Guterre, e tal continuou a ser a sua predilecta occupa^ao, da segunda vez que là foi. Ainda em ]565 o mandava o viso Rei D. Antao de Noronha às Maldivas^ «a esperar as naus de Méca». A sua habi- lidade na arte da guerra do mar, o seu arrojo e desembarago para està especie de pi- raterìa eram, com effeito, de primeira ordem ; tal é a impressSo que nos fica das narra- tivas de Gaspar Correa, tao pictorescas e empoigantes, descrevendo as aventuras ma- ritimas em que se empenhava o quarto dos fìlhos do claveiro de Alcantara ; quarto di- zemos, segundo a ordem que attribufmos à sua extensa progenie. (132) Este Fernao da Siiveira é o que teve a desventura de ser EscrivSo da Puri- dade de el-rei D. Joao II, e veiu a ser assassinado em Avinhao, após ter andado homì- siado no reino e em Castella, fugindo à vingan^a do «Principe Perfeito», por ter entrado na coniura^ao do Duque de Vizeu. Servirà em Africa, achando-se na tomada de Arzilla e Tanger, e, posteriormente, em Castella, na batalha de Toro, onde estava com o reinante. Passou, pois, por todas aquellas phases em que os brios, a valentia e a coragem de um homem de armas — e homem ae armas de um Affonso V ! — que viu as duas faces extremas da fortuna da guerra ; — a Victoria e a derrota — o puséram à prova, dando-lhe o esfor^o que é pre- ciso para vencer, e a coragem e o sangue frio, de que necessita quem uma vez teve, contra vontade propria, de dar as costas ao inimigo. Para remate, gosàra, em summa, da ìnteira confìan^a de el-rei seu amo, comò o prova o titulo do cargo que exercia junto da Real Pessoa. Passado foi este que de nada Ihe valeu, e tao pouco o andar foragido em terra es- tranha, porque là o loi apanhar a implacavel vingan^a d*aquelle que tio mal mostrou conhecer, vivendo, alias, tao conjuncto a elle 1 D. fìrites de Sousa era fìlha de JoSo de Mello, Alcaide-mór de Serpa, e copeiro- mór de D. Affonso V, e de sua mulher D. Mecia de Sousa, com a qual casou jà viuvo de sua prima D. Brianda de Sousa. (i23) Criou-se, fez- se homem, e foi para a India, onde em i55o(?) pedia ao Gover- nador Jorge Cabrai a capitania de Cochym, que vagara na pessoa de Beichior de Sousa Chichorro, e parece nao poude alcan^ar, segundo se infere da narrativa de Gaspar Cor- rea, in Lendas — Tom. IV, P. 2.% pag. 710. AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 107 telhana, Ihe deu outro filho, de que nao ficou memorìa que nome tivesse. A Abbadessa de Santa Clara, d'Èlvas, D. Filippa de Monroy, e D. Iria de Monroy, que falleceu no Recolhimento do Castello de Lisboa, suas filhas naturaes foram tambem. Emfim, — e este caso aqui vae registado tal qual 0 conta Manso de Lima, — de sua sobrinha D. Antonia de Sotto-Mayor, filha de D. Guterre de Sotto Maior, e de sua irma D. Maria de Monroy, houve D. Guterre de Monroy, um outro filho, que se chamou D. Aflfonso de Monroy, e serviu na India, là fallecendo no tempo do vice-rei D. Con- starnino de Braganga. Daremos agora a lista dos filhos e filhas legitimos de D. Guterre, nao tal qual no l'a deixou Manso de Lima, porque de antemao sabemos que tao perfeita a quiz fazer, que Ihe ficou errada, mas comò parece dever ser, dado o testemunho, ao menos para alguns dos varSes, do proprio progenitor. E' a seguinte : D. Affonso de Monroy. S. g. D. Jeronyroo de Monroy. S. g. D. Manoel de Monroy, casado com D. Joanna de Vilhena, fìlha de Manoel de Maredo, que trouxe preso a Lisboa Raiz Xarife, Guasil de Ormux, e de D. Mecia de Noro- nha. — Informa^6es uniformes de Manso de Lima e Rangel de Macedo (114). D. Brites de Sousa, mulher de Ruy Lopes de Sampaio, e depois, segunda mulher de Joao Rodrìgues de Beja ; — Idem. D. Mecia de Sousa, segundo Manso de Lima e Rangel de Macedo, mulher do fìdalgo castelhano Joao Carvnlho. Manso de Lima reporta-se, quanto a està, és informa- coes de Paria e Sousa, no cap. 8.0 da sua Afirioa Portug^esa. Reservando-nos considerai- as especialmente, nao as traoscrevemos n*este logar. D. Maria de Sousa, Abbadessa em S. Joao, de Extremoz, fallecida em i6o5. — Informa- qòes dos dois linhagistas. Contraprovemos agora. Comegado o desmoronar do nosso poder em Africa, pela tomada da for- taleza do Cabo de Gué, pelos mouros, e consequente perda da villa de San- ta Cruz, ou de Agadir (i25), dirigiu o vencido e captivo capitao d*aquella (124) Gaspar Correa as confirma, na suggestiva narra^So que fìiz do encargo que el-rei D. Manoel deu ao Macedo, e do modo comò este se desempenhou, e se acha de pag. 3iQ a 3a4, do Tom. Ili, P. i.* das suas Lendas. (i25) «Cabo de Aguer, de Guer, Ghir, Geer, Geir ou Ras Aferni, fica 29 milhas para S. VsSO. do cabo de Trefana; sobe quasi 1 :ooo metros a terra intermedia e parece muito habiiada, por se cobrìr de povoa^5es, com suas capellas e bosques nasvitinhan^as.» cA cidade de Santa Cru£ ou de Agadir, fundada pelos portuguexes em i5o3, campeia no cume de um monte, cerca de 180 metros acima do nivel do mar . . . e demora umas 29 milhas para SE. Vi £• ^o <^abo de Aguer. A funda bahia fronteira offerece bom anco- radouro na esta<;ao em que prevalece o vento NE. A costa é compaginada de rochedos entre o cabo e Wad Tamarat, que depois de serpentear n*ura fertil valle desagoa 5 mi* Ihas para N. de Santa Cruz; para o sertao fecha-se o horisonte com uma regiao montuo- sa, denominada Terras Altas de Idantenan, a qual é a extremidade Occidental da cadeia do monte Atlas, que ali se dirige para ENE., e se eleva a 100 metros, a 9 milhas de San- ta Cruz. «A meio in onte entre a cidade de Santa Cruz e o mar fica uma bateria, que foi feita nSo so com a inten^io de dominar o fundeadouro, mas tambem de defender uma nascen- te de agua potavel, que rebenta junto ao mar; jaz quasi em ruinas aquella bateria: assim corno as muralhas da cidade, que jA por muitas partes estio por terra; ezistem ainda seus ao8 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ fortaleza, D. Guterre de Monroy, a el rei D. Joao III urna carta, que Fr. Luis de Sousa inseriu nos Annaes d'aquelle rei, datada de e Turiidan- /e» (sic)^ a 2 de abrii de 1541. N'esta carta, ou Relatorio officiai éo de- sastre, conno hoje Ihe chamariamos, menciona D. Guterre as pessoas de sua familia que, ou morreram no transe, ou com elle ficaram captivas. Sao, em summa: D. Affonso de Monroy, seu fìlho, morto. D. Jeronymo de Monroy, seu fìlho, captivo. Urna fìlba, de quem nao dìz o nome, captiva. Rodrigo do Carvalhal, seu genro, e um irmao, mortos. D. Francisco de Monroy, seu sobrìnho, morto. D. Luis de Monroy, egualmente seu sobrinho, captivo. Quanto a D. AfTonso e D. Jeronymo, Manso de Lima, dando-os sem gera^ao, nada mais, comò vimos, diz d'elles. Rangel de Macedo, pò- rem, pondo agora de parte o caracter de tfìel Achates» do seu pouco bem orientado confrade, diz que D. AfTonso, «morreu na defensa do cas- tello do Cabo de Gué», e que D. Jeronymo, «fìcou captivo, quando se pcrdeu a villa do Cabo de Gué, e morreu no captiveiro». — Acertou pois. Quanto aos dois sobrinhos de D. Guterre, de D. Francisco nao dao no- licia nem um, nem outro dos dois lìnhagistas, nossos pouco seguros guias n'estas meadas da familia dos Monroy, de Portugal. A respeito do segun- do, D. Luis, succedeu que Manso de Lima, tendo jà enfileirado a proge- nie de D. Guterre, entrelinhou, posteriormente, o nome d'estc sobrìnho do vencido capitao na cabeqa do ról de seus filhos, accrescentando : eque fìcou captivo com seu pay». Por seu lado, Rangel de Macedo, copiando cégamente o erro do seu confrade, attribuiu a D. AfTonso de Monroy, que assim fìcou figurando de filho segundo do claveiro castelhano, dois filhos bastardos, designando- os d*este modo : «D. Joam de Monroy, que Servio na India com muito valor, e D. Luis de Monroy, que tambem Servio na India, e se acbou no Cabo de Gué com seu tto D. Gu- terre, e là o captìvaram os mouros, e elle là renegou e casou e teve gerafao*. De sorte que tendo feito D. Luis^/Ao de D. Guterre, por copiar o erro de Manso de Lima, agora, no titulo de D. Affonso, o introduz corno neto bastardo do mesmo D. Guterre. — No locante às mais circumstancias • • . Deus so sabe corno isso foi. Pelo que toca a D. Joao, jà vimos que, sem a nota de bastardia, bem podere ser o mesmo fìlho de D. Guterre^de Sotto- Mayor, a que acima nos referimos, e de quem escreveu Gaspar Correa. Resta a fìlha de D. Guterre, que ficou captiva, e os dois irmaos Car- valhal, dos quaes o Rodrigo, genro do egualmente captivo capitao. restos de povoacSo portugueza da Fonte, fundada por JoSo Lopes de Sequeira, assentes em sitio bem conhecido por duas ermidas de santoes mouros que ali branquejam». Alex. Magno de Castiìho — Descrivqao e Roteiro da Costa Occidental de Africa — Tom. I — Lisboa, Imp. Nac, 1806. AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA lùg Vimos que Manso de Lima, contra o proprio testemunho de D. Gu- terre, que declarou seu genro a Rodrigo do CarvalhaK o dd por genro do claveiro castelhano. Por seu lado, Farla e Sousa escreve em sua Africa: tEste dia sobrepujó a las fuerzas humanas Juan de Carvallo, marido de D. Mencia^ Mja del Monrqy^ porque a ]a puerta de una torre, con un montante en las manos, no tolamenie hizo impossible la entrada de ella a toda la Morisma, antet, con treinta muenos a los pies, la hazia retirar pasnìada>. Porfìm, Joao de Carvaiho, cfìdalgo castelhano», segundo os nossos dois linhagistas, ambos conformes, jarretado, mas continuando a defen- der se de joelhos, foi morto és fréchadas, que Ihe arremessavam de longe OS que de outro modo o nao puderam vencer. Ora, Francisco de Andrada, referindo-se a tragica proeza, escreve — e o leitor benevolo repararà na singular conformidade das express6es emprcgadas pelo chronista, ainda que de leve modificadas, mantendo-se todavia o mesmo desenho na phrase do polygrapho : «Neste dia se sinalou grandissimamente bum fìdalgo charoado Joao de Carvaiho genro de D. Guterre, casado com D. Mecia, sua filha, porque este so com hda espada de sftibas as m§os defendeo o passo da entrada de bua torre de maneyra que nunca OS ìnimìgos o puderSo entrar de tendo jé trinta delles mortos derrador de si, o jarreta- ràc.ji (126) Estao, pois, de accòrdo os dois escriptores em dar a D. Guterre urna filila, D. Mecia, casada com o fidalgo castelhano Joao de Carvaiho, sendo que, apcsar da grande consemelhanca de córte na exposiqSo, nao é admis- sivel affirmar, em vista das circumstancias de tempo em que vieram à luz as duas obras d'aquelles auctores, que o testemunho de Francisco de An- drada nao tenha valor, por ser mèra copia do de Faria e Sousa (127). Assim, D. Guterre teve em Cabo de Aguer dois genros, mas nao mais que urna filha, e sendo està D. Mecia, segundo a narrativa dos (126) ChrcnioE de D. Jo&o m— Parte IJl^ cap. a6. (127) A AMoa Portugaeia foi, corno se sabe, a segunda das obras posthumas do incanqavel Manoel de Paria e Sousa, sahindo em Lisboa, por Antonio Craesbeeck, em 168 if isto é, trinta e dois annos depois do fallecimento do auctor, em Madrid. Francisco de Andrada publicou a sua Chronica em 161 3, no anno anterior ao do seu passamento. Admittindoy pois, o caso, assés improvavel, convimos, ainda que nSo impossivel, de ter 0 chronista de D. Jo§o III tido connecimento do manuscripto de Faria e Sousa, e so* bre elle haver composto, na lìngua patria, os capitulos que se referem às guerras de Africa, e que, em tal caso, serìam apenns urna adaptaqSo, mais cu menos trabalbada, da bistorta d'aquelle polygrapho, a primeira cousa a fazer, para detengano, seria iim esiudo comparativo dos dois textos, disposi^fio de materias e feitio oq córte de expo- si^So d*ellas. NSo empreben demos tal estudo, que nos afastaria do proposito unico de bosquejar OS anteCedentes da familia de D. Brites de Sousa, e tampouco nos pronunciamos écerca da possibilidade ou impossibilidade de se dar o caso, tendo jd convindo no que é de improvavel. Emtanto, dois factos temos por singulares, no locante a este assumnto; — o assifznarem ambos os escriptores ao c€rco e rendi^So do Cabo de Aguer o anno ae i336, coro o adiante veremos, sem que possamos entrever, sequer, em que dados se fundaram para preferìrem ambos aquelle anno ao verdadeiro ; o contarem, um e outro, com fei • 95eS' utterarias t$o consemelbantes, o feito de Jofio de Carvalbo, a que acima nos re- porcamos. E tal consemelhanca se repete em outras passagens. aio ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ dois conformes escrìptores, ha que en tender-se que aquella D. Elvira, gue OS linhagistas dao por filha de Don Affonso, o claveiro, casada com Ro- drigo do Carvalhal, nao i filha ^ senao n^ta sua, filha de D. Guterre, a qual, ou por ausente, ou por jà fallecida, nao acompanhava n'aquelle transe, a seu marido e a seu pae, corno sua infelìz Irma. Nao deixa, no emtanto, de causar certa extranhesa que D. Guterre, jà, decerto, ao facto do extremado feito e dura morte de seu genro Joao Carvalho, ao tempo de fazer o seu relatorio a D. Joao III, podendo com o triste facto, augmentar a funerea lista constante d' aquelle documento, o omittisse, lembrandose so de seu outro genro, e do irmao d'este, para deixar no olvido o marido de sua desventurada filha, aquella desditosa mulheraquem ia succederò mais lamentavel de todos os infortunios: — escrava de um agareno, tornar-se em amante do vencedor de seu pae . . . E todavia, de tudo o que se passou de desastroso e de tragico em Cabo de Aguer, um so facto, aquelle, justamente, a que D. Guterre nem sequer allude, teve merecida voga e perduravel memoria ; — o heroismo de Joao Carvalho ! Com todas as circumstancias com que o narrou Fa- ria e Sousa, e o repetiu Francisco de Andrada, o cantou Luis de Camoes, e se na revisao a que sujeitaria o seu immortai Poema, houveram de ser sacrificadas as duas altisonantes Estancias que à tragedia dedicara, nao fica menos consagrado o feito, nem menos honrado o heroe, tendo me- recido, um e outro, que o Epico sublime pensasse em immortalisal-os, tornando-os merecido objecto d^ seus divinos carmes (128). (128) Por nossa parte, estamos até persuadiio que nSo seria commentario menos digno de aj untar aos diversos que se q3o jà feito do Poema, o que se applicasse a ameudar os motivos que levaram o Poeta ao repudio das 73 Estancias, entre as qua«s se encontram estas duas. Se em al^umas d'ellas prevaleceram, com effeito, «a facilidade e a prudencia de se emendar a si mesmov, virtudes que a bom fundamento Ihe attri- buiù um dos mais devotados editores do Poema, quere-nos parecer que tal facilidade e prudencia nem sempre foram suggeridas ao Poeta pelo simples obedecer aos dictames do gesto, e à demonstra^ao do quanto convinha expurgar a sua Obra de tudo quanto, escripto nos annos de juventuJe, pudesse prejudicar-ihe a perfei^ao artistica. Alguns motivos especiaes, de que certas omissoes nos parecem testemunho, infiuiriam tamoem na resolu^ao do Poeta, de concerto com as que fìcam apontadas. Como quer que haja sido, as Estancias a que nos referimos fazem parte das dex repudiadas, que deviam seguir-se, no canto X, após a LXXII, e se achavam no manu- scrìpto de Manoel Gorr8a Montenegro, segundo o explica Paria e Sousa, em -seus Coxn- mentariofl, Madrid, 1639. Aqui as transcrevemos, para que se facilito ao lettor benigno o exame comparativo eotre os trechos c|ue adduzimos no texto, deyidos àquelle auctor e a Francisco de An- drada» e a narrativa rimada do Poeta. Admirar-se-ha corno o seu escrupulo historico poude conciliar-se com as exigencias da rima. Estas sao as duas Estancias : •Olha Cabo de Aguer aqtd tornado Por culpa dos soldados de soccorro, Vés o f rande Carvalho alli cercado De imtgos^ corno touro em duro corro f De trinta Mouros mortos rodeado, Reyolvendo o montante^ dv[ : Pois morrò, Celebrem mortos minha morte escura^ E fa^am-me de mortos sepuUura: \ AS TENQAS TESTAMENTA RI AS DA INFANTA D. MARIA 21 1 xxm Pergunta-se agora, ainda que sem esperan^as de resposta de desen- ganar. — A immensa prole, attribuida pelos dois linhagistas nossos conheci- dos, ao veiho claveiro castelliano, veiu realmente toda com elle da sua patria? Eram todos castelhanos os fiihos de Don Affonso de Monroy? — Parece. Pelo menos, até D. Guterre, que o proprio Manso de Lima orthographou, corno vimos, d castelhana: tDou Guiierre*. D. Guterre, que em i5i5 passou à India, corno castelhano, e corno castelhano se deu a partìdo, em 1541, em Cabo de Aguer, os dois extremos da sua pouco brilhante carreira militar, ao servilo de Portugal (129); D. Guterre, que poderìa ter-se naturalisado portugués, corno outros compatriotas seus, corno Antonio de Salzedo, de Logrofio, um dos do seu tempo, corno outros estrangeiros : co janoez» Salvago, por exemplo, que deu o seu appelido a uma viella de Lisboa e porventura construiu o seu carneìro, na egreia do mosteiro de S. Francisco (i3o); D. Guterre, que preferiu 6cir, — e teria para tal suas razoes — e ficou, até o sumir-se por entre as mysteriosas sombras que envolveram a tragedia em que teve tao prin- cipal papel, castelhano para todos os seus contemporaneos, castelhano, para as memorias hìstoricas dos desastres em Africa e dos desacertos •Ambas pernas quehradaSy que passando Um tiroy espedagado Ihas havia ; Dos giolhos e bragos se ajudando^ Com nunca visto esforgo e valentia : Em tomo pelo campo retirandoy Vai a Agarena^ dura companhia^ Q}te com dardos e settas^ que tiravam. De longe dar-lhe a morte proeuravam». (isq) Se é que a nSo iniciou, antes da sua partida para a India, corno fronteiro em Aumor, visto que Manso de Lima nos diz ter le tido, quando no exercicio d*este cargo, 0 6iho D. TristSo. {i3o) Entre os diversos Arcebispos confirmados por Paulo IV, dois o foram nossos conhecidos, e um d'elles compatriota nosso, e nosso conterraneo; D. Fr. Bartholomeu dos Martyres Poi o outro, Agostinho Salvago, Arcebispo de Genova, presente, corno o antis- tite de Braga, ao Sagrado Concilio Tridentino. A carta de naturaiisa93o roandada passar por el- rei D. Manoel ao parente do Arcebispo, Antonio Salvago, cmercador janoez», tem a data de i3 de setembro, de i5oo. Segundo Christov&o Rodrigues de Oliveira, xerà havido na segunda metade do se- culo XVI, em Lisboa, e freguesia de S. Giào (S. Juliao), um beco, denominado ado Sai* vago». No seculo XVI f, elevada a categoria da viella é classe de «travessa», mas tran- sfigurado o distico, segundo costume, apparece-nos em Carvalho da Costa^ o abeco do Salvago» fé ito «Travessa do Salvagemn. Meiado o seculo XVIII, jà este «Salvagem», que o vulgo créria ter sido algum setvagemy de outras eras, estava no plurai; — ja eram «Salvagens» os dominanies na tal tra vessa. O terremoto de 1755 pulverisou tudo isso, e 0 espirito aprumado e nivelador do Grande Marquez assentou llie em cima a Cidade Baixa. Quanto ao ca metro dos Salvagos, em S. Francisco da Cidade, reporta-se a nossa presump<;ao ao que lemos in Blem. para a Hlat. do Mun. de Iiiaboa, nota i, da pag. 2 do Tom. XI, sem que, por agora, nada mais possamos accrescentar. ai 2 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ da India ; castelhano, com o seu castello de oiro, em campo permelho^ — triste irrisao do destino ! — campeando no primeiro quartel do seu vis- toso brasao, corno fidalgo dos de mais antiga stirpe na Europa, segundo o douto Severim de Paria \ comò fidalgo que vinha dos godos, a maior, a mais incontestavel nobresa de toda Hespanha Mas que D. Guterre ficasse castelhano, servindo Portugal, nao é nomea^ao de ca- *imeiro Alcaide de que D. Manoel Ihe desse a capitania de urna néo para a India? E Sancho de Toar, que poetou no Cancioneiro^ outro que tambem foi patrono de urna rua n'esta capital ( 1 3 1), nao foi capitao de Sofala ? E aquelle tao bem humorado Guadalajara, «muy gracioso em seu fallari, Alcaide- mór de Cananor ? E Antonio de Saldanna, «fidalgo castelhano, irmao de Joao de Saldanlia, Veador da Casa da Rajmha Dona Maria», que em i5o3, indo para a India, descobriu a Agoada, a que ficou ligado o seu appelido ? E Joao de Rojas e Pero Vaidcz, que para a India passaram, em i5i2, nas nàos de Jorge de Mello? E tantos, e tantos outros caste- Ihanos ; os Ortegas e os Mancias, os Sayvedras e os Vilhalobos, os La Torre e os Inhigues, os Calatayud, os Alvarados, que, seculos revolvidos, chegaram d litteratura do theatro, os La Puente, os Almansas, de appe- lido fatai és armas portuguesas, pullulando todos nas paginas da nossa historia da India, com diversos merecimentos e fortuna diversa tambem ? O recenseamento dos castelhanos que, em todos os tempos, serviram em Portugal, independente, e em suas possessSes do ultramar, na guerra, na magistratura e até em altas func^es ecclesiasticas, se fosse possivel fazel-o exacto e completo, dcmonstraria pienamente urna verdade: — que a politica de Portugal, sob o ponto de vista da immigrafdo^ foi de todos OS tempos, exemplarmente acolhedora e tolerantissima. De facto, se de Franca e da Italia ; se ultimamente, da propria Flan- dres, perturbada por motìvos de religiao, tantos individuos vieram procu- rar em Portugal, e naturalmente em Lisboa, capital do reino, uma se gunda patria, continuando a justificar assim as asseri;oes de Damiao de Goes (i32), e acharam aqui livre curso e favor a seus meritos e aspira^Ses, concorrendo com os naturaes aos empregos e preeminencias pùbiicas, bem vistos e recebidos sempre por nossos monarchas, por que motivo nao lo- grariam castelhanos eguaes vantagens, sendo ininterruptas e cordealissi- mas as nossas rela^Óes politicas, sociaes e commerciaes com Castella, pri- meiro, depois com a entidade politica assimiladora, que passou a denomi- nar-se «Hespanha»? É verdade que nem sempre taes acquisi^oes para a obra gìgantea do avassallamento mdiano, davam os melhores resultados, comò oo caso pre- (i3i) Em Chriscovao Rodrigues de Oliveira, Sammario, <£, «Rua de Sancho de Toar», na Freguezia da Magdalena («da Madaiiela»). 03a) a... ciuo factum est, ut multi mortales ex diversis nationibus terrìsque re- motissimis, caeli puntate pellecti, illuc commigrarint, derelictoque sólo natali et pa- triae, cura posthabita^ perpetuam ibi sedem viiaeque domicilium posuerìnt*. Olissiponis descnptioj in Hispania niustrata— Tom. II~i&>3. AS TEN^AS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA ai3 sente^ corno em outros, taes quaes o d*aquelle Don Luis de Gusmao, de quem, andando homisiado em rortugal, e conseguindo passar à India, n*um a nào cheia de comp atrìotas seus, a historia d'aquelle Imperio nos conscrvou tao execrandas recorda^oes. Como o do proprio Joao da Nova, a quem 0 grave e conspicuo Barros, presta tao honroso testemunho de capacidade e aptidao (i33}, e que nem por isso deixou de ser, afinal, um dos causa- dores dos desgostos e malqueren^as que mataram AfTonso de Albuquer- que, imal com Deus, por causa dos homens, mal com os homens por causa de Deus» . . . Que provam, porém, estes ou semelhantes exemplos? Um outro facto inilludivei; — que o individuo é o mesmo em loda a parte; bom e mau, e que, portanto, nao ha na^ao alguma que possa reclamar para si o exclu- sivo, em assumptos de bondade absoluta de caracter, de valentia e de in- telligencia, tres condicoes, pelas quaes o genero humano se exalta ou se rebaixa. D. Guterre de Monroy partiù, comò dissémos, para a India, em com- panhia de seu ìrmao D. Fernando e do sobrinho de ambos, D. Joao, na armada do Governador Lopo Soares de Albergaria, que Barros nos diz ser tio de sua mulher, D. Marianna da Silveira (i?4). . Este esclarecimento explicaré, porventura, o motivo por que D. Gu- terre fa jà do reino despachado capitao de Goa, ccom alabardeiros de sua guarda», comò nota o minucioso Gaspar Correa. O que suscita^ nao sa- bemos se justificada admira^ao, é a inconsciencia com que isto se fazia ; a facilidade com que a corda dava urna capitania d^aouella importancia a um estrangeirOf castelhano ou nao castelhano ; um ndalgo de brasào, é certo, mas que nem sequer se naturalisara, so porque na mercé se empe- nhou, bem provavelmente, o tio da mulher do agraciado, recebendo na règia acquiescencia um dos muitos favores, socios da sua nomea^ao para 0 alto cargo em que la investido. Seja. porém, comò fór, D. Guterre de Monroy, — é impossivel des- conhecel-o^-nao se mostrou digno da regia confian^a. A armada que foi i India em i5iS la eivada d'aquella especie de peste que ataca o espirito, e podemos chamar :[iiania. As més paixoes que a compuzeram, haviam de produzir seu fructo. Toda aquella gente, cfesde o Governador nomeado até o simples capitao do navio mais somenos, ou da fortaleza de menor considera^ao ; toda aquella gente la persuadida da missao vingadora de que a encarregara o reinante, affrontado elle proprio pelas suppostas de- masias, em que habilmente Ihe haviam feito acredìtar incorrerà contra o real poder, o terrivel, o implacavel perseguidor dos que attendiam mais ao proprio interesse, do que ao servilo de el-rei ; o intemerato AfFonso de Albuquerque. Por isso, OS Que voltaram à India, para vinear-se d'elle, saboreando o prazer diabolico ae assistirem a sua deposi^ao, e tartar-se de fazerem quanto (i33) Decada I—Liv. V, cap. X. (i34)Idemin » I, » VII. 214 ARCHI VO HISTORICO PORTUGUEZ elle Ihes nao permittira, acobertados com a delegacia do magestatico des- peito, considerando se no exercicio de una dever de obediencia, disfarla- vam com hypocrisia as pessoaes intengóes ruins sob o aspecto de um de- votado zèlo pelo servico do monarcha. Pelo que respeita aos que iam de novo, e nada tinhaoi que ver nos ajustes de contas dos inimigos do Grande Capitao com elle proprio, esses nao se deveriam considerar menos ligados ao pensamento que figurava ter inspirado a composiqao d*esta arraada ; — continuar a mantenga da posse de lodo o commercio orientai, mas sob a inspec^ao suprema da rè- gia auctoridade, a qual, de cà, de Lisboa, e com os apoucados meios c|ue entao come(;avam a ensalar-se apenas, para manter a ligacao maritima da extrema Europa com a extrema Asia, a nìnguem deixava, com ridiculo ciume, suppor que Sua Alteza nao vi via nos Pagos da Ribeira, e nao era dahi que se fazia obedecer. — Ora, para o affirmar, com pessoal proveito, é que elles ahi iam, cada qual com a vontade e o bra^o feitos ao duplo proposito. Assim uns e outros, viajavarn para a India n*um commum accòrdo tacito; tirar da India quanto pudessem, quaesquer que fossem os meios a empregar. A fei<;ao que tomaram as cousas n'aquellas remotas para- gens, desde que o novo Governador entrou a emendar os erros do Grande Extincto, mostrou bem claramente que o zèlo dos que se nao se descuidavam em ajudar Lopo Soares a cdesfazer em todolas cousas» do seu predecessor longe de esfriar, sempre que o pessoal proveito se offe- recia, redobrava, pelo contrario, a tal ponto, que nada mais foi preciso, para que, em um momento, em toda a India se divulgasse a fatai nova: — cNao ha dùvida que morreu Affonso de Albuquerque !» Para isto, bastou tao so que Lopo Soares «desse licenza a todos que navegassem, e fóssem tratar por onde quigessem», Comeqàmos entao a fazer à navega^ao indigena da India o mesmo que os hollandeses nos fi- zeram depois, acoi^ados atràs do cesparavel» da Ilha de Santa Helena. Com està so differenza ; que elles procediam comò a aranha, esperando a presa do fundo da sua teia, e nós abordavamos as naus de Méca, per- correndo aberta e denodadamente os mares que ellas sulcavam. D. Fer- nando e o sobrinho, tanto que chegaram a Goa, foram despachados, para irem roubar, um ds Maldivas, outro na costa de Cambaya. D. Guterre poderia ter agora seus trinta e seis annos, dado que or- basse pelos sessenta e dois, que teria em 1541. «E passo de sessenta annos», escrevia elle entao a D. Joao IH. Sem saber onde ficava a India, nem o que era, jd levava para ella uma das melhores, senao a melhor, decerto, e, depois da do Governador, mais honrosa representa^ao ; — a capitania de Goa, e com alabardeiros de sua guarda». E ali, na mais al- terosa d'aquellas doze nàos, vinha o representante de Sua Alteza, no Oriente, o Governador da India, seu protector, seu parente, ainda que por afìnidade; o todo poderoso tio de sua mulher. Porque nao seria, pois, D. Guterre, elle, o descendente de uma familia de tarbulentos e de ron cadores, entre os quaes de raro as generosas qualidades de caracter que assignalam os verdadeiros valentes, sabem aliar se ao esfor^o e ao valor AS TENgAS TESTAMENT ARIAS DA INFANTA D. MARIA ai 5 pessoaes; porque nao seria elle, que, no decurso d'essa tSo malfadada viagem para a sua honra de cavalleiro leal e destemido, concebeu a ten- ga© de urna vingan<;a covarde e miseravel ; porque nao seria elle jà co philaucioso castelhano» que, em duas palavras, ficou retratado no livro Sepnlturas do Esplnlielro? (i35) Era o, com eflfeito, porque um philaucioso é, em regra, um pusilanime, e um pusilanime nao tem auvida em vingar se, nao de rosto a rosto, mas traifoeira, mas indirectamente, pela obra de um sicario. Foì o que fez D. Guterre, tanto que póz pé em terra ; tanto que en- trou aquella cidade, onde ia ser o supremo arbitro da paz e da guerra. Poi o que fez o capitao de Goa, logo em tomando posse do seu governo; — um assassinio, por maos de terceiro, abusando da boa fé amiga de um alliado do seu rei (i36). Escrevemos para ser, naturalmente, lido -por uma ordem de leitores, aos quaes os diversos episodios do nosso dominio na India, de maior trans- cendencia e vulto, nao podem ser apresentados por novidade. Nem a re* petigao do que tao auctorìsados narradores e historiadorcs deìxaram me* morado nos cumpriria emprehender, quando tal ousassemos. Limita-se o nosso empenho ao succinto recordar de factos que bastem ao proposito: — - esbo^ar o triste papel que D. Guterre a si proprio se destinou. Acceitan- do 0 das circumstancias da occasiao, com tanta imprudencia, quanta vi- leza, este nosso detestavel auxiliar castelhano ficou sendo o prototypo da legiao de mal intencionados, de ambas as nacionalidades, que prejudica- ram, na India, a obra da consolida(;ao amiga e judiciosa politica, de que Affonso de Albuquerque, que tambem teve amigos castelhanos, deixou langadas as admiraveis bases. E' de lembrar, pois, e n'este so intuito, que a faganha com que D. Gu- terre de Monroy inaugurou a sua capitania de Goa teve seguimento. Vin- gadoFernao Caldeira, na propria bora da sua aleivosa morte pelo seu ami- go e seu hospedeiro, o Àngoscao, premeditou logo D. Guterre tomar a desforra da desfeita que este Ihe fizera, remetendo-lhe o corpo do assas- sino, por elle proprio mandado matar. Originou-se d'estas represalias, e dos desvairados tramas de D. Guterre contra o honrado capitao de Fon- da; tramas em que a esfaimada cobi(;a do capitao de Goa ia consocia com 0 seu desejo de vingan^a, o famoso cérco da capital das nossas posses- s6es na India. Assim punha o estrangeiro D. Guterre de Monroy o prestigio portu- gués no Oriente à mercé de seus tao imprudentes, quanto crimmosos ca- prìchos; assim rebaixava o indigno fidalga castelhano a sua prosapia, a sua posi^ao, a sua auctoridade e a representa(;ao politica de que se acha- va investido, ao nivel do mais covarde assassino, do mais aieivoso ronca* dor. (i35) A pag. 28, a proposito da Sepultura n.» 16, de que ainda viremos a fallar. (i36) O assassinio de Femio Caldeira, por mandado de D. Guterre, come^ando pelo vii proposito de uma aleivosa vingan^a, teve posteriormente, segundo o dà a en- teoder Barros (Doo. Ili, L. I, cap. VII), outro movel nao menos abjecto ; os bons olhos coip (|iie Dt Qut^rr^ via a mulher do assassinado. 2i6 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ A emboscada de Pondà, que houve de custar a vida ao abjecto auctor do plano, o degradado Joao Machado, constituiu pretexto para as cpri- meiras armas» que na India fizeram o irmao de D. Guterre, o irrequieto D. Fernando, e o sobrinho, o desastrado D. Joao, a quem a natureza pa- rece ter assemelhado, na curta intelligencia, a seu tio D. Guterre. O ex- Eerimentado auctor do Indice Heraldico, sr. visconde de Sanches de iaena, attribue aos dois cdistincto valori, na sua passagem pela India. Como o distincto valor d'estes dois condottieri^ d'estes dois futuros pira- tas dos mares orientaes, se assignalou, fugindo diante das gentes do An- goscao, deixou-nos a Historia circumstanciado relato. N'iste, porém, se mostra ainda o que valia a penetrante intelligencia de D. Guterre, posta ao servilo de suas ruins paixoes, e de sua desenfreada cobi^a; — que nem para propiciar o exito da arriscada trai^ao, em que resolvera interessar o prestimo do vii degradado, soube captar- Ihe a boa vontade e animar-Ihe o desejo de o bem servir, nao Ihe negando, pretendendo dal'a ao irmao, a direc^ao d'aquella honrosa empresa. Semelhantes expressoes às ao sr. visconde de Sanches de Baena em- pregou Manso de Lima, corno vimos, promettendo-Ihes nós ulterior refe- rencia, àcerca da parte que a D. Fernando coube, no sustentar, com seu irmao, o cérco de Goa. Ora, se em Pondà, a tenta^ao diabolica de ser primeiro, no tornar a cobi^ada presa — o thcsouro do Angoscio —, fazen- do-lhe commetter contra o seu auxiliar, a falsidade de pretender adian- tar-se-lhe, transpondo a linha de limite das propriedades do representante do Hidalcao, Ihe frustrou* com sacrificio de gente e armas, a empreza a que se abalanqara, sem reflexao, sem escrupulos, voltando de lé acossado e vergonhosamente corrido, no cérco de Goa, a lic^ao recebida por es- treia dà ao seu egrande valor» o merito de quem outro remedio nao tem, senao fazer boa cara à ma fortuna, esperando que outros venham livral-o das aperturas da situa^ao. Tal é a parte commum aos dois irmaos, n'este triste episodio, tao imprudentemente suscitado, redivivas ainda as recor- da;6es saudosas do Vencedor do Sabayo. XXIV Manoel de Farla e Sousa e Francisco de Andrada^, os dois escripto- res que narram a tomada da fortaleza e villa do Cabo de Aguer pela mourisma, assignando-lhe data precisa, referem este desastre ao anno de i536 (iSy) e assim ficou assignalado na historia bem imperfeita do nosso dominio em Africa. (137) Paria e Sousa, após ter narrado. a pag. 166, a investida de i533, dando-!he corno causa o desejo que a gente de . Francisco de Andrada, por sua parte, escreve (P. Ili cap. 26.<') : a& com toda està AS TEN^AS TESTAMENTARI AS DA INFANTA D. MARIA 217 Admitte-se que Paria e Sousa, ausente em Madrid, escrevendo por apontamentos, nos quaes o erro de urna data é rasoavelmente concebivel, inquina com semelhante imperfeigao a sua narrativa. Jé, porém, se nao acceita com egual facilidade que ucn escriptor, porque assim o digatnos, officiai^ um chronista dos faits et gesies do reinado que se propoe, ou é mandado relatar, dispondo, por conseguinte, de quantos docunfientos de desengano pode carecer, para auctorisar as suas narrativas, Guarda-mór d'elles, até, corno foi Andrada, pratiaue tao evidente anachronismo, quan- to é facil de denaonstrar e de emenoar. Mais difficil seria, se entrassemos a esnierilhal-o, explicar o nootivo por que o polygrapho e o chronista, seo), provavelnoente, se conhecerem, se accordaram no proposito de repetir-se, errando. A villa de Santa Cruz, do Cabo de Aguer cahiu em poder do filho do Xarife marroquino em 1541, isto é, proximamente à data que se dà por provavel ao nascimento de Francisco de Andrada; ciuco annos de- poìs do fixado pelos dois historiadores a este revéz. Narrou o chronista de D. Joao III o desastre a annos de distancia, e provém dahi ter imper- feito conhecìmento de quando o facto se desse ? Mas nao dispunda elle, ali, na Torre do Tombo, cuja era Guarda-mór, do mesmo documento que foi facilitado a Fr. Luis de Sousa, para desculpar, em seus Anuaes, 0 de^sleixo descaroavel e inepto de D. Joao III ? E nao desmente o allu- dido documento, de modo ineluctavel, a data impugnada, mostrando, sem sombra de dùvida, que a perda d'aquella possessao portuguesa se deve ter dado precisamente no dia 12 de margo, de 1541 ?— Nao podia, em summa» Francisco de Andrada consultar a carta que D. Guterre de Mon- roy, capitao da fortaleza do Cabo de Aguer, escreveu ao monarcha, dan- do-lhe larga conta de corno tudo se passara, em data de 2 de abril d'aquelle anno ? Aquella carta escripta, comò jd dissémos em e Turudantei^ (i38) cidade gente a cercou (0 filho mais velho de Muley Hamet) de mar a mar este anno de mil quinhentos e trìnta e seis». Este auctor chega a assignar a um dos grandes assaltos que os mouros deram é fortaleza o dia «12 de agosto», o que podere, acaso, entender-se por qualquer especie de reconhecimento dos assédiantes, após os preparativos geraes do c8rco, levado a effeito n'aquelle mez, mas do anno de 1540. (i38) Tal é a repetida graphia do auctor dos Annaes, nas diversas passagens em ?ue teve que referir-se a està cidade ; o que procederà de urna de duas cousas : — ou r. Luis de Sousa leu «Turudante» no ms., e reì;ulou por essa, necessarìamente imper- feita, leitura a graphia do vocabulo, sempre que teve de o empregar, ou elle admittia menos advertidamente està lic^ao corno corrente, e transcreveu a data do ms. tal qual estava no costume de escrever o nome da cidnde a que se referia. No emtanto^ é de no- tar que Francisco de Andrada, o chronista de D. Joao III, tambem escreveu Turudante^ a unica vez que se referiu a està cidade, narrando o desastre de Cabo de Aguer. Co- mo quer cjue seja, Manoel de Paria e Sousa, Air. Fortug., escreveu «Tarudante», posto que Tarodante seja a fórma verdadeira, fundada na latina: •Tarodantumv^ corno exemplificou o Jesuita Henr. Scherer. em suas TabelladGeographio», ili/^M5f. Vindel. à Delingce, (Augsburgo) M. D. CG. XXXVII (Pars VI) : ^Regn. Marooco— Tarodant— Tarodantum— V. et cap. Prov. Susa. Long. 9, 48— Latit 29 400. Tambem se imprime à francesa, tuTaroudanU, 2i8 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ onde residia o mouro vencedor, e para onde fez conduzir os captivos e o material de guerra da derrocada fortaleza, tem um cunho de actualidade impossivel de desconhecer. Nao seria, de certo, a cinco annos de distan eia que D. Guterre emprehenderia a tarefa inarata de narrar ao rei toda aquella serie de fatalidades com que a imprevidencia governativa, a inca- pacidade nnilitar, o panico, em sunima, que se apossou dos naoradores da villa, apostado em accelerar a rendigao da fortaleza, se conjuraram para preparar ao infeliz defensor, ao misero pac, duas vezes misero, se vinga a lenda que figura a filha fiadora dos favores dispensados pelo vencedor a seus captivos, o opprobrioso castigo dos delictos e dos crimes do anti- go capitao de Goa (iSg). Nao basta, porém, contradizer a Historia ; é mister provar-lhe o erro. O nosso Grande Epico, por conveniencia metrica, illidiu a primeira syllaba d'este vocabulo, reduzindo a tres as ouatro de que elle se compoe. Da-se o facto em urna das viEstancias omittidas» do seu Poema, a terceira das que deviam seguir-se é XXXII, do Canto Vili, e de que abaixo copiàmos os cinco primeiros versos, conforme o originai, impresso no Tom. Il, pag. 214, da ed. de Paris, MDCCCXV, ja transcripto dos Com- mentarioSy de Paria e Sousa. O Poeta exaltava, nas alludidas tres Estancias, a «Illustrissima Casa de Bragan^a», retratava o Duque D. Jayme, e celebrava a tomada de Azamor. Nao se percebe o ina- piedoso despreso d'estas tres t§o bellas oitavas. É provavel que alguma rarào politica Ihes fosse madrasta. Em todo o caso, estes sao os cinco versos alludidos : nE se 0 famoso Duque mais àvante N3o passa co'a catholica conquista^ Nos muros de Marrocos e Trudante^ E outros lugares mil à escala vista; Nao he por f alta de animo constante, n JoSo Franco fìarreto, em seu Indice dos nomes proprios, contidos no Poema, con- tentou-se ém explicar : «Trudante, Cidade populosa da Barbarla.» A geographia moderna poe està cidade a 23o kil. de Marrocos, diPa circuida Je altas muralhas, e fnz-lhe uns 20:000 hab. Fabrica urna especie de capotes, chamados haiks^ e exporta salitre. (139) Gaspar Correa, muito mais artista^ em sua singelesa de narrador despretea- cioso, e poeta verdadeiro ; poeta em prosa, bem mais sentimental, do que muitos poe- tas em verso, guarda se bem de editar a versao que Manso de Lima copiou de Paria e Sousa, de ser a fìlha de D. Guterre casada com Joao Carvalho. Para o pictoresco auctor das Lendas, a victima do grande infortunio paterno foi «huma fìlha sua, muy fremosa dama», que D. Guterre «là leuàra pera le a casar». Que differenza entre o proceder d'està donzella, sacrificando se à futura liberdade de seu pae, e ao bem estar e facilita- ^ao de resgate de todos os seus companheiros de desdlta, de ambos os sexos, caviuva de Joao Carvalho, tao atrozmente mart)^risado, entregando-se ao lascivo mouro, por mal concebido dcspeito, aticado pela feminil vaidade 1 Podere a «D. Mencia», do descórado historiador, ser mais real, mais verdadeira mu- Iher, do que a poetica donzella, martyr tambem do fìlial e do humano affecto. Masem- quanto aquella, bem longe de nos inspirar interesse, quasi nos suscita repulsa, a crea' gao do bom Gaspar Correa entalha-se nos n'alma, com toda a consoladora impressSo gratissima que nos deixaria a casta visao de um anjo. Certo é, tambem, que lendo e relendo a carta de D. Guterre a D. JoSo HI, e appro- ximandoa do texto de Gaspar Correa, alguma cousa nos fàz crér antes na versao d*este, do que na de Paria e Sousa, que os termos da alludida carta nao confìrmam, antes pre« judicam, segundo vimos jé. AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA aig Que escreveu, em summa, D. Guterre de Monroy a el-reì D. Joao HI ? Acinja-monos, por agora, ao menos, à averigua^ao do anno em que o desastre se deu. Logo em come9ando a leitura, fìcaremos desenganados : cSeahor, — cometa D. Guterre — despois da chegada de Manoel da Camara ao socorro, entrando De^embro, escrevi a Vossa Alteza por Joao Marrins de Alpoem, &c.» Sendo, corno està dito, està carta datada de 2 de abrii, de 1S41, que dezembro é este, senao o do anno anterior ? E' pois darò que entre o nm do anno de 1540, e os primeiros tres mezes do anno de 1541 se deu a tra- gedia. Proseguindo, porém, na leìtura d'este tao eloquente documento, vemos 3 uè pelo Alpoem expusera D. Guterre ao rei quanto era insufficiente o iminuto soccorro que Ihe levara Manoel da Camara, informando, ao mes- mo passo o reinante, por dois moradores, dos progressos do cérco. Re- cordava D. Guterre que'tudo o que el-rei Ihe prometterà Ihe faltara, e tampouco ihe acudira o soccorro que à Madeira e à Canaria manderà pedir. Os mil horaens com que D. Joao III o animava, e que iriam, no galeao cS. Joao», e outros navios, nunca le haviam chegado. Da costa da Malagueta, com que tambem o esperan^avam, nada viera; a mesma poK vera, que a Safim mandou buscar, faltou. tDe nenhuma parte nos socor- reram; bem creio que nao seria por nao terem para isso muy boa von- tade> — accrescenta o triste captivo, que o infortunio tornara generoso. Por quatro navios, emfim, uns após outros expedidos, muito miudamen* te informara elle a el-rei do trabaiho e risco em que estavam os assedia- dos, pedindo-lhe com encarecimento quizesse prover (140). Emtanto, apertavam os sìtiantes. Vinte e dois dias, de dia e de noite, jogou a artilharia da mourisma, derribando todo o alto do castello e os cu- bdlos exteriores. A io de margo, urna quinta feira, commetteram os mou- ros a entrada pelo entulho da cava, sendo, porém. repellidos com gran- des perdas. Na manha de sexta feira, voltaram de novo, mas no mais ac- ceso do combate, o descuido de um soldado provocou uma explosao, e arrebentava a torre do facho, com loda a artilharia. Ahi morreu Rodrigo do Carvalhal, e seu irmao, com irinta e sete homens, dos melhores que lìavia na villa. Ainda assim, e apezar d'este desastre, os assediantes nao levaram a melhor, e tiveram de deixar a empresa para o seguinte dia, teroeiro do commettìmento. Come^ou a terrivel jornada, ao alvorecer do malfadado sabbado, por um ataque geral d escala. Jd, porém, Manoel da (140) Parece que o soccorro pedido chegoUyX:om efifeito, a ser ordenado, e se de- duz da passagem de GaNpar Correi, adiante tran>cripta SenJo, porém, destacado da armada que estava prestes a sahir para a ladia, houve ma vontide na execu^ao da prò* videncia, e ao facto allude Camoes, que se mostra bem informado, comi vimos em Nota (118) : — «Por culpa dos soldados de soccorro», escreveu. E' darò que a geote a quìm to:0'-i esie servilo» vendo-se frustrada da viagem da India, promettedora de vantagens e riqu2zas que a traversia para a Africa Ihe nao abo- nava, sendo, de mais, provava! o risco de morte, e o priveito nenhum, nao engra(;ou com a muJanca de destino, e traduzìu o siu desgosto pela formi unic^i possivel de o conciliar com a obediencia : — remaichau-se, até qu3 a niticia da reaJi^ao da forti- leza demonstrasse a inutilidade da diligencia. 220 ARGUIVO HISTORICO PORTUGUEZ Camara tinha derribado duas bandeiras mouras na torre de mcnagem, repellìndo com exito o inìmigo, e os cassises, no campo, requeriam se sus- tivesse a ce^ae furiosa investida, attendendo à mortandade enorme que os sitiados faziam, quando se deu na villa o terrivel panico, de que resultou o dcsgra<;ado fìm do dominio portugués em Cabo de Aguer. Os morado- res comegaram a lan^arse desesperadamente ao mar, onde os bateis das caravelas que na bahia jaziam ao largo, inactivas espectadoras do terrivel quadro, os recolhiam) em vez de os afugentarem para terra evitando assim a continuando da fuga. Das cordas que os fugitivos deixavam penduradas pelos pannos das muralhas, se aproveitavaoi os sitiantes, trepando aos derruidos parapeitos, e levando diante de si, às cutiladas, mulheres, ve Ihos e crianf as. Acudiu là D. Guterre, que aìnda ouviu fallar em trai^ao n'um dos cubellos (141), remediando comò foi possivel o trastorno, mas o desastroso efiTeito da precipitada fugida dos moradores fora decisivo. Os assaltantes, que jà desanimavam perante a vigorosa defensiva dos assediados, haviam cobrado novo alento, e, ou despejavam o terreno dos seus proprios mortos, puxando-lhes pelas pernas, ou dos inanima- dos corpos faziam degraus por onde se precipitavam em turba por cima dos desmoronados muros. Por seu lado; D. Guterre voltara a torre de menagem, onde achou um dos fìlhos morto, e Manoel da Camara, com a rodela despeda<;ada, ferido e quasi abandonado, porque a mais da gen- te, dando tudo por perdido, tratara de procurar na fuga uma duvidosa salva^ao. Com OS poucos que os acompanhavam, intentaram ainda os dois algu- ma defeza, mas, tendo-se dado nova explosao n'est'outra torre, sahiram dati, apenas seguidos de sete ou oito companheiros, no fito de derribar a ponte da cava para a villa. Nao o conseguiram, porém, que Ih'o defen- deram as innumeras espingardadas da mourisma. Desesperados, dando de barato as vidas, feridos D. Guterre n uma perna, e Manoel da Camara na mao da rodela, ainda varreram ambos a ponte, deixando-a juncada de cadaveres. Ao accolherem-se, porém', à porta da villa, os tomou a chus- ma inimiga, semi mortos de can^asso, e ahi nao ficaram trespassados, (141) O cerco e a rendii^So de Cabo de Aguer andam narrados na historia por mo- do, além de imperfeito, propositadamente pouco sincero. A taes senoes se aggregou a lenda, poetisando o desfecho do desastre. Tomou a si este, ao menos, innocente encargo o bona Gaspar Correa, que là da India, viu o traidor, a por alcatifa à janeila, em Cabo de Gué, para signal acs assaltan- tes, e todas as mais poesias que se 18em a pag. 2x3 e 214, do Tom. IV P. i.% das suas Lendas. Nas circumstancias angustiosas em que se achavam os moradores da villa, nao afifei- tos à profìssao das armas, guarnecendo as estancias por necessidade. mais qus por offi- cio, qualquer accidente seria bastante para determinar o panico, e fazer surgir o terri- vel vocabulo. D. Guterre, que à data da sua carta a D. JoSo III, devia estar jé ao facto de todos OS porroenores de que nao tivesse podido ter conhecimento, no final conflicto, n§o parece ter acreditado em trai^ao, defìnida e facil de provar. O que aobseiva^Sode factos semelhantes corrobora, é que, em regra, os que os praricam, recorrem sempre a tal desculpa, para justifìcarem a sua falta de sangue frio perante o perigo, soccorren* do-se a accidentes, tantas vezes mèramente foftuitos, comò n*este caso, talvez, para a fazerem explicavel e perdoavel tambem^ AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 221 porque tendo sido reconhecidos, Ihes pouparam as vidas, para os captiva- rem (142). Era sòl posto, quando tudo acabou. «Ahi perdi toda minha fazenda — conclùe o malaventurado D. Guterre — e assim a perdeu Manoel da Camara. Ahi foi captivo, meu fìlho D. Jeronimo, queimado ; ahi foi captìva minha filha, — geme o misero pae — que sinto mais que toda a minha fortuna >. Aqui està pois como^ pelo proprio testemunho do vencido e captivo capitao, nao resta dùvida de que foi, com effeito, no sabbado 12 de mar- (o, de 1541, que a fortaleza e a villa do Cabo de Aguer cahiram em poder dos marroquinos (143). Nao sao precisas mais provas, que ah'às nao faltam na propria narra* tiva de Fr. Luis de Sousa, e corroborariam a data que fica assignada à perda de Cabo de Aguer, se o auctor nao tivesse inserido aquelle formai testemunho em seus Annaes (144). Figuremos, porém, que a carta de D. Guterre a D. Joao III nSo tinha sido impressa, ou, o que vale o mesmo, que os Annaes nao tivessem sido publicados. Ainda nos restava um testemunho ìrrecusavel, para provar, con - tra Faria e Sousa e Francisco de Andrada, que a rendi^ao de Cabo de Aguer se déra em 1541, e nao em i536, comò os dois deixaram asseve- rado. — Restava nos Gaspar Correa, contando a partida para a India da armada em que la por Governador Martim Affonso de Sousa, e que o 1)ictoresco historiador das nossas grandesas e das nossas miserias n'aquel- as longinquas paragens reporta ao anno de ib^i. Ou9amol-o por um pouco : «N'esie anno presente parilo do Reyno pera Gouernador da India Mar- dm AffoQso de òousa, que n'estas partes fora capitao mór do mar em tempos de Nuno da Cunha. Estando prestes pera partir com dez naos, ElRey desarmou d'ellas cinqo (145) que manaou com' gente em secorro (142) O que é remate bem differente do que architectaram Paria e Sousa e o chro- nista Francisco de Andrada, figurando a D. Guterre «fazendo-se forte na torre de me- nagero», e dando*se «dali a partido com seus fìlhos e alguns fìdalgos e gente nobre, que inda estavSo com elle» ; palavras quasi as mesmas em um e em outro dos dois escri- ptores« (143) Nao escape notar que na rela^So dos mortos dentro da fortaleza, enviada de Safìm por D. Rodrigo de Castro, figura um Francisco de Cam5es. (144) Por esemplo, na passagem do Gap. 9.* da P. II, narrando o caso da fugida do Bispo de Vizeu, '*n'este nnno que vamos correndo de i54i^y em combina^So com o Co- rnelio do cap. X, da mesroa Parte : «Na for^a mayor do sintimento que ElRei tinha da fogida do Bispo Dom Miguel, foy Deus servido carregar-lhe a mio com outro, que, por ser em materia de Estado, Ihe deu novo e mayor desgosto. Perdeo-se em Alrica, na entrada de Mar^o deste anno,, a villa de Santa Cruz, do Cabo de Aguer». Ha so a notar que D. Miguel da Silva jé em 1541 estava ausente do reino, corno o deixou averiguado Herculano, in Hiat. da Inquis. Tom. Ili, pag. 3o8, da 2." ed. (145) Quere dizer, «separou da armada» ; ordem que haveria de implicar certo mo vimento de material, e novos trabalhos de escripta, relativos ó matricola e diverso des- tino das ^arnii^des, etc, etc, no que se consumiria tempo, tambem. Pelo seguimento da narrativa de Gaspar Correa, deprehende se que a D. Jo§o III nao se Ihe deu de to- rnar o pretexto do soccorro a Cabo de Aguer, para reduzir a armada para a India a metade do primitivo efiectivo, e por motivos que n§o sao, decerto, os que o crèdulo Gaspar Correa registou. 222 ARCHI VO HISTORICO P0RTUGUE2 ecn Àfrica, porque chegou certa noua gite o castello do cabo de Gué era tornado de mouros (140), sobre o qual veo o xarife com muyto poderio, com que o cerquou, e Ihe fez muyta guerra com serras de terra qne so- bre a fortaleza trouxerao, &.» (147) Parece-nos que nao poderiam restar dùvidas, se mais decisivas ainda, do que està, nao tivessem apparecido outras provas. K jà agora» nao nos despediremos d'este assumpto, sem pedir licenza ao conspicuo Director do Arohlvo Hi&torioo, sr. Anselmo Braamcamp Freìre, nosso presado Amigo dilèctissimo, para ofTerecer à sua conside- rammo benevolente um muito modesto alvitre a adontar, àcerca da data gravada na sepultura N.® 16, do cruzciro da egreja do Espinheiro (Evora) (148). Deduz-se, com efifeito, em summa, do epithaphio da indicada sepul- tura: I.®: que Manoel da Silveira e D. Guterre de Monroy foram compa- nheiros de captiveiro durante tre\e annos, o que, pelo que toca ao infeliz capitao — observaremos — desmente a poetica narrativa de Gaspar Cor- rea de que, em cumprimento da promessa feita pelo namorado mouro à filha expirante do predito capitao, este regressàra a Portugal, livre, «com todo seu fato, criados, dois cavallos, &i 2.^: que, apesar de resgatado, Manoel da Silveira morreu na terra do captiveiro, em 154S. Por tal indica^ao, pois, se està victima do desastre do Cabo de Aguer viveu mais treze annos, após a sua rendi^ao, em captiveiro, seguir-se-ia (]ue estes factos se teriam dado em i532, data que nem corresponde i inculcada por Paria e Sousa e Francisco de Andrada, nem se compadece com a verdade hi>torica, que prefere o anno de 1541, comò demonstrà- mosi Troquemos, porém, os dois ultimos algarismos da data tumular: lere- mos «/35^». A formula: 1641 -{- i3 = ib54 resaltarà immediata a està simples opera<;ao. Nao serd, n'este caso, acceitavel suppdr que o alvenéu encarregado de esculpir a data do fallecimento de Manoel da Silveira se haja enganado, pospondo ao algarismo 5 o algarismo 4, e atrazando assim de 9 annos a data verdadeira d'aquelle obito? Nao se conciliariam assim as (146) E' preciso nSo entender à letra este «era tomadoi,que tornarla incoroprehen- sivel a ordem règia. A*s vezes, o auctor das Lendaii, que nSo é, comò se sabe, um es- criptor, na accep^ao facultativa, porque assim o digamos, do vocabulo, e que, por con- seguirne, do que menos se preoccupa, é das regras da arte de escrever, ve se abarbado com a copia de pormenores noticiosos de um decerminado caso, e na ancia que o aco- mette de nio deixar escapar nenhum, leva para o papel a imagem do estado em que tem a memoria ; — refervente de circumstancias, que se atropellam em tumulto, ao se- rem sollicitadas para fazerem seu officio. O perìodo sahe-lhe entao, a espa<;os, confuso, e OS vocabulo«, corno que pretendem antecipar quantas circumstancias elle quere tor- nar ampiamente conhecidas. As pagmas 21 3 e 214, supra citadas, sào abundante exem- plo do que dìzemos, pela variedade de noticias que envolvem o assumpto principal, e pela pouco bem disposta e atropellada exposi^ao de todas. (147) Lendas : T. IV, P. i.«. pag. 212 e seg.) (140) «As Sepnlturas do Espinheiro, por Anselmo Braamcamp Freire». Lisboa, Imp. Nac, 1901, pag. 28, a que jé nos referimos. AS TENgAS TESTAMENT ARIAS DA INFANTA D. MARIA 2i3 duas datas ; a da rendi^ao de Cabo de Aguer, e a da morte d' aquelle seu defensor ? Ficaria prejudicada, é verdade , a cretina oue se dà é chronica officiai, & falta de melhor, mas triumpharia a Verdade historica, que é sempre mais de zelar. Assim teriamos, em summa, um testemunho mais, e posto que indirecto, nao menos convìncente, para afifirmar o que temos demonstrado; comvem saber: — que a fortaleza e a villa de Gabo de Aguer, se perderam a 12 de mar^o, de 1541. Volvido ou nao a Portugal D. Guterre de Monroy, corno a lenda o 3uiz fazer acreditar, certo e que a piedade christa tem de Ihe perdoar os esvarios de annos de melhor fortuna, pelo muito que os expiou, nosder- radeiros mezes da sua presenta na Historia. Ha tambeon que levar-lhe em conta que a principal responsabilidade do desastre, a que a sua inipru- dencia ia sujeitando Goa, pertence, primeiro que tudo, a quem tanto ciunie manifestava do poder, e tao mal o exercia, con6ando a cabe(;a do Impe- rio Indiano, com tanto exforco conquistado, e com tanta prudencia man- tido na posse da coróa de Portugal, a um estrangeiro, sem precedentes abonatorios, ao menos, sem experiencia da arte da guerra, comò vinte e seis annos após o affirmou o auctor dos Annaes de D. Joao III, sem conhecimentos alguns da administracao locai, de que nao curava; a um homem, em summa, que nem pela intelligencia, que decerto Ihe nao abundava, podia fazer-se perdoar os defeitos de seu apoucado espirito. Herdeiro da me indole que parece ter sido a fei<;ao princfpal, dominante no caracter de seus antepassados, falto da no^ao da propria dignidade, no exercer do cargo que alcan^ou pelo favor, e nao pelo pessoal merecimento, orgulhoso e vingativo, abusando do honroso posto que Ihe fora confiado, para provocar uma revolu^ao que poderia ter acabado n'um vergonhosis- simo desastre para a coróa e para a na^ao; femeeiro incorrigivel, de mo- ra! equivoca, em summa, em suas rela^óes de familia, se teem de ser exactas as informa<;des da sua descendencia, philaucìoso fora, philaucioso continuava a ser ainda, nos primeiros mezes do cérco, a que o sujeitou a mourisma marroquina (149). Foi preciso que a mao da desgra^a, vinga- dora de uma carreira de ultrajes ao brio e d honra de cavalleiro, nao menos do que à integridade moral, que Ihe nao sahe livre da suspeita de pretender augmentar sua fazenda por melos indecorosos; foi preciso que a mao da desgra^a, que se Ihe abateu sobre as caas, para Ihe fazer ex- piar tao ignominioso quanto abjecto passado, o obrigasse a curvar a cer- viz de vencido e de captivo, para resumir o fel de todos os seus pecca- dos, o castigo de todos os seus erros e desvarios, n'um feixe de pungentes, (140) «Sem embargo de o temer pouco (o cSrco que Ihe p6z o filho mais velho de Muley rlamet) & fazer pouco caso d'elle», escreve Francisco de Andrada. Fr. Luis de S0US8, tornando a si a missSo ingrata de attenuar o mèo efifeito do desastre, e com elle a responsabilidade do monarcha, absorvido, na coniunctura, no negocio summo da fu- gida do Bispo de Vizeu, a nada mais prestando renectida attenevo, explica tudo^ — e causa desespero a habilidade diabolica de que para tal se serve ! — pela incapacidade militar de D. Guterre, que nem para despejar da frontaria da fortaleza o monte «o Pico», fazendo-o desgastar, tivera miciativa. 224 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ acerbos e vingadores espinhos ; — a morte de seu filho D. AfFonso ; o ca- ptiveiro do filho D. Jeronimo e o da filha estremecida ; o mais, erafìm, que se terà seguido, após, e nao sabemos explicar que seria, apesar de tantas informa^es que o dizem. Eìs, a largos trac^os, a noticia que alcan^dmos da familia e progenito- res paternos de D. Brìtes de Sousa, e de seu proprio pae Està pobre senhora, de nome egual ao de sua mae, em certo modo terà compartilhado com ella dos desgostos que Ihe ensombrariam o lar, entregue às maleficas influencias que malsinaram o caracter d'aquelle tao pouco escrupuloso e tao pouco esemplar chefe de familia. Se d infortunada irma de D. Brites de Sousa coube a triste sorte que a Historia registou, ainda que de diversos modos, com o mesmo desventura- do firn, o quinhao d'està nas priva<;6es da vida, n'aquelle occaso d'ella que mais desoladoras as torna, de algum modo justificard a crenqa fatidica de que sobre ambas as irmas recahiù a reprova^ao, que torna responsaveis as geragSes presentes, pelòs màus passos das geragoes que foram. Joào Rodrìgues de Beja administrando casas alheìas, veria — quem sabe ? — ir empobrecendo a sua ; circumstancia que, por ser mais rara, do que a sua opposta, mais o recommenda à consideracao dos posteros. A sua infeliz viuva continua, n*este Caderno, a sina que Ihe veiu do ou- tro ; pagar o que devia pelo recurso, talvez unico de que disporia, para manter-se ; a tenca que Ihe assegurara a Dadivosa Infanta. Gaspar Pi- menta, seu procurador, e de D. Joanna Henricjues, vae cobrando os quar- teis do anno de 97 por conta d'està sua constituinte, até ao preciso para se inteirar da importancia em débito : — 60^400 rs. O resto cobra-o elle mesmo por conta da propria devedora. (i5o) (Continua) Gomes de Brito. (i5o) Explicam-se assìm as expressòes empregadas pelo escrivao do thesoureiro da Infanta : «Gaspar Pimenta, que faz os negocios de Guterre de Monroy» (Gap. XVI — Art. resp.). Este homem era o procurador da casa^ corno hoje dirìamos, e n'esta quali- dade o empregava a viuva de Joao Rodrìgues de Beja. Tratando dos negocios do pae de p. Brìtes, naturai era que se empregasse nos da filha egualmente. O que nao é tic facil de explicar, é ir Gaspar Pimenta encarregar-se lambem da execucao que a D. Bri- tes de Sousa, sua constante constiiuinte, proroovera D. Joanna Henriaues. Hoje, pelo menos, o facto pareceria mais do que incongruente ; pareceria, e seria tambero. des- aforado ! Pobre D. Brites de Sousa 1 Um diploma secreto GASPAR de Paria Severim era Secretano de Estado em 1661 quando se tractou do casamento da Infanta Dona Catherina, filha de D. Joao IV com Carlos II, Rei de Inglaterra, e A qual déram etn dote as cidades de Tanger ena Marrocos, e de Bombaim na India. Divulgada a noticia do contracto nupcial o desagrado generalisou-se, havendo mesnoio manifestagoes hostis ; o velho Secretarlo de Estado D. Fe- dro Vieira da Silva, da nossa familia, e que occupou o cargo durante vinte e cinco annoSi porque (ainda que indirectamente) eztranhasse as condii 6es do consorcio, apesar de toda a sua auctoridade, recebeu prudente aviso para se afastar por algum tempo da c6rte, indicando*se-lhe a cidade de Evora para residencia. E porque houvesse receio que o Conseiho de Estado rejeitasse as clau- sulas aa entrega das duas joias da coròa portugueza, a Regente ordenou que se nao lessem esses artigos na reuniao do Conseiho supremo ; o Mi- nistro Gaspar de Paria, a quem competia a ieitura, nao querendo tornar a responsabilidade, exigiu da Rainha deciara^ao escripta do silencio im- posto. Dona Luiza de Gusmaò fez entao passar um decreto surdo que man- dou entregar pessoalmente ao Secretano Severim, ficando secreto este ne- gocio. Possuimos o diploma, e nao nos consta que os nossos historiadores Ihe fagam referencia, certamente por nao ficar registrado nos archivos pu« blicos. L. DE FlGUEIREDO DA GuERRA. Por quanto conveio a meu servi90 qae per nenhGa maneira pudesse vlr a noticU dos moradores da Fortaleza e Cidade de Tangere : que ella se dava em dote à Infante D. Catherìna, minha muito amada e prezada irman, casando com EURey da Gra-Breta-* nha, meu bom Iraao e Primo : por nSo arriscar tao grande tractado, que se tem pelo total remedio para a deffen^So, e conservacao d*este Keyno, honra e reputa9§o d'elle \ pois corno perigo d*aquelles moradores se pòderem inquietar debaixo do nome de mayor tidelidade e amor ao seu Rey, e a sua patria ; e com este pretexto se resolverem a re- sistir, se perturbava o efifeito d*este accordo e resolu^ao : Ordeney ao Secretano Gaspar de Parìa Severim que na copia dos Tractados que vierem ajustados pelo Conde da Ponte, do meu conseiho de guerra, e meu embaizador exiraordinario aqu«Ue Reyno, e 126 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ firmados por seus deputados, nSo lesse no conseiho de estado o a.* e 3.o artìgo, e se emendasse o 4.% 11 e 16 em tal forma que se nio faUasse na entrega d'està Pra^a ou suposi^ao d'ella no Conseiho de Estado, nem diante dos mais ministros e officiaes^ que he for^a tenham noti eia s d'eli as : corno iaa com o mesmo motivo Ihe havia ordenado deixasse de ler no Conseiho de Estado alguas cartas do proprio Embaizador no tocante a està entrega de Tangere, e forma em que se havia de fazer : nSo por desconfiar do segredo de meos ministros, nem da sua aprova^So : pois a todos pareceo sempre se fi- zessem a S Magestade Britanica muito mavores partidos, que a entrega de tal Pra^a ; mas pera c)ue este tao importante segredo facilitando-se e passando por tantas pessoas de tao difierentes qualidades corno he precisamente necessario (se se nSo uzar deste re- medio) nio arrisque hum tao grande tractado, e tao importante é nossa conserva^ao. E pera que a todo o tempo conste : que assy o mandey expressamente a Gaspar de Paria : houve por bem que se Ihe passasse este Decreto, que por ser pera sua guarda e minha lembran9a so ficarà em seu poder. Lisboa a ... (i) de Agosto de 1661. Ratmha. (1) Acha-se em branco o dia. Livro de D. Joao de Portel fCotUinuado de pag. 1S4) CLXXXIII 16 de setembro de } 270 Està é A caria de corno Martinus dade uendeu a don Johan una herdade en tóóxi. IN dei domine. Hec est carta uenditionis et perpetue fìrmitudinis quam iussimus fieri ego Martinus martinj dade pretor Sanctarene et uxor mea Tarasia fernandi. uobis dooino Johani petri de Auoyno Maiordotno domini regis Portugalie et Al- garbij et uxori uestre domne Marine alfonsi de una hereditate quam habemus in termi- no Sanctarene ubi dicitur Tóóxe que aduenit mihi dicto Martino dade ex parte Tarasie martinj filie méé sciiicet medietate tocius illius coyrele hereditatis quam Menendus pe- trìpestana et ipsa Tarasia martin) quondam uxor sua habebat in ipso loco de tóóxe. Isti sunt terminj diete hereditatis quam uobis uendimus. In oriente uos conparatores. In occidente I>ominicus saluatoris dictus sarrado. In africo uia publica. In a<^uilone paulus. uendimus uobis et concedimus ipsam hereditatem cum ingressibus egresstbus et omni- bus iuribus et pertinentijs suis proprecio quod a uobis recepimus sciiicet mille et triginta et sex libras usualìs monete ueteris Portugalie quia tantum nobis et uobis bene conpla- cuit et de predo apud uos nichil remansit prò dare. Habeatis uos etc. ffacta carta . xvi , die Septenbris. £.* Bl* CCC* viij.* Nos supradicti aui hanc cartam iussimus fieri eam corsm bonis hominibus roboramus. Qui presentes nierunt. Rodericus menendi Aluazilis Sanctarene.— Johanes menendi fafix — Rodericus me- nendifilius menendi durandi — Johanes egidij fìlius egidij carauela.— Johanes de roma mìles — Johanes menendi. £ ego Michael fernandi publicus tabellio Sanctarene ro^atus a partibus supradictis hijs omnibus interfui et hanc cartam scripsi et in ea hoc signum 1^ meum apposui io testimonium hujus rej. CLXXXIV 17 de jvlho de 1270 Està é a carta in corno Méén pestana uendeu a don Johan Ha herdade en tóóxi. IN dei nomine. Hec est carta uenditionis et perpetue fìrmitudinis quam lussi fieri ego Menendus petri pestana vobis domno Johani petrì de Auoyno Maiordomo domnj regis Portugalie et Algarbi) et uxori uestre domne Marine alfonsi de una mea hereditate de quindecim hastilibus et dimidio quam habeo in termino Sancta- rene ubi dicitur tóóxe. cujus isti sunt terminj. In oriente hereditas que fuit Pelagi} m8 archivo historico portuguez egèe militis. In occidente Martinus martinj dade. In affrico uia publica. In aquilone Paulus. vendo uohis et concedo ipsam hereditatem cum in^ressibus et egressibus et omnibus iuribus et pertinencijs suis prò precio quod a uobis recepi. scilicet. mille et xxx>* et sex libras usualis monete Portugaiie quia tantum mihi et uobis bene compia- cult et de precio apud uos nichil remansit prò dare. Habeatis igitur etc ffacta carta, xvij. die Jullij. E.« M.« CCC* viij.* Ego supradictus qui banc cartam lussi fieri eam co- ram bonis hominibus roboro et concedo. Qui presentes fuerunt. Johanes iohanis mercator—Dominicus martinj dictus gordo— Johanes dominici fi- lius ejus — Jobanes roderid portarius dominj regis— Andreas simeonis clericus de Al- ca^oua— Johanes petrì de Élbora— Valascus menendi. Et ego Michael fernandi publicus tabellio Sanctarene ro^atus apartibus tupradictis hijs omnibus interfui et banc cartam scripsi et in ea hoc signum i|i meum apposui in testimonium hujus rei. CLXXXV 9 de abrìl de 1268 IN dei nomine. Hec est carta uenditionis et perpetue firmitudtnis quam iussimus fieri Ego Laurencius petri et uxor mea Orraca dominicj vobis domno Johani pe- tri de Auoyno Maiordomo IHustris regis Portugaiie et uxori uestre doinne Manne alfonsi de nostra medietate unjus vinéé quam habemus uobiscum in termino Sancta- rene ubi dicitur valada. Cu)us uinéé tocius isti sunt termini. In oriente uos compara- tores. In occidente Dominicus petri rìcus de uentre. In africo et Aquilone uia publi- ca. Vendimus uobis et concedimus ipsam medietatem diete vinéé cum ingressibus et egressibus et omnibus iuribus et pertinencijs suis prò precio quod a uobis recepimus. scilicet • \tC» libras. usualis monete uetefis Portugaiie quia tantum nobis et uobis bene conplacuit et de precio apud uos nichil remansit prò dare. Habeatis jgitur etc. £acta carta, ix.* die Aprilis. E.* M.* CCC* vf.* Nos supraclicti qui banc cartam iussimus fieri eam coram bonis hominibus roboramus. Qui presentes fuerunt.^ Saluator didaci — Johanes menendi — Dominicus petri — Ciprianus dominicj — Jacobus petri. Et ego Michael fernandi publicus tabellio Sanctarene rogatus a partibus supradictis hijs omnibus interfui et banc cartam scripsi et in ea hoc signum ì^ meum apposui ia testimonium premissorum. CLXXXVI 18 de novembre de 1271 IN dei nomine. Hec est carta uenditionis et ]ìerpetue firmitudinis quam iussimus fieri Ego Martinus menendi et uxor mea Maior stephanj uobis domno Jobanj pe- tri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi de una nostra hereditate quam habemus in termino Sanctarene in loco qui dixitur tóóxi scilicet quinque asti- ha et terciam unjus astilis. Cujus hereditatis Isti sunt terminj In oriente et occiden- te uos comparatores In afifrico uia publica. In aquilone Paulus. rendimus uobis et Con- cedimus dictam hereditatem cum ingressibus et egressibus et omnibus iuribus et perti- nencijs suis prò precio quod de uobis recepimus scilicet trecentas et uigintì libras quia tantum nobis et uobis bene complacuit et de precio apud uos nichil remansit prò dare* Habeatis uos igitur etc. facta Carta, xviij. die Nouembris. E.* M* CCC* ix.« Et nos qui hanc cartam fieri iussimus eam coram bonis roboramus. Qui presentes fuerunt. Petrus durandi — Petrus dominicj — Martinus iuliaoi — Johanes martinj— Johanes martinj (sic) — Vincencius Julianj. Et ego Laurencius dominici publicus tabellio Sanctarene rogatus a predictus Mara- no menendi et uxore sua Maiore stephanj hijs omnibus intei'fui et hanc carta scripsi et presens signum »{f meum apposui in eadem. LIVRO DE D. iOkO DE PORTEL »»9 CLXXXVII 7 de deiembro de 1272 NOTuii sit omnibus presentibus et futuris auod Ego domnus Johanes petrì de Auoyno Maiordomus dominj regis Portugalie et Algarbij et uxor mea domna Ma- rine alfonsi de nostra spontanea et libera uoluntate facimus cambium cum Rode- rìcopelagij dicto bugalo. et uzore sua Orraca iohanis scìlicet quod nos damus sibi unam nostram hereditatem de septem hastilibus quam habemus in termino Santarene in loco qui uocatur tóóxi cujus iste sunt terminj In oriente Pelagius de Molnes. In occidente Roderìcus pelaci) et uxor ejus. In aquilone Paul. In africo Rex prò alia hereditate de vi}.* astilibus quam ipsi habebant in termino Sanctarene in loco qui dicitur tóóxi. cujus isti sunt terminj. In oriente Maria petri uxor (quondam Petri Arie. In occidente Dominicus iohanis mercator. In aquilone paul. In africo uia publica damus uos et concedi mus dicto Roderico peiagij et uxori sue et omnibus successorìbus suis predictam hereditatem^ de vij." astilibus cum ingressibus et egressibus et omnibus iuribus et pertinencijs suis iure bereditario in perpetuo habendam et posstdendam prò predi età hereditate quam ipsi no- bis dederunt et concesserunt et omnibus successonbus nostrìs cum ingressious et egres- sibus et omnibus iuribus et pertinencijs suis similiter in perpetuum habendam et possi- deodam et qui set nostrum debet facere et disponere de suo cambio quicquid sibi placue- rit prò ad senper libere et in pace. Si quis nero tam de nostrìs etc. Actum fuit hoc san- ctarene • vij • die Decembris £.* M.* CÓC* x.* Qui presentes fuerunt. Simon gonsaluj de lago—Egidius durandi— Martinus fernandi do rego — Pelagius al- uariz— Petrus gomecij — Johanes menendi. Et e^o Johanes pelagij publicus tabellio Sanctarene rogatus a partibus sut>radictis hijs omnibus interfui et hoc plazum scripsi et in eo presens sig ^ num meum apposui. CLXXXVIII 9 de fcTcreiro de 1272 IN dei nomine. Hec est carta uenditioni s et perpetue firmitudiois quam iussimus fieri Ego Dominicus petri et uxor mea Dominica iohanis Vobis domno Johani petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi de una nostra hereditate unjus bastili et quarta quam habemus in termino Sanctarene in loco qui dicitur tóóxi. terminj istius hereditatis isti sunt. In oriente uia publica. In occidente Paul. In aquilone uos compa- ratores. In africo Pascasius dominicj. Vendimus uobis et concedimus predictam here- ditatem cum ingressibus et egressibus et omnibus iuribus et pertinencijs suis prò precio quod a uobis accepimus scilicet Septuaginta et quinque libras quia tantum nobis et uo- bis bene conpiacuit et de precio apud uos nichil remansit prò dare. Habeatis igitur etc. ffacta carta, ix.* die ffebruarìj. E.* M.* CCC* X.* Et nos supradicti qui hanc cartam ius- simus fieri e am coram bonis hominibus roboramus. Qui presentes fuerunt. Dominicus petri — Johanes vin cenci] selarius — Munio iohanis Et ego Johanes pelagij publicus tabellio Santarene. rogatus a partibus supradictis hijs omnibus interfui et nane cartam scripsi et in ea presens sìgnum meum i^ apposui. ^ CLXXXIX 28 de deiembro de 1272 IN dei nom ine. Hec est carta uenditìonis et perpetue fìrnritudinis quam iussimus fie- ri Ego Dominicus petri testamentarius Pascasi j dominicj et ego Catharina ioha- nis uxor quondam Pascasi) dominicj vobis domno Johani petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine alfonsi de una hereditate unjus astilis et meJij quondam predicti Pascasij dominicj quam nos uobis uendimus prò ad persoluendum suum testamentum et sua debita, cujus isti sunt terminj. In oriente uos conparatores. In occidente Maria a3o ARCHI VO HISTORICO PORTUGUEZ petri uzor quondam Petri Arie. In Aquilone paul In affrico uia publica vendimus uobis et concedimus predictam hereditatem in toox) cum ingressihus et egressibus et omni- bus turibus et pertinencijs suis prò prccio quod a uobis accepimus scilicet. Nonaginta Hbras quia tantum nobis et uobis bene conplacuit et de predo apud uos nicbii remanssit prò dare. Habeatis igitur etc. ffacta carta V. kalendas Januarij. E." M.' CCCX.* Et nos supradicti qui hanc cartam iussimus fieri eam coram bonis hominibus roboramus. Qui presente» fuerunt. Johanes gomecij — Johanes menendi — Johanes dominicj — ffranciscus petri. Et e|;o Johanes pelagij publicus tabellio Sanctarene rogatus a partibus supradictis hijs omnibus interfui et hanc cartam scrìpsi presens sig »^ num meum apposui. CXC(i) 24 de junho de 1279 IN dei nomine amen. Hec est carta uenditionis et perpetue fìrmitudinis quam iussimus fieri Ego Johanes martini ^t Sancia martinj uxor mea et ego Dominicus iograr et uxor mea Dominica petri. Vobis domno Johanj dicto de Avoyno et uxori uestre donine Marine Alfonsi de toto nostro herdamento quam habemus in termino de Portel in loco qui dicitur rio de Gallinas. cujus isti sunt termini sicut diuidit cum serra de faz(]uia et sicut uadit aqua de rio de Gallinas intrante en Vdigebe. et alia parte sicut di- uidit cum Goyam ermi|;iz et uendimus uobis totum herdamentum cum mgressibus et egressibus et omnibus lurìbus et pertinencijs suis. prò precio quod a uobis recepimus sci- licet . XX . marabitinos et. x. solidos quia nobis et uobis tantum bene conplacuit et de £recio apud uos nichil inde remansit prò dare. Habeatis igitur etc. Et nos supradicti qui anc cartam iussimus fieri coram bonis hominibus roboramus. testis. Julianus petri. Johanes Laurencij. Martinus dominicj correyarius. Stephanus petri dictus do siso. Stephanus petri grecus. Johanes dominicj petrarius. Vincencjus corretor. Et ego Johanes stephanj publicus tabellio Ciuitatis Elbore rogatus a partibus supra- dictis hijs omnibus interfui et hanc cartam manu propria conscrìpsi et in ea hoc sij^num meum apposui in testimonium hujus rej ffacta a carta . xxiiij.* . die Junij. E.* M.* CCC* XVij.- exci 21 de fevereiro de 1282 IN nomine domini Amen. Hec est carta uenditionis et perpetue fìrmitudinis quam iussimus fieri Ego Johanes Arie miles et uxor mea Maria suerij vobis domno Joha- nj petri de Auoyno et uxori uestre domne Marine Alfonsi de tota medietate nos- tra duarum Goyralarum hereditatis quas habemus in termino Sanctarene in loco qui dicitur tóóxj videlicet vnam de quatuor hastiiibus et medium et alteram de tribus has- tilihus et medium et de tota nostra medietate de toto nostro herdamento quod habe- mus in termino Sanctarene in loco c)ui dicitur ventosa, et de tota nostra medietate de Sparagal quod nos habemus uel de iure debemus de Almonda per ripariam iBfji sicut uadit usque ad Petram fìtam. terminj tocjus Cojrele. hereditatis de quatuor astilibus et medium Isti sunt. In oriente Carreira publica In occidente Paul. In aquilone uos conpa- ratores. et In africo, coyrela ecclesie sancte Marie de Alca^eua. terminj alteri covrele hereditatis de tribus astilibus et medium isti sunt. In oriente via publica. In occidente Paul. In africo Petrus mafalJo. et in Aquilone uos comparatores terminj tocius herda- menti, de ventosa, isti sunt. In oriente Tagus. In occidente carreira. In aquilone uia pu- blica. et in Africo uos comparatores. uendimus uobis et concedimus predita herdamenta cum montibus ffontibus. Pascuis et cum ingressihus et omnibus iurìbus et pertinencijs suis prò precio quod a uobis recepimus scilicet trecentas libras. quia tantum nobis et vobis bene conplacuit et de precio apud uos nichil remansit prò dare. Habeatis uos etc. (1) Tanto este documento corno o seguirne foram escritos por outra mio. 0 prì- roeiro delles encontra-se adeapt? outra ve^E re^istado $ob numero CGLX. UVRO DE D. JOAO DE PORTEL a3i Et nos supradict] ciai hanc cartam iusslmus fieri coram bonis hominibus roboramus. fifacta caria. xxi. die fTebruarìj. E.* M.* CCC.» XX. Presentibus. magistro Thomc — Johane martini milite de Alcaceua — Petro fernandi petrario. ^Durando petri mercator — Johane dominio j — Martino dominicj clerico. E ego johanes pelagij publicus tabellio Sanctarene rogatus a partibus supradictis hijs omnibus interfìii et hanc cartam scripsi et in e a presens signum menm apposuf. CXCII (i) i8 de dezembro de 1273 DON afonso pela gra9a de deus Rey de Portugal e do Algarue. A todos aqueles que està carta uiren é ouuiren ta^o a saber que comò eu recebesse cartas e mandado do papa que eu corregesse e fezesse correger todalas cousas que di- zianen que eu e os meus do meu reyno fezeramos en meu reyno. for^as é agrauamentos per mj e pelos meus ao Arcebispo é aos Bispos é aos Prelados é aas Egreiaa. é aos Moe«teiros é aas pessonas das egreias e dos Moasteiros. é aos fìdalgos. e aés ordijs. é aos Coacelos. e a todolos pobóos. e a rodalas cdmunydades do meu reyno. Eu entend) que 0 papa mj enuiaua dizer e rogar que era saude de mha alma, é onra de meu corpo, e gran proe e grande assessegamento de meu stado e de meu Reyno. E so- bresto mandey cbamar meus ricos homéés e as ordijs e os Concelos do meu reino. e fiz con eles mha corte en Sanctaren e eù ensembra con mha moller Ra^a donna fìeatrix fìlla del Rey de Castella e de Leon é con meus fìllos don Dinis é don Afonso é con mhas fil^as donna Bianca e donna Sancha en mha corte, stabelecy é rosuei e mandey a don Duran paez Bispo deuora é a don Johan davoym meu Mòórdomo e a Steuan eanes meu Chanceller é a don Martin é a don Afonso lupiz é a don Diago lupiz é a don Méén rodrìguiz é à don Pedro eanes e a don Pedro pon^o e a don Nuno martiz meyrio móór é don Johan rodrigiz é a Roy farcia de Pania é é Martin eanes do vinai é a Johan soa- rez conelo é a ffernan femandiz cogomio é a ffrey Afonso perez faria é a Johan durSez Comendador de Beluéér é a Martin dade Alcayde de Sanctaren é a Pedro martijz pe* tano e Pedro afonso dar^anil e a Pedro martiìz Caseual é Afonso soarez e a Roy men- diz é a Roy gomez sobreiuvzes é a ^ey Geral domineuiz da ordin dos préégadores é a Maestre Steuan Arcediagóo é vigayro de Bragéà é a Maestre Thome thesoureiro de Bra- mii é a Jo3o gon^alutz chancyo e a Steuan perez de Rates e a Maestre pedro o phisico é à Domingos iohanis é à Maestre Bolonil é a Martin perez é à Domingos perez é a Gon9alo mendizmeus clerìgos e dey Uys conpridamente poder que eles corregam e fa^an corre- ger. todalas cousas que acharen e uiren que foron feitas per my e pelos meus do meu Rey- no sen razon. que se deuen a correger é a entregar aos sobredictos ó Arcebispo e os Bispos e aos Prelados e àés Egreias e aos Moesteiros e àAs pessdas das Egreias e dos Moastei- ros e aos fìdalgos e ààs ordijs e aos Concelos. e aos Pobóós e a todalas comunydades do meu Reyno. e eu Ihys Iho gracirey é guarlardoarey e terrey que faran hy gran semino a deus e a my e aa Kayna. e a todos aaueles que de nos vééren e que faran hy grande assessegamento de meu reyno e grande leaidade ssobre mj. E todo acjuelo que eles feze- rem ou mandarem fazer prometo que o terrey e aguardarey e conprìrey e n6 uerrey en contra. E por todos entenderen que eu ey gran cora^on de correger e dentregar toda« las cousas que foren pera correger e pera entregar.t dei meu poder a estes sobredictos que corregan e enmenden e entreguen e fa^an correger e entregar e enmendar toda- las cousas assi corno suso dicto est. E se peruentura a esto hy todos nò poderem séér iqueles que ende y foren fa^an correger e entregar todalas cousas assi comò suso dicto est. assi comò se todos hy fossem. E por ende dou ende a eles tres cartas abertas sééla- das do meu seelo do chumbo e do seelo da Rayna pera testemoyo destas cousas. E eu donna Beatrix Rayna de Portugal e do Algarue en senbra con meus fìllos e con mas fìllas. don Dinis e don Afonso. e donna Bianca e donna Sancha todesto que el Rey manda / outorgóó e prometèo de o téér. saluo por mj e por meus fìllos e por mhas fìllas que non (1) Encontra-se registado no liv. 5 de doagdes de D. Afonso III, fi. 3 v. e no liv. i deste rei a fi. 127. Foi jà publicado nos Portug, Mon, Hist.j LegeSj p. 229, assira comp na Monarchia Lusitana^ liv. i5, e. 40. aJi ARCHIVO HISTORFCO PORTUGUEZ dou. nen outorgo a eles poder pera fazeren nulla rem. sobrelas dSa^oes esobrelos aleameii« tos que fez el rey don Sancbo irmSo do sobredicto Rey don Afonso. £ nos don Dìnis e don > Afonso e dona Bianca e dona Sancha outorgaoios e prometemos todo a téér saluo que non daroos nen outorgamos a os sobredictos poder de tazer nulla nrem sobrelas donacoes. e sobrelos aleamentos que o dauandicto Rey don Sancho fez. E eu Infante don Alronso saluo que non dou nen outorgo aos sobredictos poder de fazer nulla rem sobrelos Cas- tellos nem sobrelos herdamentos que mj deu meu padre nen sobrelas téén^as que ora eu téénho. nen sobrelas perteen^as nen sobrelos derectos deles. E por ende que nos don Dinis e dona Bianca e dona Sancha non auemos seelos. rogatnos à Ra^a nossa ma- dre que fa^a poer o seu seelo en està carta. E outrossi eu don Affonso roguey a dauan* dieta Rayna que fezesse poner o seu seelo en està carta. E eu dauandicta Rayna por my e por meus fìllos e por mhas fìUas sobredictos a rogo deles fez p5er o meu seelo en està guarta en testemoyo destas cousas. Dada foy a carta en Santaren. xviij. dias de Dezenbro A rey e a Rayna e sseus fìllos e sas filhas o mandaron. James eanes a fez. E.*M.*CCG.* Xj.* Que presentes foron. nre^ Beltran de ualuerde Maestre do tenple en Portugal — Don Symon soarei Maes- tre davis. — SteuSo fernandiz Comendador mòór de Sanctiago en Portugal. -> ffrey v^àsco Custodie dos frades meores. — ffrey Joyao Gardian dos frades meores en Lix- bon. — ffrey Afonso Ibertis. — ffrey Pedro naturai dalanquer frades da ordin dos Préé- ^adore9» CXCIII 14 de JBMr^ de 1274 E NO nome de deus Amen. Conu^uda cousa seia a quantos està carta uìren e ou- uiren comò nos Don Pay perez pela gra^a de deus Maestre da Ordin da Ca- ualarìa de Sanctiago con consello e con outorgamento do nosso Cabidóó géénii 2 uè foì feito en Merida. entendentes e consijrantes a prol e éaiuda de nos e da nossa ^rdln damos entregamos e outorgamos a uos don Johan perez da voym e a uossa moller d6na Maria afonso a nossa vila que chaman Aguiar. con todos seus termhos. cum mon* tes. e cum fontes. e cum aguas. e cum pascos. e cum ressios. e con todas sas pertéé<^as e cum todas sas entradas e cum todas sas saidas e con todos seus dereitos assi tenporaes comò spìritaes as quaes nos auemos e deuemos ééuer en essa vila daguiar e en todos seus termhos que uos aiades e possoyades e tenades de nos e da nossa ordin todas es- tas cousas de suso dictas e cada ùa delas en todo tenpo de uossa vida danbos. e quando uG de uos morrer ò outro que uiuo fìcar aia e possoya e tena essa vila daguiar liure- mente e en paz e sen enbargo nenbùu en todo tenpo de sa vida assi comò de suso est dicto. E se per uentura auener que uos don Johan moyrades prìmeiro ca uossa moller donna Maria, se donna Maria casar mandamos e outorgamos que està nossa vila daguiar fìque a nos e aa nossa ordin liure e quite en paz con quanto acrecentamento uos hy fe- zerdes assi comò deue fìcar depos morte de uos anbos. e se uos dona Maria n5 casardes mandamos e outorgamos que aiades e possoyades e tenades de nos e da nossa ordin essa vila daguiar cum todos seus dereitos e cum todos seus termhos en todo tenpo de uossa vida assi corno é de suso scrito. E està nossa vila daguiar damos e entregamos e outor- gamos a uos don Johan perez da voym e a uossa moller dona Maria afonso por moyta aiu- da e por moyto bdo serui^o e consello e defendimento e por moyto ben que fezestes e fazedes e faredes a nos e a nossa ordin. e por canbho da pobra de Cayna que uos tenha- des de nos e da nossa ordin en todo tenpo de uossa uida danbos. a qual nos logo fezestes entregar na qual pobra de Cayna uos fezestes moyto acrecentamento e moyto ben e moy- talgo e moyto bÓo paramento e sabemos uerdadeiramente que per aqueste canbho se segue gran nossa prol a nos e a nossa ordin. E outorgamos e iuramos e prometemos a téer e a guardar este canbo a uos anbos e a cada ùu de uos e de uolo defendermos de quea ouer a bona fé e sen nenhuu engano. E despos morte de uos anbos essa nossa vila daguiar aeue fìcar a nos e a nossa ordin liure e quite e en paz cum quanto ben e cum quanto acre- centamento uos hy fezerdes. E por este nosso feyto séér maes fìrme e maes stauel e oue non possa poes uijr en duuida fezemos fazer està carta é seelar de noso seelo do Cabi- dóó gééral. feyta foy està carta en Merida . xiiij . dias Andados de Mar^o na Era de mil e ecc.* e xij.* anos. (Continua) Pedbo A. ds Azxybdo. Outro capitulo das finan^as manuelinas OS CADERNOS DOS ASSENTAMENTOS CONCLuiDA jà a transcri^ao das Cartas de quitagao delRei D. Manuel, falta unicamente a publica^ao dos indìces, complemento indispen- savel para ser bem avaliada a extraordinaria importancia daqueU les documentos, nao so para a historia economica de Portugal nos ultìmos annos do seculo XV e primeiros do imediato, mas até para a sua historia social e mesmo ainda para a propria filolojia portuguésa. Em quanto se tra^a aquelle necessario remate, vou apresentar ou- tra colerlo de documentos, que, alem de nos mostrarem mais um dos processos adoptados na administragao da fazenda publica (chamemos-lhe assim), directamente se ligam às Cartas de quita^ao a muitas das quaes servem de complemento, por nos indicarem a aplica^ao dada aos ren- dimentos nellas especificados, visto ser a ausencia desta indicagao uma falta que um pouco diminue a valia daquelles alias preciosos documentos. Até aos fins do reinado de D. Afonso V nas cartas de quita^ao nao se declarava so a importancia da receita ; apontava-se igualmente a despesa. Este facto tomal-as-ia muito mais interessa ntes do que as dos reinados subsequentes, se estes nao tivessem abranjido o periodo aureo das nos- sas empresas e exploracóes ultramarinas, o inicio das nossas rela(6e.s di<- rectas com a India. Os documentos que veem completar as Cartas de quita^ao, sao os cbamados Cadernos dos assentamentos. Eram elles compostos todos os annos na védoria da fazenda e, depois de assinados pelo rei e subscritos por um dos tres védores da fazenda, expediam-se aos diferentes almoxarifes e recebedores que pelo reino ti- nham a seu cargo a receita e despesa da fazenda publica. No principio do Caderno indicava-se a receita do anno, umas vezes, a maior parte dellas, prefixada em contratos de arrendamento, outras vezes calculada por or- namento. A seguir consignava-se a despesa a satisfazer com aquelles di- nheiros, destinava-se a apiica^ao dos saldos e proibia-se expressamente ao responsavel desviar qualquer quantia para pagamento diverso dos indica- dos no caderno, ainda mesmo no caso de apresenta^ao de ordem dos vé- dores da fazenda, ou até do proprio rei. E' curiosa està disposi; ao, nao so por nos revelar o motivo de medear às vezes tanto tempo entre a data de um mandado e a do respectivo re- cibo, conhecimento, comò eatao Ihe chamavam ; mas tambem por nos mostrar a fórma comò o rei e os seus mìnistros se desembara^avam de a34 ARGUIVO HISTORICO PORTUGUEZ ìmportunos pedidos de dinhciro. Simulando aceder a elles, expediam-se OS alvards que os interessados apresentavam ao respcctivo almoxarife ou recebedor, sobre quctn eram feitos os saques, de que nao vinham a ser embolsados, quando o eram, senao no anno em que o seu credito entrasse naigum dos (ladernos do assentamento. Eram estes, corno é obvìo, muito numerosos cada anno ; mas, corno obvio é tambem, a maior parte delles desapareceram. Vinham os Cader- nosy com outros documentos, junto és contas para a Casa dos Contos, onde aquellas eram examinadas. Feito* isto e justificado o dispendio da receita, expediam-se as Cartas de quitagao, e entao, umas vezes se inuti- lisariam logo os Cadernos, outras se encarregaria da destrui^ao ao tempo, empilhando os jà desnecessarios papeis naigum sotao ou desvao daquella Casa, ascendente directa do nosso Tribuna! de Contas Sumiram-se pois tantos daquelles documentos, que dos vinte e séis an- nos do reinado de D. Manuel apenas encontrei na Torre do Tombo ses- senta e dois Cadernos de assentamento, um dos quaes, o mais antigo, o Cadenio da sisa da marcarla para i5o2^ jà publiquei no II voi. do Arch. hist.^ p. 21. Entrctamo, apesar do resumido numero existente, sempre restam bastantes para vermos que grande parte das receitas publicas eram aplicadas ao pagamento de ten<;as, casamentos e outros analogos encar- gos que so iam beneficiar uma das classes privilejiadas, a nobreza ; a ou- tra, o clero, directamente explorava as pnncipaes fontes da sua receita* Interessantes tambem sao os cadernos pelos dados bìograficos, aqui e alem ministrados àcerca dalgumas pessoas de maior ou menor notorie- dade, tanto nas empresas ultramarinas e guerras de Africa, comò na admi- nistra^ao do reino, e até na cultura das letras, encontrando-se neste campo especial, p. ex.', o caderno com a ordem do pagamento de vinte mil reaes a Gii Vicente cdajuda do casamento de sua irmaa». Agora, quasi por ultimo, advertirei que na transcricao dos Cadernos do assentamento seguirei o sistema adoptado na das Cartas de quita<;ao ; isto é : desprezarei a rigorosa reprodu^ao grafica do texto, introduzirei nelle a pontuacao, e empregarei a numerando moderna. A antìga, quem a quiser ver, encontral-a ha no citado Caderno da sisa da marcarla. Fi- nalmente, observarei que naiguns Cadernos, bem comò naigumas Cartas de quitacao, se dà o extraordinario facto de existirem erros de conta. oeguem os Cadernos : Pa^o da madeira de Lisboa^ i5o3 Nós elRey fazemos saber a vós Lopo Fernandez, noso almoxarife do pa^o da ma- deira desta cidade, e aos sprìvaes desc ofìcio, que nós fezemos ora noso asemtaroento da dita casa na maneira adiamte decrarada : It. primeiramente a dita casa he arremdada este anno presente pera nós em salvo por 040:000 rs., dos quaes dinheiros hordenamos de se fazerem estas despesas. It. hordenarias, 34:008 rs» a saber: 3: 186 a vós almoxarife — E 1:800 a Johaai de Guimaraees, scpriva — E 90 rs. a (i) — E 4:800 a quatro ho- (i) Em branco no caderno. OS CADERNOS DOS ASSENTAMENTOS a35 mes da dita casa — E i :ooo pera despesas meudas — E 4:800 a Ruy Lopez — E 4:800 a Ruy dElvas-* E Bzoooj's. mais a vos almoxarife com o ofìcio dalmoxarife das obras — E 2:400 a deus hotnes das ditas obras — E 1:000 a Afomse Annes, paceyro — E 3:000 a Alvaro Lopez, scpriva das obras — E 6:000 ao scpritall de Todollos Samtos. Il em tetn^as, 362:25o rs., a saber : 5:400 a Joham de Guicnaraees — E 16:800 a Gomez Xira — E 20:000 a Amrrìque de Figueìredo — E 5:ooo a Caterina Rodrìguez — E 6:000 a Purtugall Rey darmas — E 40:000 a dom Jorge dE^a — E 4:000 a Pedreanes, Batra — E 100:000 a dom Alvaro de Taide — E i5:ooo a Maria Loba — E 20:000 a Ruy ^iaz Pereira — E 20:000 a Jorge de Crasto — E i3:o()0 a Isabel Paes — E 25:ooo a dona Maria Coutinha — E i3:ooo mais ao dito Ruy Diaz Pereira — E 3:ooo a Luis Pirez — E 5o:ooo a Nycolao Coelho — E i32:o5o rs. ao Conde de Portalegre — E 70:000 a dom Vasco, Almiramte. It. em geraes por tem^as, 40:000 rs., a saber: 12:000 a Amtam de Farla — E 16:000 a Francisco dAlbuquerque — E 12:000 a Felipa Vogada, molher de Grada Rodriguez Pereira. Outras despesas It. pera o asemtamemto de nosas moradias, 278:000 rs. — e a vós almoxarife, de casamento, 24:000 rs. — It. a Francisco de Miranda, de moradia, 1:000 rs. Porem mandamos que as despesas neste caderno comtheudas pagués às partes que as ham da ver nelle contheudas, mostra mdo vos nosas cartas e mandados per que ajam daver o dinheiro no dito Caderno conteudo, e nom fares de fora nenhua outra despesa sob pena de a paguardes de vossa casa. Feyto em Lisboa a 4 dias de mayo de i5o3. Rey D. Pedro [de Castro] Caderno do pa90 da madeira. Corpo cronolojicoy parte I, mac. IV, doc. 23. Stsa das Comes de Lisboa^ i5o3 Nós eIRey fazemos saber a vós almoxarife ou recebedor da nosa sisa das carnes desta cidade de Lixboa, e ao scprivam dese ofìcio, que nós fezemos. ora noso asemta- memto sobre a dita casa na maneira adiamte decrarada. It. primeiramente a dita sisa das carnes he arremdada este ano presemte de 5o3 pera nós em salvo por 1.700:000 rs. Despesa It. em ordenareas, 14:000 rs, pera o spritall de Todollos Samtos. It. em tem^as, 1.061 :333 rs., a saber : 230:259 rs. a Senhora Ifamte minha madre — E 100:000 mays a eia — E 117:021 rs. mais a eia — E 120:000 mais a eia — E 80:000 mais a eia — E 20:000 a dona Isabel Foga^a — E 23:ooo a dom Diogo fìlho do Maroues — E 4:000 a Luys Alvarez — E 6:000 a dona Felipa de Castro — E 4:000 a Diogo Far- zam — £ 26:roo a dom Martinho de Castelbranco — E 56:486 ao Comtador moor — E 20:000 a Ruy de Figueiredo — E 20:000 a Febres Moniz — E 3o:ooo a Jorje de Melo — E 26:000 a Ruy de Sousa — E 37:000 ao Camareiro moor (à marjem) este levou por outra parte — E 40:000 mays ao dito Febus Moniz — E 52:522 a Ruy Telez — E 5:ooo a Isabel Gon^alvez — E 34:000 a dom Rodrigo de Meneses. It. em gra<;as, 29:600 rs, a dona Guiomar molher de Ruy Telez. It. pera o asemtamento da senhora Ifante minha madre, 348:800 rs. It. em outras despesas, 46:267 rs., a saber : 8:040 rs. a vós recebedor de vosa mora- dia e casa — E 28:227 a Joham da Fonseca por as suas tem^as — E 10:000 a Fernam- dAires. Porem vos mamdamos que aas pessoas comtheudas neste caderno pagués o di- nheiro Que cada huu nele ha daver mostramdovos nosas cartas e desembarguos ; e nom fares nenua outra despesa fora do dito caderno sob pena de a pagardes de vosa casa ; e se per ventura alguas pesoas vos nom requerere o pagamelo do dito dinheiro cm coremdo o anno, guardarlhoes pera e fym clele Iho pagardes, fazemdo os ditos paga- metos aos quartes segumdo nosa ordenam^a. Feyto e Lixboa a 3 dias de mayo de 5o3. Rey de castro Caderno do asemtameto da sisa das carnes. 236 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ No alto da primeira foiha, doutra letra : folha da conta da sysa das caraes de Lix- boa do anno de 5o3 de que foy recebedor Afomso Rodrìguez. Corpo eronolqficoj parte I, mac. IV, doc. 24. 3 Sisa dos vinhos de Lisboa^ t5o4 Nós elRey fazemos saber a vós nosso almozarìfe ou recebedor da sysa dos vinhos desta nossa cidade de Lixboa, que nós hordenamos ora noso asecntarn^to sobre o rem- dimento da dita cassa deste anno presecnte de i5o4, na maneira adiamte decrarada : It. a dita cassa he o dito anno arrendada eoi conthia de 1.076:666 rs. dos quaaesse faze estas despesas. le. em hordenarias, 14:000, ao scprital de Todolos Santos. It. em tem<;as, 43:000, a saber: 9:000 a Francisco Pestana — E 8:000 a Duarte Xtra — E 8:000 a Jorge de Sousa — E 20:000 a Diogo da Silveira. It. em separadas — nichil. Outras despesas It. pera o asentamento noso que ha de receber TristS da Cunha, 1:000:000 — It. pera os huu por cento desta casa, 10:766 — It. a Garcia Home pera despesa da fazenda, 6:3oo rs. E pore vos mandamos que às pessoas aqui nomeadas pagues o dinheiro, que a cada huù vay apartado, aos quartees do anno ; e esto pelos desenbargos que vos pera ysso mostrare per onde ho am daver, e serés avisado que ne huùa outra despesa fa- 9aaes salvo està, sob pena de vos no ser levado e cornea e o pagardes de vosa casa. E se vos alguuas das ditas pesoas n5 requerere seos pagametos, vós Ihe guardarSs seu dinheiro até a fìm do anno ; e, se até età no fore, nolo fazé saber, decrarado quaaes sam as pesoas e o dinheiro quamto he, pera hordenarmos o que se dele fa^a, e compryo asy. Feyto e Lixboa a 28 dias de fevereiro, Jorje Diaz o fez, ano de i5o4. Rey o bari [de Alvito] Caderno da sisa dos vinhos Corpo cronohjico, parte I, maofo dito Rey dom Joham per Samta Maria dagosto — E 3:ooo ao moesteiro de samta wari^ ri- tali grarode de Todolos SStos. It. em tem^as e gra^as e separadas, 542:34^ a saber : 34:000 a dona Violante da Cunha --- E 20:000 a dom Gonzalo Coutinho — E 5:ooo a dom Jorge dEi^a — E 20:000 a Amrrique da Silveira — E 20:000 a dona Isabel, molher que foy do Camareiro cnoor — E 19:933 a Joaro Pestana — E 6:000 a Pero Escolar — E 10:000 a Lourea90 de Paria— E i5:ooo a Framcìsquo Nogueira — E i5:ooo a Lopo dAlbuquerque — E 1 3:416 a Bas- tia Fernandez — E 40:000 a Sima de Miràda — E 80:000 a Jorge de Mello — E 53:ooo a dom Aluoro^ guovernador — E 100:000 a dona Issabel de Sousa — E 25:ooo a dom Am- tonio de Taide. — It. S gra^as, a saber : 24:000 a dom Jorge dEca — E 8:000 a dona Fe- lipa de Soussa — E 24:000 ao Mestre de Samtiaguo Duque de Coinbra, etc, roeu multo amado e presado sobrinho. E asi fìquS, 432:65 1. Outras despesas A saber : 10:000 a dona Amtonia — E 100:000 pera as tem9as de dom Amtonio — E 20:000 Ferreira de sua tem^a do anno passado — E i5:ooo a Duarte Foreiro de sua moradia do anno pasado — E 90:000 a Pero Correa de sua tem^a do armo passado — E 6:000 a dona Felipa de Crasto ^ E 8:000 a Lopo FernSdez de seus corregimetos e moradia — E 33:243 pera soprìmeto da emposi^a do sali — E 37:ooo do Camareiro mor, de seu hordenado ao anno passado — E 12:000 a dom Pedro ae Castelbramco, de guebras que Ihe sam devidas do ano pasado — E 10:600 a Dioguo Lopez — E 9:000 a stev§ de Lis, de fretes — E 40:000 a Rui de Figueiredo, de tem^a — E 3o:ooo per a temca de dona Leanor da Silva — E 12:000 per a tem^a de Trista Correa. E porem vos mamdamos que nesta forma facais a^ dita, despesa e paguamemtos so- bre ditos a cada huùa das partes acima decraradas, si outra despesa nem paguametos alguus fazerdeS) salvo estes aqui comtheudos, segumdo volo temos defeso per nosa hordena^a acerqua delo feita, semdo certo, que se o asy nom comprirdes e outros pa- guamemtos ou despesas fezerdes seno estes aqui comtheudos, que o paguares todo de vosa casa e fazemda, corno se o despeso nom teveses ; e allem dello averés aquela mais pena que nos be parecer por iso. Feito e Punhete, a 12 dias de mayo, F'ernS dObidos o fez, anno de 1507. Rey o barS Cademo da sisa da fruita. Corpo cronoloficoj parte I, mac. VI^ doc. 25. Sisa do frigo de Lisboa^ i5oj Nós elRey fazemos saber a vós nosso almoxarife ou recebedor da sisa do triguo da nosa cidade de Lisboa, que nós fezemos ora noso asetam^to sobre 3.470:000 rs. per que este ano presete de i5o7 està arredada a dita sisa, de que se faze as despesas abaixo aeclaradas : It. cm ordinarias, 12:000 rs., pera o espritall de Todolos Santos. It. em tem^as, 276:990 rs., a saber: i56:ooo a senhora Rainha minha irmSa — E 40:000 a dona Margarida Arriquez — E 80:000 mais aa dita senhora Rainha. It. a senhora Rainha minha irmSa 3: 182:000 rs. 6 parte de seu asétameto e dinhei- ros Que ha. È porem vos mandamos que nesta maneira fa^aes a dita despesa e pagamentos aas partes acima declaradas se outros pagametos alguus fazerdes, salvo os aqy conteudos pa- Rey o barS Cademo do pa de Lixboa. Corpo cronolojicoy parte I, mac. VI, doc. 26. OS CADERNOS DOS ASSENTAMENTOS aSg Sisa dos panos do Algarve, iSoj Nós elRey &2emos saber a vós nosso recebedor da sissa dos pannos no regnuo do Alguarve, e ao scprìvam dese ofi^io, que nós fezeaios ora nosso asemtameto sobre OS 700:000 Ts.y e que a dita sissa he levada per ornamento este anno presemte de iSoy, nesta maneìra adiamte decrarada : Despesa It. a molher dAlvoro Femamdez, da metade de seu casamento, 40:000 rs — E aa molber e erdeiros de Pero Lopez de Ribadcneira, do derradeiro ter^o de seu casamen- to, 40:000 — E a Dio^uo de Barros, de quebra do prìmeiro ter^o do casamento de sua filha, 80:000 — E a Lisuarte Telez, do prìmeiro ter^o de seu casamento^ 92:000 — E a Gaspar de Sarrea, de mercé, ale de seu casamento, 40:000 — E a dom Francisco, filho do Bispo dEvora, de suas te^as dos annos passados, ioS:ooo — E a Joane Memdez do Rio, das dividas de Francisco Corbinell, 1 5o:ooo — E a Jorge da Costa, de Laguos, de seu casamemto e mercé, 70:000 — E a Aires Diaz Marreiros, de seu casamento, 46:000 — E a vós dito recebedor, de voso mamtimento, 2:000. E asi ficam aimda por despender 34:000 rs., a uè despemderes per nosos desembar- gos expresamete aderecado pera està comta que nasi fica. E porem vos mandamos que nesta forma fa^aes a dita despesa e paguamemtos so* bre ditos a cada huGa das partes acima decraradas, sem outra despesa nem paguameto a]guu fazerdes, salvo estes a()ui comtheudos, segumdo volo temos defeso per nossa hordena^am acerqua dello feita, semdo certo, que se o asy nom comprirdes e outros ajguus paguamentos ou despesas fezerdes senom estas aqui comtheudas, que o pagua- res todo de vosa casa e fazemda, corno se o despeso nS teveses ; e avrés por iso, alem delo, a^uella mais pena que nos be parecer e pero vós asy o comprir mui inteiramente. Feito e Punhete, a 14 dias de maio, FernS dObidos o fez, de 507. Rey o barS Cadérne da sisa dos pannos do Alguarve. Corpo cronolofico, parte I, mac. VI, doc. 28. Sisa do pescaio e madeira de Lisboa^ jSoS Nós elRey fazemos saber a vós nosso recebedor da nosa sisa do pescado e madeira de Lixboa, e ao scprìvam dese ofìcio, que nós fezemos ora noso asemtameto sobre os 2:400:000 rs., por que as nosas remdas desa casa este anno presemte de mil 5o8 sa ar- rédadas, nesta maneira seguimte : Despesa It em hordinarìas, 12:000 rs. ao scpntal de Todos Samtos, porque as mais paguS OS remdeiros. It em tem^as — nill. Outras despesas It em nom certas feitas antes do asetamento, 1:600, a saber : pera hiia arca pera OS livros da casa* — It a Alvoro Pimintell, e parte dos 16 contos de seu centrato, 470:000 rs. — It pera os da guarda que FemS aEspanha bade rreceber, 1.900:000 rs. E asy fìquS, 16:400 rs., a saber : 12:184 a Alvoro Lobato, contador, do seu manti- mento dos annos de 6 e 7. E pore vos mamdamos que os ditos pagamStos facaees a estas pesoas atras com- theudas per nossos desembargos, que vos pera elio daram, segundo suas corotas ; e dos ditos dinheiros nom farés outros pagamemtos nem despesas alguas, salvo estas acima decraradas, em casso que outros alvaraees ou dessembargos nossos ou dos vedo* res de nossa fazenda, que vos sejam mostrados, comò volo temos defesso e mamdado per nosso regimemto ; semdo certo, que se dos ditos dinheiros alguas outras despesas fezerdes, por espiciaees que sejam, salvo as sobre ditas, que vos nom serS levadas em 240 ARCHIVO HISTORICO P0RTUGUE2 comta e o pagarSs todo de vossa casa;» e aalem desso averSs por elio aquela mais pena que nosa iner9e for. Feito em Santare, a 2 de maio de mil 5àS. Rey de castelbranco Caderno da sisa do pescado e madeira de Lixboa. Corpo cronolojico^ parte I^ mac. VII, doc. 1. 10 Sisa da fruta de Lisboa^ i5o8 Nós elRev fazemos saber a vós noso recebedor da nosa sisa da fruita de Lixboa, e ao scprìvam aese ofìcio, que nós fezemos ora o nosso assemtamemto sobre os i conto de rs. por <)ue nos a dita [casa] he arrendada este anno presente de mil 3o8} nesta ma- neira seguinte : 1 Despesa It. em hordinarias, 25:ooo rs., a saber : 10:000 a Griguorìo Fernadez, noso conta- dor, de seu mantimento — E 10:000 a Joham Velho — E 5:ooo ao noso scprìtal de To- dolos Santos. It. em ten^as e gra^as e separadas, 532:349 rs., a saber : 80:000 a Jorge de Mello — E 55:ooo a dom Alvoro de Castro, noso Guovemador da Casa do Civel — E 24:000 ao Duque Mestre — E 24:000 a dom Jorge dE9a — E 100:000 a dona Isabel de Sousa — E 34:000 a dona Violamte da Cunha — E 20:000 a dom Guon^aio Coutinho — E 5:ooo a dom Jorge dE^a -^ E 20:000 a Amrrìque da Siiveira — E 20:000 a dona IsabeU molher c^ue foy do Camareiro moor — E 19:933 a Joha Pestana — E 10:000 a Louren^o de Fa- rla— E i5:ooo a Francisco Nogtieira — E i3:4ió a Bastia Femadez — E 48:000 a SimS de Mtramda — E 3o:ooo a dom Antonio de Taide — E 6:000 a Pero Escolar — E 8:000 a dona Felipa de Sousa. Outras despesas It. em nom certas, i :6oo, pera a arca dos livros da dita casa. E asv fiquam 441:051 rs.^que se despendem per està guisa, a saber : 10:092 a Fran- cisco Velho, de seu mamtimeto de chanceler dos anos passados — E 3o:ooo a Jorge de Mello, mestre sala, de sua ten^a do anno de 5o6 — E 160:000 a dom Fernado do anno de 5o8 — E 11:000 a Manuel Carvalho, de.quebra de seu casameto — E 23:714 a Bras de Guoes, de quebra de seu casameto — E io3:8oo ao Comde dAlcouti, a que sam de- vidos — E 8^80 a Joham da Cunha, cirieiro, dos mais que Ihe devia o Comdestabre — E 20:000 a Femam de Crasto, S parte do derradeiro teixo de seu cassamelo. £ porem vos mamdamos, que os ditos paguametos fa9ais a estas pessoas atras comiheudas per nossos desembarguos, que vos pera elo darom,segumdosuascomthias; e dos ditos dinheiros nom far§s outros paguamStos ne despesas alguuas, salvo estas acima declaradas, em casso que outros alvaraees ou desembarguos nossos ou dos re- dores de nosa fazemda vos sejam mostrados, comò volo temos defeso e mamdado per nosso regimeto ; sendo certo, que se dos ditos dinheiros alguuas outras despesas fé* zerdes, por especiaes que sejam, salvo as sobreditas, que vos nom seram levadas e con<* ta, e paguarSs todo de^vosa casa ; e alem delo averes por isso aauela mais pena, que nosa merc8 for. Feito e Sam tare, a 2 dias de mayo, Femà dObidos o fez, anno de mill e 5o8. Rey Da fruita de lixboa. No alio da primeira folha^ doutra letta : Linha da c6ta da sisa da fruita de Lix* boa do anno de 3o8 de que foy recebedor Joam Vaaz. (ContMaJ, Corpo cronoiojicOy parte I, mac. VÌI, doc. 2. B. F. Povoagao da Estremadura no XVL seculo. CONTINUANDO cooi a publica^So dos censos de 1627 da popula^ao nas diferentes comarcas do reino, dos quaes jà se estamparam os das de Entre Doiro e Minho no III voi., e de Entre Tejo e Guadìana no IV, segue-se agora o da Estremadura, menos Lisboa de que se fez livro i parte, hoje infelizmente perdido. E' nauito para lastimar este extravio, tanto mais que o censo de Lis- boa foi escrito por Henrique da Mota, escrivao da camara real (1) e um dos poetas mais motejadores do Cancioneiro gercUj onde se encontram muitas composi^oes suas de fi. 201 v. em diante. Era pois de esperar que elle, no cumprimento da imposta tarefa, tivesse procediao judiciosa e minu- ciosamente, deixando nos muitos dados preciosos para a monografia da ve- Iha cidade« Infelizmente porem a perda afigurase-me irreparavel, nao sp- cedendo corno ao censo da Beira, que desse sabe-se ao menos estar guar* dado na biblioteca do British Museum. Quanto à populacao de Lisboa encontramos ainda assim, no principio deste censo da Estremadura, a soma dos seus moradores: i3.oio vizinhos na cidade e 4.024 no termo, 17.034 ao todo. Nao diremos que nao tenha crescido e jà o aumento era consideravel vinte e quatro annos depois, corno vamos ver. Em i55i mandou o Arcebispo de Lisboa D. Fernando de Vasconcel- los e de Meneses a Cristovao Rodriguez de Oliveira, seu guarda roupa, que se informasse do rendimento do arcebispado e cabido da sé, e tomasse nota de todas as igrejas, colejios, mosteiros, hospitaes, capellas e confra- rìas da cidade, e bem assim do numero das casas e moradores della e ainda dos oficios de cada pessoa, tanto homens, comò mulheres. Final- niente, que de tudo Ihe desse um sumario. Tao satisfatoria foi considerada a maneira corno Cristovao Rodriguez se desempenhou da comissao, que annos depois foram os seus aponta- naentos impressos sob o titulò de Summario e que brevemente se contem algvas covsas (assi ecclesiasiicas comò secvlares) qve ha na cidade de Lis- boa. Cam preuilegio ReaU Enofim declara-se: cFoy Impreso o presente (1) Teve carta de escrivao da camara exactamente neste mesino anno de iSaj, a 12 de agosto. Liv. 3o.* de Docg5es de D, Joao JIJ, fi. i3i v. Archiyo H18TOBICO PoBTUGUBz — Vol. VI, H.* j. Julho dc 1908. Proprietario e editor, Anselmo Braamcamp Freire— ComposiqSo e impressSo, of. tip., cal- ^da do Cabra, 7, Lisboa. M2 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Sumario, enti Lixboa nouamente em casa de Gercnao galharde Impremidor del Rey nosso senhon. A data da itnpressao é que se nao encontra. Transcreverei deste rarissimo opusculo a estatistica da popula^ao das diferentes freguesias de Lisboa: Sé, 35o casas, 718 vizinhos, 6.187 almas; Santa Justa, i;Qg4 e, 1.400 v., id.bbi a.; S. Nicolau, i.3o8 e, 2.101 v., 10.775 a. ; S. Giao, 664 e*, 1.957 v., 1^.680 a. ; Madalena, 676 e, 1440 v., Q.671 a.; Nossa Senhora dos Martires, 1.200 e, 2.552 v., 12.435 a., Nossa Senhora do Loreto, i.i55 e; 1.748 v., 8.679 a. ; S. Joao da Pra(;a; 125 e*, 278 V., 1.557 ^'i S. Pèdro, 207 e, 340 v,, 1.539 a.; S. Miguel, 295 e, 5i5 V., 2.859 a. ; Santo Estevao, 553 e, 954 v., 1.314 a.; S. Vi- cente de Fora, 273 e, 389 v., 1.711 a.; Santa Marinha, io3 e, iii v., 488 a. ; Salvador, 88 e, 200 v., 702 a. ; Santo André, 52 e, 75 v., 336 a.; S. Tooìé, 128 e, 149 V., 887 a.; Santiago, 53 e, 59 v., 861 a.; S. Mar- tinho, 28 e, 42 V., 172 a. ; S. Jorje, 48 e, 77 v., 507 a. ; S. Bartolomeu, 74 e, 91 v«, 596 a.; Santa Cruz, 160 e, 237 v., 1.176 a.; S. Mamede, 79 e. 144 V., i.oio a.; S. Gristovao, 258 e, 353 v., 1.687 a.; S. Lou- ren(;o, 70 e, 100 v., 526 a. Nos resumos fìnaes diz que Lisboa tem 10.000 casas, em que ha 18.000 vizinhos, sem a córte, afora que entram cada dia nàus e ha muitos mer- cadores estranjeiros e muita outra gente de fora. E as mais das casas sao de dois, tres e quatro sobrados. — Nestes 18000 vizinhos ha 100.000 ai- mas, entrando 9.950 escravos. — Tem Lisboa 328 ruas, 104 travessas, 89 bécos e 62 postos que nao sao ruas. Noutra multo interessante obra tambem composta por esses tempos, reduz-se comtudo bastante o numero dos moradores de Lisboa. Refiro^ine ao ms. B-i i-io da Bib. Nac. de Lisboa, a que usam designar por Estatis- fica de Lisboa de i552^ e a que Ribeiro Guimaraes largamente se rcferiu num dos volumes do seu Sumario de varia historia. Nesse tal codice, no verso da fi. loi da numeragao moderna a lapis, lé-se este resumo da materia precedente : cPare<;e pella comta destes tratos e ofi^ios e mo- dos que tem os homes e molheres que aqui tenho apomtados serem 0 genero dos homes e ofi^ios duzemtos e xxxb. ofi^ios em que emtrao trimta e nove mil homes : E os das molheres sam quaremta e nove ofi- ^ios e tratos em que emtra omze mil e quìnhemtas molheres Que fazem ao todo Cimcoemta mil e duzemtas e qimcoeta pesoas E se nìsto meter tres mil orfads que te a ^idade e outros quatro mil mininos que amdam por escolas Seram (firacoemta e sete mil e duzemtas e (icoemta Almas. E se nisto meter molheres solteiras que tem a ^idade muito gramde cam- tidade. que segudo a emforma(;am que niso tornei Segumdo o respeito diso se poem em cimco mil pouco mais ou menos e asim seram sesemta e duas mil e quinhétas almas. E por nao pare^er que diguo cousas sobeìas sempre emcurto amtes que por desmasiado. do quo sei e comtei por nao para<;er espamto a quem o ler: 62:600 pesoas.» Mal suprìda com estas indicacoes a fatta do censo da popula^ao de Lisboa, outras consideragoes relativas ao livro da Estremadura, a seguir transcrito, nao farei. Brevemente esbogadas jà se encontram no III voi. do Arch. hist.^ na introducao à Populacào de Entre Doiro e MinhOy al- gumas reflexoes dcerca da importancia destes documentos« POVOAgAO DA ESTREMADURA NO XVI. SEGULO. 243 Registro das ^idades vilas e logares que ha em està comarqua da Estremadura e dos mo- radores que ha em cada bum delies O qual se fez por mandado del Rey noso senhor. Feito por Jorge Fernandez escprivao da chancelaria da dita comarqua. Foy comefado aos 1 5 dagosto em a ^idade de Coinbra do anno de noso Senhor Jhesu Christo de 1527 annos. Sam OS moradores desta comarca, afora Lix- boa, 48:144 — E Lixboa, 17:034, a saber: a cida- de e seus arrabaldes, numerada per Anrique da Mota, scpriva da camara de Sua Alteza, i3:oio vezìnhos; e o termo todo, 4:024. Soma ao lodo, 65:178. E aqui na emtra Alhandra por ainda nao ser numerada. Numerouse, tem 234 vizinhos = 65;3i2. Anno do nascimento de noso Senhor Jhesu Christo de iSay annos, em a cidadc de Coimbra, eu escprivao disse a Inofre de Pomte^ vereador o presente anno na dita ci- daiJc, corno el Rei, nosso senhor, mandava ora por hua sua carta, que Ihe amostrei, sa- ber todas as cidad<£S, vilas e logares desta comarqua da Estremadura, e os moradores delas e seus termos, e outras cousas na dita carta comtheudas, a qual deligencia eu avìa de fazer, que Ihe requeria me dese pera elo ajuda. E logo com o dito vereador co- mecey de tornar a enforma9ao dos moradores e termo da dita cidade, e achei aver o segainte. Jorgs Fernandez o escrepvi. A cidade de Coimbra It. A cidade de Coimbra tem i2op vizinhos no corpo da cidade, a saber : na Alme- dina, que he dos muros a dentro, sa 370 moradores, e os mais vivem no arrabalde da cidade ; e ha mais 120 coneeos da Sé e clerigos henefìciados. Sam por todos iSiq, e destes sa 1 '^4 cavaleiros, escudeiros, e o mais he povo. It. Tem està cidade 29 quintis que s3 de pessoas moradores na cidade, que ja vSo neste numero acima, e vivem dentro na cidade e as vtz^^ nas quintas. Titolo do termo desta cidade. — It. A quinti da Portela tem ... — A quinti de Co- selhas tem i vizinho.— A quinta dos Lagares, i. — A quinta da Copeira de S3 Jorge, 2. — A quinta de Vilarinho, 1. — A quinta de Ponte de Seira, i. Titolo das aldeas da parte dalem do rio contra Lixboa em que a cidade tem toda a jurdi^io civel e crime. — It. A aidea de SS Martinho do Bispo tem 44 vezinhos. — A aidea de Fala, 71, com a Curugeira, Pedecao, Sogeira, Montesaom,que sSopovoas desta juradìa. — A aidea das Coalhadas, 48. — A aidea da Orvieira, 37, com os tres Sylvaes, e da Ribeira e Rebolim e Apaul, povoas desta juradìa. — A aldeia de Taveiro, 48, com OS moradores das povoas de casal Brandao e Reveles. — A aldeia de Vila Pouca do Campo, 18. — A aldeia do Ameal, 33. — A aldeia da Nobra, 5i. — A aidea do Sebal Gram- de, 25. — A aidea do Sebal Pequeno, 1 8.~ A aidea do Sovereiro, 21. — A aidea de Vila Pouca e Pio Quente, 3 . . — A aidea do Avenal, 6. — A aidea do Bei^udo, 14. — A ai- dea de Condeiza a Nova, i53. — A aidea de Casconha, 40, com os de Oreìhado e Vila Nova.— A aidea de Condeixa a Velba, 33, com as povoas de Valada, Atadoa, Amixiei- ra, Avesada. — A aidea da Eira Pedrìnha, 18. — A aidea dAlcabedeas, 24. — A aidea da Fomre Cuberta tem... — A aidea de Fa^alamym, tem 54, co sua juradia. — A aidea de Legaciom, 20, com Alcalamouque, Casas Novas, Chanqua. — A aidea do Alvorge, 73, com Aljazede, Outeiro, Vila nova e a Bemposta. — A aidea de Alfafar, 32. — A aldea 241 ARCHI VO HISTORICO PORTUGUEZ de Amsiaos, 67, com Casal, Fonte Galega, Constantina, Rtbeìra do A^or e Cervedela, Lousal, Escampado, os Empojados e o casal dAfomso de Pera; eoi Ansilo sao 24 e os mais nestas povoas. — A aidea de Almoster, 41. — A aidea de Traveira, i3.^ A aidea de Alcoeice, 20. — A aidea de Bemdafe, 12. — A aldeia da Feiteira, 22. — A aidea da Pa- iheira e Carvalhais, 18. — A aidea de Vila Nova junto de Carnache, 5. — A, aidea de Ma- lega, 12. — A aidea da Cruz, S. — A aidea dAntanhol dos davaleiros, 19 — A aidea da Ce- gonheira, 10. — A aidea dAllmalages, 54. — A aidea de Rio de Galinhas, 25. — A aidea de fìruscos, 22. — A aidea da Brunheira tem 2 . . — A aidea de fìera, 34. — A aidea de Cas- tel Viegas, 54, com a Conreìria, Curraes; Pousada.— A aidea de Seira e Soveral, 47, com Sa Frutoso, Alagoas, An^os, Ponte de Seira, Carvalho e Boufa.— A aidea de Omeres tem. . .^A aidea de Mo^ela tem. . . — A aidea de Sam Migel (ja vay no numero atras). — A aidea de Oliveira tem. .. — A aidea dArrifana, 29 — A aidea de Sam Fipo, 18.— A aidea de Algac^a e Poiares, e em Alf^a^a 38 vizinhos. Titolo dos logares e que a cidade de Coimbra te somente a jurdigSo crime, que està da dita banda de Lixboa. — It. Pereira te 121 vizinhos. — Vali de Todo&,24. — Vila Cham, 47. — Pombalinho, 42. — Semide, 100 vizinhos com a Granja. Titolo das alJeas que estam da banda daque contra o Porto, e que a cidade tem toda a jurdi^ao civel e crime. — It. A aidea da Pedrulha com as duas povoas das Ade- meas, 18 vizinhos. — A aidea de Vilela, 32. — A aidea de Brafemeas, 19, com Lapa Cha Condirà, Ribeira. — A aidea de Souselas, 23. — A aidea do Outeiro dapar de Botaom, i3. — A aidea da Marmeleira te... — A aidea de Trexomil, 16. — A aidea da Sioga te... A aidea da Zou paria do Monte, 16. — A aidea dAlcaraques. . . — A aidea de Amtosede, ló. — A aidea ds Sa Sylvestre, 43. — A aidea da Zouparia do Campo, 37. — A aidea dArduzube e Vplal Verde, i5. — A aidea de Qynbres... —A aidea de Sa Mar[tinho] dArvore te 43 vizinnos co as Pousadas. — A aidea da Lamarosa, 3o.— A aidea de Cedel- gas, 16.— A aidea de Cepis o Grande, 17. — A aidea de Cepis o Pequeno, 29, co os de Óiantes e Cagois, Alfora. — A aidea de Vila NovadOutil, 17. — A aidea da Cordinha, 27. — A aidea de Mortede, 37. — A aidea de Levira, 10.— A aidea de Travaso, 6. — A aidea dos Bolhos, 25.— A aidea de Ventosa e Avenal, 24, a saber: 10 e Vetosa e 14 no Ave- nal. —A aidea da Pampilhosa, 12, — A aldca de Lar^a, 12. — A aidea de Cazes, 27. — A aidea da Figeira, 3o. — A aidea de Lorvio, 60. — A aidea de Val de Canas, 21. — A ai- dea do Soveral, 38, co as povoas das Alagoas, Sa Frutos, a Bouf a, Coe^os, a Pomte. Titolo dos logares que estam da dita parte do Porto e que a dita ci Jade te somente a jurdi^ao crime. — It. Eyras te b2 (He do mosteiro daCelas (0--^ Vilarinho, i3. — Bo- taom, 76 (do mosteiro de Lorvào), — Monte Redondo.. . — (Pero Feo). — Vila Nova de Mo^arros. . . (do cabido de Coimbra).— A Vaqari^a, outenta. . . (He do Bispo de Coi" tra), — Mealhada ma t?. . . (He do Bispo). — Casal Conba. . (Do Bispo). — Outill, 21 (de Diogo Botelho). — Paredes, 8 (He conto do Cabido). — Agim, 53 vizinhos (He do Cabido). Soma de todos os da cidade e termo, 4570 vizinhos. Està cidade de^Coimbra tem de termo 4)era a parte de Lixboa sete legoas, e dem- tro deste termo jaze as vilas de ^amache e Raba(;al. E pera a parte do Porto tem qua- tro legoas. E pera a parte da vila de Mòte Mor o Velho te duas legoas de termo. Parte a dita cidade co as vilas de Tetugel e Am^am, e co Figueiro do Campo, e co a vila da Ega, e c5 a vila de Penacova, e com a vila da Lousam, e co a vila de Penela, e co o Raba^al, Miranda e Qamache. e Avejas do Caminho e Camtanhede. E por todo asy achar ser verdade por eforma^ao que tomey co Inofre de Potè, ve- reador em a dita cidade, eie ho asynou Jorge fernandez o esprevy no dito dia atras. A vUa de Qamache He de dona Affonso dÀtayde A 4 de setembro de 1527 fuy a vila de (j^amache, e tomei fforma^ao co o Juiz da dita vila do comtheudo na carta de sua alteza, e adiei que na vila de (^amache ha 75 vizinhos no corpo da vila, dos quaes si 3 clerigos e o mais povo. Està vila ae Qarnacne n5 tem nenhum termo, somente a sonbra dos olivaes e vi- (i) Doutra letrt A marjem, bem corno os mais dizeres em Italico. POVOAg/CO DA ESTREMADURA NO XVI. SEGULO. 245 nhas que a vila te jumto de sy, e està toda ^erquada ao rddor com o termo da ^idade de Combra. — Jorge fernandez o esprevy. Soma ao todo, y5 vizinhos. A vyla da Ega dp Mestrado de Chrìstos A 4 dias de setembro fuy eu esprìvao a vila da Ega que he do Me&trado de Chrìstos e ahi me eformey dos moradores e termo da dita vila, e achei o seguiate : — It. A vila da Ega tem 49 vizinhos no corpo da vila. Titolo do termo desta vila. — It. Aidea de Casevel tem 12 vizinhos. — Aidea de Campvzes, i5. — Aidea dos Casaes, i3. — Aidea da Carasyna, 2.— Aidea da Roballia, 2. — AMea da Pycota, 6. — Casal do Peixoto, 3.— Aidea do Furadouro, 5. — Aidea do Caz mylo, 6. — Aldea do Cadaval dAlIem, 8.— O outro Cadaval te 4 vizinhos. Està vyla da Ega te de termo huma legoa. Parte a dita vila co as vilas da Redinha, e Raba^al, Soure^ e c5 a cidade de Coin- bra, e co as vilas de Viia Nova dAn9os e Montemor o Velho. E nS tem mais quintaas ne casaes, somente as aldeas acima esprìtas. — Jorge Fer- nandez o esprevy. Soma OS moradores da vila da Ega e termo, 126 vizinhos. A vila da Redynha A cimquo dias de setembro de i527 fuy a vila da Redinha que he do Mestrado de Chrìstos, e co Alvaro Fernandez, juiz, tomey eforma9ao do contheudo na carta de sua alteza.— Itetn A vila da Redinha (i) te 70 vizmhos no corpo da vyla, dos quaes s3 2 eie- rìgos e 1 1 viuvas, e o mais he povo. E tem de termo as aldeas seg^tes : It. Aidea de Pousadas Vedras te 6 vizinhos. — 0 casal do Jagardo, 2. — O casal dos Limpos, 2. — Aidea dAm^o, io. — O casal da Chameqa« 2. — Aidea dos Poyos, i3. — Aidea de Alvìto, 6. — Aidea do Carvalhal, 8. — Aidea dos Agudos, 7. — O casal de Luis Fernandez, 7. — O casal do Lyma, 3. — O casal dos Carpy teiros, 3. — O casal dAyres Eannes, 6. — O Casal Novo e o dArtur Lopez e de liana Pirez, 6 vizinhos Està vila da Redinha te de termo bua le^oa. Parte co as vilas de Ponbal e Soure, e co o Raba^al e co a Ega. — Jorge Fernandez 0 esprevy. Soma ao todo, i5o vizinhos. A vila de Pomball Aos 6 de setembro de xS^-j fui eu esprivao a vila de Ponbal do Mestrado de Chrìs- tos, e co Duarte da Cunha, juiz, e Jeronimo de Valadares, escpriv3o das sisas, tornei eforma^ao dos moradores e aldeas [do] termo de Pobal e achei o seguite : — It. Està vila de Ponball tem 160 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sam 21 cavaleiros e escu- deiros e nove clerigos, e o mais he povo. Està vila de Póbal te o termo seguyte, o qual amda por vymtanas, desta maneira : — It. A vimtana da Palariga co o Verego e Coraom e casal de Val de Cubas, te 41 vi- zinhos.— A vimtana dos Redondos, co aidea dos Amjos e aidea do Escoural e moinhos, 40.-^ A vimtana dArranha, ed a Ro^a e Traba^o e Chainho e Carrinhos e Arranha e Car- valhaes e Casaes Novos, 37. — A vimtana de Punhete, ed as Boldrarias, e Casaria, e Ra- posia e Serra de Bonha, e Gabaira, 40. — A vimtana da Ribeira de Litem, co ho Al- ?eidaom, e as Ferrarias e Cutalaria, e Satn Ana, e o Avelar e Cubo e Pipa e Cetraes, 4* — A vimtana dAsapaasa, com a Melga e Souram, e Pa^o e a Potè e Baginha e Mur- taes e Baregeira e Carreira, 33. — A vimtana de Vila Cam, c6 Casaes e Tralos matos e Lameiros e Souto e Outeiro e Enfesta e Ma9oeira, 70. — A vimtana de Barcapa, co Tourìlho e Cadavaes e Castelo, 17— A vimtana do Valle co Arrotea e Outeiro e Gale- gas e Comieìra e Gistola e Palhaes e Barqo, 42 vizinhos. (1) Por engano escreveu Ega. 246 ARCHIVO HIS TORICO PORTUGUEZ Està vila tem de termo pera a parte de Our?, duas legoas ; e pera a parte de Leiria iS bua legoa de termo ; e pera a Redinha outra legoa ; e pera Soure te hGa legoa. Parte co as vilas da Redinha, e Scure, e Leiria, e Ourem e Abiul. — Jorge Fernandes 0 es- prevy. Soma a todos os moradores da vila e termo, 5t6 vinnhos. A vila de Leyria del Rey noso senhor Aos 7 de setébro de 1 527 anos fuy eu Jorge Feraandec a vila de Leiria e c5 Rai Caldeira e Gonzalo Picafo, juizes, e Sebasti3 do Quemtal, esprìvSo da camera, a que noteficeì a carta de sua alteza, me eformei do cotheudo e eia e achei o seguimte:^ It. A vila de Leiria tem 584 vizinhos no corpo da vila e arrabalde, dos quaes sam 53 ca- valeiros e escudeiros e 40 clerigos, e o mais he povo. Tem de termo estas aldeas, quintas e casaes se^iintes : — It. A quimtS dAntonio Vaz« criado do Marques, que he da Coroa Rea], i vizinho. — A quinta de do Anrique irmao do Marques, i.— A quinta das Freiras do mosteiro de Sita Ana, i. — AouiatS dos herdeiros d Anrique da Silva, i. — O casal de Diogo Botelho, i. — Aidea do Alqei- diom, 4. — Aidea da Brygieira, 5. — Aidea da Cachieiria, 3. — Aidea do Lapedo. 2. — Casal da Fonte do Oleyro e do Ferreiro, 4. — Casal dos Pousadouros, 3.— O casal do Apari<^o, I.— Aidea dOupeu, 3. — Casal de Caldelas, 2. — Aidea do Souto, 5. — O casal do Rabaldo e o de Domingueanes, 4. — O casal do Cavaleiro, 6. — O casal do Carras- cal e Ramalharia« 4. — Aidea de Martynel, 6.— Aidea da Touria, 4.— Aidea de Frìxial, i5. — O casal da Torre, i.— Aidea da Parra^heira, 6. — Casal da Lomgra e Marroias, 4. — A quinta do Gr^de e Palmeira, 6. — O casal do Cordeiro e do Boyro, 2. — Aidea da Crangegeira, sS. — Casal do Recha e Ronqeira, 4 — Aidea de Caldelas e 1 moinho, 9. — O casal^do Sovereiro e Augoaboa e Formigal e Cortes dEspite, 11. — Aidea da Mas- carreira co a Freiria e Comieira, 9. — O casal dArrochcla co a Besparìa, 7.— Aidea da Maya e casal do Carvalhal, 9. •— 0 casal do Figeiro e Cima de Igreja, 4. >— Aidea dEs- pite, 19, c6 1 deriso.— A quinta do Caldelas, que he de dona Isabel dAlboquerque, tetn 3 vizinhos. — A ribeira de Caldelas e casal do Valebo e Verdelho e Soveral e Citoes, IO. — Aidea do Linho dAgea co casal da Lagoa e casal de San tare dos Togos, 11.— Aidea da Borrearia c5 casaldos Vales, 5.— Aidea da Loureira e Pedrom^, 8.— Casal da Pinheiria e Gordaria, 10. — Aidea da Bareiria, io. — Aidea do Arrabal e casal de Val Maior, 9. — Aidea do Souto Ciqo e casal da Porqueira, 22. — Aidea do Vidigal, i5.— Aidea dos AzSbujos, 6. — Aidea de Familicao, 3 — Aidea dAbadia e moinho do Pobal, 5.^ Aidea do Alqueidao das Neves, 5.— Aidea das Cortes, 33. — Aidea do Porto da La- ma c6 a Corvachia, 12. — Aidea das Fontes, 9. — Aidea da Reigida e moinho do Vigano, 5. — O casal dAmoreira e casal de Rio Seco, 3. — Aidea da Torre de Mageija e casal d Alqaidarìa, 1 5. -^ Piqeiral e Porrinhos, 6. — Aidea do Reg€go que he da Coroa Real, 64 vizinnos. — Aidea da Mouta Longa e (j!hd^<;a, 11. — Aidea do Alqeidao da Serra, 19.-- Aidea dAIcanada, 12. — Aidea de Cima dos Braqos, 34.— Aidea de Baixo dos BrScos, 18. — Aidea da Qela e Outeiro e Pinheiro, 14 — Aidea da Reboiaria, 24.— Aidea dos For- neiros, i3. — O casal do Albo e o de Boqisacos, 7. — Aidea da Golpilheira, 26.— Aidea de ^evidade, 6. — Aidea da Chameca, 5. — Aidea da Barreira, 24. — O casal dos Alhos e o da Moreira, 5. — Aidea dos Andreus, u. — Aidea do Soveral, 11. — O casal do Te- Iheiro, i. — Aidea do Val do Oito, io. — Aidea da Canocira, 11. — Casal das Cabe^s e Codiseira, 6. — Aidea dAzoia, 27. — Aidea de Cima, 5. — Aidea do Arnal co o casal do Val do Saleueiro, 12. — Aidea das Porcari^as co o casal das Mangas, 12. — Aidea daMa- rinha co Val da Guoha, io. — Aidea de Barbas, o. — Aidea da Melva, 12. — Aidea do Porto do Carro, 7. — Aidea dos Cavalinhos, 6. — Aldea dAlcogulhe de Cima, 8. — Aidea dAlcogulhe de Baixo, 10. — A Idea de Pemelhas, 5. — Aidea do BuragalL,7.— Aidea dos Parceiros c6 o casal da Ferveva, 9 — Casaes da horde de Sam Joam e de Diogo Bote- lho e Chiou, 3. — Aidea da Barosa co o Pisaom, 20.— O moinho de Lianor Vaz e casaes ahi juntos, 9. — Aidea das Coucynhctras e Sa Pedro de Muei e casal da Marìnha e Alvaro Gii, IO.— Aidea da Moor co casal dos Brezes, 22. — Aidea de Carvide ed casaes daVieira e da Pasajem, 3o. — Aidea da Gamdara co o casal da Baboeira e Porto do Uso, i5. Titolo da Jurdi^So de M6 Real que he da Coroa Real t que Leiria no t^somente a jurdifio e crime.— It. Mo Reali tem 19 vizinhos. POVOAC^O DA ESTREMADURA NO XVI. SECULO. 247 Outro termo de Leirìa— It Aidea da Ervedeira e casal CoibrSo. 7 vizinhos. — Os ca- saes da Marinha e de Sata Maria de Leiria e da Gornegainha, 8.— Os casaes da Bajou- qa e da Lagea e da Carprìalhosa e o moinho de Lanzarote Rodriguez, 8.— O casal do Pinheiro e moinho dAirotea^ 4. — Os casaes da Mouta da Roda e da Cham e do Pe- nedo e do Mdte Agudo, 11. — Aidea do Souto, 8.—- Aidea dos Cumqeiros, 10. — Aidea dAiTOtea, io.— Aldca do Ptcoto, 6. — Aidea das Varzeas, i3.— Aidea da Ortigosa, 12.-- Aidea da Lagoa e casal da Ruivaqeira, 6. — Aidea de Riha dAves, i5. — Aidea de Ri- gueira de Pontes, 21.— Aidea da Matoeira co os casaes, 1 3.— Aidea da Ribeira co casal de Mote Agudo, 11.— Aidea da Oure^a, 8. — Aidea das Chaas, 9. — Aidea da Gamdara, 14. — Aidea dos Pinheiros, 8 — Os casaes dAIqaidaria e dos Matos, i3. — O casal da Bou^a e quinta de Francisco dAraujo e a Ribeira de Godvm, 8. — ^Aldea da Baboeira, 5. —Aidea de Carnide, 8.— Aidea da Ranha, 4.— Aidea da Gnam, 8. — Aidea do Soveral, 9. — Aidea das Meyrinhas^. — Aidea da Ranha de Baixo, iz.— Os casaes da Tiroeira e do Graro, 8. — Aldea do logal co o casal do Porto Veiho e Palha<;a, 12.— Aidea da Gha- ri^ia c5 o casal do Grasto, 6. — Aidea da Galvaria, 5.— Aidea do Po^ilgal, 5 — Gasai do Poderoso e do Feixoal, 6,— Aidea de Vermoyl tem 9 ed Gristovà Falcao e o clerigo. — Aidea dos Gadavaes e casal do Outeiro e o casal da Barosa das Freiras, i3. — Aldea da Marra e casal da Murzeleira e casal da Falgaria e dos Azegios, i3. — Aldea da Gar- cieira, 6.— Vila Gateira e Vila Verde, 4.— O casal da Gartaria e casal da Ribeira c6 os pisoes de redor dela, 14. — Aldea das Ferrarias e Pumares e casal da Mosca e moinho do Porto e moinho de Diego dAlmeida e casal do bacharel Alvaro Fernandez e Vila Galega e acenha de Gii Afonso, 23. — Aldea do Amai e Feitil, 5. — Gasaes da Estrada e Bou^a e Goelha e quinta das Colmeas que he de Sata Gruz, 3. — Aidea da Ghubaria e casal do Outeiro e o casal do Grasto, 11. — Aidea de Louraes e o casal do Barreiro e o casal de Lagares e o casal da Gapoeira e do Rogego e da Ziborim, 17. — Aldea da Portela, 6. — O casal da Raposeira e moinho da Ribeira e Lameira e casal de Jo3o da Serra e do Gachoparro e do Toqo e casal de Valvelido e da Farriposa, 23. Està vila de Leiria tem de termo pera a parte da vila de Ponball tem.quatro le- Poas. E pera a parte da vila dOure te tres legoas de termo. E pera a parte da vila da *ederneira te de termo tres legoas. E pera a parte do Louri^al termo de Monte Mor o Velho tem quatro legoas de termo. E pera a parte do mar tem de termo quatro legoas. Parte com as vylas de Ponball e de Oure e Porto de Mos e Bataiha, q ie foi seu termo de Leiria, e co Alpedriz e co Pataias, que foi seu termo e agora he dAlcoba^a por Iho dar ha Ratnha, e co a vila das Paredes, que tambem foi seu termo e agora he dAlcoba^a porque Iho deu eirei do Sacho ou elRei do Pedro. — Jorge Fernandez o es- prevy. Soma a todos os moradores de Leiria e seu termo, 2060 vizinhos. A vila da Bataiha he del Rey noso Senhor It. A 8 dlas de setembro do ano de noso senhor Jhesu Ghristo de i327 anos fuy a vila da Bataiha onde tomey certa eformai^ao do que sua alteza màdava, e achei o scii- te, sedo presete a iso Oiogo de Seixas, juiz, e Francisco do Vale, tabeliam.— It. A yila da Bataiha tem 77 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sam 8 cavalleiros e escudeiros e o mais he povo. E te de termo as aldeas segTtes : — It. Aldea de Vila Fa^aya tem 4 vizinhos. — Al- dea dos AdrÓes, 3.— Aidea dos Palmeiros. 4. — Aldea da Qinta doSobrado,8. — Aldea da Faneqeira, 11. — O casal que està junto aa vila, ia. — Aldea da Jardoeira, 3.~ Aldea dos Gasaes, 4.--- Aldea de Madeira, 7. — Aldea de Ma<^eira de Gima, 8 vizinhos. Està vila da Bataiha tem de termo pera a parte da vila de Leiria hS quarto de le- goa, e outro tanto te pera Porto de Mos, e pera a parte do mar tem mea legoa de termo. Parte co a vila de Leiria, e fìqua cerquada de todas as partes co ho termo de Leiria. It. Os oficiaes da vila da Bataiha disera a m^ Jorge Fernandez, que a dita vila tinha 22p pessoas moradores no termo da vila de Leiria, os quaes eram da jurdicSo 9ivel e crime da Bataiha, por rez&om de serS priviligiados por bem de seus ofi^ios do mosteìro 248 ARCfflVO HISTORICO PORTUGUEZ da Batalha e obras dele, e pore eles vam ja no titulo do termo de Leirìa, porque aù se c6tar§ todos os moradores que avia no termo. Soma OS moradores da Batalha e seu termo, 145 vixtnhos. A vyla de Porto de Mas A outo de setembro do ano sobredicto fui eu escprivam a vila de Porto de Mos, que he do Duqe de Bragamca, onde tornei Sforma9ao dos moradores e logares da vila e termo, sendo presente Sym'ao Rodrìguiz, juiz, e Bastilo Bocarro, esprìvSo da catnara, e achei o segite : It. A vila de Porto de Mos tem 140 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sam loes* cudeiros e 12 clerìgos e o mais he povo. Està vila tem de termo as aldeas segites. — It. Aidea do Azanbujall tem 5 vizinhos. — Aidea dAlcaria, 1 1. —Aidea dAlbardos, 52.— Aidea de Mf de, 76. — Aidea de Serra Ve- toso, 38. — Aidea de Mediga, 21. — Aidea da Rimai, 18. —Aidea ao Jumqal, 16.— O Pe da Serra e Cumeira, 22. — Aldea do Pyqamilho, io. — Aidea do Amdaom e Choupardo e An- dainho e Val dAugoa, 21. — Aidea da Calvaria, 6. — Aidea do Togal, i5.— A Ribcira e Fonte dOleiro, 23. — O casal do Azabujal e AlqeidSo, 4. — A ribeira dos Moinhos t^ 18. Està vila de Porto de Mos te de termo pera a parte da vyla dAlqanede duas legoas e mea^ esperà a parte da vila dAlpedriz te duas legoas de termo, e pera a parte da vila dOure te hila legoa, e pera a Batalha mea legoa, e pera a parte da vila de Torres No* vas te duas legoas mea. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma a todos os moradores de Porto de Mos e termo, 5i2 vizinhos. A vyla dAlpedri^ Mestrado de Samtìa^ It. Fuy a vila dAlpedriz aos o de setembro do anno de 1527 e co Pedro Anes, juiz, me eformey dos moradores da vita e termo, e achei o segite: — It. A vila dAlpedriz, que he do Mestre de Satiago, tem no corpo da vila 16 vizinhos. It. Aidea dos Montes, termo desta vila, tem i5 vizinhos. — Os casaes de Doro Bras, 7.— Os moinhos da Ribeira e o de FernS Luis, 8. Està vila dAlpedriz tem de termo pera as partes das vilas de Leiria e Batalha e Coz hù quarto de mea legoa, pera cada bua das ditas tres partes. Parte c5 Leiria e Coz e Porto de Mos. Soma ao todo, 46 vizinhos. A vyla de Co^ It. A vila de Coz, que he do mosteiro dAlcobai^a, tem 38 vizinhos no corpo da vila. Titolo do seu termo.— It. Aidea da Castanheira tem 22 vizinhos. — Aidea da Po- va, 7. Està vila tem de termo pera a parte dAlcoba^a hG quarto de mea legoa, e pera a parte dAlcoba^a (sic) outro tanto. Parte c5 as vilas dAlpedriz e Porto de Mos e Aljubarrota ; e isto me eformei eh Bastia Machado, juiz na dita vila de Coz, a 9 de setembro de 1527 — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 67 vizinhos. A vyla dAljubarrota It. A vila dAljubarrota, que he do mosteiro dAlcoba^a, tem i63 vizinhos no corpo da vila. E te de termo as aldeas segintes: — It. Aidea dos ChSos e Cumeira te i5 vizinhoi — Aidea da Tayja de Cima, io.— Aidea do Carvalhal, i3. — Aidea da Chaqeda, 7. Està vila dAljubarrota tem de termo pera parte de Porto de Mos hG quarto de mea legoa. Parte c6 Coz e Porto de Mos e Maiorga e Alcoba^a. Soma ao todo, 208 vizinhos. POVOAgÀO DA ESTREMADUPA NO XVI. SECOLO. «49 A vjrla da Pedemeyra Aos 9 dias do mes de setembro do ano de noso senhor Jhesu Christo de iSay an- nos fuy a vila da Pederneira, que he dos coutos dAlcobaca, e ahi me eformei do com- theudo na carta de Sua Alteza, sendo presete os juizes da' dita vila e outras muitas pes- soas, e achei o segiinte:^Jorge Fernandez o esprevy.— It. A vila da Pederneira tem 176 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sa 7 clerigos. Te de termo:— It. A aidea da Serra e casaes e que ha 21 vizinhos. E tem de termo pera a parte d'AlfeiserSom hùa legoa, e pera a parte dAlcoba^a te de termo mea legoa. Parte co as vilas dAIfeizerSom e Alcoba^a e as Paredes. Soma ao todo, 197 vizinhos. A vyla de Sa Martinha No dito dia atras me informey dos moradores da vila de SS Martinho, que he dos coutos dAlcoba^a, c5 Domigos Martinz, esprivao, e achei aver o segimte: — Jorge Fer- nandez o csprevy.->It. A vila de Sam Martinho tem 4 vizinhos no corpo da vila. Tem este termo:— It. O casal dos Gagos e que ha 6 vizinhos. — No casal de FemS- deanes, 2.— O casal de Joao de Si Martinho^ i. Està vila de Sa Martinho tem de termo ao redor de si mea legoa. Parte c5 as vilas dAlfeyzeraom e co a Pederneira e c6 ho maar. Soma ao todo, i3 vizinhos. A yyla dAlfei^^erSom Contos dAlcoba^ Em o dito dia o de setembro me informei dos moradores e termo da vila dAlfeize- rao c6 Dominguez Martinz, e achey aver o segimte— Jorge Fernandez o esprevy.— It. A vila dAlfeizeraom, que he dos coutos dAlcoba^a, tem 60 vizinhos no corpo da vila. Te o termo segue:— It. Aidea de Familicaom e casaes do Raposo e quintS da Ma- qarqua tem aS vizinhos. E te de termo pera a parte de Satu Caterina bua legoa, e pera a parte da Peder- neira outra legoa, e pera o mar e Salir do Porto mea lej^oa. Parte co as vilas das Caldas e Salir do Porto e co a Pederneira e Sata Caterina. Soma ao todo, 83 vizinhos. A vila da Mayorga Aos dez dias do mes de setembro do anno de Noso Senhor Jhesu Christo de i527 annos fui a vila da Mayorga, que he dos coutos dAlcoba^a, e co Joam Anes, juiz, e outras muitas pessoas me informei, e achei o seginte : — Jorge Fernandez o esprevy. — It. A vila da Maiorga tem 87 vizinhos no corpo da vila. Titolo do termo aa dita vila : — It. Aidea da Beposta tem 8 vizinhos. — O casal da Figeira, 4. — A qintl do Licenciado Alvaro Martini, ouvidor dAlcoba^a, i. Tem de termo pera a parte da vila de Coz hù quarto de mea legoa, e pera Alcoba9a tem cutro tamto, e pera o casal da Figeira tem mea legoa de termo. E parte co as vilas de Coz e Aljubarrota e Aìcoba^a e Pederneira. Soma ao todo, 100 vizinhos. A vila dAlcoòa^'a qae se chama o julgado Aos 1 1 de setembro do dito ano fuy a vila dAUcoba^a e c5 Jobam Pirez, juiz, e AfTonso Pirez, tabelliSo, e outros tomei eforma^io do cotheudo na carta de Sua Alteza, e achei o seg|[te : — It. A vila de Alcoba^a tem no corpo da vila 127 vizinhos. Tem o termo segimte : — It. Aidea de Pataias tem 11 vizinhos. — Casaes da Ribei- ra de Pinbeiro e Fanhaes» 18. — Aidea do Valado, 24. — Aidea da Vestearia e casaes, 89. — Os casaes da Mata e Mote de fìois e Valbom, 67. 25o ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Està vila tem de termo pera a parte da vila de Leiria duas legoas, e pera a parte de Sancita Caterina tem duas legoas de termo, e pera Evora dAlcoba^a hCE meo quarto de mea legoa. Parte està vila c5 as vilas dAljubarrota e Maiorga e a vila da Cela e SSta Caterina e Pederneira e Alfeyzerioro. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 286 vizinhos. ^ A yyla das Paredes A vila das Paredes, que he dos coutos dAlcoba^a, tem vj vbinhos dos quaes sS 8 viuvas. Està vila nS tem nhum termo ne aldeas. Parte c6 a vila de Leiria e c6 a Pederneira e c5 ho mar onde està pegada. Soma, 37 vizinhos. A vila dEvora dAkobaga Il a vila dEvora dAlcoba^a tem 146 vizinhos no corpo da tila, dos quaes sam 3t viuvas. Tem o termo seginte : — It. Aidea dos Cadavaes tem 8 vizinhos e mais h0a viuva. — Aidea do Arrìeiro, 16. — Aidea dos Marroos, 6. — Casal dofìeqoro (?), 2. Està vila tem de termo pera a parte de Turuqel hu quarto de mea legoa, e outro tamto pera a parte dAljubarrota, e outro tanto pera Alcoba^a. Parte co Turuqel e c5 Alcoba^a e c6 Aljubarrota. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 175 vizinhos. il vila de Turuqell It. A vila de Turuqel, que he dos coutos dAlcoba^a, tem 36 vizinhos de que sam 9 viuvas. Tem o termo segimte : — It Aidea dos Camdieiros e casaes, 21 vizinhos. Està vila tem de termo pera a parte dEvora dAlcoba^a mea legoa, e pera Sata Ca« terina hQ ter^o de mea legoa, e pera o termo de Samtare tem mea legoa, e pera a parte da vila dAlcanede tem hGa legoa. Parte com as vilas dEvora dAlcoba^a e SSta Caterina e c6 ho termo de Samta- reno. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, bj vizinhos. A vila de Samta Caterina It. A vila de Samta Caterina, que he dos coutos dAlcoba^a, tem no corpo da villa 3i vizinhos. Titolo do termo desta vila : — It. Aidea da Gramja a Nova tem 8 vizinhos. — Aidea do Bairro da Figeira, 10.— Aidea do Pego, 7.— Àldea da Ramalhosa, 8. — Aidea do AxS- bujall, 8. — Aidea das Antas, 6. — Aidea do Carvalhal, i o. — Aidea das Mostas, 6. — A qumtS de Lopo Diaz, i. — O casal da Ribeira Frìa, 2. — O casal de Fonteq^te. i. — 0 casal de Joham Diaz, 2. Està vila de Samta Caterina tem de termo pera a parte de SSta Caterina fsicjmu legoa de termo, e outro tanto pera a parte de Santare e Turuqel. Parte c5 ho termo de Samtarem e c5 o julgado d Alcoba^a, e c6 a vila dAlfeyzerSoo e co a vila de Salir do Mato. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 100 vizinhos. A vila da Cela A 12 de setembro do ano de Noso Senhor Jhesu Christo de 1527 anos fui a vila da Cela e co Joao Braz, juiz, e Alvaro Mariinz, esprivSo da camara, me ^formei do com- theudo na carta de Sua AJceza, e achei o seginte : — It. A vila da Cela, que he dos cou- tos dAlcoba^a, tem 104 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sa 20 viuvas. It. O casal do Barrio e Valbom e o casal da Galega e o da Biqa, 6 vizinhos. ^ 0 ca- sal da Morteira e o da Cela Velha, 2. Està vila da Cela tem de termo pera a parte dAlcoba^a mea legoa, e pera a parte da vila dAlfeizerSom mea legoa. POVOAgÀO DA ESTREMADURA NO XVI. SECULO. 25i Parte c6 as vilas dAlfeizeriom e Pederneìra e Alcoba^a. — Jorge Fernandez o es- prevY. Soma ao lodo, i la vixinhos. A vita dAlvominha » Il a vila dAlvorninha, que he dos coutos dAlcoba^a, tem no corpo da vila 14 vi zìnbos c6 4 viuvas. E tero de termo : — It. Aidea dos Vidaes e que ha 14 vizinhos. — Aidea dos Mostei- ros,6. — Aidea da Trabalhia c5 casal de Gibaltar, 12. — Aidea da Mouta, 0. — Aidea dAlmo£i1a, 16. — Aidea dAlvominha Pequena, 8.-7- Aidea da Suaria c6 a Malazia, 6. — 0 casal do Ooteiro e casaes ahv jumtos, ai. — As quintias do Pa^o e Val Fermoso, a. Està vila dAlvominha tem de termo pera a parte de Santare e Obidos hCta legoa i lomgo e mea legoa ao traves. Parte c6 as vilas dObydos e Samtare e c5 Salir do Mato. — Jorge Fernandez o es- prevy — Segando mais compridamente fica asinado no propio. Soma ao todo, 108 vizinhos. A vila de Salir do Mato It. A vila de Salltr do Mato, que he dos coutos dAlcoba^a, tem no corpo da vila 5 vysinhos. E té o termo seginte : — It. Aidea das Trabalhias, 4 vizinhos. — Em BatStes, 2. -* Em o casal do Gisado e do Infante e na Feteyra, 5. Està vila tem de termo bua legoa e largo e i redondo. Parte c5 as vilas dAlvominha e S3ta Caterina e Alfeizerao. — Jorge Fernandez o esprevy. — Segundo mais conpridamente fiqa asinado por as pessoas c5 que tomey està efonnaf ao no proprio. Soma ao todo, 16 vizinhos. A yyla de Salyr do Porto Da Rainha Nossa Senhora It. A vila de Salyr do Porto tem no corpo da vila i5 vizinhos. — He del Rey Nosso Senhor. E tero o termo segimte: — It. Os moinhos dAugoa Salgada, 1 vizinho. Està vila n6 tem nhua aidea de termo e tem mea legoa de termo por a char- neqa. Parte c6 a vila dObidos e com ho maar, segundo mais conpridamente fiqa asinado por o tabelliam da dita vila no propio— Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 16 vizinhos. A vita das Caldas Da Rainha Nossa Senhora A vila das Caldas, que he deIRei Noso Senhor, tem no corpo da vila 70 vizinhos, dos quaes sam 6 clerigos e 10 viuvas e o mais he povo. E tem o termo segimte: — It. Aidea do Casal Novo tem 8 vizinhos. — O casal do Campo, 2. — O casal do Avena], i.— -Tres moedas do Cubo e Acenha Nova e Acenha dos Matos, 3 vizinhos. Està vila das Caldas tem de termo mea legoa ao redor da vila pera todas as par- tes. Parte c5 o termo da^vila dObidos. O qual termo ^eroua toda està vila de maneira que as Caldas fiq3 de détro do lenite do dito termo dObidos, e por assi ser asinarao no propio o joiz e espriv§o das Caldas a 12 de setembro de iSay — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 86 vizinhos. A vila dObidos Da Rainha Nossa Senhora It Aos 12 dias de setembro do ano de nosso Senhor Jhesu Chrìsto de i5t7 anoa 252 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ fui a vila dObidoi e na camara da dita vile, sendo presetes o juiz e vereadores, Ihes mostre! a provisam delRei noso Senhor e c5 eies soube o segimte:— It. AviladObrdos lem 160 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sam 6 cavaleiros e 16 escudeiros e2^cle- rigos e 41 viuvasy e o mais he povo. Titolo do termo desta vila: — Jt. Aidea do Arelho te 37 vizìnhos. — Aidea da Uscirà, i5.<~Aldea da Gorda, 25.— Aidea do Soveral da Lagoa, 1 5.— Aidea d Amoreira, 40, c5 OS moinhos jumtos dele, de que sa 5 escudeiros. — Aidea do Vaao, 6. — Aidea dOl ho Ma- rìnho, 17.— Aidea do Poo, 19— Aidea de Sam Mamede, co a quinti de dona Giomar, 17.— Aidea dos Bara9aes, 18.— Aidea da Rouri^a, 34, co Diogo de Melo de CastelbrS- co, que està na sua quinta da Tiritana. — Aidea da Coroubeira, 24. — Aidea dAzanbu- jeira, que tanbe ficou por esprever, 5.— Aidea do Regego Grade, 28. — Aldca do Regego Pcqeno, 16. — Aidea do Moledo e SS Louren<;o, S que estam hus pa^os anti|;os deirei noso senhor de mòtaria e os moradores deste locar sa priviligiaaos, 26 vizìnhos.— A quimta do fìispo de Tamjere, de Sa Louren^o, i. — Lameyra e Pa^o«6. — Aidea da Mou- ta, 25. — Aidea do Bonbarral, 61 vizinhos (na verdade sam 85 os vuinhos em que em- tram i5 cavalleiros e escudeirosj.— Aidea do Sanginhal, 14.— Aidea de FamSes, 7.— Ai- dea dos Ruivos, 25. — Aidea do Carvalhal, 53, e que sam 7 escudeiros e 2 clerigos.— Ai- dea do Soveral do Perelha, 7. — Aidea da Delgada, 10. — Aidea do Borrocalvo, 16— Ai- dea dos Negros, 20. — Aidea da Samacheira, 18, e que sa 2 escudeiros. — Aidea doFratn- ao, So, c5 hu clerigo — Aidea do Lamdal, que he da hordem de Sam Joham, 3i.-— Aidea ae Sam Gregorio, 32.— -Aidea da Fanadia, 9. — Aidea da Rabaceira, 12. co Alonso Anri- quez que vive na sua quinta de Casevel.— Aidea de Cotem, 16. — Aidea aa Motoeira, 12.— As aldeas do Goto e Valle, 23. — Aidea de Gornaga, 16, co hu clerigo. — Aidea do Chao da Parada, 18. — Aidea da Serra do Bouro, 26, co hùa quinta do doutor Luis da Veyga, desebargador, c^ue tem hos direitos desta aidea.— A quinti da Fooz de dona Giomar, molher que foi de do Sancho, 2.— Aidea do Garregal e casaes, 12. — Aidea de Traso Outeiro c5 aidea do Bairro, 20. — O casal da Figeira, 3. — Aidea das Gaeiras, 16. Està vila dObidos tem de termo pera a parte de Lixboa duas legoas e mea, e pera a parte da vila de Samtare outras duas legoas e mea, e pera a parte da vila dAtougia tem bua legoa e mea de termo, e pera a parte de Salir do Porto tem duas legoas e mea de termo, e pera a parte de Torres Vedras tem de termo duas legoas e mea. Parte està vila dObydos c5 as vilas dAtougia da Balea, e co a vila da Lourinhame co a vila de Torres Vedras e do Gadaval, que jé foi termo desta vila dObidos, e ed a vila de Samtare e c5 a vila dAlvorninha, que jé toi termo da dita vila e agora he dos coutos dAlcoba9a, e co a vila de Salir do Porto, que ja tambe foi seu termo a qual se danifiqa muito ora ; e a vila das Galdas jaz de demtro do termo dObidos e fiqa toda cerqada ao redor, e foi jà termo dObidos. E por asi ser verdade esprevy e eles o asyna- rao no propio que e meu poder fìqa — Jorge Fernandez o esprevy. ^Soma OS moradores aObidos e seu termo, io23 vizinhos. E mais 3 aldeas, que fa- lecia^ e qué ha 25 vizinhos. E no Bombarrall sam mais 24 vizinhos. E mais aidea dAza- bujeira, que fìcava, que tem 5 vizinhos. Sa ao todo, 1076 vizinhos. A vila do Cadavaìl Comde de Temtugal It. k i3 de setembro do dito ano de 1527 anos fui ao logar da Vermelha, termo da vila do Gadaval, e co Ferna Gomez, tabcliam na dita vila e termo que ahi vive, me ia* formei do cotheudo na carta de Sun Aiteza e achei nesta vila, que he doGddedeTen- tugel, o segimte : — Jorge Fernandez o esprevy.— It. Na vila do Gadaval ha 5; vizinhos no corpo da vila. Titolo do seu termo : — It. Aidea de Dam Lobo tem 14 vizinhos.— Aidea de Pero Moniz, 19. — Aidea de Marti Joanes, 8. — Aldca de Vilar, 27. — Gasaes de Palhacs e Eixo, 4.— Gasai da Zorrieira e quinta da'Trindade. 3.— O casal do Pereiro, 3. — O casal da Togeira, 3. — Aidea de Vila Nova, 11. — Gasai de Vetosa, 4. — Gasai da Gorrieira, 2 — Aidea do Garvalhal, 10.— Aidea de Praganca, 22. — Gasai de Mote Jumto, 4.— Aidea de Lamas, 6.— Aidea do Gasai Velho, 6. — Gasai do Ghao do Sapo e o da Bou^a e da POVOAgÀO DA ESTREMADURA NO XVI. SECULO. a53 Louro, 3. — Casal do Carvalho, i. — Aidea da do Painho co ho casal da Carrasqeira, Sa. — Aidea da da Corda, io. — Aidea da Verroelha^ 3o. — A ouimta de Varatolo que he de Francisco Pereira, i. — Aidea do Perai, 34. — Aidea das Barreiras, io. — Aidea da So- Verena, io. Està vila do Cadaval tem de termo pera a parte da vila dObidos mea^legoa, e pera a parte de Vila Verde tem de termo hua legoa, e pera a parte de Samtare tem de termo litia legoa. Parte està vila com as vilas dObidos e Vyla Verde, e co o termo da vila de^Sam- tarf e c5 Alcoetre. E por asi ser o dito tabelliam asinou no propio livro que e meu poder fiqa. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma OS rooradores do Cadaval e seu termo, 479 vizinhos. ' A vyla dAtougia da Balea ' h. Fuy a vila dAtougia da Balea, que he de dd AfTomso de Taide, aos 14 do dito mes de setembro e ahi na camara, c5 o juiz e vereadores e esprivao da camara, Ihes DOtefìcei a carta deIRei noso Senhor e achei a dita vila ter os moradores e termo se- gimte : — It. A vila dAtoueia tem lai vizinhos no corpo da vila, dos quaes sam 17 ca- valleiros e escudeiros e 8 cferif;os e 44 vìuvas, e o mais he povo. Te o termo scgimte : — It. Aidea dos Giraldos tem 19 vizinhos. — Aidea da Serra delRcj, 56. — Aidea da Ribeira, 144. — Aidea de Penìche, 47. — Aidea de Ferrei, io. — Casal de Luis Diaz, 1. — A quinta dAffonso dAlbuquerque, i. — Casal de Martinha- nes e o de Mestre Medo e o da Pereira, 5. ~- Aidea dos Feitaes e casal Branco, 3 — Ai- dea da Coimbram, 6.— Casal dEttor Fernandez, 1. — Casal de Val de Bigote e acenha de Caingo e acenha do Cabo e de Pedroso, 4. — Aidea de Reinaldos, 4. — As acenhas do Rumar e de Joao do Avelar, 3. — A quinta dos Leitoes, 6. — Aidea do Machial, 4. — Aidea dos Bolhos e o casal do Lìbraldo, 7.— Os casaes de Boa Sonbra e de Jo3o Ove* Iheiro e do Myceo e Cabe^a do Ferro e o de Boa Vista e da Orta, 8.— Aidea da Bu- farda, 8. — Aidea de Carnyde, 4. — Aidea de Riha Fria^ 6. Està vila dAtougia tem de termo pera a parte dObidos hGa mea legoa grande, e outra mea legoa pera o maar, e pera Lourinham tem de termo hua legoa. Parte co as vilas dObidos e LourinhS, e c5 ho mar. — E os sobreditos ofeciaes asi- nara no propio livro que e poder de mi esprivao fìqa. Sooaa OS moradores dAtougia e seu termo, 468 vizinhos. A vyla da Lourynham dom Lais de Castro It. No dito dia 14 de setembro fui eu Jorge Fernandez a vila da Lourinham, que he de do Fedro de Castro, veador da fazcnda delRel noso Senhor, e co o juiz e ofeciaes dela me informei do comtheudo na carta de Sua Alteza, e achei aver os moradores e termo segimte : — Jorge Fernandez o esprevy.— It. A vila da Lourinham tem i3o vizinhos no corpo da vila, dos quaes sa 1 cavalleiro e 5 escudeiros e 10 clerigos e 22 viuvas, e o mais he povo. Tem o termo segimte : — - It. Aidea dAzabugeira tem 18 vizinhos. — Aidea da Serra do Calvo, 8. — Aidea dAbilheira, 8. — Aidea do To^ofal de Baixo, i3. — Aidea do Tocofal de Cima, i5 — Vali de Biga, 3. — Aidea da Rouqeira, 3. — Aidea do Soveral, 8.— Aidea de Nadrupe, io. — Aidea de Miragaia, 14.— Aidea de Papa Vouga. 6. — Aidea da Ribeira, 4.— Aidea da Joaria, 9. — Aidea da Barteleira, 14.— Aidea de Val de Lobos, 10. — Casal de Lour^, i. — Aidea das Matas, 8. — Aidea de PragS^a, 3.— Aidea de To- ledo co ho casal de Trista Estevez, 18. — Aidea do Vimieiro, 14. — Aidea da Vemtosa c5 ho casali da Fomte Lima, 6. — Aidea do Alqeidao, 4. — Aidea de Margiteira, 8 — Ai- dea de Ribamar^ 3. — O casal do Porto Dereito (?) co Atalaya, 4. -- Aidea de Motouto, 3. ->0 casal da Charrua, 1. Està vila da Lourinha tem de termo pera a parte de Torres Vedras hCia legoa, e pera a vila dAtougia tem hCa legoa de termo, e pera a parte de Vila Verde outra legoa de terroa Parte ed Torres Vedras e co Objrdos e Atougia, e co ho mar.— E por asi achar ser verdade eles o asinarao no livro propio que e meu poder fica. Soma ao todo, 346 vizinhos. »54 ARCHIVO HISTORICO HORTUGUEZ A vylla de Torres Vedrai del Rey Nosso Senhor Aos x5 de setembro do anno de Nosso Senhor Jhesu Christo de iSij annos eu Jores Fernandez fui a vila de Torres Vedras, e na casa da Camara me inforroey do cotheudo na carta del Rey nosso Senhor, presete o juiz e vereadores e esprivao da Camara, e achey o seginte : — It. A vila de Torres Vedras tem iS? vizinhos no corpo da TÌla, dos quaes sam 3 fìdalgos e i3 cavalleiros e 23 escudeìros e 3i viuvas« e o mais he povo. Tem o termo seginte : — It. Aidea dos Cunhados tem 6 vizinhos. — Aidea do So- vereiro Curvo e Paradas e Povoa, 7. — Aidea da Maceira, 8. — Aidea da Serpegeira, 7. — Aidea de Vila Faqai e Amixieira e casaes, 16. — Aidea de Pai Correa, 6, co casaes.— Aidea do Ramalhal co casaes darredor, 16. — Aidea do Ameal, 28, c5 casaes daredor— Aidea da Brunheira co casaes darredor, 16. — Aidea da Ermegeira, 12, co casaes darre- dor.— Aidea da Lobageira dAlcabrichel ed casaes darredor, 7. — Aidea de Mote Redon- do, 8.— Aidea de Lanas Grandes, 8.— Aidea do Machial, 61. — Aidea Grande, Sf— Ai- dea do Mosteiro de Matacaes e casaes darredor, 25. — Aidea da Ordasqeira, 1 5.-- Aidea de Machea, c6 casaes darredor, 18. — Aidea de Runa co casaes darredor, 43 — Aidea de Lapas Pequenas, 8.— Ribeira de MatacSes, 20. — Aidea do Penedo c5 casaes darre- dor^ 10. — Aidea da Provaceìra, a.— Aidea da Portela da Carvoeira, 9. — Aidea da Ze- breira, 20. — Aidea da Panasqeira, 14. — Aidea da Carvoeira, 41- — Aldea de Filhaboa, 6. — Aidea da Beira co casaes darredor, 5. — Aidea das Carreiras, 3. — Aidea da Rainha, IO. — Aidea dos Carmoes, 9. — Aidea da Sartinheira, 5. — Aidea da Carrasqeira, 3.— Ai- dea dAlcoba^a» 3. — Aidea do Cervigal, 8. — Aidea do Bara^al, 7, c6 casaes darredor.-- Aldea dAlfeiria, 2.~ Aidea da Maceira, 7. — Aidea da Folgarosa, 6. — Aidea da Murtei- ra, 3. — Aidea da Bolorgeira, 7.— Aidea da Ribeira de Maria AfFonso, 8. — Aidea de Moncouval, 7.— Aidea de Mougelas, 9.— Aidea da Demoninho, 4.— Aidea de Dous Por- tos, 19.— Aldea de Cirol, 9. — Aidea da Rehaldeira, 26. — Aidea da Cacheìria, 27.— Aidea de Cascavelos, 3.— Aldea da Granja de SSta Cruz, ^—Casal de Casaboa, i.^Aldea dos Carvalhos co casaes darredor. 14. — Aldea das Sovelas co o moinho, 3. — Aidea da Gmnja e das Galinhas co acenha, 8. — Aldea da Filiteira, 7. — Casal de Cedadoura e do M5te dEixo, 3. — Casal da Degerra, 2. — Aldea da Patameira, 8.— Casal da Soelheira, 1.— Aidea da de Pero Negro, 5.— Aldea da Portela do Torcifal, io — Aldea do Furadouro Velho, li. — A Filigeira co casaes darredor, 8.— Aldea da Mugydeira, 7 — Aidea da 0rgari9a, la — ^Aldea da Louriceira, 7. — O Furadouro Novo, 2. — Aldea da Portoxeira co casaes de redor, 7.— Aldea de Bicicolos e Susana, 7.-^asaes do Repelao ao redor, 5.— Aldea do Arneiro, 5. — Aldea do Barro, 7. — Aldea da Serra de Diogo Espada, 6. — Aldea do Car- valhal e moinho do Rato, 18. — Aldea da Pimteira, 8. — Aldea da Cadriceira, i?-— ^Aldea do Trocifal, 104.— Aldea da Melroeira, ig, co os casaes de redor. — Aldea da Freixofei- ta, 19. — Aldea da Enxara do Bispo, 38, co casaes de redor. — Aldea de Sa Sebastiani, sa — Aidea das Porcari^as, io. — Aldea de Vila Pouca, 22. — Aldea do Torroal,6. — ^Aldeade Malforno, 2. — ^Aldea^de Vila Franca, co casaes ao redor, 17. — Aldea do Gradii cS casaes ao redor, 34.— Aldea das Barras, 5. — Aldea da Vcrmoeira, 9. — Aldea da Cevelheira, 7. —Aldea de Caneira, i5 — Aldea da Bandalhoeira co Mote Gordo, 1 3.— Aldea dAzoeira, ao.— Aldea dAceiceyra, 12.— Aldea e casaes do Cadasal, 5.— Aldea da Chanqa « casaes, 6— Aldea da Togeira, 5.— Aidea do Soveral, 23, c6 a Portela e casaes. — Aldea da Baboreira e a do Paull, 8.— Aldea da Sarreira, 4.— Aldea da Freira, 1 5. — Aldea dos Pocos, 4. — Aldea da Co- louriga, 8, co a Chapoeira.— Aldea de Fernadinho, 5.— Aldea de Val de Galego. 7.— Aldea da Morteira, 3. — Aldea dos Chaaos, 3. — Casaes da Torre da Rainha, 9. — Aidea da Lobagei- ra dos Lobatos co casaes ao redor, 22. — Aldea de Palhaea, 3. — Aidea e casaes da Serra, 8. — Aldea da Ctmdteira e casaes ao redor, i3. — Os casaes da Famga da Fé que he Regego, 8. — Casaes da Chameqa, 4.— Aldea do Barrii, 17, c6 casaes ao redor.— A aldea de Mou« felas e Randide e casaes, 48. — Aldea da Coutaaa com os casaes darredor, 21.— Aldea do ynbral e Arca e casaes darredor, 1 1, com as Acaqarias. — .\ldea dAlfoyata, i5.— 0 Paul e Val de Lobos, 2.— Casaes da Boroeira e Sam Gyaom, 8.— Aldea da Fomte Grande,'! s. — Casaes da Galegueira e Serra e Gibaltar, 3. -Aldea da Goldroseira, 8. — Aldea da Be- fica, 8.— Aldea da Pomte do Rol com a aldea de Vetosa, 8.— Aldea da Baroeira com 0 souto e casaes de redor, 19. — Aldea da Ribeira de Pednilhos, 24.— Aldea de Pedrulhosi ao. — Aldea de Varatojo e casaes ao redor, 19. POVOAgAO DA ESTREMADURA NO XVI. SECULO. a55 It Na quinti de Blifiqa vive d5 Rodrigo de Crasto, comcdador de Sea* i visinho.— Na gmoti dAxoeira vive Estevam de Grasto seu sogro, i.— Na quintS da Ribeira vive Jor* je de Crasto, iidalgo, i.— Na (quintS da Patameira vive Affonso de Miranda, fìdalgo, i. -rNa quintS da Torre da Rainha vive d5 Amtonio de Meneses, i. — Na quinta oa Ca- duriceira vive do Fedro filho dEstevS de Crasto, i. — ^Na quimtS de dd SitnSo, que se charoa Vila Pouca, i visinho. E neste termo de Torres Vedras vivena mais 3 fìdalgos e 19 cavaleiros e io escudeiros e ja vam no numero atraz. Està vyla de Torres Vedras tem pera a parte da cidade de Lixboa duas legoas de termo, e pera a parte da vila dObydos tem duas legoas de termo, e pera a parte da vila dAlSqer tem outras duas legoas de termo, e tem mais duas legoas de costa de maar. Parte ed as vtlas dObydos e cidade de Lixboa, e c5 a vila da LourinhS e c5 as vi- las da Eyrìceira e Enxara dos Cavalleiros, e c5 ho termo da vila de Sintra e c6 Aidea Galega, Mote Agra^o, Cadaval, e c6 Arruda e Alaqer e Vila Verde, e c5 Mafora. — E por asy ser, eles oficiaes ho asinarSo no propio que e meu poder fica. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 1943 vizinhos. A yyla da Enxara dos Cavalleiros It. A vila da Enxara dos Cavalleiros, que he do Conde de Penela, tem 37 vizinhos no corpo da villa. E tem este termo segite:— It. Aidea da Cardosa li 2 vizinhos.— AldealdAImarinho, 3.-^s casaes dAlmarìnho, io, Tem hG quarto de mea legoa de termo pera a parte de Torres Vedras, e outro tanto pera a parte do termo da cidade de Lixboa; e foy ja està vila termo de Torres Vedras, e ainda agora ve ouvir missa ao termo de Torres. Parte c6 hos sobreditos logaies. — Jorge Fernandez o esprevy, e asinou no propio Antonio de Bairros, esprìvao. Soma ao todo, 42 vizinhos. A yyla de Mòte Agrago Comde de Sorteiha Il Em està vila de Mote Aeralo n6 vive nhtia pesoa no corpo da vila, somente està ahi bua i^eja e hQs pa^os velhos do Cardeal e agora sam de Luis da Silveira, e he regemgo.E tem o pelourìnho ahi. Està vila tS o termo que se sege:— It. Aidea de Vila Galega tem 7 vizinhos.^Aldea do Sovenil, 1 5.— Aidea da Barqeira, 4.-^Aldea de Caveda, 8. — ^Aldea da Gosondeira, io. —Aidea da Patameira, 4.^Aldea da Bespeira, 10.— Aidea da Cardosa, 3 vizinhos. Està vila tem de termo mea legoa. ^ Parte c5 ho termo da cidade de Lixboa, e co ho termo da vila dArruda, e co ho termo da vila de Torres Vedras cujo termo ja foy. — E por asy ser asynou aqui Amto- nio de Bairros, esprìvSo^ ed que tomey està Sforma^So.-— iorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 61 vizinhos. A vila da Eyriceyra It. Aos 17 de setembro de \5%j fui a vila da Eyrìceira, que he de Joham de Sousa, e na casa da Camara^ estando ahi Alvaro MeSo, juiz, e os vereadores c6 o esprivSo da Camara, Ihes notefìcei o mSdado del Rei, noso Senhor, e co eles soube dos moradores e termo da vila e achei o segpimte:— -It. Na vih da Eyrìceira ha 75 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sam a esjnideiros e a clerigos e 17 viuvas, e o mais he povo. Està vila n6 xi nhu termo ni aldeas, e somente tem o lemite aas casas da vila, porque antigamente foi termo da vila de Mafora e por iso no t£ termo. E parte c5 ho termo de Mafora que cerqa tudo de hfia parte, e o mar a cerqa dou- tra parte. — E os officiaes asinarSo no propio. Soma ao todo, 75 vizinhos. A vyla de Mafora A 18 de setembro do anno de Noso Senhor Jhesu Christo de iSaj anos fuy a vila de Mafora, que he do c6de de Penela, e ahi c6 JoSo Alvarez, juiz, e co o esprìvao da Ca- a56 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ mara soube dos moradores e termo desta vtlai e achei b segite:— It. Na viJa de Mafora ha 33 vizinhos, dos quaes saom a escudeiros e 6 clerigos e 12 viuvas, e o naais he povo. Titolo do termo desta yila. — It. Os casaes da vila te 4 vizinhos. — O casal do Pon- bal, 9, — O casal das Vilas, 2. — Aidea de Myciel Forno, 6. — Aidea dAlmada, 4.~Casaes do Lonbo da Vila 2. — Casaes dos Gon9alvinhos^ 5. — Casaes de M5te Agudel e de Mdte Souros^ 2 —Aidea das Fomtainhas, 4.— Aidea do Azabujal e casal da Relva e do Sove- reiro, o. — Aidea dos Grosinhos co os casaes da Serra e courelas e Outeiro, 8.— Os ca- saes do Pinheiro e da Fonte que ferve e de Pividos e de Morteira e de Goldriobo, 8.— Aidea da Murageira co os casaes do Vieiro e Dominguez Simoes e Camouqueira e Rou- xeira, 9. — Os casaes do Mato e Azabugeiro e Cachou(;a e moinho do Codsal e casal do Azabugeiro e dAmoreira, io — Os casaes dArriota e da Ervinha e do Calado e da Po- voa e a ouimta da Silva e Casal Novo, io.— Os casaes dos Salgados e da Perra e deMou- raom e Mote Agudel e Porcarì^as e Chaos, 12. — Casal de Santo Isidro> 3 — Casaes da Carrasqeira e o moinho do Mato e casal dos Junqeiros co a quimta, 8. — Outro casal da Carrasqeira c5 aidea dos Casaes, 4. - Os casaes do Barrii e da Fonte Boa e dos Leitoes e dos Caieiros e Picaceira e casal do Arresalo, i3. — O casal do Cafrugo e o moinho do Cavaleiro e o moinho do Meao, 4. — O casal da Lagoa, 6. — Aidea de MarvSiom, 9. — Aidea de Ribamar, 6. — Os casaes de Palhaes e da Marinha e da Ribeira, 3. — Aidea do Pasto, 6. — O moinho dAbadia, 2. Està vila de Mafora tem de termo pera a parte da villa de Torres Vedras mea le- goa e largo e hua legoa e conprido; e pera a parte da vila de Simtra tem h(i quarto de mea Icgoa de termo. Parte co as vilas de Torres Vedras e de Simtra, e co ho regego da Carvoeira, e co a vila da Eyriceira. — E por asi ser verdade asinaraom no propio que e meu poder fiqa. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 191 vizinhos. A vita de Chilkeiros It. no dito dia fui aa vila de Chilheiros, que he de do Amtonio de Taide, e c5 Vicete Marinho, juiz, e Nuno Martinz, esprìvao da Camara, soube do contheudo na carta de Sua Alteza averna dita vila o segite:— It. A vila de Chilheiros tem 34 vizinhos no corpo da vila, e deles he 1 cavaleiro e 3 clerigos e 3 viuvas, e o mais he povo. E tem o termo segite:— It. Aidea das Boroas tem 3 vizinhos. — Aidea do Carvalhal. 6.— Aidea dos (^arrados, 4. — O Polvoral e M5te Souro e Vila Fria, 6. — Aidea de Val Verde, 3. Està vila de Chilheiros tem de termo pera a parte do mar hGa legoa, e pera as ou- tras par tea no tem termo somente co as augoas vertetes da ribeira abaizo. Parte c5 ho termo da vila de Simtra por todas as partes, e co ho regego da Car- voeira. E por asi ser eies ho asinarào no propio livro que e poder de mi Jorge Femandes fìqa. Soma ao todo, 56 vizinhos. A vila de Colares qae he delRei Nosso Seahor It. Aos 19 de setembro do sobredito anno fui a vila de Colares e co Vasco Fernan- dez, juiz, e esprivSo da Camara, soube dos moradores e termo desta vila e achei 0 se- gtmte: — It. A vila de Colares tem no corpo da vila 78 vizinhos, destes sam 5 escudei- ros e 2 clerigos, e o mais he povo, Titulo do termo desta vila: — It. Aidea da Beposta tem 47 vizinhos. — Aidea do Pe- nedo co as azenhas, 34.~Aldea do Covao, 17. — Aidea do Mocifal, 27.— A quimiS do Mourato de dona Joana dAzcvedo (?), i vizinho. — E neste termo atras de Colares vam as quimtSs que ahi ha nas aldeas atras. E tem de termo pera a parte do mar mea legoa, e pera a parte da vila de Simtra tem huu quarto de mea legoa, e pera a parte de Mafora hù quarto de mea legoa, e pera a parte de Cascaes hii quarto de legoa. Parte c5 a vila de Simtra de todas as partes, porque o termo de Simtra a ceroade todas as partes. — E os sobreditos asinaro no proprio livró que e poder de mi Jorge rer- nandez nqa. Soma ao todo, 204 vizinhos. POVOAgÀO DA ESTREMADURA'NO XVJ. SECULO. a57 A vita de Caseaes dom Luis de Castro It. A 19 do dito mes de setembro fui a vila de Cascaes, que he de d6 Pedro de Castro, e c5 Alvaro Alfonso, juiz, e Alvaro Tavares, esprivSo da Camara, soube dos moradorcs e termo da dita vila o segite: — It. A vila de Cascaes tem 172 vizinhos no corpo da vilai dos quaes sam 11 escudeiros e 6 clerigos e 26 viuvas, e o mais he povo. Titolo do termo desta vila:— It. Aidea da Torre tem 5 vizinhos —Aidea de Birra, 5. --Aidea da Arca, 9.— Aidea da Charneqa e Inso, 8. — Aldea do Azabugeiro, 4. — Aidea do Cobre, 4.— Aidea da Malveira, 8. — Aidea das Almoynhas Velhas, c5 casaes darredor, 19 —Aidea da Bizcaya, 5.— Casaes de Porto Covo e Asamasa co a Ribeira, 14. — Aidea da Brisimdeira com a ribcira de Pera Lomga, 11. — Aidea dAIvive com casaes darredor, 9. — Aidea dAmoreira e Giralda, 7.— Aidea dAIcabedeche, 1 3. — A Idea dAlcoutio, 9.— Aidea de Bicece com a Douroana, 1 1, — Aidea de Portas de Manyqe e Msnyqe, 22 —Aldea de Caparyde ed a Ribeira de Caparide e seus casaes, 26.— Aidea de Tyras, io.— Alien do Azanbujall, 6. — Aidea de Rana com os casaes da Parede e Rabelva, i3 — Aidea de Ca- ca velos, 14. — Aidea de Ce^oeiros co ho Arnciro, 9— O Regemgo, que he jurdi^So sobre si e julgado e he do senhorio de Cascaes, 12. — Aidea da Polima coro o Ou tetro Freiria, IO. — Aidea da fìobeda com Trajouce, 11.— Aidea dAljafam^ com a ribeira de Redemou- ro, 16.— Aidea de Cabrafria,4. — Aidea das Covas, 9. — Aidea dAlbarraqe, 7. Està vila de Cascaes tem pera a parte de Lixboa duas legoas de termo, e pera a parte da vila de Simtra tem outras duas legoas, e pera a parte da vila de Coiares tem outras duas legoas. Parte c5 ho roaar, e com o termo da cidade de Lixboa, e com 0 termo de Simtra e Coiares. — E por asi ser eles oficiaes ho asinarlo no propio livro que Ì poder de mi Jorge Femandez fiqa. Soma ao todo S Cascaes, 482 vizinhos A vila de Simtra que he del Rei Nosso Senhor — da Rainha Nossa Senhora It A 20 de setembro de 1627 anos fui a vila de Simtra e na éasa da Carnata, es- tamdo ahi Amtooio de Penhorada, juis, e Marti Albamaz, vereador, e Jorge Femandez, tabeliam, c6 eles me eformei dos moradores e termo da dita vila, e achei o segimte:— It. A vila de Simtra tem 198 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sam 6 cavalleiros e 22 escudeiros e 25 clerigos e 46 viuvas, e o mais he povo. Titolo do seu termo o qual se chama por vimtanas: — ^It. A vimtana da Ranholas c5 as aldeas e casaes desta vimtana tem 36 vizinhos. — A vintana do Algeiriom co seus ca- saes, 33.— A vimtana de Payaes ed seus casaes e aldeas, 46. — A vimtana do Sabugo, 34. — A vimtana do Almarge, 27. — A vimtana da Cortega^a, 29, — A vimtana das Mastrontas co seus casaes, 38, — A vimtana de FaySom, 42. — A vimtana de Lechim, 44.— A vimtana dAIcaim^a, c5 casaes, 48. — A vimtana da Mearo, 45. — A vimtana de Montelavar c6 seus casaes, 33. — A vimtana dArmez c6 os casaes darredor, 35. — A vimtana do Raal com os casaes darredor, 36. — A vimtana dOdrinhas com os casaes darredor, 34. — A vimtana dA^afora com seus casaes, 37. — A vimtana de Poyarros co scas casaes ao redor, 29. — A vimtana de Sam Joam co seus casaes ao redor^ 34.— A vimtana da Perniga co os casaes ao redor, 47. — A vimtana de Cabris, 39.— A vimtana de Qenas com os casaes ao redor, 3i.— A vimtana da Oigeira co seus casaes 38 vizinhos.— It. Ha mais neste termo 3 clerigos. O regemgo da Carvoeira que està demtro no lemite desta vila de Simtra, e porem lie julgado apartado sobre si por ser regego delRei Noso Senhor, tem 24 vizinhos. Tem mais està vila de Simtra pera a parte da vila de Torres Vedras tres legoas de cermo, e pera a parte da vila de Mafora te outras tres legoas de termo, e pera a parte de Lixboa te de termo duas legoas, e pera a parte do maar te bua legoa e mea de termo, e para a parte de Cascaes tem de termo bua legoa per bua parte. E parte co as vilas de Cascaes, Coiares, e c5 termo de Lixboa, e co ho mar, e co Mafora e c5 a Eiriceira.— Jorge Fernandez o sprevy. Soma ao todo, 1062 vizinaos. 158 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ A viia dAJtverqua qae he del Rei Noso Seohor — dM capelas le. Aos 21 de setembro fui eu Jorge Fernandex esprivao a vila dAlverqa, honde c6 o )uiz soube o se^te:— It. A vila dAlverqa tem 108 vizinhos no corpo da vila^ e destet sam 6 escudeiros e 3 clerigos e 18 viavas, e o mais he povo. Titolo do termo d^ta vila: — It. Aidea de Ramas tem 5 viziahos. — Aidea da Panas- 3 eira, 6. — Aidea das Verdelhas a gradejì pequena, i3. — Aidea de Pero Berba,6.— Aidea OS Potes, 14. — Aidea do Motnho do Veto. 3. — Aidea das Arecenas, t8. — Aidea do Adar- <;o, 19. — Aidea do Soveral Gride, 43. — Aldea do Soveral PequeaO| 18. — A estalage da pomte dAIhadra, i.** Casaes do Valle tem 5 vizinhos. — E neste termo dAlverqa vyvem o cavalleiros e escudeiros e quimtas que he deste termo. E tem mais de termo pera a parte de Bo^elas h(i quarto de mea legoa, e pera a parte de Lixboa hu tiro de beata. Parte c6 a vila dAlhadra, e caho Tejo, e c6 termo de Lixboa*— Jorge Femaodez 0 sprevy. Soma ao todo, 265 vizinhos. A yila iAlhamdra do Cardeal Està vila dAlhamdra n5 se espreveo por impydimento do juiz, que direi a Sua Alteza. A villa dAlhamdra (1) Està vila mSdou depois elRei Noso Senhor numerar, estando e Setuval, per Nuno Alvarez, seu moco da camara, em abrill de i532, per està maneira: It. Està villa ne do Cardeal e jurdi^am e remdas, tiramdo as sysas que sam del Rey Noso Senhor, e o quimto do pescado que he de dom Framcisquo, camareiro moor. E he do almoxarìfado de Lixboa. E o Cardeal manda prover os regidos e orfaaos. E tem huua ffregesya que se chama Sam Joham.-— It. Tem està villa 191 moradores, dos qaaes sam 25 veuvas e tres molheres solteyras que vive por sv, e i crelegos. Termo: — It Tem huua povoa9am que se chama de So a Serra, quatro tiros de besta da villa, ao noroeste, aue tem 26 moradores, dos quaes sam 3 viuvas— Tem ou- tra povoa^m que se chama ae Loucos, outros quatro tiros de besta da villa ao notte, que tem i3 moradores— It. tem os casaes apartados, 4. Soma todos os moradores desta villa e termo a saber: na villa 191, e no termo 43 =3 234. Comfromta^am: It Parte ao ponente com a villa dAIverca e diesa o termo dAl* verca ata hG jogo de malhi da pomte jumto desta villa, e he desta vaia Alverca mea lepoa. Tem de termo pera o norte partimdo co o termo de Lixboa, mea legoa; e sam a Lixboa 5 legoas e mea caminho direyto ao ponemte. It. parte com Villa Framca ao lesnordeste, e tem de termo pera la h(i tiro de besta; e he desta villa a Villa Frica outra mea legoa pequena. E das outras partes parte com o rio. A vyla dArruda Do mestrado de Sfltia^ It. Aos vite hfi dias de setembro fui eu escprivSo a vila dArruda, que he do Mestre de Samtiago, honde 06 os juizes soube os moradores e termo que avia na dita vila.— It. A vila dArruda tem 264 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sam 12 cavalleiros e 28 escudeiros e 10 clerigos e 77 viuvas, e o mais he povo. E tem o termo segimte:— It. A quimtia das Porcarì^as, 1 vizinho— A quimtia do Carrasqueiro, i.-— A quimtS da capela de Joao Rofz de Sa, 1. — Aidea dasCaraosas,^.— Os casaes do Regego, 12.— Os casaes da Carpinteira e das Amtas e da Serra, Pe da Mata e Linhoo, 18. (1) Estecapitulo étodo doutraletra e Nuno Alvarez, que 0 escreveu, haviafeitoo conto dos moradores das terras das Ordens na comarca de Entre Tejo e Guadiana. Anh. Ws/.,IV, 33o. POVOACÀO DA ESTREMADURA NO XVI. SECULO. %5g Està vila dAmida tem de termo pera a parte da vila dAlhamdra Ma mea legoa grande, e pera a parte de Nossa Senbora da Merceana tem outra mea legoa, e pera a parte da vila dAlamqer tem outra mea legoa. Parte c6 ho termo da cidade de Lisboa, e com ho termo da vila dAliqer de todas as outraa partes. — E por asi ser, asinarSo os sobreditos no meu propio livro.— Jorge Fer- nandez o esprevy. Soma ao todo, 3o3 viiiohos. A vila de Vila Franqa qne he del Rei Noso Senhor — do Mestrado de Chrutos A 22 de setembro fui a Vila Franqa e co Joao Alvarex, juiz, e outras pessoas soube dos moradores e termo da dita vila o segimte:~-It. Vyla Framca tem 3ii vizinhos no corpo da vila, e destes sam 23 cavalleiros e escudeiros e 6 clerigos e8i viuvas,e o mais he povo. Titolo do termo desta vila: — It. Aidea dos Bispos tem i6 vizinhos— A quimtSa do Parayso que he do Code de Peneia tem 3 vizinhos. Està vila de Vila Framqa tem de termo pera a parte de Povos hQ tiro de besta, e pera a parte da vila dAlhandra tem de termo mea legoa, e pera a parte do Tejo està )umta dele, e pera a parte dArruda tem de termo mea legoa. Parte c6m as vilas de Povos e Alhandra, e c6 ho termo da cidade de Lixboa^ e c6 ho Tego e mar.— E portanto o esprevi segando mais comprìdamente fiqa por eles asinado no propio livro.— Jorge Femandez o esprevy. Soma ao todo, 337 vizinhos. A vita de Povos dom Antonio dAtaide It. Fui eu esprivSom a yila de Povos, honde achei aver no corpo da vila 76 vizinhos destes sam 3 cavalleiros e 4 escudeiros e 12 viuvas e 5 clerigos, e o mais he povoo^ Està vila de Povos nom tem nhua aidea ne casaes de termo, somente a quintS de dona Violante de Crasto, e pera a parte de Vila Franca dous ttros de beata, e pera a parte da Castanheira nutro tamto, e pera a parte dArruda tem mea legoa de termo. Parte co as vilas da Castanheira, Vila Franca e c5 Arruda e Alanqer e termo de Lisboa, segundo mais copridamente fiqa asinada. Soma ao todo, 76 vizinhos. A vila da Castanlieira dom Antonio dAtaide It. Fui a vila da Castanheira, honde co o juiz e outros soube dos moradores e ter- mo da dita vila o segate: — It. A vila da Castanheira, que he de d6 Amtonio de Taide, tem no corpo da vila 233 vizinhos, dos quaes sam 19 cavalleiros e escudeiros e 7 cleri- gos e 40 viuvas, e o mais he povo. Està vila da Castanheira n5 te nehCias aldeas de termo, ne casaes que tenhaom mo- radores. Tem de termo pera a parte dAlamqer hu tiro de besia, e pera Povos a metade de mea legoa, e pera a parte do rio bua mea ìt^oa. Parte està vila da Castanheira com as vilas dAlamqer e Povos, e c6 hojryo do Tego. Segundo mais conpridamente fiqa asinadopor eles no proprio livro de mi espri- vao. — ^Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 233 vizinhos. A vyla dAlamqer que he del Rei Nosso Senhor — da Ratnha Nossa Senhora It. A vita dAlamqer omde fuy, tem 337 vizinhos na vila, dos quaes sam 4 fidalgos e i3 cavalleiros e 41 escudeiros e 26 clerigos e 91 viuvas, e o mais he povoo. a6o ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Titolo do termo desta vila dAIamqer:— It. Aidea de Vita Nova te, com 2 moinhos, i5 vizinlìos.— Aidea de Carmanal co 3 n3oinhos,23. — AlJea de Pegas, 8.— Aidea de Pam- qas fjunio dAlamquerJ e Pedrulho, 19.— Aidea do Porto, o.— Aidea de Val de Figeira, 14.— O casal do Folhandal, 3.— Aldca dos Canaldos, 7. — Aldca de Val do Sa, 4.— Aldca de Mcqua, ^^fmea legoa dÀlanquerJ --Aìdea da Espisandeira, 29 (mealegoa deAJanjuer) — Aidea dAzidia, 9 — Aidea da Piticaria, 3. — Aidea do Malo, G.— Aidea de Riha Fna,25 fìiìia legoa grande dAlanquer) —Aidea da Mata, 6 —Aidea de Carneiros, 5.--A SiWeira do Pinato, 2. — Aidea da (Jore^aria, 8. — Aidea da Silveira da Machoa, i3.— Aldca Gavi- nha, 17.— Aidea dOlhalvo, 20.— A Porcari- Segundo mais conpridamente fìqa por eles asiaa- do, no livro que e poder de mi Jorje Fernandez, esprivao, fìqa. Soma ao todo, 38 1 vizinhos. A vila de Pugus qae he do Mestrado de Chrìstos It. Està vila de Pu^us tem hu so vizinho no corpo da vila, porque no està ahi so- mente hGas casas da comeda, e a casa do cocelho, e bua irmida de Mossa Senhora. E tem o termo segtte:— Os Pinhaqos e Igreja co seu Rucio, 11 vizinhos. — Aidea dAveleira, 8. — Os casaes da Mata e Garvalhaes e Aveleira e Almeida, 1 1. — O casal da Piedade e Ferroeira e Feteiras, 21.— A Veda da Lousam c5 a Loureira e Ayvado e Sanca Grara e Gastelo, aa. — Gapa Roto e casaes, 5. Està vila tem de termo pera a parte dAlvaiazere quatro tiros de besta, e pera a parte da vila dArega tem mea legoa de termo. Parte està vila de Pu9us com as vilas dAlvaiazere e co Arega e co Ma^as de dona Maria. E por asi ser asinarao os tabelliaes no meu livro. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 79 vizinhos. A vila dAlvaiazere It.^ Fui eu Jorge Fernandez a vila dAlvaiazere, que he do c5de de Tentugel, onde tomei eforma^Som dos moradores e termo, e achei aver 61 vizinhos no corpo da vìla, des* tes sam 6 escudeiros e hu clerige e 17 viuvas, e o mais he povo. POVOAgÀO DA ESTREMADUPA NO XVI. SECULO. 269 Titolo do seu termo: — It. Aidea dAceiceira tem 9 vizinhos.—AIdba da Ponbaria, 2. — As Lavegadas, 2.-— A Eira da Pedra e Portela, 12. — Aidea da Marzageira, 7. — Aidea da Porta, IO. — Aidea do AzSbujaI, 22. — ^Casal de Vyla Fraca e Gamenhos, 11.— Aidea da Cbouparia, 11. — fìoca de Mata e Cabec^a, 8.— Soveral ChSom e Mangas dAIvarck 3. — Ai- dea do Besteiro, 1 1. — Aidea do do Frccho c6 o casal do Melrinho, 8. — Aidea do Candai,8. — ^Aldea da Beposta, 4. — A Pomte do Arneiro e casaes doMato,4.~AIdea daBanhosae casal do Rei, 8. — Aidea da Serra, 20. — Aidea dAmyxyeira, io. — Aidea do Lumear e o MatOf 12- — Aidea daVamteira, lo.^-Aldea da Pele Maa, 8.— Aidea das Relvas, 12. — ^Al- dea do Ramalhal com o moinho do Barroso, 18.— Aidea da Cemdoeira, 10.— Aidea do Outeiro, 6.— Aidea do Carvalhal, 8, coni Sam Domygos.— Aidea da Gramja, 5. — As Vem- das de Si Lucas, 6.-— Os casaes da Carvalha e Lagoa, 5. Està vila dAIvaiazere tem de termo pera a parte da cidade de Coimbra hGa legoa e roea de termo, e pera a parte da vila ae Oure tem hQa legoa e mea, e pera parte de Tornar tem bua legoa, e pera a parte da vila de Dornes tem bua legoa^ e pera a vila dAbiul tem bua legoa e mea. Parte està vila dAIvaiazere com a vila de Tornar, e com a vila dOurem, e com a vila de Pu^us, e parte ed a vila de Ma^Ss. — Se^undo mais conpridamente tenbo asinado por o esprivao da caroara da dita vila. — Jorje Femandez o esprevy. Soma ao todo, 33 1 vizinbos. A vila dArega It Està vila dArega, que be do comde de Tetugel, tem 20 moradores no corpo da vila. E te o termo que se sege: — It. Aidea da Guarda tem 14 vizinbos. — Casaes do Abru- nbal e Val do Prado e Foz dAlja, 1 5.— Casaes de Valbom e Codlseira, 12*— Casaes das Pegadas e Bara^aes, 10. Està vila dArega tem de termo pera a parte da vila de Figeiro bG quarto de mea legoa. e pera vila de Dornes te bCa mea legoa, e pera o rio do Zezere tem de termo mea legoa. Parte c6 a vila de Dornes e c5 ho rio e c6 Figeiro dos Vinhos.^Jorje Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 71 vizinbos. A vila de Magàs de Caminha do Mestrado de Christos It. Està vila de Ma^as de Caminba tem 3 vizinbos no corpo da vila. Titolo do seu termo:— It. Os casaes da Ribeira co casal ao Furtado, 11 vizinhos.^- O casal da Galgeyra e Mosqeiro, 11.— Os casaes das Relvas, 9. Tem de termo pera as paries onde demarqa, mea legoa. Parte c5 as vilas dAIvaiazere e coni MagSs de dona Maria, e o termo dAIvaiazere ^erqa a maior parte dela.^Jorje Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 34 vizinbos. A vita de Magas de dona Maria It. Fui ao termo da vila de Ma^Ss de dona Maria, que bc do Marqes de Vila Rea), e achei aver no corpo da vila 39 vizinbos. Titolo do seu termo: — It. Fonte Galega e Cbarneqa e Casal, 4 vizinbos.— A Ribeira dAlja, i5.— As Relvas, 4. — Val de Taboas e Casal Novo. 6.— Aidea das Ferrarias, 7. — Aidea da Nvzyebra, 12. — A Pardinbeira e Bibeira Velba, 0.— O Carvalhal eRedou^a, 12. — A Veda do Mato e Melgayo, 9.— Amarelos e Varzea, 8. Està vyla de Ma^is de dona Maria tem [de termo] pera a parte dAIvaiazere quatro tiros de beata, e pera a parte de Fygeiro tem mea legoa, e pera a vila do Cbao do Cou* ce tem bG quarto de legoa. Parte co a vila de Palbaes, e c6 termo de Penela e Alvaiazere, e c6 Figueiro e Pou- sa Flores. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 124 vizinbos. 270 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ A vita dAguda It. A vila dAguda, que he do dito Marqes, tem 1 1 vizinhos no corpo da vila. Titolo do seu termo: — It. Os casaes dapar de Sam SimSom tem 6 vizinhos. — ACy- goeira, 4. — Almofala, 11, co a Veda do Boeiro. Està vila dAguda tem de termo pera Figeiro dos Vinhos mea legoa, e pera Ma^Ss de dona Maria tem hii quarto de mea legoa. Parte co Figeiro dos Vinhos e Peneia, e co Ma^Ss de dona Maria.— Jorje Femaa- dez o esprevy. Soma ao todo, 32 vizinhos. A vila do Avelar It. Està vila do Avelar, que he do Marqes, tem 22 vizinhos no corpo da vila. Titolo do seu termo: — It. Aidea da Rascora te 16 vizinhos. — Aidea da Rapoula, 22.— Aidea da Serra, 3.— Aidea do Salgetro, 12. — Aidea do Cerqal co moinhos, i3. Està vila do Avelar tem de termo pera a parte de Peneia hu tiro de besta, e pera a parte de Miranda te hQa legoa de termo, e pera P'igeiro dos Vinhos tem hùa legoa de termo. Parte c6 Aguda e Peneia e Figeiro e Miranda. Soma ao todo, 88 vizinhos. A vila de Palkaes It. Està vila de Palhaes, que he do Maraes, tem 14 vizinhos no corpo da vila. Titolo do termo desta vila: — It. Aidea de Vila Pouca tem 5 vizinhos. Està vila do Gouce (sicj tem de termo pera a parte de Peneia dous tiros de besta, e jaz cerqada c6 ho termo de Peneia. Parte c6m a dita vila de Peneia por todas as partes. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 19 vizinhos. A vila de Pousa Flores It. Està vila de Pousa Flores, que he do Marqes, tem hu so morador no corpo da vila, que he o capelam, porque n5 està ahi somente a Igreja e casa do concelho. Titolo do seu termo: — It. Aidea de Lixboa a pequena, 8 vizinhos.— Aidea da Por- tela, i3. — As Garamatinhas e Albarrol e Bairrada e Val da Vide, 22. — Aidea do Pereiro e Gabe^a do Boi, 14. Està vila tem de termo pera a parte da cidade de Coinbra mea legoa, e pera a parte da vila de Peneia tem mea legoa, e pera a parte de Maqas de dona Maria dous tiros de besta. Parte c5 Goinbra, e c6m a vila de Ma^as de Gaminho; e parte com a vila de Pene- la, — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 56 vizmhos. A vila de Peneia It- Aos cimquo^doutubro de 1527 fui eu esprivao a vila de Peneia, que he do Conde de Peneia, e ahi e camara co o juiz e outras pessoas me informei, e soube dos mora- dores e termo da dita vila, e achei o segite: — It. Nesta vila de Peneia ha 162 moradores no corpo da vila, dos quaes sam 5 cavaleiros e 8 escudeiros e t i clerig«7S, e o mais he povo. Titolo do seu termo: — It. A vimtana da Gabra co seus casaes tem 62 vizinhos.— A vimtana do Espinhal, 85. — A vimtana dos Garvalhaes, 52.— A vimtana das Taliscas, 65. — A vimtana de SS Jorge, 28. — A vimtana da Gomieira, 52. — A vimtana da Serra do Mouro, 48. Està vila de Peneia tem de termo pera a parte da vila de Gouce comtra Tornar duas legoas, e pera a parte da cidade de Coinbra tem mea legoa de termo, e pera 0 Ra- bacali hù quarto de mea legoa, e pera a parte de Pedrogao tem hda legoa. Parte com Goinbra e Miranda e Raba^al e Gouce e Figeiro. Segundo mais conpri- damente fìqa asinado no livro, que e poder de mi Jorge Fernandez fìqa. Soma ao todo, 554 vizinhos. J POVOAgAO DA ESTREMADURA NO XVI. SECULO. 271 A vita do Rabafall It. Estando na vila do Raba^al, que he do Conde de Tetugel, achei aver no corpo da vila 11 vizinhos. Titolo do seu termo: — It. Aidea da Ferratosa tem 4 vizinhos. — O Raba^al junto das Vedas, i5, — Aidea do AiSbujal, 3i.— A Serra de Johà Eannes, lo.—Aldea dAlcalamouqe e Val Florido e Castel Vetoso, 25. — Aldeas das Gracias e Mocifas e Quatro Lagoas e Ramalhosa, Sy. — Aidea de Ravarabos, 27.— Aidea de Val de Todos e Tras Figeiro e Ba- racal, 27. Està vila do Raba9all tem de termo pera a parte de Coinbra hua legoa, e nera a parte da vila dAlvaiazere tem outra legoa de termo, que he ate Vila Nova do Alvorje, e pera a parte do Bara^al, que he escomtra Alvaiazere, te bua legoa e mea de termo, e pera a parte da Redinha te hua legoa e mea de termo, e pera Penela te hda legoa pe« qena de termo. Parte co as ditas vilas dAlvaiazere e Redinha e Penela, e co a cidade de Coinbra. --Segundo tenho por asin:ido dAffonso de Farla, cavaleiro ahi morador, ed quem temei està eforma^io. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma no Raba^al e termo, 217 vizinhos. A yila dAbyull It. Fui a vila dAbyul, que he do Mestre de Santiago, e achei aver no corpo da vila 77 vizinhos, dos quaes sam 12 escudeiros e 6 clerigos e 20 viuvas, e o mais he povo. E te o termo segimte:— It. A vimtana da Serra tem 58 vizinhos. — A vimtana de Val Mourao, 46. Tem de termo pera a parte da vila de Tomar bua legoa, e pera Ponbal te hu tiro de besta, e no tem mais termo nehu, somente pera Ansiao te mea legoa de termo. Parte c5 Pobal e termo de Coinbra e Tomar.-^Segundo tenho por asinado dhu vereador e tabeliam.— Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 181 vizinhos. A vila de Miranda It. Està vila de Miranda, que he de Manuel de Sousa, tem no corpo da vila 45 vi- zinhos. Titolo do seu termo:— It. A quimtam das Cerdeiras tem 2 vizinhos. — Em Sam Cre- inete, 3. — No Lombo, 2. — No Val das Andairas, 2.-- Aidea de Vizelhe, 17. — Aidea de La- mas, 14. — Em Pousa Flores, 3.— Aidea da Ferveva, 6. — Em (^arvagota e Azenhas dUr- zelhe, 4. — Val do A^or e Atremos, 3. — Os Moinhos e Pinheiros, 6. — Aidea de Lobazes e Graja, 6. — Aidea do Carapinhal, 6. — Em Val do Corvo, 6. — Nas Melos, io — Em Qua- daixo e Gadara, 3. — Aidea do Espinho e Galhardo, i3. — Aidea da Troia e Chapinha, 7. —Aldea do Resaio e Taboa.s, 10. — Aidea da Portela e Pereira, 10- Em Via Lomga e Caseiros, 3.— Em Barbamis e Barocas, 6. — Aidea de Besteiros e Vila Nova, 8. —Cestai e Vila Froll e Favais, 7. — O Pissaom e Samges e Retoria, 7. — Faldreu e Lap§ e God]^- nhela, 11. — No Cadaval e Goldromas, 2. — Symgral de fiimdo e cima, 5. — Aidea dAlja e Eiras, 1 1. — Aidea de Canpelo e Ribeira Velha, 6. — O Fontaom e a Povoa, 5. — O Fom- laom fumdeiro e Vilas de Fedro, 1 2. — Pero Alcovo e Soirravas, 7. Tem de termo pera a cidade de Coinbra bua legoa e mea.por marqo, e tem de termo pera a parte da vila de Lousam mea legoa, e tem de termo pera a parte da vila de Pedrogaom tres legoas, e tem de termo pera a parte de Figeiro dos Vinhos outras tres legoas, e pera a parte de Penela tem bua legoa de termo, e pera a parte da vila de Podetes tem h0a legoa de termo. Està vila de Miranda parte com Coinbra por certas partes, e por todas tem hua le- oa de termo. Parte co a cidade de Coinbra, parte ed a vila da Lousam, parte co asvi- as de Figeiro e Pedrogaom e parte co Penela e Podemtes. — Segundo mais conprida- mente tenho por certidao do juiz e esprivSo da camara. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 268 vizinhos. A vila de Podemtes l It. Està vila de Podemtes, que he de Manoel de Soussa, tem 28 vizinhos no corpo da vila. 272 ARCHIVO HISTORICO P0RTUGUE2 Titolo do seu termo:— It. Acenha de Traveira tem i viziaho. — O casal da Gaitei ra, I. — As Vedas de Podemtes, 2. — Os Moinhos, 2. Està vila de Podemtes tem de termo pera a parte de Coiabra mea legoa, e te pera o termo de Miranda mea legoa. Parte ed Coinbra e Miranda, e co termo de Penela. — Segundo mais conprìdatseate tenho por certidao do juiz e espriTao da camara. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 34 vizinhos. A vila dAvelàas do Caminho he del Rei Nosso Senhor It. Aos 9 do mes doutubro do anno de Noso Senhor Jhesu Christo de iSiy fui cu Jorje Fernandez a vila de Ma^as (sic) do Caminho, onde achei aver os moradores e termo segimte: — It. Ha nesta vila dAvelas 23 vizinhos no corpo da vila, dos quaes sam 5 viuvas, e o mais he j>ovo, 28. Titolo do seu termo: — Està vila dAvelas no tem nhi5 termo, e parte porhiismar- qos que estam juncto da vila pegados, e parte co ho termo de Sangalhos e co a Gor- rei^ao da Beira. — Jorje P'ernandez o esprevy. Sonaa ao todo, 28 vizinhos. A vila de Samgalhos he del Rei Noso Seahor It. Està vila de Sangalhos tem 41 vizinhos no corpo da vila. Titolo do termo desta vila:— It Aidea de Saa tem 14 vizinhos. — Aidea de Sam Joam, 3 — Aidea do Casal, 4 — A Povoa dAzenha, ò — Aidea do Paraimo, 6.— A Fugcira, 2. — Aidea da Moreira, 9. Està vita de Samgalhos tem de termo pera a parte dAvelas do Caminho dous tiros de besta, e pera a parte de Reqardaes hua legoa de termo. Parte co termo dAveiro, e co Reqardaes. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 82 vizinhos. A vila dOUveira do Bayrroo It. Està vila dOliveira do Bayrro, que he de Amrìque de Scusa, anadel mor, tem 27 vizinhos no corpo da vila co 2 clerigos. Te o termo que se sege:— It. As Povoas do Cerqal te 10 vizinhos — ^Aldeado Repe- laom, 1 1.— Aidea dAmoreira, 3. — Aidea da Peydela, 1 1. — O moinho dAbrunheira, i— Ai- dea de Motelongo, 4— Aidea de Porto Chao, i. — Bairro do Mogo, 4. —A Lavande ira, 2. — A Povoa de Mótouro, 1. Està vila dOliveira do Bayrro tem de termo pera a parte de Sangalhos hu quarto de legoa, e tem mea legoa de termo pera a parte dAveiro e do termo de Reqardaes. Parte c6 Aveiro e Sangalhos e Reqardaes. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 75 vizinhos. O conto de Barro dAugoada It. Fui ao couto 'de Barroo dAugoada, que he do bispo de Coinbra, e a chey aver no dito couto, c6 a Ledosa e Carqeigo, 66 vizinhos. No tem mais termo. E tem pera a parte da vyla dAvelas do Caminho mea legoa de termo, e pera a parte de Reqardaes tem bu quarto de mea legoa. Parte c5 as vilas dAvelas do Caminho e Reqardaes.— Jorje Fernandez o esprevy. Soma, 66 vizinhos. A vita de Eecardàes do Comde de Sortelha It. Fui eu Jorge Fernandez, esprivao, a vila de Reqardaes, que he de Nuno Marliaz da Silveira, e achei ayer 36 vizinhos no corpo da vila co o prior e 9 viuvas, e o mais povo. POVOAgAO DA ESTREM ADURA NO XVI. SECULO. ayS Titolo do seu termo:— It. Aidea da Borralha e Randiotem ai viziabos. — Aidea de Pa- nidela, 16. — A Feiteira e Troviscal, 10.— Aidea de Saima, 11. — Aidea do Caryoeiro^ 16, c6 a Lonbada e Vi la Nova. — Aidea dAmqes, io. Està vila de Reqardaes tem de termo pera a parte da cidade do Porto duas legoas e nea, e pera Cantanhede tem duas legoas de termo, e pera a parte dAveiro bG tiro de besta. Parte c6 Aveìfo e vyla de Paos e Ois da Ribeira. Soma, 140 vizinhos. A vila de Segadaes do Comde de Sortclha It. A vila de Segadaes, que be de Nuno Martinz da Sylveira, tem 23 vizinhos no corpo da vila. Titolo do seu termo: — It. Aidea de Trava^oo tem 36 vizinbos com o prior. — ^Aldea de Cabanoes, 6.— Aidea de Oronbe, ia~ Aidea dAlmeara, 11.— Aidea de EiroU, 2a — Aidea dOrta, la. l'em de termo pera a parte de Segadaes com o termo da vila dAveiro mea legoa de termo, e pera a parte da vila dOis da Ribeira tem dous tiros de besta. Parte c5m a vila dEixo e co termo dAveiro. — ^E por asy ser asinou o juiz.— Jorje Femaodez o esprevy. Soma ao todo, 1 14 vizinbos. A vila de Brunhido delRey It. A vila de BrunHydo tem 8 vizinhos rio corpo da vila. Te estc termo : — It. A Carvalhosa tem i vizinbo. — A Povoa de Vasco Anes, i.— A Povoa de Luis Gon<^alvez, i.—Azenba viziaho de Luis Concai vez, i.— O Ribeiro, 2. Està vila de Brunhido tem [de termo] bG tiro de besta pera a parte da vila de Vou- ga, e jaz dentro no lemite de todas as paries, pera o termo da vila de Vouga. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma, 14 vizinbos. A vtla dEyxo del Rey Noso Senhor It. A vila dEyzo tem 46 vizinbos no corpo da vila c6 bG clerigo e 4 viuvas. Titolo do seu termo '• — It. Aidea da Povoa de Valade tem 9 vizinbos. — Aidea de Valade, 6.— Aidea do Momodeiro, 10. — Aidea de Sampaio, 4 — Aidea de Reqeixo, 24. — Aidea de Cacavelos, 3. — As azenhas dAugoa da Giaja e Veda, 4.— Aidea de Salgeiro, 3. Tem de termo pera a parte dAveiro mea legoa, e pera Salgeiro tem bGa legoa. Parte co as vilas dAveiro e Esgueira.— Jorje Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 109 vizinbos. A vila dOis da Ribeira It. Fui a està vila dOys da Ribeira, que be dAlvaro de Sousa, e ahi soube que avya na dita vila 3i vizinbos. E tem o termo segimte : — li. Aidea dEspinbel tem c5 hu clerigo, 24 vizinbos.— Aidea de Formotelos, 6.— Aidea do Crasto, 2. Tem de termo pera a parte de Rec^ardaes mea legoa, e pera a parte de SegadSes tem bu tiro de besta, e pera o termo dEixo bu quarto de mea legoa. Parte c6 a vila de ReqardSes e co a vila de Segadaes e c5 Eizo.— - E por asy ser asinou o juiz. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 66 vizinbos. A vila de Vouga It. Està vila de Vouga tem 20 vyzinhos no corpo da vila, be de Manuel de Sousa. Titolo do seu termo : — Ir. Aidea da Messa tem 1 1 vizinhos.— A Povoa dos A90- res, 2. — Aidea de Valmaior, 12. — A Idea de Soutelo, 6. — A Povoa do Beqo, 3.-- A Po- voa da Redonda, 2.— A Povoa da Monta, 6.— As Covas, i.-— O Salgeiro, 5.^ A Povoa 274 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ • de Mouredo, 3. — A Povoa da Gadaveira, 3. — A Povoa de Feraido, i. — APovoados Ferreiros, 8. — A Povoa de Joio Martine, i. — A Povoa do Soverciro e do Perozelo, 4. — Aidea dArranoada, 34. — Aidea e Agyeira e Verdelha, 9. — Viade e a Veiga co Pedra Salgeira, i3 — A Povoa do Gamoal e da Lavegada, 9, co Crestelo e Toural.— Aidea de ValLongo e Lanheses, 17. — Aidea do Carvalhal, 5. — Aidea da Macinhata e Carvalhal e a Cova, 3ti. — A Povoa do Pereiro, 2. Tem de termo pera a parte dAveiro hu tiro de malhlom, e por outra parte do soam tem de termo pera Aveiro bua legoa e mea, e pera Brunhido tem hu quarto de mea legoa. Parte co Aveiro e Brunhido. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma ao todo, 209 vizinhos. A via de Sereni f It. A vila de Serem, que he dAntonto de Miranda, tem 6 vizinhos no corpo da vila. E tem o termo segite : — It. Aidea de Jafafe tem c6 Camada, 4 vizinhos. E tem de termo pera Vouga hG tiro de besta ate ho rio que vai no meio damtre estas viJas, e pera a parte dAveiro tem hu quarto de mea legoa. Parte c5 ho rio de Vouga e com Aveiro.— Jorje Fernandez o esprevy. — Segando mais conpridamente fìqa asinado, no livro que e poder de mi Jorje Fernandez fìqa, por Joham Vaz, tabeliam na dita vila e da vila atras. Soma, IO vizinhos. A vila de Paaos Està vila de Paos, que he dAlvaro de Sousa, tem 20 moradores no corpo da vita. Tem este termo segue: — It. Aidea de Bedoydo tem la vizinhos. — Aidea do Ameal, 12. — Aidea de Fomtes, 9. — Aidea de Calvaes, 5. — Ald^a de Paredes c5 o Ca- sainho, 6 vizinhos. Tem de termo pera a parte dAgeda, que he termo da vila dAveiro, hu tiro de besta, e pera a parte da vila da Trofa tem hu tiro de besta, e pera Pinheiro outro tanto. Parte c6 o rio de Vouga, e co a vila dAveiro e Trofa e Vouga. — Segundo me fìqa asinado por Joam Vaz, tabeliam na dita vila. Soma, 64 vizinhos O concelho de Casal dAlvaro e Bolfar del Rey Noso Senhor Este Concelho he agora todo da Contorca da Estremadura per maaado del Rei Nosso Senhor (i) It. Este concelho de Casal dAlv^tro e Bolfar està repartido nesta maneira, a saber, o lemite do casal dAlvaro està na correicao da Estremadura e o lemite de Bolfear està na CorreÌ9aom da Beira. E quando o juiz he morador e Bolfear, barn carta do correge- dor da comarqa dn Beira ; e quando o juiz he morador e Casali dAlvaro, ham carta de cofìrmaqaom do corregedor da Estremadura ;'e e Casal dAlvaro, que està na Estrema- dura, ha 9 vizinhos. — Jorje Fernandez o esprevy. Parte co a comarqa da Beira e co termo da vila de Segadaes, e nom tem termo. Soma, 9 vizinhos. A vila da Troffaa It. Tomei cformacaom dos moradores e termo da vila da Trofa, que he de Duarte de Lemos, com Joam Vaz, tabeliam, e achei aver na vila da Trofa 22 vizinhos no corpo da vila, com 2 clerigos e 7 viuvas. Titolo do seu termo : — It. A Idea de Crestovaes tem i5 vizinhos. — A Vemda, 3. Està vila da Trofa tem de termo pera a parte da vila de Vouga hQ jogo de man- qal, e pera a parte da vila de Segadaes hu tiro de besta, e pera a parte da vila de Paos hCi tyro de besta de termo. Parte c5 Vou^a e Paos e Segadaes. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma, 40 vizmhos. (i) Estes dizeres sao doutra letra. povoaqAo da estremadura no xvi. segulo. 275 A vila dA^yeira qaehe do Mestrado de Cbristos It. Tornei eforma^Som dos moradores e termo da vila dAgyeira c5 Joam Vaz, ta- beliam, e achei aver no corpo da vila 1 1 vizinhos. He de Manuel de Crasto. Està vila n5 tem nhua aidea, somente tem de termo a Vemda e que ha tres vizi- nhos. Parte c5 a vila da Trofa e co a vila de Vouga, e tem hu jogo de manqal pera a parte da Trofa, e de todaas as outras partes fiqa ^erqado c5 ho termo da vila de Vou- ga.— Jorje Femandez o csprevy. Soma, 14 vizinhos. A vila da Emgega It Fui eu Jorje Fernandez a vila da Emgega, que he de Diogo Moaiz, e ahi c5 o juiz e outros, co que me informei, achei aver no corpo da vyla gS vizinhos. Està vila nd tem nhu termo somente o corpo da vila, e tem pera a parte do con- celho de Figeiredo hS quarto de mea legoa. Parte c5 ho rio de Foro^os, e com o co^eiho de Figeiredo.— Segando mais conprì- daroente fiqa por o juiz e^ esprivao asinado no livro, que em meu poder fìqa. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma, 95 vizinhos. A vita de Foro^os It Està vila de Foro^os, que he das comedas de Rodes da horde de Saro Joham, tem 47 vizinhos no corpo da vila. Està viìa nom tem nhu termo somente hua azenha, e tem de termo pera a parte de Loure hti quarto de mea legoa. Parte c5 a vila da Emjeja, e co ho termo da vila dAveiro.— Jorje Fernandez o es- prevy. Soma, 47 vizinhos. A vila de Pynheyro It. Està vila de Pinheiro, que he de Diogo Moniz, tem 17 vizinhos no corpo da vila. Titolo do seu termo : — It. As azenhas tem 7 vizinhos. — Aidea de Paredes, 9. Est^i vila tem de termo pera a parte da vila dAveiro hu quarto de mea legoa, e pera a parte de vila de Paos tem mi tiro de besta. Parte c5 Aveiro e co o rio da Varzea e Paos. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma, 32 vizinhos. A vila dAmtoam It. Fuy eu Jorge Fernandez a vila dAmtoam, oue he da Abadessa dArouca, e achei aver o segfte : — It. Està vila dAmtoa tem 58 vizinhos no corpo da vila. Titolo do seu termo : — It. Aidea de Estarreja co Bedoido, 5o vizinhos. — Aidea dAvamqa co sua juradìa, 5o. — Aidea de Pardelho e sua juradia, 20. — A juradia dos Saidouros, 19.— Aidea da Murtosa e sua juradia, ai. — A juradia dAveiras, 34. Està vila dAmtoa tem de termo pera a parte da terra de Santa Maria hua legoa, e pera a parte do concelho de Figeiredo tem hù tiro de besta. ^ Parte co a terra de Santa Maria e co o concelho de Figeiredo.—Segundo achei por eformacSo, que tomei c5 Alfonso Gon^alvez, almoxarife, que esinou no livro que e po- der de TDÌ esprivao fiqa. Soma, 2$3 vizinhos. A vila de Pereira de Jusam de dom Luis de Castro It. A 12 doutubro de i527 fui a vila de Pereira de Jusam, que he de do Pedro de Crasto, e achey aver no corpo da vila 20 vyzinhos. Titolo do seu termo: — It. Aidea de Gtlhovay tem 6 vizinhos.— Aidea de Cacemas 2j6 ARGUIVO HISTORICO PORTUGUEZ e Bus telo, io. — Aidea da Cortega^a que he da jurdi^aom ci ve! de Pereira e do crìme he da Feira, i6. Està vila tem de termo pera Cortega^a hùa legoa de termo. Parte c5 a terra da Feira por todas as partes. — Jorje Fernaodez o esprevy. Soma, 53 viztohos. A vita dOvar It. Està vila dOvar, que he do Comde da Feira, tem 1 1 2 vizinhos no corpo da vila ed a Ruela que està jumto da vila. Titolo do seu termo:— It. Aidea de Cabandes ed Soveral tem 29 viziahos.— A Gran- ja, 4.— Sarode, 2. — Sandoado, 3. — A^òys, 3. Està vila n6 tem termo nhu somente o lemite da vila. Parte c5 a vila da Fetra e co ho maar. — E por asi ser asinou o juyz.— Jorje Per- nandez o esprevy. Soma, i53 vizinhos. A vila da Feyra It. Fui eu esprìvSom a vila da^Feira, que he do Comde da Feira, e por no achar ahi juiz ni pessoa c6m que tomase eforma^So do que Sua Alteza mandava, me fui ao logar dArrifana, termo dela, e ahi soube o segite : — It. A vila da Feira tem Sg vizinhos no corpo da vila, sam destes io escudeiros e 18 viuvas e o mais povo ; c6 sua fregesia da vila. E tem de termo o segtter— It. Aidea de Canpos e sua fregesia, 18 vizinhos.— Aidea de Fornos, 21.— Aidea dcfspargo, 33 —Aidea de Sanfìnz, c6 sua fregesia, 19. — Aidea de Sam Joam de Ver e sua fregesia, 66 (hfta iefoa muito pequena). — Aidea dGscapSes e sua fregesia, 33. — Aidea de Travanca e sua fregesia, 42.— Aidea dAnida e fregesia, ao. — Aidea e fregesia do Souto, 68. — Aidea de Pruzelhe e sua fregesia, io. — Aidea de Ma- ceda, 34. — Aidea dEsmoriz, 64 fhua legoaJ—Aìdeo, de Paramos e sua fregesia, 48.— Ai- dea de Lourosa, 40. — Aidea dArrifana ed sua fregesia, io5 (dous tiras de besta}-- Aidea de Pa90 de BrandSo, 23.— Aidea de Lamas e fregesia, 22. — Aidea de Sam Martinho de Mozelos e fregesia, 36. — Aidea da Mogeira da Regedoura e fregesia, 22. — ^Aldea da Gan- dara, 17. — Aidea de Sylvalde, 40. — Aidea dOleiros, 16. — Aidea dAmta, io.— Aidea de Rio Meao, 32. — Aidea dOsela, 68 (duas legoas} — Aidea de Sam Martinho de Vermoi, Sa^ Aidea de Pimdelo c5 sua fregesia, 36.— Aidea e fregesia de Nogeira, 3o. — Aidea de Sam Joam da Madeira c6 sua fregesia, 40 — Aidea e fregesia de Muheiros de Poiares, 3q.— Aidea de Macieira de Carnez, 17. — Aidea de Duas Igrejas, 26. — Aidea de Samtiago dUll, 5i|. — Aidea de Pigeiros, 14.— Aidea e fregesia de Cezar, 34. — ^Aldea e fregesia de Roma- Tìz^ 35, e mais sam na dita aidea de Romarìz e fregesia 3o vizinhos, e sam portodos65. — A idea de Carregosa, 79 (posa de !egòaJ-^A\de9. de (Ihamqe e fregesia de Sam Jorje, 34, — Aidea de Madayll e fregesia^ 21.— Aidea e fregesia de Fyaes, 16. — Aidea dEscarìs e sua fregesia, 45. — Aidea e fregesia de Fagoes, 61. — Aidea e fregesia de Ma(;ores, Si.— Aidea de Gisamde e sua fregesia, 42.— Aidea dOliveira dAzemes, 74 fJitta legoa dayilaj — Aidea de Macinhata e sua fregesia, 34 e mais ahi hG vizinho. — Aidea de Sam Vivete de Vila Seca« 45.— Aidea de Giaom e sua fregesia, 22 — Aidea de Lobaom e sua fregesia, 90 (pasa de legoa) — ^Aldea do Valle e sua fregesia, 60. — Aidea de Vila Mator e sua fre- gesia, 28. — Aidea de Samgedo e sua fregesia, 37. — ^Aldea de Canedo, 70 fdua$ legoas^ mosteiroj — Aidea de Lever e sua fregesia, 28.— Aidea de Sam Vìvete de Pereira, 55 fmea legoaJ'-AìdegL de Sam Martinho da Gandara, 69 (h^ legoaJ—Àìdeti de Sam Martinho dArgoncilhe e fregesia, 56 (hita legoa da vila) — Aidea do Conto de Vila Cova de Sam* dim, 97 f^erto de duas legoasj -^Aidesk do couto de Crestua, que he do Bispo do Porto, tem 26 vizinhos. — O couto do mosteiro de Cucugaes, 82 fiem aquio Abade ajuridicà do civel, mea legoa da vila) — Aidea de Degarey, 57 ("hOa legoa da villa) — Aldea de Vila Chaam e sua fregesia, 38. Està vila da Feira tem de termo pera a parte da vila da Benposta, ate o cabo da Feyra, sam 4 legoas, e pera a parte dAveiro tem 4 legoas de termo. Parte c6m a vila dAveiro e c6 a vila da Beposta e c6m ho mar, e tanbe com Gryjo que he da comarqa dAntre Douro e Minho. — Jorje Fernandez o esprevy. — E asinou no hvro, que € meu poder fica, Eitor Lopez dAlmeida, esprivao dos orfaos e procurador na dita vila. Soma OS moradores da Feira e termo, 2.683 vizinhos. POVOAgÀO DA ESTREMADURA NO XVI. SECULO. %^^ A yila da Bemposta qne he cabega do coaceiho de Figneyredo It. A 14 do mes doutubro de iSiy anos fui a vila da Beposta, oue he do c6celho de Figeiredo, e c5 o juiz e tabelliam achei aver no corpo da viia da Beoposta, que he de Diogo Moniz, 24 vizinhos. Titolo do seu termo: — It. Figeiredo e sua fregesia, 5j vizinhos. — Aidea da Branca e sua fregesia^ ^9.— Aidea de Palroaz e sua fregesia, 36. — Aidea da Ribeira e sua frege- sia, 34.— Aidea de Farmeliom e Canelas e fregesia, 84.— Aidea de Sam Martinho de Sal- rcu, 37. — Aidea de Pardelhas e fregesia. 47.-^ Aidea de Cemteaes, 22. — Aidea de Lou- reiro e sua fregesia, 49, com a quimtam de Joio Dipres.— Aidea de Travanca e UH e sua fregesia, 40 vizinhos. Està vila da Benposta tem de termo pera a parte da vila da Feira mea legoa, e pera a parte da vila da Emjeja tem duas legoas de termo, e pera a parte da vila de AmtoS tem hCta legoa de termo, e pera Sever tem outra legoa de termo. Parte ed terra de Santa Maria, e co a vila da Emjeja e co termo dAveiro, pera onde tanbe tem hGa legoa e mea de termo. — E eles o asmarao no livro que e meu poder fiqa. — Jorje Fernandez o aspre vy. Soma ao todo, 480 vizinhos. A yila dEsgeyra It. Fui eu esprivaom a vila dEsgeira, que he da jurdi^io crime del Rei Nosso Senhor e o civel he dAbadesa e mosteiro de Lorvaom, e ed o juiz do crime e tabeliam achey aver no corpo da vila dEsgeira 175 vizinhos, dos quaes sam 12 cavaleiros e escudeiros e 3i viuvas^ e o mais he povo. E mais ahi 5 clerigos. Titolo do seu termo:— It. Aidea de Vtlarinho tem 36 vizinhos.— Aidea de Qarrazo- la, 16. — Aidea de Cacia, 34.— Aidea de Taboeira, 21. — Aidea dAugoas Boas, 11.— Aidea de Narìz, 9. — Aidea de Vila Nova, 9. Està vila dEsgeira tem de termo pera a parte da vila dAveiro hQ tiro de besta, e pera a parte da vila dEizo tem bua legoa de termo, e pera Nariz tem duas legoas de termo, e pera o rio da Emjeja tem bua legoa de termo. Parte c5 as vilas dAveiro e Emjeja e Ilhovo. — E por asi ser asinarSo isto os so- breditos, no livro que em poder de mi esprivSo fìqa. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma OS moradores dEsgeira e termo, 3 11 vizinhos. A yila dllhoyo It Està vila dllhovo, que he de Amtonio Borjes, tem 5o vizinhos no corpo da vila. Titolo do seu termo:~It. As azenhas do Val dllhovo de Bastia RÒiz pera cima, 9 vizinhos. — Aidea dAlqeidaom, io. — Aidea de Vila de Milho c5 azenha dAntonio Borjes e a de Pouca Roupa, 23. — Aidea de Saa, 37. Està vila dllhovo tem de termo pera a parte dAveiro mea legoa, e pera vila de ^oza tem mea legoa, e pera a Irmida xÌ hu quarto de legoa. Parte co as vilas da Irmida e (^oza e Aveiro.^-Jorje Fernandez o esprevy. Soma, i3o vizinhos. A yila d Arada It. Estes coutos e vila dArada de cima e baixo e casal tem 27 vizinhos. He do Bispo de Qaffym. Està vila tem de termo hù tiro de besta pera a parte da vila dAveiro, e pera a parte da vila de Ilhovo tem outro tanto, e pera Combra tem hGa legoa de termo por a char- neqa. — Jorje Fernandez o esprevy. E por asy ser asynou Diogo Diaz, tabeliam, no livro que em meu poder fìqa. Soma, 27 vizinhos. A yila dAvejrro It. Fui a vila dAveiro, que he do Mestre de Santiago, e co Tomas Goelho, juiz, soube dos moradores e termo da vila, e achei aver o segimte : — ^Jorje Fernandez o es- prevy. — It. Na vila dAveiro ha 894 vizinhos no corpo da vila. Destes sam 7 cavaleiros • 278 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ 40 escudeiros e 679 piaes e 16^ viuvasa:894 vizinhos. -It. Ahi mais no corpo da vilag clerigos. — It Mais ahi 2 fìdalgos. Termo desta vila : — It. Aidea dAgeda co o Casaynho tem 80 vizinhos ; e nesta aU dea vive 2 escudeiros. — Aidea de Doninhas tem 5 vizinhos. — Aidea de Pedras Talha- das, 8.— Aidea da Vide, 3. — Aidea da Varziela, 4.--Aldea dAlbergaria e Asylho, 44.-- Aldea de Fontiom, 4.— Monqim, 6.— O Randaom, 5. — Val Maior, 5. — Aidea de Sam Joam de Loure, 43. — Aidea de Loure, 38.— Aidea de Vila Verde, 3.— Aidea de Lamas, 14.—- Aidea de Peda^aes, 17. — A Trofa. a suber, a parie do termo dAveiro, te io vizi- nhos.— Aidea dOuqa e Sam Romaom, iS. — Aidea da Carregosa, 4.— Aidea de Oyam, i5.— AJdea de Perries, ik— Aidea de Balsaima, 14.— Aidea do Furadouro, 9 — Aldca de Boyalvo, 8.— Aidea da Fi^eira, 17.— A Povoa do Gago^ i.— Canelas, 6.— Aldca dos Corregos, 5. — Aidea do Pardieiro, 2.— Aidea das Matas, 4.— Aidea dArynhos, 10.— Ai- dea de Vilar, 9. — Aidea da Taipa co sua juradia, 12. Està vila dAveiro nom tem nhù termo somente ao redor dos muros, porque lego ao redor desta vila dAveiro jazem outros comcelhos, que sam jurdiqoes apartadas sobre sy. E pore tem logares do seu termo que jazem allem dos ditos comcelhos sobresalta- dos, OS quaes logares do termo estam a hQa legoa e a duas legoas e a tres e a quatro legoas e a cimquo. Parte com as vilas dEixo e Ilhovo e Arada e Esgeira, e com ho maar. — Jorje Fcr- nandez o esprevy. Soma ao todo, 1.460 vizinhos. A vila da Irmida It. Està vila da Irmida he hù couto do Bispo de Coimbra e ha nele no corpo da vila 9 vizinhos. E tem de termo 2 azenhaì do Soelhal^ 2 vizinhos. Parte co ho termo da vila dllhovo, que sera hù ter^o de mea legoa,e traz demanda co o senhorio de Ilhovo sobre os termos. Parte co a vila de (^oza e c5 a vila dllhovo. — Jorje Fernandez o esprevy. Soma, II viiinhos. A vila de Qo\a del Rey Noso Senhor It. A i5 doutubro de 1527 anos em a vila de C^oza, estando ahi cu Jorje Fernan- dez, tomei ^forma^ao dos moradores da dita vila, e achei aver 49 vizinhos no corpo da vila. Està vila he da coméda de Santiago. Titolo do seu termo : — It. As azenhas da Lavandeira e do Boqo e Fareyza tem i5 vizinhos. — Aidea da Mamarosa, 14. Està vila tem de termo pei a a parte da vila dllhovo mea legoa, e pera a vila de Vagos tea) hG tiro de besta de termo, e pera a parte dAveiro te hu quarto de mea le- goa, e pera Nariz te hù ter^o de mea legoa. Parte co Vagos e Aveiro e Ilhovo. Soma ao todo, 78 vizinhos. A vita de Vagos de Joam da Silva Regedor It. Fui eu esprivaom no dito dia atras a vila de Vagos, que he do Regedor velho, e achei aver 100 vizinhos no corpo da vila. It. Tem de termo aidea do Covaom de Lobo que te 18 vizinhos. Està vila tem de termo pera a parte da vila de Catanhede duas legoas, e pera a parte de (^oza dous tiros de besta. Parte co ho maar e co ho rio c|ue ho cerqa. — Jorje Fernandez o esprevy e o juix c6 o tabeliam dahy o asinarlo, no livro que e meu poder iìqa. Soma, 118 vizinhos. A vila de Myra It. Està vila de Mira he de Simao Tavares e tem 43 vizinhos no corpo da vila. Titolo do seu termo : — A Povoa da Irmida t? a vizinhos. — Na Curugeira, 2.— Em Petomar, 1. POVOAgAO DA ESTREMADURA NO XVI. SECUL O. «79 Tem de termo pera a parte de Cadima e Mote mor o Velho hua legoa. Parte c5 Catanhede e Vngos e Mótemor. — Jorje Fernandez o esprevy» — £ isto iìqa asynado por o tabeliam da dita vila, no livro que e meu poder fìqa. Soma, 48 vizinhos. A comida de Sorens e Bustas It. Està comeda he da horde de Sam Joham, tem em Bustos 6 viiinhos. — Na Mes- sa, 4. — Em Sorens, 2. Tem de termo pera a parte da vila de Coza mea legoa. Parte com Covao do Lobo, termo de Vagos, e co a vila de (j^oza. — E por asy ser asinou o tabeliam da dita vila, no livro que em meu poder fìqa. — Jorge Fernandez o esprevy. Soma, 12 vizinhos* A vila de Camianhede It. Fui a vila de Camtanhede, que he de dom Jorge de Meneses, e achei aver no corpo da vila io3 vizinhos de que sam 6 escudeiros e 7 clerigos. Titolo do seu termo ; — It. Aidea de Lemede tem 5o vizinhos. — Aidea de Povoa da Lonba, 28. — Os moinhos do Ribeiro, g. — Aidea da Porcari^a, 38. — Aidea dOure- tam, 28. — A Povoa do Bispo e outras Povoas ahi junto, 16. — Aidea de Mótarqado e Covoes e Malhada, 27. Està vila tem de termo pera a parte de Vagos duas legoas, e pera An^a te legoa e mea de termo, e pera a parte da vila dAveiro tem de termo hda legoa e mea. Parte com Aveyro e co as vilas de Vagos e Am^S.— Jorje Fernandez o esprevy e 0 juiz de Cantanhede o asinou no livro que e meu poder fìqa. Soma ao todo, e Cantanhede e termo, 299 vizinhos. A vila de Vilarinho It. Està vila de Vilarinho he da Condesa dOdemyra, tem no corpo da vila 4 vizi- nhos. Titolo do termo desta vila : — It. O Pa ! Teve pois Maria Manoel a honra de ser constituinte de um nobre veneziano autentico ; do proprio que veiu de Veneza para Lisboa, deixar prole, de que ainda no ultimo anno do seculo XVIII, segundo o testemunlìo do nosso auctor, havia descendentes em Santarem ! Nao vae sendo, pois tSo obscura, corno de princìpio se amostrava, a ^enese de to- dos estes representantes dos tencionarios da Serenissima Prmcesa, de al- guns d'elles, pelo menos. Affonso Bembo abalara^ ao que parece, de muito recente para Lisboa; e no reynado de Felipe i.*t, e trazia — este sim! — na bagagem o brasao, que, logo em chegando, teve a previdencia de fazer confirmar por aquelle monarcha. Do facto dà fé a competente car- ta, datada de 16 de abril, de 1584. Abohito HiBTOBico PoBTUGVBz — Vol.VI, D.** 8 e 9. Agosto e Setembro de 1908. Proprietario e editor, Anselmo Braamcamp Freire— Composi^So e impress&o, of. tip., cal- ^da do Cabra, 7, Lisboa. 1 ' 286 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Dispensamo-nos de estadear aqui o testemunho heraldico do nobre procurador de Maria Manoel. Quem quizer ver esse bonito, ìUuminado pelo discipulo do frade linhagista, abra o album que anda annexo ao Ms. do douto tReformador do martorio da Nobreza», e nos da Bibliotheca Nacional tem o N.® i6o. Na respectiva letra o achara. Este so descobri- mento nos basta ; — que era tal a fantia da nobresa dos portugueses por esse mundo ena fora, que se expatriavam outros nobres de outros paises, deixando a patria e os solares, so por virem servir os seus eguaes de Por- tugal, prestando se até a serem procuradores de freiras ! Nao fosse esie pequeno torrao aquelle «Jardim da Europa, é beira-mar plantado» que o patriotismo de Thomaz Ribeiro tao bem soube exaltar ! Seguem-se : — D. Brìtes e D. Marianna de Meneses, as quaes continuam sob a tutella de sua mae D. Valeria Borges, receben- do, c^uartel a quartel, de ambas as ten^as o mesmo Donningos Vieira, jà anteriormente commissionado para este firn. — Joanna Ignacia, por quem recebeu Luiz Àngel, seu pae. Joanna Ignacia é, corno os leito- res se lembrarao, a cessionaria de D. Helena de Meneses, a terceira das filhas de D. Antonio de Almeida e D. Valeria Borges. — Branca d'Evora «que foy ìnfremeira das damas». Nada a dizer. — « Joanna Sardinha que foy moca da Gamara freira no moesteiro de sao Jole de setuueU ("A' margem) «faleceo aos 29 de Setr^» Seu irmao, Luis Sardinha, recebera, com a devida procurando e attes- tado de ser viva a interessada, o i.^ e o 2.® quarteis, em 24 de julho, de 1597. Està falleceu na data que acima se le. Luis Sardinha recebeu, pois, 4^945 rs., liquidando do decorrido desde i de julho até 29 de setembro, aprescntando certidao de obito da prioresa, soror Sim6a do Espirito San- to, que Ihe passou tambem procuragao para aquelle effeito, em 24 de abril, de 1598. — «Maria Gonfalves morador (sic) en Tauila do Algarue, sobrinha do p.« frey gon- calo que foy cófesor de S. A. » Està pobre mulher, que era viuva, tinha a receber 1 0^000 rs. de sua ten^a. Para esse effeito, passou procuracao a seu fìlho Antonio Gonfal- ves, que veiu a Lisboa tratar da cobran^a. Houve dùvidas, houve demo- ras em aviar o rapaz, corriam os dias, e o Thesoureiro nao se resolvia a despachal-o. Dirigiu-se entao este a Sebastiao da Fonseca, pedindolhc providencias, visto que jà nao tinha meios com que sustentar-se em Lis- boa O escrivao da fazenda redigiu, pois, de seu proprio punho o reci- bo, na mesma capa da procuragao que o interessado Ihe apresentou; as- signou o, e fél-o assignar egualmente por elle. Por baixo de tudo escreveu: « Nao aja duvyda a se avyar este home porque eu darey satisfe^Io De tudo porque he servilo de deus nao esperar mays por nio ter que gastar» AS TEN^AS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 287 E assim ficou Antonio Gon<;aIves despachado. Urna vez, ao'menos, que se ficase sabendo, pratìcou Sebastìao da Fonseca uni acto de commi- sera<;ao e de justi^a. Scgucm-sc : — D. Joanna Maldonado e — Isabel de Miranda Em cujos titulos nada ha que notar digno de oien^ao. Apresenta-senos, porém, agora o titulo de D. Helena de Mendon^a, e porquc a materia é larga, fìcaré para novo Capitulo : XXVI ^ «Donna Ilena de mendonca, molher que fcy de joSo de roendonca, ha dauer oi- tenta nnil rs. ^ tem en cada hG anno de tenca en sua uìda» (A^ margemj «enbarguada», (A baijco^ por leira do escrivao da fa^endaj 47U76a A pobre D. Helena de Mendonca, a viuva do antigo védor da fazenda da Infanta^ — vississitudes d'este mundo! — falleceu a 5 de agosto, de 1S97, corno foi notado é margem de um dos conhecimentos lavrados por Gas- par de Figueìredo, e consta da certidao do escrivao da Misericordia, adian- te transcripta. O seu crédor JoSo de Mendoga, que aqui vimos assignar-se tambem cFurtado», recebeu apenas p/c do seu crédito de i:35o^ooo rs. a quan- tia de 107^760 rs.; isto é, os tres quarteis restantes do anno de 1S96, os dois primeiros de 1697, e o que se liquidou até à data do fallecìniento d'està tencionarìa, no total de 7^760, conforme os conhecimentos redigi- dos por Gaspar de Figueiredo. Perdeu, pois, o crédor, com a morte da sua devedora, 1:242^240 rs., se a ten^a que elle embargara era, comò se presume, o recurso unico de que elle tinha podido empossar-se, para ha- ver o seu crédito. Ha a notar que, tendo o i.^ quartel d'este anno em analyse sido re- cebido, em 24 de julho, de 697, por Francisco de Vasconcellos, ccriado e procurador» de Joao de Mendo^a, logo a 3o do roesmo mez lavrou o es« crivao do thesoureiro novo conhecimento, relativo ao 2.® quartel, em fa- vor de fPero Guomes», e em cvertude de hu precaiorio aqui junto do doctor fernao daires dalmeida». — Por sproposito se dirà que pelo con- fronto da assignatura d'este Pero Gomes com a do cessionario de D. Con- stanga, se verìfica serem dois individuos difPerentes, com o mesmo nome e appelido. — A margem d'este conhecimento, escreveu-se: tfalegeo a sin- quo dagosto». Seguiu-se o conhecimento do que se liquidou do i.^ de julho até està data, relativamente ao 3.<^ quarte!, sendo o texto o seguinte: »Re^ebeo pero guocnes do tisoureiro Alvaro frz sete mi! sete <;entos esesenta rs que se montarSo do prinieiro de iulho ate sinco de aguosto do ano pasado de novenia e sete em Que fale^eo a dita dona Ilena comò constou por seitidao do escrivao da misericordia que Ihe ficou por ser pera Mais. (Expressóes escusadas^ gue foram escriptaspela ioada^ e que a presenta do documento^ junto ao titulo dafalUcida contradi^J o qual dinheiro Rece- neo por vertude do precatorio De que asima fas mencao E asinou aqui comiguo em Lisboa quinze de julho de noventa e oito anos— /* gome^ — guaspar defigrA^ a88 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Ficariamos, por conseguinte, sena saber por quc rasao tal Pero Gomcs intervinha n'estas cobran9as, em logar do procurador constituido de Joao de Mendo<;a, se^ junto ao mandado judicial, que embargou os So^S^ooo rs da ten<;a d*este anno nao estivesse, cosida à folha respectiva, parte do in- vocado precatoreo, ao qual foi cortado o rosto à tesoira, lendo-se, toda- via, n^elle, após o fechp e a assignatura do juiz, a seguinte justificagao, do punho do interessado: «Ou (O) dinheiro conteudo a que dou poder ao dito p^ guomes ou a seu ^e (é) de cousas que me tem dado de sua logoa (loja) por uerdade fis este e ou (o) asinei emli* 20 de marso de 97 Joao de mendosa {sic) furtado» A seguir, lé-se o cCumpra o tisoureiro alvaro Fernandes, &>9 de Se- bastiao da Fonseca. Pero Gomes era, pois, um fornecedor de Joao de Mendosa, (i5t) pro- vavelmente estabelecido com loja de naercearia, a quem este pagava, com (i5i) D. Antonio Gaetano de Souta, louvando-se na claborìosa inda^^acao do grande Salazar de Castro, auctor das Glorìas da Casa Farnese»^ (bz a «illustrissima fa- milia de Monderà» descendente «dos antigos senhores da Biscaia, que tiveram està so- beranìa pelos annos de 817 a 905.» Por seu lado, Moreri, em seu Diooion. Hiator.» apoiando-se no mesmo genealo- gista, defìne : «HendoBa, casa illustre e antiga em Portugal e em Hespanha, e que usa o apelido de Mendoza Furtado em muitos dos seus ramos.» Segundo sempre o mesmo Salazar de Castro, o chefe da familia em Portugal teré sido um Fernando Inigo de Mendoza, ou melhor, Fernando Furtado, nascido na provincia de Alava, e vindo para este reino no tempo de el-rei D. Diniz. Moreri trasladou para as paginas da sua obra a desenvolvida noticia genealogica, dada pelo auctor castelhano supracitado, èos diversos ramos portugueses dos Mecdo- ^as, entro os quaes os de MourSo e os de Avanca, de que voltaremos a fallar, a propo- sito dos esposos Mendo^as ou MendoncaSy servidores da nossa Infanta D. Maria. Parece, com effeito, que o vulgo aesdobrou, entre nós, este appelido na fórma na* salada Mendonqa^ apparentando assim urna dualidade que nÌo tem outro fundamento. A prova està em que, nos ramos dos Commendadores ae Loulé e Val-de-Reis, enume- rados per Salasar de Castro, nunca tal modifìca^ao foi perfìlhada, mantendo se n'elJes a fórma genuina vascon^a ou modtfìcada d'este idioma, corno abaixo se nota. Por ou- tro lado, averìgùa-se que individuos, comò este, que deu margem à presente nota« em- bora nao conservassem a graphia originai, substituindo o f por 5, por ignorancia, de- certo, nao deixavam de assignar-se Mendosa^ embora ihes chamassem Mendon^a ou Memdomca. Assim escrevia, com efìfeito, o salta-pocinhas do escrivSo subscrevente dos mandados de penhora na tenca da agraciada da InUinta, querendoorthographar a locu^So, embora faltando com a cediìha ao e, comò era pécha commum. Aquelle amanuense es- creveu sempre : «que Joam de memdomca ouue semtemca neste Juiso comtra doaa Ilena de memdomca. . .» Mendoza, segundo Madoz, em seu Diooion. Geogr», &, é uma villa da provincia de Alava, nas Vascongadas, situada nas abas da serra de Badaya, no estremo 0. da de Alava. A f>ovoa9ao terà sido formada pela junc^o dos dois antigos logares, Mendosii e Mendivil, estando jà em i332 confundidos em um so — o de Mendoza, denominacao QUC prevaleceu. Mendi oja^ em lingua vascon<;a, quere dizer costa ou monte frio, men- dhily de que se formou Mendivil, significa monte morto ou monte de mortos. Parece-nos pois que se os prìmeiros senhores de Mendoza se contentarem com a ancianeidade da terra de onde tiraram o appelido, para tornarem «illustrìssima» a sua familia, por esses secalos em fora, jà nao fìcam mal gratifìcados. Quanto és «soberanias> na Biscaia, estamos tentados, valha a verdade, a achar-lhes os mesmos ftindamentoi qtj« foram attrìbuidos & «realeza» dos Monroy, qudndo inculcados comò parentes ndeet-r^idi Franca.» AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA . MARIA 289 as ten^as penhoradas da pobre D. Helena, o cassucre» e o pescado da Terra Nova^ que mandava ir para casa. Serviu de documento para provar o obito da infelìz viuva do Védor da fazenda da Infanta a certidao aue, segundo vimos no conhecimento acima transcripto, passou o escrivao aa Misericordia. Este documento encontrà- mo-l'o solto, comò acima notàmos, entre as folhas do Caderno em exame. Diz assim: «Sertifiquo eu luìs da maral que hora siruo de escriu3o da mia (misericordia) desta <;i' dade d« lx« que pello liuro da capella domes da gosto de noventa esete consta eaterar a tunba desta casa aos sinquo do dito mes adona j lena de mendonsa moradora ao canpo de santa crara (i52) eden desmoila dois mtl e quoatro sentos rs de que Ihe pasci està na mexa aos nove de julho de 1398 — Luis damaraU (i53). No primitivo Compromisso d'està Instituiqao, de i5i6, lia-se, segundo a copia publicada pelo sr. Costa Goodolphim^ in As Miserlcordias, ed. da S. G. L., 1898, a parte do cap. xii, que se refere ao, que pcrtence ao «carrego> do mordomo da capella^ e vem a este caso. E a seguinte: «E se ho defuncto for Rico e pidir que a misericordia ho enterre coprirseha seu dessero cotanto que elle leixe a dieta cófraria aquella esmola que for bem 8sg<* sua fa- zenda para se despender ho que assy deer por sua alma em obras de miicricordia». A este Compromisso, porém succedeu, impresso, o c|ue foi publicado por A. de 19 de maio, de 1618, e continuou sendo reeditado em succes- si vas ediq6es, até à de 181 8, typogr. de Bulhoes. Entretanto, lé-se nas Memorias do Conde d€ Valle ae Reis^ tom. Ili, citadas em nota ^9 da pag. 3o, da obra do sr. Goodolphim, que o Compromisso de i5i6 fora reformado em 27 de junho, de 1677. Era, pois, este o Compromisso con- temporaneo do faliccimento de D. Helena de Mendonsa. Comprehendeu- se n'esta re forma* a materia do cit. cap. xii, relativa ao Mordomo da Ca* pella, e sera, assim, o texto do Compromisso de 161 8 egual ao do refor- madO) de 1577? Ou D. Helena seria enterrada pela Misericordia comò pessoa ricay porque deu 2;!^40o rs. de esmola? Tal a pergunta a que nao podemos responder, nao sendo conhecidos os termos da reforma de l^^^' Pode-se, porém, assegurar que, se taes termos vieram a constituir o texto do Compromisso de 161 8, é possi vel que a devedora de Joap de Mendosa Furtado fòsse a enterrar na tumba da Misericordia, sem ser considerada rica^ visto comò tal texto se expressa assim: (i53) Provavelmente, nas casas que haviam sido Paqo da Infanta Testadora, antes de transferlr-se para o seu palacio junto de Santoso-Novo, onde veiu a fallecer. A fì- nada D. Helena, em sua qualidade de viuva de um antigo Védor da Fazenda da Infan- ta, gosaria, porventura, da regalia, que Ihe feria sido superiormente concedida, de ter ahi seu aposento. (i53) Luis d'Amarai apprenderà na escola do seu contemporaneo, quem quer que foi, que emprehendeu a tarefa de persuadir a gente do seu tempo, e qs vindouros tani- bem, de que Luis de Cam6es escrevia tingreses» por «ingleses» . . . E este', com effei- to, um dos diversos defeitos que distinguem, denunciandola, a pretendida edìii^o princeps dos Iiuiadaa da vercUdcira, e que nos parece nio ter sido objecto do repuro a que se presta por parte dos que so viram a differenza de posif&o do collo do pelicano da por- tada, e nao attentaram em outras differeii9as mais do desenho^ de urna para outra es- tampa. E nao admira a inadvertencia, sabendo-se corno taes criticos decidiram a ques- tSo;~-dando justamente por verdadeira. . . a edi^fio apocriphal. . . a comecar pelo prò- prìo Paria e 5ousa. . . ago ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ «GAP. XXII—Oo Mordomo da Capdla «§ 2. E assim elegerà a iMesa todas as sestas feiras quatro IrtnSos, para que acom- panhem as tumbas da Casa a semana seguiate com suas varas na mao, dous nobres, e dous ofiiciaes; os q^uaes seràm obrigados debaixo do juramento, que lem, a aao falca- rem nesta obriga9ao, por ser o servilo da Casa, em que mais se ve, e nota as fahas que se fazem; e terao cuidado de pedirem os t^stamentos nas casas dos dcfuncos, para se ver a esmola, que fica a Misericordia, e avisar o Mordomo da Capella, para qae de recado na Mesa do que n'eiles se detxa, &.» «CAP. XXV — Do Modo com que se hao de/ajer os enterramentos «g I Como o enterramento dos mortos he huma das principaes obras de Misericor- dia, que pertencem a està Casa, trabalharé o Provedor, e mais IrmSos da Mesa, que se fa^a com decencia e christandade, e com respeito és pessoas que falecerem. «g 2 Para este effetto, bavera tres tumbas na Casa da Misericordia com tres bandei- ras, e sufficiente numero de tocheiros. Huma servire de enterrar os pobres, e pessoas ordinarias; a segunda servirà de enterrar as pessoas ds mayor qualidade; a terceira de enterrar os Irmaos, e mais pessoas que houverem de ser acompanhadas da Irmandade conforme a este Compromìsso; &». Resta urna pergunta. Porque terà sido preferida està certidao da Mi- zericordia à certidao do respectivo parocho^ extrahida do livro dos obitos da sua freguezia? Aquelle documento nao certifica, senao indirectamente, que a viuva de Joao de Mendon^a falleceu a 5 de agosto. Que foi a en- terrar n'este dia, é o que o sisnatario affirma, e dalli se inferiu na Con- tadoria da Adoiinistra^ào da Heran^a da Infanta que n'esse mesmo dia D. Helena se finara. Mas podia nao ter sido assim; poderia a fallecida ter expirado na tarde ou noite de 4, e ir a enterrar durante o seguinte dia. A certidao obituaria parochial era, pois, testemunho obrìgado e in- dispensavel, e os parochos do Arcebispado de Lisboa estavam desde muito habilitados a satisfazer a este requisito. Estavam-n'o outros, de outras dio- ceses, e jà n'estes estudos se mencionaram duas provas (1S4). Vale, por' tanto, a pena explanar o assumpto, que nao so nos habilitarà a rectificar urna assergao de Goes, de ordmario tao exacto em suas narrativas, mas contribuirà tambem para esclarecer um ponto importante da acqao do an- tigo poder ecclesiastico, em materia que veiu a custar ao poder civil em Portugal tao grandes e tao reiterados exfor^os para a ver, emfim, fixada nos dominios da legalidade. Diznos, pois, o auctor da Ohronioa de el-rei D. Manoel, tratando no Gap. XLII, da Segunda Parte^ do Cardeal Infante D. Affonso, filho sexto d'aquelle rei, que este Infante, sendo ao mesmo tempo bispo de Evora e iircebispo de Lisboa, cfoi o primeiro Prelado que nestes reinos ordenou. .* que se escrevessem os nomes dos que se casavam^ e dos que se baptisa- vam.i Està informando nSo é perfettamente exacta. O que no Synodo de 25 de agosto de i536, expresso nas Constituigoens do Aroebispado de Lizbóa, que Germao Galharde imprimiu n'esta cidade em 1 537, por man- dado do Cardeal Infante de Portugal se resolveu» e o refendo Cardeal In- fante ordena, é que cem cada igreja aja huu liuro em \ se escreuaos (154) Incluir-se-ha a prova entre osdocumentos que se seguirao no f§cho d'éstes es- tudos. AS TENgAS TESTAMENTARIAS DA INFANTA D. MARIA 291 baptisados e finados^i sendo o texto da respectiva ^Constituicam^^ que é a vii, do Tit. I, destinado a regulamentar muito especifìcadamente os termos em que os respectivos assentos deveriam ser concebidos, tanto para um, corno para outro d'estes dois actos do estado civil. E é de notar que tendo o Cardeal D. Henrique feito publicar, em iSGS, as Extrapagani eSj para coodificar as disposì^es emai adas do Concìlio de Trento, ainda n'ellas nao appareceu o texto^ ou seu transumpto, da providencia conciliar, relativa ao regista dos casamentos^ um dos objectos da Sessao XXIV, penultima d'aquelle Concìlio, 6/ do Pontifìcado de Pio IV, realisada em 11 de novembro de i563 (i56). Tampouco foi inserida tal providencia nas Èxtravagantes^ segundas^ de i568, mandadas reimprimir, vinte annos depois, com as primeiras^ e o texto das de i537, pelo Arcebispo D. Miguel de Castro (i56). Por conseguinte, a providencia em que o Cardeal fìlho de el-rei D. Ma- noel teve o merecimento de antecipar as dìsposiqocs da Assemblèa de Trento, é a que manda instituir no Arcebispado de Lisboa, e primeiro que outro algum antistite nas restant^s dioceses do reìno o ordenasse, o regista das baptisadas. O Concilio veiu a preceituar este registo aos pa- rochos, comò um dos modos de se esquivarem os inconvenientes que re- sultariam de Ihes nao serem perfeìtamenteconhecidososque pretendessem perante elles contrahir matrimonio (iSy). Quanto ao regimen obituario [)arochial, esse estava, desde muito antes do Concilio de Trento, estabe ecido em Franca e em Hespanha, e é bem provavel que tal providencia, assim comò a do registo dos baptisados, fòs$em suggeridas ao Cardeal (i33) «Habeat Parochus librum, in quo conjuguai & testium nomina, diecnque & lo- curo contracti matrimonii describat; quem diligenter apud se custodiat.» «Saoros. ft CEoum. Cono. Trid. — Ses. XXIV — De re/orm. Matrim, — Caput I v (i56) Nao vimos a edi^. de 1369, citada por Innocencio corno scndo a reimpressao das Extravagantes de i563, feita por Antonio Gon^alv^s, o glorioso impressor da^^/iY. prmceps dos Liuiadas. E* presumivel, porém,que a idea de reimprimir ns ExtravagaU' tes^ primeiraSj fòsse suggerida pela necessidade de dar a lume as segundas^ visto corno nao consta que estas hajam sido publicadas in separatay dìzendoj alids, a edi^. de i388, a respeito de todas, «reimpressas por mandado, &». A titulo de pura curiosìdade bibliographica, juntaroos os seguintes esclarecimentos estattsticos, àcerca das diversas Constitui(;5es diocesanas, conhecidas, segundo se apu- ram dos elemencos ministrados por Innocencio, em seu Diooion. Bibliogr. Em 17 Dioceses do continente* Ilhas e Ultramar (Brazil comprehendido) contam-sc 49 Goii8titaÌ9deB« geraes e extravagantes. A mais antiga de todas estas compila^oes disciplinares ecclesiasticas, é a do Bispado do Porto, que se datare de 1497 (?), a mais moderna, a 4.* de Góa, publicada em 1810. As OonstitaiQdeB de um so exemplar sào as da Diocese do Algarve, de i334; de Angra, de i36o; da Bahia, de 1719; de Èlvas, de i633; de Leiria, de 1601, e de Portale- gre, de i632. Seguem-se-lhes Braga e Funchal, com 2, Lamego e Miranda, com 3; Coim* ra, Goa, Guarda e Porto, com 4; Evora e Vizeu, com 5, e finalmente Lisboa, com 7. Do seculo XV é 1, a do Porto (Svnodo de 24 de agosto, de 1496). Do seculo XVI s9o 26, do XVII sao i4,doXVlII sao 7, do XIX é 1. Total, 49 Nao foram impressas, ou nao se conhecem, se o foram, as OonstituifÒei das Dio- ceses de Bela, Bragan^a e Pinhel, no Continente, e Macau, na Asia. (137) oParochuSj antequS ad baptismum conferendu accedat, diligenter ab iis, ad quos spectabit, scisciretur, quem vel quos elegerim ut baptizatum de sacro fonte susci- piant ; & eum vel eos tantum ad illum suscipiendum admittat ; dt in libro eorum nomina describat : doceat que eos quam cognationem contraxerint ; ne ignorantia ulla excusari valeat » cSaoroa. CEoum. Oono. Trid. — Ses. XXIV — De reform, Matrim. — Caput II.» 293 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Infante, que teve o inegavel merecimento da iniciativa, Instituindo-as nas parochias do Arcebispado lisbonense, pelo exemplo do aue se passava no pais visinho (i58). Nao preceituou, pois, o Concilio o ouiiuario paro- chial^ ou Ihe nao recommendou a pratica, porque està providencta, além de jà estar em execu^ao em dois dos principaes paises da Europa catho- lica, corno observàmos, nao importava às questoes transcendentes que se debateracn n'aquella Assemblèa. O registo dos obitos interessava tao se- mente, n' aquella epoca, mais do que ds normas da administragao civil de cada Estado, às fontes do rendimento das parochias, o qual ficava à soUi- citude dos diocesanos promover. Ignora- se comò foi cumprida, no Arcebispado de Lisboa, quanto ao registo dos casamentos^ que Damiao de Goes confundiu, corno acaba de ver-se, com o àos Jinaaos^ a decisao conciliar de Trento, desde a sua prrmulga^ao, até o Synodo diocesano de 3o de maio, de 1640. Certo é, porém, que nas OonstitaioOes resultantes d'aquelle Synodo, publicadas depois do fallecimento do benemerito Prelado que o presidiu, o illustre D. Rodrigo da Cunha, se inscreveu no Liv. I, 1 it. 14, § i.% a ordem para haver cem cada huma das igrcjas do nosso Arcebispadoi o livro preceituado pelo Sagrado Concilio Tridentino, no qual os respectìvos pa- rochos cescrevam e assentem os nomes dos casados que receberao.» E jd agora observaremos que a providencia egual para os baptisados^ constante, n'estas ultimas OonstltuigSes do Tit. XV, § 3, era vez de auctorisar-se, comò podia, com o mandamento conciliar, toma por théma a Const. vii, do Tit. I, das de i536. Conservou-se, pois, integra, no dis- ciplinar, a tradigao portuguesa d'està providencia, comò na Historia patria, o nome do Prelado que primeiro a instituiu. Estando, pois, desde aquelle anno, instituidos no Arcebispado de Lis- * bòa o registo dos baptismos e o dos obitos^ naturai seria que as ccrtid6es, tanto de um, comò de outro d*estes dois actos do registo civil, fìzessem fé onde precisas fòssem, independentemente de qualquer outra prova, que, pelo que toca aos baptismos, mais ninguem, que nao fòsse o parocho, esta- va em circumstancias de ministrar, e no que se refere aos obitos, a nao ser no caso de D. Helena de Mendonca, nenhuma outra auctoridade podia supprir, e ainda assim n'este c^so indirecta e incompletamente. A viuva do antico Védor da Fazenda da Infanta, fallecendo no Campo de Santa Clara, muito provavelmcnte nas casas que està Princesa ali occu- perà, segundo observàmos em nota (i52), fìnava-se na freguezia de Santa Engracia. Ora, comò està freguezia foi erecta a diligencìas da mesma Infan- ta, que dentro d'ella falieceu, — cda qual sou fregués», deciara em seu tes- tamento — necessario se torna recoraar as circumstancias em que, aquelle facto se deu, a fim de averiguarmos se està parochia estava ou nao em termos de manter, comò Ihe cumpria, o seu «livro de obitos» em estado de poder prestar ao servilo para que fora naturalmente ordenado. Entrela^ando-se com este assumpo, comò parte integrante d*elle« o que se refere às diversas residencias da Infanta D. Maria, dentro e fora de Lisboa, um e outro farao o objecto dos capitutos subsequentes. (Continua) Comes de BRrro. (i58) Incluir-se*ha a prova entre os documentos qae se seguirao no fécho d'estes es* tudos. MARIA BRANDOA A DO CRISFAL As palavras que servem de titulo a este esboceto de investiga^ ao his- torica, encoritrei no Nobiliario de Diogo Gomez de Figueiredo quando o procurava para, servindo-me de bussola, me indicar o rumo a seguir a firn de levar a bom porto a resposta é presunta, que por intermecho do meu amigo e distinctìssimo bibfiofilo AnibaI Fer- nandez Tomés me fora dirijida: quem era a heroina da egloga Crisfal? Escolhi aquelle autor, que a D. Antonio Gaetano de Sousa e Barbosa Machado mereceu rasgados louvores, porque na minha opinifio delles é crédor e por isso a elle de preferencta recorro em semelhantes duvidas. Alem disto, ainda neste caso especial outro motivo havia para corroborar a escolha. No seculo XVII existiram dois Diogos Gomes de Figueiredo, pai e fi- Iho, ambos homens instruidos e militares valentes. O pai, sendo mestre de campo de um rejimento de Elvas, ajudou em 1659 a repelir o ataque das linhas daquella pra^a, e comò sargento mór de batalha teve seu qui- nhao nos loiros colhidos em Montes Glaros em 1665; o filho chegou a al- can^ar o posto de tenente general de artilharia. Ambos morreram em Lis- boa: o mais novo, a 12 de fevereiro de 1684; o mais veiho, a 3o de se- tembro do anno seguirne, nao tendo a nenhum delles o exercicio das ar- mas embargado o culto das letras. O pai poetou; o fìlho escreveu genea- lojias. Até por sinal Barbosa Machado na sua Bibliolheca lusitana^ onde estou forrajeando, transcreve um semsabor soneto destinado a celebrar a coincidencia das predìlecgdes literarias dos dois militares, homonimos e tao consanguineos. Ora, sendo ambos dados às letras e um delles poeta, é presumivel que este nao conhecesse a egloga Crisfal? E' provavel que o outro, es- quadrinhador e curioso corno téem obriga^ao de ser os genealojistas, nunca sobre o misterio da ìdentidade dos personajens do dramatico poe- ma procurasse esclarecimentos na memoria do pai? Seria absurdo supór o contrario. Recorri pois a Diogo Gomez de Figueiredo e nao me dei mal. Trago isto tudo à baiha, porque a informarlo ministrada pelo seu No- biliario diverje absolutamente daquillo que ultimamente se tem escrito a respeito de Maria Brandao. A novidade despertou-me o interesse; investi- guei, encontrei-a irrefragavelmente confirmada pelos documentos e resolvi escrever este artigo, nao so para de todos, e nao exclusivamente dalguns, tornar conhecido o resultado das minhas averiguagdes, mas tambem por- 294 ARGUIVO HISTORIGO PORTUGUEZ que o assunto se prende um pouco ao estudo que da Gente do Cancio- neiro andò publicanlo na Revista Lusitana. A novidade, vclha, dada por Diego Gomez de Figueiredo no seu livro, é que «Maria Brandoa, a do Crisfal», era fìlha unica de Joao Brandao, feitor era Flandres. Levantada a Icbre, larguei-lhe primeiro os podengos, os nobìliarios an- tigos, antes de liie tannar os galgos, os documentos, que a haviam de cagar. Nenhuma nottcia porem relativa aos Brandoes do Porto achei nos ge- nealojistas quinhentistas. Nera no meu precioso Nobiliario anonimo a que jà em varios estudos me tenho refendo, nem nos de Damiao de Goes, Xisto Tavare.s e D. Antonio de Lima nada mais encontrei, alem da con- firmagao da indìcaJa filiagao de Maria Brandoa, quando mencionam o ca- samento de Luis da Silva com ella. Recorri depois a um Livro das gerafSes deste Reino que possuo em dois volumes manuscritos, o qual foi composto pelos annos de 1626, comò por estas palavras se re vela logo no come;o^ na foiba 1 1 : «Dom Phelipe o 3.® de portugal. . . comegou a tomaro gouerno de ydade de 16 annos e sera oje de 31 pouco mais ou menos. . . » Efectivamente Filipe III de Portugal, havendo nascido a 8 de abril de 160?, sucedeu na coroa a 3i de margo de 1621, faltandolhe apenas oito dias para completar os dezaseis annos. Por tanto para elle ter hoje 21 annoSy havia o autor de estar a escrever em 1626; e na realidade tao prossimo estava desse tempo, que nem sequer dà noticia da exìstencia do Principe D. Baltasar Carlos nascido a 17 de oitubro de 162^. Neste tal Lwro das geracSeSy sem duvida orijiaal, comò testi6cam as emendas e acrescentamentos feitos da mesma letra, e apenas uns quarenta annos posterior à morte de D. Maria Brandao, lé-se no verso da foiba 220 do II tomo: «Joao Brandao fìlho deste Joào Sanchez foi feitor em fran- dez. Casou com de quem tene dona maria Brandoa a do Cris- fai que cazou com Luis da Silua de menesez Capitao de Tangere.» Comegou a entrar no meu espirito a persuasao a qual em breve os documentos tornaram em inabalavel certeza. Vejamo4os pois e tiremos delles muito interessantes dados cronoloji- cos para firmar a biografia daquclla, de quem os pretendentes impostos pela familia se retiravam, por temerem que o sabor dos teus beyjos na minha boca acharìam (•). E delles nao tirarei so dados biografìcos relativos a Maria Brandao, mas tambem noticias muito mais interessantes ainda àcerca da feiiorìa de (i) Obras de Christovào Falcaoy ed. do sr. Epifanio Dias dA agS Antuerpia e de urna embaixada a Flandres no anno de 1 5 1 7, a respeito da aual so se encontrafìQ muito breves palavras na Chronica de D. Emanuel e Damiao de Goes. O embaixador foi Pero Correla, senhor de Belias e particular amico de Afonso de Albuquerque, e ievou por escrivao a Joao brandao, pai de Maria, o qual havia sido, e tornou ainda a ser, feitor em Flandres jé cono residencia em Enves> corno entao chamavam a Anvers. Tereì pois ocasiào de esbo^ar um capitulo das nossas muito interes- santes rela^Óes com as Flandres no seculo XVL I Os Brandóes poetas do Cancioneiro Na segunda metade do seculo XV jà com certeza no Porto existia a familia dos BrandSes, cidadaos considerados daquella cidade, cujos privi- lejios ainda entao, comò é bem sabido, expressamente defendiam a as- sistencia de fidalgos dentro do seu recinto. O escudo de armas destes Brandóes descreve Jo&o Rodrìguez de Sd nas suas quìntilhas heraldicas escritas em i5ib, cdecrarando alguus escu- dos darraas dalguas lynhajeés de Portuguall que sabya donde vynhara»' 5 diz, na fi. 116, col. 6.% do Cancioneiro: Cinquo brandóes, n5 em cruz^ em campo vermciho jazem, e c*o rresplandor que faze, dio clarydade e dào luz de nobreza oos que os traz& De terras e possyssoees dos cavaleiroa Brandóes achey antygua memorea, em muy verdadeyra estorea d'antyguas inquyry^oes. Talvez o metro obrigasse o poeta a errar o esmalte do campo do es- cudo dos Brandóes que era de azul. Deixemos porem as liberdades poe- ticas e tornemos à historia. Gon(;alo Brandao, escudeiro do Infante D. Duarte, era em 1427 pro- vedor de uma capella em Elvas (i); e dez annos depois o Almoxarife de Lamego, intitulando-o criado daquelle Infante jà entao Rei, entregou-lhe duzentas e sessenta e nove mi! e tantas libras para despesa sua e de dois homens de cavallo e cinco de pé, que iriam com elle servir na armada de Tanjer (3). Este, ou Alvaro Gon<;ajvez BrandSo, criado do mesmo Rei e morador em Sanfins, que em g de sctembro de 1439 teve carta de privi- lejios de paniguados para a comarca da Beira (3), um delles, é o presu- mivel pai, nao so de Joao Brandao que veio a ser contador da fazenda no Porto e entre outros iilhos teve a Isabel Brandoa, avo de cMaria (i) Chancelaria de D, Joao /, lìv. 4.% fi. 107. (3) Chancelaria de D, Afonso F, liv. 27.% fi 184 v. (3) Ibidem^ Uv. 19.*, H. 106 v. agS ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Brandoa, a do Crìsfal», mas tatnbem de Gonzalo Brandao, morador na terra de Santa Maria e là monteiro por carta de i8 de setembro de 1460 (i)* Mais nada com seguran<;a posso dizer a respeito das pritneiras gera- f oes dos Brandoes do Porto, nem isso interessa ; vejamos porenn, antes de me referìr a Isabel Brandoa, o que dos documentos apurei àcerca do Contador do Porto e de seus outros dois filhos, os poetas do Cancionei-^ ro Diogo e Fernao BrandSo. Nao deixa de ser interessante e tratando-se de heroinas de poemas, nao serao inteiramente descabidas notas para a biografìa de dois poetas, demais seus tao prossimos parentes. Nao seguiu Joao Brandao o partido do Infante D. Pedro ; e da sua atitude come<;ou logo a haver o prèmio, recebendo, pouco mais de um anno depois da batatha da Alfarrobeira, por carta de i5 de julho de 1460, doa^ao dos bens confiscados a Vasco Gon<;alvez9 criado daquelle Infante, e a Afonso de Abreu, criado de Joao de Ataide, senhor de Penacova, os quaes haviam acompanhado seus amos na refenda bataiha (2). Era Joao Brandao neste tempo apenas escudeiro da casa del Rei; poucos annos depoìs jà exercia o cargo de tesoureiro da Moeda do Porto. Nao encontrei a carta de nomeacao; sei porem que em 7 de setembro de 1442 havia sido Lionel de Bega, fidalgo da casa do cativo Infante D. Fer- nando, nomeado para aquelle oficio (3), do qual jd em 4 de dezembro de 1464 estava de posse Joao Brandao, corno vamos ver. Nesta data, na cidade do Porto, na Rua Nova, em casa de certo ta- beliao, compareceu Luis Coelho, escudeiro fidalgo, morador em Lobam, terra de Santa Maria da Arrifana, e cirmSo do honrado frei Joao Coelho, Comendador de Lega», corno se declara noutro instrumento dez annos mais antigo, e disse, mandando reduzir a escritura publica a sua declara- gao, que annos atràs havia feito doagao a seu primo Joao Brandao, tesou- reiro da Moeda do Porto, de umas casas na refenda rua, foreiras ao Rei. Foi ratificada a doagao pelo Almoxarife do Porto, Gabriel Gongalvez, por instrumento feito canee as portas das suas casas», tambem na Rua Nova, em 18 de novembro de 1465; e finalmente confirmada por Afonso V, em carta mandada livrar pelo Védor da fazenda Gonzalo Vaz de Castelbran- co, na propria cidade do Porto, a i de Janeiro de 1466 (4). Aquelle Almoxarife merece, enxertando aqui curta digressao, especìal referencia por haver constituido excepgSo entre os do seu oficio, mais afei- tos a manejar a pena do que a brandir a langa. Em carta dada em Arevalo a 1 1 de oitubro de 147&, declara Afonso V, que, ccomo quer que por certo, visto e conhecido tenhamos os muitos servigos que, com sao coracao, a nós e a nossos reinos tem feito Gravici Gon^alvez, cavaleiro de nossa casa, morador na nossa cidade do Porto, assi em tempo del Rei D. Joao meu avo, corno del Rei meu padre, cujo criado foi, comò isso mesmo despois comnosco, assi em partes de Africa (i) Chanceìaria de D. Afonso V, liv. i !.•, fi. 21. (2) Ibidem^ fi. i53 v. (3) ìbidem^ liv. 23.^ fl. 44 v. (.)) Ibidem^ liv. 14.% fi. 17. — A rua, onde estas casas eram sitaadas, chacnava-se em 1421 «rua Freroosa», e jà em 1454 tinha a desigaa^So de roa Nova. Do mesmo doc consta. MARIA BRANDOA 297 contra infieis, corno por defensao da honra dos nossos reinos de Portu- gal, com grandes trabalhos e perìgos da sua pessoa», Ihe concede por bra- sao d'armas o escudo eque por arte e obra de pintor e comò em meo desta carta aqui é demostrado, e o separamos do conto e numero do povo e plebe» 9 etc. (i). Voltemos porem a Joao Brandao. Continuou elle exercendo o oficio de tesoureiro da Moeda do Porto por mais alguns annos e com agrado réjio, tanto que por carta de 1 1 de )unho de 1409, na cjual ]& é intitulado ccavaleiro de nossa casa», recebeu a mercé da administra^ao de urna capella na igreja de Santa Maria de Ossella, terra de Santa Maria, vaga por falecimento de Pero Louren^o de Elvas (2). A està capella parece que pertencia urna quinta, à qual no Cancioneiro ha referencia nuns rem(>ques dirijidos por Henrique de Sa a Fernao Brandao, cchegando a bua sua quintaa e que no foy bc agasa- Ihado dum seu caseyro» : Chegado muyto canssado, achey hQ vosso criado na vossa quintaf d*OseIa, que me fez tali gasalhado, c*outr*ora sere tornado passar bem de longuo della. Fatava em vossa amizade mays vezes do que devia, porem o que nos compria fechava bem de verdade (3). Nio ficou a prova da satisfa^ao réjia com o servilo de Joao Brandao so naquella mercé : tres annos depois foi elle noaieado contador da fa- zenda do Porto. Tambem nao existe rejistada a carta de nomea^ao ; consta ella porem doutra na qual Joao Ferreira, cavaleiro da casa do Duqw de Viseu, foi nomeado tesoureiro da Moeda do Porto. Tem o diploma a data de 2 1 de dezembro de 1472 e nelle se declara que Joao Ferreira seri tesoureiro e pela guisa que o era Joao Brandao, nosso contador na dita cidade, que nos o dito oficto leixou por Ihe darmos o da dita contadoria» (4). Nella foi confìrmado por D. Joao II por carta de 2 de Janeiro de 1484, lavrada no Porto por Antonio Carneiro (5). Ainda talvez por este monarca foi Joao Brandao nomeado recebedor no Porto do dinheiro dos Judeus castdhanos das seiscentas casas e oito cruzados. Delles recebeu dois contos seiscentos e tantos mil reaes que en- tregou a Joao Alvarez de Almada, recebedor mor do dito dinheiro, a qucm foi dada carta de quita^ao em 17 de fevereiro de 1497 (^)* Quanoo os Judeus foram expulsos de Castella, ca aK>or parte se veo a PfM*tugal acor- dandose seiscentas casas co Elrey dom Johao segundo daquelle nome em i) Liv. ^.^ de Misticos^ fl. 63. Ja) Chanceiaria de D. Afonso V, liv. 3i.% fl. 5i v. 3) Cancioneiro geral, n. ni, col. 3.* (4) Chanceiaria de D. Afonso F, liv. 37.*, fl. io5. (3) Chanceiaria de />. Jo&o II, liv. 94•^ fl. 9- (6) Carias de quita^ao del Rei D. Manuel^ n/' 338, no Arch. hisi. port.^ Ili, 3i5. 298 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ dous cruzados cada pessoa que no reino entrase» (i). Està foi a orìjem do pesado tributo lan^ado àquelles desgra(;ados, cujos padccimentos des- critos por Samuel Usque na obra citada fazcm chorar ; tributo que nao era de dois cruzados, corno elle por engano diz, mas de oito, e que pro- duziu para o erario réjìo avultadas quantias ; so JoSo Alvarez de Almada à sua parte recebeu vinte e seis contos e tanto. Pouco mais sei ao certo da vida do Contador do Porto, a nSo ser a data aprossimada da sua morte, a que logo me referirei. Dizem ter elle sido o fundador da casa e torre de Coreixas, nao lonje de Penafiel, em seus descendentes conservada até pouco depois da aboli<;So dos vinculos; e com bastante variedade e pouca seguran^a nomeiam-lhe os genealojis- tas duas mulheres e varìos filnos. Transcreverei comtudò o que a tal res- peito se encontra no citado Livro das geragóes escrito pelos annos de 1626: Joao BrandSo fìlho deste gennaio BrandSo herdou a Gaza e o officio de seu pai (o de contador da cidade do Porto) ; Gazou duas vezes a primeira coro de mesquita de quem teue Diogo Brandao E Isabel Brandoa. de quem se dira adiante ; E a segunda vez com Britiz Pereira filha de Diogo Peixoto Criado do infante dom Pe- di o com quem morreo na batalha de Alfarrobeira, e de Branca Pereira iìiha de Aluaro Dias Pereira e Jrm§o de JoSo Aloarez Pereira sr. da terra da feirra, e della teue fernao BrandSo Pereira E Phelippa Pereira, que Gazou com Joao Rodriguez de Saa e foj sua 2.* molher dos de Goimbra e Brandoa que Gazou com Kui leite e foi sua pri- meira molher. Alem do erro de fazer Joao Brandao suceder no oficio ao pai, nao sei Quantos outros enganos bavere no transcrito trecho ; entretanto i^lle nao e Maria Brandoa, mulher de Luis da Silva, incluida no numero dos filhos do Contador do Porto, intoleravel inadvertencia da Pedatura lusùana de CristovSo Alfio de Moraes (2). Em 19 de abril de iSoi jé Joao BrandSo estava falecìdo. Desta data é a carta em que seu filho Diogo Brandao foi nomeado contador da fazen- da no Porto e sua coma rea, cassi e pela guisa que o até qui foi Joao Bran- dao seu pai, que se ora finou» (3). Entre outros filhos deizou elle, corno jà li acima indiquei, os dois poe- tas do Cancioneiro^ Diogo e Fern&o Brandao* Diogo Brandao era jà cavaleiro da casa del Rei quando foi nomeado contador da fazenda do Porto, declarando-se na carta haver-se respeito à cria(;ao que D. Joao II nelle fizera. Aos beneficios recebidos, grato se mostrou Diofjo Brandao no scntido poema dedicado à morte do seu prò- tector, e esento depois do verao de 14099 quando no reino constou o exito a que alude, da vtajem de Vasco da Gama. Come^am as trovas: Todos atentos na morte cuydemos, na quali duvidamos por mays dosso mail, que dela, sabendo ser cousa gerall, mays DOS espantaroot do que nosprovemos* (1) Samuel Usque, Consolafam às tribula^eens de Israel: ed. de rgo8, III, 27. (a) Cfr. no Dernardtm Bibeiro e o hucoUsmo do dr. Teonlo Braga, p. 34S, nota. (3) Chancelaria de D, Manuel^ ìiv. 1.% fl. ao. ! MARIA BRANDOA 299 Os befs tempories por tlheos deyzemos, poys inays nos provocfi a mal que nam bem; OS quaes, cuydando nós putros que [os] temos, eles coro fortes cadeas nos lem (1). Contìnua nas estancias imediatas com varias considera^Ses sobre a oìorte^ em seguida refere-se rapidamente aos primeiros tres reis da se- gunda dinastia e entra finalmente no panejirico de D. Joao II, no qual deterroino huu pouco falar posto qu'emprenda muy alta materia. Este foy aquele bom rrey dom Joharo, o roays ey9elente que ouve no mundo, rrey destes rreynos, deste nome o segundo, humano, catolico, sojeyto aa rrazam. Do qual muy bem creo, sem con tradita ni, julguando sas obras e comò morreo, que deve bem ^erto de ter salva^am poys tam justamente sempre vìveo. Numas estancias mais abaixo gaba-Ihe a liberalìdade: Nom sey com que lingoa dizer se podia, CORK) era grande e em todo manyfyco; deseiava ter mays o seu povo rryco Que eie de o ser prezar sse quyrìa. Por estas taes obras, que sempre fazya, a sua nobreza bem e rara se ve; avya por perda passar s'aJguu dia, sem que naqueìe fezesse mer^e Seguesse logo d*ac)uy comò creo, que avendo sse nisto assy grandemente, que mal podcria tornar o alhéo, poys o seu dava de tam boamente. Noutras, a enerjia do seu caracter, a integridade do seu procedei \ Era hG mesmo no prazer e na sanha; das cousas virtuosas avya cob^r^'a; a todos igualmente fazya justu^a, sem se lembrarem as teas d*aranha. Era tymydo e amado e Espanha; e tal que, nam sendo pera rrev na^ydo, segundo a sua vertude tamanna devera pera isso de sser escolbydo. Que desta maneira estaa confyrmado, que 0 rrey e o princepe, que ha de mandar, pera os outros saber emendar, « -t*^V.:-J^ deve primeiro de ser emmendado. Era em sas obras tam bem temperado, uè o que per palavra bGa vez pormetya, e tal maneira co fee o comprya comò se fora por elle jurado. 3 Ainda em mais, a sua devo(;ao fìlial com a compreensao nitida da obri- (i) Cancioneiro geraly fi. 90, col. 4.* 3oo ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ ga^ao, em que todo o filho que presa a memoria de seu pai està, de pa- gar integralmente as suas dividas, sem simula^oes nem trapagas: D*aqui s« conssire na ordem que dava em paguar dyvedas que seu pay devia ; poys corno ai suas ja mal pasuaria quem tam grandemente as alheas paguava ? Jamays dele orffa§o n^ti se queyxava, a todos por inteyro muy bem se pagou ; com paguas dobradas. vy eu, que paguai^a a prata das ygrejas qu^emtam se tomou. Louva-lhe o valor na guerra de Castella, a clemencia com os conspi- radores : ussou mays con eles de mysericordya do que nisso fez com justo rrygor. Facto de que jd agora se nao pode duvidar depois de publicadas as sen- ten^as dos reos (i), pelas quaes claramente se ve, que outros mais com- plices lìouve, cheganao-se até a nomear de passajem alguns, e bem gra- iluados, por sinal. Finaloiente, depois de tecer aìnda elojios ao seu tino governativo, i persistencia com que teimou nas empresas oltramarinas, das quaes prò- veio o descobrimento da India, à resignagao com que acolheo a morte, termina com estes dois versos : por bem aventurado «e deve d'aver aquelle que a morte tem sempre diante. Pensamento de boa filosofia crista. Nao foram porem estas as primeiras trovas escritas por Diogo Bran- dao; anteriores a ellas sao as endere^adas a Joao Gomez de A.breu, ao caso de Ihe ter caido o cavalo pela costa do castello a baixo, estando elle de namoro para alguem do pa^o (2), e as outras às ceroilas de chama- lote que Manuel de Noronha, entao em Castella, mandara fazer (3). Es- tas composi^6es sao todas do verao de 1498 e foram feitas durando os chamados juramentos de Castella ; outras tambem sao dos tempos da sua assistenza na córte ; p. ex. : as de louvor de D. Leonor Henriquez e de D. Filipa de Abreu, os apodos ao jaez de Francisco de Anhaia, e os ou- tros ao fidal^o que fez seus feitos no braseiro (4), e mais alguma prova- velmente, difìcil comtudo de destrin^ar. Depois passou a viver no Porto, ocupado no oficio da contadoria da fazenda daquella cidade e de Id sao certamente muitas das suas composiqSes poeticas. Manteve ótimas rela- coes com os dois Àlcaides móres do Porto, Henrique e Joao Rodriguez de Sé, e dellas se conservam vestijios em varias trovas uns aos outros endere^adas. Se é certo, corno là dizera os Franceses, que os presentes servem para segurar a amisade, nSo se descuidavam os Sés de entreter com repetidos mimos o afecto de Diogo Brandao. Ora Ihe mandavam vi- ì 1) Arch. hist port^ I e II voi. 2) Canciùueiro geralf fi. 169, col. 5.* e fi. 170, coL i.* (3) Ibidem^ fl.^ i63, col. 2.* (4) Ibidem^ fi. 144, col. i.* ; fi. 146, col. 6." ; fi. 171, col. 4.* ; e fi. 175, col. 5.* MARIA BRANDOA Boi nhO) ora pescado ; e até és vezes parece que as dadivas eram satisfa^ So de complacencias proveitosas. Pelo menoa, nas trovas que jà vou transcre- ver, ha alusoes que me ievam a inferito. Joao Rodriguez de Sa, que so veio a ser alcalde mór do Porto depois de 1 5tSy com um presente envìa estas trovas a Diogo Brandao : QuSdo o jerro dG tetrarca nam s'esdanha de pejrtar^ 3 uè se deve d'esperar G Contador de coniarca eleyto fera medrar f £ por ISSO esse mandill| que vem da rregyam chynai nam he madQ, mas doutrina para vós que soes sotil (i). Ao que o Contador da fazenda no Porto responde : O presente foy de marca para tropo s'estymar; no maya nam ha que fallar, que^ qué quer encker sua areay parte de fa a de vajar, Syguyrcy, se nam for vyl, sennor que tam bem enssyna, que, sendo tam juvenil, nos feitos de cousa dyna he Nestor ; e la ora myl 1 Para cG>ntador de comarca, eleito pera medrar», comò diziam as tro* vas, n&o parece ter sido comtudo grande a medranf a em Diogo Brandao. Teve elle de mantimento com o oficio doze mil e tantos reaes por anno, elevados a quinze mil por carta de 24 de iuiho de 1S14 (2). mo foi de certo com as sobras deste ordenado que elle comprou duas ten^ as : urna de quinze mil reaes a Vasco Carvalho, fidalgo da casa ; a outra de oito mil a Pero de Andrade, tirando carta de padrSo da primeira, em 20 de fevereiro de i5o4 (3), e da segunda em 11 de dezembro de i5i8 (4). E que, alem dos rendimentos da sua casa, talvez boa, outros proventos licitos, afora o ordenado, sabia elle tirar do seu oficto. No Porto a cai e o sai, que entravam pela Foz, nao paaavam dizimo, nao havendo determina^So oenhuma legai para autorizar tal isenf So. De- nunciou o Contador da fazenda o facto, propds o lan^amento do tributo e loAO de caminho pediu Ihe fosse feita mercé da renda delle, ao que D. Manuel outorgou por carta de 7 de oitubro de i5i6 (5). Alem desta mercé, ainda recebeu tambem, em data ignorada, a de dez mil reaes de ten^a com o habito de Cristo (6). E mais nada sei da sua (1) Cand4neiro geraì^ fi. 95, col 3.* (a) CkoHcelaria de D. Manuel, Uv. i5.*, fl. io3 v. (3) IMem, Uy. lo-S £L 3 v. ?4) Liv. 6.* de Amtieos^ fl. 40. (5) Chancelaria de D. Manuel^ liv. a5.% fl. lao^ (6) Liv. da$ ten^as no Àrck. km. jwr/^II, g9* 3o2 ARCHIVO HISTORTCO PORTUGUEZ Vida publica (i) e pouco menos de nada da particular; quanto ao merito porem de Diogo nrandao, corno homem culto e poeta distincto, repor- tar-me het aos testemunhos doutros bem mais competentes na materia do que eu. Na Bibliotheca lusitana do douto Barbosa Machado, a cujo labor de investigala© todos devemos sempre prestar homenajem, refere-se, em prova da e multo familiar correspondencia» mantida entre Joao Rodriguez de So e Diogo Brandao e da ciencia deste na lingua latina, o facto daquelle Ihe haver enviado um seu poema no idioma de Vergilio, pedindo-lhe re- visao e emenda para os versos. Mais nos declara o Abade de Sever que Diogo Brandao jaz sepultado no convento de S. Francisco do Porto cem bum Mausoleo, sobre o qual està o seu vulto de pedrà armado» ; enga- na-se porem a seguir na data da morte, que nao teve logar em [53o, mas um anno antes pelo menos, corno logo veremos. Outro indefesso estudioso. Costa e Silva, no seu Ensaio biographico- aiiico sobre os melhores poetas portugue^^es^ diz que, tentre os Poetas, cujas obras compòem a voluminosa colTec^ao do Cancioneiro de Resende, ha mui poucos com tanto engenho, e espirito poetico comò Diogo Bran< dao. Além da for^a de expressao, de que a natureza'o dotou, da clareza, regularidade, e apuro de linguagem, é talvez o unico em quem apparece aquelle dote, que se chama invenfao, e sem o qual ninguem póde com razao chamar-se Poeta, ou pelo menos grande Poeta» (2). Transcreverei por ultimo, comò o mais glorioso florao para a coroa emetica do Contador do Porto, as seguintes palavras do grande mestre astilho (3) : cSubstancia poetica (valha a verdade) pouca se espreme do corpulento volume do Cancioneiro ; quasi nenhuma fora expressao muito mais exac- ta. Em nosso entender, nao ha em todo elle cousa que mereca ser posta a par do Fingimento de amores \àit Diogo Brandao]; e das Tropos d morte de D. Igne^i de Castro [de Garcia de Resende]. cA primeira d'estas duas composi;6es sim é uma darà revela^ao de (i) Nos indices do Corpo cronoiojico encontrei apontados dois doc. relativos a Diogo Braadio : 1.* Um alvaré passado em Evora a i3 de abrìl de iSog, dando Ihe ordem para com- prar trés mil arrobas de cariM, alem das duas mil jà adquiridas, destinadas todas para a gente da comarca do Porto, «<)ue là ha de embarcar», para seu mantimento de um mes sójnente, porque para o mais tempo se Ihe darà em Lisboa. Manda-lhe tambem comprar duzenias e oito pìpas para condu^So da carne que vira «salgada eembotada»; e que fa^a tudo comò melhor entender, «porque fiamos de vós que trabalhar€s corno se fa^a com todo nosso servilo». No verso : «Està fcarne] nÌo foi e somente foi recado pera a compra das ij^iij pipas por carta de do Martinho 9Ómente> (parte I» mac 7.*, doc. 106). Estes preparativos senam, provavelmente, para a projectaaa e nunca efei- tuada ida de D. Manuel a Africa, depois do apertado cerco posto em oitubro do anno precedente a Arsila por el Rei de Fez. 2.* Um mandado expedido de Almeirim, a 3o de junho de iSio, ao Aliooxarife de Ponte de Lima para elle entregar setenta e dois mil reaes à pessoa que Diogo Brandao Ihe enviasse por elles, os quaes dinheiros eram para despesa da nàu do Abade de Pe- droso (ibi. mac. 9.^ doc. 3t). (2) Obra cit., voi. I, p. 2i3. (3) Garcia de Resende^ voi. Ili da Uvraria dassica^ pv 340. MARIA BRANDOA 3o3 subido engenho e apurado gosto ; versos bem feitos, bem rimados, estylo elegante, e phrase poetica muito expressiva e muito clara, dà às vezes a lembrar por longe aquelle eterno exemplar de Virgilio; e cousas invida que um moderno se nao descontentóra de escrever. tAdmirou-se muito em Klopstock a descrip^ao do inferno altemado de fogo e gelo, bem que nao fosse tao nova a idea corno os seus admira« dores presumiam, porque jà o inferno dos Gre^os conhecéra o frio. • • . • . Em poetas do norte parece inven^ao naturalissima propdr o frio para cas- tigo ; mas no temperado clima de Portugal, ha sem duvida mais alteza de concepcao em ter aventado e ousado exprimir uma semelhante idèa, e tao avessa à que geralmente se tem no christianismo, dos castisos do outro mundOy representados sempre com o fogo. Pois bem ! està idèa da alter- nativa do fogo com o gelo (idèa provavelmente nao tomada em parte al- guma) apparece neste pequeno poema, jà impresso 208 annos antes de klopstock ser nascido.> Haveria motivo para reparo, cuido, se na prìmeira biografia mais mi- nuciosamente escrita do melhor poeta do Cancioneiro^ se nao encontrasse a sua obra prima. Sera um pouco longa a transcri^ao* mas nem todos os leitores darao por mal empregado o tempo despendido em a ler, tanto mais que, mesmo das edi0es modernas, nao sao muito vulgares aquellas onde o poema se encontra impresso. Ai vao pois as trovas. FyngjmeBto damores feyto per Dyogno Brandam. Eram da sembra da terra as nossas terras cubenas, quando pare^em desertas as abita^oes sem guerra; ao tempo que rrcpousam OS corac5es descanssados, e OS maifeytores ousam conaeter mores pecados. Os nove meses do ano eram ja easy passados, quando eram meus cuydados cre^ydos por mays meu dano; e assy com mail tam forte maya credendo mynha fee, vy passar alem do pee as^uardas do nosso norte. Se dormia nam sey ^erto, se velava muyto menos; coro meus males nam pequenos nem durmo, nem sam desperto 1 Nam m'estrevo de torvado dizelo, nom sey se cale . . • D'aly me senty levado e posto nG fimdo vale. O' divina sapiencia I de todos tam desejada, e de mym pouco gostada por nom ter suffi^ien^ia. Faze me tam sabedor que possa dixer aquy, com favor de teu favor, as grandes cousas que vy. Por este valle corria huGa tam funda rribeyra, que estando {unto da beyra escassamente se via I Tanta tormenta soava, naqueste lugar eterno, que se me rrepresentava quanto dizero do ynfiferQO 1 De muy escura neblyna era o ar todo cuberto; devia ser d'aly perto o luguar de Proserpina. O fogo sem s'apaguar, o mail sem comparatami podiam bem demostrar o dominyo de Plutam. N6 vy camaras pintadas com rncos patyns de fundo^ dos rricos daqueste mundo por demasia buscadas. Nem vy ssuaves cantores com vozes muy acordadas, mas muy discordes clamores das almas atorroentadas. No vy aves muy suydosas, que cantassem do^emente; mas bradavam fortemente serpentes muy espantotas. 3o4 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Aly prtser nom senty, antes descontentaroento; coda cousa qu'aly vy, era para dar tormento. D'aly Quisera salvar roe do que vìa temeroso, e daa armas do madroso juntameate proveytar me. Mas achar nam pude vya pera me poder salvar; emtam mostrey valentia para mays me condeaar. E sem fazer a vontade, nem esperar por saude, 3Qys aly fezer vertude a mynha ne^essidade. E tambem por ser sem falba està verdade que digo, c'os que fojera na batalha passam sempre mor perygo. E corno fax quem peleja, vendo ae desesperado, por honrra tornar for^ado a morte que ja deseja. Assy me iuy juntamente d'onde o fogo mays ardia, por viver honrrada mente ou morrer comò devia. Assy de todo mudado aly junto me cbeguey, e neste modo faley assaz bem temortzado. «O* jentes atribuladas 1 porque rratam de vós dS, dìaey a causa por qu8 soes assy atormentadas.» Logo de todo ^essaram daqueles grandes tomultos ; e com rouy disformes vultos para my todos olharam. E logo s'alevantou d*antre todas h0a delas, e sem culpar as estrelas desta maneira falou. «Este pranto tam durido de tantas tribola^Ges, sam OS justoa galarddes dos ssecaces de Cupido I Que por llie sermos lea^s tantas oìortes nos persseguS, que nosias dores mortals* som muy mays das que se segue. «Penamos polas foigufi^as que vivendo procuramos, 3 uè é ympossivell que ajamos uas bemaventuran^as ; que seria gramd'estorea e juyxo muy profundo, levar le praser no mundo e nest'outro tambem grorea. «Somos passados de fiyo em grandissima quentura ; a Vida nam tem segura «uern bebé daqueste rryo. (uè neste fogo penados sejamos sem esperan^a ; mata noTlcna^s a lembran^ dos praceres jà pasaados. aPolo qual se tu qulseres ser livre de nosso mail, trabalha quanto poderes por fugir camtnho tali. Sempre te guye rraiam ; goveme corno cabe^a ; a vontade Ih*obede<;a sem outra contradi^am. «E se quereys saber mays por aue dés conta de my, sam nuiX dos que decendy nos abismos ynfemaes ; e fuy le com tali ventura que quanto quys acabey ; mas depoys me condaney por nom guardar a pustura. «E por mays ^ertos signSes d'Emnrudi^e foy mando, por eia mesma perdido nestas penas ymmortaes. £u fuy aquelle c'ouvistes que na museca soube tanto, que fyz com meu do^e canto nom penar as almas trtstes. «Aquestas outras c5p3has, que penam nestas cavemas, antiguas, tibem modernas, son de mil terras estranhas ; que famays se passa dia Su'aqui nam sejam trazidas. le muy espa^osa via, a que segucm n os perdidos li inda bem non acabou de dizer estas rraz6es, quando com lamenta^òes lon^e de mym s'apartou. Quisera ser enformado daquela gente que vyra ; mas d'aly fiiy rrelatado e posto d'onde partyra. A manhaa escrare^ya, quando com cantos suaves nossas domesdcas aves dam synaes de craro dia. Polas cousas qu'aly vy, de que nada fuy contente, o meu cuydado presente de deyxalo pormety. Coropara^am. Mas fìiy tal d'aly passando, comò omem que prometera muy grandes mastos de ^ra i MARIA BRANDOA 3o5 •m^rtuna naveguando* Que vendo sse daquela fora, tornado {aa em bonan^a, do que passou naquerora nom Ihe fyca inaYS lembra^a. E comò fax o doente, a morte vendo diante, qoe promete d*y avante vvver muyto contyaente* Mas o medo jà paasado he do que vyo esque^ydo ; assy me vejo perdido maya agora, e namorado. E bem comò tem o none fyrmeza sem se mover, espero fyrme de ser na vyda, tambem na morte. Assy corno cay dyreyto o dado quando se lan^a, assy minha mal andan^a nam me muda doutro jeyto. E bem com'agoa do mar nam muda jamaya a cor, nem perde nunca sabor por quantas nele vam dar ; assy eu, triste, nam posso, com myl males destes taes, deyxar nfica da ser vosso, cm que se^am muytos maya. Fym. E poys com tanta verdade vos syrvo c6 fé, senhora, avey, por Deos, algfi*ora de meus males piadade ! Que, se deste mal profundo eu nam sam rremedeado, sam perdydo neste mCdo e no que vy condenado. Nao ibram exajerados, ha de concordar o leitor, os iouvores dispensa* dos a este pequeno poema ; voltemos porem ao pouco mais que apurei àcerca da vida de Diogo Brandao. Poi elle casado com Isabel Nunez, que Ihe sobreviveu alguns annos e de quem teve varios filhos ; e era jà falecido a 4 de agosto de iSsg, comò se declara na carta pela qual o filho Jeronimo Brandao foi nomeado con- ta dor do Porto (i). Outros documentos relativos a este filho de Diogo BrandSo algum fundamento me proporcionam para com certa aprossimacao podtr con- jecturar a data ciò seu casamento. Com efeito consta ser Jeronimo Bran- dao tnoqo fidalgo com novecentos reaes de moradia, nao so na folha do anno de i528, mas ainda no livro dos confessados de iSSg, 40 e 41 (2); ora, sendo elle entao ainda menor, porque, corno jà mais vezes tenho ai- to, nesses tempos nao havia mo^os fidalgos de barbas brancas; e sendo elle o filho varào mais velho, mesmo dado o caso de nao haver sido o prì- mojenito d'cntre todos, nao devo antecipar o casamento de Diogo Bran- dao ao anno de i5oi no qual foi nomeaao contador do Porto. Infiro por- tanto destas premissas, sem grande receio de errar, que o poeta casou depois de se ter estabelecido naquella cidade, e que a mulher nessas par* tes fora nascida. Os nomes de seus pais nao encontrei em documentos e nos nobilia- rios a variedade é grande ; entretanto parece baverem sido sogros de Diogo Brandao um Nuno Àlvarez, nascido e morador em Guimaraes, e sua mulher Maria Dominguez. Sei porem ^ue Isabel Nunez ainda vivia em 1 de abril de i53o, quando aos herdeiros de seu marido se passou carta de padrao de oito mif reaes separados que elle tinha de tenf a (3) ; e que jà era falecida, talvez de pouco, em i de oitubro de iS38, na oca- siao da mesma tenga ser averbada a Jeronimo Brandao seu filho (4). (i) Chancclaria de D. Jo3o III, liv. 48.* de Doagdes^ fi. 55. (a) Lousada, Sumarios da Torre do Tombo, I, yS? v. e 738 in&L '3) Chancelaria de D. Jo&o III, liv. 49.* de DoéfÓes, ti. as5 v. '4) Bndem. \ 3o6 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ Poucos meses antes de Diogo Brandao havia falecido seu irmao Per- nao Brandao, de quem igual.nente existem trovas no Cancioneiro ; vivera este porem, ao contrario do seu primojenito, quasi sempre na córte e so com pouca permanencia estaria às vezes no Porto, d'onde coip.tudo deve- rao ser as varias trovas por elle dirijidas a Henrique de Sa, alcalde mór daauella cidadc, cooi quetn, bem corno com seu filho Joao Rodriguez, ambos os poetas mantiveram cordeaes rela^ oes. No firn de umas das taes trovas enderef adas ao refendo Henrique de Sa, escreveu Femao Bran- dao: Vivo Sem muyta fadigua, nesta fazeada pequena, da molher nehCia pena, porque Deos assy ordena, senam da sua barrìgua (i). A tal cfazenda pequena» talvez fosse a (quinta de Ossella a que ]i là acima aludi; e, quanto ao ultimo verso, explicam-se os receios do poetas- tro pelo facto da mulher Ihe ter dado pelo menos meia duzia de filhos. O que so pela ac^ao do tempo, que tudo vai abrandando, se poderd todavia esplicar, é a antitese entre a falta de saudades da mulher aqui reyelada, e o sentimento afectuoso manifestado por elle numa cantiga, cpartindo se d6de estava sua molher pera preto», dizendo: Poys que tal dor me coquista, sendo tam douco apartado, que farey, aesesperado, muvtos dias alonguado, sennora, de vosta vista. Muy mal se pode soffrer, poys a tristeza d u(i dia doy muyto mays, a meu ver, do que podem dar prazer muytos outros d'alegria. Assy, que poys me conquista este mal tanto dobrado, que iarey, desesperado, muytos dias alonguado, sennora, de vossa vista (2). E' certo porem que no Porto estavam assentadas as duas ten^as que Femao Brandao rccd^ia cm iSaS, uma de trinta mil reaes corresponden- tcs ao ordenado que houvera em casa da Raìnha Prìncesa, e a outra de vinte mil com o nabito de Cristo (3). Tambem, na sua qualidade de portuense, a die recorriam patricios seus para resolucao de negocios na córte. Encontrei o extracto da procuraqao a elle dada em i52i por Isabel Monteira, moradora no Porto, viuva de um Pero de Paìva, escudeiro (4), 2 uè se nao deverà confundir, note-sc, com o que foi Tesoureiro mór da lasa de Ccuta, }à falecido em 1609, deixando tambem uma viuva cha- i) Cancioneiro geral, fi. 114, col. 4.* (a) Ibidem^ fi. ii3, col. a.* r3) Livro das tengas^ no Arch. kist» port.j li, gB. (4) Lousada, Sumarios^ 1, 707. MARIA BRANDOA 307 macia Isabel, da Alca^ova porem (i). Nao perdea todaria FerDao Bran* dao, apesar da pouca assistencia là, a amisade à sua terra natal, porc|ue no Porto se mandou sepultar. Logo veremos. Se da sua assistencia naquella cidade, corno digo, poucos veatijios apa- receoì) outro tanto nSo sucede com a sua permaneacia na corte. Entrou para o servilo da Rainha D. Isabel, casada em 1497 cotn D. Manuel e no anno seguirne finada, e na sua casa teve trinta mil reaes de ordenado, os quaes Ihe foram mantidos em ten^a por carta de 1 1 de Janeiro de 1499, com a condi<;ao de perder, se Ihe nSo fossem tirados, o direito ao seu casamento (2), isto é, à pensao que para suas bodas os reis daquelles tempos outorgavam aos moradores da sua casa, conforme a sua graduando. Blontando d*aU a annos D. Manuel a casa de seu filho o Infante D. Per- nando, nomeou seu guarda noMÌr e camareiro mór, por cartas de 12 de )a* neiro de i&i5, a Jorje da Sìlveira, do seu conseiho (3). Provavelmeate por estes tempos seria Fernao Brandao investido no oficto de camareiro do refendo Infante, pois quo na carta de 20 de maio de iSiy, na qual Ihe foram concedidos privilefios de fidalgo, ji é iatitulado camareiro de D, Fernando (4). Acumulou este oficio com o de guarda roupa ; e com eites recebia por més, na folha de 1S18 e 19, mil e quinhentos reaes de moradia de cavaleiro (5), e por anno mais tres mil de vestearìa, conto consta de dois mandados de ij de junho de id2i e 6 de julhu de iSaS (6). Continuou até morrer no servi<;o do Infante, tanto sob as ordeos de Jorje da Stlveira, corno depois com seu filho Vasco da Silveira, nomeado para snceder nos cargos ao pai, por carta de 3 de setemDro de i522 (7). Quanto a negocios publicos, encontrei a noticia de Fernao Brandao^ provavelcoente na qualidade de escrivao, haver seguìdo na embalxadar de 1&16 a Castella. Fdra o caso, que constando a D. Manuel haver seu sogro Fernané» o Catoiko adoecido gravemente nos fins de dezembro daquelle anno, enviou urna embaixada a vlsìta-lo, a qual o encontrou em Màdrtgaleìo onde eUe morreu a 23 do Janeiro seguinte (8), noticia ji sabida de D. Manuel em I de fevereiro), quando mandou expedir cartas réjias aos govemadores de diferentes fortalezas, para que as guardem e velem com toda a seguran^a e cutdado (9), tanto se arreceava dos sucessos iminentes na monarquia vizinha. O embaixador fot Joao Rodrìguez de Sa, o ami^ dós tBraddSts, e. é de presumir haver sido elle quem indicou a Fernao Brandao paca- aeu se- cretano, por aer pessoa de sua confianf a. Durante os mese^ que a em* (1) Cartas 4^ quita^o del rei D. Manuel, nj^ 459, no Arch. hUt. porl^ IV, 365. (li Ckancelana de D, Manuel^ liv. 41.**, fl. 72 v. m JHdenty liv. 24.*, fl. 9 v. e io. (4) Mdem, Ifv. 39.*, fi. 1 12. (3) Lousada, Sumarios, I, 735 v. (6) Ibidem, IH, 53; v. e I, 734. (7) Chanularia de D. Joao III, liv. i5.* de Doa^SeSy il. 65 v. (8) Goes, Ckranica de 2>. Emanuel^ parte IV, cap. I. (9) Corpo cronolojico^ part. i.% mac. 19, doc. 106, etn Saraiva, Obras^ IV, 25 1. 3oe ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ baixada permaMceu em Castella, fervilharam naqudla edite as intrigas orijinadas na sucesaSo aos tronos da monarquia espanhola, vagos pela morte de Fernando. Por nomeacSo delle, em seu testamento^, ficara com a rejencta de Cas- tella o Cardeal D. Fr. Francisco Ximenes de Qsneros em nome do neto do ialecido monarca, o Arquiduque Carlos de Austria, que entao se en« coQtrava nos seus dominios de Flandres, d'onde expediu, em 14 de feve- reiro, urna cedula real confirmando a rejenda na pessoa de Cisneros, o qual aasociou a si Adriano Floriszoon, o futuro papa Adriano VI, entao assistente na córte de Castella comò embaixador de Carlos, na qualidade de duque de Brabante. A pesar de todos estes poderes nao era tSo acata* da, corno deveria ser, a autoridade do Rejente, e maìores embarafos pò- liocos Ihe veto logo de principio trazer o facto, imediatamente conhecido em Espanha, de se haver o Arquiduque, là em Bruxellas, apressado a to- mar o titulo de rei de Castella. Prematura e improcedente era na verdade a resolufSo, por isso que nao so ainda vivia a lejitima herdeira, a infeliz Ioana a Louca, mas tambem porque faltava a previa autoriza^ao das Cor- tes, requisito tornado indispensa vel pelo custume. Carlos porem, levadope- las sujest6es de seus conselheiros flamengos, nfio so insistiu em conservar o titulo, corno ordenou ao Cardeal que o flzesse proclamar, o que eiie^ com uosa enerjia nSo esperada de um velho frade, executou, contra a vontade dos erandes, em Madrid, no dia 3o de maio, e seguidamente nas outras cidades dos reinos de Castella sómente, porque nos de Aragao, onde ficara rejente, tambem em virtude de dìsposi^So testamentaria, o Arcetnspo de Sarago^a, recusaram-se a isso, em quanto o Arquiduque nao viesse em pesaoa prestar o juramento de Ihes guardar os foros e liberdades. Fez-se, na realidade, a proclama^ fio em toda a parte; foi porem contra a darà ma vontade da nobreza, em grande parte desafecta ao Arquiduque, au- sente e aie, na opinifio dalguns, estranjeiro, e quasi toda manifesumente hostil ao Cardeal, que tanabem nao alcan^ou ter por si o povo, arrastado GIos grandes a rea}ir contra certas providencias de Cisneros, apesar del- \ teiKlerem mais a reprimir os abusos da nobreza, do que a ofender as liberdades populares. Èra, alem disto, assunto de animada discussao a ^da do novo rd a Castella, dese|ando*a uns, receando-a oatros (i). Foi pois^ neste mdo ajitado e revoltoso, oue se encontrou a embai- xada portuguesa em Madrid, e de là^ a 9 de julno, escreveu Femfio Bran- dfio a et Rei D. Manuel urna carta bem interessante (2), cu|a substancia voo apniveitar. Depoia de dar noticias de Flandres, do Imperador, dos Rets de Ingla- terra e Franca, Henrìque Vili e Francisco I, dizendo deste, eque tirado de ser às vezes um pouco assomado, é de conselho nas cousas da guer- ra, e cavaldro», da tomada de Brescia pelos Franceses e Venezianos^ e do cerco por elles posto a Verona, refere-se à informa^ao enviada de Flan- dres ao Bispo de Sigùen^a por um D. Jorje, ulvez irmSo do Conde de 11) Hist. generate des Prcvmces Unies, liv. iiA g 10.*; Robertson, I^si. ofCkar- e Hfthy sec. Ili, llv. I; Lafuente, Hist de Espa/toj parte II, liv. IV, cap. s8.* (a) DocL MARIA BRANDÒA Sog Tentiigal e futuro Conde de Gelv^s, àcerca do reparo ié cauMido peto bom acoihimento dtspensado por De Manuel ao Embaixador de Frao^a. Era elle, noterei, Joaò de Langeac, prelado muito aceito a Fraocis* co I, e, scendo referenti os nossos cronìstas^ viera confidar D. Manuel a entrar na liga preates a celebrar-ae entre varios principea contra outro«(i); entendo pm^em aer mais provavel que o firn da embaixada fosse uDÌcaoien- te, conio alias se depreende das instru<;oes d^das pouco deppis por Fran- asco I aos seus plenipotenciarios para o tratado de paz cam o Aei de Cas- tella, para revindicar o seu diretto à recupera^ So do reino de Napoles (%), Estou disto persuadido, porque nas instru^òes envìadas em fevereiro do anno seguiate por D. Manuel ao seu Embaixador em Bruxellas, is quaes Ié mais adiante largamente me referirei, elle mostra so entao ter tido co* nhecimento da tal liga, de que resultara o tratado de Noyon de i3 do agosto precedente, no qual o haviam introduzido, por sinal que sem sua previa anuencia. A seguir entra Femao Brandao na narrativa dos sucessos que pre* senceava, e dos rumores que aos ouvidos Itie chegavam* Na Ajidaluzia, em virtude de ordens eoianades de Flaftdfet^ apresta- va-se urna armada de muitas nàos, com saia mii hocneiis de ordenan^, para a qual alistavam nao so floarinheiros, comò homena de BÌ9CAÌa^ apre-» goandO'se todos os dias pelas ruas de Madrid o soldo para os que quisesr sem embarcar. Fdra nomeado capitio mor da frota Dtogo de Vera, «ho- mem de baixa sorte, porque o Gardeal nao se fia de grande». Sobre o destino da armada colhéra varìas informa^oes uns diziam qae era contra OS Turcos ; outros, para guarda de Napoles ; e ainda alguns, para nella o Imperador Maximiliano tornar à empresa de Milao. Na verdade parece*me porem, que era simplesmente para ir Jbuscar o Arquiduque a Flandres. cO mon senhor de Xebres» (Guilherme de Croy» Conde de Cbièvres, governador e primeiro ministro de Carlos) governa e manda tudo em Flandres ; é tao cioso del Rei que nao consente a nenNim Castelhano Ihe fale senao na sua presenta. E' inimigo de D. Joao Manuel (sesihor de Bei- monte, cavaleiro do Tosao, valido que fora de Filipe I), detesta igualmente todos OS Castelhanos, so cuidando, elle e os mais do governo de là, de se aproveitarem dos cargos que vao vagando e de alcangarem dinbeiro e es- tados alheioa, andando a ver cquem se fartard primeiro». OpSe-se à vinda de Carlos a Éspanha, com receio de perder o supremo dommio, pois que, em quanto o Rei estiver em Flandres, cgovernarà o de cà e o de là». Di- zem que é francés; detestam no e bem assim a todos os Flamengos, in- clusive ao Rei, pois que as ordens, vindas de Bruxellas ao Governador, sao sempre tendentes a ser toda ca fazenda aproveitada, e que a mande a Flandres; e nao de nada e tire tudo, até que se fartem os de là». El Rei sujetta-se a Chièvres, ou por indole, ou por conveniencia poli- tica ; anda porem tao desgostoso que a nenhum Espanhol pregunta por coisas do remo, sendo jà da idade que é (dezaseis annos;, e cnem querem Ìi) Goes, Chronica de D. Emanuel^ parte 4.", cap. 4.*»; Osorio, De rebus gestis, ed. 71, p. 384. (3) &uitarem, Quadro eiementtry II, 4o5, e HI, i83. 3 IO ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ qoe fale.castelhaiM». Meni elk, nem os seus ministros flamengos, se lem* bram de coisas que convem ao Estado^ e no governo de Castella, cainda qne seja o melhor do mundo», se Carlos nao vier naquelle verao, bavera multo maior dtvisfo e até podere estalar a revolta. O Vice-Chanceler de AragSo (D. Antonio A^ustin, que fora naandado prender em juiho de 1 5 14 por Fernando o Catolico, nÌo estando bem ave- rìguado o motivo, e que saira aflan^ado, pouco depois da morte delle, do castello de Simancas onde jazìa encarcerado) andara em Madrid tracando de se livrar, e partirà poucos dias antes para Fiandres a ver se conseguia definitivo retevamento. Era pessoa estimada e de muitos amigos, por isso andava sempre bem inf3rmadò. Preguntou-lhe Femao BrandSo por oue partia, esperando se por Carlos em agosto ou setembro ; e elle respondeu que partia, cporque nas cousas duvidosas a mais certa se havia de tomar, atnda que se errasse.» Estava pois o Vice Chanceler bem informado, ou era homem de bons palpites, porqee «feetìvamente so d'ali a mais de um anno è que o novo Rei desembarcou nas Aaturias. Com respeito à vtnda de Carlos variavam todos os dias os pareceres. Com o do Vice Chanceler concordava o do Bispo de Avila, eque é o deus do Cardeal, nao por ser pessoa de conseiho, nem diana de medrar, senao peto seu bom servilo, que o serve de lioite e de dia mais que nenhum camareiro» ; dizta pois o Bispo, que dalguns dias àquella parte duvidava da vinda del Rei, mas que, se nao viesse no ver5o, sem fatta chegaria em Janeiro. A Rainha de Ara^o (Germana de Foix, viuva de Fernando II, que um dos motivos que tivera para mandar prender o Vice-Chanceler, idra, dt£ta-se, o ser elle amante desta senhora), i qual vinham mil correioi por seus negocios, o Duque de Alba, o Arcebispo de Santiago, o Bisjpo de SigQen; a, e outros, tambem duvidavam da vinda, apesar dos dois Go- vemadores, o Cardeal e Adriano, afirmarem o contrario, e do Secretano Barroso tse querer matar com todos sobre este caso». NSo vindo el Rei, o governo do Cardeal se irà desfazendo comò tro^ voada, porque os grandes estao jà em odio com elle, e nSo Ihe hao de obedecer nem haverem medo; os medeanos descontentes, porque «nfio dà nada e tem tirado muito» ; e os cavaleiros das Ordens, esses entao, vivem )i em odio del Rei e do Cardeal. E' pois geral o descontentamento. Todos, grandes e pequenos, e até os prelados, estao percebidos de armas ; mas, apesar disso, nao sair£o de suas casas, nera que os matem, para so- correr Estados fora de Castella, e niesmo para as fronteiras sera duvi- doso. Em Valhadolid (d'ali a pouCo sublevada) encontram-se o Marqués de Vilhena, o Duque do Infantado, o Condestavel e o Almirante de Cas- tella, o Conde de Benavente, D. Fedro Girao e seu pai (o Conde de Ure- fia, D. JoSo Tellez Girao^. Nao se sabe ao certo do que tratara ; mas consta que mandam men$a|eìros a Carlos sobre a sua vinda e governo do reino, e divulgam que el Rei de Franca escreve a alguns delTes» cTudo pode ser, acrescenta Fernao Brandao, ainda que nao é de crer» ; e con- due, em ar de moralidade, cnem farSo nada». Nisto porem se enganou, porque iìzeram muito. Acenderam o facho da revolta, nao so em Valhadolid, corno em Burgos, Leao, Salaaiaoca e MARIA BRANDOA 3ii outras cidades, ateando-o por forma, que o Cardeal, depois de o haver com custo apagado nos restantes centros, teve, para o extinguir de todo, de transijir com Valhadolid, outorgando-lhe certos privilejios (i). Ao governo de Cisneros nao recatela Fernao Brandao louvores. tGoverna corno deve», e em virtude do novo poder que Ihe veio del Rei, e pelo seu estado, dinheiro e condi^ao cnSo estima ninguem e ri-se de quantos grandes ha no reino, de seus ajuntamentos e misterios, e de quanto podem fazer» ; tira correjedores e poe outros, pessoas a elle acei- tas, que Ihe obede^am. cAnda doente de governar o reino, assim na jus- tifa, corno na fazenda, estado e guerra, tao bem e melhor que el Rei, que Deus haja». Dissimula com os grandes, quanto sabe e ve delies; é isento e sao nas respostas ; e a muitas coisas que veem de Flandres, ri-se dellas e n&o responde. Despacha pouco e nao deixa ver o traslado dos poderes que the foram conferidos. Sobre o caso dos poderes conta-se uma anecdota caracterìstica e bem propria para avaliarmos a tempera do veiho Cardeal. Sucedera pois, al- gum tempo antes de escrita a carta de Fernao Brandao, que tres dos gran- des, a que elle se refere corno estando entao em Valhadolid, procuraram Cisneros e pediram para ver os poderes que Ihe Carlos conferirà. Apre- sentados, duvidaram da sua validade, e depois de larga discussilo, o Car- deal, ao cabo de argumentos, levou-os todos tres ao balcao que dettava sobre o patio e mostrando-Ihes em baixo os soldados formados e a artilha- ria alinhada, exclamou : e Vede os poderes que me foram outorgados por Sua Alteza. Com estes govèrno Castella, e com èlles governare! até que el Rei, vosso senhor e meu, tome posse do seu reino» (2). Admiravel vc- Iho 1 A enerjia do seu caracter dimanava da pureza do seu viver, austeri- dade do seu proceder, desinteresse e desvelo do seu govèrno. A tudo cor- respondeu a negra ingratidao do Soberano ! No dia de S. Fedro, conta Fernao Brandao, mandara o Rejente fazer alardo, isto é, passar revista & gente de armas da ordenan^a de Madrid. Eram trezentos homens de armas e duzentos estardiotas (cavalaria lijeira, talvez mercenaria). Sairam a vel-os o Infante D. Fernando e todos quan- tos se encontravam na córte, salvo o Duque de Alba que nunca aparecia diante do Cardeal. No dia seguinte, segunda feìra, trouxe D. Alvaro de Luna é parada os ccento continos», designarlo que julgo se aplicaria é guarda efectiva. Era gente escolhida, tanto nas pessoas corno nos cavalos; apresentaram se cubertos de seda, com penachos nos chapéus e cencon- traramse quatro por quatro bem destramente». Eram cos gentis homens para os outros», mas nao nos soldos, porque todos ganhavam atrintamil reaesi menos os estardiotas que recebiam so dezoito mil. Outros leves rumores de córte se cncontram ainda na carta. A Rainha de Dinamarca (Isabel de Austria, irma de Carlos I de Es- panha, o futuro Carlos Quinto) ce muito mal tratada de seu marido, que a quisera jà matar por vezes, de cioso e apaixonado ; e nao faz vida com [i) Lafuente, obr. cit. [2) Robertson, obr, cit. 3i» ARCHI VO HISTORICO PORTUGUEZ eU«* Dizem delle que traz as chaves de sua fazeoda na cinta, e que nisto é o maior principe da cristandade e o mais abastante» • Ei Rei de Na varrà, deixando fìlhos menores, cmorreu de pe<;onha em Beruca a par de Navarra». Efectivamente Joao d*Albret, Rei de Na varrà, falecera a 17 de junho daquelle anno de i5i6, eoa Moneins, no Béarn (a tal Beruca?), mas nao ha a certeza que fosse de pe^onha. Sua viuva, Ca- terina de Foix, Rainha proprietaria de Navarra e prima com irma de Ger- mana de Foìx, a segunda mulher de Fernando de Aragao, que injusta* mente aos seus parentes tirou o reino, veio a morrer pouco depois, a 12 de fevereiro do anno seguinte, de puro desgosto de tantos infortunios (i)« Finalmente a alguns Portugueses se reiere. Diz que de Flandres chegara um correio com urna carta de Rui Fer- nandez e um ma^o doutras cartas e papeis para el Rei, aderencado a seu sobrinho Joao Brandao que o levare; talvez no refendo ma^o viesse urna Usta de pre^os de varias mercadorias, adiante transcrita (3). Aquelle Rui Fernandez estava entao em Antuerpia, servindo nos negocios da feitoria de Flandres; le mais adiante a elle me tornarei a referir, e até transcre- verei cartas suas. Nesta, enviada a Madrid, dava muito mas noticias da saude de Tome Lopez. Tao mas eram ellas que Fernao Brandao, noutra carta datada do dia seguinte, io de juiho (3), conta haver procurado o proprio correlo vindo de Flandres, o qual Ihe dissera haver Tome Lopez morrido, e tanto que (i). A ten^a dos sessenta mil reaes pelas cronicas dos reis antigos, nao creio que passasse de prometimento, porque della nSo se encontra vesti* jio, nem nos rejistos da Chancelaria, nem em mandados de pagamento. Nao nos diz Lousadi quando foi escrita a peti<;ao, mas deveria ser dos fins do anno de ib22 ou principios do seguinte, anterior comtudo a 3o de abril data da carta pela qual Fernao de Pina foi nomeado cronista mor (2), Àparece-nos, na cit. carta de i8 de novembro de i522, Fernao Bran- dao pela primeira vez com o apelido Pereira, de sua mae, com o qual se encontra em mais alguns documentos e que entendo tomaria para se di- feren(;ar doutros dois homoninos e contemporaneos seus, a saber : Fernao Brandao, seu sobrinho, filho de sua mela irma Isabel Brandoa, o qual foi camareiro do Arcebispo de Braga, conego do Porto e abade de Rio Tinto^ beneficios que renunciou, por instrumento de 28 de dezembro de i5i6, para haver, comò abade comendatarìo, o mosteiro de S. Joao de Ciba- nas (3) situado na comenda de Santa Cristina de Afìfe da Ordem de Cristo, na qual parece estava provido (4) ; e outro Fernao Brandao, dos de Evora, chefe da familia e fidalgo» que em i528 ]A tinha sucedido na casa de seu pai, Diogo Lopez Brandao, tambem fidalgo (5). Pelo Livro dos tencas sabe-se haver tido Fernao Brandao, camareiro do Infante D. Fernando, mais outra tenga de vinte mil reaes com o ha- bito de Cristo, alem da de trinta mil (6) ; e por uma carta réjia de 5 de agosto de iSsp consta haver elle disfrutado, naquella Ordem, a comenda de S. Mnrtinno de Guilhabreu. no bispado do Porto, da qual, por sua morte, fìzera entao D. Jo§o III mercé a seu filho Diogo Brandao Perei- ra (7). Era pois jé a este tempo Fernao Brandao finado e, conforme o epitano da sua sepultura, colhera>o a morte no dia 17 de agosto do anno precedente. Nao transcreverei na integra o epitafio por o encontrar em latim muito incorrecto, nas Memorias sepulchraes de Fr. Antonio da Luz Foz ; dizia Eorem em resumo, que Fernao Brandao Pereira, camareiro do Infante L Fernando, morrera em Lisboa a xvi das calendas de setembro de 1 5a8, e fdra para ali mandado trasladar por sua mulher Isabel de Pina. O Io- (i) Sumarios^ f, 11 3, v. (2) ChoHcelaria de D. Joao 111^ liv. 3.<* de Doagdes^ fi. 36. (3) Corpo cronolojico^ parte I, mac. 20, doc. 143, em Cardeal Saraiva, Obras com* pietas^ IV, 372. (4) Minuta em que se inclue a carta do Arcebispo de Bragia, de 20 de abrtl de 1 5 16, pela qual aceita a renuncia que FemSo BrandSo, seu camareiro^ fax da igreja de Afife, para el Rei Iha dar em comenda com o habìto da Ordem de Cristo. Carpo cronohjieo^ parte III, mac. 6.*, doc. 12. (5) Carta de vinte mil reaes de tenqa a FernSo Brandao, «fidalgo de minha casa», OS quaea jà tivera seu pai, Diogo Lopez BrandSo que Deus haja. Lisboa, 12 de dezem- bro de 1528. Chancelana de D. Joao 111^ liv. 14.* de DoagdeSy n. 23o v. (6) Arch. hisL port,^}^ 93. (7) Chancelaria de D. Joào III^ liv. 48.* de Doagòes^ fi. 69 v. MARIA BRANDOA 3i5 gar da sepultura era^ ^onform^ o citado ms,, na igreja do n^stwo de S. Francisco do Porto, eoo cruzeiro para o sul da capella mor e parte da epistola della, numa capella, nao à face comò as mais, mas introduzida para dentro e fechada com grades de ferro, cuja capella é de S. Bràs. Nesta capella se acha, introduzido na parede da parte da epistola, um arco de pedra lavrada, com suas folhajcns, dentro do qual existe um mausolèo ou arca de pedra de An^a, e na cupula de cima tem a seguiate inscri^ao : D. sERVATosn E no frontespicio do mesmo tumulo tem o seguiate epìta- fio. • • > Por cima do arco, um escudo esquartelado de cinco brand6es acésos, cada um envolvido numa estreita fita em forma de S, e de uma Cruz florida, armas de Fernao Brandao (i). A sua viuva fez D. Jofo III, por carta de la de agosto de i529, mercé na Vida della, da ten^a de trinta mil reaes vaga por morte do marido, para a come^ar a receber do i.^ de Janeiro desse anno cm diante (2). Ainda vivia Isabel de Pina em 16 de setembro de i53?, quando, em seu nome e no dos mais herdeiros de Fernao Brandao, foi assinado o recibo do resto dos sessenta e quatro mil e tantos reaes que a elle eram devi- dos do ultimo ter^o do seu casamento, e que aos herdeiros, por alvaré de 8 de juiho do anno precedente, haviam sido despachados no almoxa- rifado de Aveiro (3). Dizem, e quero crer, mas nao encontrei documento probatorio, bave- rem sido Fernao Brandao e seu filho Diogo Brandao senhores da quinta e couto de Avintes, a qual continuou na posse de seus descendentes por linha femìnina, os Almeidas, Condes de Avintes e Marquéses do Lavra- dio. Irma carnai de Diogo Brandao e paterna de Fernao Brandao, os dois poetas do Cancioneiro^ foi, corno jà là acima apontei, Isabel Brandoa. Casou ella com Joao Sanchez, cidadao do Porto e irmao, conforme os nobiliarios mais antigos, de Maria Anes Sanchez, mulher de Vasco Car- neiro, escudeiro, cidadao da refenda cidade, a ouem foi dada carta de privilejios para caseiros, lavradores, etc, em 25 oe maio de 1490 (4), e que era, segundo alguns afirmam, prossimo parente do famoso secretarlo Antonio Carneiro. De Isabel Brandoa e de Joao Sanchez, o pouco que sei, é todavia interessante. Vejamos. O Chanceler mór do Infante D. Duarte, Martim do Sem, homem no- tavel por varios titulos, morreu em fevereiro de 148 1, deixando em tes- tamento todos seus bens vinculados à sua sumptuosa capella no mosteiro de S. Domingos de Santarem. Entre elles existìam na comarca do Porto as quintas da Torre de Pero do Sem, Milhundes, Guimarei e Ranba, as casas de Resios e os casaes de Guifonces. Como foi que estes bens se desmembraram do vinculo, nSo sei; mas é certo^ que no tombo delle (]) Cit. Mem, sepulchraeSy il. 10. (»ì Chancelaria de D. Joao 111^ liv. 48.* de Doagdes^ fl. i3a v. (3) Corpo cnnoIoHcOy parte IL mac. 177, doc. 1. (4) Chanceltìria de D JoSo 7/, liv. i3.*, fl. Sg v. 3i6 AftCHlVO HISTORICO PORTUGUEZ fdto em 1632, so se nomeiam predios em Santarem, Valada, Sarilhos Pequenos e Carnide. Alguns dos referidos bens situados na comarca do Porto, e entre elles a quinta da Torre de Pero do Sem, passaram, segan- do infonna^ao que tive, eatre os annos de 1434 e 1S16, por morte de um Pero do Sem, a seus parentes colateraes J080 Sanchez e Isabel Bran- doa. Se assim sucedeu, corno creio, a transferencia havia de ter tìdo lo* gar antes de i5oo, se o parentesco era pelo lado dos BrandSes, ou até i5i2 se elle provinha da parte de Joao Sancbez, o que julgo menos pro- vaveL Efectivamente o epitafio da sepoltura daquelles conjujes, no pavi- mento do cruzeiro da igreja de S. Francisco do Porto, junto às grades da capella mor, resa assim : Aqui ja^ Joham Sanches Cidadam I Da ci' dade do Porto o qual faleceo na era de M. D. XIL a Vili, de Afayo I E assi ja:^ Isabel Brandoa sua molher a qual faleceo na era de M. Z). a De I Aasy iodos seus herdeiros. O letreiro està ou, mais provavel- mente, estava escrito em volta da campa, no meio da qual se viam grava- das as fisuras dos dois esposos, separadas por uma coluna (i). Aquella quinta da Torre de Pero do Sem, corno jà em 143 1 era desig- nada, deveria ter stdo funda^&o, ou pelo menos propriedade, de Pero do Sem, Ouvidor de D. Afohso IV em 1827, seu Chanceler mór pelos annos de i336 a 1341 e bisavó do instituidor do vinculo* E agora reperirei aqui, resumindo, o que jé a proposito noutra parte deixei dito. Tem-se escrito o apelido Sem por diversas maneiras ; a unica etimo- lojicamente correcta porem é a aqui adoptada. Em uma provisao de Afon- so IV diri)ida a Pero do Sera, assina este, no fim, Petrus de Sensu vidii; na Chancelaria do mesmo Rei encontra-se repetidamente reproduzida a as- sinatura do seu chanceler mór debaixo destas formas: Petrus de sefissumj Petrus desensutì^ e Pet9 de sensO; na Chancelaria orijìnalde D. Fernando, numa carta de 137 1, é feita certa doario ao dr. Gii do Sem; em 1406, num contrato de casamento, outorga pela noiva Martinus de Sensu ^ legum doctor; noutro ajuste esponsalicio, este de 1429, aparece entre as testemunhas Dominus Martinus de Sensu dicti Domini Regis cousiliarius; em 1438, o Chanceler mór d'entao assina um documento, Johanes de Sensu^ Legum Doc- tor (2). A todas estas provas acresceram outras mais anrigas, posterior- mente encontradas em documentos do Livro de D. Joào de Portela nos quaes, em novembro de 12S8 e mar^o de 1260, Pero Martinz do Sem, ca- valeiro, vizinho de Evora, assina Petrus Martini de Sensu (3). Segundo o Elucidano de Viterbo sem era o mesmo que senso ou senrido; Du Gange porem no Glossarium dà ao vocabulo sensus a significagao de bon sens; oe- veremos pois entender que a palavra sem significava mais do que senrido. denotava tambem siso, prudencia, e nesta acep^ao a empregou o dr. Ant^» nio Ferrcira no verso Bom Vasco de Lobeira, & de grS sem, do soneto ma auriga lingoa Portuguesa» (4). ^1) Liv. 2.« dot BrasSes de Cintra^ p. lao e lai 12) Ibidem^p. 114. (3) Arch. tìist. Port.^ IV, 200 e 289. (4) Poemas lusiianoSj ed. de i5g8, fi. 14. MARIA BRANDOA 3 17 Tornando, para findar, à Torre de Pero do Sem, direi que ella foi le- vantada no alto da quinta e lé permaneceu por seculos, até que, nos annos de 1808 a 1810, durante a cnenoridade do 3.^ Conde de Terena, seu tio Simao Brandao de Mallo a mudou, pedra por pedra, para o fundo da quinta, por detraz do palacio da Torre da Marca, onde ainda hoje se ve (i). Deu Isabel Brandoa muitos fìlhos a seu marido, e um delles foi Joao Brandao, que em fins de 1S08 foi nomeado feitor em Flandres corno ve- remos no capitulo seguinte» DOCUMENTOS I Carta de Fernao Brandao^ escripao da embaixada junto ao gopemo de Castella^ a el Rei D. Manuel. Madrid, 9 de jaiho de 1516 Senhor — Depojs que despachey o mo^o deRadejro qae foram xxìj de junho/vye- ram as novas segyntes / e o majs que pude saber // aos xzix de funho veo correo de frandes pos no caoiynho se)s dìas crouxe pouqas cartas / soube do ebajxador que he menos nego^jado / que elRey deos prazendo serja em mar o prìmejro dya dagosto e que hù seu almjrante nS emtendya em outra cousa / e que este correo vjnha asy depresa a que nSjosem de qua nehGas naaos as quaejs estaui )a pera partjr soomente quatro c6 mil omes e gomex de butram com ellas / por quSto nS eram necesar)as e elle tinha Ila sesenta que abastauam / dise que o duqe de geldres fazia gerra a eIRey e que se dlcava contrelle e que el- Rey farìa jente e na me qujs dizer majs cousas / soube que elRey de fran9a dava causa a ysto e fauor e que suas cousas vam pera se nQqa concertarem e que trabalha quito pode conao elRey nS venha a castella e peyta grosamente / o fperador he tornado corno ja dise e bresa tomada a partjdo e neste dar ouve de- feren<;a antre fran^eses e venezeanos e todavja fìquou a venezeanos / elles e os france- ses estam sobre verona e tomalaam / porque estam prosperos / o papa com elles / as senhorjas encomedadas a elRey de franca / o credito do emperador perdido / fax eIRey de franca armada em genoa e sera jagora no mar grosa e corno estaa cevado em sua mo^fdade nas cousas de mjlam. e y talea cobjcosa an Ihe todos grande medo / dizem delle que tyrado de ser as vezes hù pouco asomado / he de conselho nas cousas da gerra e cavalejro I ^ aquy ha vynao HG seu correo ome velho e vem que Ihe etregem <;ertas presaryas que foram tomadas em tempo de tregoas / outros dizem qje vem a espiar todalas cousas de qua e o estado dellas / e elle he pera yso pollo que vy nelle em quas do duqe dalua / elRey dyngraterra com quSto tem bem conoqdo ho enperador / m&dalhe prome- ter gram soma de dinheiro e hos soy^os muiio / e alem de Ihes pagar soldo a ^erto nu- mero delles Ihes da a outro morto e gracyoso / e que tome ha ^presa de milam / na se sabe o que farà / madama margaryda Ihe midou quantas joas tynha / sem Ihe fìqar hG soo anel / dizem que anda namorado da filha de Rey dongrìa e que o deyxou elRey por governador dongrìa / e que aly folga ma)s que de ser senhor do mudo / (1) Bra$6es de Cintroj II, 119. 3i8 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ este correo trouxe provysam de toniarem a sua pose o almjramte dos derejtos de malega / e do duqe dalua na se fez nehua men^am / dom jorge (i) escpreueo ao bispo de cjgon^a corno S frandes ouvera murmuraqam das onrras e merces que vosalteza fezera ao ebajxador de franca e asy a ouve aquy e lùy pregutado e na do cardeall mas doutras pesoas e eu Ihes fijz algG mesteryo do que se djzia ao que vjnha o ebajxador / diz dom jorge muito bem de tome lopez e que he Ila muito estymado / trouxe provysam este correo pera se fazer està armada outros dizem que se fazia secretamente a Kequerjmento do dom Reymam / a quel dizem que he pera turqos / mas ho ^erto he pera goarda de napoUes / ou péra o eperador se tornar a epresa de mylam / vam muitas naaos e sejs mjl omees dot donala e capitS mor hu diogo de rera ome de bajxa sorte porque o cardeal na se fya de grande / sera em mar no fym deste mes / fazese nadalozia / e as naaos que ouveram djr por elRev Tam Ila e os marynhej« ros que mSdam yr e omes de bysqahia sam pera està armada / e apregoam soldo per aqui cada dya / apos ysto se diz que o mom senhor de xebres oue governa e mada todo o de liaa / que he tam cyoso delRey que n3 cose te que Ihe falle nehu castelhano / sen3 com elle a ylharga / e que elliey Ihe he sogejto ou por sua condi^S / ou por ser asy melhor conseiho / dizem que he tam desgostado que a nehu que de ()ua vaa por grande que seja nem peaeno na perguta por cousa destcs Reyncs sendo ja da ydade que he / ne 2 nere que fale castelhano / o de xebres e dom joam manel grandes ymjgos e asv o he OS castelhanos / na governar de Uaa ha y dyvysam e evejas de que provera andre e o byspado e^o ofì^jo quado vagar / e grandes cobj^as de dinheiro e destados alheos e andS a que se lartara permejro / sem lenbranf a doutras cousas que convem ao estado delRey / e no governar de qua ajnda que seja o melhor do mudo se elRey nam vem este veraSo / avera muito major devysam e aquy podera entrar / onja Rejno em sy de- vjso // dizem roajs que o xebres he frandes e que que ousou de casar elRey em vjda de seus avos / ousara de fazer todo o que qujser e que he contrajro a està vynda delRey e que ordena todas estas manhas e negocya^oes / porque qua na sera nada que avera muitos maiores e de mores conselhos que elle / e em quato la esteuer goveroara o de qua e o ae llaa sem the n^gem jr a maao e por estas Kazoes e outras que elle^daraa por sua parte pera o estado delRey se afyrma com està vynda deste correo e hirS estas armadas que elRey n3 vyraa este ano e com estas governa<^as e tytoryas pyrygosas na se podem saber nouas certas e em tu do faze duvjda / e ajudando mais a sosgeta que se tem de sua vynda / o vVs chancarel daragam andaua aquy em seu lyurameto / e traz em frandes seu solycytador e comò he pesoa estymada e de grades amjgos sabe todo- las novas / partyo pera fìrades aos bj dias deste mes e ante que partyse Ihe perguntey por que partya pojs tynhamos aqui nova ^erta que e agosto era elRey no mar / ou ate setebro se deos Ine dese saude / dyseme que nas cousas duvjdosas a majs ^erta se avya de tomar / ainda oue se erase / ao bispo davylla que he o deos do cardeal e nS por ser pesoa de conseiho ne dyna de medrar o que medrou senS por seu bom serui^o que o serue de noyte e de dya majs que nehQ caroarejro / pratiquado com elle porque nehua cousa a elle sesconde me dise acerqa da vynda delRey que de pouqos dias pera qa duvjdaua / mas que verya pera janejro se neste veraSo ouve algù epedy mento / a Rainha daragam a que vem myl correos por seus nego<^ios e o duqe dalua e ar- cebispo de santyago e bispo de qgon^a e estes senhores todos com que pratyqo e ou- tras pesoas dauturydade / o dovydam / ajnda que o ebajxador e o cardeal dizem o con* trajro e o baroso se quer matar com todos sobre este caso / e nestes jaz este segredo e desymula^am / a qual estaa asy apregoada pollo Rejno que todos o crem e espi^ial o povo que no desejam e nam sabem majs espiculer e tanbem porque asy o escpreuem de llaa e pera des|mulacam e egano asy ha de ser enganare os de llaa / mas prazendo a deos ^edo se sabera a verdade / e se vyer segudo dizem teraa ne^esydade de vosalteza e de vosa amjzade e cose) ho e dyvydo que noso senhor quejra acrecetar em majores graaos / se nysto dyse majs ou menos do que devera vosalteza mo perdoe porque este ofi^yo ne maao da^ertar e muito pior dajùtar / (i) de poriugal^ escreveu e depois rìscou. MARIA BRANDOA Sig o que ou^o a estes senhores e se dis geralmente por està corte / que se e)Rey nS rem que he muho mal acdselhado e que poera em Rysqo o estado a)talea e o de qua em dyvysaoi e que o governar do cardeall se hyraa desfazendo comò torvoada porque OS grandes estam ja em odyo com elle e ni Ihe am dobede^er ne avere medo / e os ou- tros medeanos averam pouqas cner^es / porque nam da nada e tem tyrado muito / os cavalejros das ordens desesperam e na venha tanto mal quSto dizem'/ vyue em odyo )a delRey e delle / cada vezynho desejara de ser major que o outro / cfyscubryrsam muitas vontades danadas e farseam outras de novo / que co Rey se desemulam e com estas cousas e desgostos na sayram ajnda que os ma tem de suas casas / pera socore- rem a estados de fora de castela e ajnda pera os estremos estar§ duvydosos / afora où- Tras m jt dyvysoes que cada dja na^em e majs em castella e posto que o cardeal goveme comò deve / am medo a tempos pasados / e do que majs dizem asy de castella comò de frandes e as murmura^oes que vam per todos os estados / na espreuo a vosalteza por sere seteqas de muitos e sem partes / as quaejs goardo pera dizer quSdo for deos prazendo e vosalteza madar / todos estam pre^ebjdos darmas / grandes e peqenos e os perlados muitas majs e n3 dam Rezam sena que a carne Ihes Reuela dyvjsam / O marqes de vylhena estaa em valhadolyd esperando s^tenca sobre o condado de santesteuam / em que o traz dom aluoro de luna fìlho que foy do mestre dom aluoro e ahy sam j0tos duqe do jnfantado e comdestable comde de benavente / dom pedru gi- ram e seu pay dizem e o almjrante nam se sabe o que querem fazer / tabem dizem que o duqe dalua he deste proposyto / porque pasando por aquy o condestable / se vyram / em hua aidea / algus dyseram que foy faier amjzades antre elle e o bispo de burgos aue estam multo ymjgos e o bispo com quebra domees seus ferydos e portas quebra- das de sua casa / dizem que tem midado a elRey mexagejros com algiSs capitolos ou conselhos a^erqa de sua vynda e governS^a / estes grandes lan^am nova que elRey de franca es« cpreue algus delles / tudo pode ser ajnda que n3 he de crer / ne farà nada / ja vosa alteza sabera comò o duqe de segorba fìlho do j fante dom anrryqe he ca-^ sado com a fìlha do duque de cardona erdejra que dyzem ser porque ni tem fìlho / agora em tortosa moreo o bispo della e o duqe e o j fante ordenaram com o cabydo que 3hegesem hCt jrmaao do duqe de cardona por bispo / foy enlhegido e confyrmado pollo papa e tem pose / estes governadores estrannaram muito isto porque tynham fejto avyso e nomeado que elles desejaui e pro^edem no (}ue podem contra o bispo / se eIRey vem darà meo a tudo e se na dizem que por majs )az a prenda // dia de sam pedro se fez o alardo da jente darmas que o cardeal ordenou / sayo o jfante e elle polla manhaS e toda ha jente que se aquy achou / seni o duqe dalua que nGqa ho vee foram iij« omes darmas e ij" estudiotes / bajxa jente / a seguda fejra deu mostra dom aluoro de luna com os cento contynos estes eram esqolhidos asy € pesoas comò cavalos e cubertos de seda e penachos / encotrarise quatro por quatro oem destramente e estes sam agora os gentjs omes pera os outros / mas nS no acostamento que todos tem xxx mjl Rs e os esturdtotes xbii) mjl / o cardeal por sua pesoa sescolher pera tamanho cargo e com este poder novo que veo e por seu estado e dinheiro e condycam / ni estyma n^gem e Ryse de quantos grandes ha no Reyno e de seus ajutametos e mesterjos e de quito podem fazer / tyra coregedores e poem / outros / pesoas aceytas a elle / que Ihe obede^am / e crea vosal- teza que anda doete de governar o Reyno asy em justi^a corno na fazenda e estado e gerra tibem e melhor que elRey que deos aja / e desemulla com os grandes quanto sabe e vee deles / he ysento e seqo nas Repostas e a muitas cousas que vem de frandes Ryse dellas e ni Responde / e tem Razam / despacha pouqo / ni he em sua maio dar nada a eyxequcam / o trelado dos poderes procurey daver e mety njso o bispo dom fadry- que e nao podèmos he defendjdo que se ni veja ne trelade / foy vjsto dos do conselho e dizem o que ja tenho escprito a vosa alteza / todo o fejto he justi^a / e fazenda aprovei- tada e que a mide a frandes e ni de nada e tyre tudo ate que se fartem os de llaa / da Rainha de dynamarqa ha quy nova que he muito mal tratada de seu marydo e que a quysera ja matar per veses de cyoso e de apasyonado / e nÌo faz vjda Cornelia / dizem delle que traz as chaues de sua fazenda na cynta e que nysto he o major prin- qepe da cristyndade e majs abastante / elRey de navara morto e fìlhos menynos moreo de pe^onha S beruca apar de na- vara e sua molher se afjrnia tibem porque ni corneo majs ne bebeo / 320 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ estando pera ^arar està veo hS correo oje a x de jolho de frandes e trouxene hGa carta de bG Ruy fernandez e mida ese ma^o / no qual vam cartas pera vosaitexa e aderen^ado a meu sobrjnho joam brandam que este lena e per ellas pode rosa altexa saber as novas verdadeiras se as elles la podem saber / o correo e os que Re^eberam carcas afjrmi ate fym dagosto ser ecn castella / o sacretarjo baroso me amostrou bua alina de bua carta / que dezia depois destas escpritas tome lopez foy pera mal e estaa de caroaras sem Remedyo de vjda / o bispado de Cordova ni he ajnda provìdo / hSi ofif)o deu elRey nas antjlhas ao baroso e veo por este que Ihe Rende b* duqados sem o syrvuyr / o bispado de tortosa se deu ao eba jxador e a yso soo veo / o correo que mesoecya / de que elle estaa muito contente / n& sev o qiie farà o jrmaSo do duqe de cardona // o estado Real de vosalteza noso senhor alarge com muitos inos de vjoa / de madry iz de mar^o (alias )uJho) [de i5f6]. bej)o as maios de vosa alteza FemS brSdam Sòbrescrito : pera elRey noso senhor Sumario : de fernatn brandi novas i* Gaveta xx, mac a.*, n.*" 6Ì4. u Carta de Fem&o Brandao a D: Mamtel Madrid, io de julho de 1516 Senhor — Depojs de ter escprìto largamente a vosa alteza / faley com o mesmo correo que vyera / ayseme que tome lopez era morto e que o vvra eterrar^soube majs de pesoas a qu? vyeram cartas que a vynda delRey estaua duvjdosa corno ja dyse/tem lyga com o eperador e ylRey de yngraraterra / peqo por merqe a vosa alteza que me perdoe estas pouqas Regras / que o amor e desi^jo que tenho a voso seruj^o me daa està ousadya / que bem sey que nam tenho tanca auturydade / dygo senhor que pollo que aquy vejo e sey e ouco a todos e pollo que se sabe de frandes que vosa aiteza aeue ter sabjdo /. e^tome lopez fale9ydo / deue mSdar pesoa sesuda e dauturydade e n& fazer conta / se ve ou nam que pera tuao aprovejta / ne espere vosa alteza tempo e especyal se hy av^a cousa come9ada / a vosa alteza convem e a elle muito majs e a cousa tam santa e justa / nam se deve dar lugar a furtuna e a maaos conselhos/he go- vernado conve meos e pesoa que o sajba tratar / e que ysto senhor seja atrevymento / nS he sem causa / porque ho esprito que o faz dizer / sabe que convem e nam sam eu o que fallo / nesta conjùcam se pode fazer mujto bem sem sospejtas / doutrem e os cyhumes que tem qua e laa do ebajxador frandes foy bom pera sestymar majs / alguas cousas dysvmularya / digo pollo correo que se tomou e aragam e farya o que conpre / em tam alto nego^jo / e alem de muitas pesoas que vosa alteza tem pera està nego- cyacS e outras majores / nomeara duas sufycy^tes as quaes devem ser majs aceytas a vosalteza que grandes mas nS ouso / que bem abasta o cryme cometjdo / venha de cyma o que qua nos desfale^e / e page deos a vosa alteza o que vos dever / de madry dez de julho [de i5i6]. FemS bradam Sobrescrilo : pera elRey noso senhor. Sumario : de femam brandam sobre o de frandes. Gaveta zx, mac. a.*, n.« 64 MARIA BRANDOA 3ai m Fragmento de urna lista de prefos de varias mercadorias Antoerpia, 21 de jiinho de 1516 — s — genguyure xj dinheiros e meio e o de Veneza a i5 dinheiros canella loagua iiij sol- dos biij dinheiros a cuna a xij soldos iiij dinheiros segundo he ma^as a b soldos nozes a ij soldos ij dinheiros crauo luipo x soldos b) dinheiros malagueta bij dinheiros brasyl XX soldos acuqueres iiij dinheiros estes precos teuerS estas mercadorias mas ouue multo pouco despacho a ellas asy por os bancos Rotos comò por o medo que tem de com- prar antes que veaham as naos da jndia e aguora n5 compramos mais destas cousas sena justameme o que ha mescer atee que nam saibam nouas das naos o que trazem e por jsto estes prefos nom amdestar asy senS atee que ellas venhS tragas nososenhor cedo a saluamento a prata valeo està feira a 4I soldos 6 dinheiros e achauase asas por o pre^o e isto senhor causon o mutto dinheiro que o feitor aquy toroou a pa^ar Uà porque todo aquelle dinheiro ouuera de [r em prata daquy por o quali ella akaixou o cobre abaixou e abaixa cada dia porem todavia o tocoro (1) tem o seu a a8 soldos e n5 quer dar menos e corno eu sprevy a iam brandS os dias pasados que nom era posyuel senam que abaixase e que estaua Ì granae pre^o aquy rem muyto e vira cada dia mais com a noua qae foy da gramde valia todo mondo se lancoa a elle o feitor creo que comprou hfia soma a a6 soldos 6 dinheiros he bom mercado vosa iltexa achara pera a outra feira ou antes que bade valler menos ajnda pois cometa abaixar tomara a seu pre^ € que pes ao focoro elle n6 vende ... de jnues sxj dias de junho de 1 5 16. A ElRey noso Senhor — de frandes. No altOy ao lado^ em parte rasgado^ yéem-se douira tetra ainda estas paiatras : > . . de fr que veo por via de femam brandam. Corpo Cronolojtcoj parte HI^ ma;. 6.*, doc %%. (1) UmdosbanqueirosFuggerde Aupburgo. Veja-soem Ainit4oitG0if,«#ras es- tudos^do sr. Joaquim de Vasconcellos, p. 90, not. a. 33? ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ II A feiioria de Flandres A quem quiser escrcver a historia das npssas rela^Ses politicas e co- merciaea com os estados de Flandres e Brabante» principalmente a das ultinaas, nao bastare um grosso tonno em quarto ; seria pois, se a seoae- Ihante eoipresa me abalangase, mesqutnha tela para tal quadro um capi- tulo deste estudo. Resistirei por tanto d sedu(;ao do assunto e apenas, depois de esboqadas ao de leve as rela^óes antigas mantidas com os Fla- mengos, tentarci, carregando entào um pouco mais no tra<;o, dar algum relevo ao bosquejo dos sucessos decorridos durante os periodos em que Joao BrandSo foi naquelias partes feitor^ primeiro em Brujes e depois em Antuerpia, nos annos de ibog a i5i4, e nos de i520 a 1626, e tempos prossimamente antecedentes. Aproveitarei porem o ensejo para divulgar, trasladandaos, varios e muito interessantes documentos, al^ns inteira- mente de nós desconhecidos e todos relativos aos la<;os sociaes que nos uniram iquelies paises, prestando, certamente, util servilo a futuros in- vestiga dores. Datam do comedo da monarquia as nossas rela^Ses com os Flamengos, OS quaes jd cm 1 147 auxiliaram Afonso Henriquez na conquista de Lis- boa, tendo vindo na trota dos Cruzados, que entrou no Tejo a a8 de junho, muitos daauella nacao capitaneados por Cristiano de Gistell. Tomada a cidade a 20 ou 24. de oitubro^ alguns aos Francos que lidaram na empresa, nao voltaram és suas terras e deixaram-se ficar residindo em Lisboa, onde Ihes foram dados bens e empregos. Entreos que ficaram, havia varios ecle- siasticos, sendo flamengo pelo menos um delles, cGualteriusflandrensis», que em 1 1 69 era conego na Sé de Lisboa (2). No verao de 1 i8g nova frota de Cruzados, com muitos navios de Flan- dres, surjiu no Tejo, e Sancho I aproveitou a sua cooperando para a con- quista de Silves. Ultimada ella, outros dois sacerdotes flamengos ficaram na recem conquistada cidade, um, Nicolau, eleito bispo, o outro, Guilher* me, apresentado deao da nova Sé (3). Retomada a cidade pelos Musul- manos em 1191, partiu Guilherme para Flandres, donde voltou d'ali a j) Brasóes de Cintra. IL 119. [%) Hircàimo^ Misi. 4é nrt,. L 405. [3) Ibidem, II, 5a MARIA BRANDOA BiS tempos com bastante» patricios seus, dos quaes era chefe pnncipal una certo Raulino, o dom Roolim dos livros de linhajens. Aelies deu Sancho I, para colonizarem, um dilatado trato de lezirias entre os termos de Santa- relli e A'eraqu^r, onde fundaram t\ Vila dos Francos ou Vila Franca, de- pois designala por Azambuja. A doagao é do anno de 1200 e foi feita a cRaulino, e a todos os Flamengos que ai moravam», ficando elle senhor da terra com o tìtulo de cpretor», alcaide (i). Nota Herculano haver no respectivo diploma, bem comò noutros de aoalogas doa{6es feitas por esses tempos a estranjeiros, verdadeiros caracteres de concessao de feudos, em conformidade com o sistema feudal entSo completamente desenvolvido e organizado na Europa transpirenaica (2). Nota ainda, neste proprio docu- mento, a muito especial frase cpara que nos aceiteis comò rcis», clara- mente reveladora do unico laco, o das rela^òes pessoaes com obriga<;ao de servigo militar, admitido naquelle sistema entre o suzerano e o feu- datario (3). Permitiram-se pois aos Flamengos os usos e custumes da sua terra. Mantinham-se estes ainda muitos annos depois, por isso que dalguns dizeres do forai concedido em 1272, sem intervengao do rei, aos morado- res da Azambuja pelo seu alcaide Rui Fernandez, neto da fìlha de Rauli- no, se ve que ainda era entao reconhecida a especie de dominio fenda! consignado na primitiva doagao (4). A Flandres demos nós, nesses tempos remotos, dois consortes a so- beranos da terra: a gentil Infanta D* Teresa, fìlha de Afonso Henriquez, casou em 1184, passando entao a chamar-se Matilde, com Filipe de Al- sacia, Conde de Flandres (5) ; e em 1211 o Infante D.Fernando, filho de Sancho I, foi dado em casamento por Filipe Augusto, Rei de Franca, i orfan Joana, Condessa de Flandres (6). Jà tambem por entSo se comegavam a esbo^ar as rela(;5es comerciaes entre os dois paises. Em 1194, segundo informagSo colhida em documen- tos flamengos, era esperado* em Brujes, onde nao chegou por haver nau- fragado, um navio portugués carregado de melalo, azeite e niadeira(7); e cem annos depois mandava D« Dinis expedir a (K)tavel carta de io de maio de 1393 (era vulgar) pela qual aprovava e confirmava urna institui- 9&0, especie de bolsa de comercio, que os mercadores portuguéses pre- Si) Herculano. Hist de Port^ II, 93. %\ Ibidem^ I V, 449. (3) Bidente 456. (4.) Bndem, (>) Conta Herculano na Hist, de Portuga!, I, 455, que Afonso Henriquez, ao principio pouco inclinado a dar a fìlha ao Conde de Flandres, n>ostrou-se depois, ao despedir-se della, ampiamente generoso, celebrando os historiadores contemporaneos as rìquexas que os navios flamengos levaram. Atssim se exprime, p. ex., Raul de Diceto: «El Reien- cheu OS navios enviados de Flandres com os tesoiros da Espanha, convenei a saber: oiro, roupas de pano de oiro ou guarnecidas de bordados de oiro, pedras preciosas, panos de seda e em derradetro vitualnas de toda a sorte em srande abundancia.» Ymarines his" tùriarum, apud dr. Gustavo Rolin. Doe. relaiifs à Vhistoire du commerce des £raps dans la pénmnde ibérique au XlIU. siècle^ na Secnsunddreissigster Jahres^Berickt wer die Prager Handelsakademie. Praga, 1892, p. 19. ^6) VArt de vérifier les dateSj.tà, em 8.% XIII, 314 e 319. (7) Mr. E. Vanden Bussche, Fiandre et Portugaì^ ed. de 1874, p. 47. 3a4 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ tendiam estabelecer em Flandres, Inglaterra, Normandia, Bretanha e na Rochelia. Fora o caso havereoi elles deliberado entre si e asseaiado nucna cpustura», ou regulamento, em virtude do qual se obrigaram a pagar de todas as bafcas de mais de cem toneladas^ carregadas nos portos portu- guéses com destino aos daquelles paises, vinte soldos de estrelins no fr^te de cada urna ; e dez soldos no das de menor lotafSo. C bem assim as bar- cas por elles fretadas para Africa (alémar) ou para Sevilha e outros por- tos meridionaes, e que sigam para os de Flandres ou os outros setentrìo- naes, pagarao a mesma proporcional taxa. Destes dinheiros se obrigaram mais a ter sempre em Flandres cem marcos de prata ou a sua valla, des- tinados a socorrel-os nos seus pieitos e negocios e a servirem para apro- veitamento e honra de sua terra (i). Este foi o princìpio da bolsa do comercio da na<;ao portuguésa em Brujes e depois em A.ntuerpia, institui- qSio que là mais adiante encontraremos prospera. Nestes tempos, seculo XIII, as mercadorias exportadas dePortugal para Flandres, consistiam principalmente em mei, peleteria, cera, coirò, gra (2), unto, azeite, passas de figos e uvas, e objectos de esparto (3). Talvez tam- bem que para cssas partes jà entao se exportasse vinho, por isso que no seculo seguinte aquelle producto se expedia em tanta quantidade pelo porto de Lisboa, que os toneis desta proveniencia levavam marca espe- cial, cprivilejiada em Flandres e acreditada em outros paises», marca de- pois adoptada pelo conceiho de Tavira, facto contra o qual protestaram OS de Lisboa, alegando perante D. Fernando, que os importadores e ha OS averes que em elles [toneis] vam, por bons e leaest, e eque pode ser que acharó alguus averes que nom seram quaes devem, e que por hire so fsobj a marca da dita cidade, que a dita cidade pode por elio perder sua franqueza.» Foi o pedido atendido e, por carta de 24 de novembro de 1376 (e« v.), proibiu-se aos de Tavira usarem da marca de Lisboa (4) (1) Doc. L i (a) Ou talvez mak^ueta. Vida a nota seguiate. (3) WarDk(so%,/ftff.^€/'7aiforem da indiscutivel aoaiojia eatre o vocabulo francés e o peninsular,ienhommhasduvidas sobre a interprexafao da palavra. Num doc. flamengo de i3o4, pelo qual os de fìrujes determinaram a minima por^So de va- rìas drogas que os mercadores estranjeiros le pooiam entre si vender, eocontra-te a graine de paraaiSf màiaguexai^e a graine pour teindre^ grS (doc. H. era Fiandre et Pori, citi jp. 197); e num doc. port de 1472, no qual os mercadores flamengos estabelecidos em Lisboa 00- meiam as mercadorias que prmcipaimente ezportavam, encontra-seo ^ranis^e/^ero^^ mas nSo aparece a grct (Doc. Xv). Bem sei que em cento e setenta annos muitas dife- ren^as pooiam ezistur no trafego entre os dois pafses ; entretanto a obterva^So aqui fica por ser curioso averìguar se )a nos seculos Xlli e XIV exportavamos a oalagueta, prò- duto d»% costas ocidentaes de Africa. — Tanto a graine de paradis^ comò o graais deveradis^ eram designa^oes derivadas do granum paradisi^ nome dado à malagueta (Cf. Conde de Ficalho, nota a p. 188 do voi. I da sua edi^ao dos Coioguios das simpUs e drogas de Garcia da Orla). (4) Sr. Freire de Oliveirai Elementos para a historia do munic^io de Lisboa^ l^ a3o MARIA BRANDOA 3a5 Outrostm notare!, que pelos annos d« 1282, conforme um docundcnto^ os mercadores portuguéses t esideotes em Brujes, juntamente com oa doutraa na4;6es, queixaram-se a cGentius^ sire de Gfaistellea et de Formesiellesi, lalvez parente do Cristiana de Gistell que veio i tomada de Lisboa^ da maneira corno eram duplicadamente lesados : no peso das mercadoriaa, e na percentajem sobre elle lan<;ada para o pagamento do telonio (i)« im- E)sto que aos Senhores de Ghistelies andava desde muito eofeudado pe- s Condes de Flandres (i). Mostra-nos este documento que jà entao a na^ao portuguéaa^ cocxk) designavam o grupo de oaercadores portuguéses residentes em Fiandre», tinha tornado certo desenvolvimento acreacido nos annos aeguiates, comò t^teficam dtplomas a que là adiante me referirei, tratando agora primei ramente de esaminar os privilejios pelos nossos reis concedidos aos Fia- mengos. Lisboa tem sido, quasi desde a sua conquista, nao so a principal cì- dade portuguésa, comò tambem o mais importante emporio do coaier* ciò nacional. A ella come^aram pois desde anti^os tempos a concorrer mercadores estran jeiros, italianos e fiamengos, principalmente, mas tam- bem alemaes e ingléses ; e no arc|uivo da sua (Jamara Municipal existem rejistados varios documentos relativo» a privilejios e isen(6eS| ooriga/(6e3 e defesas, concedidos, uns, impostas, as outras, aos mercadores forasteiros* Em tempos de D. Fernando eram os mercadores doutras na^a ben* tos dos encargos publicos e do servilo do rei ; punham és suaa oiercado* rìas o pre^ e valia que queriam ; compravam à vontade por todo o rcino OS efeitos que muito baratos encontravam ; tiravam e levavam para fora a moeda nacional ; finalmente, enriqueciam a si e aos seus paises, ao paaao que OS naturaesy obrigados aos referìdos encargos e servilo, nao tinham lucros nem aumentavam o seu bem estar. Para ocorrer a estes males foi publicada em Santarem, a 26 de maio de iSyS (e. v.)i urna lei determi- nando : Que nenhum mercador de fora do reino nao compre, por si ou por outrem, nenhum «aver de peso comisinho» (3), salvo para seu manti- memo; nem moeda, nem metal fora de Usboa ; nem de dinheiro a nenhum naturai para comprar mercadorìas fora da cidade. Que nenhum naturai receba ae estran}eiro, sob que pretesto for, dinheiro ou mercadorìa para comprar ou vender fora da cidade, salvo vinhos, frutas, ou sai que pode- rao noercar no Algarve e nas mais partes onde n&o for defeso. Que os mercadores que forem contra estas disposi<;5es, percam quanto houverem dado; e o que por elles negociar fora da cidade, perca todos os bens para a coroa, «e elle ax>ira porem». Que na cidade de Lisboa e portos della os ditos mercadores possam comprar quaesquer efeitos, carregalos e leval*os para fora, salvo as coisas que por lei sao defesas e vedadas de se tirarem (1) Ton/ieu, especie de sìsa a que estavam sujeitas em Bnijes as traotac^ 6es tobre muitos genero». (a) Fiandre et Portugal^ cit., p. lóg^doc. G. t3) ' Efeitos que na Casa do Aver do Peso se vendiam para corner, v. g,^ grios, pes- cados, manteigat. Moraes, Die. 3i6 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ do remo. Que os mercadores que infrìniirem estas ordena^Ses, percam todoB aeus oens para a coroa, e os corpos estejam obrigados e pera Ihes ser estranhado coca pena, qual nossa mercé for> (i). Foi confirmada por D. JoSo I por carta de 28 de julho de 1390 (e. v.) (2) e pela lei de i5 de JQlho de iBgS (e. v.), na qual se declara que os portos do Algarve, onde OS mercadores estranjeiros podiam exercer o seu comercio, eram os de Tavira, Faro e Silves (3). NSo era so em Portugal que se recorria entSo, na peninsula, a estes meios ferozes de proteccìonismo à industria nacional e sobretudo de im- pednnento à salda do numerario ; tambem em Castella, nas Cortes de i35i, i38o, 1396 e 141 9) se prescreveram analogas disposi^6es relativa- mente a 8ó puderem os mercadores estranjeiros descarregar os seus na- Vios em portos de mar onde ezistiam alfandegas, agravadas ainda com a proibifSo, a que entre nós parece nao se ter chegado a recorrer, de so ihes permitirem trocar as suas mercadorias por outras da terra (4). Na femosa carta de io de abrìl de i385 (e. v,) pela qual é cidade de Lisboa, em «atisfa^So e recompensa da dedica^&o e esfor^o com qtie ella resistira ao cerco posto pelos Castelhanos, foram concedidas varias gra^as e franquias, encontram-se alguns artigos relati vos aos mercadores estran* jeiros nella domiciliados. Por um confirma-se a proibi^ao a elles imposta de comprarem no reino mercadorias para revender, nem para esportar, salvo em Lisboa ou nos portos de mar onde houvessem descarregado, e bcm assim que hajam sociedade com homens da terra ; e tudo isto porque OS naturaes, obrigados a todas as contrìbui^des e desfalecidos de numera- rio, eram profundamente prejudicados no seu comercio. Por outro artigo foi anulado o prìvilejio concedido aos estranjeiros por D. Fernando, de terem consul que fosse juiz entre elles, por ser granae dano e prejuizo da cidade, tirando-lhe a jurisdi^So de direito a ella pertencente (&). Sempre no grato empenho de favorecer o comercio de Lisboa, volta D. Joao I, por outra carta expedida em 8 de junho de iSgS (e. v.), a reduzir as fran- quias outorgadas aos forèsteiros. Por aquelle diploma declara nulas todas as cartas réjias de data posterior concedendo aos Prazentins, Genovéses e outros estranjeiros, os privilejios, liberdadcs, franquezas e usos dos natu- raes e vizinhos de Lisboa, e, quanto és de data anterìor, ordena que sejam todas mostradas ao Correjedor e Juizes da cidade, para dellas se tirarem copiàs num caderno, que Ihe serd remetido para determinar a sua final resolufSo, ficando nulas e sem efeito as cartas sonegadas (6). Nem sem- pre porem se coarctava a liberdade de comercio aos estranjeiros, tambem, c|uando as necessidades do publico a isso obrigavam, se Ihes concediam }9en^6es, anteriormente aincla que aos proprios naturaes. Assim sucedeu com o imposto do quinto sobre o pescado trazido de fora do reino para (i) Ordenaqóes A/onsinas^ liv. IV, tit. IV, | i.® e seg. (2) Cit. Elementos^ I, 287. (3) Ordena^òes A/oìisinas^ liv. IV, tit. IV, | io.« e seg. (4) Dr. G. Rolin, obr. cit., p. 24 e s5. (5) Cit Eiémeniosj I, sSg e a6a. (o) Ibidem^ 3oo. MARIA BRANDOA Say abastedmento de Lisboa, do qual, por carta de 38 de Janeiro de lA^Jy foram aliviados os mercadores nacionaes, corno |à o eram os eatranjei- ros, dedara o dtploiiM (1). Até aqui temos visto providencias relativas a forasteiros em geral^ e muitas outras ha de haver de que nSo tenho conhecimento ; anahaeinos agora os priyile|to8, de que achei memoria nos ìndices da Torre do Tom- bo, concedidos propriamente aos Flamengos. Antes porem apràsentarei ao leitor um mercador distincto, vindo de Flandres estabelecerse em Por* tugal nos tempos de Affonso V. «Martim Leme, brujés de Bruges», isto é, Martim Lem, burgués de Brufes, homem de geraf So nobre apesar de mercador (3), velo, por causa do seu trafego, estabelecer-se em Lisboa, onde jà residia havia tempos, tendo até alcan<;ado carta de naturalidade, quando Afonso V ceiebrou com elle, em 7 de junho de 1466, um contrato em virtude do qual Ibe entre- goo o monopolio da compra e exporta9&o da cortina que Ihe aprouvesse. Foi o contrato celebrado por dez annos que haviam de findar com o pri- metro semestre de 1466, e ficou o mercador obrigado a dar, alem de duas mil dobras de oiro jé antecipada mente pagas, mais um tergo do lucro que ttver na venda da cortina, correndo por sua conta toda a despesa da com- pra e condu<;ao da cortiga até um porto de mar, e depois a do embarque e transporte para fora. Por seu lado obriga-se Afonso V a fazer respei* tar o monopolio, dando-lhe juiz privativo para impdr a todos os transgres- sores pesadas muitas, no contrato especificadas, oas quaes um ter^ seria para a fazenda real e os outros dois termos para o contratador ; releva o do pagamento de dizimas, portajens, redizimas e custumajens, ficando unicamente sujeito ao da sisa pela cortina comprada e vendida ; e pro- mete de A conta dos lucros que Ihe for apresentada para satisfacao do tergo, cdar comprida fé e crenga, se^undo usanza e custume que antre si teem os mercadores em suas parganas». Caso Martim Leme falena an- tes de terminado o praso do contrato, ficard usufruindoo Pero Dinis, €seu parceiro, nosso naturai, estante que ora é em Brujes» ; e na falta deste passarà entao aos herdeiros de Martim Leme. Finalmente, no caso de nao cumprimento do contrato, no todo ou em parte, pagara a fazenda real mil dobras de oiro de pena por cada anno que fallar, alem de ter de satis- fazer as perdas e danos (3). Judicioaamente nota o autor citado ser materia para reparo o facto, dificil de interpretar, de aparecer outro contrato, quinze dias posterior ao prìmeiro, pelo qual Afonso V deu o estanaue da cortina, exactamente nos mesmos termos e com as mesmas condigoes, a Marcos Lomelim, «nosso servidor, genovés estante em Lisboa» (4). Haveria renuncia ou (i) Cit. ElemenioSy 317. (a) «Iism , Bruges, Ei'cartelé : aax 1 et 4 d'ar^ent à trois merlettes de sable ; aux 2 et j de gueules à cinq coquilles d'or, a, i et. a. Devtse : Lemmata lem expiicat.9 Riets- tap, Armonal general^ ed. de 1887. (3) Dr. Soasa Viterbo, O mmopoUo da cortina no secuh XV^ -doc. I, no Areh, hi$i, port,^ II, 46. (4) Uìdem^ doc. V, p. So. 328 ARCHIVO HISTORrCO PORTUGUE2 traspasse, cenno supSe o dn Soma Viterbo, cu siaiples acordo eatre os contratadores, ficando um com a exporta^ao da cortina para Brujes e o outro para Genova ? Sera provaveltnente dificil de alcanftr jàmais satts* fatorìa resposta. Certo e porem haver ji milito tempo, que a exporta<^o da cortina para Brujes coostituia comercio internacional importante. E^ectÌTameate em 1438 haTÌam-se apretentado ao Duque Fdipe de Borgonha, genro do fa* lecido D. Joao I, les marchans de la nation de Partugal ienans résideuee en nostre ville de Bruges^ queixando se de. que, apesar de tei et st long temps^ quHl nest mémoire du contraire, elles gozarem do privilejio de ven> der dentro dos sòus navios, no porco da Escluse, a cortina que traànam, sem serem obrìgados a descarregal*a, selon les cotistumes anchiennes (i), era-ihes todavia agora estorvado de o fazer pelos burgomestres, oficiaes e concdho da E'cluse» sob pretexto de certo novo privilejio. Atendeu o Du- que a reclama^ao e determinou, por carta de 2 de novembro do refendo anno, que os privilejios antigos, sem embargo de qualquer disposi^ So mo • dema, fossem mantidos e observados (2). Nao foi porem o contrato da corti^ o unico celebrado entre Martim Leme e Afonso V; outros negocios entre os dois existiram. Nuau carta de 27 de setembro de 1464 é dada quita^ao a Martim Leme e seus par* ceiros, de tres contos e tanto dos ctrautos» com elles feitos naquelle anno e no precedente. Do pouco explicito documento en tende se que eiles, alem doutras despesas, deram dinheiro para as moradias, entregaram panos no valor de trezentos mil reaes, e pagaram cento e se tenta e oito mil e por algumas cousas da despesa da armada» (3), a do malogrado escalamento de Tanjer em 1463. Para a mais afortunada expedi^ao contra Arzìla, a do anno de 147 1^ mandou Martim Leme seu filho Antonio Leme, de Flandres onde estava, €Com certos espingardeiros e homens em uma urcat para servtrem na empresa (4). Assim retrìbuia o mercador flamengo a Afonso V a bene* volencia com que este o tratava, lejitimando-lhe os filhos, permitindo*lhe que as escrituras por elle celebradas com judeus fossem taovatiosas corno se houvessem sido feitas entre cristaos (5). Parece cjue Martim Leme ainda vivia em fina de 1480, pois que na carta de quita^o dada a 4 de dezembro desse anno a Pero Estafo» rece- bedor mór dos sessenta milhoes outor^ados pelas Cortes de 1478, se de- clara haver elle recebido «quorenta mil reaes de Martim Leme, filho de (i) No art. 33.* da carta geral de prìrileiios do aimo de 1411 (Doc. HI) ham sido permitido aos mercadores portu^u€ses venderena seus vinhos dentro de seus aavios, no porto de Damme ; entender«se-hia talvez estensiva està concessao a outras mercadorìas e ao porto da E'cluse. (a) Doc. VI. (3) CU. Mimopotio da oortigay doc. IV^ pag. 49. (4) Carta de 12 de aovembro de 1471 pela qual a Antonio I^me, cavaleiro da casa do Principe, foi concedido, «posto que nos bem em conhecimento somos que elle da parte de seu pai pode trazer armas com diferen^», novo brasSo para delle usar corno chefe de linhajem. Chanceìaria de D, Afonso F., liv. ai.», fl, 90. (3) Cit. Monopolio da cortiga^ doc. Il e HI, p. 48. MARIA BRANDOA 339 « Martim Leoie, que emprettou» (i); se é que destes dizeres, «{leMt de fallar, comò aliis muita vez sucede, o usuai t que Deus perdòei atrìbuido aos finados, se nao deverà entender ser jà faleddo o antigo contratador da cortina. Fetta a apresenta^ao do notavel Flamengo, que jà vai entrar em cena, vejamos os privileìios aos daquella na^ao concedidos por Afonso V. Sucedeu pois, pouco mais de meado o seculo XV, baverem os mer- cadores de Fiandres, Holanda, Zeiandìa e doutras terras do senhorio do Duque de Borgonha, que exerciam o comercio em Portujgal, e bem assim OS mestres das nAus daquelles paises, que a Lisboa traziam e de cà leva- vam mercadorìas, motivos de queixa das aatoridades iocaes* Reunìram-se para protestar, formularam uns capitulos e encarregaram o prìncipal ddles, o que pelos seus contratos mais facil acesso tinha junto a Atonso V, de Ihos apresentar. Entfio Martim Leme, o escolhido, levou os capitulos, reque- reu vista e despacho, e alcan<;ou ambas as coisas, e por nos prazer a dita na^&o em nossos reinos aer bem recebida e tratadai. Eram os seguiutes os agravos que os mercadores e mestres das nàus, tanto em seu nome, corno no dos pilotos, contramestres e marìnheiros apresentaram a Afonso V : Os meirinhos, alcaides e outras justi^as vedavam-lhes o porte de ar- mas; tomavam-lhas e prendiam-n*os. — Responde o Rei : apesar de ser contrario és Ordena;6es do reino, possam os mercadores, mestres, pilo- toa, contra«mestres, noarinheiros e despenseiros trazer por todo o reino quaesquer armas, e a outra gente e companha, so facas para cortarem suas viandas; comtanto porem que nenhum de todos eties seja encontrado com armas depots do sino de correr» Os escrtvaes da alfandega^ despresando os mandados réjios, em vez de levarem de cada nàu cem reaes^ obrigam-n*Qs a pagar trezentos, qua- trocentos, e quanto querem, sendo o resultado deixarem eiles, contra os seus desefos, de vir ao reino com grandes frotas. comò vSo a outras par- tea. — Socorram-se dos védores da fazenda, aos'quaes ordena que tudo quanto a mais os Flamengos tiverem pago, Ihes facam entregar e que apliquem as multas da lei aos escrivaes delinqtientes. Certos oficiaes del Rei vao às mercadorìas que os queizosos deixam entregues a alguns homens da sua nagao, mercadores na ribeira de Lis- boa, para as venderem e empregarem em outras, e tomam-lhas, dizendo serem para el Rei : passam-se porem dois e tres annos e nSo sao pagas. — Tal coisa nao mandamos fazer, responde Afonso V espantado ; saiba-se o que se Ihes deve, paguemlho e nao tornem a cair em semelhante abuso. Os juizes demoram-lhes os processos; elles sao negociantes e nao teem tempo para perder em demandas ; pedem pois que em tres dias, sejam réos ou autoresy Ihes despachem os feitos. — As delongas nos processos desprazem e ordem vai ser dada a Aoiadis Vaz (2) e outras justif as para no memM* espa^ o de tempo possivel darem as senten^as. (1) Arck. kisi, portj IV, 434. (a) Amadis Vas de Saropaio, sendo despenseiro da casa da Afoaao V, £5ra nomea- 33o ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Os naturaes de Liiboa engaHiam ( i ) e tirtm os marìnhetros e gentes quc OS reclaroantes trazem nas suas nàus para seu servilo, ccomo agora leva- ratn moscm Vasco Palen^oi (a), e ficatn desaviados scm terem com quem tornar para suas terras. — Nao nos praz, declara Afonso V, caue quaesquer homens, que elles trouverem em suas nàus per aven^as ou siJdadados, que durante o tempo das ditas aven^as, que Ihe nao sejam engaihados nem to- mados por pessoa algumai; nao o consintam pois as justi^as e fa^m cn- tregar aos mestres dos navios quaesquer que assina forem desinquietados. Seguem-se mais doìs capitulos nos quaes pedem favor. No primeiro, alegando o seu desejo de trazerem oiro, prata e cobre ao reino, rogam Ihes tomem franca e isenta de dizima a importando daquelles metaes, e iffualmente seja livre de sisa a compra doutras mercadorìas feha com o dmheiro proveniente da venda daqueiias; ce por està guisa vossa senhoria seni de nós servida e a vossa terra bavera oìro e prata e cobre em abun- dancia». Rea^nde isentando o oiro e a prata e mandando continuar su- jeitos aos direitos o cobre e as mercadorìas compradas. Requerem por ultimo, cpor nao entendermos alinguajem de voasos reinos», ihes seja per- mitido tornar quaesquer naturaes para requererem seus feitos, o que Ihes é concedido» Apresentados os capitulos e dadas as respostas, ordena Afonso V, por carta dada em Lisboa a 8 de a^sto de 14S7, na qual tudo vem traoscrìto, que Ibes sejam goardados os pnvilejios concedidos, «porque nossa vontade e mercé é Ihe ser assi feito, por o dito Martim Leme, que nol-o por sua parte rcquereu». Junto à carta vem um alvari dado em Obidos, a la de )unho de 1473» mandando cumprir o desembargo ao capitulo relativo ao porte de armas, apesar das recentes defesas, e tudo se encontraré là adiante trasladado na carta de confirma^ao de D. Joao II, ezpedida eoi Abrantes a 8 de agosto de 1483 (3). Nestes tempos, havia mesmo )i muito, era quasi exclusivamente pnelos Flamengos abastecido o mercado portugués de panos estranjeiros, princi- palmente dos fabricados nos dominios dos Paises Baizos entao, XV secalo, reuntdos ao ducado de Borgonha. Jé antes do seculo XIII as manufacturas de Brujes, Arras, Gante, Ipre, Lila, Donai, Cambraia, Valenciennes, Ab- beville, Orchies, Maiinas, Bruxellaa, Poperinghe, Dixmude e Amiens prò- viam todos os mercados do mundo com grande abundancia de panos (4), do juls e diziineiro da alfandega de Lisboa, por carta dada nesta cidade a 20 de abrìl de 1439, assinada pela Rainha. No doc. ordena se a Amadis Vas «que dezime os panos e outras mercadorìas que vierem i dita alfandega.» — Chanceiaria de D. Afonso V, Ihr. 19.% fl. 5a. (1) «Palavra da Beira. Enganar & Ent retar suaYemente» (Bluteau, VocaMarioJ; aqui porem està no sentido de desinquietar, engajar. Na resposta ao capitulo vé-se isso mais cJaramente. (a) Este Vasco Palen^o, que do prenome mossem se conhece nSo ser pessoa de mui- to baixa esfera, nfio sei se alguma rela9io tinha com Alvaro Feraandez Palen^o, capttfio de navios em i^a5, em Canta, com o Coode D. Fedro, patraodas galèa de Afonso V em t^44« e companheiro de Lanzarote na sua expedi<^&o oi^anizada em (.agos, em 1447, para ir i Guiné. Dr. Sousa Viterbo* Trabaìhos nauttcos, L 343. (3) Doc. IX. (4) Dr. G« Rolin^ obr. cit., p. 17. lAARIA BRANDOA 33 1 levando-os às numax>sas feìras^ nas auaes, em periodos certos^ os ai^cado- res de toda a parte reuniam mercadorias de toda a sorte e proveniencia, tùas principalmente panos, o produto fabrii mais apreciado e apetecido na idade mèdia. A orìjem das feiras cometa-se a esbof ar na Europa ainda no seculo VI, e do anno de 620 é o diploma pelo qual Dagoberto I9 Rei de Frani;a, instituiu a feira de S. Dinis (1); entretanto foi so nos principios do XII seculo que, depois dellas, comò na realidade sucedeu a todas as mais insticui^oes sociaes mediévas^ haverem padecido ruina completa no a jitado periodo precedente à implantaqao definitiva do feudalismo ; foi so entao, repito, que as feiras^ com as de Champagne conhecidas jà desde 1 1 18, com a de S. Dinis restabelecida no anno seguinte, e com outras (9), tomaram o grande incremento mantido depois durante seculos. Entre nós a mais remota feira, de que ha noticia documentada» bastante anterior ainda assim à famosa de Brujes que data de 1200 (3), é a de Ponte de Lima em 11 25, e parece que ainda no seculo XII existiram merca^ios transitorios, em tempo certo, isio é, feiras, em Evora, Constantim, Mei- ga^o e outros logares ; mas foi so na segunda metade do seculo seguin* te que ellas se desenvolveram no nosso pais (4). Pois a estas feiras vinham panos flamengos, facto indubitavelmente provado pela notavcl lei de 26 de dezembro de i253 (e. v.) que taxou a moeda, os generos, mercadorias e servigos (5). Nella se regularam os pre<;os para os seguintes panos, entre outros : o covado da meihor escarlata fla- menga valha tres libras ; o do meihor pano tinto de Gam (Gante) ou de Ipli (Ypres), quarenta soldos ; o da meihor branqueta de Camina (Com- mines), uma liora ; o de bom pano de Abouvila (Abbeville), i libra ; o do meihor viado (6) de Lila (Lille) ou de Ipli encorpado, uma libra ; o da meihor brujia fraldada ou da meihor estamenha de Brujes, ouinze sol- dos (7) ; o doutra brujia, catorze soldos ; o de sancto Omer (S*. Omer), (t) Dr. G. Rolin, obr. cit., p. 9. (2) Mr. Ch. de Grandmaison, Commerce, no III voi. de Le Moyen Age et la Re- naissaneej pubUca^ao dirìjida por Paul Lacroiz. !3) Carta de 14 de agosto de 1200, em Fiandre et Port, cit^ doc. A, p. 161. d) Sr. Gama Barros, Hist, da administrafSo^ tom. II, cap. X. (5) Port. moft. hist, Leges^ p. 192. (6) Viado sigaifìca raiado, listrado doutra cor. O Moraes, citando o Elucidarlo de Viterbo, onde a definii^ao n&o se encontra sob o verbo viado, diz apenas que viado era uflo pano de lan proprio para vestir em ocasiao que nSo fosse de luto ; esclarece porem, completamente a meu ver^ a signi fìcai^ao do vocabulo a interpreta9§o que delle dà o dr. u. Rolin, obr. cit., p. 59, fundado num doc. castelhano de 1260 (e. v.): e Viado : étant l'oppose de llano, plein ou plutót plain^ ne peut designer ici que rayé ; et, en £s- pagne, rayé a nécessairement amene Tidée secondaire de bigarré, multicolore». O doc. castelhano exprime-se assim : «la vara de la mejor tiritana liana de Doav a nueve suel- dos de dineros alfonsis ; tiritana vyada de Escambie (Gorbie) la vara de la mejor medio maravedi». Jé agora notarei que o pre^o de meio maravedi alfonsim, determinado para a vara da meihor tiritana viada, corresponde, em moeda e medida portugu§sa d'entSo, a nove soldos o covado, pre^o realmente tao baixo em compara9ào doutros no texto indicados, que me leva a crer nSo haver a tiritana sido sempre, corno se sup5e, faienda de alto pre^o. (7) As palavras do doc. sao : «Et cobitus de meliori brugia fraldada aut de meliori staniorte de Brusiis valeat, etc.» O dr. G. Rolin, na obr. cit., p. 66, traduz bru)ia fral- dada por draps de Bruges plissés ; pode ser, mas fraldado, em doc. portugu^s, parece- 33a ARCHTVO HISTORIC» PORTUGUEZ treze soldos ; o de arraiz (Arras ?), onze soldos ; o de yalencioa ( Vakn* cieùnes), nove soldos ; o de tomay (Tòumay), dez soldos ; o de estamenha viada de Iprì, onze soldos ; o de frisa (Frisia), oito soldos ; e neobum ou- tro pano de proveniencia flamenga se menciona no documento^ me parece ; e a mais produtos vindos daquellas partes so se almota90u o pre^o da seda, nao recida, julgo (i). Eram os Flamengos e outros subditos dos Duques de Borgonha domici- liados em Lisboa, os importadores, no XV seculo, dos panos de cor, os quaes nunca pagaram de entrada mais da quarta parte da sisa ; come^ou porem a suceder, que alguns ofidaes e rendeiros da sisa dos panos se puzeram a querer vexar aquelles mercadores, amea^ndo-os de Ihes ar- rancarem o tributo por tnteiro. Recorreram elles a Afonso V e este, por carta dada em Santarem a 3o de abril de 1468 e dirijida a Paio Rodri- guez, Contador mór da cidade de Lisboa, ordena que nao haja tnova^s sob pena de ciuco mil reaes de multa para os cativos ; e determina tneis^ que todos OS annos se transcreva està carta no lirro das sisas para avivar a memoria aos escrivaes dellas. Confirmou D. J080 II em Abrantea, a i3 de affosto de 1483 (2). Nao so com a terra, com os céus tambem pretendiam em Portugal comerciar os Flamengos, corno alias jà faziam os Portuguéses em Flan* dres, escolhendo ambas as na;6es conventos da Ordem dos Pré^dores para nelles instituirem suas capellas, aquelles em Lisboa, eates em oruies. Em it de abril de 14 14 uà fundada a confiraria da gente flamenga, ao principio chamada irmandade dos Borgoah6es, dando-lhes os frades de S. Domingos para capella, sob a invocando de Santa Cruz e Santo An- dré, a colateral da maior da parte da epistola, em correspondencia com a capella de S* Joqe de seus rivaes Ingléses (3), a qual era do outro iado da capella mór (4). Nao encontrei agora o instrumento da instituiqSo da capella, apesar de ter ideia de jà o ter visto entre os papeis do convento de S. Domingos ; teve porem o General Brito Rebello, que nos seus apon- tamentos possue o melhor indice dos documentos da Torre do Tombo, a bondade de me indicar o traslado autentico de uma escritura existente me significar mais depressa ancho, lar^o, do que em prégas. O mesmo autor stip6e que o stanforte de Brugiis indicava uma iimta^So feita em Brujes de certo pano de primeira qualidade e multo* caro fabricado em Inglaterra, em Stamford, d'onde ihe proTeto o nome ; nlo me parece. O proprio pfe^o que Ihe é atrìbuido no doc. indica aer orna fìi- zenda barata. Stanforte era estamenha : «Stamfortis prò Stamen forte. Pumi specics. Vide in Staminea»^ diz o Du Gange. A estamenha vinha em tanta quantidada de Bru- jes, que até por antonomasia chamavam-lhe brujia. (i) «Et uncia de sirìco de Rota (Roden) valeat duodedm solidoc Et uncia de si- rìco de Aspa ^Aspen) valeat novem solidós». (2) Doc. XII. (3) Desde a idade mèdia que os mercadores ingléses disputavam em Portugal, mutto antes ainda dos tratados àe alian^a entre os Reis das duas na^des, o predomìnio na importa^So de panos aos mercadores flamen^. Na lei de laSS acima citada encon- tram-se varios panos ingleses : «Et cobitus de mgres tinto in grana valeat quadraginta et quinque solidos. Et cobitus de meliorì [panno tinto f] engres valeat unam libraio», e outros panos de Glocester (Route) e Northampton (Larantona); e mais, recamo de olro de Londresy etc. As Inter preta^Ses dos nomes daquellas cidadea sSo ^ dr. *" *' (4) Fr. Luis de Sousa, Hist de S. Domingos^ parte I, liv. lU, cap. 37, MARIA BRANDOA S» num dos amìtca Imos do antigo cartono dot DotmnicanM. deUrixwu Esce instrumento, alem de confirmar a data da institui^So, ministra intarcMan- tes notkias qoe resixmtrei. Em 14 14, efectivamente. receberam os Flamengos a capella doa Apoa* tolos^ depois chamada de Santa Cruz, situada junto da capella mór para o lado da sacristia, para que ca pudessem edificar^ repairar e ornamentar, e mandar em ella celebrar os oficios divinos à sua vontade», obrìgando^'Se à esmola annual de mil reaes. Pelos annos de 1474, nSo chegando j4, ao que parece, o chSo da capella para sepultura dos confrades^ foi estendida a coocessSo a todo o pavimento em trente da capella, até ao arco sobre que estavam os orgSos. Depressa porem se tomou insuficiente o espaf o, e sete annos depois tinham de o alargar para o lado da sacristia, ficando com as seguintes limita^oes marcadas com aspas de S.^ André : da parte de S. Joao chega até i es^uina sul da porta do campanario ; d'ai vai di* reito entestar com o primeiro verdugo de pedra que està no melo do arco da capella de S. Frei Gii ; da outra parte chega ao aitar de Fedro de Oli- veira e vai direito entestar com o primeiro verdugo de pedra que estd no meio do esteio atrtfs do aitar de S« SebasdSo. Nova dadiva receberam ainda os Flamengos em 1485, de um pedalo de chao entre a sua capella e a sacrìstia da igreja, para nelle fazerem uma pequena sacristia (i). Alem destas concess5es, davam-lhes os firades um delles para capellSo, a fim de satisfazer aos oficios divinos, recebendo por isso tres mil e dozentos reaes annualmente. Finalmente veio o anno de i5i4, e e por quanto no dito aios» tetro se faz agora alguma mudan^a por se tornar de observancia», maneira desdenhosa por que os frades se referiam à reforma que no anno antece- dente OS obrigéra a passar de conventuaes a observantes, apesar do Cronis- ta afirmar que a haviam aceitado de multo boa mente (2); e nesse anno, a 7 de fevereiroy celebraram uma escritura com os Flamengos, ^arandndo-lhes as conceas6es feitas, obrìgando-se a celebrar os oficios divinos em certos dias determinados e a sufragar os mortos, passando a pensSo annual a ser de cìnco mil reaes, alem das esmolas pelos sufragios e das ofertas em gene- ros feitas dentro da capella, as quaes todas reverteriam para o convento, fi- cando à irmandade so as que fossem em dinheiro. Por parte dos Flamen- ;os outorgaram Diogo de Ana e Ambrosio Rope, moraomos da capella, oSo Brendo, Gii Bacar, Copim Malhan, Coutim do Poco, JoSo Pulvkr ou Pluvier, Henrique Vay Està, Utra del Rio e outros (3) ; estes aio oa nomea que là estio ; os verdadeiros adiviohe-os quem souber. E' provavel haverem os Flamengos organizado em 1414 o conapro- misso da sua irmandade, entretanto e certo que so em 1472 apresentaram à aprova^ So réjia aquelle, ou outro posteriormente elaborado. Nelle, alem de varìas disposi(5es para o rejimen e administragao da capella, aussilio aos mercadores necessitados seus patricios, obrigagSes dos mordomos e confrades, e outras analogas, encontra-se um artigo interessantissimo por (1) Aiargo-me nestas mioudas, porque nao conhe^o descri^So anterior aO tarM' moto do sii^estoao tamplo do convento de S. Domingos de Lisboa, (a) Sousa, Hist. de S. DomimgoSy part. Ili, liv. I, cap. L j[3) Doc. XXXVI. 4 334 ARCHIVO HISTOIHGO PORTUGUEZ no8 revelar as priocipaes mercadorias que eotao exportavaóios para os Palses BaixQs. cOrdenaram, por manterem, repairarem e orirameotarem a eapella e confrarifly tributos sobre suas mercadorias e trautos, corno abaixoserà de- clarado» : de todas as mercadorias que Ihes vierem de Flandres, de In« glaterra ou doutras partes de fora do reino, pagarao dois por milhar, e do que for mais ou menos, um soldo por libra, isto é, segundo emendo: cinco por cento de todos os efeitos, naqueilas condi<;oes, de que trouxerem mais ou menos de um milheiro; de um tonel de vinho que carregarem para fora do reino, oito reaes ; de cada tonel de azeite, doze reaes ; de cada tonei de mei, dez reaes; de cada baia de sebo e de [peles de] coelhos e de to- dolos outros [animaes] (i), seis reaes; de cada tonel de unto, seis reaes; de cada arroba de cgranis de peradiis» (2), oito reaes; de vinte e cinco moios de sai, oito reaes; de cada cobra de fruta, um real; de cada carga de sabao, dez reaes; de vinte e cinco cdo ser* (3) de cortina, seis reaes; de cada tonel de vinagre, oito rèaes ; de cada baia de cera, oito reaes ; de cada milheiro de sardinhas, dois reaes; qualquer mercador das ditas na^oes, eque tornar ou der em cambio pera fora dos ditos reinos, quer seja a risco, quer terra em salvo (4), pagare de cada cem coroas, vinte e cinco reaes cada parte» sendo ambos da dita nagao»; qualquer mestre de néu que a JPortugal vier e carregar, pagarà duzentos reaes; e finalmente de todas as mercadorias exportadas, aqui nao especificadas, pagarao dois reaes por milhar. Apresentados os estatutos, foram aprovados por Afonso V, por carta dada em Obidos a 11 de julho de 1472, junto à qual està um alvaré^ passado em Avis a i de abril de 1479, pelo qual se impoz, a requerì- mento dos proprios confrades, alem das penas cominadas nos artigos do compromisso, mais mil reaes por cada infrac^ao, aplicada a multa para OS cativos. Tudo foi depois confirmado por D. Joao li em Abrantes, a 8 de asosto de 1483 (5). Os tempos iam entretanto correndo e as antigas ideias ferozmente proteccionistas tendiam, ante as exijencias de bem estar e luxo impostas pela mais apurada civiliza^So, a ceder, a ponto de aos mercadores estran- feìros, aos quaes vimos so consentirem a venda das suas mercadorias em deterniinados portos e unicamente por atacado, se permitir agora, de pois de satisfeitos certos tributos, transportaUas por todo o reino e vendel-as, por junto e a retalho, onde e consoante Ihes aprouvesse. Ainda assim. (1) Jé lé actnrm vimos,- em noticias de orijem flamenga, ser a peleteria uin dos ramos do nesso comercto de exporta^Io, so por taqto com as palavras acrescentadas no testo se pode entetider aquelle artigo da tabella das imposi^des. Na }A citada lei de i253 en- contram se pre^os deterroinados para as peles de muìtos animaes de varia èspecie, coe- lhos, cordeiros, arminhos, lontras, tourSes, njartas, fuinhas, étc. (2) O granum paradisi^ isto é, a roalagueta. (3) Assim mesmo no re j isto. (4) Ai^uì està um exemplo de seguros maritimos na idade mèdia. — Kiesselbach, e9ì Der Gang des Welthandels^ etc. im Mittelaltery Stuttgart, 1860, p. 343, citado pelo sr. Joa()uim de Vasconcellos em AÌbrecht Diìrer^ p 27, not. 3, dix que a iostitui^ao do seguro )é existia em Bruies em i3io e em Portugal em i35o. (5) Doc. XV. AIARIA BRANDOA 335 corno OS Telhofi pecoDCeitos levam tempo a desarreigar, aa concess&s para este embrionano livre cambio aparecem subordinadas a curtoa prasos de tempo. A. carta réjia de 4 de mar^o de 1478, expedida a requerìmeoto dos mestres das néus e mercadores de Flandres, Holanda, ^elandia e dotttras terras do senborio do Duque de Borgonha, os ouaes, cmerchan* temente, com suaa mercadorias» ^ueriam vir a Portugal, nol-o vai mos- trar. Por avelie diploma foi efecuvamente determinado, aue os panos e todaa as mais mercadorias importadas de fora do reino, salvo a marina, pagariam a dtzima oas alfanaegas onde fossem descarregadas, podeodo em seguida os ioiportadores leval-as para suas lojas e vendel-as, uà cidade (m vita onde haviam side despachadas ; quanto à mariana, porem, fica- riam obrìsados, alem da dizima na al&ndega, à sisa que seria pasa na Casa da Mar^aria. Satisfeitos estes tributos, poderiam levar e venoer li- vremeote pw todo o reino, por grosso ou por miudo, a mercadoria intro- duzida, recebendo até, das pessoas a quem a vendessem, a sisa da pri- meira venda. Tambem da mesma carta consta que està concessao, ou- torgada para os dez annos primeìros s€guintes, era proroga<;ao doutra anterior de igual perìodo prestes a findar. Foi confirmada por D. Jofo II em Abrantes, a i3 de agosto de 1483, e por elle novamente estendido o praso a mais outros dez annos subseqtientes, por carta dada em Almei* rim a 6 de maio de 1488 (1). Ainda outra carta de privile)ios concedida em Evora por Afonso V aos mercadores flamengos, a io de dezembro do proprio anno de 1478, existe rqistada. Alegavam elles que os Duques de Borgooha haviam concedido aos Portuguéses moradores em Flandres, em tempos reixiotos e succes- sivamente confirmadoy o privilejio e seguranca de pelas dividas ou malefi- cios dalgum delles^ so esse ser responsavel, nao se podendo pelo caso prender nenhum outro nem embargar seus bens ou mercadorias (2}) e pe- diam para si analoga concessao* Atendeu-os D. Afonso V e ordenou que d'ali em diante os Flameng^s e mais subdìtos do Duque de Borgonha possam estar, andar e negcciar^ tanto em Lisboa, comò no resto do reino, seguros de nao serem presos, nem seus bens arrestados, por nenhuns ma- les, mortea, roubos e tomadiaa até entao perpetrados, nem de futuro pra- . ticados, com excep^ao das pessoas e bens dos culpados, os quaes fica- riam sujeitos ao que for diretto e justifa* Ck>nfirmou D. Joao II em Abran- tes, a 8 de agosto de 1488 (3). De todos OS privilejios concedidos por Afonso V e confirmados por D. Joao II aos Flamengos, apenas foi ajnresentada a P. Manuel, a firn de a revalidar, a permissao para a venda por todo o reino das mercadorias importadas, depois de paga a dizima e a sisa^ faculdade por D. Joao II concedida até mar^o de 1498, comò ^mos. Garantiu-lha £)• Manuel jpcto tempo que jfaltava, por carta dada em Sanurem a ao de agosto de 1400 (4)9 e por outra livrada em Almeirim a 4 de novembro de i5o9, fez^ihes a (1) Doc. XVI. (2) Vide OS art. i.<* e 3o.* da carta de 26 de dexembro de 141 1, doc. III. (3) Doc. XVII. (4) Chancelaria de D. Manuel^ liv. 16.0, fi. 56. 336 ARCHIVO HlSTORICO PORTUGUEZ meroS de Ihes manter o piÌTilejio por mais dez annos, a contar da feitura da carta em diante (i). Outras providencias todavia se toauram ainda, nao so no reinado de D. Joao 11^ mas tambem no de D. Manuel, tanto para regularìzar a venda da marcarla e dos panos nacionaes e estranjei* ros, corno para evitar o contrabando e a fraude no pagamoito da sisa e outros trìbutosy as quaes, tiradas do S/siema dos Èegimentos reaes^ se ehcontrarSo compitadas pelo sr. Joa(^uim de Vasconcelbs no foiheto a Industria nacional dos tecidos. I Legtslofdo do seculo XV (i^^^-jSoo). E a proposito de lejisla^So lembrarei gue, tanto na Synajms chronologir ca de J. A. de Figueiredo, corno nos Addttamentos à mesata de J. P« Ribei- rO) naais algumas determina^Ses, alem das por mim indicadas, se apontam relativas a estranjeiros e ao seu comercio. Outra especie de diplomas, as cartas especiaes de privilejios concedidas a diversos flamengos, se en- contrario numerosas nos rejistos das Cbancelarias; dellas porem aio cura- rei, porque seria afastar-me do assunto proposto. Multo sumariamente expostas, reconne^o, as rela0es comerdaes e so- ciaes mantidas com os Flamengos em Portugal até aos prìndjMos do se- culo XVI, transportémo-nos agora a Flandres e vejamos o que por ié su- cederà aos Portuguéses. As Flandres sao para mim um pais de^ predilec^ao. A independencia de caracter do povo flamengo, a cada passo manifesta- da; o seu apégo às conquistadas liberdades, franquias e regdtas publicas^ por muitas vezes defendidas com extraordinario valor; a sua tenacìdade no trabalhar, da oual proveio a enerjia que Ihes permidu manter durante secuios, atravez ae ferozes espolia^ées e de espantosos desastres, a su- premacia da sua industria e comercio; o seu amor As artes, às ciencias, às letras, por tanta fórma manifestado; a sua corajem civica e inilitar, da qual, em suma, todas as restantes virtudes mais ou menos provieram, aio outros tanto» factores tendentes a produzir no meu espirito o entusiasmo e a admìraf So por aquella privilejiada ra^a. Nas trevas da idade mèdia fuljiu a civiliza^Io das terras flamen^» onde OS seus mercadores, onde os burguéses das suas cidades industnaes e comerciaes, iam laboriosamente acumulando inumeras riquezas as quaes^ infelizmente para elles, se tomariam repetidas vezes na causa de suas vi- cicitudes, ora excitando a cubica dos soberanos naturaes, ora servindo de chamarìz às forasteiras coroadas aves de rapina. Mal refeitos de um de- sastre, outro analogo snrjia, e so podiam dar largas ao seu genio activo e empreendedor, ou quando viviam esquecidos de seus senhor.es e entfio, nos secuios Xil e XIII, constituiam as suas poderosas municipalidades robustecidas por foraes cheios de liberdades; ou, na primeira metade do seculo XV, quando puderam dar maior impulso ao seu comercio e indus- tria, por se encontrarem mais livrea de invas6es estranhas sob o dominio potente dos Duques de Borgonha. Foi porem um delles, o bom Duque Filipe, que, para submeter os Gantenses revoltados contra um novo trì- (i) Chanceiaria de D. Manuel j liv. 36.«, fi. 36 v: MARIA BRANDOA 537 buto, n&o se limitou cm os aniquilar, no dia i5 de juiho de i^53, na ba* taiha de Gevre, mas com elles destruiu os foros, custumes e imunidades das yelhas cidades flamengas. Aos BorgonhSes sucederam em 1477 os Austrìacos e, sob a opressora soberania destes, os uhirnos restos das antH gas regalias populares oblìteraramse quasi por completo. Durante o prìmeiro periodo, nos fins do seculo XII, em 1 104, poucos annos depois do casamento da Infanta D. Teresa com o Conc^ de Pian- dres, Filipe de Alsacia, jd em Brujes, comò vimos, se esperava um navio portugués carregado de melalo, azeite e madeira; e, ainda nfio decotrido de todo um seculo, pelos annos de 1282, os mercadores de Castella, Ara- gSo, Navarra, Portugal e outros queixavam^se, corno tambem jà vimos, de naquella cidade serem roubados no peso das suas mercadorias e por tanto tambem no imposto para que elle servia de base. Bxistia pois jé en- tao, na grande cidade comercial de Flandres, um nucleo de mercadores portuguéses, e tao importante que urna duzia de annos depois, resolvendo em 1293 OS negociantes de Lisboa fundar uma bolsa de comercio para auxiliar o seu trafego nos paises septentrionaes da Europa, escolheram a teira de Flandres e nella certamente Brujes, apesar do documento o nao declarar, para là estabelecerem a sucursal estranjeira da recem criada ins* tituÌ4^o. e E dest'aver — declara D. Dinis na carta de conflrmaqSo da nova funcfaif 60— devem a ter em Flandres esses mercadores cem marcos de prata, ou a valla delles, e o outro em minha terra» (i). Tambem )d vimos que por esses tempos a^ mercadorias principaK mente ezportadas de Fortumi para Flandres consisdam em mei, pelete* ria, cera, coirò, unto, azeite, passas de figos e uvas, esparto e finalmente graine^ que tanto podere ser grS comò malagueta. Nùm rejimemo publi- cado pelas autoridades da cidade de Brujes em 1304, no qual se espeei^ fica a menor porfSo de cada mercadorta que aos flegociames ettranfeiros era pò^mitido vender uns aos outros, encontram-se mencionades vttrios daqueUes produtoa : meta^, malagueta, graine de paradis^ gr3, graine pour teinare, cera e azeite; e entre as mercadorias de declarada provenien- eia espanhola, devendo-se entender por Bspanha toda a peninsula ioerica, en- contra-se a lan, a alvaiade, o pert dEspàgne^ provavelmente tinta, talvez porem marmore. Especiarias aparecem tambem maitaé; géngrbre, caneRa,' cardamomo, pimenta, caciafistola e outras, inclusive o brasil, brésil (s), as quaes còmtudo nesses tempbs n8o eram aincha transpòrtadas por nós, mas sim principalmente pelos Venezeanos, que mantinham rela^des dlrec- tas com o comercio orientai. Entretanto ia sempre crescendo em numero e engrossando em cabe- daes a colonia portuguésa estabelecida em Brujes. Aparece-nos jé \& resi* dindo |>or estes tempos um ricado, Martim Gongalvez, due, tornando para Lisboa, aqui passou uma procuragSo, em 20 de maio de i333, para rece* ber duas mil quinhentas e setenta e oito Hbras, soma de dois empresd^ mos por elle feitos d municipalidade da cidade flamenga (3). Nao declara (lì Doc. L iV Fiandre et Pari, cit, doc H, p. igS. 3) Ibidem^ p. 49. i 538 ARCHIVO HISTORICO P0RTUGUE2 porem o autor citado, talvez por tal indica^ao nao encontrar no ioveata- rio a que se reporta, se a procura^ao é datada do anno do tiascimento, cu, corno é muito mais prova vel, da era de Cesar, vindo entao a ser do anno de 129S da era vulgar. Temos pois o documento de 1282, acima apon- tado, e este de 129S provando (jue jé entao havia mercadores portugué- ses residindo, mais ou menos dilatadamente, em Brujes; é porem certo que so na segunda metade do seculo XIV, nos principios da extraordinaria prosperidade daquella cidade, come^aram a afluir em maior numero, tanto que }é em iSSy tinham casa propria onde se reuniam, a qual era situada na rua de S. Joao, esauina eia Rua Inglésa. Depois passaram para a rua chamada Langhe Winckel, até que em 1445 foi^construida, atraz do mer- cado grande^ a casa da feitorìa (1). Tambem da segunda metade do seculo XIV data a mais antiga carta de priviieijos, de que tenho noticia, concedida aos Portuguéses em Flan- dres, Sucedera em 18 de dezembro de i385 ha ver Filippe II, Duque de Borgonha, que pelo seu casamento adquirira o condado de Flandres, assi- nado em Tournay o tratado de paz com os revoltados Gantenses (2) ; e pouco mais de um anno depois^ a reauerimento dos procuradores das cidades de Gante, Brujes e Ipre, conceaeu elle, em Paris, a i5 de Janeiro de 1387 (e. V.)) urna carta de seguro aos mercadores e mestres das néus de Portugal e do Algarve (3). Fdra o caso que muitos navios daquella prò- veniencia haviam chegado, carregados de mercadorias, às costas dos Pai- ses Baixosy tendo até alguns aportado na Zelandia, e muitos mais ficaram em Portugal desejosos de para aquellas terras pardrem ; queriam os Fla- mengos. comerciar com elles, receavam-se os Portuguéses por causa dos seus tratados com a Inglaterra, entSo, corno quasi sempre por esses tem- pos, em guerra com o Rei de Franca e seu tio o Duque de Borgoaha, d^ represalias que poderiam padecer, Autorizou porem entfio o Duque a todos OS mercadores ^ n^stres de nàus de Portugal, e às suas familms ^ue pudessem, durante um anno^ vir em paz com seus navios e mercado- nas, desimbarcar, descarregàr, negociar e regressar a suas terras, con- tanto que oao vSo a Inglaterra, nao fa^ am cotsa em dbsservi^o do Duque e do Rei seu suzerano» e déem garantia suficiente aos mercadores flamen- goa de OS nao leaarem. Ap^recem noticias de no anno seguinte ter naufragado, à vista de Blan- kenberghe, um navip portup[ués carregado de vinho e dalgum azeite (4) ; e a proposito traz o autor citado, a seguir a està referencia, urna lista de muitas mercadorìas por esses tempos e seguintes em Flandres importadas de Portugal e doutras na^Ses ; nao me prenderei porem mais Com està especie, porque as cartas de c]uitafao passadas aos nossos feitores, és quaes logo me referirei, nos ministrarao mais seguros elementos de apre- ciaf ao. Continuarci pois com os privilejios concedidos aos Portuguéses. (1) Fiandre et Pori, cit, p. 58 e Sg. (a) Du Mont, Carps diplomatiaue^ tom. II, part. I., p. 198. r3) Fiandre ei Pori, cit., doc. D, p. 170. (4) Ibidem^ p. 83. BfARIA BRANDOA 339 Morrera o Duque Filippe II em 1405, sucedo Rei e conclue pazes» mais aparentes do que reaes, com o filho da victtma a queni, no outx>no de 1411, obriga à for^a armada a levantar-se de S*. Cbud, d'onde aniea^ava Paris. Nestes sucessos foi o Duque de Borgonbf servido por um portugués, Alvaro Gon<;alvez Coutintia;» o legendario Ma- &rÌ9o(i), a quem elle ha via nomeado seu camarista. A Alvaro Concai vez Icara grato o Duque pela grande valentia com que o servirà ctaquella Jor- nada e por isso^ gostosamente aquiescendo ao seu pedido, concedeu aos mercadores portu^uéses que negociavam em Flanares uma ampia carta de liberdades e pnvilejios. Foi ella passada em Gante^ a 26 de clezembro amda daquelle anno de 141 1^ adiante sera transcrìta do proprio orijinal existente na Torre do Tombo (2), e aqui rapidamente examinarei os cin* coenta artigoa de que se compde. Os mercadores^ mestres das nàus, marinheiros e mais naturaes do reino de Portugal estantes em Flandres, seus bens, navios e efeitos, e tudo quanto a elles e is suas embarca^Ses pertenga, estarao salvos e se- guros na guarda do soberano, nào sendo detidos nem tomados por quaes* 3uer casos de guerras passadas ou futuras, excepto peias suas proprias ividas ou malfeitorias, podendo todavia, para evitar a prìsao, prestar fianca (art. i .^) ; a qual ainda Ihes servirà para os delitos de ferimentoa, de que nao provenha morte ou perda de membro (art. ab.^) ; se porem o crioie for tal, que mere9a pena de morte ou de decepamento de mao ou pé^ mesmo entao so nos bens proprios do criminoso se podere ftizer ar- resto, restituindO'Se quaesquer fazendas que em seu poder tiver e outros mercadores provarem pertencerem-thes (art. 5o.^); Quando o crime for per* petrado contra algum portugués, sere, nos casos eie ferìmentos ou homi- cìdio, aplicada ao criminoso tal pena, que sirva de escarmento aos mais (art. 45.®) ; e se for de burla ou tentativa della, serao os Portuguéses favo- recidos corno se fossem burguéses (art. 46.^) ; as quest6es e rixas susci- tadas entre os mestres de nàus e marinheiros, uns com outros, serao re- solvidas pelos mercadores que em Brujes tiverem sido eleitos chefes da na9ao portuguésa, salvo no caso em que a justi^a da terra deva intervir (art. 3.®). Poderao os mercadores portuguéses, de dia ou de noite, por terra ou por mar, armados de espadas e outras armas, sem impedimento, visitar suas nàus ou suas mercadorias e regressar és suas poisadas (art. lo*^); tambem livremente Ihes aera permitido ir em barcas és nàus arribadas por mau tempo ou por outra causa, a tratar de salvar a car^a (art. 7.^) ou as proprìàs embarca^oes (art. 17.®) ; os salvados do naufrajio, quer a tripula9ao escape, quer pere(;a, serao reatituidos a seus donos, depieis de pagas as indemnisa^oes garantidas por lei aos salvadores (art. 6.^) ; ne* nhum imposto novo, semente os antigos serao lan9ados sobre as suas (1) Sobre o Magrì^o vide Partuenses Ulmtres de Bruno (sr. José Perdra de Sain« ), voL I, (2) Doc. paio), voL I, p. 29 e seg. ^ Ali 1^(0 ARGmVO HISTOIUGO PORTUGUEZ merctdMias (art. i3/) e por tanto, pagos todos os custumes e custos (i), serio dados por quites cooi a fazenda publica (art. 14*^); se quìserem re- tirar de Flandres, o poderao fazer, levando tudo quanto é seu, pagas pri- meiro as suas dividas (art. ib.^) ou prestada fianca a ellas (art. 20.®); se algum falecer, os seus bens so serSo sequestrados nos casos de, por baa* tardia ou prevarìca^ao, a elles o soberano da terra ter diretto (art. 49*^); aualquer justiga ou oficial que for contra os privilejios e franquias cooce- oidos, pagari perdas e danos se os houver provocado (art. 4i.*). Ao chegarem as mercadorias a Damme, serSo imediatamieote despa* chadas, quer de dia, quer de noite (art. 3i.^); e, pagos os antigos direitos aómente (art. So.*"), ficarao logo livres (art. 5.^) ; se por fatta de mare ou por outra causa, se tornar impossiirel aos narios aportar, poderao comtado as mercadorias, depois de pagos os direitos, ser transportadas em barcos de menor lota^ao para a Esclusa ou outra parte (art. 32.^) ; terao porem de pagar a mais os custumes da cidade para Ihes ser permitida a entra- da em Brujes (art. 8.®), podendo entao vendel-as corno anttgamente (art. 9.**)^ mesmo a estranjeiros (art. 4.^). Poderao os mercadores atar e desatar os seusfardos, examinar o conteùdo e repartil-o por outros volumes (art. i iJ% carregar e descarregar de noite ou de dia, mesmo aos dominsos e dias san- tos (art. 12 J^)'^ aumentar a carga das nàus que, depois de haverem saido do porto, por qualquer causa regressem, pagando so os direitos do que a mais levarem (art. oo.^) ; exijir dos homens do guindaste, tanto em Brujes, corno em Damme, que fa^am a descarga logo que Ihie for requerida, tor- nando-os responsaveis por perdas e danos da demora (art. 3o.^) ; vender, mesmo dentro dos navios, os seus vinhos em Damme (art. 33.^), e quan- do OS tiverem na Esclusa, nao haverSo obrigaf ao de dar nenhum contra sua vontade ao alcalde do mar, ou aos seus homens (art. 22.^) ; e se os catraei- ros, ao transportal-os da Esclusa para Damme, ou para outra parte, beberem algum, serao constranjidos a satisfazer o prejuizo (art. 34.^). Quanto ao fer- ro e outro qualcuer aver de peso, ser-lhes*ha tarifado logo é chegada a Damme, impondo-se-lhe* unicamente as antigas custumajens (art. 00.^) e, corno para o vinho, os catraeiros ficarfio responsaveis pelos desvios que praticarem (art. 35.^). Ainda relativamente a outros possiveis prejuizos, tanto aos resultantes de vicio no peso, corno aos provenientes de exajeros cambiaes, se concedeu aos mercadores portuguéses terem pesador priva- tivo (art. 2.*^), e se tornou a cidade de Brujes responsavel pelas fraudes dos cambiadores (art. 48.^). Em materia de mercadorias, finalmente, sao obrì- gados OS mercadores lombardos e outros, que carreguem efeitos das nàus portuguésas, a pagar os direitos impostos pelos regulamentos do porto (art. 29.^); e. OS flamengos ou outros que aos portuguéses bovverem daao sinal de compra de mercadorias, ou as tiverem bem visto e ezaminado na ocasiao da compra, terao de manter o contrato sem admissao de escusa (art. 37.* e 38.^) ; se a aquisi^ao for feita por conta de terceiro, o interaiediario ficari (1) Assim, generìcamente, destgnavam ot nossos feitores em 1443 e 1471 (doc. VII • XllI) OS varios tributos na carta de pnvilejìoi em exame menctoaados : le cousiume du Dam du milier pesani^ le tonlieu et coustume de Bruges^ le courreiaige e$ hosiellaige^ les (m^naige$ et ti^éauges. MARIA BRANDOA ^41 todavia responsavel por ella (art. 47.^) ; e no caso da mercadoria ier ferro, no proprio dia em qoe for pesado, sere retirado para se nfio naistiifrar com outro (art. 3o.*). Acerca dos navios mnitas disposi^Òes tambeni se encootram. Ds tnes- tres das nius e mariiriieiros poderao alal-as cde l*Eckise au tour de toMue» e vice-versa, de notte e de dia, pagando os antigos custtimes (art 16.*) ; en« calhal-as para Itopar, calafetar, untar e reparar no que for mister (art. iS.*); fiindeal«as no porto da Esclusa, até tres era liiiba,onde nfio impe^am a na- vega^So (art. 19.^); aparelhal-as de novos mastròs, vergas, remos e outros aprestos, e subsdtuil-os aos deteriorados, satisfazendo semente os antigos custumes pelos adquirìdos (art. 21.^ e 24.®); lastraUas, pagando a terra de lastroy OS jomaes dos Iastradoi%s, se delles carecerem, e os ifineitoa do soberano (art. 42.^). EncontrarSo seneipre nos caes campo livre pii^a atra- car OS b^teis (art. 43.^); resdtnir-sehihes^bSo, com certas condÌ4;oes, as an* coras e amarras, se ao desferrar as nao tiverem podido levantar (an. l3.^), e bemassimaspoderSo procurar e recotber,se as tiverena perdido(art.44f^); 080 serio obrìgados a indemntsai^o no caso de fortuitainente se perderem as boias a que estavam amarradas as néus, salvo o pre)uizo por venmra causado a OBtrem (art. 27.*) ; no caso de ^nistro proveniente da irlipericia ou descnido dos pilotos,resp€nderSo estes pelos prejuizos, por suas pessoas e bens (art.^S.*^); e finalmente, para stguran^a da navega^So, novos faroes e lògaréos fluctuantes serao dispostos em varios pontos da costa (art. 4o>)« t ' Em ultimo logar declara-se que todos estes prìvilejios, alguns dos quaes eram analogos aos concecKdos aos Castelllanos (art. %.\ 5.% 1 1.®, 12.^ e 14.^, pocKam ser revogados, dando-se comtudo tres meses de espaco aos raer* cadores e aos mais para despejarem a terra. Poi tudo conlfirmado pelo bom Duque FiHpe, por carta dada em Gante a 20 defevereiro de 142 1 (e. v.) (1). Poi este Duque o marido da nossa Infanta D. Isabel, e esse eniace con* correria tambem, é provavel, para serem ampliadas as franquias conce- dtdas aos mercadores portuguéses estabekcidos em Bruges. Efectivamen- te, por duas cartas dadas em Bruxellas a 2 de novetnbro de 1438, per- mttiu-se-lhes, por uma, elejerem os seus consules a fim de nSo so conhe- cerem, fulgarem e sentencearem, com apela^fio e agravo para os juizes da terra, em todos os pleitos civeis orijinados entre os da na^ So portuguor Carlos o Temerario, no castello de esdin, a 8 de abrii de 146^; e por Filipell, Rei de Espànha, a 14 de setem- bro de 1 56o (4); mas nSo foram sd os principes que protejeram e auxiliaram o comercio dos Portuguéses em Flandres no XV seculo, tambem a mu- nicipalidade de Brujes interveio eficazmente. i Dea IV. Doc. V. .., Doc. VI. (4) Torre do Tombo, Caia da feUorìa poriuguha em Anktetpki^ caisa IH, perga- minho 21. 343 ARCHIVO HISTOEUCO PORTUGUEZ GoTOu aquella ckiade de privilcjios comimaes que nao so Ihe proporcio- naram ejtfraordinario desenvolvimento cooaerciali mas tambem me garaa- tiram, durante a sua subsistencia, aroplas liberdades. A cidade governava* se por d; oa kos majìstrados ele)ia-os o povo d'entre os seus membros; e o PQVO, a que foi Govemadora dos Paises Baìxos e torna- remos là mais adiante a encontrar, e obrigaramHEi-o a assinar a pftz com a Franai. Tudo iato se passou ainda em 1482. Oois annos depoit Xaximi- lìano intima, com «s armas na mao,os insubmtsso^ Flamengos. a i!^oQhe- cer a sua auioridade paternal e elles> assustados com oa. sew progrf^sos, eutregam-lbe em 148S a tutelia do fìlho e a re^ncia do0 estado^. Suble- vam*ae porem de novo em 1488, em virtudie de varias causaa, aendo a princìpi^ um aumento do valor da moeda decretado por Maximiliano, jé ao tenÀpOfRei dos Romanos e sempre avido de dinheiro. Entact oa Gantenses, aliadoa fa aos de Brujes, vao cercar o Rei a edta- cìdade; no seu proprio pa^o o preodem, e depoia de varios vexames sQltaniMH^ é» tres horas da madrvgitda de i7de maio, acK cabo de tres mesea de prìaSp (l). Na ves- pera Onbaoi-nH) obrigado « assinar um tratado no qual, entre veriaa outras promessas, jurara perdoar e esquecer o passado (2). A maneira comò Maximiltano cumpriu o juramento, na verdade arran- cado é fonja, pode-^e ver nos historiadores; aqui apenas notarei que data d'entao a guerra movida pelo Rei dos Romanos, nao so contra os foros e liberdad^ de todas as cidades flam^ngas, mas muito em especial con* tra Bnijes, cuja ruina conseguiu precipitar. Pouco mais de dois meses de pois de soIto,.ooncedeu Maximiliano^ em nome do filho^ por carta de 3o de junho, aos ^egociantes alemaes, portu- ?;uéses e italianos residentes em Brujes, oJhando às inobédiences et rebel- ions des maiyeuillants de nostre pays de Fiandre^ et principalement des manafils de no^re ville de Bruges^ a faculdadc de fixarem residencia em Antuerpia, garantindo^lhes todos os privilejios, imunìdades e liberdades de q\ie goa^avarp na odjada cidade, e mais todos os outros privilejios^ di- reitos e isen<;6es outorgados aos residentes na outra, sujeitos porem, na prìmeira instancia dos processos cìveìs, às justi^as da terra (3). Nao prò- duziu logo o dcsejado efeito este decreto e, para o contrapesar, acordaram OS da municipalidade de Brujes em conceder, a pedido dos bonrados e dìscretos senhores, Afonso^Martinz, feitor deIRei de Portugal, Joao Este- venz, Lopo Estevenz, JoSo Rodriguez, Este vao Eanes, Vicente Afonso, (i) VArt de vérifier les 4«««5) Xlli, 347 e aeg.; fiist. generale des Provinces UhieSj Paris, iTjSo, V, 9i6 (a) Da Mont, Cotps diphmati&mmf tom^ HI, part II, p. aoi. (8) Doc. XVIIL 344 ARCmVO mSTORICO PORTUGUEZ Afonao Eanes de Palma e outros mercadorea portuguSses, urna ampia carta de priyilejtos aos da na^o de Portugal rcsidentes na cidade (i). Deveria analisar aqui o diploma; tenho porem de largar a cale^, em que ao sereno ch^ito do macho dos raraes segala estrada fora, para to- rnar o automovel que rapidamente me lere ao cabo da Jornada^ sem o que me arrisco a ficar pelo caminho. * Na carta de franquias concedida pela cidade de Brajes nomeiam-se cer- tos mercadores portuguéses, esmiu(;arei a este respeito algumas parti- cularidades; antes porem, a firn de conservar tal qual ordem cronotojica, deixarei apontada urna fondarlo \i estabelecida pelos nossos naanella ci • dade ainda antes da concessfio da cana geral de privilejios. Renro-me à espella da na^lo portugutsa. Por carta de a6 de mar^o de 1410 doaram, o Prìor e fìrades do con- vento de S. Domhìgos de Brujes, aos mercadores dos reinos de PortQgal e Algamte, tanto aos entSo presentes^ corno aos que depois viessem^, para sempre^ a capella de Santa Cruz, situada à esquerda entrando na igreja, para sua sepultura, com excIusSo de qualquer pessoa doutra na<;So a filo ser por expressa autoriza^So delles. óbrigaram* se mais a dar^lhet cape* lao para os oficios divinos e a fielmente guardar as alfaias, vestinientu e mais objectos de ornato da capella; e impuzeram a condì^ao de, no caso dos Portueufecs pretenderem fondar outra capella e detxar està, ó nio poderem tazer sem autoriza^So expressa das adades de LM>oa e Porto aos frades previamente intimada, regressando entSo para eties a doada capella com todas as suas perten^as ^2). Na capella mór desta mesma ìgre]a dos Dominicanod, foi seputtado o Cardeal D. JoSo Afonso da Azambuja, Bispo que bavia stdo de Silves, Cotmbra e Porto, e ao tempo Arcebispo de Lisboa. Vinha die de Rooia, onde fera receber o capélo de cardeal das m&os do Papa, e regressava por Flandres ao seu arcebispado, quando a morte o surpreendeu em Brujes. No epitafio da sua sepultura declarava-se haver elle falecido a it de Janei- ro de 1414 (3), isto é, a 22 de fSheiro de 141 5, porque em Flandres so come^avam entSo o anno no dia de pascoa (4). Vé-se pois estar rigorosa- mente exacta a data da sua morte no livro dos aniversarios da sé de Evo- ra, apesar de se julgar o contrario (5). Coincidencia curiosa: o Cardeal D. Joao Afonso foi morrer a Flandres, A terra d'onde pouco mais de dols seculos antes viera seu ascendente Raulino fundar a vila dà Azambt^a (6). I) Doc. XIX [2) Doc. II. J3) Fiandre el Pori,, eie, p. 1 12. U) L'Art de vérifier les dates^ ed em 8.*, VI» 96, (5) Leitao Ferreira, Catalogo dos Bispos de Coimbra^ p. 134, no voi. IV da Col^ lecgam dos doc. e mem, da Academia^ diz ter tido logar o falecimento a 23. (6) Quando na p. 323 me referi à doa9lo da Azamboja feìta em 1200 ao flamengo Rauhno, esqueceu-me notar que, anteriormente, jà a outros Francos, companheiros e patridós tambem do D. Guilherme que fora Deio aè.Sihifei^ havia fido doado, p«r oarta de Sancho I^ de 28 de maio de 1 199 ^e. v.), um largo trato de terreno entro o Tejo e o Caia, no sino entSo chamado- MontaW da Sor ol pffevoglMiente» depois designado por Ponte de Sor. Cf. J. P. Ribeiro^ Dissertagóes^ V, 333; e Merculano, Hist, de Poriugàl^ II, 95. MARIA BRANDOA S45 Daiitns magoatea portiigiidset encontrd noticits porestM teoipot em Brain. Em abrìl de 1391 pagou o Conde de Flandres certa qoantsa a ima pes- aadoraa pelo reagate de D.Diiib dePortugal, que havì«& aprtaionadt) (1). Era elk o aegundo filbo de Inés de Caatrc», e tinha viudo no tDOO aate- cedente apreseotar*ae na Porto a IX JoSo I, que, depois de o ben aqolher, o nMiodoii para inglatcrra a fina de evitar pottiveìa disturbioa no reioo; o Infante porem arrependeu-se no caminho^ qob regresaar a Porcugal e foi apresado por una pirsiaa bretòes. Exijiram elles pela sua libertario oros- sa quaniia a qoàl D. JoSo I nao uteve disposto a dar (a)» e pelo docu* mento iqf>ontado ficamos agora safaendo haver sido o Ccmde de Fkadres, quem alargou os cordSea à boba. Celebrara-se em 1405 o casamento de D. Beairiz, filha bastarda de D. Joao I, com Tooails, Conde de Arundel, e na comitiva que a acon^a- nhou a Inglaterra, ia seu irmSo o Conde de Barcellos D. Afonso^ a quem, e aos cavakiros do seu seqnito» concedeu Henrique I V« por cartas de 20 de Janeiro e t8 de Jerereiro de 1406, dspensa do pagamento dos iUreìtos devidos pelas fazendas e objectos trazidos a Inglaterra, ale d aoma de cem lìbras (3)» Estea doeiimentos revelam tambem naverem oa Portuguésea des- embarcado em Southampton, tendo provaveimente feìto toda a viajem por mar; no regresso porem passou D. Alonso pc»* Bruges, onde sucedeu com a sua eomitìva um caso caracteristico« Foi elle que, tendo desaparecido da poisada de JA^m Yanis^ chepalier ti mesire cCostd du fil\ hastaerd du rojr de P^rtingaky urna copa de prata e suspeitando da compiicidade no roubo4eum dos mo^os da camara, dveram-n-o toda a noi te preso, en- tregando*o no dia seguinte a um quadritheiro* Deu este parte do sucedido ao Alcalde que se cnrijiu logo i poisada de Joao Eanes a estranhar-lbe a ousadia e, depois de ouvidas as desculpas do cavaleiro, ainda o condenou em sessenta hbras de multa. Elle julgava-se em Portugai. Passou^se o caso entra os dias io de maio e so de sctembro de 1406 (4). Outro fiiho de D. Jofio I, lejitimo e simpatico este, este ve em Brujes. Foi o Infante D. Pedro nos fins do anno de 1425, sendo muito festejado. Demorou-se na cidade até abrii do anno imediato, partindo em sesuida para Gante a avistar-se com 0 bom Duque Filipe, seu futuro cunhaao, e por aquellas partes permaneceu ainda por bastantes méses, escrevendo de là algumas cartas a seu irmao D. Duarte, duas das quaes se conser- vam (5). Pouco mais de tres annos depois, a 6 de dezembro de 1429, chegava ao porto da Esclusa a Infanta D. Isabel, desposada do Duque Filipe de Borgonha. Vinba ella acompanhada de seu irmao o Infante D. Fernando, t) Fiatulre el Po9^*ì cit.« p. 1 1 1. [a) FernSo Lop«f, Cronica de D. JoSo /, part. II, cap. i3a 3) V. àt Sàfìtarem, Quadro elementare XiV, i63 e 166. (4) Fiandre et Port». cit., p. laS.— O Duque 8obrinho do Rei de Portugai com quea se encontrou Jolo Sem Favor em Douai, corno se refere no mesmo Hvro, p. iiSf nSo sei quera fosse, mas nìo pode ter sido o Conde de Barcellos, porque so foi duque de Bragan^a mais de vinte annos depois da morte daquelle Duque de Borgooha. ( 5) Ohveira Martins, 0$ filHos de D. JoSo /, p. 127 e seg. 346 ARCHIVO HISTORIGO POKTUGUEZ de seo 5obrioho o-Conde de Oorem^ do£l8{>o deEvora e doutro» Por- tuguéses, e a 7 de Janeiro, às seis horas da manha (que frio !), realtMra* se o casamento (i). Poi * Diiqueeia Isabd de fiorgonha inclita mulber^ pela ititeli)eada^ bondade e prudeocia, aliadas a estrema forakoaara» De sua yida a virtù- dea largamenti ae ocupam op bistoriadorea^ por iaso.apeoaa me reiedrei a doia docomentoa, pouco ou nada conbeeidoa,. revdadorea coimodo de afectitas qualidades de corano* Leverà a Infanta cooisigo Mot Goa^alvea, sua ama (a)« e por sda mor- te fundou por sua alnaa^ no coareoto de S. Domingas de Bnivea, onde exiatia a capella dosr Portugutaes x .onde Mor Geogalvez foi sepultada^ urna capella com encarpo de certas misaas, A qual vtDCulou bens par« a sua manuten^o* Foi o mstrtioieato da instituifao celebrado cm Brc^es, a 8 de fidalo de 1451 ^3). Osegundo documento é taaahem relatbo a outra institttiffo de capella^ essa porem iundada em Liaboa* . . Doia mndes desgostoa deram i Duqueza as^mortes desastrosas de seua irmfios, D. Fernando^ em 1443^ e D* Pedro^. em . 1449* .Aos filhos deste dispensou ella^ corno é aabido^ eficar pratec^aò; pela idma do ou- tro, do que fdra seu companheiro.na.YÌnda paraFlandcea e tao desolada<* mente se finara no cattvdro, mandou fondar juna miasa penpe ttia^ na ca- pella de Santo Antonio junto à Sé da Usboa, com oficio adrne de deftm* tos no dia 5 de fonilo de cada anno^ anoiTersarìo- do fakcimefitcb Pro* traiu-se a inatitui^fio durante muito tempo, até que, com a iàtertreofao de Afonso V, tomou a Canura Municipal de Lisboa, por escrìtura de ift de noTembro de 1471, o encargo da administra^ao dacapeUa> Dotatarsa a Du« queza com cento e vinte e ouatro mil e duzentos reaes para screm^conver- udos em bens de raiz, o rendimento doa quaes seria aplicadk) A manteau a da fundaf fio, tendo*se jA, ao tempo em que se lavrou a escritora, adquirìdo para aquelle firn, por vinte mil e tantos reaes^ umas casas junto com o chafariz del Rei, freguesia de S. Joao da Pra^a. A Vicenie Gii, merca- dor, morador em Lisboa (4), conatituindo-se eOe fiel depositarlo^ entrtgQU- (1) Rela9So daembaixada mandadaa Portugal para o^casameato da lofanuIXIsa* bel, em Visconde de Santarem, Quadro elementare 111, a$^ (2) Veja-se a seu respeito o artigo do dr. Soasa Viterbo, D. Isahel de Pwtugài^ Duquefa de Botgtmha^ no Arck. hist. port^ IH, 83. (3) Casa da feifria pottuguéta em Antuerpia, caixa lU, perganùaho.n.* a5. (4) Este Vicente Gii mandou D. Joao II em 1477, em certa missao especiai de seo servilo, a oual nos é revelada pelo alvaré de aS de agosto daquelle anno pelo qual i Camara de Lisboa foi ordenado, que desse carta de credito, até à quantta de vinte mil dobras^ ao refendo mercador para as despesas qua pudesae- fatar am FUndres ou ferra do Duque de Borgonha, onde D. Joio II o eaviara persavi servii» (Qv Elemm$m% U 333). A 5 do antecedente Janeiro havia morrido Carlos o Temerario na batalha de Nan- cy, e talvez que o dinbeiro destinasse o monarca portugu^s a acndir aos grandes edD&- ra^os em que se encontrava sua prima Maria de Borgonba, a quem Luis XI d« Franca arrancare ja aquelle ducado e proseguia na espolta^ao dos restanies estadoa. Ella, à data do alvaré, jé estava casada com o Arquiduque Maximiliano, primo com irmfio de D. Joao Ily facto por este certamente ainda entao ignorado. Advertirei que D. Joao II era entSo apenas principe rejente. — Nào sei se o mercador seria o mesmo Vicente CS1« que em 1470 era em Lisboa o recebedor do Tesoureiro mór ("Arch. hist.port^ IV. 43a.) ; é porem certo ser elle o Vicente Gii, nosso feitor,mercador, nx>rador em Lisboa, a q«em em 1467 Juda Abravanel entregou, em Flandres,tres mil coroas. Consta da carta de qui* ta^o dada équelle JudeU| i qual li mais adiante me referìreL IfARIA BSMmOA 347 se 0 restof do dinheire nas segukM» oioedaac diiioitoB'cnif9dte'««fnohèii- tos e vinte e cince reaes, e corno ora valeoi»;» oitettUt e^t^ « Imifia 'Jrnrì^ riqucs tristhoa^ a quadro cèti tos reaes; ense dotanra debaddii^^^jcitvqztiitos reats^ e «aia scssenta rcaes em moeda; kiiportanàb tmlpf omil o^péego das e&saa, na quantta pela Daqoesa atrioutda à sm ifiinii^Jb.^)^' r.. -^ N08 Paises Baixos fìxaram-pse alguto partiiguteca da óoaMÌra'dii^'fai- fanta, sondo oa mais notareis, Vaaco de Lùaeaa, o émdàìQ'jtpidbtBr, àe Quinto Cureio^ estimado pabar sabnt do muttmpa^coanéKìikwiHml^ de la Marche, hbtonadx»* dbnteoipflraiiQOy qitè modeitaneDte'sc iMtnria de nao possuir a dencia, meaima' e n^QDdhneoaodd nundém^t»KBglàé$. O outro era Gristorlo Barroso qoe ioi readc»* de Gar)ai'0'.TciBsnne,« do Imperador Maxìmiliano, sau ^eorò, e de ffilipe.l*rie Gaatrilay e-.^orfé so capitalo precedenta tnt ' ' «^ Devo di?ix&r etU' dois periodo» a bistorta da feiterìade FlaodeaBBlti^- meiro irà desde o segundo quarte! do seculo XV, até ao da9OobniBaito:d0 caneiinho maritinso para a Indie; o segundo pocm^afà nas pinnpk»! dà^ ae- guinte seculo, Quando pela prinoeka vez as nàns pòrtuguéaaa oan^^dea de especiaria fanaearam eoi portosi ftamengos, e terookiarà, para: miJn^iieiiiiai caso restricto, em i53& quando jà, naventede, aeacenttavjijaidetedeiicta do nosao cemeTCto em Plandres. E, caso canosoi^ esla: adivìaiò nfio ose: é aó aconselhada' pela topca dos accmtedinei|ta8,'é^infl impose rpefa .aìmeaedos dòcumentpa^ as cartxa de quita^io concddidas aos.'ieiUirea.pofiaguéstts. Eiectfvan>eote,- durante a* naaior parte, do prioieicò péitodof nareinadd de Afonso V (143S-1481), a norma adótacta na oomposii^ia daqaell^SiiCartaa era- mais ampla^ abraojia tambem 9' espedfiea9fio daaiKrbaa de deapcsa, geralmente mais interessantes que as de receita^ao paaso. cpir apenas eoa- servaram eatas no segundo- periodo, no reinado de D* Mamuèl {L^gbniui). Do reinado de D. Joao II (1481 1495) nao encontrei, tnfelnanente,iMolìuiis dedùoieiN^a daquella especie; iato é: dooumentoa passados durftnt&é ve- (lìDoc. XIV. ' (a) Chromca do/elicissimo Rei dom EmanueL part. IV, ooip. I. (3) Vide #in £. VandeQ Busscbe, Fiandre et Portugal^ 1874; «1* ^ Loms, tei Por- tugais à Atweri mt XV liane Siècle^ 1893; dr. Sousa yiierbo, U, kabei dés Pcrtugal^Du* quella de Borgonha^ 1903, e principalmente em Joaquim de Vascoocellos, ii/ir<9c4^ Diirer e a sua infiuencia na peninsula^ 1877; A pintura poriuguésa nùs seeulosXV.eXVl, 1881 ; Damiào de Gces. Novos estudos^ 1097, etc. 3jfi ARGmVO HBTORICO K>IITUGUEZ fcrkb^pemdò^ pocqae rabofarot a db, hm» expedicbs dqKits, algmn apa* receu^ Todaa ^aproveìtansi^ caoio soiAw. O Minei» firitt)r poitiigaés em Flandrea foi Ptdr'Emea) criado de D. JoBo I^ €pit por alle mandon pagar as cento e cincoenta e anatro mil coroas de quro^ de qiiai«nta e nove ffressos da moeda de Flanarei cada uma^ do dote da Inuma D. babeL. m carta de quita^o dada pelo bom Dttque Wa^jtUk Arris, a i3 de fuabo de 1433, dedara elle ha ver rece- bido Ju^uetta (^antia cpor mao do itiaociD farSo Fedro Eanea, feitor do dhoacnbor m na aotaa vHa de Bra^^(i). Ainda por là esuva a ^5 de dtubm» ^ando maodou tirar trea poblicaa férmas da predicta qoicttgao; nfo ae ooiaklèrava borem ji entSo feitor (Petrus Joeam^ dudum factar) em vinndey nrovawtnnitey de D. JoSo I ser falecido. Teva Peor'Eaocs a aico&ha de Cerra Bodea (a); ara die por tanto aqiielte cMadto de Lisboa, que* por ocasiao doa confliiDs oripnadoa em 143Q sBbre a rejencia do renio, aobni ao pulpito no refdttirio do conven- to . A/onso F, cap. 3& (4) Cix. D. Isabel de Partugal^ p. 97. (5) Ibidem^ p. 88. 3 MARIA BRANDOA 349 verdadeiro, e dar bom conto e recado», a D. Joao I e D. Duarte, f de todo o uè por elles tratou e fez, na dita vìla de Brujes e condado de Flandres, quan- o foi pagado o casamento da Duqueza de Borgonha». Aprovada a conta, foMhe dada quita^ao, em Lisboa, por carta de 23 de junho de 1443 (i). Depois de \& impressa a foiba precedente, procurando nos meus apon- tamentos de cartas de quitagao de D. Joao li mais alguma noticia de re- la^Ses com Flandres, encontrei, deslocada ali, urna memoria muito inte- ressante relativa a Pedr'Eanes. E' o caso, que as uitimas sete folhas, as loi a 107, do livro 25.® da Chancelarìa de D. Joao II pertencem a um dos perdidos livros orijinaes da de D. JoaoL Foram ali parar, certamente, quan- do, em seguida ao terremoto de 1755 que arruinou a Torre do Tombo no castello de Lisboa, o Guarda mór Manuel da Maia, com mais zelo do qué tino, reuniu os espalhados destro^os. Encontrou entao aquellas folhas e vendo diplomas que come^avam pelas palavras cDom Joham», naosó nao reparou para o ditado, cRei de Portugal e do Àlgarve e senhor de Cepta», o de D. Joao I^ pias qem sequer atentou nas datas, algumas clarissimas e todas do temjK) daquelte soberano, e juntou tu do à Chancelarìa de D. Joao IL Ainda assim, justi^a seja feita, foi bem mei ber isso do que se tivesse man- dado deitar fóra as folhas, bem deterioradas em parte. Numa dellas, na io3, encontra-se a cCarta de quitagom de pero anes amoo da Jfante dSna Jsabel que foi despenseiro delRey». Isto diz o su- mario, e a baixo delle, no diploma, declara D. Joao ì que «Pedre Anqes, amo da Ifante minha filha, teve carrego de ser nosso despenseiro pe^a de muito teoopo, e recebeo por nós muytos dinheiros, e ouro, e orata, e pa- nos de laa e de seda e de ouro, e pedras preciosas, e aljofar, e outras onuvtas joyas e cousas desvairadas, que e està nossa carta né som, ne podferìa seer declaradas». De tudo Ihe tomou conta pelas suas declara* (6es, nSo so peU confian^ a que merecia, mas tambem porque muitas ve- zes Ihe mandara D. Joao I fazer algumas coisas, e receber e dar, as quaes nSo queria que ibssem escritas por nenhum escrivao, nem dellas tomada conta por nenhum contador ; viu por tanto elle proprio tudo na sua ca* mara e, encontrando as contas certas, mandou expedir carta de quita^ao, em Lisboa, a 1 1 de oitubro de 1429. Ficamos pois sabendo, que da meninice da Duqueza D. Isabel dataviim as suas rela^oes com Pedr Eanes, que havia sido seu amo. Agora, rejis- tado o interessante facto, reatarei o fio da narrativa. Chegou Pedr'Eanes a Brujes a 3 de abril de 1441 e la permaneceu até Janeiro de 1443, ou melhor, fins de dezembro do anno precedente. Duran- te este tempo recebeu 2878 libras e 6 dinheiros por varias parcellas, qué se podem agrupar da seguinte fórma: £. 8. d. in. £• 8. d. ni« De conta directa da fazenda real: por urna letra de cambio de Jo3o Afonso, cidadfio de Lisboa, criado do Infante D. Henrique . . 40 o o o por emprestimo de JoSo do Alb'arim, Pero Dopa ou do Pao, Jaconie Brandarìl e Luis Reguarte, mer- cadores bru}8ses, centra tadores da fruta. . . 65o 000 a transportar . • . . 690 000 (i) Doc. VII. 35o ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ £• s. d. tn. il. t. d. m. transporte .... 690 000 por venda da grande bombarda com duas camaras 89 5 o o por cambio feito com Guilherme Vemesto, camba- dor de Toraay, com acordo da Duqueza . • . 45o 000 por outro cambio, nas mesmas condt^Òes, feito com Louren^oNobre^florentim, morador em Brujes. 55o 000 pelo excesso de cambio levado em certa transa^So por Cola rte Dante, cambadoremBrujes ... 9 i5 o o por. dinheiros envìados pelos védores da faxenda DioRo Femandex de Almeida e Luis Goncalvec [Malafaia] e por JoSo Vasquez, escrivUo aa sisa dos vinhos em Lisboa 14 14 o o i8o3 14 o o De conta dos senhorios das nius: por Afonso Martinz, senhorio da nàu dos pescado- rea 19 10 o o por Afonso Goa^alvez. mettre da nàu do Conde de Vile Real, pelo Conde, em parte do frete da nàu 15 14 o o por Luis de Deus, mestre da nàu Bretoa de D. Al- varo de Castro, por D. Alvaro 29 o o o por Jof o CSo, mestre da néu Ingresa do dito D. Al» varo e por sua conta 1 14 o o por Afonso Eanes, mestre da nàu de Vasco Gon- ^alvez, do Porto, por a néu 4 10 o o por Lodo Gonfalvez, por a néu de seu irmSo (Vas- co Goncalvez?).^ i5 3 o o por Nicolau EstevSz, mestre do barinel do Duque de Braganca, pelo Duque. ....... aa 14 o o por Rul Alacnado, estante, por Afonso Dominguez, de Vila Real, e parceiros, senhorios da néu Pile- teira 47 14 o o por Nicoléu Oon^ves, mestre da néu Vogada, pe- los senhorios della. ...,•....• la o o o por JoSo de Fìgueiró, mestre do barinel de Aires Gomez da Silva, pelo senhorio 6000 por Joio Sobrinho, mestre da néu Toneira, do Porto, pelos senhorios della la 8 o o 196 7 o e De gente maritima: por JoSo de Ponte, mestre da néu doe pescadores, por si e Dor Gonzalo de Caminha, Afonso do Porto e Alvaro Goncalvez io i5 o o por Afonso Perez, calante ii3oo por Sancho Diaz, piloto • 5i8oo por Alvaro Anes, marìnheiro 400 por Afonso Goncalvez, mestre da néu do Conde de Vila Real a3oo por Luis de Deus, mestre da néu Bretoa, por si e pela companha 6400 por Afonso Eanes, mestre da néu de Vasco Gon^ 9alvez, pela companha 8600 por Afonso Perez, marìnheiro 3 io 5 o por FemSo de Beja, marìnheiro ...... 3 a o o por Nicoléu EstevSz, mestre do barìnel do Duque de Bragan^a t io o 0 por JoSo Mar tioz, marìnheiro. , 6 6 i la por Jo3o Estev&, marìnheiro ai5aia por Gonzalo Martina, marìnheiro 55 o 5aiaao a transportar .... 9o5a i5 a o MARIA BRANDOA 35i (t, %, d« m. M, %• d. ni« transporte .... 2o5a x3 30 De homens de oficio: por Rodrigo Aoes, tonoelro, morador eoi Lisboa .18100 por Joio Afooso, ourivez^ morador no Porto . . 4 5 o o por Alvaro GoQ9alve2, ourivez, morador no Porto. 8600 por Louren^o Gon^alvez, ourìvez, morador no Porto aooo por Rodrigo Anes, ^apateiro, morador no Porto . 4 io 3 o por Alvaro Vasqttez, fapateiro, morador no Porto 3240 39 470 (^ varìos mercadores de Lisboa, Porto, Guìmaries, Bra- ga, Algarve, Ponte de Lima, Leirìa, etc . . . 786 390 Soma total 2878 060 equivalentes, em moeda de Flandres, a 14:390 coroas e 6 dinheiros. Muitas considera^Ses sujere està primeìra parte do extratado docu- mento. Note-se em primeiro logar que, durante pouco mais de anno e meioy catorze navios mercantes portuguéses aparecem em Brujes, afora provavelmente outros que, por nao tereni entrado em rela^oes comerciaes com o Feitor, nao seriam mencionados. Nàus foram doze: a dos pescado- Fes, da qual era senhorio Afonso Martinz e mestre Joao de Ponte; a do 2.* Conde de VilaReal (i434-i/Ì45), D. Fernando de Noronha, Capitao de Ccuta; a Bretoa e a Ingresa de D. Alvaro de Castro, senhor de uascaes e futuro Conde de Monsanto (1460), que morreu na tomada de Arzila em 1471 (urna dellas, no regresso para Portugal, trouxe polvora, bombardas e arnéses de corpo e de pernas para entregar no Almazem de Lisboa); a de Vasco Gon^alvez, do Porto, da qual era mestre Afonso Eanes; a do ir- mSo de Luis Gon^alvez, a qual talvez fosse a precedente, e neste caso seria este Luis Gon<;alyez o Malafaia, védor da fazenda, que era de familia portuense; a Pileteira de Afonso Domin^uez, de Vila Keal, e parceiros, dos quaes parece que era feitor em Bru)es Rui Machado; a Vogada que trouxe para o Almazem de Lisboa urna grande bombarda, della era mes- tre Nicoléu Gon^alvez; a Toneira, do Porto, mestre Joao Sobrinho; a Ca- minheira que na volta para Portugai foi tomada por piratas salegos, per- dendo-se as mercadonas que nella vinham; e a Almadaninna que, mais feliz, a salvamento chegou com a carga a Lisboa. Estas duas parece ^ue nSo eram de particulares, e gastou o Feitor com ellas em reparo de avanas treze libras^ sete soldos e cinco dinheiros. Alem das nàus ainda aparecem dois barineìs: o do Duque de Bragan^a, D. Afonso, que em 1442 foi feito duque e por isso noutro ponto do documento ainda o escrivao o nomeia pelo seu antigo titulo de conde de Barcellos; e o de Aires Gomez da Silva, senhor de Vagos e Rejedor da justi^a da Casa do Civel de Lisboa (1441), que foi companheiro do Infante D. Pedro na batalha da Alfarrobeira e morreu em t454. Por està resenha se ve que nao se pejavam nesses tempos os fidalgos portuguéses da mais elevada plana em mercadejarem; e bem melbor e mais decoroso fdra que tivessem persistido nesta primeira senda, em vez de desatarem a roubar na India. Mercadores portuguéses estantes, isto é, domiciliados em Brujes, reve^ la-nos a carta de quita^ao os nomes dos seguintes: Diogo Afonso, que en- 35a ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ tregou ao Feìtor, por conta de varios, setenta e duas libras e tanto, seria talvez o cozinheiro da Duqueza de Borgonha (os \Cozinheìros em todos os tempos untaram a mao na ma^a) ao qual, estando jà de volta no reino, foi dada, em ii de fevereiro de 1443, carta de escusado dos trìbutos, en- cargos e servidSes do conceiho (i); Luis Vicente, <^ue entregou doze libras ao Feitor por conta doutro; Martim Francisco, seis libras por sua conta; Pero Dinis, cinco libras por conta atheia^ era, provavelmente, o parceiro (o socio) de Martim Leme, nomeado no contrato do monopolio da cortina (1456), comò là muito acima referi; Joao Afonso de Barba, que entregou ao Feitor oito libras em nome doutros; Rui Machado Brujés^ provavel- mente alcunha por assistir en\ Brujes, se é que se nào deverà entender burgués^ por ter alcan^ado carta de cidadao, entregou por varìos trinta e duas libras; e Rodrigo Estevenz, que entregou trinta e quatro. Estes di- nheiros, por estes e outros mercadores entregues ao Feitor, nSo percebo se serìam paga de mercadorias compradas e por elle levadas de cà, se transferencia de fundos para o reino; elle, é certo, aproveitou-se para as suas despesas de todas as quantias recebidas. Alem destes Portugufises, revelam-nos os documentos flamengos a exis* tencia em Flandres, nestes tempos e noutros imediatamente prossimos, de medicos, musicos, bailadores, vendedeiras de laranjas, Ioana a Portuguésa e Margarida, e de quarenta carpinteiros de nàus e calafates (2). Em i43q seis bailadores sob a direcf ao de um portugués, nos pagos de Bruxellas, dfiante do bom Duque Filipe que os mandou gratificar com sete francos, conta realmente bicuda para seis, representaram uns mdmos e em seguida dan- saram les dances de Morisques (3). Dof e baylo de mourìsca mil sentidos fas perder, e là mete hQa tal trisca que é muy ma de guoarecer I (4) Sim, que trisca, que alvoro^o nao levanfiria com efeito a dansa no co- raffio da Duqueza D. Isabel 1 Passaram-lhe entaa pela mente as suaves recordaf6es da familia, por que sempre se mostrou estremosa; mas logo ante seus olhos surjiu. gemendo e chorando em ferros de infieis, a an- gustiada figura daqueìle infeliz e delicado irmao, triste victima de ambi- gSes fraternas, o qual ella tanto amava. Lembraram-lhe depois, entre os nevoeiros e frios do norte, bem diferentes dos de Almeirim, os usos e cus- tumes desta nossa boa terra de céu azul; e nao deixou de Ihe ocorrer tam- bem, junto dos loiros e alvos, mas sempre insubmissos Flamengos, a pia- cidez desta pobre gente de tés morena e cabeleira negra, no seto da qual fora criada, terra e gente nunca por ella esquecidas; e até Ihe veio à me- moria o pa^o de Sintra, onde haviam ficado os cisnes, primeira prenda de (i) Cit. Infanta Z>. Isabd^ p. 98. (a) Sr. Joaquim de VasconcelloS| Alhrecht DUrer^ p. 3 e 4, citando 0$ doc de La borde. Les Ducs de Baur gogne. Ì3) Ibiy ibidem. 4) Cancioneiro geral^ fi. 5y, col. 6.* BIARIA BRANDOA 353 afecto de seu futuro marido(i). Sim, co doce bailo de mourìsca» (2) sauda- des, ora aprazìveis, ora punjentes, que nunca se apagam, mesmo no raeio das maiores grandezas e prosperidades, fez por certo brotar no cora; So da Duqueza • . • Là me ia outra vez embarcando na caleva ; salta ligeiro para o auto- movel e sua perfumada gazolina. Exanoinemos agora a despesa feita pelo Feitor; mas primeiro, quasi fi - cava esquecido! falta ainda mencionar um importante personajem, que por conta alneia entregou a Pedr'Eanes ciuco libras e dezoito soldos. Foi elle meester Filipe Derderque, hospede dos Portuguéses em Brujes, 0 hoste- Iter do documento de 141 1» entendendo-se por hospede, corno entao se entendia, o que dà hospitalidade e nSo o que a recebe; dà, neste caso, é modo de falar. Ainda antes de proseguir, mais uma bem necessaria informa^ao deverà ficar desde jà rejistada; refiro-me ao valor da moeda. A libra de grossos, moeda flamenga de conta, valla, em 1456-65, ciuco coroas flamengas; a coroa, moeda sonante igual a quatro soldos, valla, em 1466, de duzentos e trinta a duzentos e setenta reaes (3), e conservava ainda o mesmo va- lor, pouco mais ou menos, nos fins do primeiro quartel do seculo XVI, quando Damiao de Goes esteve em Flandres, visto elle nos declarar que o soldo de grossos valla sessenta reaes da nossa moeda (4), e por tanto a coroa, quatro soldos, montava em duzentos e quarenta reaes, e a libra, ciuco coroas, em mil e duzentos. A libra correspondia, comò é sabido, a vinte soldos; o soldo, a doze dinheiros; e o dinheiro, a vinte e quatro mi- tas. O grosso tinha o mesmo valor do dinheiro. Vejamos em seguida, recorrendo outra vez à bella obra do sr. Costa Lobo, a redufSo da nossa moeda desses tempos, na de hoje em dia: um real branco, em 1434-38, mual a i5,i2 réis; em 1430-44, a 12,80; em 1445-50, a 11,10; em i45i-5o, a g,8o; em 1457-64, a 7,56; em 1465-72, a 6,74; em 1473-80, a 6,20; em 1481-89, a 5,74; em 1490-95, a 5,67; em 1496- iSiT, a 5,60; e em i5i8-38, a 5,46 (5). Resta-nos ainda ver o poder aquisitivo da moeda d'entao comparado com o da de hoje, e para isso tomarei a buscar informa^ao no mesmo livro, onde o sr. Costa Lobo, confessando ser indagando multo aventurosa, nos apresenta todavia, tirando-a do autor que na sua opiniao melhor estudou a materia, a seguinte tabella: em 1376-1400 o poder aquisitivo da moeda era quatro vezes maior do que hoje ; em 1401-1425, quatro e um quarto; 1426-1450, quatro e meio; i45m5oo, seis; e em i5oi-i525, ciuco (6;, Fa^amos agora, para os quatro periodos em que, segundò as cartas de (i) Se é verdadeiro o facto. Vide emConde de Sabugosa, O Pa^ de Cintroy^ p. 14. (2) Quem quiser formar ideia do apuro e luxo alcan^ados pelo bailo de mourisca no reinado de D. Manuel, veja no Arch. hist, port.^ II, igS, as cinco pajinas em que^ no /n- yentario da guarda-roupa de D, Manuel^ se descrevem as pe^as, algumas riquissimas, destìnadas a tal entretenimento. (3) Sr. Costa Lobo, Hist. da sociedade em Portugal no seculo XF, 1, 420. (4) Chranica de dom Emanuel^ part IV, cap. 20. (3) Obr. cit^ p. 418. (6) Obr. cU., p. 417. 354 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ quita^ao existentes, tivemos feitores em Flandres no reinado de D. Àfon- so y, a redu(ao da naoeda d'entao à de hoje: nos annos de 1441 a 1442, valor do real, 1 2,80 réis, seu poder aquisitivo ìgual a 57,60 réis, e o da libra flamenga, a 69^120 rs.; em 1451, valor do rea! 9,80 réis, seu poder aquisitivo 58,8o rs., e o da libra, 70^560; era 1456 a 1465, valor do real 7,56 réis, seu poder aquisitivo 45,36 rs., e o da libra, 54^482 rs.; e em 1466 a 1471, valor do real 6,74 réis, seu poder aquisitivo 40,44 rs., e 0 da libra, 483^538 rs. (i). Por està conta equivaliam a 198:829^088 réis as 2.878 libras e 6 di- nheiros, que Pedr'Eanes reccbeu durante o tempo que feitorizou em Flan- dres-, vejamos em que as gastou. — Deu £. 8. d. 36i 3 1 1 por compra de 28.458 libras de cobra, 22473,5 entregues a Rui Gon9alves, tesoureiro da Moeda de Lisboa, e 5.984,5 tomadas pelos Galegos na nàu Caminheira ; 334 i3 8 por compra de 1 3.265 libras de polvora, das quaes 10.770 fòram entregues a Gonzalo Afonso, almoxarife do Aimazem de Lisboa, e as 2495 perde* ram-se na dita aàu ; 709 I 5 por compra, custos, carretos e custumes de 12 bombardas com 16 cama- ras, e de 1 34 canoes (canhoes), com 262 camaras (As bombardas, todas entregues no Aimazem, eram, conforme as notas de entrega : 8, de dife- rentes calibres, com duas camaras cada uina ; 2, com tres camaras cada uma ; 1 pequena, sem camara; outra grande, com camara por si; e mais outra multo grande, com sua cerreta ferrada para a levar; eram pois i3 e nao 12. Os canhoes, propriamente, eram 40, com 79 camaras, e foram entregues no Aimazem; trons é a designaqSo dada aos resta ntes, dos ouaes ficaram na mesma casa 41, com 89 camaras^ e para Vasco Jusarte, almo- xarife de Evora, foram remetidos 5o, com 104 camaras, e mais 3 com suas corcnhas e carretas. Juntamente com as bombardas tambem entre* gou no Aimazem um «polim». com seu guindaste,e outro «puHm», tam- bem com guindaste com seus ferros ; nSo declara todavia a verba por aue foram pagos nem o custo. Eram, creio, polés, em flamenco pouÙie, Aparecem muitas polés nas Cartas de quita^ào de D. Manuel^ deciaraa- do-se serem algumas : grandes de duas roldanas, de um olho e uma ro- dova, de varar, de enxarcea (todas no n.* 137), de pàu com duas rolda- nas (442), de cabra (601), etc); 43 8 o por compra de 1004 lan^as de armas, 4 das quaes, entregues na camara real, eram «davantagcm», isto é, de premio, de gratifìca^So, de brìnde; e as restante» foram remetidas ao Almoxarife de Evora, com falta de 12 ferros perdidos no caminho ; 95 o o por compra de 5o arnSses de Tornay, a razSo de i £ e 18 s. cada um (Estes arneses eram de corpo, completos^ com barretas e babeiras,e so 10 che- garam ao Aimazem, porque os mais perderam-se na Caminheira; alem daquelles tambem chegaram à mesma casa mais 5 pares de am€ses de pernas, incluidos provavelmente na verba das despesas miudas) ; 192 7 o por compra de 117 cotas, a razSo de i £ e i3 s. cada uma; perderam-se 60 na dita nàu, 45 entraram no Aimazem, e 12, fabricadas em Nurem- bergue, foram entregues na camara real ; 1735 14 o a transportar (1) Estes calculos sSo um tanto arrìscados, devo notar. Re^lando-nos por elles te* riamos Pedr'Eanes vencendo de ordenado a quantia, talvez exajerada, de cinco contos e quasi duzentos mil réis por anno, visto receber 4 s. e 2 d. por dia, comò le adiante se declara na propria conta. MARIA BRANDOA 35$ t. t. d. 1735 14 o transporte 19 4 o por compra de 48 béstas de garrucha^a 8 s. cada aina,tainbem para o Al-* maxeni; 96 1 1 1 1 por compra de a colares e 1 bracelete de oiro e 2 aneis de oiro com dia- mSes (diamantes), ae seguran9a dello» (premio do seguro), e alem disto mais 24 arcos com suas frechas e la sombreiros de feltro, «que nos en- viou e é Rainha roinha esposa» ; tudo foi entregue na camara real (No* tarei que e Rainha é aqui tratada por esposa, porque apenas estava dea* posada com Afonso V, so se tendo consumaao o matrimonio em 1448. Este era o verdadeiro aentido da palavra esposa, que so se encontraré aplicado às rainhas em casos analogos, porque. consumado o matrimo* DIO, tratava as o rei nos diplomas por sua mulher e so muito moderna** mente se adoptou a erronea e alarobicada expressio de esposa.); 944 pelos cttstumes e custos (trìbutos e direitos) do queiananéu Caminheirai a tal que os Galegos apresaram ; 860 pelos custumes e custos do que foi na nàu Almadaninha e no barinel de Aires Gomex da Silva ; 584 pelo vestido e mantimento do tamborì «e por hfi esquar^om pera elle» (Para que precisarla o tamborileiro de um «esquar^om» que eu suponho ser arcSo? porque, proyavelmen te, o tamborì m era duplo, urna sórte de tim* bales, e podia-se colocar dos dois lados de um especial arcSo de sella. Delles se fabrìcavam em Franca nos seculos XI V e XV. Ct. Viollet*le* Due, Die. du mobiliere v. Tambour.); 17 4 4 por despesas e mantimento de bestas em que foi e mandou alguns homen$ em servilo da feitorìa ; a5 i5 10 por despesas miudas ; 1100 por despesa de seu corpo na passajem da gale em que foÌ : to5 5 o pelo seu mantimento (ordeoado) dos ultimos cinco mSses de 1441 e de todo o anno de 1443, a 4 s. e a d. por dia ; 839 19 1 por encargos geraes das varias transacqSes : £ s. d. pelo emprestimo que os BrujSses Ihe iìzeram sobre o contra- to da truta 63o o 0 pelo que deu aos aobreditos de avenfa ^omissSo) por man- dado da Duquesa, por as despesas que nzeram por causa do refendo contrato 5ooo pela indemnisa^So dada aos mestres de quatro nàus manda* dadas vir de Biscaia, por nSo ter carga para cllas ... 100 o o pelas avarìas das duas néus. a Caminheira e a Almadaninha . 1375 pela quebra da venda do sai, que nao foi vendido corno o pri- meiro ^D*aqui se v§ que o Feitor trouze, ou Ihe mandaram, mercadorias para vender; o que se nSo percebe é comò està verba so aparece na despesa, sem nennuma referencia na receita) la o o pela perda no caimbo que se tomou sobre a prenda (penhor) da Duqueza (as xooo t levantadas em Tornay e em Brujes) 14 1 1 8 ^___^^^__^^^_^^^ soma 839 19 I 2874 la 10 soma total da despesa^ equivalente, em coroas, a . 14.373 coroas e io d. a receita importou em 14.390 » e 6 d. saldo em divida. ... 16 » e 8 d. (i) Do resto do saldo fez o Rejente roercS ao Feitor, depois de abatidos 400 reaea, aprossimadamente coroa e meia, despendidos em Portugal. (1) No doc aparece o saldo, nSo sei por quS, em 16 coroas, 3 quartos de coroa e 8 dinheiroa. 355 ARCHIVD HISTORIGO PORTUGUEZ Claramente nos revela o documento haver o Infante D. Fedro man- dado Pedr'Eanes a Flandres principalmente para se aperceber de arma- mento, amea^ado corno andava pelos Infantes de Aragao, irmaos da mae de Afonso V, de urna invasao no reino com o firn de dar a rejencia i Rainha. Vé-se efectivamente pela conta, que perto de sete mil coroas se gastaram na compra de armas e artelharias, sendo mais oii menos todas as outras despesas derivadas desta, pois que menos de quinhentas coroas se gastaram exclusivamente em objectos de luxo. Mui diversa porem foi a comissSo dada ao primeiro ajente, de que tenho noticia, enviado a Flan- dres por Afonso V depois de ter assumido o governo do reino. Esse ajente foi Joao Rodriguez de Carvalho, escudeiro da guarda real e recebedor da Chancelaria da Córte, o qual esteve em Brujes no anno de 145 1, desde 27 de maio até io de agosto, e do que elle là adquirìu dd noticia a caru de quita^ao que Ihe foi concedida em 14 de julho de 1462 (i). Mesta carta de quita^ao aparece um facto, jà por vezes noutros estu- dos por mim apontado, e que é tao incrivel comò vulgar nos documentos daquella especie : ha um erro de conta, ou pelo menos omissao de quan* tia importante. Declara-se haver Joao Rodriguez recebido em Brujes de micé Carlos, genovés, estante na dita vila, 418 £, 6 s. e 7 d., e ter des- pendido 404 £ e 3 s., cpor compra destas cousas a juso (a baixo) escritas»; enumera a seguir as diferentes verbas das compras, as quaes aomam na realidade 614 £ e 3 s.; a està quantia acrescenta mais, doutras despesas, 9 £, 3 s. e 7 d. e declara que tudo importou nas 413 £, 6 s. e 7 d. da receita, n§o tendo ficado saldo. Ora, na verdade, a totalidade das despe- sas montou a 623 £, 6 s. e 7 d., tendo havido por tanto omissao na receita de 210 £, que talvcz se nao assentassem por as ter levado de ce, o que poderia explicar a omissao, mas nao desculpar o erro de soma^ que con- tinua subsistindo. Deixemos porem este ponto, na realidade secundario, e vejamos em que se despendeu o dinheiro. — Deu : £. s. d. 38 6 8 por compra de 200 lombos de martas zebelinas ; 75 o o por compra de 2000 lombos de martas cumuns ; 711 o por 16 tecidos de seda para mulheres ; IO i3 o por 16 gomimentos (guarnimentos, guamifSes) de prata, doirados, que pe- saram 6 marcos e 1 on^a, para os ditos teciaos ; 80 18 2 por 5 panos de ras de armar, que foi buscar a Tomajr e a Lila (um conto cento e quarenta mil réis de hoje, cada um) ; 1020 por 1 1 bancaes de ras ; 72 2 9 por IO pe^as de pano de Lila, em que foram achados 291 covados ; 400 por 4 pe^as de bocasis ; 3o i5 4 por ò pe^as de len^o de «olom», em que foi achado 211 covados e meio (Olam era tecido diverso da olanda. Nas Cartas de quitafao de D. Ma- noel aparecem ambos, e até, para prova de ser coisa diversa, na 565 18-se : «5.148 varas, 7 dozavos de olanda; e 18 covados e sesma de olam»; advertirei comtudo, que nos referidos doc. se nSo encontra lengo de olam e so len^o de olanda. O nome de qualquer delles provinha, é darò, do pafs onde se fabrìcava, a Holanda); 335 811 a transportar (1) Doc. vm. MARIA BRANDOA Ì5y 333 8 li transporte ao i6 8 por 8 pe^as de lenfo frances, em que foi achadò 317 varas, duas ter^as ; 840 por 8 pe^as de sarjas (le adiante direi o que era) ; 5 8 o por 36 grosas de fòlha de pintar cirios (aiada noje nos cirios pascoaes se vSem uns oraatos de delgada foiba de cores vivas) ; Il o o por 13 baùtos (hahuts^ baùs) guamidos de todo ; 460 por 6 sellas guamidas de todo pera os ditos baùtos (eram ama especie de albardas com correias para se^urarem uini>aù de cada lado, e ainda ficar espa90 em cima para o mo^o ir sentado^ com o pescoso da cavalgadura entre as pemas) ; 7 3 por um matalote guamido de fechaduras e cbaves, em que vieram as mar- tas (V8-se pois que matalote nio era so a tampa abaùlada de ceru caìxa, comò 8up5e Bluteau no Vocabulario^ seguindo a Fr. Luis de Sousa na Historia de 5. Domingos; era a caixa toda onde se guardava a matalo- tajem.) ; la 6 por So alnas de canava^o (canana^o, canavai^o e canbama90, nas Cartas de quUacSo de D. Manuel)^ em que foi acbado 3o varas, contando 3 varas por 5 alnas (anas e aunas, nas referidas Cartas) ; 8 por urna rondella (vasilha: «de polvora bonze quintaes e bua arroba e meia em seis barris e seis Rondclas», Doc. VII ; «por dez Rodelas de alca- tram», Doc. XIII) ; 1 o por urna manda de verga, em que vieram as sellas («La manda était une sorte de panier couvert, rond ou ovale^ étroit dans le fond, et qui allait toujours en s'élargissant jusqu'à son orifice, lequel était clos par un cou- verde également d'osier.» Havard, Die. de rameublemenQ; Todos OS precedentes objectos entregou a Alvaro Fernandez de Mon- terroio, fidalgo da casa de Afonso V e recebedor do seu tesouro, para des* pesa do seu oficio. 101 a o por um cofre guarnido de todo, que entregou no guarda-roupa del Rei ; 21 5 o por 100 duzias de purgaminbos respan^ados «que entregou a Gomes Eanes de Azuraia (Azurara), nosso crìado, comendador de Alcaiz(Alcains), autor dos feytos notavees de nossos Regnos, pera os teer em guarda na nossa lyvrarya que està em a cydade de Lixboa, de que eli tem cargo» ; 104 II o por 5 18 varas de justas, das quaes entregou 492 a Vasco Anes da Costa^ nosso armador (é o Córte Real), para despesa de seu oficio, e as 26 va- ras foram-lhe tomadas pelo patrìU) da carraca em que viera de Flandres (eram bastes de lan^as de tomeio, sem os ferros, talvez); 6 i5 7 por despesas miudas, convem a saber: A. s. d. do cerreto das cousas que comprou, a quem as levou à casa onde poisava 10 dos custumes «da cbarua e do adom» e por levarem todas as cousas que comprou até à nàu 14 9 a quem liou c^uatro fardos a o a quem corre|eu os baùtos, e em custo de esteiras e cordas para correjimento delles e de um matalote e urna manda. 8 8 do custume (direitos) de Brujes de todalas martas, panos de ar- mar, bancaes^ lenfo, pergaminho, foiba, sellas, bocassìs, que tudo foi avaliado em 3oi £., a razio de 4 grossos por libra. 5 o 4 do custume dos panos de Lila e varas de justa 4 com um homcm e duas bestas quando foi a Tornay e a Lila, onde andou tres dias em busca dos panos de armar. . • 80 6 i5 7 a 8 o pelo seu mantimento de um mes, que se come^ou a 10 de julho e se aca- bou a IO de agosto de 1431, que mais esteve em Flandres, alem de um mes e meio que Ihe desembargémos de seu mantimento para sua es- tada là. 6a3 6 7 soma total das despesas, equivalente, em coroas, a 3. 11 6 coroas, a soldos 358 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ e 7 dinheiros, uns 780:000 reaes, com o valor aquisttivo correspoadente, pouco mais ou menos, a 43.9804)^000 réis de hoje. A verba dos pergaminhos, na qual Àzurara aparece nomeado, é multo interessante. Nao so confìrma a suposi^ao de haver elle, ainda durante a efectividade do servilo de Fernao Lopez a quem so substituiu em 1454, tido cargo da livraria real e da conaposi^ao das cronicas; mas ainda, mos- trando que em 1462 era comendador de Alcains, freguesia do conceiho de Castello Branco, vem destruir o jà de si fraco argumento, daquelles que queriam transportar a naturalidade de Comes Eanes, de Azurara do Mi- nho para Azurara da Beira, fundados na suposi^ao delle haver possuido bens proprios nesta provincia, dos quaes as rendas eram em 1454 cobra- das por procuradores. As taes rendas pertenciam à sua comenda. Segue se ao regresso de Joao Rodriguez um periodo de seis annos àcer- ca do qual nao encontrei noticias, sabendo unicanoente que, em parte delle ou em todo, foi feitor em Flandres Martim Conf alvez, porque na carta de quita^ao que Ihe deram, a que jà me vou referir, se declara haver-lhe sido tomada a conta precedente no anno de 1455. Era Martim Con^ alvez escudeiro del Rei, e da segunda vez que o en- viaram a Flandres (i) feitorizou oito annos, desde 6 de oitubro de 1466 até algum dos ultimos méses do anno de 1465, no qual se Ihe deu quita9ao por carta de 17 de dezembro, estando elle ainda là, provavelmente para liqui* dar^as contas(2). ^v.> Aquelle documento, cheio de circumlocu(6es e repeti(;6es» é extenso, mas multo pouco interessante. Apenas declara haver o Feitor recebido «por mercadorias e dinheiros, assim por cambios, comò por contratos, 1 1.225 £, 7 s., 5 d., I mita, por muitas partes e desvairadas maneiras,... contando nesta receita 3i £, o d., 18 m., em que. . . nos ficou devedor o anno de 145S, quando nos deu a outra conta,. . . e despendeu 11.340 £, 6 s., 9 d., I m.» Reduz a seguir tudo a coroas, errando nas frac^oes, tan- to a conta da receita, corno a da despesa, mas apresentando-nos, coisa curiosa, o saldo certo. Era elle de 574 coroas e ciuco sextos a favor do Feitor, a quem foi dado um alvarà para se pagar por quaesquer merca- dorias e dinheiros que tiver recebidos ou receber da fazenda real, ou por qualquer outra maneìra que haver possa, assim em Flandres, comò em outras partes. Ficou por là, é evidente, mas nao seria jà com o cargo de feitor, porque logo no anno seguinte com elle aparece Joao Estevenz ; ficou, e bem se compreende, liquidando os negocios da feitorìa. E eis aqui tudo quanto se apura desta carta de quita(;So; encontrei porem, relativos a factos passados durante a gerencia de Martim Concalvez, dois outros do- cumentos e vou aproveital-os. O primeiro é um alvarà feito em Evora a sS de fevereiro de I45q, pelo qual Afonso V pretende acudir ao prejuiso padecido pela- bolsa óo (1) Digo da segunda vez, porque é evidente haver Martini Gon<^alvez estado fora do lo^r, provavelmente no reino, pelo menos desJe fins de 1455, em que Ihe tomaram a pnmeira conta, até és proximidades de 6 de oitubro de i436, principio da sua respon- sabilidade na segunda conta. (a) Doc. 50. MARIA BRANDOA SSg comercio da na^So portuguésa em Flandres, em resultado dalguns merca- dores estranjeiros, que carregavam mercadorias do reino em nàus e navios portuguéses, irem pagar sómente à bolsa da sua na^ao e nada darem na nossa. Invoca urna sentenza publicada ultimamente em Brujes, em virtude da qual certos mercadores genovéses, castelhanos e lombardos haviam sido obrigados a pagar na bolsa dos de Biscaia, por de là set a ndu em que transportaram as mercadorias de que queriam i>a^ar na bolsa das suas na^des ; e determina que d'ali évante todo o estranjeiro, que carregar mer- cadorias em nario ponugués para Brujes, pague na bolsa da na^ao portu^ guésa a percentajem custumada. Para o conseguir proibe expressamente aos tabeliaes do reino, que fizerem cartas de fretamento, e aos mestres e senhorios das ndus e navios, que nao fa^am fretamento nem recebam carga de estranjeiro, salvo com a condi^ao de pagarem na bolsa da nossa na^So, sob pena dos tabeliSes serem privados dos ofìcios, os mestres perderem as calqas e os senhorios pagarem cincoenta coroas para a capella da na* fSo (i). NSo sei se por muito tempo se obteria o apetecido resultado, apesar da amea^a da perda das cal^as, mas em i5i2 e annos seguintes jà D. Manuel se via obrigado a enerjicamente insistir de novo no cumpri- mento desta determina^ao. O outro documento, muito interessante por sinal, é a carta de quita- 9ao dada em Santarem, a 27 de mar^o de 1466, a Marcos Lemolym (Lo* melino), aquelle genovés a quem vimos (p. 827) D. Afonso V conceder o monopolio da cortina por carta de 21 de )unho de 14S6, exactamente nos mesmos termos, em que, oito dias antes, o dera ao brujés Martim Le- me (2), caso obscuro, agora porem um tanto esclarecido. Marcos Lome- lino nao tomou sósinho o monopolio; dividiu o capital em vinte quinhSes, dos quaes deu cinco a Domenego Ezcoto (Domenico Scotto)^ genovés, e quatro a Joao Gidete ou Guidete (talvez Guidotti), florentim (B) ; parece porem ter Martim Leme tomado a parte do Scotto, visto nao existir ne- nhuma referencia a este na carta de quita<;ao e declarar-se nella que os dinheiros do seu ter^o no contrato que Afonso V a mais tem de haver de Joao Guidete e de Martim Leme, os mandare delles receber. Adverti- rei ainda que pelas contas da carta de quitagSo se depreende, haver o Guidete passado a ter cinco quinhdes, ficando o Leme apenas com qua- tro. Desde o comedo do monopolio, julho de 1456» até maio de 1466, com- praram os contratadores 6i.i38 duzias (4) de cortina, das quaes expedi- ram 28.378 para Flandrcs onde so chegaram 21.438, tendo-se perdido no mar 6.940 ; nao foi porem so oste o prejuizo, porque em quebra^e furtos, (1) Doc. X. (a) Ambos os doc., corno jà ficou dito, transcreveu o dr. Scusa Viterbo no Areh hist port,^ II, p. 46 e 3o. (3) A'cerca destes italianos vide a obra do sr. Prospero Peragallo, Cenm intorno alla eolonta italiana in Portogallo n»' seco/i X/F, XK e XF/, Genova,"! 1907, passim. (A Nao sei ()uc especie de unidade de medida sena està ; para ser urna duzia da pranclias de cortina, aquellas varìam tanto no tamanho e està na espessura, que dìfìcil- mente se concebe poderem servir de padi^o. Adtnitir que a prancha de cortiqa saia de Lisboa aparelhada, parece-me arriscado. 36o ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ tanto em Portugal, corno esn Flandres, mais a 5. 548 duzias desaparece- ram. Isto é, abstraindo de 220 duzias vendidas ecn Lisboa e doutras 7.000 ainda aqui retidas à espera de transporte para Fiandres, apenas 21.438 li chegaram a salvamento, tendo-se perdido 32488, mais de sessenta por cento. Precario negocio seria este, se para explicar taes continjencias nao aparecesse aquella clausula, pelo ingenuo Alonso V consignada no con- trato, de se dar inteira fé e cren^a i escrituraf ao comercial dos mercado- res, para della se tirar a conta liquida dos lucros da qual se havia de ex- trair o ter^o à fazenda real pertencente. Se estou levantando urna falsa insinua^ So, a memoria dos contratadores ma perdoe. A cortina era, pode-se dizer, destinada toda para Flandres, onde a aproveitavam nao so em rolhas, mas tambem nas boias dos aparelhos de pesca. Là foi vendida, a que là chegou, por 896 £, 5 s., 6 d., no valor de 4.481 coroas, 2 s. (sic) e 6 d. de grossos, quantia que montou, oscilando OS cambios de 23o até 270 reaes, em 1.044:243 reaes. Foi por tanto, em media, o pre^o da duzia de cortina 48,7 reaes, que em dinheiro de hoje equivalem aprossimadamente a 2:100 réis. Daquella soma abateram-se 602:190 reaes de compra, fretes e outras despesas, mais de sessenta por cento, ficando um saldo liquido de 382:o53 reaes, ao qual se haviam de acresccntar 7:902 da venda de 220 duzias em Lisboa (muito^mais baratas, na mèdia de 56,3), ficando, arredondada a conta, em i3o:ooo reaes o ter^o pertencente a Afonso V. Nao ficou ainda assim por aqui o tal ten;o« Os contratadores haviam dado a Afonso V uma ópa comprada por 60 co- roas, tiradas do ganho da cortina, mas meteram-lhas em conta, de maneira a pagar elle um ter^o do presente que Ihe davam ; reflectiram porem me- Ihor no caso, e os 6:400 reaes correspondentes, ao cambio de 270, às 20 coroas do tal ter^o, acrescentaram ao resto, elevando a percentajem de- Vida a fazenda real a i35;4oo reaes. Destes pagou Marcos Lomelino 74:470, e Joao Guidete e Martim Leme ficaram devedores, cada^ um respectiva- mente, de 33:85o e 27:080 (i). (1) Chaneelaria de D, Afonso V, liv. 38.*, fl. 5q y. e 6a.-— O doc. é tao interessante que nao resisto a extractal-o, seguindo a fórma j6 por mim adoptada nas Cari^ de quitacdo de D. Manuel, D. Afonso, etc. A quantos està carta de quita^So virem, fazemos saber, que nós mandémos tornar conta a Marco Lemolym, jenoés, mercador, estante na nossa ci- dade de Lixboa, nosso servidor, do trauto da cortina, que com elle e com outros man- dàmos firmar; da qual cortina a nós pertence o ter^o do ganho em salvo, corno no dito trauto he contheudo. E per bem da dita conta foy achado, que sam compradas, des o comedo do dito trauto atà 16 dias de mayo desta era, 6i.i38 duzias de cortina, das quaes foram carregadas pera Frandes 28.378 duzias; e destas foram là 21.438 du- zias, e perderam-se no mar 6940 duzias. E as 21.438 duzias, que foram em Frandes, fo- ram vendidas a 896 livras, 5 soldos e 6 dinheiros de grossos, em salvo, que vallem 41481 coroas e a soldos e 6 dinheiros; [que] contados per desvayrados pre^os, de 23o reaes atà 270 rs., monta 1.044:243 rs.« dos quaes se despenderom, na compra da dita cortina, fretes e outros custos, que sobre eAa fezerom, 662:190 rs.; e assi ficarom em salvo 382:o53 rs. E foram vendidas em Lixboa 220 duzias por 7:992 rs., em salvo. E ouve de quebra da dita cortina, assy nestes regnos, comò em Frandes, e furtos, 25.548 duzias; e assi ficam 7.000 duzias em Lixboa, pagadas de todos custos, as quaes ham de carregar pera Frandes, pera nós avermos o ter^o daquello por que forem vendidas, em salvo. C juntando os ditos 382:o53 rs., que fìcarom em salvo da cortina que foy vendida em MARIA BRANDOA > 96t Pennànecia ainda em Flandres o feitor Martim Goncalvez nos firn do anno de 1465 ; no seguinte porem jà là se encontrava desempenhando o cargo Joao Estevenz. Kevelam os documentos a estada em Flandres de dois homens do mesmo nome : um, trinta annos mais cedo, no séquitò da Infanta D. Isa- bel ; o outro, vinte annos mais tarde, com casa comercìal em Brujes. Ao primeiro, declarando-se haver sido saauìteiro da Duqueza de Borgonha^ ibi confirmada, por carta de 22 de juntio de 1439, uma ten^a de cem mil libras assentada no almoxarifado de Santarem (i) ; aquellas libras, enten- Frandes, com os 7:991 rs. da dita cortina vendida em Lisboa, sam per todos 390:000 rs., de quo monta o nosso ter^o i3o:ooo rs., e mais 5:400 em pre^o de 20 coroas, a 270 rs. pe<^a, que Ihe moota de pagar aos sobreditos Marco e parceiros, que nos contavom que aviamos de pagar do ter^o de 60 coroas, oue custou huua oopa de que nos fezerom servilo, que diziam que compraram do ganno da dita cortina ; e despois foy acordado 3 uè as nom pagassemos. E assi monta ao todo, no nosso ter^o do gaanho, 1 35:400 rs., OS quaes pertencem a Joham Gidete, mercador frolentim, estante na dita cìdade, por buG <)uinto que tem no dito trauto, 33:85o rs. ; e a elle Marco, por 1 1 vintaos que tem no dito trauto, 74:470 rs., os quaes os pagou per està euisa, a saber: i6:5oo rs. per 75 dobras de banda, a 23o rs., porque deu por nosso manoado a dom Fernando, Conde de Guimaries, nosso sobrinho, dos quaes tiinha huG nosso alvaré que foy quebrado pre* sente nós; e 4:3óo rs. que pagou a Joham dAlboquerque de sua moradia dos meses de Janeiro e fevereiro, mar^o do anno de 61, a 1:400 por mes, per bufi alvarà que tiinha, asiinado por Joham Vaaz dAlmadaa sendo yédor de nossa casa, o qual hia pera Alvaro Femandez, nosso thesoureiro, oue Ihos pagasse, e o dito Alvaro Femandez escpreveo, nas costas do dito alvaré, ao aito Marco que pagasse o dito dinheiro e Ihos pagana despois, e porque Ihos nom pagou, Ihos mandou descontar da dita divida^.e mandamoa quebrar o dito alvaré perante nós; e 34:000 de huG caymbo que nos fez de 100 duca- dos pera Jenoa, a 340 rs. ducado, os auaes roandémos dar desmolla aos frades do moesteiro de Sam Franxisquo em Jerosallem, per le tra que per nosso mandado deu o dito Marco ao cardiam do dito moesteiro, que era em nossa corte ; e 10:000 rs. que delle ouvemos davantajem do trauto dos 740 ducados nossos, que Ihouveram de seer entregues em Jenoa, da venda da nossa naao e o nom foram , dos quaes tiinha huG nosso alvaré que perante nós foy quebrado; e 880 rs. que nos disse, que Ihe fìcarom por pagar de quatro covodos de veludo roso, que per nosso mandado deu a dona Isa* Del, filna do Conde dAbranches, do qual pano tiinha bufi nosso alvaré que perante nos foy quebrado : e 1 5o rs. em que foram avalliados tres paoos que foram tomados em Cepta a Pero Fernandez, mestre da sua naoo, per Gii de Brito, veedor da nossa artelha- ria, segundo dello fomos certo per huQ alvaré do dito Gii de fìrito, o qual foy quebrado perante nós ; e os 8:690 rs. pera comprimento de pago, Ihe mandémos descontar dos 96:635 rs. em que Ihe eramos devedor ae certoa panos de seda, que per Alvaro Fernan- dez, nosso thesoureiro, pera nós foram comprados nos annos de 60 e 62, e nom Ihe fo- ram pagados, segundo somos certo per huù alvaré de Fedro Al varez, contador de nossa cassa, que tomou a conta ao dito Alvaro Fernandez, pello qual nos certifìcou que Ihe eram devidos os ditos 96:635 rs. e que o dito Alvaro Femandez recebeo o dito pano e era posto sobre elle em rec#pta. E quanto aos 87:043 rs., que Ihe ainda fìcam por pa- gar dos ditos panos de seda, nós Ihe mandémos dar nossa carta per que Ihe foram pa- gos em Gii Eanes, recebedor que ora he do nosso thesoureiro moor, per aquello que rendesse a nossa sisa das herdades e panos de linho da dita cidade o anno presente de 66. £ porque somos bem pago do dito Marco. . . o damos por quite e Itvre. . . E ouanto he aos dinneiros que mais avemos daver do dito nosso ter^o pellos ditos Joham Gidete e BAartim Leme, nós os mandaremos delles recadar, por quanto o dito Marco nom he obrigado a elles, salvo de nos dar recado das ditas 7.000 duzias de cortica, em està qui- taf om contheudas , que estam em Lisboa e se ham de carregar pera Frandes, de que nós avemos daver o terco daquello por que forem vendidas em salvo. Dada em Santa- rem, 27 dias de mar^o, Joham Carreiro a fez, anno de 1466. (i) Dr. Souaa Viterbo, D. Isabei de Portugal, obr. cit., p. 98, H 36% ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ da*se, eram das portoguSsas e as cem mil pouco mais valeriam de doi : mil oitocentos e cincoenta reaes branco», nao se ve supor, pelas contas acima, que o homem fosse nenhum Creso. O segundo era mercador por- tugués, estante em Brujes em 1493, e dos oiais considerados desse tem- po (i). Se algum delles foi o feitor, deveria ter sido este, porque na carta de quita^ao que Ihe deram, é tratado por cno^o servidore, formula por 3 uè geralmente eram designados, nos diplomas de Afonso V, os merca- ores ricos com quem elle tinha negocios. E nSo so por iato, mas porque do documento se percebe que Jofio Estevenz nao foi propriamente, corno OS seus antecessores, um ajente mandado de cà, mas um mercador de confian^a là residente e cujos servicos se aproveitaram, encarregando-o de feitorizar por conta do soberano; e tanto isto é assim, e tanto nao era caso estranho, que durante o tempo em que se acha ter elle ddo a seu cargo a feitoria de Flandres, outro feitor là nos aparece, Vìcente Gii, tam- bem mercador. Serviu JoSo Estevenz de feitor em Flandres durante um praao que nao é claramente designado, outra prova delle nSo haver sido... comò direi? — feitor oficìal, suponhamos. reitorizava nos annos de 1466 e 1469, em que vendeu vinho mandado de cà; no de 14^0, em que enviou de là mui- tas fazendas ; e no de 147 1, em que se Ihe passou, a 19 de fevereiro, carta de quita^So (2) na qual se declara, que ainda cnos fìcava devedor,. . . de que aitida darà conta a quem nós mandarmos, por cento e quinze libras, etc.» Examinemos porem a conta por elle prestada, e tudo mais claro nos ficarà. — Recebeu : £ s. d. m. por dinheiro pago em Brujes, em libras de grossos da moeda de Flandres, por Juda Abravanel, mestre Latam e Guedelha Pala- 9aao, de trautos feitos com a fazenda real 1000 000 por Tenda de 11 toneia de vinho enviados em 1466 porLopo de Vei- ros, contador 14 6 9 18 por venda de 6 toneis de vinho, dos i3 para là mandados por Paio Rodrìffuez, contador mór, havendo os restantes 7 sido recebidos por Alvaro Dinis io s 6 21 V4 por dinheiro entregue por Vìcente Gii para cooipra da malha . • 10 o o o pelo que sobejou de certo mamimento que o Duque de Borgonha mandou dar ànàu Despenseira, por o tempo que a leve arrestada. 1 i 3 o soma io35 io 7 i5 */^ 4 Os tres Judeus que entregaram as mil libras eram dos predilectos.de Àfonso V e Joao II, daquelles com que mais negocios faziam. O mestre Latam, talvez fisico, ainda em 1480 deu trinca mil reaes ao Almoxarife dos pa^os de Lisboa para obras nos mesmos (3); Guedelha Palavano encontra-se repetidas vezes mencìonado, eniprestando e angariando di* nheiros, na notavel carta de quita<;So dada ao Kecebedor mór dos sessenta milhSes outorgados em 1478 pelos povos, para as despesas da guerra de (I) Doc. XIX. » Doc. XIII. 3) Carias de qtdta^o de D. Manud^ n.« 335, no Àrek. hist pmrL^ IH. 3i3. \ { MARIA BRANDOA 36» Castelte (i), e a seus herdeiros foi dada em 1497 ^^^^ ^^ quita^So dos snoos de 147& a 1479, em que elle fora tratador das moradias (2) ; e, final- mente, Juda Abravanel, que nos annos de 1446 a 1449 tambem havia sido pagador das moradias, recebendo carta de quìta^So em io de junho de 1453(3), era da bem conhecida familia judia do seu apeUdo e aparecc em 1467, no tempo em que Joao Estevenz aiada servia de feitor, pagando em Brujes, por ordem deAfonso V, tres mi] coroas a Vicente Ch), «nosso feitor, mercador, morador"em Lisboa» (4). Era este Vicente Gii o mesmo que acima vimos entregar dez libras a Joao Estevenzj o que ìà mais atràz nos apareceu recebendo, em 1471, em deposito, o diaheiro pela Daquesa D. Isabel deatinado é nindacSo da capella em Santo Antonio de Lisboa; e o que, em 1477, foi enviado por D. Joao II, durante a ausencia do pai em franca, em missao especial junto de Maria de Borgonha. Examinemos agora as despesas feìtas por Joao Estevenz, com os di- nheiros recebidos. — Deu: por dois livros missaes 10 4 o o por Mm livro (tranda da eitaote 844 & o Por dua» armaduru de malha coca babeira », « o • por quatro gorjaes de malha •.. kSo* por urna coia a« prata malha (5) » k> o o por urna cola de inalba radonda S o a o por malba do laifio para a bordadura, da cota redondat é pro«avel . . 11 o o por (imoa e dcspeaai miudas, talvez dos precedentei obìactoa ... 10 o por um lirro de bora* de Santa Maria , 3400 por ordem de Afonso V a Jo5o de Albuquerque, da capilania da nàu ao o o o por ordem do meiaio a Lui* Mariinz para dar aoo coroaa a Marum Gon^alvez (o quo fora feitor /) e loo a Rui de Mello 60 o o o peloqueeniregou a Pero da AJca^ova, o mo;o, porteiro da camaro, KB paftatnenio do aoldo doi homena de armai que em k odu speoseira (òram it6 18 8 o por urna cama de rds, céu, testeira, cubricama e costaneìra, e cor- redi^as de tafeti (6) 43 i5 » o I « trsmponar S84 19 (1) Arch. hist. pori, IV, 4*3. \2) CU. Canas^n." 3.7, Ibi, HI, i56. ) CìL Arch., IH, , J Dom Afonso. . . a quantos està carta viren por quite e lirre deste dia pera todo sempre Vuda dor etn està cidade, e todos seus be?s e parceyros ( soldos a coroa. que ros era obrigado de dar em Fra dot tngreses, que Ihe nrrenddinos por as ditai 3.oo( 467 e pera os segnintes de 68 e 69, as quaes 3.ooo 1 em Frandes a Vicente Giii, nosso feitor, mercador, era obrigado, segundo dello mais compridamente f e coniìsstim do dito Vicente Gill, os quaaes forom roios peranfe nós. E porem manda- mos. . . qoenoin constreogam o dito Vqda Abravanell, nem seua jarctyto% e fiaderes, por as ditas 3. 000 coroas, por quanto dellas fomos paguo, conio dito he, e o damoi por quite e livre... Dada eoi... Lisboa, a io de aeterobro, DiogoLopeaa fM, anno <1» 1467. — Liv. 4.* da Estremadvra, fi. ai? v, (5) NSo entendo bem. Para a malba ser de prata, Tudo se opSe, até o casto. Lcm- bra-me, mas talvez seja um pouco arriscada a interpreta ;3o, que a tal cota de prata ■Mlha lotse um kamois de pìùies, «corpo de solbas», corno se Ihe chama US i4»3 no ÌDTcntario do dr. Marlim do 5em (BrasSes dt Cintra, li, 143). (0) E' dificii, pela maneìra corno a verba esU escrtta, dJasutiguir o que wa de rét 364 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUE2 il s. d. m. transporte 384 19 4 o por duas guarda*p.orta$ de rés, de figuras 4100 por dois panos de rés de armar i3 18 i is por catorze pe^as de sarjas (i) if 18 o o por feitio e custos de tres emparamentos (1) que se dellas fixeram . . 1100 por urna colcha a 10 4 o pelo que pa^ou de custumes e custos destas coisas compradas ... i 5 7 o por seis coxins de ris 1700 por seis timbres (3) de martas pera forramentos • . . . . . . 681)413 por trinta e dois covados de condado altonado (4) 1 3 8 o por 556 libraSf de peso, de fio de latSo, com seu custume » custos. • 9820 por tres barrìs de folhas de ferro brancas (3) 7900 por seis barrìs de barbante 7 17 o o a transportar 428 11 7 o do que ert de tafetiL entretanto parece*me que desta fazenda so serìam as corredi^is. Nas Cartai de qmiacao de D. Manuel^ aleni de leitos de Flandres, com seus paramentos, traTesseiroa e almotadas (i6a), encontra-se : paramento para letto, todo inteiro, de da- masco carmesim, com seu cubertor e pano para derredor, com suas franfas de retrós e oiro e suas fitas- tecidas de oiro pelo roeio, o cubertor forrado de tafeiA verde (a68); leito de péu, com céu, costaneira e corredi^as de tafetà (5s;; emparamentos de cama de rés, tafetà e sana (425); paramentos de cama de seda e doutras sortes (563]; testeira de cama de ras (423 e 525); cubrecamas de rés f 52 e 565)^ costanetras com oiro, ncas(565)f de ris (52); céus de figuras para camas (56i); guami^Ses de fitas e linhas para o céu do leito (208); corredÌ9as de sarja vermelha (425), de tafeté (26S), de pano de linho para o leito doa pobres do hospital de Beja (3o9); escudo bordado de prata e oiro para se por em um leito (268); seis pàus lavrados para ter a roupa do leito, com seis ferroa es- tanhados para se meterem nelles (268); e mais sobrecéus e outras corredi^as sem ne- nhuma indiridua^So (52 e 565). (1) Era fezenda de lan. de tecido encruzado (sarjado Ihe chamamos ainda hoje), usado mais para arma^Ses de casas, e cubertas de moveis do que para vestuarìo. Tam- bem a pano de linho se dava o nome de aarìa, talvez por ser sarjado (Brasóes de Cin- trOf II, 139). ^2) Emparamentos (abrìgos, armadio) de cama, de rés, tafetà e sarja, jà vimos na penultima nota. (3) Davam os peliteiros antigamente o nome de timbre a um fardo de sessanta pelles, reduzido posteriormente a quarenta. Em 1 532 no inventano do dote da Duquezs b. Beatrìz de Saboia, 16* se : «Sinco ùmbres de martas, e em cada timbre quarenta que slo por todas duzentas pefas de martas, que vinhSo em oitocentos e sessenta e sete mil reaes» fPrayas da Histona genealogica^ II, 486). Havia subido multo, em cincoenta annos, 0 pre^o do timbre de martas, mesmo admitindo que os de Afonso V jà fossem so de qua- renta pelles. Efectivamente estes haviam custado, cada um, fazendo o cambio a 270 rs. a coroa, 17:716 rs., ao passo que os outros alcan^aram o valor de 173:400 rs. cada um. Destes exajeros se queixava o Duque de Saboia. (4) Alignado era fulvo, cor de liio: vem noa dicionarìos e so me detenho nas pala- vras que là nSo encontro, iato é, no do Moraes da 6.« ed. de que usualmente me sirro. Con* dado era o nome que davam a pano da Franche-Comté; nas Cartas de quUa^o de D. Ma^ nuel encontra-se pano de Condado sem outra designa^So (n.*"" 237, 319,320,440, 470, 472, 565y 584)^ aaul (235), de cor (574X de corea (5o2), preto (472), e pe^as de condados (408), e ainda capuzes de pano de Condado (472), a Talvez o que ainda hoje chamamos foHia de Flandres; mas tambem pode ser »e «foiba pera laminas de coura^as» (Cartas de quitag^o dt., n.« 553); nette caso està feHias por corrup^o, 00 ma leitura, de aolhas. BIARIA BRANDOA 365 transporte 428 1170 por des rodelaa de alcetrio 1 14 io o por mO bordos • • ai 4 4 o pornoventa e cinco espingardas de ferro ......... i5 19 9 o por Qin barrii de polvora que deu a Pero da Alca^ova é partida da fitftt Despenseira de le a 14 10 o por entrega a FemSo Gii, despenseiro da dita niu. para mantimento de pio e pescado para os hoinens d'armas que neUa iam .... 5 i3 o ao por despesa que fez com os dois mestres de minas de oiro e metal. • 5 18 o o pelos panos, len^os e fusties, enviados no anno de 1470 e recebidos por Jofio Perez, em Lisboa 4^8 7 a 18 por merc8 que Ihe fes D. Afonso V 10 o o o soma da despesa 930 4 io 14 recebeu io35 10 7 i5 saldo ii5 5 9 1 do qual darà conta a qnem el Rei mandar. Nenhuma outra carta de quita^ao, concedida a feitor em Flandres^ se en* contra rejistada na Chancelarìa de D. Afonso V, e dos tempos delle, di^o de nota, apenas achei mais a referencia a JoSo Vasquez, mantieiro (maitre dhotel) da Duqueza D. Isabel e burgués de Brujes* Nesta cidade edificou elle urna casa notavel pela sua arquitectura, concluida em 1468 e ainda em 1874 esistente na rua d'Argent, a qual nos annos de 1471 a 1480, pouco mais cu menos, serviu de casa da na^So portuguésa. JoSo Vasquez pos« suiu, se nao urna biblioteca, pelos menos alguns manuscrìtos valiosos ; fun* dou urna instituif So pia ; morreu em Brujes em data ignorada, por apa* recer errada na copia existente do seu epitafio ; casou naquella cidade e là deixou descendencia fi); mas nSo se sabe a que familia portuguSsa pep tencia (Vasquez é simpìes patronimico) devido, talvez em parte, a nSo nos descreverem o seu brasao, encontrado, ao que parece, em varìos logares. bto a respeito de Portuguéses em Flandfres; porque relativo a Flamen- ;os, nfo em Portugal, mas nas colonias portuguésas, déu-se no reinado e D. Afonso V o notavel facto de pelos annos de 1466, por instigafSo da Duaueza D. Isabel, ter vindo Jobst von Hurter^ de Nurembergue, senhor de Afoerkerke em Flandres, colonizar as ilhas do Faial e do Pico do arqui* pelago dos Agores, as auaes dos seus primeiros {>ovoadores se chamaram durante algum tempo ilnas Flamengas e dellas foi primeiro capitfio dona-» tarìo o refendo Jobst von Hurter (2). Chegémos aos tempos do reinado de D. JoSo jD e, infelizmente^ de poucos documentos desse periodo me poderei aproveitar* O primeiro feitor, de que tenhg notida, de D. JoSo II em Flandres, foi Dio^o Femandez Correla (3), o ()ual, dizem os nobiliarìos, era o mes- mo individuo que posteriormente foi feitor de Cochim, quando ali se es« I {i\ Fiandre et Pcrt. ctt, p. 116 a 11& (a) C£ Arckxvo dos Acoru^ I, i5a, 438, e ainda noutros vola. (3) Pina» Crcnka de D. JoSo 11^ cap. xzxu; Resende, Vida de 2>. JoSo H cap. '^r»!. Abobivo HiaroBioo Pobtuguxs — Voi. VI, n.*" 1 o e 11 . Outubro e Novembro de 1908. Proprietario e editor, Anselmo BraamcaffipFreire—Conposi^fio e impressfio, of. tip.,cal- ^da do Cabra, 7, Lisboa. 6 366 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ tabeleceu a feitorìa. Se assim é, teve Diogo Fernandez cargo desta segua da feitoria desde fevereiro de i5o2 até 12 de Janeiro de i5oo (i). Esclarece este documento citado a duvida, proveniente da incerteza com que os hìs- toriadores se referem A data da partida para o reino da armada de Fran- cisco Soarez, na qual tanabem regressou Diogo Fernandez Correia. Efecti- vamente, Castanheda (2) e Goes (3) dizem ter ella saido de Cochim a 26 de novembro de iSoS ; ao passo que Gaspar Correla poe a partida cjé em Janeiro de i5o6> (4), asser^ao pienamente confirmada pela carta de quita- 9S0 de Diogo Fernandez. Conta Rui de Pina, que em 1488, estando D. Joao II em Avis, Ihe ▼iera, juntamente com uma carta de Diogo Fernandez entao feitor em Flan- dres, recado de seu primo Maximìliano, Rei dos Romanos, notificando-lhe a grande guerra que entre elle e Carlos Vili, Rei de Franila, se movia, e pedindo-lhe para se interpor corno medianeiro* Resende, seguindo o an- tigo cronista, transcreve quasi textualmente a passajem. Enganaram-se porem ambos elles, porque, depois do tratado de 'Arras celebrado ainda com Luis XI, em 23 de oezembro de 1482 (5), so rebentou a guerra en- tre OS dois soberanos em 1492, em seguida a Carlos Vili ter, no ultimo més do anno precedente, casado com Ana de Bretanha, noiva de Maxi- miliano, agravando mais o ultraje com o repudio de sua fìlha, Margarida de Austria, com quem estava desposado em virtude de uma das cTausu- las do ultimo tratado (6). A grande guerra em que o Rei dos Romanos se achava envolvido em 1488, era nas Flandres, com os subditos de seu filho Filipe, OS rcvoltados Gantenses e Brujéses, que a 4 de fevereiro daquelle f)roprio anno o prenderam, conforme ji referi. Foi em seguida a constar- he este atentado de lesa majestade, o qual uma dolorosa e muito viva impressSo pròduziu em D. JoSo II, poucos annos antes obrigado a proce- der enerjicamente para evitar ainda mais grave ofensa, que elle envìou a Flandres por seu embaixador a Duarte Galvao, cujo nome aparece estro- piado nos historìadores flamengos, encarregando-o, entre outras coisas, de tratar eficazmente do livramento de seu primo e autorizando-o, para o con- seguir, a despender até à quantia de cem mil coroas de oiro. Noutras ocasi6es acudiu ainda D. Joao II com dinheiro a Maximiliano, o Pelintra, comò Ihe chamavam os Venezianos (7). Uma das vezes foi da iniciativa do refendo feitor Diogo Fernandez, a quem o Rei dos Romanos rogou Ihe emprestasse trinta mil cruzados para pagar o soldo à sua gen- te, resolvida a abandonal-o no meio da guerra em que se encontrava en- volvido; anuiu o Feitor e cheio de receio comunicou o facto a D. Joao II, (1) Cartas de quitafào de D. Mcmud^ n.* i3o, no Arch. fast, port.^ 1, 4oa — Como «Taqui em diante terei muita vez de Cazer analogas cita^des. usarci da simples fòrmulat Cartas de ^HÙofSo^ numero tantos, porque facilmente naquelle repositorìo as encontrari quem as ooiser ver. (2) Hist. da bìdia^ liv. Il, cap. aa* p. 41, da ed. de i35a. J3) Chroniea de dom Emanuei^ part. II, cap. S. (aÌ Lendas da India^ I, 619. (5) Du Monty Corvi diplomatique, tom. IH, part. Il, p. 100. (6) VArt de vériper les dates^ XI, 100. (7) viMaximilian the Moneyless» em Robertson, Hist. ofChaiies the Fifth^ p. 63, ffiihi' MARIA BRANDOA 867 que nSo so o aprovou, mas até com elle folgou (i). Poderìa ter sucedido isto em 1484 apesar de ao tempo ainda Maximiliano nSo ser rei dos Ro- manos, corno o intìtula o Cronista, ou entfio em 1488. Doutra vez nSo foi na realidade um emprestimo; foi pagamento de uma divida. Por carta de 8 de oitubro de 1487 obrìgou-se D. Joao II a satisfazer a Duarte Brandao, do seu conselho e senhor de Buarcos, vinte e oito mil ducados de oiro, resto do dote da Imperatriz D. Leonor, por aquelle rico mercador entre- gue a Maximiliano autorizado por procura<;So de seu pai à recebel-o (2). De uma contrìbui^ao extraordinaria lan^ada por causa das revoltas dos Brujéses, segundo creio, sobre os mercadores portuguéses estabelecidos na cidade, encontrei noticia. Fora o caso que Maximiliano, quando se achou livre da prisSo, dirijiu-se desgostoso para Alemanha, deixando co- mò lugar tenente general nos Paises Baixos seu tio Alberto, Duque de Sa- xonia, notavel capitao e severo disciplinador que à frente de tropas estran- jeiras conseguiu impiantar nas Flandres o aespotismo. Annos antes po- rem de haver obtido e^te final resultado pela ocupa^ao da Esclusa em oi- tubro de 1492, tinham as cidades de Brujes, Gante e Ipre i>or intermedio de Carlos vili de Franca alcan^ado a paz, mediante as mais duras condi- 96es: uma pesada contribui^ao e o perdao implorado pelos majistrados das cidades, de joelhos, descal^os e descarapugados. Este tratado, cele- brado em i de oìtubro de 1489, foi ratificado dìrectamente por Maximi- liano com OS majistrados de Brujes em 6 de dezembro de 1490, obrigando- se estes pela cidade a pagarem cento e cincoenta mil florins por derrama lan^ados sobre os burguéses, vilfios e moradores da cidade, e pagos em pres- ta^ées, a ultima das quaes seria pelo S. Joao de 1492 (3). Pois aparece, pou- co posterior ao final vencìmento, um decreto de Alberto, Duque de Saxonia, concedendo aos consules da na^o portugufisa, que possair cobrar até à quantia de mil florins de oiro que Ihe devem, mas nao mais, sobre fazendas que a Flandres vierem dos naturaes de Portugal ou dos que là tenham direi- tos de vizinhanf a; isto sem ofensa dos antigos privilejios da na^ao. Foi dado em Antuerpia a 28 de novembro de 1492, e mandado cumprìr por provisSo da Chancelaria do Brabante de 29 de Janeiro do anno seguinte (4). Nestes tempos jà Diogo Fernanclez nao era feitor, e outras noticias nao tenho da sua estàda em Brujes naquelle posto a qual por poucos mais an- nos, alem do de 1488, se dilatarla, por isso que antes de setembro de 1491 ]à Afonso Martinz exercia o cargo (S). Era elle escudeiro da casa del Rei e foi'lhe dada carta de quita^ao em i de mar^o de 1498 (6). Nao declara o documento quando comecou nem quando terminou a responsabilidade do Feitor; mas pela carta de prìvilejio», concedida em 149? pela cidade lì) Resende, Vida de D. JoSo H cap. clxxv. hS Dr. Scusa Viterbo, DiMrtfe Gaivao e a suafamilia^ p. 33 da separaM^ (3ì Da Moot, CoTj^ viphmatifue^ tom. Ili, part. Ih p. 242 e a6a. t) Casa dafeiioria poriuguUa em Aniuerpa^ lìr. F, fl. a8i e 282. ) «Item hu0a carta dAtooso Martine feitor de Frandes \à respoùdida». Sa! doB papèts etUregues por Antonio Carneiro quando foi preso (setembro de 1491), no Arch, msf. porrgli, 66. (6) Carias de fmia^So^ a.* i3. 368 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ de Brujes à na^io portuguSsa, sabe-se que elle estava là entao (i), e por outro diploma consta que ainda là permanecia em fevereiro de 1495 (2), concorrendo nestes tenapos com elle em Brujes Manuel Femandez, feitor do Duque de Beja e futuro rei D. Manuel, que depois da morte de D. Joao II o manteve na feitoria até 14^ (3). Prende a aten9ao por mais de um respeito o penultimo documento ci- tado. Declara elle que D. Joao II por quaesquer motivos, que nao paga a pena estar agora a gastar tempo em averìguar, apreendera em represa- lia aos Francéses certa nàu bretoa fundiada num dos portos do Algarve, da qual era mestre e senhorìo Oliveiro de Gillosse, do ducado de Breta- nha; e a Pero Trava^os, cavaleiro da sua casa, a entregara {untamente com a carga composta de 4.490 pe^as de fruta, sendo 4.29ÌS de figo passado e 192 ae passas de uvas, mandando-lhe levar tudo a Flandres. Sobreveio porem durante a viajem uma grande tormenta, vendo-se o Capitao na ne- cessidade de mandar deìtar ao mar 364 pe^as de fruta, alem ae certo nu- mero de bombardas e algumas outras coisas (4). Chegado finalmente a Flandres, entregou o resto da carga e a nàu ao feitor Afonso Martinz,qae à restituiu ao senhorìo, cobrando delle um conhecimento publico feito em Meldelburgo (Middelburg) a 28 de fevereiro de 1493, e indemnisou os do- nos da artelharìa e mais objectos perdidos, regulando se por um inventa- rio ordenado por elle e por Afonso Eanes de ralma, mercador e juiz da na^So portuguésa. Alem daquella fruta apresada aos Francéses^ levou a nàu, conforme o conhecimento feito por CrìstovSo Borjes, escrìvSo da feitoria, mais 3.934 pe^as de figos e 92 de passas para serem là vendidas. Doutro documento consta haver Pero Trava^os entregado a Gregorio Lo- pez, recebedor das alfandegas do Algarve, duzentos mil reaes e pera des- pesa da nàu bretoa que, com a nossa fruta, enviàmos a Frandes» (5)-, nao se entende, mas pouco importa. Recebéu Afonso Martinz durante o tempo que desta vez esteve em Flandres (6) as seguintes mercadorias: 14.525 arrobas e 24 arrateb de afucar; 171 1 quintaes e 23 arrateis de raalagueta; 868 quintaes, 2 arro- bas, 2 arrateis e quarta de pimenta; 18.202 pe^as de ngo; 770 pe^as de passa de uvas; 140 pipas de melalo; 20 pipas de azeite; 34 qumtaes de anil; 104 quintaes, 3 arrobas e 12 arrateis de goma; I25 quintaes de algodSo ; uma pipa, de gra ; 28 quintaes e i arratel de dentes de elefante e mais 146 dentes ; e 571 moios e 38 al. JoSo 77, cap. xziv. (a) Cartas de auitacSo, n.* 549. (3)7W,n.»a6. U) IH, n.» 565. (5) Rui Gii foi tainbein, corno declarei^ pagador das moradias e eiistem bastantes mandados dirijidos a elle por D. JoSo II de Janeiro a dezembro de 1498, pelos quaes se conhece a aplica^So dada a alguns dos panos; indical-a-hei, porque me parece ser in- teressante.— A JoSo de Bui, francSs, nosso mo^o fidalgo, pajem que foi de «monseor de Liam» (René de Chateaubriand, seigneur du Lyon d^Angers), jubSo de setim prete, pelote de veludo preto dobrado, carapu^a do mesmo veiudo, cal^as de menhn, gabSo de contrai frìsado e um par de camisas de olanda. Corpo cronolojieo, parte I, mac. a.*, doc. 45. (6) A certos ca^adores e mo^os da ca^a, senhos (a cada um) capuzes^pelotes, cal^s e carapu^as de ipre e jub6es de fustSo. C. C, I, a.*, 6. — A Rui de Figueiredo, anlhado de Henrìque de Figueiredo, escrìvSo da fazenda, um capuz, pelote e calfas de pano de 370 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ tum (Ypres), 378 covados; de Liìa, 971 covados (i); de Menim (Meenen;, 1 27 1 covados (2). Tambem aparecem tres varas de lenf o de Barbante e muita coisa de ras (Àrràs^: tres cubrecamas, tres céus de figuras para camas, urna testeira. Varios objectos de ras tambem entraram, oos annos de 1483 e 84, no guarda-reposte de D. Joao II : vinte e urna guarda*portas^ cito panos de armar, dezasete bancaes, quarenta e quatro reposteiros, trinta e urna almofadas, urna testeira de cama, e cinco emparamentos de caoia, de ras, tafeti e sarja (3); e ainda mais, em 1494-^5, quatro costaneiras e utna cubrecama (4). Creio que outrosim de ras sena um pano de armar de trinta e quatro covados, rìco, de oiro e seda, da historìa da prisao de Nosso Senhor, que veio para a Casa da Mina, onde tambem entraram 583 cova- dos de pano de Lila, 475 peqas de mantinhas de Flandres, 42 covados de pano de Gondado e 71 covados de pano de Ipre (3). Tambem de Ipre Ipre^ jubSo de iiistao e barrete preto. IhL doc. 11. — A Bassy, negro, parente de Lìgitir ou Ligitix, aue ora veio de Cantor com Pero de Evora, capiu, pelote e cal^s de pano de Ipre^ gibao de chamalote, tres camìsas de len^o francés, um barrete prete, um cinto de COÌTO preto, uns boneguins e ^apatos. i^i, doc. ai. — A certos ca^adores, senhos capuzet, pelotes e cal^ as de pano de Ipre e jubóes de fiistSo. Ibiy doc. 24. — A dom Fedro que veio de Manicongo, capuz, pelote e cal^as de ipre^ jubSo de setim, quatro ca- misas de ineia olanda, cinto de coìrò, oorzeguins, barrete dobrado, meta duzia de atacas e duzia e meìa de coirò. Ibi^ doc. 34.— A tres mo908 da estribeira de O. Jor|e, filho de D. JoSo II, senhas capas, pelotes e cal^as de ipres^ e jubòes de fustSo com metas mangas e colar de veludo preto. Jbi^ doc. 6a. — A mais dois do mesmo, senhos capuzes, pelotes e calcas de ipri e jubóes de fustSo com meias mangas e colares de veludo preto. /K, doc. 07. — A dois mocos fìdalgos, senhos capuzes e pelotes de vintem, jub6es de setim e calcas de ipry. Ibi. doc. 69. — A outro mo^o da estribeira de D. Jorje, capuz, pelote e calcas de ipry e jubao de fiistlo com meias mangas e colar de veludo. Ibi^ doc 8S. (i) A Pedro, sobrinho do Bailio, um jubao de setim, capa galega, calcas de/iVaroza, barrete preto e mais um pelote de veludo preto. C. C, I, 2.*, 19. — A dom Jorje, nosso Sajem, tabardo, pelote e calcas de /i7a, jubSo de veludo negro dobrado e um barrete. ^1, doc. 28. — Rui Gii, envieis por um homem do Tesouro pano preto pera um pelote e uma opa e seja tosado e aparelbado, se o i ouver, e pano de setim preto pera um gibio com seus forramentos pera se fazer ce o vestido, pera o dr. Vasco Femandez; pelo talho se mostrou ser corta da a opa de /i7a, o pelote do dito pano e o gìblo de setim preto. Ibi, doc. 46. — A opa foi forrada de setim preto e levou vinte covados. Ibi^ doc. 4S. — A' Excelente Senhora, uma murfa de lila preta, forrada de arminhos, e um manto de frisa. Ibi^ doc. 100. (2) A Branca de Proen9a, mo^a da camara da Rainha, um habito e um manto de mentmj e cinta e faldrilba de Londres. C. C. I, 2.*, 5. — A Isabel de Paiva, mo^a da ca- mara da Rainha, uma manti Iha e habito de meinim^ faldrilha de londres, sainbo de veludo preto dobrado e faxa de escarlata. /61, doc. 22.— Ao dr. Cataldo, mandEo, pelote e calcas de menim^ jubSo de setim e um barrete. Jbi^ doc. 3i. — A Isabel Diaz de Bivar, mantilha e mongi de meini^ faxa e faldrilha de londres. Ibi, doc. 87. — A D. Duarte, pa- jem de D. Jorje. filho de D. JoSo II, capuz, pelote e calcas de londres, jubao de setim e barrete preto aobrado, e outro capuz, pelote e calcas de menimi jubao de veludo ne- gro dobrado e seis camisas de olanda, /fti, doc. 41. — A Joio de Buy, firancSs, capuz» pelote e calcas de memm^ jubSo de setim com meias mangas e colar de veludo preto dobrado, e barrete preto dobrado. Ibi, doc. 60. — A Isabel Cardosa, mo^a da camara da Rainha, habito e mantilha de menim, fraldiiha de pano de Londres, anta de escarlata e cós de veludo preto dobrado. Ibiy doc. 102. — A seis mo^os fidalgos do refendo D. Jorje^ senhos gib6es de ^atim roxo e calcas de menim^ e a cada um delles um saio de mdmos de mitiou com seus pendentes de lata de Flandres. /^t, doc. 108. Ì3) C. de quitofaOf tl9 425. 4) Al, n.* 52. 5) Ibi, n.» 449. MARIA BRANI>OA 371 era um pano de armar roxo cde cinco azues e dois de palmito» que se encontrou no espolio da Infanta D. Ioana, falecida em Aveiro em 1490 (i). Ainda de panos e tecidos flamengos se acham mais noricias por esses tempos : 248 covados de brujes, gantes e armentins, na alfandega de Lis- boa ; urna pe<;a de pano de Menira, na feitoria de Ourao ; e na de ^afìm, 33 covados de pano de Quartanay (Courtray), de falhas, e 1779 varas de len^os de Barbante (2). Tambem, talvez nao de Flandres, mas de terras do ducado de Bor- gonha era o cozinheiro mór de D. Joao IL Consta de um mandado ende- regado ao jé referido Rui Gii Magro, em que se Ihe dà ordem para dar aos oficiaes da cozinha o vestido abaixo especificado : a Joao de oregonha e a Lopo Afonso, cozinheiros móres, a cada um, capuz de pano de Lon- dres, mongi de gra roxa, calgas de gra vermelha, carapu<;a e gibao de velu- do preto dobrado ; a Rodrigo Anes, pasteleiro, Fernao Vaz, porteiro da co* zinna, Estevao LeitSo, Afonso de Elvas e Joao Gomez, tambem porteiros, a Gomes Rodrìguez e a Fedro Alvarez, assadores, a cada um, capuz, pelote e cal^as de londres e gibSo de chamalote com meias mangas e colares de veludo preto ; a Pero de Cepta e Cristovao Anes, cozinheiros pequenos, e a Femand'Alvarez e Afonso Fernandez, allemteiros, a cada um. capuz, pelote e calgas de bristol e gibfio de chamalote (3). Nao se dira que o pessoal da cozinha fosse pouco numeroso, nem andasse mal vestido. Para concluir com as noticias dos sucessos relativos a Portuguéses^ ocorridos em Flandres durante o reinado de D. Joao II, deixarei aqui apontada a recompensa concedida por Maximiliano àquelie Diogo Fernan- dez Correla, nosso feitor, que Ihe emprestara trìnta mil cruzados. Foi ella urna carta de brasao na qual o Rei dos Romanos declara haver crìado, feito e instìtuido cpor cavalleiro Justador de avamtagem do seu pago e corte o muito honrado Diogo Fernandez Correa» e The deu um escudo com parte das suas proprias armas, etc. (4). PassSmos agora ao reinado de D. Manuel. O prìmeiro feitor que elle teve em Flandres foi Manuel Fernandez, escu- deiro da sua casa, a quem enviou para là, quando era ainda simples duque de Beja, para Ihe tratar da venda do seu sbucar da ilha da Madeira. Esteve là parte do anno de 1495, os dois se^uintes e Janeiro e fevereiro de 1498; deixou a feitoria a Tome Lopez e foi-lhe dada carta de quita^So a 17 de novembro de 1498 (5). Deste documento consta ter Manuel Fernandez recebido, para vender em Flandres: a^ucar, 24.631 arrobas; algodao, i25 quintaes e 18 arra- teis ; goma de Arguim, 274 quintaes e 8 arrateis; malagueta^ 987 quintaes, i arroba e 1 arratel; marfim, 1198 libras e mais 3o quintaes e i5 arra- teis; pastel, 1.006 quintaes, 3 arrobas e io libras; e pimenta, 6.102 libras e mais 127 quintaes e 7 arrateis. ì i) Carias de quiiaqào^ n.* 38a. ]a) m, !!.•• 371, 56i e 56a. 13) Corpo cronolojicoy parte I, ma^. 2.*, doc. 06. 4) TraducSo feita em Evora a i5 de junho de iSog e guardada na Torre do Toni' bo, na Gaveta XVIII, mac. 7.% n.* 22. (5) Cartai de quita^ao^ n.* 468. -/" 37* ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ Gomprou : ageas (aguias?) de latao, 3; agulhas de apalomar, s6ao; ala- bardas, i; alcatrao,74 barris; almofadas enfronbadas, 4; almofarizes« i; an- tenas, 20; armentins pretos, 1 2 pe^as ; bacias de barbeiro, 55^ ; bacias de camara pequenas, 3.254; bacias para ofertas e lampadas, 200; oalan^as de pàu,com seus pesos, i; bancaes de Tomay, 3 ; barretes pretos, 12; boca- r6es de linho bornido, 100 ; bordos, i.38o; bragal e canavafo, i.g45 aunas; breu, 74 barris ; cabe^aes de pena, 3 ; calezes de prata, 5o^ que pesaram 77 marcos e 5 on9as ; campainhas de comungar, So ; casti^aea de latao, óo^ ; cocedras de pen^, 3 ; cofres, 6 ; condados, 56 pe^s ; corredifas de sar)a, 2 ; cordnas para altares de sarja de cores, 5o ; cortinas de sarja de marca grande, i; coxins de Tornay, 6; cruzes de latao, 5o; cubrecamas de Tornay, 5; escudellas e salseiras de estanbo, 12; falcSes (artelharìaì, io; fio de carreto, 5o8 libras ; frontaes de verdura de Tomay, 3oo ; galbeus de estanhoy 200 pares; ipres dobre cruzes, o pegas; lantemas, 100; lava- torios, i; lemistas finas, 2 pe^as; len^es, 36; len^os de Barbante, 25 pe- (as; len^os francéses finos, 40 pe<;as; len^os, outros, para yestimentas, 23o6 anas ; lilas pretas, io pe^as ; livros para igrejas, escritos de mao, 75; manilhas de latao e cobre, 447.484, ^ue pesaram 258.173 libras ; mastos, io; meias olandas, 25 pecas; menis pretos, i5 pe^as; mesas redondas com suas cadeiras, 2 : olandas, 24 pe^as ; paivas de ìatSo, 147 ; pellami- nhos, 5o duzias; picheis de estanho, 7; piques, i5 duzias; orata de Fu- rambergue^^ 67 marcos, i on^a e 5 estralins ; pratés de estanho, 20 ; relo- jios de areia^ 100; remos, 160; retavolos, 6 ; sarjas de corea, 25 pefas e 56 aunas ; servietas, 24 ; sinos, 12.; toalhas de maos, 4 ; toalhas de mesa, 5; toalhas de mesa e de altares,'2o; tribolos de latao, 5o ; trìnchos de esia- nho, 3o ; e vestimentas de pano de linho, 1 5o« Quando o feitor Manuel Pernandez se retirou de Brujes, jà a pequena armada de Vasco da Gama levantara ferro do rio dos Bons Sinaes^ o de Quiliffiane, e velejava em derrota de Galecute. Batia i porta o curto pe- riodo aureo manuelino. No verSo de 1499 subiram pelo Tejo acima, primeiro Nicoléu Coelho e logo depois Vasco da Gama. Regressavam da India, deixando aberto ao comercio portugués o caminho maritimo para os mercados orientaes. A alegria no reino foi enorme ; maior porem foi ainda o atvorof o, nao direi em toda a restante Europa, mas certamente nas cidades marìtimas da Italia. Os pretos das especiarias cairam em Veneza para menos de metade (i), e o caso era na realidade para inspirar receìos. Apontava elle no horizonte comò inicio da mina comercial da cidade, entSo senhora sem rivai do comercio das drogas e especiarias do Oriente ; ao passo que ao lonje surjia a grandeza futura de Lisboa. As armadas dos annos sesuintes foram continuando a trazer para a nos- sa capital as especiarias da India, e se até entSo apenas mandavamos do reino para Flandres sai, vinho, azeite, pastel, già, urzella, frutas frescas e sécas, cubertas e de conserva ; de Gumé, a malagueta e outras drogas, e da Madeira^ os afucares e o ezcelente vinho; come^amos logo e suces- (i) Sr.JoaquimdeVisconcellosjilÙrecAf Dttrer, p.6| citando urna carta de Hadiiaveli. MARIA. BRANDOA SyS styafnente a exportar para le, dos paises orìentaes, pedraria, perolas^ oiro puro, cm ma^a e baddo^ especiarias, drogarias> ambar^ almiscar, algalia, marfim^ ruibarbo, aloés, anil, algodao, raiz da China (smilax China) e outras coisas; e mais o af ucar da ilha de S* Tome e ainda o péu que deu o nome ao Brasil (i). Foi no anno de i5o3 que os prìmeiros navios portuguéses carregadoa de especiarìas da India, chegaram a Antuerpia (2), coincidindo, facto cu* rìoso, o comedo da decadencia de Brujes, a Yeneza do Norte, corno Ihe chamavam, com o daquella de que ella envaidecida tìrara o apelido. Muito antes porem de descoberto o camiofao maritimo para a India existia jà em Lagos, fundado pouco depois da ocupa^ao da costa de Gui- né, um armazem no aual se recebiara e negociavam as mercadorìas e es- cravos vindos daqueltas parajens, e ao qual, com a continua^ao do tem- po, se veto a dar o nome de Casa de Guiné. Foi transferida para Lisboa pelos annos em que Diogo da Azambuja edificou o castello de S. Jor- )e da Mina (3), ìsto é, pelos de 1481 e 1^2, passando desde entSo a ser designada tambem por Casa de Guiné e Mina, e até so por Casa da Mina, em virtude de là se come^ar logo a arrecadar o oiro e mais mercadorìas desta ultima proveniencia. Sobrevieram depois as especiarìas da India, e o antigo edificio passou a ser geralmente designado por Casa da India, apa- recendo comtudo às vezes intitulado Casa de Guiné e Indias, Casa da Mina e Indias, e até Casa de Guiné, Mina e Indias. Outra repartifSo, dependente desta em parte, se criou tambem lo^o de principio. Foi o ArmasMm de Guiné suieito no nome a modifica^6es iden- ticas às da precedente casa. Entre os destinos das duas, a diferen^a |>o- rem era |[rande. Na Casa faziam-se os contratos, recebiam-se as especia- rìas e mais mercadorìas, inclusive os escravos dos rios de Guiné e de Can- tor, até se crìar para elles um almoxarìfado especiaU depois chamado Casa dos Escravos, o qual jà em i486 formava repartì^So à parte, tendo por al- moxarìfe Joao do Porto (4), ao passo que conjuntamente era recebedor da Casa de Guiné Lopo Mendez (5). Para o Armazem entravam, alem dodi- nheiro, as provisSes, utensilios, armamento, artelharìa, aparelhos de navios, mercadorìas para o resgate dos negros, em suma todas as coisas neces- sarias para a organiza^ao, apercebimento, mantenga e aproveitamento das expedifSes enviadas às costas ocidentaes de Afrìca. Nos annos de 1480 a 1487 foi Diogo Marauez recebedor do Armazem de Guiné e a carta de quita^ao dada, em 2 ae oitubro de i5oo, a sua viuva e herdeiros, mostra bem a varìedade de objectos que se recebiam naquella casa (6). Para se avaliar o aumento progressivo que foi tendo o trafico das es- peciarìas, apresentarei a seguir urna nota da importancia do dinheiro en- trado na Casa de Guiné, depois tambem da Mina e por ultimo da India, em muitos annos sucessivos, quasi sem interrupgao desde 1476 até i52i : '1) Guicciardini, HisU des Pars Bas^ em J. M. Lopes, Les Portugais à Anvers^ p. io. 2) Sr. Joaquim de Vasconcetlos, Albrecht Dlhrer^ p. 19. [3) Cartas de quiiofSo^ n.* 347. [4) IbL n: /M, n.* 404. i6i,n.«448. /frt, n.* 137. ^74 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Gii Eaaes . . Lopo Mendez. . FernSo LoureD^o Lopo MendejE. • Pernio Louren^o. Fernao Louren^o. Vasco Queimado. Francisco Pestana . Rui de Caatanheda André Rodrìguez. JòiodeSé. . . André da Silveira. André da Silveira . Gaspar Pereira • • « PtrMùda gtnmeia 4 annot e 9 meses, em 1476 a 1401 •■••••• de I de oitubro de i486, a 24 de agosto de 1488 . . . de agosto de 1488, a marfo de I 404 ■••••••• de mar^o de 1494^ a abril de 1407 ••••••■• de abril de 1497, a abril de i5o2. de iS de agosto de i3o3, a se- tembro de i5o4 de setembro de 1504^ a maio de i5o5 (7) de I de Janeiro de i5o6y a 3o de junho de i5o7 de 7 de novemoro de i5o7, a 29 de agosto de 1 5o9 • . . . de agosto de i5o9, a Janeiro de i^ii* • • • • • • de fevereiro de i5ii, a abril de 1^ 14 •••••••• de 7 de maio de i5i5, a u de Junho de i5i6 de Janeiro de 1517, a Junho de 1^19 •■■•■••• de 20 de maio de i5i9, a ao de junho de i52i 7 dal rtctèUh oRtHA MUUUU 62.234:715 (1) 95.3o6.-252 (2) 38x179:898 (3) 221.367:297 (4) 368.271:656 (5) 78.487:336 (6) 68.627:105 (8) i3i 355:5oi (9) 171.932:652 (io) 105.620:393 (li) 87.924:569 (12) 144.763:069 (i3) 779.552:662 (14) 486.510:960 (i5) 13.102:044 49.725:000 68450:100 73.654:331 78.487:336 85.783:881 87.570:334 92.781:440 74.555:568 28.516:068 133.6^27:449 312.821:064 233.045:258 O incremento progressivo que se nota na entrada de dinheiro na Casa da India^ é devido, parece-me, nao so à abundancia sempre crescente de especearia, mas tamoem ao aumento de mercados para a venda della e ao quasi monopolio de transportes explorado nesses tempos pela marinha por- tuguésa, dominadora dos mares da carreira da India. E note-se que^ aiem daquelles dinheiros apontados, outros, provenientes de contratos de venda de varias especiarias, nao entravam na Casa da India ; eram cobrados pela védoria da Fazenda. Por exemplo : Bartolomeu Marchìone, famoso ban- queiro fiorentino estabelecido em Lisboa, fez em 1604 um contrato de tres mil e tantos quintaes de pimenta, a qual, a vinte cruzados o quintal, rendeu 24.053:94^ reaes; no anno seguinte outros contratos em que en- trou pimenta, a vinte e dois cruzados o quintal, canela» a quarenta cruza* dos, e cravo a sessenta e cinco, e que rendcram 37.282:^99 rs., tiradas as contas, tanto ao primeiro, corno aos segundos, por D. Martinho.de CastelbrancO; védor da Fazenda (16); ainda mais contratos nos annos de (i) Liv. i.o da Chancelaria de D, Joao 11^ fi. 53. — (2) Cartas de quitagSOy tk.^ 448. — (3) Ibi^ n.« 221.-— (4) Ibi^ n.« 440. — (5) Ibi^ n.» 222. — (6) /W, n.» 223. — (7) As con- tas, corno dalguns doc. se coIhe,levavaai m§ses a ultimar- se, por causa dos oalan^os, e durante as interrup^oes havia individuo interinamente encarregado da cobran^a. ao qual se daria algum alvaré de quita^So n3o rejistado na Chancelaria. Nao se estraatiem (16) Cartas de quitofSo, n.^ 109. MARIA 6RAND0A Syh i5o7 a i5io, o saldo dos quaes, recebido em i5i4 pelo Bar&o de Alvito, outro védor da Fazenda, importou em 36.64o:3S5 rs. (i). JoSo Francisco de Lafeitate (Affaitati), banqueiro cremonés e conde na sua terra, fez tam- bem varios contratos na Fazenda, nos annos de i5o8 até i5i4, sobre pi- menta entregue na Casa da India, na importancia total de ii '^•004:880 reaes aplicados ao pagamento das despesas dos logares de Africa, ordenados dos desembargadores e oficìaes das Casas da Suplica^ao e do Civel, sol- dos dos guardas e ca^adores e gastos das compras reaes (2). Os documen* tos da citada coleccao doutros contratos dao fé, e muitos mais se reali- sariam ainda, que là nao constam, provindo da abundancia delles, é pro- vavel, o decrescimento que se nota na conta de caixa da Casa da India nos annos de i5ii a i5i4. Somando os dinheiros entrados na Casa da India, vé-se, que so a espe- ciarìa là directamente vendida produziu desde i^g7 a iSai, isto é, em Tinte e quatro annos, a quantia de 2.423 contos de reaes, igual a i3.56g contos de réis, com o poder aquisitivo de 67.845 contos da moeda de hoje, na mèdia de 2.826 contos por anno. A estas quantias, para nos aproximarmos quanto possivel da verdade, deverìamos ajuntar ainda, alem dos proventos dos contratos de que acima apresentei exemplos, mais o produto da venda de especearias nas feitorias de Flandres, Milao e Veneza, e de a^ucares em Flandres, Francai Insla- terra, Roma e Veneza. Sendo porem impossivel a averigua^So exacta oes- tes varìos réditos, calculal-os-hei, muito por baìxo, em vinte e cinco por cento da receita da Casa da India ; elevar se-ha pois, durante o reinado de D. Manuel, o rendimento das especearias a 84.006 contos de réis e a mè- dia annual a 3.532 contos. Vejamos, para opdr a està receita, o que ha apurado àcerca das des- pesas publicas desses tempos. No voi. II do Arch. hist. pori, publiquei um documento de grande auxilio para se poder avaliar o estado da fazenda réjia, a publica d entSo, durante o reinado de D. Manuel. E' o chamado Livro dot ienfos, sumario tirado por Afonso Mexia dos livros da fazenda del Rei, em maio de i523. Afonso Mexia era escrivao da fazenda e homem incontestavelmente habil ; merece pois inteiro credito aquelle relatorio, ou melhor, or^mento, man- dado elaborar por D. Joao III no principio do seu reinado para saber a importancia dos encargos publicos. Public^uei no mesmo voi., quasi a seguir, umas notas extraidas dos dados ministrados por aquelle documento, e doutros tirados das Cartas de quitafSo de D. Manuel^ chegando às seguintes conclusoes : Receita annual, bastante inferior à verdadeira, dos almoxarifados do reino 72 contos de reaes Parte da receita da cidade de Lisboa 24 > » » soma 9B > > » Importancia bastante aproximada das despesas pu- blicas i53 » » » deficit 57 » 1 » ì 1) Cartas de quUagao^ n.* iia a) i^ì, n.* 373. 376 ARCHIVO fflSTORICO PORTUGUEZ A^ receita ainda se deverìam acrescentar varìas verbas^ alem do ren- dimento da Casa da India, algumas das quaes nos referìdos apontamentos indico ; desprezal-ashei porem para evitar a suspeita de ezajero no resul- tado final, e nao so por isto, mas porque tambem na nota da despesa nao inclue o Livro das tengas algumas verbas importantes. Gintrapesar-se-bao estas omissSes. Posto isto, temos de deficit 67 contos de reaes, correspondentes a 419 contos de réis da moeda de hoje, com o valor aqui- sitivo de . . ^ 2:006 contos de réis mèdia annual da receita das especearias 3:5^2 > » » superapit 1:436 > > » que nos ultimos vìnte e quatro annos do reinado do Venturoso montaram em 34464 contos, despeiados, liquidos, no real bolsinho. Em que gastou D. Manuel todo este dinheiro ? — Em vaidades, futili- dades, inutilidades. Vaidades, as eoibaixadas, os donativos a estranjeiros, as festas da córte ; futilidades, as joias, roupas, preciostdades para adomo e comodo de sua pessoa (Sp chapéus e i25 barretes deisou o Venturoso no seu guarda-roupa !) ; inutilidades, os conventos, palacìos e outras fabri- cas. Nao invoquem a Arte os seus cultores para atenuante dalgumas des- tas prodi^alidades ; atenuante poderia unicamente haver se a par dellas obras uteis ao desenvolvimento da agricultura, do comercio, da industria, ao bem estar do pais se houvessem realisado. Mas onde estao ellas ? — O hospital real de Todos os Santos ? — Nao foi obra sua. As Miserìcor- dias ? — Nada Ihe devem. Se algum servilo proveitoso à na^ao mandou fazer, o bem delle resultante muito aquem ncou do enorme prejuiso por ella padecido com a expulsao dos Judeus e Moiros. D. Manuel foi o maior egoista, o mais óco e vaidoso homem afortu- nado que em trono se sentou. cEstavamos repletos de oiro, e a fome batia urna, duas e tres vezes As nossas portas* Para conjurar a crise el Rei mandava a Flandres, e os fei- tores portuguéses là compravam comboios de cereaes, que vinham para encher os estomagos e esvasiar as bolsas. Depois da fome de i5o3 e 1&04 velo a peste de i5o5; desta vez nao valeram as imensas rìquezas, que méses antes (22 de julho) haviam chegado a Lisboa em catorze néus car- regadas de especiarias. Essa aurea eaade do reinado de D. Manuel ainda nao foi devidamente analizada, alias achar-se hia que a nossa miseria foi muitas vezes tao grande, pelo menos, corno ha via sido grande a nossa ri- queza dias antes cD. Manuel, nao contente ainda com os rios de oiro que as nàus Ihe traziam, agravou o imposto de tal modo, que o reino todo protestou em altas vozes — debalde. Nem todas as vilas tinham um Joao Mendes Ci- cioso. E' certo que el Rei tinha a fazer despesas colossaes ; Goes cita as numerosissimas construcSes de fortalezas, igrejas, palacios, conventos, etc, etc, que o prìncipe levou a cabo, e as outras que reconstruiu; mos- tra-nos o arsenal de Lisboa, bem provido de tudo o que precisavamos nas Indias ; acrescenta que el Rei pagou às igrejas a grande divida de prata, MARIA BRANDOA 377 contraida por D. Afonso V (i); que reformou a escrìtura^ao da Torre do Tombo, creando a serie dos celeores livros, iluminados, em pergaminho — mas isto, e muito mais que fosse, nao podia absorver metade do que as Indias rendiam, se nao fossem as prodigalidades do principe para os fra- des franciscanos, a dota^ao geral das igrejas (1499) com nopas pestmen- taSf e outras cousas neste genero — e mais do que tudo o luxo inaudito do Eroprio Rei, que € quasi todos os dias vestia cousa nova», dando um tao om esemplo à na^ao inteira na arte de gastar muito e depressa. Estas despesas, este fausto, nao seria tao condenavel, se delle viesse algum proveito d industria nacional, mas tal coisa quasi que nao existia.» Isto escreveu o sr. Joaquim de Vasconcellos (1) e para garantia da impar- cialidade com que verbéro os desatinados desperdicios de D. Manuel, nSo me é dado, certamente, encontrar melhor autoridade. Acresce ainda que, sendo o,sr. Joaquim de Vasconcellos o critico de Arte que pelo seu estudo, saber e bom gosto mais se distingue no nosso pequenino meio literario e mais nos honra nos paises cultos, onde ao seu laoor se tributa justo e me- recido apre^o, e sendo elle ainda, alem de critico de Arte, della um apaixo- nado apreciador; até este nao foje a dar claramente a entender, que as obras artisticas devidas às prodigalidades de D. Manuel nao as desculpam. Os feitores que D. Manuel enviou a Flandres depois de ser rei, foram OS seguintes : i.^ TOME LOPEZ. Serviu na feitoria desde i de Janeiro de 1498, até 3i de dezembro de i5o5, recebendo carta de quita^ao em 11 de maio de 1S09 (3); era entao cavaleiro da casa del Rei. rlavia sido escrivao da ca- mara (4), e quando saiu da feitoria ficara-lhe a na9do devendo cento e qua- renta ,.e cinco libras e tanto, que Ihe foram mandadas pagar por alvarà de 28 de julho de iSog (5) e das quaes passou recibo em 0 de setembro de i5ii (o). D. Manuel aproveitou-lhe o mèrito em varias comissSes: no (1) Goes exajera, sem inten^So, estou persuadido, auando db ter fido grande a parte da divida de Afonso V paga por D. Manuel. A prata aas igrejas, paga em dinheiro e em prata iavrada a a.if Reis de Castella pagaram D. Manuel, se parte nao foi ainda pa^o _ com o pagamento da prata das igrejas, e mais 1.546:302 rs. com o resto dòs emprésti- mos de Afonso V ClBìf n.o 45), ao todo 8.731:961 reaes, 2^5 contos de réis. Nao foi muito pouco, mas comparado com as receitas da Casa da India, ó uma miseria. (i) Albrecht Dtirer^ p. 128 e i32. , Cartas de quita^o^ n.« 584. (4) Entre outros aiplomas feitos por Tome Lopez encontram-se doìs alvaràs do anno de 1493, um datado de Sintra a 28 de oitubro, o outro de Lisboa a 3o de novembro. — Corpo croHolojico^ part. L mac 2.<*^ doc. 83 e 96. (3) Aos juizes (consules), tesouretro, escrivao e mercadores dos nossos reinos em as partes de Frandes e Barbante. Vista a conta da na9ao dos seis annos de i5oo até fìro de i5o5, mandada tornar por Francisco de Matos, escrìvSo que foi da feitoria nas ditas partes, a Duarte Fernandez, tesoureìro que foi da na^ao, e a JoSo Rodriguez, escrivao, se viu terem despendido mais, nos seis annos, por mandado dos juizes, 143 £,4s. e6d., que eram devidos a Tome Lopez, feitor que là foi, pelos emprestar a na9ao, e por quanto elle requerera Ihos mandassem pagar, etc. Mandado de pagamento dado em Evora a 28 de julho de i3o9. — Casa da feitoria portuguésa em Antuerpia^ caixa II, mac. IV, n.* i. (6) Ibidem, liv. F, fi. 327 v. 378 ARCmVO HISTORICO PORTUGUEZ reino, na Casa da India; e no estranjeiro, em embaiiadas, urna nos annos de 1S09 a i5i I junto ao Imperador Maximiliano, a outra em iSiS na cdrte do BrabantC) morrendo entao là, em Antuerpia, nos fins de junho, prìnci- pios de juiho de i5i6 (i). O ordenado dos feitores era de cem cruzados por anno, alem do mantimento para dois homens, sendo tudo às vezes substituido, para al- guns, se nao para todos os aqui apontados, pela percentajem de um por cento sobre os pre^os das mercadorias vendidas (2). Durante o tempo da gerencìa de Tome Lopez reccbeu-se na feitoria de Flandres, em dinheìro, alem de mercadorias de que là adiante darei noti- eia englobadas com as dos annos seguintes, a quantia de 112.075 £, 6 s.^ I d. e i3 m., mais de 3.8oo contos de réis da moeda de hoje* Ainda durante a sua gerencia, chegaram a Antuerpia, em iSo3, os primeiros navios por- tuguSses carregados de especiarias da India e tomou maior incremento a feitoria, jà naquella cidade estabelecida desde 1499 (3), concorrendo ainda durante alguns annos com a antiga de Brujes* No anno precedente, por provisSo de 5 de Janeiro de i5o2 (e. v.), havia o Conde de Nassau, stadnouaer general dos Paises Baizos pelo Arquiduque Filipe, autorizado em nome deste todos os mercadores de qualquer na^ao, a carregarem nos seus dominios em navios portuguéses, toda a sorte de gè- neros e efeitos, licitos e nao proibìdos, e leval-os e transportal-os, nao so para Portugal, corno para qualquer outra parte que Ihes conviesse (4). No sumarìo escrito nas costas deste documento, lé-se: clycen^a pera se care- gar prata»; foi pois està autoriza^ao considerada a mais importante (5). Poi tamoem durante a permanencia de Tome Lopez na feitoria de Flandres, que as casas Fugger, Welser e Hochstetter, de Augusburgo, celebraram em i5o4 com 0 governo portugués um tratado, garantendo Ihes o diretto de comerciarem directamente com a India em navios seus proprios (6). E' ainda destes tempos que data o comedo do extraordinario credito conce- fi) Vide là atraz. p. Sia. fa) Dee. XXVI e XXXIII. 3) Fiandre et Pori, cit., p. aio, 4) Doc. XX. ^^5) De Flandres importa vamos muita prata e por isso, tudo guanto tendesse a fìici- litar a sua saida, interessava-nos. Lan^ou-se porem tempos depois, nas proximidades de 6 de fevereiro de i5i7, segando declara o aoc. XXX VII, um «custume novo» sobre a exporta^So da prata, o qual comtudo pouco tempo vigorou; porque a 16 de )unho do mesmo anno fot expedido em Gante um decreto por Carlos I de Espanha, a requerìmen* to dos negodantes de Flandres e do Brabante, tanto estranjeiros comò naturaes. sua* pendendo as precedentes ordena^des que obrigavam ao pagamento de um soldo de grossos por cada marco de prata exportado, attendu que lentretetmence d'iene (fr^bm- nance seroit quasi la totale destruction des diis vays pour rebouier fluneurs marclùm- dises que par moy^en de la piate et cendrée [dargent] que se amarne pai'deehajr ont cours (Casa da fiitoria portuguésa em Antuerpia, caixa III, pergaminho 4). Pubficado o decreto, partiu Carlos poucos mSses depois para Espanha, e os oficiaes e readeiros dos estados de Flandres e Brabante aproveitaram a sua ausencia para tentar tornar a p6r em vigor o antigo imposto ; acudiu porem a Archiduoueza Grovemadora com outro decreto, dado em Malines a 19 de novembro de iSig, proibindo expressamente as ino- va^óes e mandando manter integra a liberdade de exportafSo da prata (ibi, pergami- nho 14). (è' Sr. J. de Vasconcellos, AWrecht DUrer^ p. 10, nio citando a fonte. BfARIA BRANDOA 379 cido ao5 mercadores porti^éses, os quaes nos annos de i5oo a iS3o foram os negociantes estranjeiros mais considerados em Aotuerpia (i). A casa Fugger de Augusburgo, fundada naqueUa cidade em i Syo por um simples tecelao (3), brevemente se desenvoiveu pelo comercìo de tal maneìra que o seu chefe Jacobo Fugcer (o Focoro dos nossos documentos e cronicas) era em iS^i um verdadeiro potentado alemao. Acerca delle, das suas rìquezas, da sua preponderancia politica e até do seu viver^ se encontram noticias muito curiosas numa carta enviada de Aotuerpia, em 4 de fevereiro daquelle anno, a D. Manuel pelo escrivSo da nossa feitoria, Kui Femandez (3). Diz elle : De Osbui^o (Augushurgo) escrevì a V. A.em io de Janeiro, corno recebera sui car- ta de 9 de dexembro per que havia por bem que alargasse o Focoro (FuggerJ da palavra que me tinha dado; ao qual fui logo fatar e Ihe disse, o milhor que pude e soube, de comò V. A. o avia assi por seu servilo. Elle, ao que mostrou, folgou muito e passémos muitas praticas comò amtgos.. . O dia antes que me partisse Ihe lui fatar; ao de8j>edir pediu-me^ que escrevesse a V. A sua recomenda^io e quanto elle era seu servidor, e assi o tmha mandado aos seus feitores per todas partes, que comprazessem em tudo aos criados de V. A.. • . Elle, senhor, é o mor homem de Alemanha e que governa todos 05 principes e reis; e é de maneira, que nenhum prìncipe vive sem elle e rolga de o ter por amigo; e o que elle quer acaba-o. Tem*se que se elle nÌo fora, depois de Deus, que el Rei nao fora emlejido \CarÌQS I de Espanha eletto bnperador em^SdeJìmhode iSig^ porque el Rei de Franca Ihe dava vinte por cento de^anho por todo seu dinheiro e cre- dito, e que respondesse e lìzesse por elle; e elle nao auis, tendo boa seguridade^ so- ffiente servir a el Rey; e prometeu ass^s a todos os emleitores e escreveu; e é de- ma- neìra, que tem tamanho credito com elles e com todos os principea, que fazem o que elle quer; e tambero elle é )usto e quer a rezao; porem, com quanta amizade i ha, elle nom ousa de sair de Osburgo mais que duas ou tres legoas e a bora recado. El Rei Ihe escreve muitas yezes e o correia, porque mais Ihe vàie ter a elle, que a quatro outros principes, pera o que Ihe compre; porque nem uro AlemSo nom faz nada sem dinheiro; e creta V. A^ que quem ha de negociar alluma cousa em Alemanha, qae Jhe é bom te-io por sua parte. E' tal, que os duques e principes emleitores, quando em Aosburgo, vam a sua casa ve- lo e a jogar com a molher, per o honrar, porque elle quer muito està honra. Tem nas milhores casas de toda a terra, em demasia Doas. A' minha partida live muitas praticas com elle, e comò amigos elle me disse, antre outras cousas^ corno esuva detenmaado de alevantar o cobra, ponfae Uie coatt muito mais qoe os tempos passados. . . Elle fica grande servidor de V. A.^ e tenho, que se elle viver^ que ha de governar el Rei milhor que o Imperador [Maximiltano^ avS de Carlos V^ falecido em 12 de Janeiro de /5/o), ainda que està veiho e quebrado todo. que dizem nom viver muito {morreu em /5»5ji; tem urna pema aberta; faz muito trabalho, porque tudo passa por sua mao; é de mais de sessenta anoos. . . • Depois reC^e^e ao outro banqueiro de Augusburgo, ao Gasterterre Ìi) Sr. J. de Vaaconcellos. AihredU DOrer^ p. ai. a) JHdemy p. 119 e seg. (3) Doc. XLvUI.— Rui Femandez, ou Rui Femandez de Almada, corno ttie chama Da- milo eie Goes que com elle conviveu em Flandres [Chronica de dom Emanuel^ part. Ili, cap. 60}, nSo creio que pudesse ter sido o feitor em Ourao, de 1483 a ^487, e em (^afim, de 1491 a 1495, e recebedor em Lisboa dos emprestimos e pedidòs dos judeus e cristSos pelos annos de 1496 ^C de auitagSo, n.** 56o a 563); era porem certamente o tesoureiro da na^o portuguésa em Antuerpia em i3i2 (doc. XXXII); q escrivfo da feilDrìa no- meado por alvaré de i de mar^o de i5ij (Corpo cronolojico^ part. 1, mac- ai.% doc. 49); o feitor que em 8 de Janeiro de 1 5a8 comprou o palacio de Yramerseele naquella cidade fAlbrecht DUrer^ cit., p. 33) e que Damiao de Goes le conheceu. 38o ARCHIVO HISTORKX) PORTUGUEZ Slochstetter), aue ficou multo contente com o recado que da parte de • Manuel Ihe deu e prestes para o servir em tudo. Todo o resto da carta- e interessantìssioio : em Alemanha, Ungrìa^ Polonia e Russia, tudo esti vazio de especiarìas» cporem é tamanha a la- droice em Alemanha de roubarem por os caminhos, que nSo ousa ninguem de passar pera nenhuma parte, nem comprar nem vender nada ; e estes rouDos se fazem nas terras dos prìncipaes senliores . • • e alguna delles recebem sua parte». No regresso passou «por a villa de Noreix^>ergue, que é a escapula (emporio) de todas especearìas e mercadorias de Alema- nha, d'onde se fornecem todas aquellas partea de Ungria». Fizeram-lhe OS mercadores de là muita honra e pediramlhe, que soncitasse de D. Ma- nuel a sua intervenf So junto do novo Imperador a ver se se mandava p8r cobro à cladroice» ; o que, diz elle, sena muito conveniente para o con- sumo da pimenta, paralisado em parte pelo receio dos roubos. Com outro mercador abastado residente em Flandres e talvez de li nam-. ral, apesar de pelo apelido parecer italiano, concluiram os feitores negocios importantes. Jeronimo era o seu nome de baptismo ; quanto ao seu sobre- nome, nao é facìl descobrìl-o entre as variantes dos documentos: Fralco- balde, Frascobalde, Fuscobalde, Francobalde I Foram porem tao cordeaes as relaf6es com elle manudas, que até durante algum tempo teve a seu cargo, comò logo veremos, a propria feitorìa. Depois, em feverciro de i5ii, queixava-se o feitor Joao Brandao de haver o Frascobalde provo- cado a estagna^ao no mercado da malagueta, retraindo-se com a sua; mas nSo Ihe dava maior cutdado, entre outras raz6es, porque «em Lirìm (?) é mui pouca, que é urna das principaes escapulas (cleposito, entreposto) que elle tem» (i). Aonos depois, em marfo de iSiy, outro feitor, Francisco Pessoa, vendeu a Jeronymo Francobalde por muito bom pre^, a doze dinbeiros e meio a libra de peso, setenta e ciuco balas de ^engibre (a). Outros mais mercadores estranjeiros se encontrarSo mencionados nos documentos adiante transcritos ; para elles remeto o leitor. ^ O antiflo feitor Tome Lopez deixou declarado no seo testamento dever certos dinneiros a D. Manuel, que, por alvaré dado em Lisboa a 27 de julho de i5i8, fez mercS a Francisco Pessoa, entao feitor em Flanares, de vinte mil reaes provenientes dessa divida (3), da orijem nem impor- portancia da qual nada me consta. 2.^ AFONSO MARTINZ. Era cavaleiro da casa del Rei e teve cargo da feitorìa desde tb de Janeiro de iSoS^ até a8 de setembro de i5o& seD i5. doc. 70. MARIA BRANDOA 38i sctt apcfido era Tibétt (i), Fortm os Tibéias Cidadaos de Lisboa e mer- cadores rìcos q«ie èè afidahnram; delles tocnou o nome um béco situado eotre o Corpo Santo e os Remolares, no meio de casas pertencentes ao morgado instituido por Ga^ar Tibàu em 1 563, morgado que passou aos se- nhores de Aguas Bellas (2) os quaes eram Sodrés e deram o nome ao caes ainda hoje assim designado, proximo do qual exisdu o tal béco. Do tempo de Afonao Martinz nada encootrei notavel sucedido em Pian- dres com a nosaa gente. Na carta de quita^ So que Ihe deram, aparece urna referencia bastante confusa a um Alvaro Falcao que parece ter morrìdo em Flandres, pois que delle fdra testamemeiro o Fettor. Tambem nella se no- meia a Jerommo Fralcobalde, ou Frascobalde, que a Afonso Mardnz entre* gou 6«3&a £j sendo 3.900 |>or urna tetra de camoio de Bartolomeu Marchio- ne, e as 1.452 * Aqiù temos pois um estranjeiro, a que jé là acima me referì, encarregado da feitoria, nao sei em que tempo. 3.* ALVARO VAZ. Ignoro de todo quem fosse e da sua estada em FlandreS) corno feitor, tenbo apenas a seguinte prova documentai : c6 mai 1 507 — Lettre du Roi de Portinai au magistrat d' Anvers^ relative à Tarri- vée en cette ville de son délégue Alvares (alias Alvaro) Vaaz, pard sans se munir de aes lettres de créance.— Texte latin» (3). Conservou^se na feitorìa até aoa fins do anno de 1 5o8, principios de 1 509, corno revelam certos dize- res de urna carta pelo seu sucessor endere^ada a D. Manuel em 8 de agosto de i5o9, e na pajina seguinte sumariada. Durante a estada de Alvaro Vaz em Flandrea sucederam dois factos que merecem breve memoria. Em 12 de marfo daquelle mesmo anno de i5o7 partiu do porto de Bruìea paca as iihas dos Afores, um navio carregado de gados e de se* mentes para os coionos flamengos das ilhas do Faial e do Pico, sendo està a mais antiga mencio que daquelle* arquipelago se encontra nos ar» 3UÌVOS belgas (4). E foi ainda em 1 507, a 29 de novembro, que na capella a nafSo portuguésa em S. Domingos de Brujes se fundou uma missa per- petua, resada em todas as quartas feiras por alma do dr. Fernao Duarte, mipondo o compromisso aos frades a multa de oito grossos por cada missa que deixassem de dizer, isto sob fiscaliza^ao dos consules (5). O dr. Fernao Duarte era portugués e havia sido fisico mór do Prìncipe D. Carlos, depois rei de Castella e imperador. Deìxara viuva a Caterina The- noqua ou Thanoqua (Tinoca?), residente em Brujes, a qual no dia 20 de abril de i5ia entregou em sua casa ao feitor Joao Brandao, alem do compro* misso da capella, um calia de prata doirada com seus corporaes e uma colher do mesmo metal, dizendo que seu mando deixéra estes objectos à espella da na^ao pormguésa em S. Domingos de Brujes, onde elle jazia e para onde as reierìdas alfaias foram levadas (6). Encontro noticia de 1) Corvo cronólojico^ pan. I, mac. 38. doc. 14. [2) Fr. Manuel de Santo Antonio, Thesouro da nobre^Oj v. Tìbéu. {3} Torre do Tombo, Inyeniaire des Documenis amcemam iaFactoreràe Portufoisé à AnyerSjjui existent dans Ics Arckives de cette yille^ fi. 2 v., n.« 9, extracto do t*** Registre. [4) Fiandre et Portugal cit, p. i38. [5j Casa dafeiioria portuguésa em Antuerpia^ liv. F, £L 56. 7 38a ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ nm Diogo Duarte, portugués, nascido em Bruges em 1S44 e falectdo em Àntuerpta em 1620 (i), o qual talrez fosse neto do Fisico mór, ou seu parente, e foi pai de Gaspar Duarte, que em 161 5 comprou uma casa apala^ada em Antuerpia, a qual se conservou em poder de seus descen- dentes até^aos fins do sjsculo XVII (2). 4.® JOÀO BRANDÀO, fìdalgo da casa del Rei, come^ou a servir de feitor eoi Flandres no dia i de Janeiro de iSog, exerceu o cai^o até 27 de agosto de 1614 e foi-lhe dada carta de quita^ao em so de igual més de ibi7(3). Recebeu em dinheiro, alem de varias mercadorias, 85.537 £, 3 s., 4 d. (2.874 contos de réis), sendo 63.868 £, 8 s. e 6 d. da fezenda real e 21.658 £, 14 s. e io d. do mosteiro de Belem. Note-se que nesta conta ha um erro de 10 £, a menos nas parcellas ou a mais na soma. Por um alvarà de que aparece traslado autentico, mas com a data errada, pois que nao pode ser do anno de i5i2 e seria talvez do de i5o9, foi concedido a JoSo Brandao o ordenado de cem cruzados e mais o man- timento de dois homens, na maneira que co ouverao os outros nossos fei- tores» (4); por outro alvarà porem de 7 de maio de i5ii (e por isto nao pode ser o precedente de i5i2) foi-lhe substituido aquelle ordenado pela perca ntajem de um por cento sobre todas as mercadorìas da fazenda real por elle vendidas (5). Apontarei agora e com a possìvel brevidade, seguindo a ordem crono- lojica, as noticias encontradas do tempo em que JoSo BrandSo estere na feitoria de Flandres da primeira vez. Em 8 de agosto de i5o9 escreveu elle, de Antuerpia, a D. Manuel. Nesta carta anuncìa-lhe a nova grande amizade entre o imperador (Maxi- mìliano I) e el Rei de Franca (Luis XII) ; a rendi^So de Padua aos Vene« zianos, a qual o Imperador lurou de recuperar; a embaizada humilde por aquelles enviada ao Papa (Julio II), que, em resposta, Ihes mandou uma bandeira com tres vergas de ferro pintadas e uma letra de roda que dizta: ccom estas vos tenho de castigar». Seguidamente passa a referir-se a no- ticias de coisas nossas : um navio de Tavira, de setenta toneladas, que ia para Ruao carregado de a^ucar, foi roubado no Canal por um corsario escocés, que cfoi fazer o botim a ana frolU (Honfleur) ; o pirata traz qua- tro navios, um de cento e trinta toneladas, outro de setenta, alem dos mais, e so persegue navios nossos ; na Escocia, constava-lhe estar «um parente do fadrao escocés» fazendo duas multo grossas nàus para prear em navios portuguéses. Tinham-lhe jà delivrado dez pe^as de tape9arìa, encomendadas antcs que Alvaro Vaz se fosse; e, conforme a lembran^a enviada de cà, foi Jeronimo Fuscobalde c]ue as pagou sobre a conta da malagueta, etc. Termina enviando uma lista dos pre^os das especearìas e dando noticia de haver vendido a um burgués de Antuerpia a moiu soma de pimenta molhada, que da Casa da Mina fdra enviada em trcs nàus, ao pre^o de i5 d., a seca estava entao a 18 d. (6). i) Fiandre et Portugal cit., p. ia3. 2) Les Portugais à Anyerij cit, p. 3a 3) Carèas de qìdtacSo. n.^ 35a 41 Dee. xxxni. ;5) Doc. XXVI. (6) Doc. XXI. MARIA BRANDOA 383 Com o cargo de feitor em Flandres desta pimenta molhada havia ido Francisco dk> Couto, cavalelro da casa del Rei; e' là esteve tratando da venda della desde 9 de junho de ibog até 3o de abril de i5io, recebendo 6.715:917 rs. (1), OS quaes em io de novembro deste ultimo anno jà Joao Brandào e Tome Lopez tinham todos empregados em fazenda (2). Em I de novembro de iSio nova carta de Joao Brandao, tambem datada de Antuerpia, anunciando ter fretado cuma grande nàu de piri- peo pìtania mór de uma esquadra, comò a outros muitos desses tempos que nao tmham se- cuido a carreira marìtima; nunca residia em nenhuma ilha do arquipelago de Cabo Verde^ poroue as cartas de vicinhan^a, ao contrario do indicado na fonte consultada pelo sr. de Lannoy, eram concessdes a estranhos de privilejios identicos aos dos natu- raes, quasi sempre com fìns comerciaes. Basta um exemplo: por carta de 17 de fulbo de i5o6 foi a Condessa de Portalegre feita vizinha de todas as ilhas dos A^òres, para Sozar dos privilejios, franquezas e liberdades de que gozavam os moradores das referì- as ilhas (liv. Sa.* da Chancelaria de D. Manuel^ f). 24) ; ora a Condessa yiyia em Lisboa mas tinha bens e interesse! nos A^òres. 584 ABCHIVO HKTOKICO PORTCGUEZ glaterra, na outra, trigo, e nSo enviartl mais mercadorìas, sdvo se dft Casa da India mandarem mais pimenta molhada, porque todo o dinhcìro rece- bido rem empregado; sena vantajoso comprar trigo, por ser bota e estar barato ; delle acabaram agora de carregar quatro nius para Lisboa e co- megaram a encher outras quatro; da fcira de setembro a està parte veti- deu muita pimenta, e na fetra que vem espera vender mais, tendo recebido muita nestas ndus (i). Nova carta, de Antuerpia, a 19 de fevereiro de i5n, toda politica: o Duque de Gueldres «tornou a volver a foiba»; tomou Arduique (Har- derwyk) na Holanda, tper està sutileza, scgundo se conta: escreveu urna carta ao CapitSo da dita villa, corno que vinha de mosew* de Sytem (Yaselsccin), que dizìa que, tanto que Ihe aquella fosse dada; no outro dia se fosse a urna villagem qua estd tres legoas da dita villa, e que levasse quanta gente pudessc levar, pera ìrem sobre urna villa que nao quer pa- gar certo dinneiro a Madama (Margarida de Austria, Governadora aos Faises Baixos) ; e que qualquer delles, que primeiro chegasse i dita villa- gem, fìzesse lego um fogo. Chegando o Capitao com quanta gente pSde levar, parecendolhe que vinha a dita carta por moseor de System, fez leso um fogo, e tanto cjue o Duque de Gueldres vio o dito fogo, deu logo sobre a dita villa, que estava mui desprecebida, e entrou nella sem fazer nem um ma!.> Refere-se tambera à ocupa^ao de Utreque pelo Duque; a um embaixador de Maximtliano, vindo de Franca; à nova guerra do Rei desta na^So com Fernando o Catolico, etc. (2). Mais outra carta, datada està do porto da Ranna, na Zelandia, a 38 de fevereiro de i5ii: veio mais malagueta e '}& tem alguma vendida; a pimenta baixou de pre^o, mas ha de tornar a subir; os Inglftses com- praram della na feìra de Bergues, mais do que nunca, e bem assim os Alemaes; o gcngivre mantem o antigo pre^ e o mesmo sucede às ou- tras especearias, drog^rias e mercadorias; admira-se de ainda nao ter chegado a Lisboa uma nàu biscainha que rcmeteu com estanho; a tal ndu JuIioB «de piripeo*, a que ]à anteriormente se referiu, esti quasi pronta e partirà com as outras ; as mercadorias que envìa estao prestes ha mais de tres méscs, com o regélo porem nao puderam passar a Ran- na, etc. (3). Ainda neste anno de i5ii, nos fins delle, um acontecimento bem cla- ramente denunciador da importancia adquirida pela feitorìa portuguSu em Ftandres, teve logar. Sucedeu pois que, por carta de 20 de novem- bro, OS governadores da cidade de Antuerpia concederam, por ìnterven- 9ao de Tome Lopez, embaixador do Rei de Portugal, e a requerimento do Feitor, Consul e mercadores na cidade residentes, prìvilejios especiaes i tìn-ióo portuguésa. Apontal-os-hei: i.° deram-lhe em propriedade a casa na rua de Kipdorp, outrora pertencente a Gii de Schermere, na guai ]A es- tava esiabelecida a feiloria, isto em quanto o feitor ou os consules resid:- (i)Doc. xxni. (a) Doc. XXIV. (3)Doc.XXV. MARIA BRANDOA 385 tpm eo» AnmecpU e Q-prkBcirana dita casa habitar (i); 2/" poderao rece- ber por anno livre de direitos, para consucno da casa e faoQiHa do Feitor e crìados do Rei de Portugal, oito toneìs de vinho e quarenta de cerveja, e da dod consules e outros subdìtos, doze toneis de vinho, comtanto que a ningueoa vendam o dito vinho por grosso, nem por miudo; 3.^ que nao serao presos por dividas, nem em outras causas civeis, desde que pres- tem fianca succiente ; 4«^ que. no caso de perderem ou de Ihes serem roubados quaesquer objectos, se os encontrarem, Ihes sejam restituidos sob juranaento supletorio, comò aos proprios burguéses; S."* que, sobre- vindo entre os subditos da dita na^ao qualquer questao ou demanda, jus- ti^a pronta tbes seja feita, sobretudo tratando-se de mestres de nàus, marinheiros ou mercadores prestes a partir ; 6.® que pagarao um grosso pelo transporte de cada caixa ou baia de afucar, especearias ou droga- rias, que trouxerem para a cidade ; 7.® que, no caso de serem concedi- dos mais amplos privilejios aos dcutra na^ao que de novo se venha es- tabelecer na cidade, elles se tornarao extensivos d de Portugal; 8,® qxjfi para seguran^a destes modernos privilejios e dos antigos jd outorgados pelo prìncipe^ os governadores se obrigam a alcan^ar para todos a con- firma^fio do soberano (3). Parece que tomaram posse da casa no i .^ de Janeiro seguinte (3). Desde entao acentuou-se cada vez mais nos mercadores portuguéses a tendencia de transferirem os seus escritorios para Antuerpia, arrastando com o seu esempio os negociantes das mais na^Òes, tanto que em i5i6 estava consumado o abandono de Brujes (4). Nao sei se naquelle abandono entrou tambem o da capella da na^ao \ nao creio porem que este, a ter-se dado, tivesse sido ìmediato (5). Em 27 de juiho de iSog navia D. Manuel mandado expedir um alvard, ordenando e encomendando aos oficiaes da feitorìa que mantivessem cuidadosamente a capella e os bons custumes da na^ao (6). So perto de tres annos depois, ao que parece, se atendeu a està reco- menda^ aoy indo o feitor Joao BrandSo, na qualidade tambem de consul da na^ao portuguésa, visitar a capella de S. Domingos de Brujes no dia 20 de, abril de i5i2. Deu elle entao ordem para se organizar o inventario das (i) Està casa conseryou-se na posse dos Portuguéses até iS^S, anno em que elles por motlvos politicos abandonaram Antuerpia. Entao os governadores da cidade ven- deram a casa; tornaram porem a readquiril-a em i564 para de novo a conceder aos Por- tuguéses, que nella permaneceram até à invasao francésa de 1794. Transformada em armazem de forrajern, velo depois a ser quartel dos bombeiros, destino q^ue se Ihe man« teve em seguida a uma reedifìca^So completa. Les Portugais à Anvers cit., p. 26. (2) Dee. XXVII. (3) Dog. XXVIIL (4) Guicciardini, Htst, des Pays Bas^ em Fiandre et Port, cit, p. 69 e 70. (3) Em setembro de 1570, refundindo o antigo compromisso, se fez um novo para a irmandade dos Portu^uSses em Antuerpia, seguido, em 157^ de um acordo com os frades da Ordem de S. Francisco da Observancia daquella cìdaidtfCasa da feitorìa por^ tuguesa em Antuerpia^ liv. F, fi. 134 e 71). Disso comtudo me nao ocuparei, por estar fora do perìodo marcado para este esbo^o. (6) Casa da fedina portuguém em Aniuerpia^ liv. F, fi. 119 v. 386 ARCHIVO mSTORICO PORTUGUEZ alfaias e ornamentos da capella (i), o que no fnesmo dia ae execurou, en- contrando-se là o seguirne : Utn cales melhor e outro mais pequeno, de prata, certamente, apesar de se nao de- clarar; dois casti^aes de prata e outros dois de latao doirado ; um bacio, urna alampada e duas galhetas de prata; urna pas de prata doirada, outra de prata e mais urna de la- ^o doirado, eram portapaxes ; um missal com chapas de prata doiradas, outro velho com chapas de latao doirado, estes parece que eram manuscritos, porqae aparece um terceiro que se declara ser ade fórma», isto é, impresso ; de brocado rico, ama vesti- menta, com diacono e sodiacono, uma bolsa de corporaes, um firontal e urna cuber- tùra de missal; duas cortinas de tafeti vermelho; de brocado som enos, uma vestimenta, uma bolsa de corporaes e um frontal ; de damasco azul prateado, urna vestimenta com diacono e sodiacono, um frontal, uma bolsa de corporaes e urna cubertura de livro; duas cortinas de tafetà axul; de damasco branco, uma vestimenta, frontale cubertura de missal; de damasco vermelho, outra vestimenta, frontal e bolsa de corporaes; duas cortinas de tafeté vermelho; uma cubertura de veludo vermelho usado ; tres corporaes de pano de linho; dois sacos para os cales: uma vestimenta e uma cubertura de6- nados de damasco preto; uma vestimenta de sorte de sarja de Ipre preca, velha; uma vestimenta de pano de Tomay; um frontal de coirò de bufalo; um tapis deTurquia para os pés do aitar; os ornamentos de len^o que servem na quaresma; duas toalhas de aitar; duas toalhas fìnas; duas toalhas j^rossas; tres servietas; umas cortinas de sarja roza e verde, velhas; um caldeirSo de latao, de ajjua beuta; ciuco casii^aes de la^o de redor da capella; tres casticaes de latao que estao dentro na capella; quatro casti^aes de ferro doirados; um candieiro de ferro no aitar; e dois ferros de matar tochas(a)' Dois dias depois deu JoSoBrandao ao cclerque» da capella umrejimento no qual ficou determinado, que em cada anno se cantassetn tres mtssss; se resassem cento e uma, nos domingos e certos dias detemainados ; e se gastasse de cera annualmente vinte e quatro libras de peso, em seis tochas, e mais cincoenta e quatro libras, em velas grandes e pequenas (3). Com maior dilijencia se daria cumprimento a outro alvarà peto qual D. Manuel, em i de mar^o de i5i2, ordenava ao Feitor que asststisse com quinze cruzados annuaes, durante sete annos, a tres relijiosos de S. Domio- Sos da Observancìa, que iam estudar a Paris (4). Eram vulgares estes subsi- ios a estudantes no estranjeiro, tanto a eclesiasticos corno a seculares, in- clusive a fidalgos; uns aprendiam teolojia,' outros artes, quasi todos em Pa- ris (5), e até là para Flandres foi enviado um Pero de Evora, filho de Mar- (i) No inventario nio se mencionam, talvez por ainda là n&o existìrem,qoatroqua- dros a olio provenientes de Portugal^ representando a adora^ sLo dos magos e que esu- vam colocados nas paredes do còro da capella. Dr. Sousa Viterbo, Artes e artistoi em Fortugal^ p. 4. (5 Doc. XXIX. (3) Doc. XXX. (4) Corpo cronolojicoy part. I, mac. 1 1, doc. 18, em J. P. Ribelro, DissertagSes^ VjSU- (5) De alvaràs guardados na colec^fio do Corpo cronolojico^ uns apontados por J. P* Ribeiro, outros pelo Cardeal Saraiva, e alguns encontrados por mim, se sabe terem, entre varios, tido subsidio para estudar là fora, por estes tempos, os seguiotes indi- viduos : Fr. Gii de Santarem, frade de S. Francisco, quinze cruzados annuaes, por sete annos, aprendendo de ciencia em Paris; alvarà de 10 de agosto de i5io. — Fr. Manuel Estaco, tir. Gonzalo [de Aveiro] e fr. e^en^o (Ascenso), frades da Ordem de S. Domin- gos da Observancia, a cada um, quinze cruzados annuaes por sete annos em Paris onde vio aprender «teolesia» ; 1 de roar^o de i5ia. — D. Pedro de Meneses, 48:080 rs. por anno, de sua moradia e cevada, no estudo de Paris onde vai agora aprender; i3 de Janeiro de i5i3. Recebeu ii5 £048. que montou em 138:240 rs. que houve eintres annos. — Bacherei Fr. Diogo Nogueira, frade de S. Domingoi, qutuse cnisados annuaes j MARIA BRANDOA 38; tim Vaz, cnosso rei de armas, para ver e aprender as cousas que perten- cem ao dito oficio». Mandoulhe dar trinta cruzados por anno, por tempo de dois annos, por alvarà de 23 de oitubro de i5i3 (i). A proposito de rei d'armas em Flandres transcreverei urna carta de Tome Lopez, muito interessante, escrita de Antuerpia a D. Manuel por estes tempos : Senhor — £u emvio Diega Ribeiro, portador destas, a V. A. o qual sempre esteve comigo nesta terra; e per mar e per terra foy alguas vezes a V. A. e asy a Escocia com mea sobrinho (Lourengo Lopesfy provavelmente) duas vezes, e depoìs so, per mSdado de V. A., e aguora com Joam bramdam por saber a lymgoajem da terra, que de mo90 se crìou le e em Imgraterra, e he muy conhecido del Rei, o qual sempre Ihe fez muyto fa- vor. E quamdo aguora, estando eu em Imgraterra, homde veyo comigo, morreu Rexa- monte (Richmond) Rev darmas del Rei de Imgraterra, que hera porto^és, huu cavaleiro, capitam da guarcla dei Rei,requereo a mim e a eie, por parte del Rei, que quisesse seer seu arauto darmas, porque sempre na casa ouvera huQ rei darmas portugSs, dos quaes se acharam mui bem servidos; e ysto requereo pellas lymgoajees que Ihe vio fallar, que eie falla egr8s, e escorcés, e francés e fra m ego, corno se e cada fauGa delas nacera, e rezoadamente alemalo. E eu o desviei disso, dizedo-lhe que pois e tal carrego queria servir, que milhor serviria a V. A., porque me parecera que o tomarics pera ysso, lem- bramdome os oficiaes darmas que temdes e os que ca vy vyr apremder; porque, aalem do que digo de suas lymgoajees, he da ydade e desposi^am que vee V. A., e solteiro, e gramde comtador e pera seer ecarregado e qualquer cousa de sustamcia. He filho de ufi bo6 escudeiro, e de homrados paretes, e servìo sempre e cousas de V. A , asy no 3 uè digo dEscorciaj comò comigo, estamdo ca; nem eu, senhor, poso satisfazer os taes, o tempo que comico esteverero, senam com cousas de V. A^ o que pe<^o que, se o asy ouver por bem, se sirva dele neste carrego., S que ja tomou te9am pello dHymgraterra; e se o nam achar tal corno digo e muito davamtaje, tomese a m^; e eie he pera fazer mais caminhos que nhuG correyo ne mais prestes. Scprlta Ì Emves (Antuerpia) a z dias doytubro i3io. por quatro annos, no estudo de Paris ; 3o de mar^o de i5i3. — Fr. Fedro de E^a, firan- cìscaao, quinze cruzados cada anno por tres annos, para aprender teolojia ou artes em Paris; i3 de dezembro de i5i3. — Francisco de Mello, fìdalgo da casa del Rei, que ora està aprendendo em Paris, bavere em cada anno 38:ióo rs. de sua moradia e cevada (sl doze reaes o alqueire), por tres annos; 7 de fevereiro de i5i4. Recebeu os annos de i3i4, i5 e 16, intitulando-se mestre em artes.— A certos frades de S. Domingos que es- tao em Paris a aprender, quinze cruzados por anno a cada um ; 3o de maio de i5i4. — Fr. Domingos de Lisboa, quinze cruzados cada anno por seis annos, no estudo de Pa- ris; 11 de dezembro de i5i4. — Fr. Afonso, frade de S. Domingos, a esmola deter- minada até acaèar seus estudos em Paris; 23 de junho de i5io.>-Fr. Pedro de E^a, vinte cruzados cada anno por seis annos, no estudo de Paris; 7 de agosto de i5i6. — Francisco de Mello, fìdalgo da casa del Rei, 38: 160 rs. em ceda anno de sua moradia e cevada^ para os annos de i5i7 e 18, no estudo de Paris; ao de fevereiro de 1317. E' o mesmo là de cima. — Das esmolas de quinze cruzados por anno, de certos frades que estSo aprendendo em Paris, continuareis a dal as a Fr. Joao Guiciro de Tavira e a Fr. Francisco do Porto, frades de S Francisco, apesar do primeiro ir estudar para Uxó- nia (Oxford) e o outro para Santa Brìsa; 20 de mar^o de 1317. — Licenciado Fr. Luis Bocarro, da Ordem de S, Francisco, quinze cruzados. em Paris , 24 de setembro de i3i7. — Francisco de Mello, fidalgo da casa del Rei, filho ae Manuel de Mello, 47:370 rs. cada anno de sua moradia e cevada, por dois annos, no estudo; 11 de ferereiro de 1319. — Fr. Gonzalo da Silva e Fr. Francisco de Sousa, monjes de Alcoba^a, trinta e etneo cru* zados a cada um, no estudo de Paris; 12 de setembro de 1319. — Francisco de Mello, filho de D. Beatriz da Silva, que està là aprendendo, cem cruzados de roerc8; 19 de se- tembro de 1319. (1) Corpo cronoiojico^ part. I^ mac. i3, doc. 82.— Recebeu os annos de i5i4 e i3, passando os recibos em Antuerpia nos dias 23 de abrìl de i3i3 e de i3i6. Aprendeu a uuminura e a a de abril de i3i7 jà fez uma carta de brasSo. Vide liv. i.* dos Brasóes de Cintraj p. xx. 388 ARCHIVO HISTORKO PORTUGUEZ Item. He agora vìiinda nova qua o Emperador tem eviadò seii mil Alcmies a so- correr Verona, e que estes e o GrS Mestre de Fran^ a hindo socorrer, se levamaram OS Venezeanos, os quaes nom estavam tam acerca que Tose cerco formado — Tbome Lopez (i). Voltemos aos negocios de Flandres. Na bolsa da na<;ao é que os percal^os minguavam; o alvari de D. Afonso V de 23 de fevereiro de 1469 (2), apesar das penas nelle cotni- nadas, era jà quasi letra morta que carecia resuscitada. Com este intuito reuniram-se, no dia 3 de mar(;o de i5[2, nas casas da na^ao portuguésa em Antuerpia, Joao Brandao, feitor e consul, o outro consul Afonso Eanes de Palma, Kui Fernandez, tesoureiro, e André da Silveira (3), escrì\rao, e resolveram escrever a el Rei, ponderando-lhe que, d'entre os mercadores, tanto naturaes do reino, corno estranjeiros naturalizados, muitos dos uue vinham àquellas terras com mercadorìas, se recusavam a pagar na bolsa da na^ao, corno era ordenado e sempre se fizera e levavam com seu exem- pio varios outros a proceder da mesma sorte ; e pedindo-lhe para, depois de se informar com Tome Lopez, bem conhecedor dos negocios de Flan- dres (4), dar remedio ao mah Foram atendidos, e a 2 de junho um crìado do dito Tome Lopez trouxe as determina^óes réjiaa exaradas num alvari dado em Lisboa a 8 de maio (5). Ordenava D. Manuel que todos os mercadores, assim naturaes, corno vizinhos do reino, tanto os nelle moradores, corno os estantes em Flan- dres e Brabante, que levarem ou enviarem mercadorias para aquelles està- (1) Corpo cronolojkoy part. I, maf. 9, doc. 77. (2) Vide na pag. 358. (3) André da Silveira regreasou ao reino com Jo3o Brandao em i5i4, e pouco tem- po depots foi nomeado tesoureiro da especearia da Casa da India, durando a sua adaù- nistra^So desde maio de i5i5 até junho de iSig e recebendo ena todo este tempo 941 contos de reaes, corno vimos na p. 374. (4) Noterei acuii, por sd agora ter prestado maior aten^ao ao doc. a seguir transcrìto, que existiu outro Tome Lopex, mercador abonado, contemporaneo do que foi feitor em Flandres e na Casa de Guiné. Picara a advertencia corno preven9ao a possiveis coafu- s5es. O doc. é urna carta do Tome Lopes, feitor, na qual se rèfere ao Tome Lx>pei, mer- cador, e tambem a negocios de Flandes^ escrevendo : «Senhor — Coro estas bisas nom poderi emtrar as naaossenam oje domiogo/e sam vijmdas a ... e a peliteira e a de bertolameu [Marchione] e traze ... e muyta prata que he o principali dela e veeo depois delas a asna que tocou hymgraterra e paroo depois destas e deu nova que estauà e camara que he huù porto 6 jmgraterra junto la das Aa- nas que chegou hj huti navio jmgres que deu noua que vijra etrar Ì gelamda Anaaofra- menga de tome lopez e as outras duas naaos de framdes que heram i sua compaohia E o patram afomso Rodriguez me disse que has topara i somda e queajmdaquemesoam falara as conbecera/ àemtrou tambem oje i rrestelo A naao ferros que veem de lomdrcs e tras m^tt fazemda da pannos e a naao damdre afomso e a daveiro tambem eotrou huda navata fra- cessa ... se ni sabe o que traz ni donde he f trou tarde / «pelo que escreue o ffeitor de framdes vera rosalteza per as cartas que a vosakesa muy mais larguo me diz que serene «a caravela pera argim fazemos prestes huGa das que vieri da mjna poroue pode « bem hijr e tornar a tempo de seguro... daluaro luis que he gramde e booa / ae lixboa a xj dlas de dezembro eie i3i3. Tome lopez» Corpo cronolojico^ part I, mac. is,doc.4i- A humidade apagou completamente algumas palavras. O tal porto de Camara em n glaterra nio sei qual fosse; a elle comtudo tambem se refere e piloto J<^o de ' '"^^ o leu lÀyro dx marimharieu p. 1 13. (5) Doc. xxxn. MARIA IRANDOA 389 do8, pagaem na bolsa da na^fio, comò era custume antigo, am grosso por cada Kbra de valor das ditas mercadorias, sob certas penas cominadas no alrari (i). E>a realmente anti^ aste custume e jà por vezt% me tenho refendo à nossa bolsa de comerao e é contribuì^ io là paga, a qual^ corno Deste diploma mais claramente se indica, era desdaada para suprimento dal^mas despesas e neccssidades da na^ao^ conserva^ao da espella e dos prìyileiios, auxilio aos mercadores e mareantes necesshados, eotradas e fes« tas dos prìncipes e outras cousas necessarias. Por ocasiao destas festas su- cediam às vezes casos patoscos. Em 1 54^ fez o Principe D. Filipe de Espanha a sua entrada solane em Antuerpia, cotisando-se todos os mercadores, tao- to OS naturaes, comò os estranjeiros, para que os festejos fossem brilhantes ; pois OS nossos, apesar de terem feito grandes despesas, deixaram-se ficar em casa so para nao térem de ceder o passo no corte)o aoa Ingléses (2). O alyarà de D. Manuel foi apresentado a Margarida de Austria, Go- vemadora dos Paises Baixos, que o aprovou e confirmou . por ordenan^a dada em Antuerpia a 16 de setembro de i5i2 (3). E para nao voltar ao assunto direi, que D. Manuel tompu a mandar expedir para o mesmo fim^ em ai de junho de i5i8, outro al vari com agravamento da multa (4); que nova ordenan^ foi promuigada em nome do miperador Carlos V , em Mali- nes, a 14 de junho de ibaj^ mandando aos oficiaes da justi^a de Flandres e Brabante, que a requerimento dos consules da nacSo portij^ésa cons- tran jam os mercadores remissos a oagar na bolsa oa nacSo (5) ; e final- mente que aìnda a 24 de oitubro eie f 528 veio IX Joao III com um seu alvarà pretendendo fazer observar o andgo custume do grosso por libra (6). Està prestes a findar o tempo da gerencia de JoSo Brandao corno fei- tor em Flandres, desta prìmeira vez que là esteve. Efectivamente, a 21 de oitubro de i5i3 foram expedidos em Lisboa tres alvaràs reladvos à administra^ao da feitoria: pelo primeiro aviza D. Manuel a Joao Brandao que, «por ha ver muito tempo que estaes là e vossa conta ser jà grande, houvemos por bem que a viesseis dar», e ordena-lhe que entregue a fei- toria a Silvestre Nunez, escrivao da camara, a quem nomeara ieitor (7) ; pelo segundo faz mercé a Silvestre Nunez, eque ora enviamos a Flandres por nosso feitor», de Ihe dar de salario outro tanto quanto havia Joao Brandao (8); e pelo terceiro faz saber ao dito Silvestre Nunez que deter- minou de enviar a Flandres por escrivSo da feitoria a Francisco Pessoa, mofo da camara, a quem manda dar cincoenta mil reaes de mantimento por anno (9). Ì[i) Doc. XXXI. ;a) Albrecht DUrer, cit., p. 54. 3) Doc. XXXIV. a) Doc. XXXVIII. (3ì Casa da feitoria portuguésa em Antuerpia^ caixa III, pergaminho i. 56) Ikiy livro F, fi. 120. 7) Incluido o alvaré no doc. XXXV. o\ Corpo eronolofico,iptLn. I, mac. i3, doc. 76. (9) Jh'Ann, doc. 01. — Francisco Pessoa passou recibo dos annos de f5i4, i5 e 16 a 's , e mais 3o £> 4 s. e io d. dos me* Nesta occasiSo entrou a sernr de fettor» 41 a^ i3 8. e 4 d. cada anno, que monta a 5o:ooo rs , e mais 3o £, 4 s. e io d. dos me- %t de oitubro de i5i6 a fim de junho de iSi/. " coaso logo vertmos. 390 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Chegou Silvestre Nunez a 4ntuerpia a i6 de novembro e clhe lago fei dado o melhor aposentamento» da casa da feitorìa ; a entrega della porem foi-se dilatando, havendo em Joao Brandao bem evidente ma vontade de ce- der o logar. A 9 de dezembro requer o novo Feitor ao antigo que Ihe entre- gue o resto das mercadorias, se algumas ainda retem, e a casa da feitorìa com o que li estiver dentro. Nao se poude Joao Brandao conter perante este ultimo pedido e no dia seguinte, respondendo por esento ao reque- rìmento do outro, diz : cestas casas em que pousamos todos tres^ a saber, André da Silveira, Francisco Barbosa e eu, sSo desta villa de Emves (Antuerpia), as quaes, a requerìmento de Tome Lopez e meu, se deram a està na9SO) e que eu pousasse nellas todo o tempo que nesta terra es- tivesse» ; e quanto ds coìsas do servilo da casa, as quaes requer Ihe en- tregue, jà o fez de todas as mercadorias e efeitos que eram por despender ao tempo da sua chegada, havendo assim cumprido as ordens réjias, pois Ihe é impossi vel acreditar ser a inten^ao del Rei eque ihe houvesse de en- tregar a minha cama, em que durmo, e assi a de André da Silveira, que é sua, e assi a de Francisco Barbosa, e asi os espetos e toalhas em que comémos.» Silvestre Nunez protesta nao ter feito estas exijencias e acusa por seu lado a Joao Brandao de Ihe ter respondido ccom furia». Prolon- gou-se este dize tu, direi eu, até 22 de dezembro, em que na rèplica Joao Brandao declara nSo haver entre elles, realmente, demanda nem processo e serem tudo ccousas que nSo importam nada» (i). Ainda permaneceu Joao Brandao mais uns tempos em Flandres, até 27 de agosto de i5i4, comò declara a sua carta de quita^ao, ultinoando os seus negocios naquellas terras. 5.® SILVESTRE NUNEZ. Nao se encontrando rejistada a sua carta de quita(3o, faltam-me os indìspensaveis dados, nao so para poder deter- minar o tempo preciso da sua gerencia, corno, e isso é mais lamentavel, para saber qual foi o movimento da feitorìa, em dinheiro e mercadorìas, durante a sua administra^ao. Quanto ao tempo por que ella se dilatou, sei haver elle chegado a Antuerpia a 16 de novembro de i5i3; ter jà to- mado posse dalgumas mercadonas pertencentes i fazenda real em 9 de dezembro; surjirem entao, entre elle e Joao Brandao, discordancias um tanto azedas, em virtude das quaes Silvestre Nunez se retirou para Ber- gues, onde terminaram as contendas, iìcando elle, segundo parece, d'en- tao por diante em pacifica posse da feitorìa (2). Nella permaneceu até fins do primeiro semestre do anno de i5i7, no qual, em alvarà de i de mar- ^o, se declara haver sido expedida ordem para regressar ao reino e en- tregar a feitorìa a seu sucessor, Francisco Pessoa (1). Chegou o alvarà a (i) Doc. XXXV. — E* interessante este doc, até por servir de correctìvo a supostas rìquezas e faustos ezistentes na casa da feitorìa ; là nao ha via disso ; girava multo di- nheiro ; entravam e safam muitas mercadorias, mas preciosidades artisticas, so de passa- iem as encomendadas por D. Manuel, ou com mais alguma demora os presentes de Durer ao pessoal da feitorìa, aos quaes le adiante me referìrei. (2) Doc. XXXV. (3) aRuy Femandex, nós el Rey vos emviamos muitosaudar. Por o avennos asy poi noso servilo, mamdamos a Silvestre Nunez, nosso feitor, que se venha em bo5a ora pers estes rregnos e que emtregue a feitorìa e toda nossa fosemda a Framctsquo Pesoa. E pela confìan^a que teemos de vós, que nos servyres beem e com todo o recado, ouvemospot MARIA BRANDOA 391 Antuerpia a 18 do mesmo mes (i), mas parece ter so produzido inteiro efeito no firn de junho, pois que, comò acìma mostrei (p. 389), o novo feìtor, Francisco Pessoa, recebeu, até o ultimo dia daquelle més, apenas o ordenado de escrivao da feitoria (2). Regressou Silvestre Nunez pouco depois ao reino, onde condnuou a ser empregado em negocios da fazenda Té)ì9i. Afigura-se-me haver sìdo Silvestre Nunez apenas um a jente comercial e nSo um daquelles feitores mercadores de cujas aptidòes nos di o sr. Joa- quim de Vasconcellos urna tao brilhante descri^ao, dizendo-nos que nélles existia csentimento do bello, gosto artistico», porque: cAs viajens, o trato com negociantes de todas as naf;6eSy o habito de ver e de comparar os produtos da Fran<;a, da Italia, da Alemanha, da Es- panha, os do Oriente com os do Ocidente, o exame e avaliacao de innu* meros objectos das artes industriaes, que entao andavam no comercio ; as sedas e rendas (merletti) de Veneza ; os veludos de Fiorenza ; os broca- dos de lamina de oiro e prata da Sicilia ; os bronzes, ferros, obras em co- bre, prata e oiro de Ntlmberg ; os linhos de Augsburg ; os coiros doirados de Espanha (Cordova) ; os tanpetes e chailes da india ; as las de Segovia e de Barcelona ; os panos de uent, Ypern e Courtray ; as armas de Toledo, de MilSo e de Ntlmberg ; os cristaes de Veneza ; as Majolicas de Doccia; — emfim, a exposi^ao permanente de centenas de quadros, que affluiam à pra<;a com os demais generos, artefactos da industria, e produtos das artes industriaes — tudo isto exigia urna classifica^ ao, uma avaliacao mais ou menos artistica, que demandava o estudo da materia prima e da factu ra — do fundo e da fórma. cO mercador de entao era, alem de negociante, meio artista ; amigo das boas letras, dos bons livros, das bellas encaderna^Ses, das poeticas gravuras em madeira ; encomendava quadros. . . vidra^as. . . bronzea. . . cJa ve o leitor que o mercador ou negociante do seculo XV e XVI nao era o mercieiro de hoje; por isso tambem os feitores de Portugal em Antuerpia, em iSso, nao eram o que seriam hoje os nossos cambis- tas, se ali os tivessemos» (3). Silvestre Nunez nSo seria destes, mas tambem nSo era dos outros ; vendia pimenta, mandava cobre. avizava que nao fizessem saques impor- tantes, porque o dinheiro ia escaceando^ e a isto limitaria as suas fun^òes. No seu tempo nao sucedeu em Flandres nenhum aconteciroento im- portante relativo a coisas nossas, a nao ser o abandono definitivo da fei- beem vos emcaregar de noso sprivam da dita feitorìa ; porem volio noteficamos asy e vos inamdaniosy que vos emcareguSs de no dito careguò nos servirdes e o faxerdes com aquela fìeldade e asy beem, corno de vòs confìamos ; e praz-nos que ajaes, com o dito careguo, por anno quaremta mil reaes de vosso ordenado ; e por està mamdamos ao dito Francisco Pesoa c)ue vollos pague cada anno, em quanto no dito careguo nos ser- virdes... Sprito e' Lixboa, a primeiro de mar9o, o Secretano o fez, de ì5iy, — Rey. Corpo eronolojicoy part. I, mac. 21, doc. 49. Ìi) Corpo cronolojicOy part^ I, mac. 21, doc. 70. 5" [%) Em 3o de abril ainda Silvestre Nunez era feitor, corno se declara no recibo de certa quantia entregue a Pero Caldeìra, um dos da comitiva do embaixador Pero Gor- reis. Corpo cronotofito^ part. 1, mac. 20, doc. 95. (3) Alhrecht EiUr^y cit., pag. i5 e seg. 39S ARCHIVO MSTORICO FOKTUGUEZ tona de Bnqes, ao qual ji me referi, e a embaiiada de Pero Corraa« senhor de Bellas^ a visitar Carlos I de Castella, a qual darà assunto para o capitolo seguiote; bastarà pois, para apreda^ao das relagSes comerciaes, quasi as unicas mantidas durante a quelle perìodo, apresentar por ordeod cronolojica extratos dos documentos encontrados. Alyarà : Silvestre Nunez. . . Tome Lopez, dosso feitor, houye de Bertolameu Cstro urna soma de cbamalotes pera despesa de nossas moradtas, etn que monta 694 cmzados e neiOf que Ihe baviam de ser pagps em dìnheiro de contado por firn de desembro paa- sado ; e ao dito Bert. Calvo prouve, por nos fazer servilo, tornar le o pagamento em vós, comtanto que fosse da chegada do conhecimento a trinta dias. Foi-lhe dado pera isso um conhecimento de Eitor Nunez, tesoureiro da Casa da India, sobre quem faz a compra dos ditos cbamalotes, corno de vós recebe os ditos 694 cmzados e meio, de 390 reaes cruzado, pelo qual vós aceiteis e pagueis o dito conbecimento, etc Lisboa^ 4 de nurgo de i5i4.<— Foi apresentada a letra em Brujes a Silvestre Nunez a 12 de maio e foi paga a 1.9 de junbo a Leonardo Spinola, genovSs, mercador, estante naquella cidade, O Bar- tolomeu Calvo tambem era genovSs. — Corpo cronolofieo^ part. I, mac. 14, doc. 78. Carta : Silvestre Nunez. Soubemos ora corno o capitulo geral dos frades da Orde» de S. Francisco da Observancia se celebrava e fazta em Enves (Antnerpia). . . Va M e ofere^a aos padres da parte de D. Manuel especearias até o valor de 5oo cmzados e mais 10 quintaes de incenso, e d€-lbes parte de havercbegado a Lisboa um embaixador do Preste Joao com uma carta delle, da qual envia copia para mostrar aos padres, «por consa tio nova, comò be no mudo, viire a estas partes embaixada do Preste Joio, e um- bem pera ver sua cristindade» ; vivem em nossa fé, s3o baptisados, iStm as coofias6es, dizem suas missas, tem igreias, etc. Santos (em Lisboa), i3 de mar^o de i5i4— O redbo, datado de aa de maio de i5i4, é assinado por Fr. Gilberto Nicolai^ vigarìo geral da Or- dem de S. Francisco da Observancia, que preferìu os 5oo cmzados em dinheiro és espe- cearias. — Ibidtm^ doc. 87. Alvarà : S. N. . . . d€s a Aldon^a Soarec, camareira da Rainba, 40:000 reaes eaa parte de pago de 227:643 rs. que Ihe sSo devidos dos 266:643, que montou em 3i quintaes e 10 arrateis de pimenta que Ihe foram comprados na Casa da India, porque os 3q:ooo, que falecem, Ihe foram pagos na dita Casa, e os 187:643 Ihe despacbémos em André Yaz, etc. Lisboa, 28 de maio de i5i4. — Ibidem^ mac. i3, doc. 5o. Alvarà a S. N. para dar 20:000 cruzados em certos pagamentos, a Joao Francisco (Affaìtati) por 6:000 quintaes de cobre mandado comprar a fìm de ir para a India na armada do anno seguinte. Lisboa, 14 de junbo de \5i^^ Ibidem^ mac. 24, doc. 89, fora da ordem cronolojica. Alvarà : Silvestre Nunez, nós el Rei vos eroviamos multo saudar. Nós themos man* dado comprar huua soma ae triguo em Andaluzia pera provisam dos lugares dAlem (Africa), de que a moor parte do pagamento ha de ser feito em comedo doutubro, per a qual cousa compre muyto a nosso servilo pasardes loguo quymze mill cruzados i fetra de Medina,. que se faz em outubro que vem deste anno, pera dhy se fazer o dito piu^amento. E porem vos mandamos que, tanto que vos està carta for dada, vos traba- Ibes de pasar loguo asy os ditos quimze mill cruzados, com o mays nosso servilo que poderdes, pera a dita feira se aver de dar^ e se poder ser que se d8 logo no come^ della, fiblgarìamos muyto ^ue asy ffose. O que comprirees com muyta diligencia. Scprita em Lixboa a xbj dias de junbo de 1514. — Por outro de 28 de agosto toma^ho a lefB- brar, e diz que ha de entregar o dinheiro a Nuno Ribeiro, encarregado de comprar o dito pSo. Este passou recibo em Lisboa a 17 de novembro de i5i7, declarando ter re- cebido de Silvestre Nunez 14:000 ducados, em Medina del Campo, por certas letras de cambio que elle enviou de Flandres.-- /^liem, mac. i5, doc. 59. Carta, Sr, feitor. EIRej ouue en (?) mister buus ij mili ijc cruzados pera nuno Ribeiro que se Ihe eviara e deu o seu christoua de baro vay uos provisS pera Ihos pagar- des e porque ysto Releua a elRey e a bororra desta casa vos De90 por mercee que logo ao tempo Ihos pages porque quando outra ora ca quisermos alguCi dinheiro que se ache/ e vosa mercee memcomendo de lixboa a zx dias de junbo de §5 14 (1). A voso seruico (1) A data, pouco lejivel no fundo da carta, està daranaente iodìcada no dorso, no sumario de letra do tempo. MARU BRANDOA 3^ Hkhm lopM-^ Soòr^mrèo: Ao ifior lylueitre mmei ficìtor dal R^j fiOM sQr £ fraa* dt8^-p«rtauGa Yya. — ifo'iem, mac 13, c. iu-*-NuiioRibeiro fai £iUor na Andalusia; o dìnheiro seria pois para compra de trigo. Alyarà de io de novembro de t5i4, a Silvestre Nunea para dar a Pero Ximenes de Castilbo 338:ooo reaes que ihe toca haver por a34:ooo que fomeceu na armada do Ma- rìchal^ quando foi é India. — Ibidem mac. 169 doc. 109, em Gardeal Saraiva, Obras^ IV, ai 3. Aivarà dado em Almeihm a a8 de novembro de i5i4, para que Silvestre Nunez, feitor de Flandres, manda faaer para a fazenda del Rei duas duzias de livros ; e que manda tambem dea duzias de pergaminhos muito bons de cabrìtas. Oue os doae livros sejao de marca grande, de a8o folhas, bem encadernados, com suas nvelas e biqueiras douradas. £ os oatros doxe de marca mei, de aoo folhas cada um» encadernados em couros e guarnecidos corno os outros ; e que sejam encadernados em couros verme- Ihos, baios e roxos. Ibidem^ doc. 126, ibi^ p. ai4« Abforà. Fazemos saber a S. N., feitor em Fraodes, e a Francisco Pessoa, escrivSo da feitorta, que nós havemos por bem e nosso servilo }>or agora, ir a essas parces Tome Lopez, nosso feitor das nossas Gasas da India e de Guiné, e que em todo aqueUo, que eile vos ordenar e mandar que fa^aes de todas nossas mercaaorias e de toda nossa fa- zenda, TÓs o fia^aes, pela muita confian^a que delle temos. etc Lisboa a de o Secretarlo o fez, de 1 5 14. Ibidem^ doc. a3. — Està assinado, mas tem a data em branco. Tome Lopez ainda estava em Lisboa a ao de junho de 1 3 14; encotttrava-«e porem )à em Augttsbui^o a a3 de maio de i5i5, corno logo se vera. Carta a elRei, A 14. deste mes enviei em duas néos à Casa de Guiné 8aa marcosi a on^as, 3 estreUs e meio de prata, que a desvairados pre<^os importaram em 1696 £, 11 8. e 3 d., e jé antes do nata! estavam carr^ados ; tinha mais 171 marcos para man- dar em outras duas néus, mas nlo ehe|$ou a fazel-o. E eu quisera fé ha muitos dias mandar mais nestas néus e nio a achei, e urna soma qua tunha coóiprado a delivrar nesta vila, foi tomada no caminho, antre equi e Colonia, da gente d*armas. Declara os prefos de varias especearias. Enves, 17 de tevereiro de i5i5. Louren^o Lopez. Ibidem^ mac. 17, doc. 81. Carta, S. N.. sSo vindas as letras do dinheiro e nós o tivemos muito em servilo ; todo o mais que houverdes e poderdes haver, o mandai j assim comò o fordes havendo, asdm nol-o enviai« em letras a dois meses, quando multo a tres^ ou em prata. Lisboa, 39 de abril de i5i3. Ibidem^ doc. no. Carta da Rui Femandez a el Rei. Bruzellas, 6 de maio de i5i5. Ibiéan^ doc laa — Sere transente no apendice documentai do cap. IH. Carta a e/ ReL Scnhor — Quando passai por està cidade pera ir ao Emperador, os goivemadores della e asy os Foquares (Fuggtr)^ Hostetres (Hochatetter)^ Belzarea (Weiser) e todaias outras companhias e mercadores me fezeram muyta homra e me emviaram muytos presemtes ; e assy o fezeram quamdo tomey com ho Emperador. Ao Foquar pare^eo que eu Ihe fifalase em algu partido e eu o nam fiz ; e pasados algus dias de mynha estada. Jacobo Felimguar, que é o thesoureiro mor do Emperador, me ffalou e me disse que no éperador tnynha suas mynas de cobre e de prata, e que sse hi ou- vesse camynho pera o Emperador forne^er com cobre e prata, que tomarya ho trato da pimemta ; e Ihe respomdy o que nysso comprya,nam me afsstamdo nem cheguamdo. Porem eu sabva que ysto tudo eram meyos do Foquar, ao qual eu hù dia disse que ave- ria mescer delle ^imquo ou seis mjll quymtaes de cobre, pera a armada do ano que vem, e que vysse na maneyra em que os queria dar. Respondeo me que thìnha as mjnas do Emperador per arremdamento, a comdigom que, se o Emperador quysese fifazer comcerto em vosos reinos sobre o cobre e pimenta, que eie Ibe alarguase o trato; e que eie tninha sabido que o Emperador emtemdia, ou mamdava emtemder nysso ; e que, sem saber a cócrusam que tornava^ no ousaria de vender cobre ; pore que, se a cousa tardase, que eie thinha cobre dOngrya, donde c5 boda vomtade me fome^erya, pera que ho podesse mandar neste veram, corno ihe eu dizta. E logo di a pouquos dias me tomou a ffalar ho mesmo thesoureyro Felinquar no caso e fomos Juuntoa pera a prati- qua, na quali eie nam sabia bem por as m&os, estando hy Jorje a Cane (ou a Gaue) com eie ; e eu Ihe dise que este negocio hera pera com mercadores e qne se devia demfor- mar deles, porque tambem mercadores aviam de sser nysto respomdemces e o aviam de n^o^ear. Disse me que assy hera mu^ barn e quo asy o querya ho Emperador, o quali Emperador nunca me nysto fisiou, ne eu a eie. E foasos jumtos outra vez ; e com elle o Foquar, e pasamos muyta pratiqua e me deu a emtemder a na9esydade que thioha- 394 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ mot de mujto cobre, e o qoe eie tabva que valla mayto na Imdia. £a Ihe dise, qua era verdade qua na Imdia sae poderìa aespemder o cobra qae qaiaesem, levando o per Persya e Arabya e per outras regydes, em que avia muyto parano e sse faria mayta despesa ; porem nós nam thynhamos necesydade mays de quatro ou ^mquo myll quym- taes, corno eie tabya pelas arma^oss pasadas, em que eie teve algua parte, ho que eie confesou. Elle se pot em quymze mjll quyrotaes de pimemta por ino, e em seis anos. Eu Ihe dyse corno algGs Snos se vedera ho dobro daqayllo que eie dizia, e davantajem. Esteuemos aquel dia em muyta pratiqua, sem comcnisam ; e ao espedir hj Felimquar disse, quo olharyam bem o que se podia fazer ; e me tomou depois a falar, e ea Ihe dise quam fibra de resam estava o Foquar Apertou comyguo a saber a soma da pimeta em que se Ilaria ; e eu Ihe dise que se posese o Foquar de vtmte mjll quynuaea peri cima, e que eu Ihe respomderìa. Pareceme que tem vomtade de ffaaer, mas nam hoosa demtrar em tamanha soma, e se nella ou em parte nam fexer, trabalharmey daver algua soma de cobre delle, pera que neste veram passe. Ho Emperador toma gram pasatempo em saber das cousas da India, e dos res que sam sojeitos a vosa alteza ; e a por muy gram feito a guerra dAffrìqua, assT no reyno de Fez, comò no de Marroquos, sobre que muyto me tem preguntado tudo. Hos seoiho- res e pouos nam ffalam em nS hGa cousa tanto, corno em estas comquystas de rosa al* tata. Esprita em Agusta (Augusburgo) axxiij dias de mayo i5i5. Thome lopez. Corpo cronolojtco^ part. I, mac. 17, doc. ia6. Carta, Silvestre Nunez, temos necessidade dalguns charamellas e saquabujas, e por termos emforma^fio que em algumas parces desse senhorio as ha boas vos enco- mendamos que faleis com Arasmo, a que Jaques nosso charamella sobre isto escreve, e vejais se nos podeis haver a que o dito Jaques aponta; é um tiple que se chama Guyt que està em Bergues, e um sacabuxa que esté em Bruxelles, e outros, até qua- tro por todo. Oferece-lhes, em cada anno, 3o:ooo reaes e um vestido, «outro tanto corno se dà aos outros nossos charamellas». Se quiserem vir «Ihes dareis logo là de vestir» e mais «Ihes daremos a cada hum até 6:000 rs.», etc. Lisboa, ai de maio de i5i3. — ^Vieram : Comeles, morador em Malines, e Giles, morador em Bolduque (Bois le Due), charamellas; e Pytre, morador em Brucelas, e Gerarte, morador em Lovem (Lovania), sacabu}as. Pas- saram recibo de 33 £, 6 s. e 8 d. em parte do que hSo de haver do prtmeiro anoo, de i5 de abril em diante, do seu ordenado em Portugal, em Enves, a 19 de maio de i5i6;tes- temunhas presentes: mestre Pytre Lemuire e mestre Ans (assina, hanes nag^ell sacabuta), ambos moradores em Malines. O ajuste tinha sido feito em 2 de abril, por intermedio de Arsenos Esquete e Pytre Vandestrate. corretor. Ibidem^ doc 127. Carta a el ReL A pimenta se venaeu a ao d. e meio, de contado. Vendi urna ponce de meu tio (Tome Lopez) e minha a aa d., a seis meses. Nestas nàos para partir, fili rouita prata a Lisboa.de AlemSes e doutros mercadores, para comprarem pimentale fot tanta, que se nSo acnavam seguradores para segurar tanta fìizenda. A seguir dedara os pre^os de varias especiarias, da prata, do cobre, etc. Enves, ag de maio de 1 5i5. Lourenfo Lopez. Ibidem^ doc. i3o. Alvarà, S. N., feitor em Frandes. . . Encomendàmos a Jo5o Francisco de Lafeytada (Affaitati) que nos fizesse vir dessas partes certa soma de cobre; e elle mandou comprar,per Antonio e Filipe Galtarote (Guai cerotti) e parceiros, 8004 quintaes, i3 libras de cobre do peso de Flandres, trazido à Casa da Mina e entregue a fìastiSo de Vargas, e peson de peso destes reinos 6394 quintaes, 3 arrobas e 23 arrateis. Custou, de compra, direi- tos, carretos, feitoria e outras despesas, ia4o8:55o reaes, do oual dinheiro Ihe jà man- dàmos pagar em vós 20:000 cruzados, em que monta, a 6 soidos e meio por cruzado, 7.800:000 rs , e OS 4.6o8:55o oue falecem, vos mandamos que pagués a Ranel de Medi- cis e parceiros, estantes em Brujes, a.535:ooo na feira de pinticoste do anno presente, e o resto para a feira de setembro, etc. Lisboa, 9 de junho de i5i3. Recibo dos quatro contos e tanto, em Inves a 10 de novembro de i5i5. Ibidem, mac. 18, doc. 10. Alvard. S. N. A Joao Francisco (Affaitatl) demos comissao para nos comprar là em Flandres o cobre oue nos é necessario pera a armada da India do anno que vem, o qua! sera pago pelos dinheiros seguintes : 5.5oo cruzados por latra de Joao dellas Casas, feitor dos Imcurias, por firn de dezembro ; 5 866 cruzados de Dieso Dana e Jorge, feìtores de Arasmo e sua companhia, metade em fim de fevereiro de i5i6 e a outra metade em fioi de iulho seguinte,e varias verbas mais a receber, eotre outras, de Graviel, feitor dosBdies (Welser), Jacome Rot, feitor dos Ostretas (Hochstetter),naimportancia total de 36JooGra- xadoa. Alem destes ainda terà de epurar mais \ojooo da fazenda real que houver aa ieii»- MARIA BRANDOA 395 ria, e talves eque mais dtnheiro se haja nsester^cocno nós creoios aue sera necessario por bem da soma que temos mandado comprar». Lisboa, 6 de oitubro de i5i5. Doc. LIV» Alvarà a Silvestre Nunes. Elle aviséra em 17 de dezembro passado que nSocontas- sem com mais de ic a 11:000 cruzados; mas por sermos obrigados a pagar là os 12:000 quintaes de cobre comprados a Filìpe Galdrote (GuaitarottiX vos mandamos que os ea- tregues a elle, etc. Almeirim, 5 de fevereiro de i5i6. Inclusa vai uma conta: com Jolo Francisco (Affaitatt) é fetto o contrato do cobre por ciuco annos, la.ooo quintaes em cada anno a 28 s. o quintal; acordaram que se el Rei nao fosse contente, que os 12.000 quintaes do primeiro anno fossem pagos a 3o s., etc. Valem os 12.000 qumtaes de cobre 54:000 crusados a 3o s., que hSo de ser pagos . . . Declara as verbas, uma das quaes é de S.ooo cruzados de Pero Incuria e sua companhia, em parte do contrato de jbo quintaes de pimenta, as mais verbas, toda a Conta, em suma, se pode ver adtante. Doc. LV. A 14 de agosto de i5i6 foi expedido o prioieiro diploma relativo à futura embaixada de Pero Correla a Bruxellas ; consistiu num al vard diri- jido a Silvestre Nunez, feitor em Flandres, dando-lhe parte da embaixada e determinando-lhe os pagamentos que havia de fazer ao Embaixador. Como ]& disse, està embaixada constituirà a materia do capitulo seguinte e em apendice a elle ha de ser trasladado nSo so o refendo alvard mas todos OS mais provocados por aquelle sucesso e endere^ados ao Feitor de Flandres ; continuarei por tanto aqui com os extractos unicamente dos documentos relativos a assuntos comerciaes. Senhor feitor e oficiaes — Ca se recebeo na cassa o cobre que trouxe Bertolameu Adryisom^ mestre da nAo Madanella e por que deu meoos quatro pais, pagou por elles mill e sete cento reaes. Notefìcamos volo etc. Lixboa a liij* dias doutubro de i5i6. (a) Joam Gago, Henrique homem^ Antonio Saluago. — Conheceo e confessou Bertole- meu Adriamsom, mestre da néo Madanela, receber mill e sete cemtos reaes c5teudos atras que i Lisboa Ihe foram descòtados per tiij<^ pais de cobre que. . • ora os achou no lastro da dita néo... Inves a biij dias ao mes ae mar^o de b*xbij. — (a) Francisco pessoa, schypper iarrais) bertolomeus adryanson. Corpo cronoiojicOy part II, mac. 66, doc. 81 Conheceo e confesou Gomeles Pytresom, mestre da nào Samta Ana, de Inves, re- ceber, e recebeo dentro da dita nào debayxo de coberta, de Sylvestre Nunez, feytor. . • dous mill e novecemtos e dezasete pelouros de fero desperas quedizpesarera duzentos e setenta e oyto quitaes e meio ; hos quaes pelouros se o dito mestre nobrigou, levando ho Deos c5 ha dita néo a salvamento a Lisboa, le os emtregar ao feytor e ofììcyaes da Casa da Mina e deles Ihe pagaram de frete tres mill e trezentos e setemta e cvmquo reaes^ a rezam de duz^tos e cynquoenta reaes por tonelada. . . Inves, a dez do mes doutubro de mill e quinhemtos e dezaseis anos.— (a) Francisco pessoa, by my cornelis pyeterson. Ibidtntj doc. 96. Conheceo e confesou Jaco Claes sone, mestre da néo Maria de Squidam receber, e recebeo demtro da dita néo, de Sylvestre Nunez, feytor. . . quatro fardos, marca- dos da marca da Casa de Gutné, de numero xxij ate xxb, em que dis que vam cyn* quoemta e bOa pe9as de condados ; e recebeo mais hiia cayxa grande, em que dis que vam cem boetas ; hos quaes fardos e cayxa se ho dito mestre hobrìgou. etc; e Ihe sere pago de frete dous myll reaes. . . Inves ha vynte e dous dias do mes de novembro de mill e quinhentos e dezaseis anos. — (a) francisco pessoa, by my scsopopre claes jaco- pus van scredam. Ibidem^ mac. 67, doc. 45. Carta de Rui Fernandez a D. Manuel, datada de Burcellas (Bruxellas), a 6 de feve- reiro de iSiy. De conta dos pre9os das especearias, panos, cobre, prata, etc; no fìm refere-se a um novo tributo de um soldo sobre cada marco de prata que se exportar. Doc. XXXVIL Conheceo e confessou Joam Mares, mestre da néo Sam Fedro, que Deos salve, re- ceber, e recebeo dentro da dita néo debayxo de coberta, de Sjrlvestre Nunez, ffeytor . . • hù baryll marcado da marca da Casa de Guiné, de numero xxbn, e que diz que vam porga- minhos ; ho quali baryll se o dito mestre hobrìgou, etc; e dele Ihe sere le pagoo de frete 396 ARCHIVO WBTORIOO POftTUGUEZ marses. Corpo tronohfko^ ptrt. II, mac. 68, doc. 69. Cooliecto e coaf«ttou Mt Claes, mastra da néo Madaoeia, ma Daoa aahre, reca- bar, a racabeodantro da dha n^ dabatzo da cobarta, de SyhrastraNQoas^faitor. • • mtU bii)* Kx pattas da cobra roso, oua die pasarem Ij'x quìntaas txxxb} Ubras, e racebao mais qvatro pias radondos é^ coore ; ho qaal cobra sa ho dito oBestra hobf7gou, etc; e Ihe saré le pago da frate dous mill e cem reaes, a razam da ijc raaas por tonalada... Invas a xb dias de mar^o de qoinhentos e desasete anos. — {a) francisco pessoa, joise claessen. Mdem^ doc. 1 19. Poucos dias depois chegava a Aatuerpia, coaio jà disse, o alvari man- dando regressar Silvestre Nunez ao reino e entregar a feitorìa a aeu su- cessor e.^"* FRANCISCO FESSO A. Tambem nao existe rejistada a sua catta de quita^ao; està portanto no mesmo caso de Silvestre Nunez: nSo se sabe o tempo exacto que durou a sua administra^ao, nem qual foì^ durante ella, o recebimento da feitoria, tanto em dinheiro, corno em mercadorias. O seu alvarà de nomea^o deverà ter sido ezpedido tambem, corno o de Rui Fernandez para seu escrivao, em i de mar^o de 1 5 1 1 \ nSo tomou porem posse da feitoria, segundo parece* senao no firn de junno (i). Adrni* nistrou-a até 1 de dezembro de i52o, dia em que come^ou a responsabi- lidade do seu sucessor, Joao Brandao, o qual se encontrarìa em Antuerpia, jà com as honras de feitor, alguns tempos antes, posteriormente comtudo aos principios de setembro. Adiante veremos isso. Era Francisco Pessoa escrìvao da feitoria, corno jà disse, com o nsan- timento de cincoenta mi! reaes ; aparece porem um alvarà de 1 5 de feve- reiro de i5i8, dando-lhe mais quarenta mil reaes de ordenado, alem dos outros quarenta que jà tinha com o oficio de feitor, ficando pois com oi- tenta ma reaes que ihe seriam contados desde o dia da sua entrada na feitorìa (2). Neste mesmo anno, por alvarà de 27 de julho, fez-Ihe D. Ma nuel mercé de vinte mil reaes do dinheiro que havia de arrecadar da divida de Tome Lopez (3) ; finalmente, estando jà em Lisboa esercendo o cargo de pagador das moradias e recebedor dos dinheiros dos assentamentos e dos tres quartos da Ordem de Cristo, comissao que Ihe deram ao re- gressar de Flandres, comò consta de varios documentos, foi Ihe feita merci por D. Joao III do um por cento de todo o que recebera durante o tempo da sua gerencia da feitorìa de Flandres, na maneira que o haviam tìdo Tome Lopez e Afonso Martinz Tibàu (4). Durante o seu tempo nada notavel se passou na feitorìa. As cartas vindas do Brabante ou de Flandres apenas se referem a assuntos politi- cos, ou a ne^ocios de venda de especearias e de cómpra de mercadorias, cobre, principalmente: para ajuizar dos primeiros, remeto o leitor aos proprios documentos adiante transcritos ; para apreciar os segundos^ en- contrar-se-hao indicados na lista das mercadorias com que termioarei este esbof o. Todavia apontarei aqui resumidamente esses documentos, alargan- ^1) Vida p. 389. (a) Corvo cronolqficOj p«t I, mac. a3, doc. i& (3) lbide$my doc. 92. (4) Bidona mac. a8, doc. 14. MARIA BRANDOA 397 do-me apenas utn tanto no que disser respeito a requisigSes doutra especie * feitas por D. Manuel. Em Antucrpia, a 7 de julho de 1617, escreveu Louren^o Lopez a el Rei declarando-lhe aà condigSes apresentadas pelos AlemSes para o contrato do cobre, sendo mais favoraveis no caso de juntamente com aquelle metal venderem tambem a prata ; em oualquer dos casos aceìtam o pagamento em pimenta entregue na Casa da India, e sobre ella fazem um adianta- mento. Previne de que o Fugger e o Hochstetter cubigam aquelle cobre, para, adquirindo-o, podercm levantar o pre^o da mercadoria (i). Em 4 dp agosto do mesmo anno, em carta tambem de Antuerpia, dirìjida porem ao Secretano Antonio Carneiro, volta ao assunto e adrerte que haja cau- tela em nSo descubrìrem em Portu^al estes negoclos a ninguem, porque OS mercadores alemSes sao logo avizados (a). Seguem-se yarias cartas de Rui Femandez, o escrìvSo da feitorìai al- gùmas bem interessantes : ' 1/ — Antuerpia, t3 de julho de 1517. Noticias politicas, pre^o da pi- menta. Serd transcrita no apendice documentai do cap. III. 2.' — Nuréfflbergue,i8 de seterabro de iSig. Noticias politicas: distur- bios na Alemanha, impunidade nos roubos li praticados com a conivencia e complicidade dos proprios senhores de certas terras, tornando arrìsca- dissima a passajem de mercadorias por ellas. Elie proprio està prestes a partir para Augusburgo,.nSo o faz porem antes de ter para o acompanhar a gente de armas que foi a Francforte escoltando varios mercadores. De Augusburgo por diante irà seguro, porque a terra de Baviera ce de boa justi^a» (3). 3.' — Augusburgo, 9 de dezembro de iBig. N2o se deve deslìgar o Fug- ger do contrato do cobre^ porqbe elle jà està arrependido de o ter feito; nSo se pode contar com o da Suecia, e nSo se pode haver por^ ao delle, e se nSo passar por mSo do Focoro». Este, quanto ao pagamento do cobre com pimenta, apesar de fhe oferecer grandes vanta) ens no pre^o e nos prasos dos pagamentos, nao quer aceitar, a nao ser pelo primeiro pre^o; outro contrato, sobre pimenta parece, feito com os Osteteres, convem manter^ por elles serem cpessoas multo honradas» (4). 4**— Na mesma data. Noticias politicas; casos na Alemanha e no Tirol ; em seguida assuntos que directamente nos interessavam : fundidores de metaes, mestres de artelharia, bombardeiros e especearias. — Quanto a fundidores,' houve dois com muito trabalho : um, é grande mestre, serviu muito tempo nas minas do Imperador e agora estava noutras de um mer- cadof de Augusburgo, ganhando cem florins de oiro cada anno, sabe apartar a prata, oiro e qualquer metal do cobre ; o outro, nSo é tao bom mestre, é porem homem especial para fundir. Apesar de autorizado a dar até duzentos cruzados a cada um, cpor as boas manhas e maneiras que (1) Doc. LVI. (2) Corpo cronolojico^ part. I, mac. 22, doc. 52, em Cardeal Saraiva, Obras^ IV, 289, adverlMb que desta caria )à bo|e %é enste o final, tm qu« Louren^o Lopes declara ter estado doente e por isso nSo ter podido tratar do negocio. (3) Doc. XXXDC (4) Doc. XLl. 8 398 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ tive com elles de dadivas e boas xiras, que Ihes fiz, e ii mdheres», e com o que Ihes deu logo na mao (vìnte tlorins a cada um para deixarem às mu- Iheres e mais uns dinheiros para estas se ataviarem) e a promessa de os vestir em chegando a Flandres, vao pelos cem florins, que é obra de se- tenta cruzados. Tudo porem foi bem empregado, cporque espero em Nosso Senhor, que elles barn de fazer com que este Focoro e outros abaixem a cabe^a». — Mestres de artelharia é que se nao puderao ha ver. Ha muitos a quem o Imperador deve grossas quantias de soldos atrazados, mas os goveroadores, com receio delles se irem embora, mandaram-lhes imedia- tamente pagar parte da divida, e elles, para nao perderem o resto, ficam. Por isso cnom ha remedio per o presente, senao dando-lhes mais do que tem de assentamento e fazendo-lhes algumas avantajes». — Bombardeiros, so em Flandres, estes Àlemaes do sertao, nao ha metel-os no mar. Os que sabem sao cubi(ados e tomados pelas vilas imperiaesi que Ihes pagam de cincoenta florins cada anno para cima, alem de casas e mais doze Sorins por mes quando vSo fora. Tinha falado a um, eque faz as carretas e é arrazoado oombardeiro», mas nao quer ir por menos de duzentos florìos annuaes. — Quanto às especearias, por a nova que veio de Jorje Reberte as ter comprado para muitas pessoas, comefaram a abaixar* Agora grande rumor causou dizer-se que Ine tinham sido tiradas e dadas a Joao Fran* cisco (Affaitati) ; tanto, que Lucas Rem (i) foi ter com elle, Rui Femandez, ezplicando4be que so tinha a quarta parte no contrato do Reberte, a qual ji pagou, e nao tinha culpa se elle fizera o que nao devia, devendo^ neste caso, ser elle so a pagal-o por sua pessoa e fazenda. A companhia dos Oelzeres(Welser), ca qual é a mais antiga casa que V. A. tem em seus rei- Dos e pessoas princìpaes», tambem protestaram con tra o que Ihes diziam. de seus feitores terem feito algum engano no contrato, e que, se o fize- ram, os castifiariam e despediriam, protestando e jurando que nada sa- biam. Parece-lhe que se Ihes deve dar justifa, e nao consentir que se Ihes iaf a aualquer desbonra, cporque està casa é a principal de Alemanha de- pois CIO Focoro» (1). 5.' — Augusburgo, io de Janeiro de i52o« Recebeu carta del Rei sobre o contrato do Focoro, na qual Ihe manda nada acertar com elle e alargalo da palavra dada; assim o farà, posto que Ihe «parecesse o contrario». Procurouo e deu Ihe as suas raz6es cautelosamente ; elle porem ficou muito satisfeito em o desligarem de tal negocio, por as minas Ihe ufo prò- duzirem tanto cobre, quanto se obrigara a dar. A elle, Rui Femanoez, pareceu a resolu9ao desacertada, por se ir comprar cobre nao tSo bom, mais caro e em menores por(6es. (Elle nao o diz, mas percebese : a razSo principal eram vantajens de momento, pagar o cobre com pimenta e re- ceber sobre ella adiantamentos.) Quanto à pimenta, ninguem Ihe fala nella, todos receosos pelo estado da terra tao infestada de laar6es, que ninguem passa senao por milagre ; elle proprio regressarà a Antuerpia por Fran- (1) Foi ajente dos Fugger em Lisboa. Gir. em DandSo de Goes, noifos ifHwéi^Sf ÒL p. 57. (s)Doc.XL. MARIA BRANDOA 899 qB^ coutramenie lie grande maravflha escapar aem aar tomada a rou- bado» (i). 6.* — Antuerpia, 4 de feyereiro de i5ao. Della )é, na paj« Sng^ tnuBs- creyi o principio e resumidamenie apontei a materia do resto. Advertirei qne a carta apareceu, por engano, datada de i52i (2Ì. 7.* '— Na mesma data. Encontrou os dois fundiciores, mencionados na 4.* carta, ainda em Annierpia, nao ten do podido partir por causa do man tempo ; qais envial-os, um porem fez^se doente com medo de morrer no mar, e nem por bem, nem a mal, conseguiu embarcal-o. O que vai : He hum homein priadpal e que do seu ofido nona no ha milhor em toda Alemanha seguodo dLiem, que sabe apartar ouro e prata e outra qualquer cousa fora dos metaes; e Domem de condencia e em que V. A. se pode confiar ; e se elle vir que a cousa he boa e tal que se pode faxer proveito, o dirà, e asi o de contrairo, por ser està sua con- di^am e asi o tem prometido. Elle leva hum mo^o alemlo comsigo pera que falle por elle. Leva grande esperan^a de servir tam bem, que V. A. Ihe fa^a muitas mercSs; e se he, corno praxerà Beos que seja, mandem-lhe fazer boa companhia e dem-lhe qual- quer cousa, que elle ensinarà cinco ou seis pessoas ludo, de maneira que esses ensìna- rSo OS ootros e nom seri necesairo haverem-se mais. Elle nom quis obrìgar-se mais que a himi ano e nom houve remedio a obrigal-o a mais. Depois que là for, dando-lhe qual- quer cousa mais, sempre estarà quanto quigerem ; trateno bem. Elle vai enderen^ado ao Feitor da Casa, a que sprevo, que logo o enderence onde ha de lavrar ; porque elle nom deseja outra cousa, senom comesar jà, e seu tempo se comesa do dia que for nas minas. Estas minas qua {cà) custam muito dinheifo, antes que se tire proveito. EUes nom fiizem conta das minas que nom tem senom cobre; e nom nas querem lavrar corno o cobre nom tem prata ou ouro, e dizem que a prata ou ouro Ihe ha de pagar as des- pesas, e que o cobre, por o menos. ha de ser o ganho e outramente nom fazem conta das minas; corno elle de tudo mais largamente enfonnarà V. A. da verdade. A seguir refere-se ao caso da compra de especearias em que intenreio o Jorje Keberte, a que jà tambem na mesma carta 4.* aludiu. Corria que elle f tomava cartas de V. A. e do Conde de Vila Nova» e andava em de- manda com el Rei, o que ao Focoro, ao Lucas Rem e aos outros da sua com- panhia parecera mal, e nSo queriam demandas. «Nesteparddo Lucas Rem e companhia tem a quarta parte das drogas e da pimenta, quinhentos quintaes; da reste tem a companhia dos Oelzeres (Welser) a metade de toda a soma, ou o terqo, e o dito Jorje tem a reste, o guai esteve jà là por feitor de huma cooopanhia grande e honrada e agora foi por si so, etcì (3). 8.* — Antuerpia, 27 de novembro de i52o. Ultima folha de uma carta na qual dava noticia co patrimonio do Imperador e das dividas que sobf e aqueile pesavam, as quaes, agravadas com as despesas da coroaf So e compra do ducado de Yurtenabergue, deram em resultado estar todo o patrimonio empenhado (4). 9.* — Na mesma data. Interessantissima carta que so n« integra se deve ler. Nella dà Rui Fernandez noticia tanto dos eleitores e outros gran^ des senhores da Alemanha, seus estados, rendimento e poder militar, con3o dos dos reis de Ungria e Polonia (5). Vejamos agora os diplomai provenientes de Portugal. 1) Doc XLII. a) Doc XLm. 3)I>oc.XUV. Doc XLVII. DodiXLVUL t 400 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Em Evora, a i3 de jiinho de ibio^ foram eqiedidos dMsalvahb dirifidos ao Feitor de Flandres : por um participa-lhe el Rei haver là mandado a ^mfo Rodrìguez, cnosso escudeiro e ca^ador», e a Antonio de Revoredo, mosso mo^o da ca^a», para trazerem ceitos falcóes e a^ores que o Fdior ha de comprar ; declara-Ihe que os emissarios jA vSo pagos dos meses de julho e agosto, a razao de tres vintens por dia ao SifflSo e de dois ao Antonio; e manda-lhe que, no caso de se demorareai mais dtas, Ihoa pa« gue (i). Pelo outro..., mas este é melbor transcrevel-o, para se ver a especie de coisas que mais preocupavam o Venturoso. Diz elle : Feitor. • . Emviamos ora \à a SimSo Rodriguex^ nosso ca^àdor, para not traxer vinte falc6es ; com elle trabalhSs de os comprar e haver os melhores e mais fremoaos que se poderem achar, os quaes serSo nebris polos ; e se achardes algGs sacres prìmas, que a 5im9o Rodriguez parecer fremosos e bons, comprarés dous deiles no conto dos vinte. E assi comprarSs dous a^ores, hG prima e hti ter^o, os melhores e mah bem feitos que poderdes achar, sendo avizado que n§o sejam dos pinhaes de Frandes, nem de nenhuSa outra parte, salvo de Noruega; sendo certo que se forem doutra parte e nao de Noraega, Sue OS nio havemos de mandar receber, nem levar em conta o dinheirò que por elles erdes. Encomendamos-vos que tenhaes grande cuidado de haver logo os ditos falcòes e aqores, e de despachardes este cacador o mais em breve que poder ser, porque vai a outra cousa, ao qual darSs o mantimento que for necessario, pera elle e as ditas aves pera o mar até Lixboa, etc. (2). Nao seria tao recomendada, nem tanto cuidado darìa a D. Manuel a escolha do sucessor de Afonso de Albuquerque no governo da India* Outra incumbencia de maior prestimo cometeu el Rei a Francisco Pes- soa por alvarà de io de setembro de i52o. Encarregou-o de Ihe thaver urna duzia de bons bombardeiros, bem esperimentados em artelhanas», oferecendo-lhes doze mil reaes de soldo por anno ; e mais outra duzia de fbons minadores pera cà servirem nas nossas minas»^ se os arrancar, re- meta-os todos para o reino (3). Alem destes, ainda se encontram outros alvaràs dirijidos, nos fins do anno de i5i8 e principios do de iBig, ao Feitor em Flandres para entre- ffar certas somas de dinheirò a Sim§o Tinocò, enviado por D. Manuel ao Imperador, e para remeter logo para o reino as cartas aue o Tinoco en- viar (4). Nao sei se deste se encontrarao muitas cartas ; ae Francisco Pes- soa porem é oue apenas duas aparecem, sendo uma de sociedade com oseu escrivao Rui Fernandez. Ou aquelle nao tinha a aptidao epistolar deste, ou as cartas se perderam. A primeira Coi escrita em Antuer{>ia a 24 de mar- (o de 1S17, e nella agradecem, Francisco Pessoa e Rui Fernandez, as suas nomea;6es, para, respectivamente, feitor e escrivao da feitoria; dao, alem disso, noticias politicas e muitas indica^5es sobre pre^os de espe- cearias(5). A segunda, datada de Bruzellas a 6 de setembro de i52o, re- fere-se à impressao produzida na corte de Carlos V, entao naquella cida- de, pela noticia do incendio de Mediixa e outros disturbios pradcados pelos fi) Corpo aronolonco^ part. I, mac 36, doc 27. [2) Ibiaemy doc. 2& [3) IHdem, doc. 68. (4) Ihidemj ma^. a3, doc. 148 e 149 e ma^. 24, doc 8, em Caideal Sanrifai Ohras^ IV,3toe3ia. (5) Ibidem, ma^. ai, doc. 70. Sera publicada exn apendìce ao oap. DI daitc eatiida MARIA MANDOA 4»i revoltosos em Bspeoha; aot deacoiitentameiilEis de AJemanha ^a onde o Imperador partirà a firn de ser coroado em Acs (Àachen), depois porem de ter feito a sua entrada solene em Antuerpia; seguidamente, para terminar com OS assuntos politicoS) refere-se aós desposorios da Infanta D* Beatrìz com o Duque de Sabota, aos projectos esponsalicios atribuidos a Carlos Y, e a casos do serTÌ<;o deste ; nnalmente, porque em Franca abrem as car- tas, cnom digo mais nesta, mas que JofiolBrandam yenha, me partirei logo, e as mais novas que ha e que depois socederem^ levarei comigo» (i). E' importante està indicando e jà se vai vèr por oué. No dia 3 de agosto de i52o^ acompanhaao de sua mulher e de uma crìada. havia chegado a Antuerpia o famoso pintor de Nurembergue, Al- berto Durer. Come^aram logo para o ilustre artista as recep^Ses festtvas e cordiaea, nas quaes, com aplauso dos fiovemadores da cioade, rivaliza- ram os membros mais distinctos da Guiide dos pintores, com os mais ri* cos negociantes da cidade. Nestas manifest8(6es de simpatia tomou logar saliente a feitoria portugutsa e lo^o nos primeros dias da sua estada foì Durer convidado a jantar pelo Feitor (2). Era elle ainda entSo Francisco Pessoa, porque so alguns meses dep Quando Joao BrandSo chegou desta vez a Antuerpia, encontrou Al- berto Durer frequentando jà a feitoria ; amiudaram-se depois as visitas e estreitaram-se as rela^Ses, trocando-se de parte a parte numerosos pit- sentes. Os nossos davam especearias, pe^as de oiro e coral, papagaios e outras coisas exoticas; o artista famoso, pinturas, desenhos, gravuras, produtos varios do seu talento; prendas de alta valia, cujo actual para- deiro quasi por completo se ignora. A lista dellas encontra-se no jA por vezes citado estudo do sr. Joaquim de Vasconcellos sobre a influencia de Durer na Peninsula; do catalogo porem Kmitar-me-hei agora a extrair apenas os nomes dos oficiaes da feitoria, reservando-me para aproveitar delle, noutro capitulo, um dado importante para a biografia de Maria Bran- doa, jd, coitadita ! quando este estudo aparecer a publìco, apiada de he- roina da egloga Crttfal. Menciona Durer: cBrandan ou Brendan feitor de Portugal», era Joao Brandfio; «Francisco, o pequeno Feitor», Francisco Pessoa, predecessor de BrandSo ; cRoderigo Fernandez», Rui Fernandez, entao escrìvao da feitCMÌa e futuro sucessor de BrandSo ; e Tomàs Lopez, que nSo sei qiiem fosse, mas que nSo se deverà confundir com Tome L^pez, antigo feitor e embaixador, falecido quatro annos antes. li Femandez, em quem jà por vezes falei, foi realmente homemno- M^ (t) Dois meses e maio depois tenho a certeza deHe estar morto.— «Lij mi! iiij*Lx ij rs. no almoxerifado de moura a molher e erdeìros de Joam brandS que Ihe sam devidos pera oomprimSto de paguo de seu casamemto de que tinha outro desembareuo pera 0 almo- zerìndode bela que foy Roto em alcouchete a xb de novembro de 520 pellocomde».- Liv. I,* das Ememas^ fi. 1 13. (a) Doc. XI.V. MARIA BRANDOA 4o3 tavel, e por elle^ so quasi por elle, se póde com razao dizer tque a fei- tona de Flandres foi a primeira e a melhor escola da diplomacia portu- guésanoseculoXVI»fi). As suas cartas, jà apontaJas e adiante transcri- tas, reyelam sagacidade de observa^ao e analise, fidelidade de informagao. Foi homem notavel, repito; destes que bem serviram o seu pais e para auem OS seus historiadores foram ingratos, cabendo-me a tnim a boa sorte e chamar a aten^So para elle, para os seus merecimentos e servt^os. Andava tambem li por Antuerpia, havia annos jà, um mercador portu- gués, o qual, apesar de se dirijir varias vezes directamente a D. Manuel por cartas e delle o haver encarregado dalguns negocios, nenhumas fun^des ofi- ciaes exercia comtudo e nem sequer frequentava a casa da feitorìa ; pelo menos nSo encontro referencia nenhuma ao seu nome nos apontamentos extraidos das notas de Durer pelo sr. Joaquim de Vasconcelios. Chama- va-se o tal mercador Louren^o Lopez e nao é agora a primeira vez que se nomeia nestas pajinas. Nfo era um qualquer, porque a elle se re fere DamiSo de Goes por estas palavras: cneste anno de i5i7... mandou [D. Manuel] a Louren- (o Lo(>ez, homem docto e pera multo negocio, sobrinho de Thomé Lo* pNez, feitor da casa da contracta^am da India, que de Anvers, onde enta re- sidia, fosse a Augusta, ou Auspurg, fazer um contratto de cobre com hu rico, e poderoso mercador per nome Jaques Pugguero, per tepo de cinquo annos, de dez mil quintaes cada anno, avisandobo que nam desse mais que atte vinte soldos de grossos, moeda de Flandres, pelo quintaU (2). Havia Louren^o Lopez sido capitSo de uma ndu da armada da India do anno de iSio (3), e )i estava nesociando em Antuerpia nos principios do anno de i3iB, no qual, a 14 de levereiro, corno vimos na paj. 3^3, re* meteu 892 marcos de prata à Casa de Guiné. Ao Imperador havia stdo en- viado por D« Manuel, corno se colhe de uma referencia do proprio Lou- ren^o Lopez em carta dirijida de Bruxellas a el Rei, a 4 de fevereiro. de i5i7, na qual diz ter ido a Malines falar a Maximiliano, que Ihe cfez muyto gasathado, por seer vosso criado e asy por theer de mym muyto connecimento de quando me vosalteza a elle emviou a AUemanha» (4). Da incumbencia porem^ a que Damiao de Goes alude, do contrato do co- bre ultimado em 1617 com Jacobo Fugger, parece ter havido engano do Cronista ; porque, se o tal contrato andava entao, efectivamente, Louren^o Loj^ez nesociando, era com outros mercadores alemSes, a ocultas e em prejuiso daquelle banqueiro (5). Por tudo isto e pelo mais que ainda consta doutras cartas do mercador portugués, adiante transcrìtas entre os documentos deste capimlo e os do seguinte, conhece-se haver elle sido realmente pessoa considerada e abona- da, vindo ainda confìrmar mais està ultima suposi^fio o facto delle, junta* (1) Sr. Joaquim de Vasconcelios, Damiao de GoeSy novos estudos^ cap. III. AFeiiOm ria de Portugatem Flandres ^ p. 54. Si) Chronica de dom Emanuel^ part. IV, cap. xx 3) Ihidem^ part. Ili, cap. x 4) Cof^o cnmohjicoy part. I, mac. 21, doc. aS, adiante transcrìto ei» ap«iidioe ao cap. ni. f5)I>oc. LVI. I 404 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ mente com Diogo Femandez, haver feito na Cau da India una cootrato de mil e quiohentos auintaes de pimenta comprada por 1 2.86q-.ooo reaes, do qual pagou o saldo num dos annos de i5i7 a iSig (i). dobrevieram porem aiguns annos depois graves embara^os pecuniarios, a ponto dos credores o terem obrigado ca jurar aos Santos Evangelhos perante ^us- tifai, que nao partiria de Antuerpia sem ter pa^o suas divida», e ainda mais o compeliram a hipotecar-lhes a fazenda que tinha em Portugaì e urna divida de manilhas e bordos enviados ao Secretano Antonio Cameiro. Nestes aparos dirìjiu*se o mercador, por carta de 29 de novembro de i522, a Antonio Carneiro rogando-lhe o pronto pagamento, o qual, se nao fdra sua desventura, so Ihe pediria quando Ihe aprouvesse de o pagar (2). Ao^itractar este documento, supoz o Cardeal Saraiva haver si£> entao €o principio da falencia da fazenda publica de Portugal na feitoria de FUn- dres» (3). Nfio é exacto« Que jà por là nao ha via muito dinheiro, é certo; mas tambem é certo que desta vez a fazenda publica nenhuma quebra pa- deceu no seu crédito com o desastre financeiro de Louren^o Lopez, que nao era feitor, nem sequer oficial da feitoria. Que jà por là nao havia muito di- nheiro é comtudo facto claramente revelado pelas instrufSes dadas^ em carta de 11 de fevereiro de i5i6, pelo Tesoureiro e oficiaes da Casa da India a Silvestre Nunez, feitor, e Francisco Pessoa, escrivao da feitoria de Flandres. Nellas se ve bem a dificuldade que jà havia em se arranja- rem 54:000 cruzados para pagamento de 12.000 quintaes de cobre, che- gando a ponto de, apesar do Feitor haver declaraao nio poder dispSr de mais de dez a onze mil cruzados e de a estes terem dado apUca^fo, Ihe ordenarem que dois mil cruzados, ainda necessarìos para completar a conta, trate de oa arranjar de qualquer fazenda que por là tenha, ou os pe^a emprestados sobre letras a pagar na Casa da India. Desta vez porem ainda o credito se salvou, poro uè a 16 de oitubro estava tudo pago (4). Para o reinado de D. JoSo III e que estava reservada a falencia. D. Ma* nuel foi tao feliz, que até morreu a tempo ! Os desperdicios a que a vangloria o arrastou, tambem chegaram a Flandres. A elles deu pretexto a investidura na Ordem do Tosao de Oiro, que em i5i8 Carlos I de Espanha Ihe enviou por ocasiao do casa- mento de sua irma com elle, D. Manuel. Oi^amos o que a tal respeito nos conta Damilo de Goes : e Depois de eirei ter tomada està ordem screveo a Jam Brandam, na- turai do Porto, comendador da Ordem de Christo, que ho entàm servia em Flandres de feitor, que mandasse fazer perà Capella desta ordem do Tosam hum pontificai de pano rico douro co seus sabastros borlados, em que se posessem as armas e ensignias deste regno, o qual se fez pelos mcUiores officiaes de toda aquella provincia, e stado eu em Fladres no ano de M. D. xxiiii se apresentou na capella do Tosam, que està na Egrefa do Sabl6 na villa de Brucellas, ho qual he ho mais rico^ e melhor ì i) Qtrtas de quiiacao. n,^ 80. ft) Dog. XLVL i) o^«, ry, 375. 4) Doc. LV. MARIA BRANDOA 4^5 obrado de mailtM cu wsho visto^ excepto ho que elIUi ouuidoa abo Papa Leam, per Tristam da Cunba» (i). O colar da Ordeaa do Toaao encontra-se assim deacrito no Inpenta- rio da guarda^ompa de D* Manuel: «Item Recebeo buu colar douro da garrotea (2) de Jasam que o Emperador mamdou a el Rei, o qual tem vimie e auas pefas dourO) fei^m de fozis de ferir fogo^ e outras viinte e doas por feif am de pedemeira, esmaltadas de bramco e preto, jaspeadas. E tem Iniu Terocino douro pemdurado ; o qual colar juoitamemte pesou dooa marcos e bua om^a e bua oytava mea» (3). No mesmo documento aparece tambem a descri^ao do livro dos estatutos da Ordem: dtem Ou- tro livro da Ordem e cavalaria de Jasam e8{Mrito em purgaminbo cuberto de cetim cremesym com bua cercadiira douro de Frorem; a e com o ve* loduo no meo da cercadura» (4). Dos tempos do reinado de D. Manuel apenas mais dois documento», vindos de Fbuidres, encontrei. Sao ambos cartas de Rui Femandez para ci Rei, urna de 2S e a outra de 26 de abril de i52i. Da prìmeira, na qual se alarga em informa^ 6es politicaa écerca do Imperador, casamento do Infante D. Fernando em Ungria, sucesaos de AJemaiiha, Italia, Fran^, etc, destacarei o seguinte paragrafo : Item este frade Lutetyo que sùreve contra o Papa, veo a corte fa diéia^ entìh em Wàrms) ooai salvo condato em io deste mes^ e em 17 veo a conseiho, onde Ihe foy dcoiandado se tìnha sprìto os quarenta e dois artigos que se dtziam, e pedio conselho pera responder, dizendo, que muitas coosas deziam aue elle sprevera, que elle nom nzera. O dia seguiate veo e dixe que era verdade que elle sprevera taes e taes cousas, asy corno as entendya; e que até que nom vyse outro (]ue Ihas ensynase ao contrayro, as terìa e nom pera morer sobre ellas, com outras muitas cousas que eram notoryas a todos, de Que dixem que o Embaixador do Papa anda morto, porque o oavem. Todo o povo de Alemanha e prìncepes som por elle. Parece-me que desta vez elle escaparé, posto que o Papa nom quer despachar n^utis negoceos do Emperador, senom que ìhe dem este homem preso ; o que nom he em poder delle nem de n^gem se Ihe dar. Por o presente torna-se outra ves pera sua terra, pera vir quando o mandarem chamar ; e doutra cousa nio se falla por o presente (5). Na outra carta mostra claramente corno a fazenda publica andava mal administrada. Elle negociara com o Fugger, em Alemanha, o contrato do cobre por vinte e sete soldos o quinta!, com obriga^So delle dar vinte mil quintaes cada anno; nao quiseram e agora foram-Iho oferecer por tres annos, a vinte e oito soldos o quintal, e elle recusou. Se o contrato (1) Chronica de dom Emanuel^ part. IV^ cap. zzziv. (a) Està palavra, mais propriamente aplicada à Ordem da Jarreteira de que D. Ma- nuel era cavaleiro desde 22 de abril de i5oi (J. P. Ribeiro, Dissertagóes, V, Sai), esten- diam-n-a por um tanto for^'ada analojia à Ordem do Tos3o. No Inventario do guarda roupa de Z>. Manuel^ encontram-se «buùas garroteas pera as gernas com huua gurny- 9S0 douro esmaltada, etc», tudo muito rìco, mas pela descrì^So e até por serem duas v§-se que nÌo eram emblemas da Ordem inglésa. No mesmo Inventario porem encon- trase aoutro livro cuberto de veludo cremesym da Ordem da Garrotea dlmgraterra es- prito em purgaminho», e na carta de quita^ao dada em i535 a Pero Garvalho, do que recdbeu da guarda roupa de D. Manuel, aparece «htia goami^S douro de garrotea». Arch, hist port.y II, 417. [3ì Arch. hist. porS,, II, 382. i) IHdenu p. 410. )) Doc. XJUài. a 4o6 ARCmVO mSTORlCO PORTUGUEZ houvesse sido aceito nas coikB^Ses propostas, perder-ie-hiam, iios tres annos, cinco mil e quatrocentos cruzados ; nSo foi porem por elle, Rui Fernandez, nSo ter esento de Alemanha e Flandres por mtiitas vezes, aconselhando e avizando, a firn de evitar o que veio a saceder e em con- tinente previra (i). A IO de dezembro deste mesmo anno morreu D. Manuel, e logo a 18 do mes seguinte de Bruxellas escreveu Carlos V a D, JoSo III, recomcn- dando-lbe JoSo Brandao e pedindo-lhe que o consenrasse na feitoria de Antuerpia, cpor que es persona que entiende muy bien y haze lo que con- viene» (a). NSo houve com efeito altera^So nenhuma no pessoal da feitoria : Joio BrandSo ficou por feitor ainda quatro annos e meio mais; e Rui Fer* nandez por escrivSo, conservando este a regalia de se dirijir em cartas directamente ao soberano, confian<;a, sem duvida merecida, que D, Joao III Ihe manteve, e da qual existe a prova em duas cartas, ambas do anno de i527 e datadas de Antuerpia. Urna, a 6 de Janeiro, quasi exclusivamente de noticias politicas, assina-a tambem Damiao de Goes (3) ; e a outra, de 4 de fevereiro, é so de Rui Femandez, que, alem dos sucessos politicos, se refere tambem às grandes invejas dos mercadores alemSes de Antuer- pia por n&o terem parte no novo contrato da pimenta (4). Meste tempo \i JoSo BrandSo era falecido, e Rui Femandez devaia exercer o cargo ae feitor em Flandres, com o qual, nSo so aparece intitu- lado, comò acima vimos, numa escritura de compra de 8 ae Janeiro de i528, mas tambem Damiao de Groes declara que, estando em Antuer- Éia, servirà el Rei em companhia de Rui Femandez, entao feitor de \. JoSo ni (5), sendo este facto confirmado pela carta de 6 de Janeiro de 1527, acima apontada, por ambos assinada, a qual serve igualmente para mostrar que jà entao Rui Femandez era feitor. Quanto tempo geriu elle a feitoria, ignoro ; sei porem que Ihe sucedeu Jorje de Barros (6) que estava por feitor em Flandres no anno de 1S37, no qual, por carta de 5 de fevereiro, foi nomeado Manuel Cime para o substituir, nomea^ao feita por tres annos (7). A ebte seguiu-se Joao Re- bello, cavaleiro fidalgo da casa del Rei e tesoureiro da Casa da Moeda de Lisboa, provido tambem por tres annos, por carta de 2 de junho de 1540 (8). No seu tempo terminou a feitoria. Os encargos della eram realmente assustadores ! Em fins do anno de 1543 deviam-se em Flandres 707 contos de reaes, e mais 71 contos de dinheiro tomado a cambio para enviar para là, ao todo 778 contos (9), fi) Dog. L. (2) Doc. LI. [3) Doc. LVn. Doc. Lvra. fi S) Chronica de dom Emanuel^ part. Ili, cap. lz. Q Fr. Luis de Scusa, Annaes de D. Joào Illy apendice de Memorìms e documem^ /OS, p. 410. (^^ Chancelaria de D. Joào III, liv. 24.® de Doagóes, fi. si v. Ibidem^ liy. 40.<», fi. 1 1 2. Gt Annaes, p. 409 e 410. MMdA BRANDOA 407 uns 15.762 cotitM dir moecU de hoje (i)j isto alem de 18:000 crazados jà tomados em letras para as feiras^de maio e oitubro do mno de iS44(3X OS quaes valiam 7.200:000 reaes, a 400 reaes cruzado, em conformiaade com a lei de 26 de novembro de 1 538 (3). No fim dequelle anao de i $44, ainda là se.deviam a cambio os referìdos 778 contos, e a tao altos pre- 90S, gue, segundo parece por carta do Feitor de Frandes, se dobra o dinheiro em quatro annos» ! (4) Estavamos inteiramente nas maos da ajio- tajem. Era impossivel cpiHinuar neste estado; e por isso, Jà em.fins de 1548, D. Joao Ili havia resolvido acabar com a feitoria de Flandres, resolu^ao que ao seu embaixador junto de Carlos V^ Louren^o Pirez de Tavora, merecia inteira aprova^ao (5). A elle pois, por carta de 1 5 de fevereiro do anno segointe, transmitiu el Rei a oraem para mandar recolber ao reino o feitor e mais ofìciaes da feitoria (6)\ finalmente, a 12 de fulho saia de Antuerpia o feitor Joao Rebello (7), Como conseqUencia desta determina* 9S0 foram, por carta de 29 de novembro ainda desse anno de 1 5491 pos- tas à venda todas as especearias na Casa da India, com porta aberta para todo comprador, acabando desta fórma com a necessidade de as enviar a Flandres (8). Asaim^ devido à ma administra^So, desleuLO e ineurìa dos governoa, perdeu o Rei de Portugal o credito em Antuerpia e viu*8e obrigado a fe« char a feitoria. Manteve-o porem o comercio particular, mercé da confian^a conserva** da, e ainda em 1569-70 as mercadorias nosaas exportadas para Flandres atinjiam o valor de 608 contos e as importadas, o de 740(9). Para se verde que especie eram principalmente essas mercadorias, servirà o ultimo do- cumento apenso a este estudo, a Lista da iaxafSo das mercadorias que pem e costumam vir aos senhores Portugueses da nacSo de PortugaU re- sidentes nestas partes de Frandes e Br mante pera por ella se comptar o diretto do tributo que devem a ditta nagao desde no principio do mes de novembro. . . de iSji até outro tal mes. . . de 1572. reità pelos senhores consules e deputados deste dito anno. Outra lista de mercadorias apresentarei aqui, a seguir. Formal-a-hao todas aquellas^ de oue os documentos me deram notìcia, enviadas a Flan- dres e de là recebiaas durante o reinado de D. Manuel. Terà um defeito: ser evidentemente incompleta; terà urna virtude : ser incontestavelmente autentica. Aqui termino o esbo^o da historia da feitoria de Flandres, estudo um tanto apressadamente empreendido e levado a cabo, faltando-lhe por tanto {i\ Gf. na Hist, da sociedade em Portugal do sr. Costa Lobo, p. 417 e 418. fs) Git. Arniaes^ p. 4ia \ò) Teixeira de Aragio, Descripgao geral e historìca das moedas^ 1, 398. (4) Git. Amuiesy p. 417. [3) Ibidem^ p. 421. [6) Ibidem^ p. 432. [7) Ibidem^ p. 433. fo) Ibidem^ p. 414. (9) Rebello da Suva, Hist. de Pori, nos seeulos xvp e xvm, IV, 607* 4oB ARCHIVO MSTORfGO FQRTUGUEZ parte do convtmeflfte prteparoi oonfesso-o ; eiptro pofea^ pela ftanqueza da confiaslo, merecer a benevoleacia da critica. Aldeia, i8 de norembro de 1908. B. F. lA$ta das mereadorioB permutadas Cam OS estados de Flandres e Bràbante no rdnado de D. ìtaimA Abretiatiins: C C, Orpo eronoMt^; C. Q„ Qtrtas de qttiiafà&; 3nf., Lmfemtarw ék />. MamueJ ilporaf — Dois^acB prima a um ter^, que d8o aewm dos piahaai daFltadres^otoi doutra parte, stiro de Noniega. Eacoraendados em i52o — C C. /, a6, s8. Afucar — Veadìdo: em 1495-9S, 924.631 fC, (X 468]; em 1498-1505, ($01.209 (C. Q, 584); antes de i5oi, 9 15482 (CQ^, 469); em i5o5-t5o(5,caz6es, 6.068 /C. Q, i>); em i>oo-i4 ! decioat, 1 1.819 f), de meles, 1.201 9 e de eecomM, 909 (^(C Q, 35o); em I520-2Q, branco, 4.952 9 (doc. un). Total, 1 50.293 9 e 6068 caz5et.<- Cm aorambro de i5io chegaram duas oaui del Rei com a^acar traspastado em Trisdio da Cunhai e mais cinco ou seis carregadas de a^ucar, etc. (doc. zxni). — Pre^os : em i5o9, a 3,5 d. OS bons (doc. zzi) ; em i5io, se poderSo vender a 5,5 d. e mais, pelos poQCos qae ha oa terra (doc. xxm) ; em t5i6, a 4 a. (doc. in do cap. 1) ; em fetereiro de i5i7 alevantaram e Talare a 6,5 d., e nfio sa acliao. porqua as nàus aio sSo aiada vindas (doa zzzYa) ; em mar^o do mesmo aono, de 5^ a. ató 6 d. fC. C, 1, 21,70). Ageas de laiSo^ nSo set se serio aguias de latao — 3, compradas em 1495-98 ce. Q, 468). AgidÌMS d9 '{^mfiary tambem ignoro o que fossa, adquiriram*se 2620 em 1495-98 Ca Q, 468). Alabardas -^ i, em 1495-98 (C. Q, 468^. Albarradas de arata — 3, em 1520-26 (Doc. un). il/citfrJo — 74 Darris, em 1495-98 (C. Q, 468); 192 barris, em i5o5-i5o6(^C Q, i5)- — Vide em breu, àlgoà&o — 125 quintaes e 18 arrateis em 1495-98 (C. Q, 468)« Em mar^o da i5i7, pre^o. o à.(C. C, 1, 21.70). ' Aìmofadas — 4, enlronhadas, em 1495-98 (C. Q, 468) ; 8 pe^as de faces de cameiro pera aìmofadas de rés, em 1507-12 /]C. Q, 268). Almofarires — i, em 1495-98/C. Q, 468). Amt-^yo quintaes* 3 (|) e 20 arrateis, em i498-i5o5 (C, Q, 584) ; 37 quintaes, 28 arrateis, em 1509-14 (C. Q» 35o). Antenas — 20 em 1495-98/0. Q, 468). — Vide em mastos. Arbis de ehavey pano — Em mar^o de i5i7, pre90 da meia pega, 2 £ e 16 s. fC, C, I, 21,70). Armaria (Coisas de — ) em 1509-14 (C. Q, 35o). Armeniòny pano — iio,5 pe9a8 em 1498-1505 (C. Q* 584); 67 pecas em i5ii->i4 (C. Qj 423) ; armentins pretos^ 12 pe9as, em 1495-98 (C- Q« 468) ; trofinos^ 33 pe^as, em i5ii-i4 ^C. Q, 423). — Oitenta cruzados d^ oiro se tiraram de um tabardo ddOT' mintimy c|ue havia sido de D. JoSo II (C. Q, 229). A^eite — a io,5 £ em i5o9 (doc. zzi). A(eper' secoirinù — 2 quintaes, 3 $ e 3 arrateis em 1509-14 (C, Q, 35o). Mougue — 34427 libras em 1498- i5o5 (C. Q, 584).~Em mar90 de i5o7, pre^o, 1 s. e 3 d. (C. Cm, L 21,70). Bacias : — de barbear^ ou de barbeiro^ 554 em 1495-^ /X2. Q., 468); 18.992 Ubras de peso dellas,em 1498-i Jo5 fC. Q, 584); 2298 pe^as dellas em i5o5-i5o6 (C. Q» i5) e 2235 em 1520-26 (doc. un) ; de camara^ pequenas^ 3254 em 1495-98 (C. Q, 4DÌ8); de rnifcTj 27.199 libras de peso deUas, em i498-i5o5 ('C. Q^ 584), 472 pe^as dellas em i5o5-6 (C. <7, i5) ; de ourinar. 4882 em 1520-26 (doc. un) ; pera ciampadm^ t3o5 libras de peso deUas, eftì i49S«»t5o5 f C Q, 584) ; pera ofertas e kunpaiaM^ 200, em 1495-98 MARIA BRANDOA 40» (C. Q. 468).-- Bstat btdts, teda», prò? àTtilsieiit«| de oobf#, ara^i ^ara mmém ^rènder lu India. Baciosi^de estanho, por^io nio declarada. em i5oo-»4 (C Q, 15o); tfa lolSo, quantidade nSo declarada. em 1509-14 ("C. Q, 3>o) ; maetÌ9$ de ImSo^ 18^098 Ifbras de peso delleS) em i4^i5o5 fC. Q, 584) e Sj% pe9as dallet, am i5o^ (u« Q, iQ^^e prata de aguoa às mSos^ 1, em i520-a6 (dee un). BalanfaSf de péu com seus pesos. i, em 149^-98 fC^ Q, 468). Bancaes de figuras e boscajes^ so pefas, em 1509-14 fC. Q, 35o) ; d9 Tcmmy^ 3, em 1495-98 (C. Q, 468). Bancos de pdu, nfio diz quantos, em 1509-14 fC. Qy 35o). Barretes: — em i5io manda D. Manuel um ao Feitor para modulo (dee zacni); fUimengùSy 8, de velndo preto, forrados, delles (aleuns) de cetim prato, da dentro, a dous de damasco cremesim ^/nv., p. 3^2} ; de Fìandres^ grandes, de pano, de maiaa voi-' tas, com trìnta e duas pontinhas ae oiro peauenas, com as volta» empapaladaa àt gol* pes, 5 /'irtv., p. 392) ; pretos^ 12, em I4q5-^ (C. Q, 468). Bk5cat/o — 2408 quintaes e 27 Ifbras, em 1498*1 5o5 (C. Q, 584); 1741 quinuas, 1 (|) e 84,75 Hbras em i5o5-6 (C. Q, i5>. Boetas — «Mais hulia canea grande em que dis ape t9o 100 boatas» carragadat para Lisboa, aa néu Maria «desquidam», em i5i6 ^C C., n, 6^,45). Bombardasi de ferro e metal — certa por^So dellas nio declarada, am 1509-^14 Cd Oh 35o). Acerca de bombardeiros, vide na p. 398. ^ iordos — i38o, em 1495-08 fC. Q, 468). k3o6 (pàtts ì) ea en Mvereiro da t5i7(docxxxvn); a3s.,emmar9ode i5ij(C. C\, ij 21,70); hr/ùii de Santa Cru^f^ s«o cento, em i5o9 (doc. xxi). . Breti — 74 barris. em 1495-98 /C Q, 468) e i3o6 barris, am i5t8 s por quintal de cobre • eUe oSo quia coniratar (doc. kcj, xun e i). — Precos, alem dos jà inJicados : em 1509, a 34 *. um por outro (doc. sxi) ; em maio de i5i5, o cobre de lavoleiro e de pSes pe- queno*, vale a a8 *. (C, C, i, 17, i3ol ; em junbo de i5i6, abaiiou e abaixa cada dia, o Fugf er porem tem o seu a 38 s. e nao o quer dar por meno* (doc. lu do cap. 1) ; em fevereiro de iSi?, o cobre dos Elstretis vale a a6 s., o Fugger mantem ainda o mesmo prei^ de a8 s. (doc. xxxni). Em 1S16 valiam quairo p3es de cobre, 1:700 reaes (p. SgS). — Transpories : eu^ mar^o de iSij vieram para a Casa da Mina 1859 pastai de cobre TOM, qne pesaram 310 quintaes e 86 libra*, e mais quairo paes redondos tumbem de cobre, com o fireie a)usiado a ratSo de 300 rs. por tonelada {p. 396). — Vide em Ma- niikas. Cocedrat — da pena, 3, em 1 495-98 (C. Q, 468). Co/r« — 6, em 1495-98 re Q.,^)i 1, no paco de Mujem, em i5ia-i4/U.Q, t6i)j 3, no guarda-roupa (inv^ p. 398 e 399); i, forrado de couro verinelho de dentro, com um le^ol de dous ramo* de olanda, dos grandes (ibif 399) ; 1, grande, ferrado, com imi len^oL roto, veiho, de tre* paaos {ibi, 4i3j. Colcktu — em 1509-14, nSo declarando quaatas ("C. Q, 35o). Co/Aere* — de prata, iS, em i5ia-36 (doc. lui). Condado, pano — 11.908,35 covados, em i49S-i5o5 (C. Q, 584); 1000 covados, em i5o5-6 (C. 0^47?); 107» covados na feiloria de i^m, em i5o8-io('C. Q, 319); «07 covados na tutoria de Arguim, em i3a8-i 1 (C. Q. 337) ; i3^ covados na fettoria de ^fim, em i5i6-i9 (C. Q, 33o}; dfu/, 144 covados na Eeitona de Arguim, em 1499- i3oi (C. Q, 335); die cir^ 171 covùdoi na feitorìa de Bcoim, em i5i3 (C Q. 574) ; dt t^rtif oSo aixendo afiorsSo, oa lejiotia de S. Jorje daUÌna,em i5i»-i4fC. Q,5<»). MARIA BRANDOM 4M Condados : 4 fardoa com 5i pe^as^ carregi^os im oàn Miurìa de Soùdam. para Lisboa, eoi i5i6(C. C, B, 6yy|5} ; 56 pe^aSi em 1495-98 (C. Qa 4^)- Vide Ca/^ufe^ Conjeìioiy amendoas e conserpas — 10 ^ eoviadas da ilha da Madeira enn cada um dot afuios da i5si» 22 0 a3« a Joao Brandao, «i^ara algumas dadivas e coavites que os feitores soein de fazer» (doc, xly). Comas — de prete, de filagrana, aoo, em i5ao-a6 (doc. un). Contrqyy paao — 3o pecas, em i49&-i5o5 (C. Q»^^* 4' covados em 1499^0. Q, 219) ; amirais da grande^ 43 fardos e 141 pecas, em 1511-14 (C^ 02.423)- CtìTceiel^j — 935 em i498-i5o5 (C, Q, 5%^\\ 5807 em i5o5-6 (t:. Q, i5), Corredi^ms de sarja — 2, em 1495-98 (C, Q, 468}. Cartùu» : — para aharee, de sar)as de coree. 5o, e de sarja de marca grande, 1, em 1495-98 (C. Q, 4S8); outras, de que nio se declara a quantidade nem a qualidade, em i3o9*>i4fC. Q, 35o). > Coias de armas — Em 1509-14, nio dia quantas/C Q» 35o). Caxins : — ' ' - .- - ^ . Crctifo i5o5-6^C. i63 quimaes, 1 #,6,5 anrateis.^ Pre^os : em i5o9, a 6 s. (doc. xù); em i5i6, o lìmpo, a 10 s. (doc. m, cap. i>; em fevereiro de i5i7, valeu, o limpo, a 11 s. e vale agora a Il s. e 4 d. (doc. xzxvu) ; no mesmo roes, a 10 s. com a mSo e a 11 s. 0 escolhido (Cm Ci L 21,27) ; em mar^o do. mesmo anno, estava o limpo a 11 s., 4 d., até 11 s., 8 d., e, em bala,a 10 s», 4 d. fC. C, i, 2 1,70) ; neste mesmo mes viera obra de 20 quintaes numa caraca de Saona ^C. C., 1, 21,62). Cru^es de iatSo — 5o, em 1495-98 {"C. Q, 468). Cubertas — Em 1509-14, nSo diz quantas (C. Q, 35ok CubrecamaSf de Tornay — 5, em i495-«98 (C. Q, 468). Damascos^^m i5ocjri4 (C, Q, 35o). jEiMrarcea— •289.241 librasi em 149^1505 (C* Q, 584). Rrva hmbrigwnra — em mar^o de i5i7 era o seu prè^ de 7 s.^ 6 d., até 8 s. (C. C.,1, 21,70). Escralata — 1 1 pe^s, em 1498-1505 fC. Q, 548). Etcudellas e salseiras^ de estanho — \2, em 1495-98 fC, Q, 468). EsMf^eaha — Em i3oo-io foram loii quiotaes, sem mais especificajSo ("C. (^^ 240] ; talvex fosse pimenta momada.— Ainda em junho ou )ulho de i5io la especiaria de Aksandria (ooc xxv). — cMoitos grandes mercadores alemSes e outros, que em vossos retnos tratam, me disseram jé por muitas vezes, em praticas que tinhamos àcerca de mercadorias e especearìas, que eiles i^ compravam a metade do que comprariam, se tìveasem maneira de U passar o dinheiro, e que aqui o dariam de boa vontade. Pare- ce-me bem aviaar disso V. A», porque, recebendo*se aqui, se poderia enviar à Casa em 1>rata, pelas nàus que fossem ; e porque és vezes tarda na viajem, V. A. o sofìreria me- hor que elles ; e assi d'aqui se poderia passar o dinheiro a Castella, para o trigo e ar- mas e outras cousas que V. A. là manda comprar. Enves, 8 de fevereiro de i5i7, Lou- ren^o Lopez» ("C, C, i, 21,27) — Vide tambem aos doc. xl, xun, i^ et e. Espingardas -* 204?) em 1 5o5-6 (C. Q, 1 5). Bstampa — Urna «das tres deoses que mamdou madama de Xebes (Chièvres) que pesou nove oyuvas e doze grios» (Inv,^ p. 386). J?#/afiAo — 36.296 libras, em i4o8-i5o5 (C. Q, 584) ; em 1509-14, nSo dtz quanto (C* Q, 3^). Em fevereiro de i5ii dfeclara o Feitor haver enviado 3ijpe9as de estanho (doc. xxv). — Pre^o : o de Comoalha, em mar90 de i5i7, velia 54 s. fi2. C, i, 21,70).— Vide hacios^ escudeiias^ galhetaSy picheis^ sàlseiraSy trincnos. FalcoeSf artelharia — io, em 1495-98 (C. Q, 468). FalcSeSy aves — Encomenda deio, em junho de i52o (p.400). — Em 1499, no guar- da-roupa de D. Manuel, existiam 4 tornés de ouro pera falcoes (Ù. Q, 21^). Ferro^ de toda sorte — 42.080 libras, em 1509-14 ("C. Q, 35o) — Vide ^m^oriaj, pehuros. Finamarcha^ pano — 10 pe9as, em i498-i5o5 (C. Q. 584). Fio : — de barbante^ vide em Kodas ; de carreto, 5^ libras, em 1495-98 ^C (X, 468). Folha de Frandes^% quinues e 17 arrateis na feitoria de Cananor, em i509-i2 rca3oo). Phmiaes de verdura^ de Tomay — 3óo, em 1495-98 ^C. Q^ 468}. 41 a ARCmVO («TtmCO POftTUGUEZ Gàthetas de estmiko — loo paret, mi 149&-Q8 (C. Q. 468). Gengihre-^jfi quintaes. Si amteit, '%m i49&-i5o$ (C, Q, 584)$ 601 libras,6m i5o5-^ (C. 0, i5j; de todt a sorte, sem declarar a porcSo, em 1S09-14 (U. Q, 35o). — Pre^ot: em i3o9, a 56 d. (doc. zxi) ; em ferereiro ae tSt i, aiti ainda a 60 d. a libra • nio ha hi casi nada 6doc.xxv); em fevereiro de i5i5, a i5 d. (C* C. i, i7>8i); em maìodo metmo anno, o de Veneza vale a 19 d. e o da Casa da lodia, a 14; e todo tem mèo deafMcho, porgue o nIo compra ninguem, esperando as fiéus portogulsas fC, C. i, i7, tSo) ; em i5io, a 11,5 d.. e o de Venesisi, a i5 d. (doc. m do eap. i); a 6 de fevereiro de i5i7 vale a 10,5 e a II d. algum, porem o>^ais se despachou a 10,5 # vendeu-se boa soma delle (docYXXvn); a 8 do mesmo mes, està malto balzo e ninguem se quer metar nelle, por- que vem multò de Alemanha; devia-se mandar p6r rtcado no Mar Roxo, para qiw tanta quantidade nSo passasse, porque, seisto multo durar, abaisaré a 7 ou 8d., e està feirase vendeu a 10 d. de contado ^C- C' i| 31, a?). Esperamos de o vender bem e Jà aos firia- ram na mór soma delle, dando -nos a la a, a termos^ e por ser cousa pera noan^ nio nos pareceu bem vender-se por mdr do qua là tem V. A.; aqui todo mm^io tam qae elle na de valer e. mostra raaSo, pois nao vem nenhum, c(ua urna caraca qua vào de Saona, que dldam trazer muito, nio trouxe mais de aoo quintaes, a obra dò a 5 de oravo e 3o de canéla e la da niacas; tudo iato é pouca cousa, e pois se aspara aSo vir nada este anno per està via, tudo està no que V. A. ordenar, e pracerà a Dada qua sempre assi serà| e parece-me que desta vet os Venedanos perdarae aoa asperan^. invcs, 20 de mar90 de i5i7. Rui Femandec fC. C, i, at, 6a). Dias depoìs toraa-se a referìr ao gengibre em outra carta, doc. para o ci^. ui, e ai diz valer o de Venaaa, de 17 a 18 d, e o de Calecute, de la d. para cima (C. C, ij^i, 70). Gama — 114^ quintaes e 17 arrateis, em 1498-1505 (C. Q, 584); de Argoim, 274 quintaes, 8 aratela, em 1495-98 fC. Q, 4^. Guarda-portas ^y4y em i498*-i5o5 (XJ. Q, S84); da ras, a, em i5i7 fC. Q, 5). GuHlheteSj da prata — 48, em i52Q-a6 (doc. uh). Jpre^ pano: — dohrecru^^%i6 pe9as, em 1 511-14 (^ Q« 42^)9 de liSo^ 2 pe^as, em i5ii-i4 ft2. O, 4a3). Ipf'esy 3644 covados, em 1498-150S (C. Q, ^); dohre-a^es^^ pe^as, em i49>-9o (C. Qj 4^)- Inretwn^ pano — 92 pe^as e ao covados, em 1498-1 5o5 (C. Q, 584). Li9Uemas — 100, em 1493-98 (C. Q. 468). tàiao —Vide em ageas^ badaSy casticaes^ erufes^ manithm^paiyas^ triboioe. Lavatorio — i, em 1495-98 (C. Q, 468). LtitoSy de Frandes, com seus paramentos, travasséiros e almofadas nos pa^oa da Mu)a| em i5 12-14 (^- Qi ^^K Lermstas^ finas — 2 pe9a& em 1495-08 fC. Q, 46^. Lenqo^ de Barbante — 725 varas na feitorfa de i^afim, em 1495-98 (C. Q, 442); io? varas na mesma, em 1408-1500 (C. Q, 406); 83 varas na mesma, em tSoi fC. Ò, 495); 5o6 varas na Casa da India, em 1 5x5- 16 (C. Q. 81); 9996 varas, na ieitoria aeGaÌm,em i5i5-i6 ^C Q, 57). Lengo de Barbante e nabai, 710 varas no Castelio Rea!, emBerberìa, em i5o6 ('G Q, 519). Lenfoes — 36, em 1495-98 CC Q, 468). Lencos: — de Barbante, 25 pe^as em 1 495-98 ^C Q, 468); francSses finos, 40 j>ecss em X49S-98 (Un); para vestimemas, 23o6 anas, em 1495-98 (Ufihà^ todà aorte, A.547 covados em 1490-1 io5 (C, Q, 584) e 4^.3oi aunas, em 1509-14 (Ù, Q, 35o). . Lilas^ pano — 5o,5 pe^as, em i4Q^i5o5 fC. Q, 384); 53 pe^as, em i5ii-i4 fC. Q, 423); i?reW5, lope^as, em 1495-^ (C. Q, 468). lÀrÀó bomido — 100 bocaroes, em 1495-08 (C. Q, 468). LivTQS — Pera Igrejas escrìtos de mio,. 7$, tm 1495-98 (C, Q, 468). Os lìvros tefllio treladados e mui bem concertados, corno compre, e mitidos em um cofire, etc.^ 8 de agosto de i5o9 (doc. xzi). Duas duzias para a fazenda real, em i5i4, vide p. 393. XiOtia5 — 25a8,5 pe^as, em 1498-1505 (C, Q, 584). Magas — Pre^os : em i509 «a 1 £ de grosos,^ 10 s.» (doc. zxi): em fevereiio de t5|5| a 5 s^ e em maio, a 5 s. e 8 d. (^(7* ^ >» i7f ^i ® >^); ^^ i5i6, a 5 s. (doc. m do cap. i); em fevareiro de i5 16, a 5 s. (doc. xxxvn) e 4 s., 8 d. (C, C, i, 21, 27); em mar^o de r5i7, a 4 Sy 8 d., (1C. Cf L.21, 70). Molagueta — 987 e 2 ^ e II libras, em i quintaes, 19,5 arrateis, MARIA BRANDOA 4i3 com Jeroniino Fustfobalde (doc. za); em i5i i o Feitor recebeu 1081 qirfiitaat e ft6«mi- teis eosacados em 487 sacas (doc xx?); a malagueta dere vir toda à mSo do Feitor, «x* clusÌTaiDente ^t^. — Pre^os: a 11 d. a boa, em i5o^ (doc. xzi); o Fuscobalde yeft» dea, em feveretro de i5ii, a menos de ii,5 dinheiros, e na terra oSo ha mais daa quatrocentas e tantas balas que elle vendeu; e o Feitor vendeu la balas a um mercadoj a 13 dinheìros a libra (doc. xxvh em i5ia vendida a i5 cruzados o quintal (C. C, i, 11, 32); em fevereiro de i5i5, a 7,7!» d. ^C. C.« i, 17, 81); a 7 d. em i5i6 (cap. i,doc m); em fevereiro de i5i7 se vendeu uma grande ^ma della, pera urna finan^ que se tea, a dinhttro de contado, a 6 d. que foi grande baixa (doc. xxxvn). Mamihas — Barris dellas mandados em i5io para lastrar urna néu (doc. xxd); 55o para resgate dos escravos nos rios de S. Tome, em anno anterior ao de i5io/lC. Q, aa8); de latSo e cobre, 447.484 que pesaram 258.173 libras, em 1495-98 fC* Q^ 468); de latito e cobra roxo, 937.586 libras, em 1498-1505 (C. Q. 584). Mantmkas^ de Frandes — 93, na feitoria do resgate de Axem, na Gniné, em 1 506-7 (C. Q, 281 Marfim — 1 1 98 libras e mais 3o quintaes e i5 arrateis, em 1495*98 (C, Q, 468); 6072 libras, em 1498- i5o5 (C^ Q. 584). MasiùS — 10^ em 1495-98 (C. Q, 468). Em novembro de i5io, mastas pru^as^ 3, de 16 a 17 bra^as, e 7, de 14 a i5 bra^s; mastos sapos, i5, de 16 a 17 bra^as e mais 20^ de i3 a 14 bra^as; e 100 enienasy de 9 a 12 bracas; todos novos deste anno e os melhores que de muito tempo pera esca parte vieram (doc. xxu). Meias olandas^ pano '- 25 pe^as, em 1495-HQ8 fC, Q, 468); 5342 covados em 149^ i5o5 fC. Q, 548). Menim^ pano -- 110 pe<;a8, em 1498-1505 fC* Q, 584); menis pretaSy i5 pe9aa| em 1495-98 (^C. Q, 468); mìnmSy 38,5 pe^as, em i5i 1-14 ^C. (X 423). Mesas redondas^ com suas cadeiras — 2, em i J95-98 (C Q, 468). Aiirahdanos — certa por^So, em 1509-14 ^C Q, 35o). Nabal Bretanha Boriante^ pano — 9460 pe^as na fettorìa de QdUajtm i5i3-i4 ("C. Q, 545). em irrateis, em 1509-14/C. Q, 35o). — Pre^oa: a 4 s., 2 d. em i5oj (dòcT xzi); a 22 d. em fevereiro de i5i5 fC. C, 1, 17, 81); a a3 d. i5i6 (cap. I, doc. in); a 34 d. em feveretro . , ,, , . , e jé agora, fevereiro de 1 517, por os regelos, valem a 3i,5 (doc. xzxvn);y!no5, 3 fsrdos remetidos em i5ii (doc. xxv); nao ale* vantaram nada ainda, fevereiro de i5i7 (doc. xxxvn); ^e in^tf^erra, encomendados em i5io (doc. xxm). Panos de armar ^ 107, ero 1498-1 5o5 ("C, Q, 584);/6^eno de ras* da hisiaria de Vespasiano^ cóm algum oiro, em 1504-7 f^- Q-y ^^^ì'y ^ ^^ì ^^ ì5ìj(C* Q, 5); de rd5, de figurasy em i5i7 (ibi). Panos e teddos^ vide : arbis, armentim, condado, contray, finamarcba, ipres, ipre- tum, iemistas, len^os, lila, lonas, meias olandas, menim, nabal, olam, olandas, sarjas, sa- tina, servietas, solias, tape9arìas, toalhas, veludo. PasUl — 1006 quintaes, 3 ($, 10 libras, em 1495-98 (C, Q, 468); 3282 quinues, a ^ za arrateis, em i4q8-i5o5 (Ù. Q, 584). Pelouros de ferro^ de esperas — 2917, que pesaram 278,5 quintaes, carregados para Lisboa, em oitubro de 1 5 16 (p. 395). Pergammhos — 5o duzias, em 1405-98 (C, Q, 468): dea duzias, muito bons, de ca- brìtas, em i5i4 (p. 3o3); um barrii deUes, em i5i7 (p. 395). PkkeU de estatiko-^j^ em 1493-98 fC. Qi 408), 414 ARCHIVO raSTORiCO PORTUGUEZ Pimema — 6.121 libras, t%j qointaes e 7 arraceis, em iigS-^(C. Qt4^; 153.669 Hbras; 1 1,5 on^as, em i5o5-6 ("C, Q, i5); por^So ofo daclarada, etn 1509-14 {C.Qj, 35o); 83.9C7 lìbras e io oncas, em i52o-a6 (doc. un). — Em i5o9, pre^o, 18 d. (doc. xu); na feira de aetembro de i&io, venderam*se mais de 2800 balas a 19,3 e i9,75,eoatro tanto Tale agora, novembro (doc. xxiii); em fevereiro de i5ii andava em 10^75 d.,com a vtada das néus desceu um quarto, logo tornare a subir, porque na terra ha mui ^uca e es« peraTa*se agora pot muita mais da que veio; os InglSses compraram, nesta feira passada de Bergues, muita mais do que nunca compraram, e assi os Alemies; da feira de se- tembro a està parte gastaram mais de 4600 balas (doc. xxvj. Em maio de i5i3, ordem ao Feitor da Gasa da India para mandar para Flandres, na nossa ndu Belem e na de Tome Lopez, 35oo quintaes, alem dos f 00 jà enviados na néu de André Afonso, que aio para asobras de Belem; foram i5o4 quintaes, 2 ^e22 arrateis, em 1788 sacas de ca- nava^o (C. C, i, 12, 16). Em i5i5, em tevereiro, estaya a 19,5 d. de contado (C. C^ i, 17, 81) e em maio vendeu-se a 2o,5 d., de contado, e a 22 d. a seis meses; fora entao muita prata para Lisboa, de mercadores alemSes e doutros, para comprarem pimenta (<^i, iJo). Em i5i6 existia um contrato feito com Fedro Incuria e companhia, de venda de 750 quintaes de pimenta (doc. lv). Em fevereiro de 1517: valeuna feira, por o ventò ser bom e se aguardarem as néus, de 19,5 até 20, e comò veio a bisa logo sal- tou a 21 e 22, e por nSo haver nenhuma, vaie quanto querem (doc. xzxvn); ébemdese- jada em Flandres, Alemanha e outras partes, porque Francéses tambem a requerem; vale a 22 d. e nao a ha, todos esperam pelas naus e toda a que vier se despacharé logo e a bom pre^^o, porque vfem ceao à feira de Francaforte e assi por os grandes frios que fazem, se gastaié muita mais ^C. C, i, 21, 27); vale a 23 d. de contado, por aqui nSo haver nenhuma fC. C, m, 6, 5i). No n^esmo anno, em mar^o, estava a 19,5 até 19,75 dinheiros (C. C^ i, 2 1, 70); em julho certos mercadores alemSes ofereciam um adianu- mento de 3o.ooo florins, caso com elles se finesse o contrato de compra de cobre e prata, e sendo so do cobre, adiantavam apenas i3.ooo florins (doc. lvi); no mesmo mes valia a 22 cruzados e mais (C. C. 1, 22, 19). Em fins de i5i9 valla i2,5s. de Alemanha, que sSo 3i d. e nom na ha por todas estas Alemanhas, que nom cramam senom por ella (doc. xl); mostrava-se entSo o Fugger pouco resolvido a aceitar a pimenta em pa- gamento do cobre que vendesse, e nesse mesmo tempo parece que existia um contrato com Hochstetter de venda daquella especearia (docxu). Em i520 a ladroice na Alema- nha traz grande dano, principalmente A pimenta, a qual ha de formosamente passar por Nurembergue, que é o emporio de todas as especearias e mercadorìas de Alemanna; em Antuerpia, por vir muita, abaizou e vale a 27,75, mas tanto que està lambu^ada passar, tornare ao seu (doc.xLin).Em abril de i52i, se é certo haver treguas entre el Rei de Peionia e o Mestre de Prussa, sere grande bem para as especearias, ptincipalmente para a pimenta, que podere passar por mar e por terra para todas as partes (doc. l). Pimenta de Guiné— 600 quintaes, 3 (|) e 14 arrateis, em 1498-1 5o5 fC, Q, 584). Pimenta da India — 5ooo quintaes e melo em 1498-1305 nf. Q, 584). Pimenta longa — 14 quintaes. i $ e 21 arrateis, em 149S-1505 (C» Q, 584). Pre^o, 4 8., 8 d., em roar^o de i5i7 (C C, 1, 21, 70). Pimenta molhada — PorcSo grande aella em 1 509- io (C, Q. 240), talvez os 101 1 quintaes de especearia no doc. mencionados. As tres néus em que da Casa da Mina enviaram muita soma de pimenta que foi molhada, chegaram a Antuerpia antes de 8 de agosto de i5o9, e foi vendida a um burgues da cidade, a i5 d. (doc. xxi). Em no- vembro de i5io estava empregado todo o dinheiro proveniente da renda della e espe- rava-se por mais (doc. xxin). Pinna — Tavoado de pinho de Frandres para obras nos pa^osdeMuja, em i5ia-i4 (C. 0, 162). Piques— i5 duzias, em 1493-^ /^CQ, 468). Prata ^ i5i5 marcos, 4,5 on^as, em 1 498-1 5o5 ^C. Q, 584); 3348 marcos, 11 dinhei- ros, 23 graos,para el Rei, e 883 marcos, i onma e 7,5 estrelins, para Belem, em 1 509*14 (C. Q,35o) ; 9643 marcos, 7 dinheiros, 11, 5 graos, em 1520-26 (doc. un); prata de Fu- rembergue, 67marcos, i on^a e 5 estralins, em 1495-98 /C. Q,468). — Em i5i5, no mes de fevereiro, custaram 822 marcos, 2 on^as, 3,5"^ estrelins, enviados é Casa de Guiné, 1696 £, 1 1 s. e 3 d. (p. 393) ; e no mes de maio, velia a 43 s., n§o se encontrando, por- que tona a que a feira passada veio de Alemanha, foi nas néus que ora d'aoui partiram para Lisboa a fim de comprar pimenta /C. C, I, 17, i3o). Em funho de i5io, valeu està feira a 43 s., 6 d., e achava-se assés pelo pre^o, em resultado do muito dinheiro qae o MARIA BRANDQA 4^5 Feitor le tomara a pagar em LitlMs^ porqiM todoafneU» dinhairo bovreM 4t it am prata» pek^ 51110 ella baìxou (cap. i, doc^ m). Em i5i7« praeos : em léTeratro^ yaleu no oomtqo da feira a 43, dapois subiu, e vale agora a 43 s^ 6 a , e nSo se acba» maa tambeoi 1180 ba n^us por que a mandar, que està tudo regelado (do€. xxxvn) ; em margo^ eatava a43 a., 4 d, f^C. C I, ai, 70) ; e ero julho ofereciam-n-a a 44 s. de lei de 1 1 dinbeirot e 9A.gr$oa (docLvi). — Score exporta^ao da prata. vide p. 578. — Vide ainda: albarradae^ bacias, calezes, casti^aes, colberes, contas de filagranat gubilbetesi saleìroa, ta^as. Ihratés de esianko — ao, em M95-98 (C. Q, 468). . Priasióes — 3342 pe^aa, em 1498-1 3o5 (C. Q^ 584)* RAS — Vide em almofadas, coxinsi cuarda-portas, panoa de armar. Relofios de areia — 100, em 1495-90 ^C Q, 468). dois caix6e8, no amaxem de CeiM em i5o5-S (C. Q, 600) ; 1386, no mesmo armaiem, em i5io«i3 ^C Q» 601) ; 104 de /fé de barbante para o socorro de Arzila. em i5o8-q JC. Q, 394). Roles — 75 pe^as, em 1498-1S05 /'Q Q, 584). Roupas framengas — HQa, de tella de ouro, prete, que tem a^oas comò cbamalotei a saber : o corpo inteìro e capello e bocaes de mogequis^ e guamicam das abretaras de trés, e nam tem mangas. HGa roupa framengua de veludo avelutado pardo, forrada de cettm pardo. Outra ... de cetim avelutado cremesym, forrada de cetim cremeavm e de* bruada do dito cetim. Outra ... de cetim preto, forrada do dito cetim e bandada de ce* tim avelutado preto, a duas bandinhas. Outra tal de cetim avelutado alionado, forrada de cetim alionado e bandada por dentro de cetim avelutado alionado, a duas bandmhas. Outra ... de damasco preto, bandada a duas bandinhas de veluto preto e barrada por dentro de cetim preto. Mais bua ... de cetim preto, bandada a duas bandinhas de cetim avelutado preto e forrada as costas até o meo de veludo preto, e o mais, com as man- gas e capello, forrado de veludo de pella Hfia . . . debruada a dona debruGs de veludo preto por fora, e por dentro bandada do mesmo veludo, a quel roupa é de tafetà preto. Hlia ... de pano preto, forrada de veludo preto e bandada a duas bandinhas do dito te- ludo, flny,^ p. 401 a 4o3). jRii^e5,pano — 607,25 covados, em 1^98- i5o5 (C. (X 584). Ruibarho — Em fevereiro de i5i7, valla a o s., 4 d. (doc. xxxvn). Saios — HuH saio alemio de pano preto, debruado de veludo preto e as dianteiras guarnecidas de tafetà preto, c^ue toi de JoSo Fortes. HuG saio de sesta framenguo de pano pardilho, bandado por fora todo de veludo pardo e em as dianteiras> por dentro so- mente, bandado a duas bandas do dito veludo. Outro tal saio de sesta framengo d'es- carlata roxa, bandadb todo por fora de veludo roxo, e por as dianteiras, de dentro so- mente, bandado a duas bandas do dito veludo (Inv,^ p. 405). Saleiros de prata — 4, em 1 52o-a6 (doc. lui). Salitre — 10.339 libras, em 1408- i5o 5 fC' Q, 584). Salceiras e escudellas de estanno — la, em 1495-^8 (C. Q, 468). Sandolos 1 io quintaes, 3 $ e 2 arrateis, em 1498- i5o5 (C. Q, 584). SarjaSy tecipo — 1 93 pe<;as, em 1 498- 1 5o5 f C Q, 584) ; ae cores^ iS pe^as e 56 aunas« em 1495-98 fC. Q, 468). — Vide cortinas e corredi^as. SatinSj de Brujes e outros, pretos e de cores, em 1509-14 (C. Q, 35o). Vide SeOns. Seda — y35j libras de peso, em 1498- i5o5 (C, Q, 584). Serrieias — 24, em 1495-98 (C. Q, 468). Setiniy de Brujes — ■ 1 124 covados, em i5i 1-14 ^O Q, 423) ; 280 covados, em i5i3-i4 (C. Q, 5oa) ; iSj covados, em 1 5 17-19 ^C Q, 472). — Tres mochylhas, a saber ; hufXa de cetim avelutado alaranjado, forracla de cetim de Bruges alionado, franjada de retrox azul de forcadura largua trocida, e nas ar^oeiras destreita douro e aXul,com suas tran^as oge- teadas douro e retroz, com cìnco la^os de cetim azul prefìlhado douro fiado. Etc. (Inv^ p. 397). Vide Satins. Sinos — 12, ero 1495-^ (C. Q, 468). 5o/w, tecido — 92 pe^as, em i498-i5o5^\ Q, 548). Tagas de prata — 28, em 1520-26 (doc. un). Tamarindios — 14 quintaes, 1 $ e 6 arrateis, em 1 408-1 5o5 (C, Q, 584). Tape^rias — 10 pe^s mandadas faxer. pelo feitor Alvaro Vax, emregues.depois de sua partila e pagas pelo Jeronimo Fuscobalde sobre a canta da malignata» am 1J09 (doczxi). 410 ARCHIVO inSTORfCO PORTUGUEZ Tiftéo ^Em i5io comprado para alaatrar néos (dac. xm). T««/Aa5 — 9, 5 ▼«rat em i5od, na nàu Santiago da armada de TristSo da Cnaha fC. Q} 5i8) : d§ mSoSj 4, em 1495-98 {XJ. Q, 468) ; de mesa : 5, em 1495-98/C Q, ^); 3640 Govados deilasy em i4q8-i5o5 (il Q, 584); e 196 varas, na feìtoria de Mo^mbique, em i5o7-i3 (C. Q, 168) ; de mesa e de altareSj 20, em 149^-98 (C. Q, 468). TViMos de lat&o ^ 5o, em 1495-98 (C. Q, aG^ Trigo — a3.6M vertelas, em 1498- 1 5o5 (C Q, 584) > 42.048 vertelas, em 1 5o5-6 (C. Q, i5); a25o vertelas, em 1509-14 (C. Q,35o). — Em i5o9 estaya a 10 patacas o muito bom, e as novidades haviam side muito boas (doc. zxi). Em i5io havia muito na terra ; aba- teu urna pataca por vertele e yalerìl agora a 11 patacas o melhor; jà se haviam carrega- doquatro nàus para Lisboa e estavam-se carregando mais oatras quatro (doc.xxin).Èm i5i4 comprado na Andalusia e pago pelo Feitor de Flandres ^. 392). Veludo — 2563 aunas, em 1 509-14 ^C. Q, 35o); cramesim^ i33 aunas, em iSog^i^ (ibi). VèrmeikSo — 14.738 libras, em 1498-1505 /C. Q, 548); I4.5i3 libras, em 1509-14 ^. erte y auoit, lesdia scutemans soient t^ «OS, de Keaiorer la dite porte, au marchant ainsi auant que lesdiz marchans poarroat proinior ou par leur serrement {urer. 36. •) Jtem que ceulx de la Grane (pM^ gumdast^) de bru^ea et du dam soieat te- ma a doiioror aux marchans et maroimiers de la dite seigneurie, tantost et sans delay, qoant Reqnia on seront, Goraulx et bateaulx, pour deschargier leur auoir, et mectre en liou sauf, et que tantost, puis que ilz seront yenua au Grane jla aoient gaindet et mia en celiers, parquoy les marchans non aient dommaige, Et se ceulx de Is cnoe, ne leur detturéssent tantost escutes et coraulx, que la loy do lieu les doit cootraii^ dre a les deliurer. Et se par non vouloir deschargier lesdiz marchans Receuoient aucu dommaige. lea deuant dia de la Grane, soient tenue de Restituer ledit dommaige aa dh de la loy du lieo. J^.V Jtem quo se aucun courretier, ou hostellier de la seigneurie de flandres ou antroa qoelxeoaqnes, dont il soit achete aucunes marchandises ou avoirs de gens de portugal poor oertatn pris, auec courretier ou sana courretier, et dudit marchio dooae donier dieu. quii soit tenu de les Receuoir et prendre pour le pria quii les aura achatea 38.^) Itam que ae aucuna hosteiiors ou courretiers uè la seigneurie de flandres aoàaaoient ancuna anoén, ou marchadiaes de ceulx de portugal, et ceulx auront rea et Regarde a leur voulente les dictes, marchandises, au temps quìla les achateroot, et ycelloa auronti dawgeos et Ennoiees en leurs hostelz quilz aoient teims de psi^ lauta la quantità et pria, quo monteiont lesdictes denrees, ne ne puissent dire ne appooar qjoe ksdictes OMUxmaodisea no soient mie bonnes et silz Io dianl ne tour fole no ny pniisenc Riaaanir, «uadis .mardwnt anouae cfaoae^ mna aoioni tea» ^ poiar aatsaraaNOi ea ^oBa doorant» aana nui Easposchement ou oontrodit MARU BRANDOA é^i 3gj^) Jtem se conrretiers ou autres marchia quelxemioiiea achataat fer, que ^i ce mesme four quQ sera pese, le osteront, du pois si ques il ne sott eatremesles auec le fer des autres marchans. 4ù.^) Jtem que pour le sauuement des marchaas dessusdù, leurs biens et nefz, jls soient ordonnez encontre les costieres de flandres sur la mer a dunkerke neufjport oostende blankenberghe nouuelles lumieres et vurboetes (fogareos fluctnantes) si corn- ine ilz souloient estre ou viek temps. 4s.^) Jtem saucun bailli escoutecte, ou autres noz offìciers, vienaent et font en- coDtre lesdictes graces et previleges ea faisant dommaige constasge, ou autre oultraige ausdiz marchans, quii soit tenu de Restituer lesdiz dommaiges, ainsi auant comme Raison sera, et que de leurs plaìntes ilz soient tantost oiz et adreciez, partie appel- lee et oye a sa defense. 42.V Jtem que les maistres et maronniera de ladicte seigneurie, puissent mesmes laster leurs neiiEy En paiant quatre deniers parìsis monnoie de dandres, pour chacun ba- tel de terre de lastaige et se mestier auoient de lasteurs, quilz les puissent auoir pour tei pris, quilz accorderont ensemble, auec les lasteurs^ ou suz nestoient daccord, au dit de la loy de la mue, pour Raisonnable pris, ne ne soient mis en calege pour terre qui cherroit entre le betel qui donne, le lastaige, et la nef par ainsi quilz y mectent vn bon grant drap entre la nef, et le betel qui deliure ledit lastaige, en payant le droit a nous appartenant et sans dommaige folte a autrny. 43fiJ Jtem que lesdiz maistres et maronniers puissent tousiours, trouuer espace Wi- de a la largesse de deux bateaulx a lescale saint george et a la erande escale pour ve- nir a terre a tout leurs cocques et bateaulx, ne ne soient empeschiez par escutes que y peuSt estre. 44fi) Jtem que ceulx de ladicte seigoeurie, puissent qoerrìr peschier et RecueBlir leurs ancres, a quoy se tiennent leurs neiz, se par auenture perdues eatoient, auec aggrappes, ou autrement, sans y foire frauda ou dommaige a aucun sans Calenge, ou ameiule* 4S.*) Jtem saucune personne ferist ou tuast ancun de ladicte seigneurie, que correc- tion ou pugnicion soit foicte par fìaonir ou autrement, comme a tei fa[i]t appartient, et en telle maniere que vn autre sen peust garder selon la loy et la coustume du lieu, ou le foit auendroit. 46.*J Jtem m jour du mois de decembre, Lan de grace mil qua- trecens et vnze. Par*-te Conseil tenu par vertu des lectres par monseigneur le Due sur ce escriptes par monseigneur le Conte de Charrolois, ou quel vous, les seigneurs de montproux de Colscamp messire Guillaume de halluin chevaliers philibert seigneur de chantemelle es- cuier, maistres Symon de fourmelles Daniel alarts jaques de la tanerte anthoine de vvissoc et thiery le Roy, Dine Rapponde Robert de caples, Dankaert dogterlande et au- tres du conseil de mon dit seigneur le Due, esties. — Assinado J. de Sauls. Orijinal, na Torre do Tombo, Casa da feitoria portuguha em Antuerpia^ caiza III, pergaminho n.® i3, com o sSlo bastante daoifìcado. IV ConfirmofSo dos priptlejios concedidos ao$ Partuguises em Flandres Gante, 20 de feTereiro de 14SI (e. ▼.) Phelippe Due de bourgoingne Conte de flandres Dartois et de bourgoingne Palatin seigneur de Salins et de malines A tous ceulx qui ces presentes lectres verront salut Sauoir faisoos Nous auoir lait veoir par aucuns et plusieurs des gens de nostre conseil les lectres patentes de feu nostre tres redoubte seigneur et pere dont dieu ait lame sceliees de soa grant scel en ciré venseille et doublé queue pendant Desquelles la tenenr est telle .... (i) LesqoeUas lectres dessus transcriptes et tous les poiiits articles graces et fran- chises contenues en jcelles A lumble supplicacion et Requeste des marchans maistres de nefii maronniers et subgies dudit Royaume de portugal. et pour le bien auancement et augmentacion de la marchandise que desirons de plus en plus estre conceruee mul* tipliee, et accreuee en nostre paia de flandres. Nous auons par grant et meur aduis et de- liberacion sur ce euz auecques plusieurs des gens de nostre conseil. Loe gree consenti Ratiffie et approuue. Loooos greons consentons Ratiffions approuuons et se mestier est de nostre grace especiale, et a nostre science autorità et piarne puiasance par ses pre- sentes oonfarmons, Voulans pour nous et noz hoirs et successeurs selon que nostre dit feu seigneur et pere lauoit voulu et octroye par sesdicces lectres cy deuant incorporees. Iceolxpoins ^ces articles et firanchises et chacun a par lui estre tenu bien et fermement Aux dessusdits marchans maistres de ne& maronniers et subgiez dudit Royaume de jpor- tugal Sans enfraindre ou aler a lencontre, a tousiours mais perpetuelment Se ne teust que pour aucune cause jl nous pleusc ces poins graces et preuile^es Rappeller. Laquelle chose nous pouuons feire toutettois quii nous plaira. Et en cellui cas> se nous Uà Rap- peNons. Les dessusdis marchans maistres de nez (sic) maronniers et subgiez auront apres )cellui Rappell a eulx signiffie trois mois despace, pour vidier paisibleroent hors de nostre dit paia de nandres et juridicion a toutes leurs nefz biens et marchandises et tout ce que a eulx et ausdictes nefk appartientSanuesles loysprevileges franchises et ordooances £aictes et donnees par noz deuanciers et nous Aux villea et bonnes gens de nostre pais de flan* dres dessusdit. Lesqnelles entre tous autres cas et personnes nous voulons du tout de- monrer en leur vertu. En tesmoing desquelles choses et pour ce que voulons quelles soient'bien et fermement tenues, par la maniere que dessus sont escriptes et declarees. Nous auons foit mectre et appendre nostre grant scel a ces presentes. Donne en nostre ville de Qand le vintiesme jour de lèurier. Lan de grace mil Quatrecens et vint. Par monseigneur le due nous et autres presens. •— T. Bouesseau ^* Collon est faicte. Orijinal na cit Casa da feitoria portuguésa de Antuerpia^ catxa IH, pergaminho 17, com o sSlo bastante danificado. (1) Doc. UT. MARIA BRANDOA 4^ Carta do Duque de Borgonha permitindo d nagao portuguésa em Fìam* dres dejer consuUsy etc. Brnzellas, 2 de noYembro de 1438 Plielippe par la srace de dieu Due de Bourgoingne de Lothier de Brabant et de Lembourg Conte de nandres darthois de bourgoingne Palatin de haynoaa de holUmde de Zellande et de natnur Marquis du saìnt empire Seigneur de fHse de Satina et de ma- lìnea A tous ceulx ^ui ces presentes lectres verront salut Scauoir faisons que noua coq<- siderans le grand bìen et prouffict euident quj par la hantise et frequentacion dea mar* chans du Rovaulme et nanon de Portugal est aduenu et auient Joumellement a noua et a la chose puolic^ue de nostre pays de nandres et pour laffectìon que auona a icelle na* tìon et afin oue icaulx marchans soyent plus enclms de hanter et trequenter nostredict pays de flandres a tout leurs bìens et marche ndises Auons pour nous uqz hoirs et suc- cesseurs Contes et Contesses de flandres par grant et meure deliberation de conseil a Ihumble Requeate a nous sur ce faicte par les marchans de ladicte nation tenans Resi- dence en nostre YÌUe de Bruges pour et ou nom de toute la mesme nation de portuaal en aMpOailT et par desaus les auitres prhiileges firanchises et libertes qua a euiz et Tea antrea marchans maistres de nefz et maronnters dudiot Royanlme de Portugal oot de feus nof predecesseurs et de nous lesquels voulons estre et demourer en leur forme et ▼erta par la maniere que octroyes leur ont esce et sent oetroye et conaenty Octroyona et coiuentons par ces presentes a Iceulz marchans maistres de nefe et maronniers dicel • luy Royanlme dt Portugal pour eulx et les leurs les poina et artiolea qui ten suyuent Premierement que jla puisaent eslire ordomier et mectra Consoli on-jugea ceraaisk t^ de ladicte nation que bon leur semblera ìesqnela ayent puisaaace ec aactorlte ée cogaoistre ordonner juger sentencier et determiner de toutes les questiona et debaa tm caa duil ouj ae pourront sourdra et roouuoif entra ìceulx anarcliflaa maisirea de iiefii et màìfqnn!èf> et leurs aeraiteura de qnelque eatat quik aeient de ladicte natiOA smuma de dioae en laqueilenovis enssions droit sans ce que noa officiera ne noa loix da noatradìct pty%' de flàndrea en doient anoir ou prendre aueune oognoisaance Exoepce quetae «ah- cune partie des contendaiis dioeOe nation se sentoit grenee par lea jugesiena dftcealB CeWaiuz* et Juges et ea vouloit pronocquier ou appeller pardeuaoc la loy dn isu tm le* dict jugenient seroh Rendu faire le pourroit apras diffinttinie et non deoant Et.en oaa dfeelte proQoeation et appellatioa pourroit ladicte loy cognoistre juger aentenciep.et determlner Touteuoies nous ne entendoos pas que ce que dict est porte on doya pos- ter, aulcun preiudice a auitres non estana de ladicte nation de Portugal quela ouils aoieiit qné Sila ont aulcunes querelles et actions alencontre dauconadesctitsconteiKlanadiceUe nation de portusal ni ne les poìssent poursnyr deuant la loy do Iseo oo )1 apparttandra et aoant diffinitme donnee par lesdicts Conaols et Juges de la deoantdiote natkm faire tnf9 aivests par nòe offioiera et lo» sor ìceulx eomendans et leors biens affia dauoir Baiaian et )ustice étiéhc felle quii appertiendra selon la ìùf du pays. Rem que 4eadiots marchana de ladicte iMKion de pormgal puisaent foireatamta et ordcmnancea entre eohc telles q«e bon leur aemblera ponr le bien de leur natioQ et saw pretoifiee' danltrny ne du Mct de la mardiandiae Et cellea qof desia aoot Iridas RenoH' o^ler chànger in miier loosea et quamefibéa qua bon et exfiedieat leor aemblei» po«r kr bien dieèfle nation Et sana prefudioi datdtraiy ne dudict iaiet de la mardiandiaa coaa- fifté dit ^eat'BV ee aucnns aaaraMas «aiatrai de nefa et maronniers ou kaosdlcta aemi- lélirs de ttldjcte imiImi etioi«nt Reteians de compvroir pardeoant leadicteGonaoto cu Jo§eMtl4e obtempeMr etdbeyr a leort cgaaandemeoa ou Jogemeaa dsnt ne aerdit pn»- vMfiie-Mi 'appetta ha daaiiaeiMr lesdiorea ordomumcea fiucaaa 00 a^ìre par lea mntf- chansdieellenatioit. Qua Jceolx CanmÉa cu Jugea pourront ksdicts Rebellca desobeya- aans et Reffìlaana ponr ce condaropoer en «aMndea ctuilea Raisonnables pouf et «a prón- Ifidtdela ciMpatte que ladicte iÉatk>n a-en aoatradicte viUe de bragea Et icellaa oon- ÉWfcjiaaiiiiiè et amendasf.IMre lenefexecuter et ezpleicierpar ennwiaoniieaBaot et de- tention des peraonnea des condempnes et arreata de leurs biena par nos sergeaa et étM^k 4fO).MÒr «e Jk débeMntReMarir lesqueb »ia Reqneaaa dìceiitai Gontnla ou jugea feront ladicte execution et exploit sans contredict parmy pafyaili lei|ia saiaifaa 414 ARCHIVO HISTCMUGO PORTUGUEZ Raisonnablement lesquellet franchites et libeites Noat jpour noas non hoin et succes- seurs voulons aux dessusdicts marchans maistres de neu et maroimiers de la nation et Royaulme de portugai estre entreteaues et obseruees Inuiolablem^it et sana eofraiadre Ott aler aiecontre a tousioun perpetuellemeat se ne fust que pouf aucune eause il plenst a nous ou a nos dicts hoìrs et successeurs les Rappeller en tout ou en panie laquelle chose nous et euix pourrìons faire toutes fois quii nous plairoit En signinant on fahaot signiffier ausdicts marchans ledit Rappel trois inoys deuant Ainsy et par la manieres que en cas samblable est declare es lectres de priuilege que lesdtctz marchans maistres de ne& et maronniers de Portugai ont de feu nostre tres cher seigneur et pere que dìeu absoille et de nous Sauues aussy les loyz priuileges franchises et ordonnances niictes et donnees par nos deuanciers et nous aux viUes et bonnes gens de nostre pays de flandres dessus dieta Lesquelles entre aultres cas et personnes Nous voulons du tout demoorer en leur vertu En tesmoing de ca auons nous faict mectre nostre seel a ces presentes Donne en nostre ville de Brouzelles le second jour de nouembre lan de grace mil qua- trecens trentehuyct Ainsi signe Par monseigneur le due E de Lamandre. Casa dafeitoria portuguèsa em Antuerpia^ calza HI, pergaminho 21 (i). VI Caria do Duque de Borgonha permitindo aas Partuguéses uendertm nos seus nopios a cortina que nelles tra\iam. BmXdbs, a de noTembio da 1438 Phelippe par la srace de Dieu Due de bouiigoingne de lothier de brabant et de lem* bo«irg Conto esas que pollo [dito] martim goncaluez forS e sam feitas tisv aquallas que por nòsso midado fez comò outras alguas que per mSdado dalgfis nosos on9Ìaes que pera elio nossa autorìdade e poder tijnha Teemos por bem e queremos e outorgamos que sobre dito martim goncaluez e seus herdeiros e socesores que ora sam e dSte forem n6 te^S por elio theudos de dar mais conta de todo aouello oue asy por nos rrecebeo e des- pedeo nos ditos oyto anos porque nos avemos todo por bem feito firme estauell corno dito he e damos o dito martim goncaluez e todos seus herdeiros que ora sam E ao di9te forem terras e bees e coussas por quytes e liures pera todo senpre de todo aquello que asy por nos rrecebeo e despendeo E queremos e outorgamos que n(ica em nehuQI tenpo por elio possam ser mais demidados em juizo nem fora delle n€ per outra qualquer guissa que seja ni tomada conta em contos ne fora delles E posto oue em està carta de quy- ta^om nom fa^amos declaradamente expressa me^om de todallas coussas quem e ella de- uessem de ser scprìtas que o sobredito martim goncaluez no tenpo dos ditos anos por nos e em nosso nome rrecebeo e despendeo nos as avemos aquy todas por scprìtas e rrepe- tidas e declaradas comò sse todas pello meudo fossem / das ouaees n6 mSdamos aqu)r fa- zer declara<;om da rre^epta nem despesa por serem rreceojdas e despesas per mujtas partes e desuairadas maneiras segundo declaradamente pollo meudo de todo faz men^om na rrecada^om que dos ditos oyto anos dello he feita e por asy ser nossa mer^ee E que- remos e outorgamos de nosso rreall poderio, que as sobre ditas coussas e de cada hulia dellas valhS asy e pella maneira que em cima dito auemos nom enbargante quaees quer lex hordena^óes degredos opynyoes de doutores custumes e outros quaeesquer derei- tos asy canonjcos comò ^iues de quallquer nome que pos8 ser chamados que contra esto fallem per quali quer guissa posS contradizer ao qae dito he os quaes derettos aue- mos aqui todos por expresamete declarados e espa^ificados e sem enbargo delles e cada huu delles queremos e outorgamos soplymdo quali quer defejto oue aqui falle^ 3 uè todo seja firme e estauell por agora e pera todo senpre E pore mSdamos aos vee- ores da nosa fazeda e de uosa cassa contadores que ora si e ao diSte fori E a todollos nossos corre jedores Juizes E a todollas outras nossas justi^as de nossos tregnoa £teaho- 436 ARCHIVO «STORICO 1>0RTUGUEZ rio E a outros auaees quer nouos ofi9Ìaes e persoas a que o conhecimeato do que susso <àto he per qualiquer ^uissa possa perteacer a que està nossa carta for mostrada ou o trellado della em pubrica forma que a conprl e guardem e fa^ om conprir e guardar asy e pelle guissa que se em ella conte e nom vio ne conseta hir contra edla em parte ne em todo E pera o dito martim gonf aluez aveer moor seguran^a e firmydoem eli e sseus her- deiros e sobcesores n5 serem a elio mais theudos ne obrigados em nehuu tenpo asy a DOS corno a todollos nosos socesores que depos nos viere por todo aquello que asy por nos E em nosso nome rrecebeo e despendeo por guarda e segura^a ssua Ihe madamos ser feiu està nossa carta asijnada per nos e sellada de nosso sello pendente dada em a nossa ddade do porto a xbi) dias do mes de dezenbro Diego vaaz a fez Anno do nas- cimento de nosso Senhor Jhesu chrìsto de mjU e iiij* Ixb Snos. Chancelaria de D, Afonso V, liv. 8.% fi. i6 y. XII Carta de pt^evile/ios dos mercadares flamengos Santucm, 50 de abril de 1468 Dom JoM etc. A quantos està nossa carta vire fazemos saber que por parte dos mercadores firamegos e os outros naturaaes das terras Senborios do duque de bregonha meu mu)to amado e precedo primo nos foy apresentada huua carta escprita e purgane- nho asignada per eiRey meu Senhor e padre que deos tem Da quali ho theor he esie que se segue. Dom afomsso etc. A vos pay Rodriguez do noso c5selho e noso comtador moor e a nossa ddade de Ijzboa e a quali quer outro que o depos vos for e a todollos nossos escpriuaies da sisa dos panos da dita cidade e a quaes quer outros nossos ofi^iaaes e pesoas a que o conheciméto desto pertee^er per qualiquer gujsa que seja Saadc fisze- mos uos saber que os mercadores framegos e os outros naturaaes das terras Senhorios do duque de bregonha nosso mujto pre^ado e amado primo ora estamtes e a dita ci- dade sa agrauarà a uos dizemdo que he cousa certa e senpre husada e pratjcada que OS das suas na^oóes nuca paguarS e ha dita ddade majs que a quaru parte de sisa dos panos de coor que a ella traze E hzi trazer E que ora de pouco tenpo aca allguiis de uos outros ofifiaes e rendeiros rooujdos n6 com boas te^oóes por os sobjugardes E Ihes fiszerdes maa obra e cada huu anno Ihes dauees sobre elio ladjgua e trabaiho di- zCdo que Ihes querjees fazer pagar a sisa jntejra ou vos mostrare carta ou prìu|legio nosso per que os dello escusauamos no que sentii! grande opressS e agrauo jpedjndo- nos por mer^e que sobre elio Ihe ouuessemos allguù rremeajo com dereito É midas- semos que he e jmteiramete Ihe fosse goardado seu amtijgoo costume acerqua da dita sisa E visto per nos seu requerimSto £ aujda primeiramete verdadeira Sformaci acer- qua desto achamos que nonca £ algutì tenpo pagata mais de quarta parte da dita sisa por o quali ho auemos porjnuito mail Ihes seer feito sobre esto per vos outro nouo requjnméto E opressS E por£ madamos a todos i jeerall E a cada hufl e especiall que daquj e diante tenhaaes auìsameto de nuncaa aos sobreditos rrequereredes que aia de pagar ma)s da quarta parte da dita sisa dos ditos panos de coor que asy trouuere e mSdare trazer corno atee quj senpre custumara e paguarS e acerqua dello Ihes ni fa^aaes nem comssentaaes fazer outra alguCìa enoua^a ne costramg)mento sob pena de quaUquer qae o contrairo fezer paguar ^imquo mjil Reaes bramcos pera os cati- uos E poroue esto seja senpre notorjo e manilesto a todos uos ditos on^iaaes e Re* deiros m&aamosuos que S cada huu ano nos Uuros das ditas stsas fa^aaes tresladar està nossa carta pera quando quer que e esto allguQ escpriuS ou rrendeiro quiseer toquar saiba està nossa detrimjna^S E se no Spache de sobre elio fazer ou dem&dar outra nShuiia cousa nona acerqua dello E os ditos estramgeiros^ teerS està nossa carta por sua goarda asignada per nos seellada do nosso sello pedemte dada em a qossa vijlla de saatare a zzz dias dabrill gom^allo Rodriguez a fez de ro)ll e iiiì« IxbiiK Pedindonos por mer^ee os ditos mercadores que Ihe confirmassemos està carta na maoaira que se € ella conthe E visto per aos seu requerimeto e queredolhes ft- aar gn^ a marfea Teemos por bjfim e coficmamoslhe e auemos .por cofirnada a diu MARIA BRANDOA 437 carta assy e ti cMipiidamSte corno S ella he c6theudo E porS mSdamoi ae notio coatador moor E a dita cidade de Ijiboa e a quaaesquer ootrot ofi^iaes e pessoas a que està nossa Carta for mostrada e o conhe^iiiiSto della pertee<;er aue Iha cum- pri e goardS e fii^i S todo muj inteiraroSte coprir e goardar comò £ ella fas mS^ f SS ontro Sbarguo que hufls e outros a elio poimi porque assy he nossa mer^ee dada S a y)Ua dabrantes a liij dias do mes dagosto gaspar lujs a tea de mjl e iiij* Izzx ii). Chancelaria de D. Joào 11^ liv. a5.% fi. 3 v. xm Carla 4e quitafSo de JoSo Estepen\y feitor em Brujes Saatarem, 19 de ferereiro de 1471 Dom Affomso etc. A quamtos està nossa carta de quttacam virem fìusemos saber aue Joham esteu& nosso seruidor e feitor por nos em a villa de burjes do comdado e framdes Recebeo por nosso mamdado na dita uilla estes dinheiros aue se sseguem • s • mill e liuras de gro^s da moeda de framdes / e os quaees nos na oicta villa pagarom Yuda abrauaneli e mestre latam e ^edelha palavano de trautos que comnosco feserom ff E xiiij liuras seis soldos none dmhetros dezoito mitas que Recebeo e flcarom netos db omxe tones de vinho que o Sno de sesemta e se^s Ihe Ha emuiou por tios lopo de veiros nosso comtador l[ E; dea liuras dous soldòs seis dinheiros vijmte e hufia mitas e tres Guartos que Recebeo E ficarom netos per vemda de seis tones de vinhos que ho Sno de sesemta e none por nos Recebeo dos treze tones de vin^o que pay Rodriguez nosso comtador moor Ha emvjou porque os sete tones que fale^em Recebeo aluoro denis |[ E dei liuras que Recebeo por nos de vicemte giù que Ihe por nos emtregou pera compra da malha |[ E huCUi liura e hu(i soldo tres dmheiros que Recebeo do 2 ne sobejou de certo mamtimento que o duoue de breguonha mamdou dar a naao eq)emseira por^no tempo que a teue aRastada ([ E asy som por todos os que asy o dito Joham steues rre^ebeo por nos mjU e trinta e fimquo livras dez solldos sete dinhei- ros quinue mitas^ tres quimtos (sic)* t)os auaeea dmheiros elle fez per nossos mamdados estas despessas que se seguem • s • dez livras quatro solldos per dous liuros misaees f[ E oyto liuras dezanoue sol- dos oyto dinheiros per huù liuro gramde destarote IT E~ duas liuras oyto soldos per duas armaduras de malha Como babeira ([ E outras diias liuras oyto soìldos por qua- tro ^orjaees de malha ([ E duas liuras dez solldos pera hfia cota de prata malha fl E ^miquo liuras por hu0a cota de malha Redomda ([ E onze solldos por malha de lataro pera a bordadura l[ E dez dinheiros por custos e despesas meudas ([ E duas li* uras quatro. solldos por hufi liuro de oras de samta maria ([ E uimte liuras que deu per noso mamdado a Joham dalbuquerque da capitanja da naoo ([ E sassemta liuras que deu a luis martì|nz por martim ^on^alvez e kuy de mello a que os nos mamda- mos dar • s • duzemtas coroas a martun gon^alues e as ^ento deu a Ruy de mello |[ E ^emto e vimte e seis Uuras dezoyto soldos oyto dinheiros quj^ emtreguou a pero dalca^oua o mo^o porteiro da nossa camara pera paguamemto do soldo dos homes darmas aue em a naao despemseira forom ([ E quoremta e tres liuras e quimze solldos dous dinneiros per huCla cama de Ras ^eeo testeira cubricama e costanetra e corredicas de tafeta |[ E quatro liuras huG soldo por duas guardaportas de Ras de feguras |[ E vimte. e tres liuras e dezoyto soldos hau dinheiro e meo por dous panos de Kas darmar de custume e custos destas coussas que comprou |[ E duas liuras e sete soldos por seis cozijs de Ras ([ E sasemta e oyto liuras e treze soldos quatro dinheiros e meo por seis timbres de martas pera foramentos ([ E duas liuras tres soldos oyto dinheiros por trìmta e dous couados de comdado alionado ff E noue liuras ovto soldos dous dinhei- ros por quinhemtas ^imquoemta e seis Huras de pesso de fio de latam com seu custume e custos ([ E ssete liuras noue soldos por tres barìs de folhas de ferro bramcas ff E sete liuras dezasete solldos por seis bams de barbamte ( E huua liura quatorze soldos dM dinheiros por dez Rodelas dalcatram |[ E vimte e huGa liura quatto soldoi quatro dinheiros por miU bordoa |[ E quimae liuras dezanoue soldos noue dinheiros por no* 438 ARCmVO mSTORICO PORTUGUEZ uemta e ^imquo espiingardas de ferro |[ E duas litiras quatone soldos dez dinhet- ros por huu barrili de poluora que deu ao dito pero dalca90ua aa partida da naao despemsseira de la |[ E ^tmquo liuras treze soldos e noue dinheiros e vimte mitas que emtreguou a femam gill despemseiro da dita naao pera mamtimeato de pam [e] pescado pera os homes darmas que hiaixi na dita naao ([ E 9Ìmquo Uuras dezoito sol- dos seis dinheiros que fez despessa com os dous mestres de minas douro e metall ^ E quatro ^emtas e vunte e oyto liuras sete soldos dous dinheiros dezooito mitas que roomtott nos panos lem^os fustaaes que no anno de Lxz nos emuiou que Re9ebeo Joham perez por nosso maro dado em a nossa ^idade de lixboa segumdo todas estas desjìesas eram comtehudas em cartas e comtas que nos emuiou o dito Joham esteuSz ([ E dez liuras de que Ihe nos fezemos mer^ee. E assy raomta em todo a dita despessa que por nossos mamdados fez corno dito he noue^emtas e vijmte liuras quatro soldos quatorze mitas (i) que ao todo atee o presemte tem paguado E asy nos ficaua deuemdo ho dito Joham esteuez de que ajmaa darà comta a qu£ nos mamdarmos por ^emto quymze liuras 9Ìmquo soldos sete dinheiros da dita moeda e pagamento de fretes. E porem nos auemos por paguo emtregue e satisfeito das ditas nouecemtas e vijm- te liuras quatro soldos quatorze mitas comò dito he // E per està presemte o damos dello por quite e iiure deste dia pera todo sempre a elle e a todos seus herdeiros acemdemtes e decemdemtes aue numca em nehuti tempo possam por elio seer demam- dados em jui^o ne fora delle f/ E posto que o fossero nom sejam Re9ebidos a tali comta n^ demamda por quanto nos os damos asy por quites e liures de toda a dita soma das ditas noue^entas e vimte liuras quatro soldos quatorze mitas / E posto que aquj todallas ditas coussas em que asy gastou e despemdeo as ditas nouecemtas e vijnte Iniras qua- tro soldos quatorze mitas nom sejam nomeadas e declaraaas naquella crareza e ma- neira que pera dar mais crara comta pertem^esse segumdo Regra ae fazemda e comtos era comprìdoiro ou aja outro allgQ falle^imento ou defeito nos por seermos certo que elle o fez bem e comò a nosso semino pertem9ia soprìmos ao que aquy nd ne deda- rado todo fale9Ìmemto de nosso moto proprio e poder asolluto Sem ^arguo de quaaes quer jex grosas hordena9oees nossas e de nossos Regnos que se nom posam aquy ale- gar ne ftemder.//. E Porem mamdamos aos veedores e proveedores da nossa lasemda comtadores juizes e justÌ9as ofi9Ìaaes e perssoas a que o conhe9Ìmento desto pertem- cer e està nossa carta for mostrada que Iha compram e guardem e fafam comprir e guardar sem Ihe poerem sobre esto alguG embarguo porque asy he nossa mercee //. ada em a nossa villa de samtarem dezanoue dias do mes de feuereiro Jo^am amdre a fez /Anno do na9Ìmento de nosso Senhor Jhesu christo de mjU iiij« Lxxj. Chancelaria de D. Afonso F, liv. 16.^, fl. 35. XIV ImtituifSo da capella fundada pela Duqueia de Borgonha em Santo An tonto de Lisboa por alma de seu trmdo o Infante D. Fernando. Lisboa, 18 de novembro de 147 1 In nomfne Domjny Amem. Saìbham Os que este contrauto de compromito virem que no 8no do na9Ìroento de Nosso Senhor Jhesus christo de mjll e iiij« e ssateenta e bufi aSos dezoito dias do mes de Nouerobro ero a camara da verea9om da muy nobre e leali cidade de lixboa em presenca de mym tabaliam e testemunhas adiante escprìtas« estan- do hi de pressente os muy to honrrados vereadores. E 9Ìdadaaos da dita cidade conuem a saber Joham Lopez caualeiro e gomez 3nes o rrico. E ayras gomez todos tres vereadores. E lopo rrodriguez procurador da dita cidade E aluoro de castro caualeyro. E o bacha- rell topo uaaz juizes do 9iuell E goQ9allo meendez caualeyro e femam martinz Juizes do crime todos 9idadaaos da dita 9idade E outros. E Logo perante os ditos ssenhores offi- 9iaaes pareceo doro fiPrey Joham aluarez abade de paa900 de sousa criado e sacretario que ffby do Senhor Iffamte doro ffernando cuja alma deus aja. pello quali ffoy apresentado (1) Extste, ou erro de soma, ou erro na transcri9Ìo dalguma das parcellas da despota. Estaelevou-seapio £,4 s., 10 d. e 14 m., vindo portanto a ser o^do 1 15 £, 5 s.^9 d.e t m. MARIA BRANDOA 4^9 aos ditoi senhores offiglaes huC aluara del Rey Nosso Senhor per elle assynado do quali o theor tal he. Corregedor E offi^iaaes desa Nossa ^idade de lixboa Mandamos uos que tanto que uos ffor apressentado este scprito ponhaaes ero ffim e concludaaes o feito do conpro- miso que he hordenado antre a duquesa de bergonha roinha muyto prtzada E muyto amada tya E vos outros sobre a capeelia que sse ha de perpetuar pella a[lj(na de meu tyo o Jflante dom ffemando que deus aja sem outro nem nuu enbargo nero delonga que a elio ponhaaes de Ruissa ^ue dom abade de paa^oo que desto tem carrego por parte da dita duquesa Nom seja por elio aquy de theudo Ca assi o entendemos por Nosso semino. E do contrairo nos desprazera neito na dita ^idade quatro dias de Nouenbro era do na^imento de Nosso Senhor Jhesus christo de mjU e quatro^emtos e sateenta E huG Snos. Outrossy ffoy mais apressentada pello dito dom abade de paa^o aos ditos ssenho» res offi^iaaes hGa carta de creen^a da ssenhora duquesa de bergonha asynada per ella da quali o theor tali he. Regedores E offi^iaes da ^idade de Lixboa A duquesa de bergonha etc. uos enu^ro muyto ssaudar bem ssabees comò ha tenpo que uos enujey rrequerer per vijcente gill mercador a^erqua de hda misa de cada dia que mandey Ifundar em perpetua na capella de santo antonyo desa ^idade por a allma de meu JrmaSo o Jffante dom ffernamdo que deus afa com huG vnjuersayro cada fino de oue vos auees de teer o preueeij mento se- gundo mais compridamente sse contem em nuG compromiso que antre mim E vos de- uya de sseer ffeito e ffirmado pera o quali eu ja tenho confiirma^om do papa. E ^ertas Indulìgen^ias que me outorgou pera o dito vnjuersayra E por quanto eu enuyo ora a esses Reignos dom abade de paa^oo por algOas cousas que perten<;em a meu serujpo. E desta em espe^all Ihe dey em carrep;o E meu poder E autoridade pera em este ffeito ffallar E o emcamjnhar comvosco E o trazer logo a ffim ssem outra delonga. E assi me trazer dello ou me enuyar as escripturas que ca ey de veer por tanto uos rrogo E enco- mendo que uos praza de sseerdes a esto bem deligentes E que fa^aaes de geyto que sse acabe logo este (Feito que ha tanto que he come^ado E Rogouos que creeaaes E dees fle ao dito dom abade do que uos a^erqua desto disser por mjnha parte assi comò ffa- rìees a miro sse em pessoa astenesse de pressente E ffazeermees em esto grande prazer E Gonza qne uos muyto grade<;erey E pooermees na conta de que ffa^a alguu bem neesa capella mais do que ante ffezera o santo espirìtu uos aja em ssua guarda escripta em a ▼t(la dayra a xij dias daeosto Snos. O quali aluara do dito Senhor Rey e carta de creén^a da dita ssenhora duquesa assi apresentadas pello dito dom abade de paa^oo comò dito he logo pellos ditos vereadores e procnrador E Juises E ^dadaaos da dita qdade ffoy dito que assi era verdade que a muy eizelente prìn^esa Jffante dona Jsabell ffilha dos muy virtuossos rrey dom Joham e rrainha dona ffelipa da escrare^da memoria duauesa de bergonha de lotique de barbante E de lan- bur condesa de fRrandes dartooees E de bergonha palatina de henaut de olanda de Zelanda E de naamur marquesa de santimnerio sseimora de firisa de saljnas E de maaljnas moujda de piedade E compaixam de sseu Jrmaio o Jfiante dom ffemando o quali com zello de ca- ridade por seruj^o de deus E por salua^om E Ijuramento das Jeentes destes rreignos que emtam jaziam em ^erquo ssobre a ^idade de tanjer que emtam era de Jnffiiees que outro modo nom tijnham pera escaparem daly elle sse offere^eo por elles E sse aeu em prenda E arreffees em maios e poderìo dos mouros emfiBjees em cuja prisom e catyueyro gran- demente padef eo E per longo tenpo E ally morreo E ffez ffim de ssua vida pella quali rrazom a dita ssenhora esguardando o que Ihe perteen^ia de ffazer por bem de sua alma hordenoa de ffazer dizer E 9elebrar cada dia hùa misa rrezada E de cantarem por elle cada affo huG solepne vnjuersayro no dia em que sse elle ffinou E esto pera toao ssen- pre na capeelia do bem auenturado santo antonjnho que està Junto com a ssee catre- dall da dita ^idade E pera sse esto poder soportar E sse manteerem E dizerem as ditas misas E vnjuersayro ella enuyara ja tenpo ha de sseus beens propios aa dita ^idade esento E vijnte e quatro mjU E duzentos reaes ora correntes pera sse conprarem bSes de Raiz que rrendam cada 9no cousa certa aa dita fidade pera soportamento da dita misa e vnj- aersayro escrepuendo sobreello E Rogando muy afficadamente a elles rregedores e of- (i^iaaes da dita ^idade que pello de deus E por ssua comtenpla^om Ihes prouuesse de quererem Re^eber os ditos dinheiros E de a^eptarem E teerem carrego da amenistra- com e goueman^a da dita capeelia E aa manteerem e soportarem peratodossenpreffi* Inando a dita fidade prin9ipalmente sobre si este carrego E obrigandose de a manteer 440 ARGHIVO HISTORICO PORTUGUEZ segando ssua hordenanf a E quo desto Ihe ffexesem ssuas escrmtoras pprabicas dobri- ga^om soffi^iente E de seguran^ a abastante E ffirme per onde ella podease sseer segura e certa da perpetua^om E conthinua^om da dita capeella Pedindo ajnda por mer9ee A el Rey Nosso Senhor que desto Ibe prouuesse E de dar li^en^a E sua autoridade a elies vereadores E offi^iaaes da dita ^idade pera poderem òbrigar os beens E rrendas della E a manteerem E auardarem pera ssenpre o contrauto e compromiso que sobre esto fiosse feito E de o conBìrmar assi per ssua carta As quaaes cousas esguaroando elles ditos ve- readores E officiaaes E ao rreauerimento da dita ssenhora sseer devoto E Justo fiFun- dado em louuor de deus E por descarrego da alma do dito Senhor Jffante dom fifemaa- do a que todoUos destes Reignos ssom rouyto obrìgados pello amor que Ihes mostron E pello beneffi^io que delle rre^eberom desi comsijrando as muytas vertudes e nobresa da dita ssenhora duquesa E a muyta boa affei^om È estremado desejo com a homrra a|a- da e mercees e ffauor que ddla ssenpre rre^eberom E rre^ebem os desta terra auudo saeu conselho E avi lamento sobre elio determjnadamente concludirom Edeljberarom de Ihe comprazerem E doutorgarem sseu Requerimento E assi Ibe rresponderom e es- crepuerom jE ^eertefficarom posto que por emtam as escripturas a esto comprìdoyras sse nom poderom fiaxer por aJ^Gs negocios dinportan9Ìa e ocupa^ooes necesarìas que ataa quy sobreveerom aa dita ^idade agora palla vynda do dito dom ffrey Joham aloar rez abade de paa900 o quali por esto E por outras cousas a dita ssenhora ca enayou de que per a dita sua letera de creen^a E pello que Ihes ffalou de ssua parte souberom do grande desejo E vontade que ella tem de sse loao ffazerem E outorgarem as escr^>ta- ras do dito contrauto e conpromiso E que este teito sse nom ponha mais em oatra tar* dan9a Nem perlonga do que a elles ditos vereadores E officiaaes prazia muyto E eram prestes E contentes pera em Jsto E pera em outra quali quer còussa que podessem fia- zerem seruì^o aa dita ssenhora. E que pera esto acabarem E concludirem eram aly chamados E juntos E por o dito dom abade fov dito per vertude da dita carta de creen- 9a que vontade E desejo era da dita ssenhora duquesa de per està amenjstracom Nun- ca em alguù tenpo prelado Nem o cabydoo da ssee da dita ^idade Nem outra Nemh&ua pesoa ecresiastica nom tenham Nem possam auer a amenistra^m das ditas misas Nem Deens da dita capeella Nem ajam outra algGa autoridade pera em elio entenderem so- bre elies offifiaaes que pello tenpo fiforem em a dita ^idade pera sseerem costrangi- dos Mas que desfalef enao algGa vez ou vezes que a dita misa sse nom diga que EIRey Nosso Senhor per sseu Corregedor ou per quem Ihe aprouuer os mande costranger E ffa^a poer E dar aa eixucu^om a pena em este contrauto contheuda de guissa qua em toda maneira sse canta a dita capeella comò dito he E logo pello dito dom aba- de Ihes ffoy aos ditos officiaaes apresentada hOa carta del Rey Nosso Senhor escripta em purgamjnho asijnada per elle E asseelada do sseu sseello pendente da quali o theor Dom affonsso per gra^a de deus Rey de purtugall E dos algarues daaquem E aalem mar em affiica a quantos està carta virem ffazemos ssaber que nos ffomos Requerìdo por parte da duquesa de bergonha mjnha muyto prezada E amada tya que dessemos Nossa autoridade e licenza aos rre^edores e om^iaaes da nossa fidade de lixboa pera obrigarem os beens E rrendas da dita ^idade aa manteerem huG cootrauto e composi- 9om que ella ffez ffazer E hordenar com os Regedores E officiaaes que ora ssom pera sse dizer cada dia E pera senpre bua misa rrezada E cada ano sse cantar huu vn)uer- sayro soplene na capeella de ssanto antonjnho que està Junto com a ssee da dita ci- dade que a dita duquesa manda dizer e cantar per alma do Jffimte dom ffemando mea tyo que deus aja E esto por pre^o de cento E vijnte E quatro myll E duzentos rreaes brancos que os sobreditos rreceberom pera conprar em beens que rrendam cada iao pera soportamento do capelam que ouuer de cantar a dita capeella E dos outros cus- tos segundo mais comprìdamente ffaz mencom no dito contrauto e conposicom que antre elles he ffeita. E Nos veendo corno esto he obra piadosa digna de £tavor E ajuda moorroente por rrespeito da dita duquesa E Jfifante que nos tanto perteencem per de- uydo E afTeicom nos praz E outorgamos E damos licenza E lugar aos ditos rregedores E ofìciaaes pera obrigarem os beens E rrendas da dita Cidade a sse manteer E conprìr o contrauto e conposicom suso dita. A quali Nos eso meesmo comffirmamos E auemos por ffirme e estauell pera todo senpre. E Mandamos a todollas Nossas Justicas que assy o ffacam conprìr E guardar segundo em ella he contheudo ssem outro alguG embargo por que assi he nosa mercee. E em testemunho dello Ihe nnandamos dar està carta anj- nada per Nos E asseellada do Noso sseello pendente. dacU em a nossa cidade de It ~ MARIA BRANDOA 44i dous dias de Nouembro pero lourenco a ffez Ano do Na9Ìmento de Nosso Senhor Jhe- sus chrìsto de mjll e ìii}c £ sateenta E huG inos (i). E apresentada ast a dita carta logo pellos ditos Regedores E officiaaes ffoy dito que elles poDa autorìdade E li^enca que Ihes pera elio he outorgada per ElRey Nosso Senhor Ihes prazia de Re^eberem e ffilnarem sobre ssi emcarrego desta ainenistrafompella guissa que aquy he contheudo E outorgarom que a dita ^idade sseja a elio obngada principal- mente segundo adiante fifaz men^om E loco hi presente mim tabaliam e testemunhas adiante escriptas os Sobreditos Regedores E ofi^iaaes Re^eberom da dita senhora du- ouesa per maSos de vii^ente gii mercador morador em a dita ^dade E de Ruy vaasquez doobiaos escudeiro do dito Senhor Rey e crìado do dito dom abade que pressentes es- tauam os ditos ^ento e vijnte E quatro mjll E duzentos reaes ora correntes que Ihes ella mandou entregar pera soportaroento da dita misa que pera ssenpre e cada dia sse ha de dizer. E do dito vnjuersayro c^ue sse em cada huu Sno ha de cantar e conuem a sa- ber vijnte mjll E oyto^entos E trijnta E tres reaes que Ja derom per hQas casas que som em a dita ^idade fforras E Jsentas Junto com o chafTariz delRej fifreguesija de sam Jo- ham da praca. E >3utro dinheiro pera sse conprarem em outras posisooes os quaaes di- nheiros lo^o os ditos ssenhores officiaaes de sua maio entregarom presente mim taba- liam ao dito vilmente gill que pressente estaua ataa sse comprarem os ditos beens. os quaaes dinheiros elles ditos Regedores E officiaaes Re^eberom E sse derom delles E em nome da dita cidade por bem pagados E entregues e satisfeitos sem mingua E erro al- fiG. E per poder de seus offi^ios E da dita carta que sobre esto ouuerom do dito Senhor ey obrigauom corno de feito logo obrigarom os beens E Rendas da dita cidade assi as que ora teem comò as que daquy adiante ouuer E teuer de pagarem E de teerem ca- pelam certo que na dita capeella de santo antonjnho em cada huG dia diga a dita misa rrezada segundo que ora Ja teem E em na ffim della diga o salmos de miserere mey deus E de proffundis com o pater noster E com tres orafooes conuem a saber Jnclina domine aurem tuam por elle deffiinto. E deus venyì larf^torpoììas almas de sseus deui- dos. E ffidelitl deus per todoUos fìees christaios a quali misa sse dira pera senpre caoia dia. ssem ffalecer dia alguG. E mais sse obrigarom os ditos Regedores E officiaaes em nome da dita cidade oue em cada huG Sno aos cinquo dias de Junho que ffov o dia em que sse ffinou o dito Senhor JfiFante dom ffemando sse caute na dita capeelia de santo antonjnho bua misa de ReauyS com diacollo E sudiacono o mais soblenemente que sse Eoder dizer com vesporas aos ffinados E com huG nou turno o dia dante E em mm das esporas e matinas e misa affora a oracom do vnjuersayro dirom h0a oracom pella alma delRej dom Joham. E outra pella Rainha dona fiPehpa. E nas ditas oracooes senpre os no- mearom em està tnaneiraffamulij tuyffemamdy guódam Jnffàntis noster, E Johanes quò^ dom rregis nostre E ffilipe quondam rrejgine nostre. E na dita misa rrezada que sse cada dia ha & dizer ssenpre aueram memona e Rogarom a deus pella dita ssenhora duouesa que està santa obra hordenou E mandou ffazer As quaaes misas oue cada dia ham ae di- zer rrezadas E vnjuersayro que sse cada Sno ha de dizer cantaao comò dito he Nom ffalecerom nem c^sarom de sse dìzerem por Nem huG caso ou negocio que avenha. E fPalecendo ou cesando que pellos beens E rrendas da dita cidade sse entregue E sse man* tenha E tenha todauya capelam certo E pago aa sua custa E propia despesa per bem dos ditos cento E vijnte e quatro mjll É duzentos reaes que assi rreceberom da diu ssenhora duquesa de que em cima ffaz mencom. E portanto elles ditos Reeedores E ofi- Ciaaes por ssi E pellos outros oficiaaes que fforem ao adiante em nome da dita cidade de lizboa tomarom o carrego desta amenistracom E sobre suas conciencias E promete- rem a deus E aa sua santa ffe de ffazerem conprirem e manteerem todo o que dito he. E que Nom ffaleca de sse dizer a dita misa rrezada cada dia. E de sse cantar cada Sno o dito vnjuersayro Aos cinquo dias de Junho corno dito he. E Nom sse ffazendo asi que Ihes praz E outorgarom eUes. E os rregedores E officiaaes que aaquelle tenpo fforem 3 uè sejam e posam sseer costrangidos pello Corregedor da dita cidade E pellos raoor- omos que norem da conffraria de santo antonjo que em toda maneira as ditas misas que ffalecerem sse entreguem. E que as outras sse digam corno em este contrauto he contheudo E pedirom por mercee A El Rey nosso Senhor E aos senhores Reis sseu socesores que despois delle veerem que per seus Corregedores e ofic^^c^es ffacam con^ (i) Està carta réjia jà foi impressa pelo dr. Sousa Viterbo no III voi. do Arch.histpon.^ p. 100, do rejisto da Chancelaria, o qual^por sinal^tem o documento multo incorrectamen- te transcrìto. 44» ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ prìr E manteer todo esto pellos beens E ireadas da dita ^idade que obrìgarom E obrì- Sam pera elio. E logo pello dito dom abade ffoj dito que elle em nome E per mandado a dita Senhora duquesa rre^ebia a dita obrìgarom suso dita E sse auys por contente della. E pedio a mim tabaliam aue Ibe desse deste trauto E cootipromiso tres estormes- tos de huG theor. comuem a ssaber huu pera estar na camara da aita ^dade E outro pera Jazer na torre do tonbo E outro pera enuyar aa dita senbora asijnados pellos ditos Re- gedores E offi^iaaes E asseellados cono o sseeUo da dita 9idade. E mais pera comprimeo- to E fìrmeca desta santa obra virtuosa o dito dona abade apreaentou aly duas bullas do papa panilo que a dita ssenhora enpetrou da ssua santidade sobrequeo ellaenuyoaem corte de rroma. a saber hiia da conffirma^om e aprouaf om consentimento e autoridade que o papa deu a este contrauto e conposi^om sseer valedoyra e fìnse pera todo tea- pre. E a outra he de Jnduligen^ia de sette §nos e sette coreentenas que o papa deu E oo- torgou cada Sno a todos aquelles que £forem presentes ao dito vniuersairo as ^uaaes bullas o dito dom abade deu E entregou nas maSos dos ditos Regedores e officiaaes pera as ffazerem probicar e eixucutar e as teerem em toda boa guarda. Re<)uerendolhes ysomee^ mo. E pedindo que Ihes prouuese dauerem em rrelembran^ a dita senhora E de rroga- rem e fazerem Rogar a deus por ella. E elles com toda deua^om Re^eberom as ditas bullas louuando Nosso Senhor deus E remer^eando aa dita senhora duquesa sua gra^ e beneficio E os santos desejos e boa vontade que senpre tene E tem a todollosdestes Reignos offere^endose pera todo seu seruj^o com aqueUe cora^om de boos eleaaesser- ujdores que Ihes senpre fforom e entendem de seer os cidadaaos e naturaaes E mora- dores da dita 9idade. Os quaaes dinheiros o dito vicente gill se obrìgou de os entregar aos ditos ofi^iaaes e ^idadiaaos cada uez que Ihe per eiles fforem demandados E Re(|i]e- ridos per sseus be?s e mercadarias que o dito vicente gill obrìgou. Os quaaes dinheiros assi o dito vicente gill dos ditos ofìfiaaes Re^ebeo presente mim tabaliam corno dito he. E esto per duzentos cnizados a saber a trezentos e vijnte e ^inquo cada huG comò ora valem em que amonta ssasenta e 9Ìnquo mjll reaes E per oyteenta E sette anrrìques e meo velhos a quatro^entos reaes cada hu(i em que amonta trìjnta e ^inquo mjll reaes. E mais per onze dobras de banda a trezentos reaes cada hùa corno ora vallem em op^ monta tres mjll e trezentos. E mais em moeda sasenta e ssete reaes £ mais que o dito vij^ente gill tem pago pella conpra das ditas cassas vijnte mjll e oyto^entos e trijota e tres reaes. E asi amonta em toao a dita soma de ^ento E vijnte e quatro mi)U e duzeo' tos reaes os quaaes sse obrìgou de entregar corno fiiel depositario a todo teopoquelhe fior rrequerido pellos ditos officiaaes e ^idadaaos comò dito he. O quali contrauto ea tabaliam fiBz e notey per bem de hu0 aluara do dito Senhor Rey asijnado per elle do quali o theor tali he. Nos El Rey per este aluara damos li^en^a E lugar a quailquer tabaliam que huu contrauto fiPezer antro a duquesa de bereonha mynha muyto prezada E amada tya E os officiaaes e cidadaaos da Nossa 9idade ae lizboa que elles posam obrìgar as rreiodas da dita (idade per ^ertos dinheiros que Ihe a dita mìnha tya da pera auerem de meter em bees. E per a rrenda delles sse auer de cantar pera senpre hGa capella E dizerhuuvnj- uersayro em a capeela de santantonjnho que està em a ssee da dita ^idade j^oUaalmado Jfiiante dom ffemando meu tvo que deus aja. em o quali contrauto que assi o dito taba* liam fiezer possa poer em elle qualquer juramento que aas partes prouuerE esto lem enbargo da Nossa defiesa E hordenacom fifeita em contrairo por que Nossa mer^ee he Ihe darmos pera elio lugar comò dito he ffeito em ssintra quinze dias de nouenbro Lodo ffemandez o ffez 3no de Nosso Senhor Jhesus christo de mjll e quatro^entos sateea- ta È huG Snos. E queremos que deste aluara sse nom lene chancelana por que be coosa que perteen^e aa dita mìnha tya. O quali assi mostrado comò dito he o dito dom abade pedio assi de todo os ditM comtrautos comò suso fifaz men^om testemunhas RuJ lobo do desenbargo do dito Se- nhor Rey E corregedor por eli em a dita ^idade E Joham pestana Adalgo da casa do dito Senhor E sseu thesoureiro moor E antam gom^aluez comendador de sam martioho da dita fidade e escripuam da camara do dito Senhor e Jorge uaasquez escrìpuam dam- mara da dita ^idade e pere anes brolador crìado do dito Senhor JìTante dom Fernando E outros. E eu pero uaasquez vasallo del Rey E seu prubico tabaliam em a dita ddade per sua autoridade rreallque a todo esto com as ditas testemunhas presente ffuv. E este contrauto escrepuy E aquy meu sinall ffiz que tali he ^ ~ Gomez eSnes criado do Jfante d5 anrìque — Arias — Joham Lopez — Lopo rrodriguez. Casa da Feitoriaportuguesa em Antuerpia^ Caiza III, pergaminho s3. (CkmtìmiaJ J Os cadernos dos assentamentos fConimuado da pag. 240) 11 Sisa dai herdades d$ Lisboa^ i5o8 Nòs elRay .[fasemos saberj a vós noso recebedor da nosa sissa [das erdajdes de Lixboaf e ao sq>rìvam dese o(ndo]| qua nòs fecemos ora dosso asemtamCto sobre os a: 100:000 rs. por qua nos a dita sisa ha arrSdada aste anno presente de 5o8y nesta ma- neìra seguimte : Despesa It. em hordinarìas — nilJ, porque se barn de paguar pela sisa da marf aria.. It em ten^Sj 542:973, a saber : ao:ooo ao scprìtall de Todolos S8tos, desmola — E 35:390 a Tomas Tavares — E 100:000 a Dtoguo de Sepulveda — E i5o:ooo a moiber de dom Amrrìoue de Sousa — E 5o:ooo a dom Diogo de Sousa — E i3:o37 [ao mosteiro de santa] clara [desta cidade] — E 3:ii6 é Ynes Dias — E 40:000 a Ruy Guomes da Gria — E 1:000 rs. a Femam de SamtarS — E a 1:600 mais ao dito Ruy Guomez — E 80:000 mais a elle — E 8:800 mais a elle — Gra^as por ten^s : ao:ooo mais ao dito Rui Guomex. Outras despesas It em nom certasi 1:000 rs.— It a Excelemte Senborà minha prima^ de seu asem- tamSto, 1401:939 rs. E asy fi^camj 154:088 rs. que se despemdem per està guisa, a saber : 122:041 aa Excelemte Senbora, de sua tem^a — E 5:ooo a Fernam dAlca^ova — E ao:ooo a mes* tre Afonso, que ha devereste anno per bordeni^a — E 3:ia6 aa dita Ines I>iax,deque- brade sua te^a do anno de 5o6 — E 3:83i que vos depois iram per desenbargo pera està soma aderem^ado. E por€ Yos mamdamos que os ditos paguamStos fis^aes a estas pessoas atras con* tbeudas per nossos desembarguos, que vos pera elo darom seguQdo suas comtbias ; e dos ditos dinbeiros nom far€s outros pagamStos n£ despesas alguuas, salvo estas aadma declaradas, em caso que outros alvaraes ou desembarguos nosos, ou doa vedores de nosa faxenda, vos sejam' mostrados, corno volo temos deleso e mamdado per noso regi- mCto, semdo certo, que se dos ditos dinbeiros alguGas outras despesas fexerdes, por speciaes que sejam, salvo as sobreditas, que vos nom seri levadas e conta e paguarSs todo de vose casa, e alem delo averSs por uo aquela mais penna que nosa mercS for. Feito S SamtarS, a a dias de maio, Perni dObidos o fei, anno de mill e 5o8. Rey de castelbranco Da sisa das erdades de Lisboa (i). Carpo cronolofico^ parte I, mac. VII, doc. 3. (i) Esté roto em partes. ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ If^ i Almoxarifado de Ponte de Uma^ j5o8 Nót elRey faxeinos saber a vós aosso almozaiife ou recebedor do iiosso almofmri» fado de Pomte de Limaf e ao sq)rìvS desse oficio, que oós fezemos ora nosso asemftt* meato sobre os huQ coato 6ao:ooo rs. por que as aossas remdas dese almoxarifado lam arremdadas este aao pressemte de 5o8, aesta maaeira que se segue : Despesa It. em ordioarias, 83:446 rs, a saber: 764 rs. a vós dito alnxnarìfe — E 649 ao dito scprivam — E i :8oo a tres homis do almoxarifado — E 2:000 a elles mais, daciio^ tameoto quaado forS fora por aoso servÌ9o — E 700 ao momteiro moorde Soa}o««» E 480 ao mosteiro da dita vila — E ai:%oo pera pagameato dos 40 marcos de prati 4hl see de Bragaa — E 35:933 rs. mais a dita see. It. em tem^ e sra^as por tem^ as e separadas, 5oa:ooo rs. [a saber : iSrooo a Ahrafii| Piaheiro de t^^a — [E ia:ooo a Fernam Pereira], fidalgo, de teca —E 40:000 a dona Xm^ bel de Melo, molher que foy do Bixcomde — E 4:000 a Nuao Alvarez, alcaide da tUta v^b — E I :ooo a Vasco Feraandez, momteiro de Soajo — E 10:000 a Pero Rodrigues dArmt^ )0 — E ao:ooo a Joham Gomez dAbreu — E 8»xx> a Goo^lo Vaaz Alcoforado^^V ao:ooo a Maria Pinheira^ molher de Pero de Soussa — E i5:ooo a Pero Gomes dAbtMC — E 10:000 a Baltasar de Sequeira — E aa5:ooo ao Duque de Bragamca^ per carta rall — E i5:ooo a Joham beroalldez (i^, per carta gerall — E i5:ooo a Tnstam Franftl per carta geral — E 10:000 pera o azeite da lampada de SS Tiago, que ha de rrecebarf dito JohS beraalldez — E 20:000 a Gomez Cruu per carta gerall —E 1 5:ooo a dona molher de FeraSo [Pereira] — E i5:ooo a JohS [Gomez dAbreu] — E 16:000 a [Costap^a] — E x6:ooo a dooa Isabel de Meneses. E asy ficam aimda por despemder 1.034:554 rs., de que se logo faze estas di a saber : i85:665 rs. pera as temfas do Bizcomde, que este anoo ha daver — E pera a tem^a de dom Diogo de Lima — E 48:000 a Feroamde Bermudes, do terco de seu casamSto — E 100:000 a dooa Maria Amrrìquez, molher de Franciaoa 4ir : Mfdanha, de quebra de seu casameto — E 5o:ooo pera a tem^a do Bizcoiiida**»C-f 3o:ooo per a de Diogo Loperde Lima. E asy ficam imda por despender 590:881, os quaes StregarSs a Fernam E porem vos mamdamos qu^os ditos paguamentos fa^ais a estas pessoas atras theudas per nossos desembarguos, que vos pera eUp dar6, seguodo suas conthias ; ditos dinheiros nom farSs outros paguamentos ne despesas alguGas, salvo estas adMK^" dedaradas, em casso que outros desembarguos ou alvaraes nosos ou dos vedores dfe^ ■< nosa fazemda vos sejam mostrados, comò volo temos defesso e mamdado per noaso É^ '- gimento, semdo certo, que se dos ditos dinheiros outras alguGas despesas feaerdes par. speciaes que sejam, salvo as sobre ditas, que vos n6 seram levadas e conta e pagMrai* todo de vosa casa, e allem delo averSs por yso aquela mais penna que nosa merft Èifiì Feito e Samtarem, a 4 dias de mayo, FemS dObidos o fez, anno de mil 5o8. Rey Do almoxariftdo de Pomte de Lima (2) "'j Corpo crmolojico^ parte I, maci VH, doe. 4» ^t (Contwia). B.F. k, ^i) Sic, alias Abraldez. (2) Apagado em partes pela humldade. ^ *. \ .y Dois poetas de appellido Camara. AINDA. O POETA SUGARELLO * I D. Fadrique da Camara e Toledo DJoÀo DA Camaba, cuja morte prematura tao saudosamente im- pressionou os admiradores do seu fino caracter e do seu deli* cado talento, nao tinha so ascendencia fidalga, tinha tambem * ascendencia litteraria. E nao sei, nos quarteis de seu escudo brasonado, quaes dos emblemas heraldicos brilhariam mais : se os da no- breza, se os da poesia. D. Fadrique da Camara e Toledo^ ou D. Fadrìque da Camara, foi um dos seus antepassados. Pertencente a urna familia illustre e opulenta, era irmao de D. Rodrigo da Camara, 2.® conde de Villa Franca, aquelle fidalgo, que o sr. Anselmo Braamcamp Freire biograpfaou d*um modo tao discreto, quasi mysterioso, que mal se chega a perceber o naodTO por que soffreu inexoravelmente os vexames da lìtquisicSù^ <}uc a inclsiiai]^ rou e perseguju até i morte. Nao se póde dizer que D. Rodrigo fòsae yicà» ma inocente do Sancto Officio -, as suas culpas, a perversSo at ama coatu- mes, Ibe deram merecida condemoa^ ao e o tornaram talvez meooa digao do len^ de piedade, com que tSo misericordiosamente o prttctidcn aiaor- talbar o sr. Braamcamp. O seu processo, que se conserva oa Tom do Tombe, é um dos mais escabrosos, forneceodo elemaotos preciosìwaioa| posto que repugnantes para um estudo de psychiatria. O que odniira e comò resultasscm ioateis e impotentes todos os esfor^os do poderoso &• miUa do illustre titukr# O ^alimento do proprio D. J080 IV foi ineflRcaz deante da pertinacia ioquisitonaL O conde porem nas boras^ tonaentosas do carcere e do exilio espiatorio deveria revoltar-se contra ai proprio por nao haver fiigido a tempo, evitanìdo o desaire, que o vinha infiamar^ eor voivcndo a sua familia oa aiesma vergonha. Confiou demasiado no sua posifSo e oa prepooderancia dos seus parentes e amigos. Foi essa coo- fiaofo quo o trabiu, arrastando-o fatalmente ao abysmo, de cuja Yoragem, prudentemetne, com as necessarias cautelas, se podera ter des^iado. Atem de D. Rodrì^, o primogenito, D« Fadrique teve mais duas ir- mas : 0. Joamia do Toledo, casada com D. Fernando de Menesea, e D« Gniomor do Vilbooat casada com D, Luis de Mello. Elle era o ma» noTO e conio tal nfio sendo o filho morgado, necessariamente 'dcverìa sér AmoHivo H18TOB100 PoBTUGUBz — Vol. VI, n.* la. Dexembro de 1908. Proprietario e editor, Anselmo' BraaxncampFreire^CoiDposi^So e impressSot of. tip^cal- fada do Cabra, 7, Lisboa. 1 446 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ escasso de bens de fortuna, procurando alcanf al a por engenho naturai e industria propria. D. Fadrìque tinha urna pensao de famìiia, de trezentos mil réis an- nuaes, paga pelo irmao. Nao foi todavia tao pontual e devidamente satis- feita que nao levantasse letigios, eoi que chegaram a intervir os altos po- deres do Estado. E' o que se deduz do alvarà règio de 7 de outubro de i65i em que se historia multo em resumo a pendencia fraterna. Em 16^0 fora promulgada senten<;a, por meio da qual se ordenou que de casa de seu irmao o Conde de Villa Franca se dessem a D. Fadrìque OS alimentos indispensaveis, em harmonia com a sua qualidade e as lor- 9as da casa, chegando-se pouco depois ao arbitramento ou concerto de trezentos mil réis annuaes. Parece, porem, que este compromisso nao foi exactamente cumprido, de outro modo nao se comprenderìa a neces- sidade do refendo alvarà, alias, ao que me parece, obscuramente redigido, em que se ordena que as partes nomeem louvados, que liquidem oque se deve dar de alimentos a D. Fadrique com brevidade e sumarìameate. Vide doc. n.® I. Gra^as, sem duvida, às intìmas relaf6es de parentesco entre a sua famiHa e urna illustre familia titular hespanhola, consegutu D. Fadrìque entrar na corte e no pa^o de Madrid, onde foi durante quatro annos um dos anatro meninos da rainha. Creio, porem, que nSo desempenhoo mais nennum cargo palatino, seguindo a carreira das armas, trocando a Vida corteza, pela existencia mais agitada dos campos de batalha. Està foi a sua naturai voca^ao, entregando-se nas horas de ocìo ao cultivo das letras e das musas, em que obteve renome, que ainda nao se extinguiu de todo, apesar de terem chegado até nós bem poucas das suas {H-odufoes. Vejamos agora a foiba dos servi^os que elle prestou no ultimo reinado IHipino, no perìodo de onze annos, de 1629 a 1640. No prìmeiro destes annos embarcou-se n'uma armada da costa, que andava a corso; e lago no seguinte serviu de capitio no tergo do mestre de campo D. Alvaro de Metto até o de i63i, em que embarcou para o Brasil na armada do almirante general D. Antonio de Oquendo. Alli saltou em terra, ficaodo ila Bahia no tergo do mestre de campo D. Ghristoi^ Metia de Bocaoe- gfa. Depois, em dtrersas partes d'aq^uella nossa vastissima possessfo, foi am dos bravos contendores na acerrima lucta com os hoUandéses, seixio um dos seu9 fehos mais brìlhantes o que praticou no commando de tua pequetto destacamemo' composto apenas de trese homens, que marchara do quartet de Nazareth para Porto Calvo. Atacado pelo inimigo em fo^ ga auperior, repeliu-o heroica mente, custatKk>-lhe a Victoria urna fenda na pema, ferido igualmente o cavallo que montava. De regresso A metropole e em recompensa d'aquetlai afanosas iides, Ihe còncedteu D. Filipe III, por alvarà de i de setembro de 1640, a ca- pitania mór das naus da india, alvarft que foi ratiftcado e refitMiaado por outro de D. JoSo IV de 17 de maio de 1649. Vide dot. n.® s« D. Fadrìque da Camara nao foi dos que acodiram I090 ao cbama- mento da ]^atria, quando està, no prkntiro de deieiAbro de 1640, sohoa o grìto de indep^ndencia, antes Uà um dos retardAtarlos xm coMpriottaio dos deveres civicos, pois so em 1648 se apresentou em Motivo, scrvindo DOIS POETAS DE APPELLIDO CAMARA 447 na froDteira do Minbo até 1649, ^^ 4^^ ^^^ chamado à cdrte. So em 1654 fòi que o monarca portugués, confirmou a mercé que em 18 de junho de 1640 Ihe fizera D. Filipe III, da promessa de uma commenda do lote de quinhentos mil réis. E/ no alvarà de D. Joao IV de 26 de novembro que se declara a epoca em que elle deu entrada nos nossos exercitos, nao se declarando as circunstancias que o impediram de vir mais cedo batalhar em favor de nossa autonomia. Vide doc. n.^ 3 e 4. Està promessa creio nunca chegou a realisar-se, comò de certa maneira o comprova a Carta de padrao de i de mar^o de 1669, em que o principe re- Éente D. Fedro Ihe connrma a len^a de duzentos mil réis que tinha sua irmS, K Joanna de Toledo, que Iha deixàra em testamento. A ten^a fora conce- dida équeila senbora, corno. viuva de D. Fernando de Meneses, em aten^ao aos servi^os deste e dos do irmao e do pae do mesmo, D. Fedro e D. An- tonio de Meneses. Na carta do regentc se declara que a mercé deixaria de ter efeito, quando o agraciado entrasse na posse da prometida commenda. D. Joanna de Toledo no estado de viuvez em 11 de Janeiro de 1667, era jà fallecida anteriormente a i de mar^o de 1669. Vide doc. n.^ 5. A promessa da Capitania mór das néus da India correu parelhas com a promessa da commenda; pois a 24 de agosto de 1668 Ihe era concedida mer- cé para a poder renunciar ou testar em pessoa apta. Vide doc. n.^ 6. Em 6 de fevereiro de i665 estava elle exercendo na córte o fioato de coronel de um dos termos della, desempenhando-se sempre das su» ftioct (dea com oooko valor e satisfarò, quando fòi nomeMo por tres aonos, e com o vencìmento annual de seiscentos mil réis, para o governo do Ma« ranhSo. Vide doc n.^ 6. Julgo que nSo chegou a partir para o Brul^ igtiOTando eu os modvos de tal impedimento. No anno de 1668 aindB ap achava em Lisboa, corno parece deduzir-se do docuoieMo citado ante^ riormente, e no qual nao se Ihe dà o titulo conferìdo de govemador. Noa Afmaes do NkiranhSù de Bernardo Fereira de Berredo imo veni mencio- nado, cttando-ae Rd Vas de Sequeira, nomeado em 1662, a quem succe* deu em 1667 Antomo de Albuquerque Coelho de Carvalho. Eis aqui os pormenores, documentalmente fundamentadoa, que logrei aparar icerca da vida particular e publica de D. Fadrique da Camara. Do resto dos seus dias nfio pude até agora obter mais notictas, desconhectodo por conseguinte a data e lo^ar da sua morte e se na pedra da ami sepul* tura teriam inscuipido o epitaphio, que estavam exigindo os seus brios de soldado e os seus talentos de poeta. Os seus servi^os militar» tan-» to em Portugal comò no Brasil dao-lhe direito a um logar, poatoque mo- desto, honroso na historia dos dois paizes. O seu nome toriMrse por con'» seguinte digno de ser rememorado, sem lisonja, antea com jnstt^tv no loi dos que bem mereceram da patria. Felo menos os depoimantoa qnr fkaip ram sSo abonatorìos da sua fama e nao conhe^ nenhum, que a venha macular, assim corno o processo inquisitorial maculoa a de aeu inaio^ o conde de Villa Franca. * * A heran^a litterarìa aue nos legou D. Fadrique é diminuta e por ella mal podemos avaliar ae e justificado o cooccito^ que d'elle f*f^rm alguns 448 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ dos seùs contemporaneoS) taes corno iacinto Cordare e D. Francisco Manuel de Mello. O primeiro consagra-lhe no Elogio de Poeias Lusttor nos a oitava 3i.% concebida n'estes termos: «Fedirle à Daphne,' que nació Toledo «El sagrado laurei para su freme «Don Fadrique podrà, podrà sin mìedo «Con tanto ingenio, estilo tan valiente : «En tiernos afios su opulencia excedo «A muchos que han escrito docilmente, «Y pide con razon del laurei parte «Que las Musas allenta al son de Marte. O aegundo, na Viola de Talia^ expressa-se aseu respeito por està forma: «Da Camara das Musas nao confias «N*aquelle cuja fama, multiplique a Fama, sem contar dia, a seus dias bum grande capitlo, hum Dom Fadrique« Sue aa costas do Parnaso defendendo de agora estou vendo que na guerra das Musas preparada ha de ser general da sua armada». (i) Vé-ae que D. Francisco Manuel punha em perfetta equa^ao o militar e o posta. D» Fadrìque foi membro da Academia dos Generaso$^ cuja^ sessSes oiidto abrilhaniou. Nao se tendo publicado as memorias d'està Sociedade, exisdado por ventura manu'scriptas cm cjualquer bibliotheca publica ou particoiar, nSo posso por conseguinte avallar do genero e do merecimeatt) das produc^fiea com que para ella contribuiu. Nao devia ser poeia sim- plesmcote de facil imagina^ao, mas tambem de espirito reflecudo e apli- cado, pois traduziu os sds primeiros Uvros d^.Enetda^ o que denou cul- tura clansice. Dedicou-se tambem ao theairo, de que deixou curiosa amos- tra de sua aptidao para està especialidade n'uma comedia intitulada Ba- bylania d'Amor^ de que Barbosa Macbado cita urna edifao de Madrid. ' Barrerà y Leirado, no seu Catalogo Bibliografico r Biografico del Theairò Aniiguo Espafiùl limita-se a resumir a noucia da Bibuotheca Lu- sitana^ sem se lembrar que elle proprio a pag. 70$ cita uma coUe^o de Lisboa^ impressa em 1649 P^^ Antonio Àlvares, aob o titulo de: Do\e Camedias las mas famosas. . • em que vem a Babilonia d'Amor. Foi exactamente em 1649, que D. Fadrìque, saldo de Hespanha e de- pota de se ter apresentado em Monsao, em cuja fronteira batalhou du- tofita utt anno, veiu para Lisboa. Nao ttria continuado a opulentar, com au vm oàntiica^ o reportorio do theatro hespanhol ? E' poaùvel que D. Fadrique tivesse concorrido aos certamens pocdcos ^uo OBtfa se oilebravam com tanta frequencia em toda a peninsula, em- bora nao ha}a encontrado o seu nome nas listas d'.e^ses justaddres poe- ticoa. Obtive porem conhecimento de algumas das suas composi^Ses que .A*i T - . ' ' (1) D. Francisco Manuel— O^^s metricas^ pag»» iSa, i53. DOIS POETAS DE APPELLIDO CAMARA 44» illustram as pagioas prelioùnares das obras que passo a descrevcf siun- marìamente, segundo a ordem cronologica da sua publicafSo: € Casamento perfetto. . . por Diogo de Paiva d'Andrade, impresso em Lisboa por Jorge Rodrigues, em i63o : Està Eropresa ó Diogo q|ue tornaste Gloria do nome teu, alma da fama A suspende admirada quando aclama Que o poder é fortuna limitaste. E se nos documentos que ensinaste A ordem reduziste a incerta flama Do cego deos, que o cora^So inflama As setas venenosas sogeitaste. As que leis forSo antes da ventura Oje à rezao por ti subordinadas Se contingentes forlo, sSo for^osas. Sem duuida em doctrina tSo segura Te deuerSo as feas ser aaitdas As fermosas por ti serSo ditosas.' MPrimeira parte del libro llamado Situa de espirituales . . . de Pr. Buenaventura Machado (Simao Machado) — Barcelona^ i632: De Don Fadrique da Camara, hijo del conde de Villa Franca al Autor : Soneio Sale del ancho mar, pequeRa fuente A la tierra buscando ocultas venas, ' ' Discurre vn poco^ y luego à las arenas Buelve é buscar, matemas, su corriente. El sol rezien nacido, en el Oriente, En los bra^os de Tetis se ve à penas, Quando en funesto canto de Syrenas ' Sus exeauias celebra, el Occidente, • Nace del agua, y al fìn al agua buelve ' El Sol^ el rio torna a su elemento, Que mucho, ó Cisne claro que tu zelo Quando é empresa tanta se résueltie ' Que en celeste armonia; en dacia acoento. Al cielo buelv«y pue» sak<ì 4el dLeìùì € Vida Y hechos heroicos del gran Condesiabre de PortugalD. NuHo AI- pares Pereira. . . por Rodrigo Mendez de Silva Lusitano— Madrid, 1640 ; Este que al mismo tiempo se etemiza ' Héroe ilustre de siglos respetado. Si fué de los escritos envidiado, Lengua es la envidia, que su fama avisa. Mas quando entre la ofensa mas precisa Fué su valor sublime contrastalo, Bien, docto Silva^ bien en tu cuidado Renace Fénix la inmortai ceniza. . . Como cuando del Sol la lumbre pura, Despues de parda nube, nos ensefia Del siempre feliz rayo el desengafto. Tal del Pereira ilustre se asegura La fama, si tu piuma en él se empefia,. De la envidia, ael odio y del engaSo. • I, tvj \ 45o ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ tAhmorias fmehti sentidas pelos ensKiAos pcrtugiè€\e^ na m^rie da sr^ D. Maria de Aihayde. . . Lisboa, i65o : Campos del Tajo Amarilis aquella humana deidad que OS debió taatas lisonjas lastiinas os deba yà. Nació Sol y al occidente Ueva su lue tan igual que sin declinar ios rayos Ics rayos pudo ocultar. Destinada a perfecciones era cierto, lo feul, lo preciso de su muerte, no habiendo més que lograr. Astro se treslada hemaota Uevando biea desìgual muchos siglos de enteodida ea pocof afios deedad. Bellesa tan prodigiosa vaticinava este mal, que prodlgios de hemoeura suelen en sf peligrar. Despliega apenas la Rosa todo el pomposo caudal, quando de morir de bella muere aùn con vanidad. En sus riberas el Tajo en làgrimas de cristal, llore cstas meroorias tristes y &un las conserve en el mar. Apesar de ter sido educado na córte de Madrid e tir vìvido em Hes- panha, muitos annos, ufo so no dominio filippino, mas até jà depois da acclama^ So de D. JoSo IV, D. Fadrìque nSo cuitivou exclusivamente a lingua heapanhola, pois a prìmeira das composi^des transcrìptas é um so- neto portugués. I^jpossivel que nao fosse este o unico trecho de que fez presente ao nosso Parnaso. n Jorge da Camara Se o espolio literario de D. Fadrìque da Gamara é escasso, mais escasso ainda é o de Jorge da Camara, seu contemporaneo, cujas obras poedcas nSo chegaram a vèr a luz publica, estando jà preparadas para a impressao. Conservavam-se manuscnptas, segundo diz Barbosa Machado, na biblio* theca do Marquez d'Abrantes. Traduziu, em estyio jocoso, em oitavas e sylvas castelhanas, as Fabulas (Methamorphoses ?) de Ovidio. Barbosa apenas cita corno publicada urna Sylva a pag. 43 do Banquete de Apollo^ DOIS POETAS DE APPELLIDO C AMARA 43 1 do licenceado Bracamonte. Quando tratei d'este medico poeta tive ense- jo de observar cjue eram duas, e nao urna, as pe9as poeticas de Jorge da Camara alli intercaladas. Transcrevendo-as no seu Jìvro, Bracamonte diz que ellas eram do Marciai Portugue:^. Este titulo vem confirmado por D. Francisco Manuel de Meilo na sua Carta (i/ dà Centuria 4/) di- rigida ao dr. ManuelThemudo da Fonseca... t Jorge da Camara^ a quem podemos chamar Marciai Portugue\.^ O mesmo auctor, no Hospital das Lettras^ em resposta a Lipso, que chamava a atten^ao dos medicos para os poetas, cujas obras permanece- ram manuscriptas, responde : •Conforme a essa regra, passo logopelos escriptos de Martim de Cas- tro, Simao Torrezao, Alvaro Frade, Tnomé Tavares, Diogo de Sousa, Antonio de Castilho, Henrique Nunes, Francisco Correla, Gonzalo de Lu« cena, D. Thomaz Jordao, Jorge da Camara e mil outros poetas de conhe cìdo e levantado espirito, porque nao chegaram a vèr essas obras manifes- tas por meio dos typos.» D'estes poetas sao rarìssimos aquelles de que haja versos avulsos em certamens ou nas folhas preliminares laudatorìas das obras de outros col- legas. Martim de Castro e Concaio de Lucena sao decantados no Elogio de Iacinto Cordeiro, nas estrophes 41 / e 54.^ Estas classifica96es eram n'aquelle tempo dadirosamente feitas, de modo que nao faltavam os Apolloa, os Homeros e os Vìrgilios. Antonio Figueira Durao, na sua Laurea Parnasea^ confere o mesmo epiteto a Fran- cisco de Farìa : alter Martialis. Como tambem jà tive occasiao de ponderar, no breve estudo a <}ue acima me refiro, Jorge da Camara foi um dos mais fervorosos sectanos da Escola gongoristica, sendo até jpor este motivo cénsurado delicada- mente por Bracamonte. Jorge da Camara nao sabia dominar a sua veìa satyrica e nem os amigos poupava, coooo facilmente se póde vèr nos ver- sos dirigidos ao auctor do Banauete de Apollo j cujos defeitos phisicostao descaroavelmente punha em relevo. Custa-me a crér que as deformidades que elle descobre na figura esopaica do seu amlgo sejam mera phantasia, e ainda quando o fossem o gracejo nao seria d^ mais fino costo. O ()Ue admiro é corno o licenceado atm*ftva prasenteiro as diatrìbes do seu amigo. A' falta de outros elementos, que compro vem a capacidade poetica do Marciai Portugues^^ Aqui transcrevo as duas epistolas que elle endere^ou a Bracamonte e aue se encontram de paginas 4,% a 46^ e de 122 a 124, do Banquete de Apollo : De! Marcia! Portuguef lorge da Camara SUva Muy Seshor Bracamoaie Vos quereis por comigo a barca em monte? ChamaÌMiie a mim ladrao, sendo homicida) Que a tirar vidas, gaoha a propria vida ? A mim ì que nos meua trese Sei quantos facem tres, éc que doa voacos Nao fazem tres bum corpo destea noaaoa ? Sendoi» que peUo auÌM, engetifao^ ài atte 4^2 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Canttndo o espalhareis por loda parte Qua inda qua $ois pequeno, & deaaa getto, No saber sois tam grande, & tam perfeito, Que delle a saber venho, Que hum contrapezo sois de tosso engenho, E que em vaso pequeno, de apertado. De for^a nos sera comunicado Por transbordar em vos a musa vossa, E de vos inundante Passare mais alem desse Amarante . Vosso saber proiimdo Sera nono milagre neste mundo, Faxendo nouo abaio, Hum milagre sera de S. Gonzalo. Pois a mim, que vos amo, & qne vos qttero, Vos celebro, &aplaudo ; Gomvosco aos mais afroato, Por hum ponto, ondea lyra està em seu ponto. E por hum es nSo es de hum corpo humano Que he nSo menos que A polo soberano, Quando do engenho vosso o meu presume, Que sois toda a poesia oum volume Recopilado, & impresso de manetra, ?ue podemos trazeruos na algibeira. am engra^ado, fresco & pequenino, Que a teruos conhecido o Bocalino, Na mesa vos puzéra ao sabio Apolo, A ser dia comò estes de pescado Por salmonete breve, & corcouado. Pois assi me pagais o que conhe^o O <|tic Jé vos mere^? Ah I Nio sejais assi, que o ser ingrato NSo dis co vosso trato. Purgaiuos deste mal que vos desfea, E Recipe vncias tres do que vos quero^ Ficareis corno hum pero. ' Sangraiuos de hum pecado, Que vos trac atrasado; Porem na v8a nSo do corpo todo, Porque a ser a sangria deste modo, Se na de todo corpo vos for dada, Na v8a vos sangrau de todo nada. Tenderne por amigo; E por amigo grande, mas nfio digo Que sejais grande amigo, & n8o condeno, Que aml^ podeis ser, porem peqiwno. Mandaime nouas vossas, E deste vosso vos servi de sorte, Que k lalta de receìtas nSo deis morte. Por tam distante via, NSo me mateis senhpr à reueria. Informaiuos primeiro, Que aqui na barca de hum papel borrado, A mSos de minhas magoas Vereis em minhas queizas minhas agoas. NSo posso ter de veruos esperan9as, E se as tiuer mal poderSo ser verdes; Pois te fonda nos males deste corpo A vista desse corpo sincopado ; Que he corno as eaperan^as mal fundado. DOIS POETAS DE APPELLIDO CAMARA 453 Ate de engcMÉio galante, ft tam postoso, Qoe de tc^os gastado és rebatmhas NIo 8Ó das letras miahas, Porem do todo mundo, Ya de rouito gastado estais no fundo. Daisnos Tida carSdo, Daisnos vida cantando; Soia deste intiiido a vida deaeiadaj Soia Vida, que he comvosco parecida, Sue a viaa deste mundo he breue TÌda. io se parece a vos a minha carta, Qtie hemenot engrafada^ft mais comprida ; Dtscartome, qoe a musa se diacarta. Adeos» senhor, a Deos, the que vos ve|a, Com saude porem dentrambos seja. De lorge da Camara No dexeia los libros, aó Sefior Hceociado Ortis, Antes nelles o remedio Buscai do mal aue me ouuis. Deitemos atras das costas, O que vistes, o que vi Pera que eu pareva a vós, E vós pare^ais a mi. Vós sois aquel gentil hombre Y yo aquel hombre gentil. Qoe idolatro vosso engenno Por heroico, & por sutil. Vós sois Àthlante o famoso E eu soQ vosso proleui, Vós trazeìs o mundo és costas, E eu mal me acarj eto a mim. Mas vamos nós, & venhamos NSo andemos a ir & vir, E escreuamos mais compostos, Que son los de quis, vel qui. Se nSo pelo muito louro Pello laureado si, Sois Apolo, & se vos vira Daphne, ouuera de fugir. Se OS dous foremos amigos, Quem podere resistir A hum eamarSo fìiribundo, A hum pequeno camarim ^ Venhik) de le sempre frescas, Vio sempre frescas daquì Nouas co sangue na guelra Do peixe que descubrir. Corramonos, para c|ue Corrao daqui pera ali, Informa^oens pera vós, E receitas pera mim. Dando em fìm principio ao mal Pera aue vós Ihe deis firn, Escucnad mfs desventuras Que a fee que son pera oir. Tenho nesta parte esquerda, Num lugar, corno vm ceitil Huma pontadinha asuda^ Que me nSo deiza dormir. E foi ; que me desmandei, NSo por muito que comi. Mas porque vi muito, venda Huns olhos em qoe me vL ' EntSo da douradtt ufim A ponte me fex sentir Amor, e a ponta fisa Me pica sempre deli. Nos olhos, porque nam via O principio de meu fìm Sem vós, e aos olhos fechados, Fontes nos olhos abrì. Ser para mim BracamoAte, Sem dar conta disso qcris, la <)ue a mihtia daina ausenfè Foi càustico pera moL Ardo em fogo desde entam ; Tal fogo despots senti Sue a agoa, que me fet na bocà e seca o bem^ que perdi. la me purguei muitas veses, Com as rosas, que nella vi, Porem do meu sobrenome Pouco mais de nada fix. Esto de su pefia pobre Eaaiiie vuestto Amèdiat Aos seis centos, & auarentat E aos noue dias de Àbril. Por estas duas amostras o lettor dirà se ellas Ihe fazem lai4ÌiiMur Mudo< samente a perda oa atravio dot r^ataotes vertot do aorigo . JoSo IV ^ confirmando outro de D. Filippe III^ em (juefa\ merci ao mesmo de uma viagem de capitào mar aa$ Naus da India En elRey fa^ saber aos que este meu aluara virem que por parte de dom Fadriqut da Camara me fot apresenudo hd aluara asinado por elRe) de Castella de que o treilMO he o aagulMé ale. fia alEtfy ll^ asber aaa qiie asta aloani weiD qM tenda taapeiiD a dom Fad^ DOIS POETAS DE APPEULUX) CAMAItA 455 Canara fìdalgo de minha casa fiibo do Conde de Vilto Franca auer seruido quatro aoos de menino da rajnha minha sobre todas muito amadaeprexada molher e no ano de seiaceo- tos e vinte e none se embarcar na armada com que Trìstio de Mendon^a saio a cor^o a costa e no de seiscentos e trinta sendo nomeado por capi tao de hda companhia de infanta- ria do terso do mestre de campo dom Aluaro de Mello seruir nelle ate o de seiscentos e trinta e hCi em que se embarcou na armada que se foi ao Braaìl a car^o de dom Antonio de Oquendo e ficando de gorni^ao nabaja seruir alli em todas as ocajuoes que se oferecerSo com muita poatualidade e cuidado ate dous de abril de seis centos trinta e quatro em que o gouernador Diogo Luis de Oliueira o nomeou por cabo e gouernador de duxentos |nfan- tes e de secorro de moniqoes que enuiou a Pemambuco que tudo leuou por mar com gran- de risco até o porto da Camaragibe e dalli por terra ao quartel deNazaré marcbaodo vinte stnco legoas aonde assistio junto ao inimigoj^ouemando oito companhias em todas as oca- xi5es que se Ihe offerecerao fazendome particular seruido e jndosse embarcar ao porto cal- do {alias Calvo) com licenza de Matias de Albuquerque e sendo no caminlio asaltado de h&a tropa de olandezes com treze soldados que leuaua pelegar mais esfor^adamente e se defen- der com tanto valor que milagrosamente escapou com uida auendolne fcrido o cauallo e a elle em bua pema e tendo tambem consideracao ao dito dom Fadrìque da Camera se offe- rtccr a tornar a seruir ao Brazil no posto que Ihe couber ej por bem em satisfacSo de tudo fazerlhe mercS, alem das mais oue pellos mesmos respeitos Ihe tambem fix, de nOa viagem de capitio mor das naos da India na negante dos prouidos antes de decotto junho deste anno presente de mil e seiscentos e quaranta de que pagou ainco mil e dozentos reis de meja anata que se dis he outro tanto comò emporta oa direitos de sello de h(ia obancel- lana e quando ouuer de entrar na dita capitania mor pasara antao amea a nata que de- uer conforme as regras segundo constou por certidSo de jerontmo de carìncia com a qual capiiania mor auera o dito Dom Fradique da Camera o ordenado que Ihe tocar e todos OS proes e percal^os que Ihe direitamente pertencerem pello que mando ao pre- zidente e concelheiros do Conselho de minha fìizenda que tanto que ao dito Dom Fra- dique polla dita maneira couber entrar na dita capitarne mor Ihe dero a posse della e Iha deizem seruir na uagante nesta dedarada e auer o ordenado coeso dito ne sem Ihe a isso ser posto duuida nS embargo algCi constando primeiro por certidSo do officiai de corno tem pago a mea anata que deuer oo ordenado emolumentos da dita capitaoia mor e na chanceilaria Ihe sera dado juramento dos Santos euamgelhos que bem e uerdadeira- mente sima guardando em tudo meu semino e o dircito as partea de que se £ira asento nas costaa deste aluara que se cumprira inteiramente corno nelle se contem e ualera corno carta sem embargo da ordena^ao do L.« a.* titulo 4.* em contrario — Pascoal dAze- uedo o fez em Lisboa ao primeiro de setembro de seis centos e quarenta Afonso de Barros a iez escreuer etc» pedindome o dito Dom Fadrique da Camera Ihe fizese merce mandar Ihe reformar o Aluara neste encorporado com meu nome o ej assi por bem e mando se cumpre e guardem inteiramente sem duuida ne contradicao algua e este ualera comò carta sem embargo da ordena^So do 2.^ L ^ titulo 4.* em contrario e pagare o nouo direito na for- ma do requerimento — Manuel Antunes o fez em Lixboa a dezasete de majo de seis cen- tos quarenta e noue — Marcos Rodriguez Tinoco o fez escreuer — Rei Chanceliaria de D. Joao iV, Doa^des^ liv. ao.% fi. 198). IH Promessa ao mesmo de urna commendada ordem de Christo £u ElRey comò govemador E prepetuo admenistrador que sou do mestrado Ca- valarìa e. ordem do nosso senhor Jesu Christo fa^ saber que avendo reapeito aos ser- yicos de dom fradique da camera fidalgo de minha casa que foi filho do conde de Villa franca feytos por ambas as coroas antes depois da Deuizao dellas particularmente aos que obrou tanto que teue jdade para seguir as Armas, embarcandose a primeira vez o ano de seiscentos e uinte e noue narmada da costa [que] sahio a cargo de tristao de mendon^a furtado sendo no ano seguinte de seiscentos e trinta feito capitao de infan- tana do ter<;o do mestre de campo Dom alyaro de mello preseuerar no mesmo terso a the o ano de seiscentos e trinta e bum que se embarcou para o brazil narmada do so- corro que o almirante general Dom Antonio do Oquendo leuou aquelle estado beando 456 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ nelle por soa ordem em a bafria de todos os santos no terso do mestre de campo Dom ChrìstoaSp mexia bocatiegra donde o anno de seiscentos e trìnta e quatro aomeado pdlo ^oueraador do brasi! Diogo Luis de Oliveira uoltoa a preniobuco por cabo de doceotoa infentes de socorro ed aigCtas monisois por mar e chegando ao posto de Camaragibe marchar por terra muitas legoas athe o quartel de Nasareth em cujo posto asistio &hj por diante frooteiro do enemigo gouemando otto companhias tornando a marchar vinte e sfalco legoas para Porto Calvo com trese solaados que lenana comstgo se defender de hfia tropa de olandeses esfrosadamente depois de Ihe ferìrem o cavallo em que bla e a eDe em hCa Prena e proseder mais nas ocasioens c6 a satisfarò e ualor que das pessoas de sua qualidade se deuia esperar tendo a tudo consideralo e a ser respondido na corte de Madrid corno constou de alguns documentos de mais de outra merce em de- sotto de julho de seis centos e guarenta c5 promessa de hiSa comenda de lote de qui- nhentos mil reis Hey por bem fazer Ihe merce de conftrmar a que Ihe era feyta pela ma- neira refenda de promesa de hQa comenda de lote de quinhentos mil rets a cujo titolo Ihe tenho Mandaoo lansar logo o habito de Chrtsto tendo tambem respeito ao que de- pois de chegar de Castella a prasa de monsSo em desoito de agosto de seiscentos qua- renta ojto seruio nella sem soldo athe feuereiro de quarenta e none que Ihe foi ordena* do para sendr a està corte e j>ara sua guarda e minna lembransa Ihe mandef pasar o presente alvara que Ihe fares mteiramente comprìr e guardar comò se nello contem e valera comò carta posto cjue seu efeito aja de aurar mais de hum ano sem embargo de qualquer provisSo ou regimento em contrario e se cumpriré sendo Pasado pela Chan- celiarla da ordem. Jofio Caruaiho de Sousa o fez em lixboa aos vinte seis de novembre de seiscentos sincoenta e quatro. Francisco Pereira da Costa o fis escrever. — El Rey. Chancetaria da Ordem de Christo, Uv. 3$, fi. 177 y. IV Lanf amento ao mesmo do habito de Christo Dom JoSo por graga de Deos Rey de Portugual e dos Algraues daquem e dalem mar em Africa, senhor de guine e da conquista navegasSo comersio da Ethiopia ara- bla presia e da India etc. comò gouemador e prepetuo administrador que sou do mes- trado Cavalaria e ordem de nosso senhor Jhesu Christo faf o saber a uos Reuerendo Dom Prìor do convento de Thomar da mesma ordem ou a quem vosso cargo somir que Dom fradique da Camara fidalgo de minha Casa me pedio por morse que por Suanto elle dezefana e tinha deuasao de seruir a nosso senhor e a mim na metma or- em ouuesse por bem de o reseber e mandar prouer do habito della e antes de Ihe fa- zer merce e o reseber a ordem abelitou sua pesoa diante do prezidente deputados do Despacho da Meza da consiencia e ordens e juiz dellas e por que me constoo pela abeutacSo que se Ihe fez segundo forma das definisoes e estatutos da dita ordem o dito D6 fradique da Camara ter as partes e qualidades nesessarias conforme a ellaa pera ser Prouido do habito da dita ordem e por esperar que nella podera fazer muitos senii^os a nosso senhor e a mim Hey por bem e me praz de o reseber a dita ordem e por està uos mando dou poder comisao pera que Ihe lanseis o habito dos nouisos della nesse conuento segundo forma das definisoes e estatutos da dita ordem e o fareisassentarno liurO'da matricula dos caualeiros nouisos della co declarasSo do dia mez e anno e Ihe pasareis sertidSo na forma costumada e està Carta Mandareis goardar narqua que està deputada para goarda das Cartas dos habitos que os Mestres gouernadores da ordem MandSo lansar nesse conuento e se comprira sendo pasada pela Chanselarìa da ordem. Roque dolineira a fez em Lisboa aos vinte de feuereiro de seissentos sincoenta e sinco. Francisco Pereira de Castro o fez escreuer.— El Rey. Ev El Rey comò gouemador e prepetuo administrador que sou do mestrado Caua- larìa ordem de fiosso senhor Jesu Christo Mando a qualquer Caualeiro Profeso da mesma ordem a (juem este Meu Aluara for apresentado que dentro da minha Capella dos pasos da ribeira ou na igreja de Nossa Senhora da Conseisao desta Gdade de Lis- boa armeis caualeiro a D5 fradiaue da camara fidalgo de minha caza a quem bora Mando lansar o habito da dita oraem e para seus Padrinhos em elio o ajudarem man- dareis requerer dois caualeiros mais da mesma ordem e de corno asy o armares caua- DOIS POETAS DE APPELUDO CAMARA 4^7 eiro Ihe pasareis serddao nas costas deste e se comprirà sendo Pasado pela Ghanael- aria da ordecn. Roque dOliueira o fex em Lixboa aos vìnte de feuereiro de seiscentos sincoenta sinco. lìrancisco Pereira de Castro o fez escreuer. — Rey. Eu El Rey corno gouemador e perpetuo administrador que sou do mestrado Caua- lerìa e ordem de nosso senhor jesu Cnristo faso saber a vos reuerendo don prior do conuento de thotnar da mesma ordem ou quem voso carjgo seruir que frey don fradìque da Camara fìdalgo de minha caia caualleiro nouiso da dita ordem me enviou diser oue deze|ava e tinha deuasSo de viuer em teda sua vida e premaneser na ordem e nella quena fazer Profìsao na forma das nouas defìnis5es della me pedia por Merse o admi- fisse a ella por quanto tinha corrido foiba e uendo eu sua deuasao corno he pesoa que a mesma ordem e a mim pode bem servir me praz de o admitir a profìsSo e por este uos mando dou poder comisao para que o resebais a elle nese conuento segundo forma das definis5es e no Lluro da matricula e em seu titulo se pora a nerba nesecaria c6 de- clara^io do dia mez e anno e o seu asìnado della mandareis goardar no corre daspro- fis5es dos caualetros que està nesse conuento e este se coprirà sendo pasado pela CAan- celeria da ordem. Roque dOliueira o fez em lixboa aos vinte de feuereiro de seis sentos sincoenta e slnco annos. fransisco Pereira de Castro o fiz escreuer. — Rey. Chancellaria da Ordem de Christo^ liv. 38b% fi. 2a5. Carta d^ padrao, transferindo para D. Fradiaue a pensdo de 200$ooo riis^ que tinha sua irmà D. Joanna de Toledo^ por falecimento d*ésta Dom Pedro etc. fa^o saber aos que està minha carta de padrSo virem que em con- sìdera^So de auer feito mer^e a Donna Joanna de Tolledo, viuva de Dom Fernando de MenezeSf por portaria de onze de Janeiro de seis centos e sessenta e sete ; pelos serui- cos de seu marido, e dos de Dom Pedro de Menezes, irmao delle, e de Dom Antonio de Menezes, pay de ambos de duzentos mil reìs de ten^a em sua uida assentados aonde os cobrasse ; com faculdade que teria a superuiuencia delles por quatro annos para paga- mentos de suas [dijuidas, a qual mer^e nao teue effeito emauanto ella viueo, por nlo auer onde coubesse a consignacSo e mostrar hóra Dom Fraoique da Camara irmio da mesma Donna Joanna de Tolleuo por sentenza do juizo das justificaqdes oue no testa- mento com que sua irma falleceo Ibe deixou a ac^So, de ten^a refenda, aos duietitoa mil reis com a supreuiuencia dos quatro annos ; que a ella ihe estauSo concedldos e tendo respeito ao mais que por parte do dito Dom Fradìque se mais perguntou, e prò- me^a que tem de comenda. Hey por bem e me pras fazer-lhe mer^e em parte deHa dos duzentos mil reis de ten^a oue estauao dados a sua jrmS Donna Joanna de To^ledo, com obriga(^§o de pagar as diuidas que sua jrma deuer, em tanta quantia, quanto itn« porta manterem os quatro annos, de que sua |rm3 tinha a supreuiuencia para o mesmo efifelto OS quais duzentos mil reis comessara a uencer de trinta de agosto do anno pas- sado de seis centos e sessenta e outo em diante em que Ihe fis merce delles, e Ihe se* rio assentados em qualquer almoxarifado em que couberem, sem prejuiso de terceirp e Ihe hao de ser pagos cada anno, com certidao do menistro a cujo cargo estiuero dea^ pacho das merces de corno nao he prouido da comenda de que tem prome9a. Pello qua mando aos vedores de minha fazenda Ihe fa^So assentar nos liuros della os ditos du- zentos mil reis, e do dito tempo em diante despach^r cada anno em folha do assenta* mento de qualquer almoxarifado em que couberem, sem prejuiso de terceiro para que haja delles bom pagamento ; porquanto pagou de nouos direitos sincoenta mil reis que se carregarao ao Thesoureiro Esteuao da Costa da Silva folhas trinta e noue, do L.iuro de sua receita, e a outra tanta contia deu fianca no Liuro dellas folhas dezasete verso corno se vio por conheci mento feito pelo escriuSo do cargo do dito Thesoureiro e assinado por amoos que foi roto ao assinar desta que por nrmeza do que dito he mandei dar ao dito Dom Fradique da Camara, por mim assinada e sellada com o meu sello pendente, Francisco Pereira a fes em Lixboa ao prìmeiro de marco de seis ^entoi e sessenta e noue annos, Sebastiao da Gama Lobo o fes escreuer // o Principe // Chancellaria de D. Affonso VI, Doagdes^ liv. 26.% fl. 341 v. 458 ARCHIVO HBTORIGO PORTCJOUEZ VI AuctarisofSo a D. Fradique para poder transferir e legar a capitanià- mar das naus da India £u o Prìncipe corno Regente e gouernador dos Rdnos de portugal e Algaraes fa^o saber aos que este Aluari virem que em considera^So de Dom Fadrìque da Camara ser deapachado a pricneira vez com bua capitania oior de naos da India- na vagante de de- soito de Junho de seiscentos e quarenta e requerendo despois se Ihe conceder licenza por Alvara de deaanove de Janeiro de seiscentos e sincoenta e sinco para que n&o en- trando na capitania refenda pudece testar della na mesma vagante em que Ihe fora dada tendo bora respeito ao mais que por sua parte se me representou em razlo de ser hu fidalgo de qualidade conhecida e se acbar com pouca fazenda : Hey por bem de Ihe fa- Mf merce de licen^ para poder renunciar a dita Capitania mor de naos da India em pessoa sufficiente na mesma vagante em que Ihe foy dada de decoito de junho de seis centos e auarenta com fiiculdade para testar de que nas partes a mie tocar se porfo verbas. Palio que mando ao Presidente e Conselheiros do Conselho Ultramarìno que a peasoa que com este Ihe presentar estromenco justificado por que conste renunciar nelle Dom fadrìqje da Tamara a dita Capitania mor de naos da India e sendo suffi- ciente Ihe h^o passar provisao em forma della para a hir servir nà mesma vagante de desoito de junno de 040, na qual prouisSo se tresladarà est^ Alvarà que se cumprìri ìoteiramente corno nelle se conthem e ualera comò Carta sem embargo da ordenan^ao do LJv. a.* tit. 40 em contrario e pagou de nouo diretto sessenta reis que se carregarao ao tfaesoureiro Esteuio da Costa da Silva a fl. 1 17. Francisco da Silva o fez em Lisboa a 24 de agosto de 668. O secretano Manuel Bento de Sampaio o fiz escrever. — Principe. CkaneeUaria de D. Affemso Vly liv. aa.% fl. 396 ▼. vn NomeafSo de D. Fradique para gwemador do MaranhSo Dom Affonso etc. fa^o saber aos que està minha carta patente virem que tendo respeito a calidade e merìcimento de dom Fradique da Camera e aos serui^os que tem feito a està coroa desde o anno de seiscentos e uinte none athe o presente enbarcan- dose no dito anno en bua armada da Costa e no seguinte de seis sentos e trìnta seniir de capitio de infantaria do ter^o do mestre de campo Dom Aluaro de Mello athe seis sentoa trìnta e h(i que se enbarcou para o Brasil com o almirante general Dom Antonio de Òquendo e na Bahia ficar continuando o seruiso no ter90 do mestre de campo Dom ChrìstouSo Mexia bocanegra donde foi enuiado de socoro a Pernambuco no anno de seis sentos trìnta e quatro pello gouernador Diogo Luis de Oliueira donde fot enuiado de socoro a Pernambuco digo (sic) Diogo Dias dOliueira por cabo de duzentos infantes e cbegando ao porto de Camaragibe marchar por terra muitas legoas athe o quartel de Nazaret donde asiatio gouemando oito companhias e dalli marchar para porto Caluo defendendose ualerosamente de hda tropa de Olandeses so com treze soldados que le- uaua consigo depois de Ihe ferirem o canaio em que hia e a elle bua pema e despoti da aclama^&o senur na fronteira do minho desde agosto de seissentos quorenta e oito a the feuereiro de seissentos quorenta e none e ultimamente estar seruindo nesta corte de corooel de hCi dos termos della procedendo sempre com multo ualor e satisfo^ao e por esperar delle que da mesma maneira me seruirà daqui en diante en tudo o de que fot encaregado conforme a confìan^a e estima^So que fa^o de sua pesoa ; heì por bem e me pras de Ihe fazer merce do cargo de eouemador do Maranlàlo para que o airua por tenpo de tres annos e o mais en quanto me nSo mandar susesor e que aia con elle aeis aentos mil reis de ordenado o qual comesara a uencer do dia que desta cidade par- tir para.o dito gouemo que justificarà nelle pellos oficiaes e pesoas do nauìo en que for e goaara de toaaa as honras priuilegios isen^oes e franquezas preheminencias liberdades que en rezSo do dito cargo Ihe tocarem; pello que mando a pesoa que estiuer ^uer- nando 0 dito estado e en sua falla aos oficiaes da Camara da cidade de SSo Luis dem pose ao dito Dom Fradique da Camara do dito gouerno e a todos os oficiaes de guerra, DOIS POETAS DE APPELUDO CAMARA 459 jnsdca e fezenda do mesmo esudo, mando tambem que ea tado cunprio tuas ordens a manoados e Ihe obede^o corno ao sea goueraador comò deuem e sao obricados e aa* tes que o dito Dom Fradiqae da Camara se enbarque para o dito estado farà em mi- nhas mios o preito menagem )uramento custumado pelio dito gouernador de que pre- zentara certidao do secretano de estado e por firmeza de tudo Ihe mandej pasar està minha Carta por mim astnada e selada com o sello grande de nùabas armas e pagou de nouo direito sesenta e sìnco mil reis qne se caregarlo ao thesoureiro Aleizo Ferreira a fl. 3a e deu fianca a pagar outra tanta quantia Pascoal de Azeuedo a fez escreuer Lis- boa aos seis do mes de feuereiro anno de mit tei» sentos sesenta e sinco. o secretano Manuel barato de Sanpaio a fez escrever — ElRej. Chancellaria de D. Affanso VI, Doofóes^ liv. a6.% fl. Zj. vm Carta de cirurgia a Antonio Sucarello Claramonte «Dom Phelipe etc. outra tal carta de sargia nem mais nem menos corno outra quelR|lii uai neste linro tresladada e encorporada a fls. 16 de Andre Joio, de que està se |asou a Antonio (pucareilo Qaramonte, filho de Joaoe Eiucarello, italianOf morador na cidadè do Porto etc. na forma^ e foi examinado pello doctor Joao Brano Chaoùao^ men solgiSo mor e fisico nestes reinos de Portugal, e o examinou com Antonio Gon^alves e Simio Mendes^ surgioes de meu esprital real| e pello dito doctor asinada. Dada em Lixboà aos treze dtas do mes de nouembro de mil e seis centos e uinte e seis. Antonio Caruallio a fez por ìianuel Mendes dAraujo, escrìoio do cargo do dito aorgiio Manuel Maodes dArau|o o fez eacreuerj» Chancellaria de D. Fiiipe Ul^ DoagdeSy liv. 3i.% fl. 42. Os ciganos em Portugal no sec. XVI e XVII EM 1893, publicou o sr. Adolfo Coelho um estudo sobre os ciganos de Portugal, trabalho que tem valtosos dados, tanto historìcos corno linguisticos sobre aquelia na^ao. O autor lutou, ainda que o nÌo diga^ com a inaufidencia de documentos e de informa^oes. As |)rìnapaes fontes que o sr. Coelho aproveitou saò: i). Belletrìstìca; 7). Legislafao manuscrita e impressa. Os archivos consultados foram o municipal de Elvas em grande escala e o da Torre do Tombo» A data certa da entrada dos ciganos em Portugal é ignorada, mas deve ter-se dado na segunda metade do sec. XV. A primeira mengao da- tada é literarìa e deve-se a Gii Vicente que, em i52i na Farga das Ciga- naSt procurou reproduzir a linguagem usada pelos ciganos. Nas cortes de iSsS ou i533, OS povos pediram providencias que conti vessem aquella gente. Em iba6^ publicou se contra elles um al vara, que ainda està inedito mas que se encontra num livro guardado no archivo da Retalo de Lis- boa, o (jual foi incorporado nas OrdenagSes Manuelinas. Depois seguem- se as leis de ibìS e iSSy. {i) Consoante o parecer do sr. Adolfo Coelho os ciganos tiveram tambem o nome de gregos. E', porem, necessario ser cauteloso com està denomi- nacSo, porquanto nem todos estes pertenceriam ao povo cigano. Na chan- cellaria de D. Afonso V encontrei a fi. 184 do liv. 8.^ um Dominf^s de Greciaj mas o fisico Joao de Grecia, do liv. 14.® a fl. 47, nao é evidente- mente d' aquella rafa. Tambem no liv. 34.^, a fl. 212 v. se fala no mouro Azmedo Grego. Na chancellaria de D. Joao II, acho noticias de Joao Grego, liv. 2.% fl. II, e Pedro Annes Grego, liv. 6.% fl. i36 v. No liv. 2i.% a fl. 60 v. acho noticia do perdao concedido pelos parentes de Lopo Grego, filho de Estevam Grego, morador na Vidigueira, que foi morto involuntariamente por Louren^o Rodrigues, morador em Moura. Os nomes que mais se des- tacam na carta sao os de Johao Grego o Mo^eo (Mo^o?), Estevam Zor* ryo, Joao Vaz Picara (Pi^arra ?). Aires Mouro e Joao Gon^ alves Roubi- "Cne. Nos reinados seguintes até tioje é tSo facil encontrar individuos com o apelido do Grego, que me dispenso de mais. ccep^io OS GIGANOS EM PORTUGAL NO SEC XVI E XVn 461 A denominalo que nao pode deapertar duvidas é a de egidano. H na ohancellarìA de D. Afonso V, a fl. 7 v. do liv. 4.'' se encontra um Afonso do Egito. Na chancellaria de D. Joao III ha numerosas referencias a ciganos e corno nSo tornare! a tocar neste assunto^ que encetei na Retnsta i^mita^ Ita, III, Si, 121, 3i6, dou aqui os apontamentos oue tenho daquelle reina* do: liv. i.% fls. 12 V., Sa v., 229, 356 v., 337 v. (Balthasar gitano, naturai do Igito), 408 (egitianos e grecianos); liv. 2.®, i3i v»^ i52 v., 296 v.; liv. 4.% fi. 1 1 (Gaspar ciganno), i5^ v. (egicìano); liv. 5.* fi. i3i v.; liv. 6.^ fls. 190, 346 (Souto, capitao de ciganos), 408 v. (ciganos de D. JoSo); liv. 7.^ fl. 3ia V.), liv. 9.® fls. 102, 116 V., 246; liv. 11.^ fl. 39; liv. 14.® fl. i5o v.; iiv. IO-® fl- 408; liv. 22.® fl. 170 V.; liv. 23.* fl. 97 V.; liv. 24.® fl. 36o v.; liv. 25.^ fls. 324, 406 V.; liv. 27.^ fl. i39 v. ; e 5.^ de privilegios, fl. 129 (i). Como ji disse as providencias sobre os ciganos sao numerosa». D. Ro- drigo Pinheiro, bispo de Angra e governador da Casa do Civel pedia a D. Joao III medidas para os conter : clenbro a V. A. quao prejudyciaes ssao OS QTganos no rreyno ne nesta cidade polos grandes rroubos que fa- zem e danos em wnhas e olyvays». (2) Està queixa nao é datada mas deve andar por 1549 a i55i, annos de que ha documentos datados do bispo governador. (3) Do reinado de D. Sebastiao reproduzo aqui 39 documentos que dizem respeito aos ciganos. Entre elles avultam pela sua importancia o n.^ VI que trata de Joao Giciano, naturai do Re/no de Cresta e o n.® XXXV, que fala de Joana de Grecia, sogra de um cigano. Este ultimo documento prova-nos o parentesco, se nao a identidade dos grecianos e ciganos ou egicianos, denomina^Ses que talvez até se refiram a trìbus diversas. O doc. IX é nSo menos importante por nos dar noticia de um greciano que protesta contra a sua inclusao entre os ciganos. O que encontrei nos perdSes de Filipe I sobre os ciganos fa està pu- blicado. (4) O unico merecimento legalmente comprovado dos ciganos nSo parece ter sido outro do que o militar. Thomé Pinheiro da Veiga exigiu em 1646 para o filho do cigano Jeronimo da Costa, morto na batalha do Montijo, o foro de cavalleiro fidalgo, contrariando o despacho do secretano das mer« cés que so Ihe promettia um officio mecanico. Esse parecer foi reproduzido pelo sr. Coelho, a pag. 240 do seu trabalho e a mercé criticada encontra se no liv. I das Portarias do Reino^ a fl. 343 v. Tambem acho noticia do ca* pitao Francisco d'Almeida Sigano. (5) Ao cigano Jeronimo de Almeida foi em i65 1 passada carta de naturaliza^ao, em virtude dos servii os que tìnha prestado na fronteira. (6) (1) No livro 44.<» do Promoter da Inquisi^So de Lisboa, a fl. ^i encootra-se mencio de urna cigana. No processo n.* i i.aio da Inouisi^So de Lisboa em data de i5^2, trata-se de BastiSo da Silva, cigano, naturai do Faial, nlho de Amador da Silva, ferreiro, residente em Sergìpe. i%) uaveta 18, mafo 5, n.** 4.* (3) Sr. fìraamcamp Fretre, BrasÓes; III, p* S17. Ì41 Reinsta Lusitanm^ III. 5) Pkdaite e VaacanceU^if Hitt^ria de SmUm^em^ pg. 1 14. (6) Chancel!ana de D. JoBo IV, liv. i5.% il. 33 1. 462 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Involuntarìamente as autoridades portuguesas alcauf arain para os ci- ganos urna vasta regiSo, onde à vontade se poderam propagar. A todas as Sartes a que os portugueses chegavam nos seus descobrimentos, elles tam eixando exemplares pouco recommendaveis da criminalidade. NSo houve colonia nenhuma em que nao lancassemos productos degenerados que comprometiam o nome portugués e anarchisavam as rela^es sociaes dos indigenas. Processos diversos foram em parte os empregados pelos ingle* ses, com o que obliveram^tambem resultados diversos e incomparaveis. Na maior parte desses pontos os portugueses nao passaram da primeira geranio, mas noutros corno no Brasil tanto elles conio os ciganos transpor- tados em massa, proliferaram estrondosamente. A bibliografia sobre os ciganos naquella parte da America conta alguns trabalhos e no citado li- vro do sr. Adolfo Coelho ficou-lhes consagrado um capitulo. No voi. X dos Annaes da Btbliotheca Nacional do Rio de Janeiro^ pa^. 552 vem urna lOrdem por cjue o Ex."® Sr. V. Rey concedeo licenza a Luis de Sousa e outros, todos siganos e moradores em Fernambuco, para ircm morar a Scrgjrpe de ElRey». O Archivo Federai j no seu quarto amio dà tambem noticias curiosas dos ciganos. Por ultimo tambem aoui reuno a seguinte noticia que encontrei vlO Estado de S. Paulo^ de io de maio de 1908: — LSmos no Rio Pardo : Acha-se à sombra da cadea publica um rancho de ciganos, em numero de 32 pes- soas, entre adultos e crean^as, de que é chefe o conhecido major Caldino Gaivao, que jé esteve arranchado nas cercanias desta cidade, de onde as autoridades o compelUram a desterrar«se. Em poder desses zingaros foram apprehendidos 18 animaQS, constando que dois fo- ram arrebatados violentamente por elles a JoSo Carlos, delegado de Caracol. De passagem por està cidade, com destino à cidade de Passos, o alferes Egydio Rosa, da poUcia do Estado de Minas, informou ao dr. delegado de policia que a malta de ciganos do major Caldino Galvio, ao ser perseguida em S. Bento de Sapucahj-mi- rìm, resistìra a escolta, matando tres soidados. Accrescenta a informando daqueila offi- ciai que o «major» dos ciganos é cumplice etn outros crimes de morte e a uè vae em dilìgencia, com dez pra^as, afim de capturar ciganos pertencentes a malta do «major» ou parentes delle. E^tlo presos Caldino GalvSo — o major — e seu fìlho Claudino CalvSo. que a seis annos atraz foram absolvidos pelo jury desta comarca por delie to de furto ae animaes. — Caldino Galvao contratou advogado para requerer habeas-corpus a seu favor e de sua gente. Alem dos documentos que vao no final do artigo reproduzo aqui a parte da Parca Festival que se repre:{entou em o sitio de N. S. do Caho na occasiao da chegada do sirio de Lisboa^ na parte que diz respeito i dan^a das ciganas. Julgo que o autor seja Pr. Lucas de S. Catharina, bem conhecido pelas suas publica^Ses. O ms. pertenceu à Livraria de S. Francisco de Xabregas. Poem-se a parte os Fulioins e sahe a Danga das siganas. ìM AbujardSo 1 (1) meu Saminho ! s.* : Padre da minha Alma» Eu venho a dìzer Ihe a buenadicha. (1) Teri està esclamarlo aiguoia rela^So odm buchevron «« tiro h Vid, CodhOj Os iganoij pag. ao. OS CIGANOS EM PORTUGAL NO SEC XVI E XVH 4^ 3,* : Careste ! Pareste 1 De-nos is SyganittaSf meu Anjo que està Cara està dicendo, que he muy liberal. Donato : Hégora antes Cornelia, por certo se ngo a minha pouzada a minha Bol9a defendo balhe[m] vo^es aqui; depois ha de arder a Santa, andemos. /.* : Ay meu Princepe, boas nouas te de Deos 1 mostra primeiro està mio. Donato : Ella ahi tens, que vale por duas de gesso /.* : Tens bua vida muy larga. Donato : Os que està minha professio nunca a tiverSo muy curta ; Quem come bem, e a seu tenpo Sem trabalho^ e sem desgoste e finalmente, sem pejo nunca se vio que morrese salvo enfadado de velho /.■ : Tens bua grande fortuna Donato : Sim tenho bom cosimento. i.« : NIo zonbo I Por esses olhos Ibe digo, que tem bum Enprego. Donato : He verdade bua Frasquejra que hontem conprey a bum rlamengo. /.* : Pois Eu sey abonde Ibe <^uerem Donato : Donde dou o meu Dmheyro /.* : E agora anda com bum cuydado mas ha de alcan^ar Donato : Sim Espero Se muy da minha Algibelra tiver bum Alcovìteiro. /.• : Nio zonbe da Ciganita Que eu sey Quem està morrendo por bo^e. Donato : De ser fome e ciem que sou Payo, e tenrro. a." : Ora di as Siganitas algua couzlnba. Donato : Vejao vo^es Se a tenho na mam que na fìol^a nfio a tenho. /.* : óra nSo seja mesquinho. Donato : Filhas que he Isto 1 Eu sou grego ? nSo vistes na mam, que nada )he cahirà por entre os dedos. X.* : Madre de ueos I Como he escalo Com as Mulheres I Como he peco 1 Donato : Senio he isto a estas horas tem provado, que sou nes^io X* Olbem me o Padre de Deos Como nos sabio 1 Donato : Balbemos E dexemos siganices. /.* : Ora nÌo he cavalheiro Donato : Isso me fahava agora por- me de Peruca, em termos de nio poder entrar nunqua Em Taverna ou Pasteleyro 1 4^4 ARGHIVO HISTORICO PORTUGUE e hir dimoiar na Cabana. Figas ! nSo dao no Segredo Devono sira ; mas Maroto Nao ha Oficio no Reyno Como andar com hua fìa^ia barbeando reais e meyos /.* : Aqui nSo ha que aranhar Mo^as balhar e haviemos — Baylào Donato : Isto me parere bem * por nSo gastarmos o tenpo /.* : Ha May Jeronima, ha Honrra do Padre Donato : Gouza he por certo que nio sey se tenho, andar ao menos tenho porveito que este saco he apertado, e n3o cabem dous ca dentro. Balhao corno mil Demonìos digo que, daqui as aceyto para a festa ; mas contanto que, nem, por sonbras, me pe9ao que voces com a buena dicna É Eu co a Bacia que he o mesmo nio pode ser ! Que num Bayrro dous siganos nSo cabemos /.* : Mocas a ladrSo nSo furtes 2." : Nos tinhamos o Pam certo P&em se à parte as siganas e sahe a Danga de Manoel Trapo. (i) Os ultimos documentos adeante publicados, estrahidos de livros do Desembargo do Pa^o, servem de fonte para o estudo da provisao de 1694 e da lei de 1708, estampadas pelo sr. Adolfo Coelho na sua obra. Pedro a. d' Azevedo. DOCUMENTOS I «bom sebastiSo etc. a todolos corregedores. ouvjdores, Jujzes e Justi^asi ofìciaes e pesoas de meus Rejnos e senhorjos a que està minha carta de perdi for mostrada e o conhecimento dela c5 djreito pertécer saude fa^o saber que pero aluez, dom)ngos Rodrj^ez e bertolameu bras presos na cadea da ujUa de no^eira me eyiarS dizer por tua pid^ao que eles fora presos e acusados pela Justica por dizer que sedolhe madado guardar hus tres cyganos presos na cadea da dita vylla que vyahS de concelho e con- celho OS quaes dous deles hia degradados por sejs anos peras gales cada huu • s • fran- cisco moraes e seu fìlho francisco moraes e outro francisco gitano por dous anos por ladroes Ihe fugirS da cadea tirando taboas do sobrado de cjma e lasSdose por hùa Ja- nela pelo qual caso saira condeaados pera afriqua por dous anos cada hu deles c6 pre- gio na audiencia e por que eles eri homes muito pobres e avya multo ^oe estava presos e nao tjnha ppsebelydade pera jr coprjr seu degredo e era casados e tjnha fìlhos que ihe fìcarja moredo a tòme me pedia ouuese por bem perdoarihe o dito pregao da audjencia e degredo e darjam pera as obras pias o que eu ouuesse por meu seruji^o por que no caso tiuerS muito pouqua culpa e o vereador que Ihe ftregara os presos Ines (1) Aféhivo da Torre do Tombo, Codice 109, fi. i58 v. OS CIGANOS EM PORTUGAL NO SEC. XVI E XVII 465 etregara c5 a porta fifechada dizedolhe que flcavSo co algemas e coremte nSfo^fìcado eles asy na verdade e Receberja merce e eu vedo o que eies suplìcantes asj dize e pe- dir ^viarSo se asj he corno eles suplìcantes dize e hy mais nao ha visto hu meu aluara por mjm asynado e passado pela chancellaria de que o trelado he o seguiate : ^ Desembargadores do pa^o Amygos a vedo Respeito ao que dizem na pyti^So atras esprìta pero aluez, domjngos roiz e bertolameu diaz fsic) presos na cadea da vylla de nogueìra cy por bS e me praz de Ihes perdoar e os Releuar dos dous anos de degredo pera afirjqua e do preg§o aa audiencia e que cada hG deles diz ser codenado pelo caso 4a fugida dos presos de que e sua peti^So fazS m^^ao e isto pagado tres myll jeaes so- mente pera a pìadade • s • mil reaes cada hG o ^ue asy mt pjaz visto corno eri goardas e nao caserejros e o que se mostra por a semteca de suas cÓdena^des que apres^tarSo e comò s3o pesoas pobres mSdouos que mostrSdo eles corno te pagos os ditos tres mil reaes e ficara caregados Ì Receita sobre o meu esmoler Ih e pases carta de perdSo S forma dos ditos dous anos de degredo e pregio na audiencia na qual carta se treladara a dita pyty^io asj este aluara. dio^o fernandez o fez esprever e por auato eles soplicantes ja te pagos os ditos tres mil reis • s • mil reaes cada hG a Pero aluez Ifdim meu esmoler segundo delo fuj certo por seu asjgnado e por ou- tro de pero gomez^madeira thesoureiro de mjnha capela e scripvS de seu cargo que os sobre eie caregou e Receita vos mando que daquy e diante nao procedaes contra eles suplìcantes t£ os prendaes ne mSdes prender ne Ihes facaes ne coosyntaes fazer mail ne outro algQ desagujsado quato he por Rezao dos dous anos de degredo pera afriqua de cada hGu e do pregSo da audiencia que dizem e sua piti^ao por que mynha merce e votade he de Ihes perdoar e os Releuar do dito degredo e pregu§o pela maneira so* bredìta. conprjo asy e ali nao fa^aaes. dada na cjdade de lixboa a xiii)*' dias do mes de mayo el Rey nosso sefior o madou por os doutores cristova medez de carualho e gas* par de figueiredo ambos do seu conselho e seus desebargadores do pa90 e pvtic5es pero martjnz vagueiro a fez ano do nacymento de noso senhor Jesu Xpo de bHxDJ anos topo Roix camelo a fez esprever. Ltv. 2.* de Legitimofóes e PerdóéSy fi. 104 v. II Doro sebastiSo etc, a todolos corregedores, oui^dores Juizes e Justi^as oficiaes e pesoas de meus Reynos e senhorjos a que està mynha carta de perdao for mostrada e o conhecimento dela ed djreito perten^er saude fa^o sa ber que pero baregao morador na Yjlla de panovas me eviou dizer por sua pitica que servyndo elle de allcajde e case- rejro na dita vylla este Janeiro pasado de mil b<^]xb) anos aos xiii j* dias do dito mes Ihe fora etrege preso e feros hu sygano per nome joam moreno o qual vynha por corej^ao de conceiho e concelho degradado por hu ano pera as gales e tedo ho eie soplicante e feros na coremte e ferolhado o dito sygano aquela noyte que ihe fora etrege quebrara OS trebelhos e fugira e eie suplicante tamto que ho achara fugido da dita cadea poserà muita deljgecia e o prender e o buscar e o etregara preso a Justi9a omde ora estaua preso lyuradose da dita fugida comò se mostraua pelo auto da sua prisào aquy Jumto e comesaua as folhas cymquo ate acabar as folhas oyto me pedia eie soplicante que avedo Respeito a cadea da dita ujlla ni ter grades e ser a casa domde eie propio 00- raua e o dito sygano quebrar os feros e eie por muita delygecia I o prender e^ora es- tar preso e eie ser home pobre e adar omiziado pela dita causa ouuese {Kir be de Ibe perdoar lyuremente^ a culpa que tiuera na fugida do dito preso e Receberja i»arcee cS a qual piti^So apresetpu he publico estormento de auios e certidao que dizia ser feyto e asynado e publico por bertolameu daRouqua tabelliam publtco na dita vylla de pa- noyas ao pnmeiro dia do mes de julho deste ano presente de mil b.* Ixbj anos pelo qual se mostraua eie soplicante por sua Industrja tornar a prender o dito sygano e estar preso a b$m Recaao segundo mais largamente no dito estormcnto era cótheudo e eu vedo o que me eie soplicante asj dizer e pedir eviou visto hu praz me asjnado por o Li- cenciado francisco diaz damarall fìdalgo de mynha casa Jo meu conselho e meu dese- bargador do pa^o a que pera elo tenho dado poder se asy he comò eie suplicante diz e hy mais nSo ha querendolhe fazer ^a(;a e mercee ey por be e me praz de ihe perdoar e o Releuar da culpa da fugida do sjgano que ihe fugio lyuremente visto o auto publico que hoferece de corno o tornou a prender e os Jujzes de panoyas e os dalualade fa^io . 4^ ARCHIVO HISHORICO PORTUGUEZ logo traser e tragSo o dito sjsano c6 suas calpas e carta de guia a cadea dallcacere e dah) as justi^as dallcacere e de setuuel por tamto vos mando que daquy e diale nSo pro9edaes contra eie soplicaDte nS o prendaes nS tnldes prender ne Ihe faf aes nS con- symtaes faxer mail ne outro algQ desagjsado quSto he por Rezao da culpa que teue na fugida do sygano que diz e sua piti^So por que mynha mercee e v5tade he de Ihe per- doar e Releuar da dita culpa pela maneira sobredita e pore este perdao Ihe ni valha chamSdo se o dito prezo as ordes ou jmonjdades da jgreja sobecedendo còusa de noao depojs da fugida per que deua a eie ser Remetida nSo o deuendo de ser se a eia se cha- mara amtes da (Uta fugida compryo asy e al nlo fa^aes dada na cydade de lixboa a xj _dias do mes de julho el Rej noso^sefior ho mSdou por o Licenciado francisco diaz do amarall e pelo doutor christov& medez de j:arualho ambos do seu conselho e seus dese- bargadores do paco e pvti^oes pero martiz vaeueiro a- fez ano do nacvmento de nosso scnor Jesu cristo de mil b*lxbj lopo Roiz camelo a fez esprever. Cada nu Jujz das ditas vyllas o farà trazer a b6 Recado a cadea da corte c6 breujdade. Liv. a.* de Leg. e PerdSes^ d i55 r. m Dom Sebastiam etc a todollos corr^edores, ouujdores, Juizes e Justi^s de meos Reynos e senhorìoa A que està minha carta de perdSo for mostrada e o Conhecimento aefla c6 dereito pertencer saude fa^o saber que diogo lopez nesta cidade morador e que sanie da mejijnno da correi^o de viana e ponte de lima me enujou dtzer per sua otti- fio qua seruiodo asy de meyitnho querendo pruder hGs ciganos per mandado do Cor- regeoor da comarca os ditos ^gaoos Ihe ResjstìrSo onde na dita KesjstScia hu home da Justi^ seu matara hG dos ditos ciganos pello oue o soplìcante fora preso S hfì lugar de pica de Re«allados e fora entregue a dyogo da costa escriuSo da corei^So pera dalj o leuar a cadea de ponte de lima e |ndo solto no caminho o soplicante Ihe fogìra e por sua propria vootaaa sé fora meter no castello e cadea de bra{;a logo no proprio dia e iato por nio ousar de )r a cadea de ponte de Ijma por ter mujtos Jmigos e temer que o matasf no quali castello o soplìcante se detremmoa por € lioramento e se mostrar nS culpa me pedia aveodo Respeito ao oue dizia ouuese por b€ de Ihe perdoar a culpa que tioera na dita fonda e que c6tra elle se nao procedese e Receberya merce E en vendo o que die sopilcante ah} dina e pedir me f nyou se asy he corno diz e hi mais nSo ha e querendothe fiazer gra9a e merce uisto huu praz me asynado pello doutor tiHppe antunez fìdallgo de minha casa do meu conselho e meu desembargador do pa^o e pe- tif6es a mi pera elio tenho dado poder ey por he e me praz de Ihe perdoar e o Relè- uar da coilpa da fogida de que Ì sua piti^io fez m&8o pello modo que S ella declara e pagare quatro^mtos reaes pera as despesas da Rella^So e tomara carta de seguro da dada desta a tnmta dias pera se liurar do caso ou casos per que estaua preso ao tempo da fog{da ou mostrerà come he liure por sentenza tyoal e por quanto elle pagou os ditos auatrocentoa reaes pera as despesas a misuel Roiz Recebedor que he do dinheiro pera as itas despesas applicado segundo ddlo niy certo per hCiu seu asynado e por outro de balltesar de freytas escrìuio do dito carrego que sobre elle os carregoa e Receftajos mando qua comprindo ette o que dito he dahy S diante o nSo predais ne raideis predar n( the ncais ne cOsfntais fazer mal n€ outro alIgCiu desaguisado quanto he por Resfo do contendo € sua phtcSo e ( està minha carta declarado porque minha merce e von- lida ha de Hio asj perdoar pello modo que dito he o que asy conpr^r e ali nio fa^s dada neata cklada da fizboa aos deiasete dias do mes de junho EllRej nosso senhor o manéou peflos dontores fellipe antunez fydallgo de sua casa e crlstovao medez de car- uaiho aoibos do seo conselho e seus deaembargadores do pa^o e peti^Òes atonio (^inheiro a iea aiHio do nacymento de noso senhor Jesu cristo de miì b^lz} annos. luis fellgeira a fis escreuer. Liv. 4.« de Leg. e Perióes^ fl. 317. IV Dom Sebastiio etc. a todollos Corregedores, ouuydores, Juizes e Justi^as de meus Reinos e Senhorios a que està minha carta de perdio for mostrada e o conhecimento della c5 direito pertencer saude fa^o saber que dyogo lopez morador na minha cidade OS CIGANOS EM PORTUGAl. NO SEC. XVI E XVH 467 de lùboa e caualeiro de mioba casa, meyrìnho da corei^So tie viana de fox de liina oia eayou diser per sua piti^io que huus cìganos Ihe fezeri bGa Reaystea^ seraindo eUe de meirìnho por onde hliu seu hoinf matou huudelles qOe o sonlicaote lo^o predeo e por o dito caso outroiy prenderlo ao aoplicante e o entregarao a ada taballiao pera dahyo leuarS a cadea de ponte de lyma e por o soplicante se temer de ir la por ter nuiytoa InoigoB Ibgio da casa do dito escrinSo ou tabelliaam a que era entregue se quebrar fer- ros ne os trazer n^ portas ne cousa allgua e elle mesmo per sua vontade se foy roeter na cadea de braga e m^ pedia por merce oue avendo Respeito ao que diz aja porbSlha perdoar a cullpa que teue na dita fo^ida E eu vendo o que me elle soplicante asy dizer e pedir enuiou se asj be comò elle diz e bj mais nao ba visto hCEu praz me asinado nello doutor fillipe antunez do meu conselbo e meu desembargador do pa90 e queranoolbe hter gra^a e mer^e tenbo por b£ e me praz de Ihe perdoar e RelleTar da cullpa da fo* gida oa cadea de que e sua piti^io faz m£^o pello modo que S ella dedara e pagani quatrocentos reaes pera as de&pesas da Rella98o e por quanto elle pagou os dttot quatro- fentos reaes a miguel Rotz Kecebedor das penas apllicadas pera as oespesas da Rella^ segundo dello fiiy certo por hCiu seu asynado e por outro de oaiitesar de frejtas escryuSo de seu carego que os sobre elle pos e Receyta vos mando que daquy S dyante o nSo constrangais ni no facais constranger pello dito caao da fogtda por quanto minha merce e vontade he de o Reileuar e Ibe perdoar minba Justica pelle guisa foi cofìrmada e sedo nele feita ezecu^Io da pena vili e baralo e pregio foy midado traxer a esu ci- dade pera de la jr cSprjr seu degredo e amtes de eie soplicante ser codenado pelo dito liuto o dito Juia dise por eie ser estrangejro e dizer que i^ podia Sdar pelo Reyoo o c6denou a pena dacoutes e midou faser ezecu^So por onde nele foy duas vezas feyta ézecu^So a qua estando pera ser trazido Requereo ao dito Juiz que eie era aleyjado a que nio era pera as gales que ho midase ver Respondeo que qua avia de ser prouydo que ho Requeresse e por que eie he aleijado da mio esquerda e a nao podeJt>olyr que a tem djreita e dedos pera Ihos cortarem me pedia por merce que pois eie nÌo he pera as gales nS nelas serujr por causa de sua aleyjao e asy ser home velho de satemta e cymquo anos e a ter catorze fìlhos ouuesse por bS de Ihe comutar o dito degredo de dous anos que te pera as gales pera outra parte por quato he estrageiro e mada que ho Reftedor ou govemador o vejao e visto seja mudado pera omde eu ouver por bem a amte da Ihe dar outro algG despacho madey que ho Gorregedor symio cabrali visa 0 sopUcante e c5 ha fiajquo e hù solurgiam raeu fizese exame da aleyjio de qua òa me- S'd e do que achase nzese auto e viese co eie a mesa do despacho doa deseoargadores pa^o pera c5 sua eforma^io o prouer comò fose Justica ao que fuy satisfeyto e eu vedo o que me eie suplicante asj dizer e pedir eviou visto hu parere c5 meu pese se asy he corno eie dia e hy mais nio ha querendo Ihe fazer gra^a e marce visto a delige- cia qua per meu midado foy feita aserqua de sua aleyiio tenho por bem e me praz de Ihe GOQMitar OS dous anos de degredo e qua diz que he codenado pera as galea e tres anos pera o brasyll vos mido que sondo eie leuado na forma acostumada a seru|r oi ditoa «i^oatro <5iig/anos de degredo ao brasyll Ihe nio facaes ne consymtaes fazer outro desagu|sado quato he por Rezam dos ditos dous anos e que pera as galea foy codena- do por quito mynha merce e vomtade he de Ihe comutar pera o brasyll nos ditos qua- tro ^ic) anos pela suìsa que dito he dada na mjnha ctdade da lixboa a bj dias d3 mes de deaembro de 1 b* Izj e feyta nela a xiz dias do mes de Janeiro ei Rey noso senhor ha midou pelos doutores ffelipe itunes e cristovi medez de carvalho fidalrós de sua casa Amboa de aa« cenaelho e seus desebargadores do pa^o Jerooimo luis a fez ano do na- cyoMDto de noso senhor Jesu cbristo mìU b« lzi| anos. Livro 6.* de Leg, e PerdSeSj ù, i& (1) Burros. 1 il A InquisigJo em Portugal e no Brazd UVROI IX As cienuncla$5es da Inquisicio de Lisboa (CoHimsado ie pag* i85J • •« No dia i5 de Fevtrdra de i55o compareo«u Aleixo Rodrìguesy tipatetto, qp/t dentiti* cìoo Be«|rìx Cardoso e suas filhas Violante Nunes e Isabel, parentat do Bacherei Car- do§Qj loesire de grammatica, por guardarem os sabbados, accenderem candjeiat na note de 6k* (eira e nio irem A mista ao dominga (i) No dia 26 compareceo Leonor Femandes. mulher da teuemunha enterior CVLJO dt- poimento coofirmou. As denunciadas sto de Lamego, mas vivem em Lisboa. ■ * No dia I de Mar^, na presenta dos Licenciados Ambrosio Campetto, Jorge Qpa- f ahres Ribeìro e Martim Lopes Lobo, deputados da Inquisi^io, compareceu Alvaro rtf' nandes, sapatetro, que trabalhou um mes em casa de Aleixo Rodrìgoes, cnjo depoimento CQnfiraM>u. No dia IO compareceu Antonio Fernandes, sollicitador do Santo Officio, mandado a casa de Aleixo Rodrìgues, para espreitar o que faaiam Beatris Cardoso e filhas, es* pondo drcumstanciadameQte o que eììas fizeram nalguns dias, que confirmava os de« poimentos anteriores. No dia 1 1 compareceu Fedro FernaadeS| sollicitador do Santo Officio, maodado na mesma missSo da testemunha anterìor, cujo depoimento confìrmou. No dia a4 de Alarlo compareceu Aletxo Rodrìgoes» sapateiro, que disse mais (lue as suas visinhas denunciadas vestiam camisa lavada aos sabbados e lu 6.* feira faxiam as camas de layado. No dia ao compareceu Jolo Gago, encarregado dos presos que estSo no collegio da doutrina da &^ que fot espreitar a casa de Aleixo Ribdro, encarregado pela Inquisi^So. e que vio guardar os sabbados a Beatriz Cardoso, que )i cinha estado no Collegio da Fé e as filhas. No dia 10 d*Abril compareceu novamente Antonio Femandes, sollicitador do Santo Officio» que novamente foi enviado a casa de Aleixo Rodrìgues, para ver 0 que as suas ▼isinhas nuiam na noite de sexta feira de £ndoen<^as. Item Fedro Femandes, tambem sollicitador do Santo Officio. (A margem està a oota segnate : /ora presos esias breoH^ cardosa e suas filhas por estas adpas e ouiras). (i) Està denuncia e as seguintes sSo de diverso codice dee anteriores. 470 ARCHIVO HISTORIGO PORTUGUEZ No dia s8 de Junho compareceu Jorge Henriques, mouiisco^ escudeiro do cardeal D. Henriquef qua deaunciou FernSo de Castro, chrtstSo novo que eati em casa de D. Diogo de Castro, e JoSo de Sé, mourisco forra, por terem dito que aos mouros que se coavertiam os afoutaTsm e cortavam as orelhas. No (Ka sor de Jf Ihp coaipareoou Lfuafa Mendes, loulher nourisca, que ^enuncioa Jof o Louren^o, seu amante, que disse que a havia de levar para terra de mouros, a im- pedia de iejuar, e a mourìsca Leonor que coro JoSo Louren^o estiverà amantisada. No dia 1 1 fot chamada a moarisca Leonor que confirmou o depoimeato anterior. (A margem asti està nota: fera presa isies motinscosj. No dia 18 compareceu Mld^aeMa'FenHmdaa mb dMbe ter ouvido a um homem que aio coohece negar o milagre de Chrìsto de com i pàes alimentar 5ooo pessoas. No nesmo dia compareceu Ixabe! Femandes, irmi da testemunha anterior, cujo dapoimeoto coofimon* No dia IO de Setembro compareceu o Doutor Paio Rodrigues de Villarìnho (i) mas- tre em The<^k>ffia e cathedratico da Unhersidade de Coimbra e denunciou Fr. Sebas- dio Toscano, da ordem de Santo Agostinho por, num sermSo, que prégou na Gra^ deaote dTl-Rei, ter dito que depois di Chrìsto nenhuma cdma era tSopemiia emgra- aie em virtudes corno a de Santo Agostinho, Tambem deaunciou o paar^ Valendo» eu ValeocòiSdu frandscano e prégador, por ter dito num serroSo que os meninos fu rem sem kaptismo nSopadecem, por ter dito que Nossa Senhora ttnha ntatorpoder fcr^em aue fis sacerdoies porque os sacerdotes oonsagram o corpo de Christo ae ìhs* tancML alnea e Nassa Senhora consagrou-o da sua propria. No floasno dia compareceu Mestre Alvaro da Fonseca (s) mastre em Theoloaù, qua confirmou, com ligeira variante, o testemunho anterior. (A mai^em ha a nota: Re- /(onciliadas. Nò dia 16 compareceu Jorge Pires, tosador, e disse ter visto preparar nm peto as- weàOf em dia de jejum, para casa d'uns ingleses. No roesmo dia compareceu Pedro Gon^alves, alfaiate, que confirmou o depoioKnto anterior. No dia 17 compareceu Catharìna Alvares, criada da casa onde estavam os iodeces denunciados, e disse que n8o era um pato, mas um frangilo e que era para um doen- te. (Fot chamado o dono da casa e admoestado; dij a nota). Neste mesmo dia foÌ chamado a depdr Izabel Henriques, fomeira em cujo forno se assou o frango, confirmando o depoimento atraz. No dia 19 de setembro compareceu Mestre OUnedo, mestre em Theologiaf qua confirmou os depoimentos de Paio Roiz contra os prégadores Toscano e Vdeacoula. (A nota dia: Amoestard-se estes pregadores petto Cardeal Infante nesso SenkorJ, No dia 4 de Setembro compareceu Pedro Luz Monteiro, filho de Alvaro Lui e ca- valleiro fidalao da casa d*El-Rei, morador em Setubal, que disse ter estado em Fran^ no collegio de Bordeus e d*ahi foi para Paris, para o de Santa Barbara por oportnguez Francisco de Lucena, agora na India, Ihe ter dito mal do de Bordeus. Quando di^ou (1) Era lente de Escriptura, comò pode ver-se em Theophilo Braga, HisSoria da Uniyersidade^ tomo II» pag. 689. Foi principal do Collegio real das Artes e Humanida- des. (a) Idem, comò 0 anterior, lente de Escrìptura. A INQUISigXQ EM PORTUGAL E NO BRAZIL 471 a Paris d!sse-Ibe Mestre Diogo de Gomreia, o velho, que lòlgasse dt nSa iìcar em Bor- deus por dizerem que là havia muìtos lutheranos, e que muito Ihe pezava terem iido de là chamados por el-rei para Coimbra. Disse que em Bordeus tinham sido seus professo- rts Mestre Joao da Costa^ Diogo de Teive e Jorge Bucanano* Que^ indo d^inna Yes a Flaodres para buscar dinheiro, fóra seu companheiro D. Lopo d*Alroeida, irmSo do.Con- tador-mór, estudante em Paris, e por elle iBzer urna reverenda à cruz Ihe tinha dito D. Lopo ^e nao servia de nada tirar barreie a santos^ se rìra dos seus temores do pur- Satorìo, negando-lhe a resis tenda, fallando contra a confissSo^ jejunS|j>oderdo.papa, ìzendo que os bomens de talento segufam a seita lutherana corno eram es j^rofefsore^ da Universidade de Bordeus, Mestre Andre de Gouveia e seu frmSo Antomò de Gou- ▼eia, qoe tinha casado em Franca, Mestre JoSo da Costa, Mestre Diogo de Tefre, e Mestre iorge Bucanaoo, e Antonio de Barros, filho de JoSo de BarrQs, fettor da Casa da India. D. Lopo d*Almeida convivia de perto com os Mestres mencionadòs è em Pa- ris com OS sobrìnhos do bispo de Tanger. A testemunha conviveu em Paris com AcM* les Esta^o. £acontrandomparecea JoSo Feraandes que fez d^oimento eguaL (Nòtt: NSo ufe^nadaj. No dia aj^ compareceu Meatre AntSo, prégador da Concei(Io que disse que Femio Lopesi yi^tfio da Concei^Soi Ibe tinha dito que as Freiras de Tornar» pelo natal, nlo diaao^ mais que urna missa. No meamo dia foi chamado André Francez e disse ser verdade que sua ftsnS se fi5ra confaasar a um padre que Ibe disse que tornasse primeiro o Santo Sacramenta No dia 1 a de Fevereiro compareceu Fernffo d'Alvares. barbeiro» que denundou um chrìstSo novOf Diogp Tbomas, e a mulher, por ter chamado a Nossa denbora, nassa Ce- gonha ; guardam os sabbados. No dia tSgompareoeq, Antoni» Feniandas, cereeiroi que oonfimou 9 di^oimento contra Diogo Tbomaz. No naamo dia compareceu Beltrfo Rodrignes que disse ter ourido a Femio d*Al- varas o sei; depoimento, acrescentando que j& tinba visto trabalhar ao sabbado a E^oga Tbomai. No mesmo dia compareceu Joio do Souto, barbeiro que confirmou o dep(Hmento anterior* No meamo dia compareceu Lourenf o Dias, barbeiro» que disse que Diogo Thomas nio trabalhava aos sabbados. No dia 14 compareceu Amador Lopes e disse que Diogo Thomas nSo trabalhava aos sabbados (Na margem ha um despacno da Mesa dizendo que se nSo procedia, mas qne se devia vigiar o Oenundado). No ultimo de fevereiro compareceu Leonor Femandes que denunciou um inglez que detoiUa oa herejas. No dia 4 de mar^o compareceu o frances Guilherme Oudebert, mercador, e estando presente Joao de Paris» que ht relogios de marfìm, (interprete) o qual tem a tenda no Arco dos Pregos que ouvira o francex» atraa denunciado» dtzer, entre outras cousas» que o que se alevantava nio era Deus. Estava presente um firancex mercador, Jacques Niverte. No mesmo dia compareceu Simio de Paris, (ourives) ostando presente o interprete J. de Paris» e disse que confirmava o depoimento anterior. No mesmo dia compareceu Antonio» francez de na9So«ouriyes, (interprete J. de Pa- ris) que confirmon o depoimento anterior. Nota: Foy preso e pemienciado* No dia IO de mar^ compareceu Cbristovlo de Leiva e denundou Manuel Nunes, christio novo que veio ha pouco de Africa» por ter foUado contra a confissSo. No mesmo dia foram chamadas as testemunhas citadas pelo denunciante atrax» cuìo depoimento confirmaram. (Nota: Fox preso e solto sem penitencia ; depois foi preso pelo mau peccado.) No dia 14 de mar^o compareceu Jacques Nivert» lapidario francez, que confirmou o depoimento contra o inglez, acima. A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRAZfl- 473 No dia 7 de abrìl compareceo o castelhano Pedro de Martes e denoncfott o iilgles Roberto por ter dito que em Inglaterra queimaram os santos, a quem nuaca deviamos rezar. (Nota : Fot preso por isto). No dia 25 de maio compareceu Mestre Francisco de Sivedra, mestre em armasi e denunciou Francisco Lopes corno bigamo e Miguel de Goes do Alandroal. (Nota ; Por estes casamentos nSo serem pubricos à porta da Igrefa parefeo que se n8 devia eurai^ por ora d'isoj. No dia 16 de junho compareceu o inquiridor e contador de Setnbal Ffnnchc^ Vax que denunciou o christSo novo Diogo Ribetro, por ter dk 5 de maio compareceu Alvaro Ftvnaode^ alipiatt, e demmciou Fgagcii- co Dìm, ckdlgo, por ter diw que os que essavam 9» iafero^ viam « I^us. (Nota ; l^fjCai 91^ se fef mais por as tesiemunhas sere ahsentes e parece que se deyienn pergymtar a$ mais referidas e quSdo parecesse queesie Alvaro Femandes denunciou mal^ castigar'SeJ, No dia 6 coispareceu laabel da Goma, naturai d'EIvas, que velo deaunciar o feii; marido Heorìque Lopes, que às noitea Ihe pregava coisas da Biblla e dos judeus, aefàn-', do a diviadade de Jesus. Èm seus pasatempos nÓ Ihe chamava senSo Mona Judia e fue* ria gue ella Ihe ckamasse Mano Judeu. Quando o sogro Manuel Lopes, soube que ella era chnsii.YoUu dina para o Albo oue estava em peccado morul por qufmio fffiJiHfiM» de chrisiB Kieika era né de porco. (Nota : Nisto n6 se fej nada por ser s4 hUa testemmik^us sn^peiiaM a No dia IO de junho compareceu SebastiSo Vas, mercador de Setubal, qué dlrinni- don Fraaoisco Mendo, boticario, e o j^iator Moraes a quem ouvio dizer que ofio aabe se é chrìstSo QovO| se veiho; o boticano disse ter ouvido a uns cavalleiros de Santiago que nSo havia inferno, disse mais que quando Deus tonnara os anjos do paraiso uns Ji- caram no or. e oiOros desceram a um ìogar chamado Ahiso, etc. No dia aa compareceu fìaltazar de Moraes, pintor de SetubaI, que dennndoa Pnm- cisco Mendes, boticario. (Nota : Fella eformacao e conhecimento oue se leve de^ia HMe- mtmha serpessoa de cdfianga e parecer que falla verdade se n6je\ mais nisto). No dia 5 de julho compareceu Beatris, mo^a de la annos, criada de Femio Frade,- chrtstio novo, e de L.uzta Lopez, sua mulher, aos quaes veio denunciar porque niardam OS sabbados, na 6.* feira d'Endoen^as queimaram urna imagem de Christo crucmcado e espesinharam-no. Quanto ao custume disse que eiles brigaram com sua mIEe. (Nota r Piu^ este Femafirade vir logo aqui e alegar causas de contraditas a està moga e a sua mai grSdeSf se n6 /ef mais nisto. E porefoise daqui pera a India eS sua casa). ' No dia 28 de agosto, na presenta dos Incmisidores Fedro Alvares 0 Rodrigo do Ma- dre de Deus, compareceu Catharina Pires, e denuncion Beatriz Gomes, pioio ao iaifié^' SÌ930, por ter dito que se poderia escuzar de andar o Santissimo Sacramento pelas mas e outras heresias. No mesmo dia compareceu Maria Annes, christi velba, que confirmou o depoi- mento anterìor. No dia 13 de setembro compareceu Anna de Medina, christi nova|para dizer,além do depoimento que )é fez, o seguirne : que o pae duella, Alwro de Medina o ofut4rmÌ Beatriz, a pedido de Beatrìz Fernandes, mulher de seu pae^ guardaram a dSo asmo ; que Isabel Gomes e suas fìlhas praticar am actos de judaismo, assim Miguel Gomes, Paulo de Medina, Goterre Gomes e Anna Femandes. No dia aa do setembro compareceu o ca^elhano Podro Vqmqos i|UO dooiuiqiQtt Fo^ dro das Covas, colchoeiro e sua mulher, por nuaea os vor ir é OBÌfli% guordor saWwr dos, etc. # No dia a3 compereceo Honriqoo Foraandez que coofiroiou o dopoiaaonio Nò dia la de ooiobro compareceu Luis Martìns, derigo do wMwa,'Hqi diiHWrfpu o chantre de S. Thomé por ter dito que Mafamede estava no Paraiso* No dia 3o compareceu Ghrìatovio de Sande, cavalloiro ildabo quo deooacioM Jo- ronymo Affonso, escrivio dot corrogedinros, por tor dito 400 alo hia obafap do. loma Christo, nem mais que nascer e morrer. No dia 8 de novembro compareceu Antonio Rodrigues, cavalleiro da casa do In^ fante D. Luiz, que denunciou um seu tio, Henrìque Soares, christio novo, por jurar corno 00 9BOIÌ0S, por ter dito ^o.oio davo inaili polo S|Ato.fiacraioaoso.4IP9l>gr u^g^/car- vSo, etc. . ; ^ . 47^ ARGHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Ho dia ai de novembra compareceti Gaspar d« Pongaci^ derigo de ooissa, que de- mncioo Alvaro d'Arcot, christlo' ao^o e elerigO| por coiaér carne en disi praidbi* ifaa,ete. No dia i5 de desembro compareceu Mecia de Quetrox Cabrai, viuva de Ruj Dias de Freìtat, cavalleiro fidalgo, que disse qoe, tendo ourido banilbo, soube qiie eia p ttOhara, o que Branca Femandes, chrìst8 nova, sua vixinha, acbara beia. N6 mesmo dia compareceu Filippe Machado (|ue confirmou o depoimenio aate- ribr. Mota que se encontra a fls. 89, v.« : «Aos desoito dias do mesde deMiabrodotto de 55a se publicaram os edltos nos pulpitos d'està cìdade e se fixaram és porlas àa igra^aa por maadado do ar« Cardeal Inlaote), No (fia 19 de desembro compareceu FemSo Gomes aue denunciou Luis Lopes, to- sador» por ter dito, referindo-se aos lutheranos : Deus saie o que he bum. No meamo dia compareceu Clara d*Aguiar, que denuaciou Luis Pereira, mooiisco, por Mayhemar» e Duarte Femandes. No dia 3o compareceu Isabel de Aveller que denunciou Fr. Vasco de Vizea, fim- ciscano prégador, por ter dito que as almas do purgatorio estavam fora da jurìsdic^ p^aL No mesmo dia compareceu Amador Dias que (fisse que Jof o Gon^alves, pescador, era bigama » No dia H compareceu Ignea Annes que denunciou o mando por blasphemar. No dia 19 compareceu Antonia, mo^a solteira, que, contra ojpae, confirmou e de- • attteiior. (Nota : Jsio fay mio $ul mesa e parevo pera eformagao). No mesmo dia compareceu D. Li9o, padre do Collegio de Jesus, que denunciou conio hereie urna pessoa cujo nome nlo sabia. No mesmo dia compareceu JoSo Finto, preto que denunciou Francisco, escrsTO, Antonio Jalofo e Antonio, negro, os quaes foram cbamadoa ao Santo Officio. No meamo dia comparecau Anna Femandes, que denunciou Catharìna La reina, franaaaat por ter dito que tornar o Santìssimo Sacramento mutua \ez^ nSo era grande No dia 3o compareceu Isabel Dias que denunciou Jorge Femandes, sapateiro re- meadiOy por far dito que ia mandar que trouxessem o Sornsatmo Sacramento é molher qMaetava BMiko 4oaate,/ier a$ gmues nSo ierem que fdlar. No mesmo dia compareceu Antonio Rodrigues, carpinteiro, que denunciou Guio- Diia (jftma) por sa ter casado com dois mari(kM| eatando vivo o prìmeiro. '' MVaMBOB» dia eompareceo Beatris Borgea, nmlher dataatemunba anterior cujode*• poimento confirmou* N» «Beano dia eoaapai eceo Isabel da Cosu, mulher de Diogo de Gouveia, qua de- itmeiutà Jof» Lopea 4lareatfello^ por ter «ffirmado qoe a ooaena n8o era paccado. No meanao dia compareceu Isabel de Sousa que denunciou Antonio Colalo corno b^fflO. "tior tttt 8r aomparaceu Gaspar Femandes e disse ter oinido qoe Mannel de Saipa alBrmara q^ o Papa nfo tinha poder para perdoar pecanlos. A INQUISigAO EM PORTUGAL E NO BRAZIL 477 No dia a de Janeiro de i553 compareceu Affonso Annes que denufioioo Sinio Gon- 9alves, chrìstSo novo, por fazer figas ao Santissimo Sacramento e Antonio Henriqnee olhar para o lado. No mesmo dia compareceu Thomé, mo^o mourisco, que denunciou Nicolào Rodrì- gues por ter dito que na hostia nao estava senSo a semelhan^a de Deus. No mesmo dia foi chamado o Encenso (P) que confìrmou o depoimento acima. (Nota : Pasou carta ed estas culpas pera Evora aos Inquisidores e abrU de i553). No mesmo dia compareceu Vicente Nunes, porteiro da Chancellaria da Córte, que denunciou o escravo de Fedro Freire, tabelliao, por praticar jejuns judaicos. No mesmo dia compareceu a mulher de Manuel Pires que denunciou SebastiSo Lo- pes por blasphemar. No dia 3 compareceu Antonio Tello, clerico, que denunciou JoSo Gon^ alves Sar- dinho, christfo novo, alfaiate por ter dito heresias. No mesmo dia compareceu Louren^o de Palme, moco da Gamara d*El-Rei, que de- nunciou Vasco Cerveira, que està na India, por ter dito heresias. No dia 1 1 compareceu SimSo Lopes de Vilarinho que denunciou Rodrigo de Olt- veira, escrivSo dos orfaos de Tavira, por ter dito que mouros^ christSos ejudeus eriam que se salvavam : quem veyo do outro mundo que dissesse quaes d'estes eram salvos f asma corno outras heresias. No dia 12 compareceu Filippa de Brito e denunciou JoSo Affonso, lavrador, por ter dito que o inferno n3o era para os méos christaos mas sim o purgatorio. No mesmo dia compareceu Jorge de MagalhSes, cavalleiro fidalgo da Casa d'El->Rei, que denunciou um castelhano, cujo nome nao sabe. No mesmo dia compareceu Maria Luiza que denunciou Isabel Dias, christa nova, presa, por guardar os sabbados, assim comò Clara da Costa. No dia i3 compareceu Bernardino Daza, bacharel em Artes e Leis por Valladolid, 3 uè veio com a princeza D. Joanna, que denunciou um prégador,Dr. Euzebio, por causa 'urna disputa que os dois tiveram sobre assumptos theologicos. No mesmo dia compareceu FernSo d'Alvares, cavalleiro, que denunciou Ruy Go« mes, chrtstio novo, mercador, comò bigamo. No dia 14 compareceu JoSo de Torres que denunciou Meique de Guyana, francez, por, a proposito do inglez que queimaram, ter dito que para Deus havia muitos ca* minhos. Nò mesmo dia compareceu o Dr. Pedro Lopes de Villarinho que disse que, quando foi juiz dos orflos em Tavira, ouvio blasphemar Rodrigo d'Oliveira, escrìvSo dos orflkit em Tavira. No dia 16 compareceu Beatriz Feia que denunciou o Licenciado Jorge Cabrai, De* zembai^ador da Casa da Supplica9ao, por ter dito que nSo havia mais que nascer e cnorrer. A testemunha contou isto a Catharina Perestrello, filha de Grefforio Lopes, pin- tor. (Nota : D'este Licenciado ha ouira culpa rotm no anno de i55gf foT, 262 e nósefif nada.J No mesmo dia compareceu SebastiSo Fernandes, clerigo de missa, que denunciou um clerige estrangeiro que pregava em Mezao Frìo por dizer que era idolatria adorar as imagens, etc. 3 1 478 ARGHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Nota : Pasou carta pera o vigario de Lamego ia^er disio ^ormofao e prender e$t€ ererigo aos xx dabrtl de i553. No dia 25 compareceu Jo§o Fernandes, criado do Dr. Jo&o de Barros, almotacé- mór, que denunciou Violante Martins por ser casada duas vexes. No dia 6 de fevereiro compareceu Luiz Cardim, escudeiro da casa d'El-Rd, nosso Senhor, que denunciou Maria r ernandes por feiticeira. No dia IO compareceu o clerìgo Francisco Machado, <)ue denunciou o derìeo Francisco Femandes por ter dito que Deus Nosso Senhor nSò preceituara a castìdade. No dia 14 compareceu Beatriz VÌ9osa que denunciou um mourisco. No mesmo dia compareceu Antonio Sim6es que coniìrmou o depoimento anterior. No dia 16 compareceu o Liceoceado JoSo Dias, corregedor que foi de Viaana de foz de Lyma, que aenunciou Balthaiar Femandes j)or ter dito que o inglez que quei- maram nao era inglez, senSo um anjo que Deus madara do Paraiso para espertar B* Rei. No dia 7 compareceu Thomé de Magalhies de Torres Novas, e denunciou Jor§[e Rodrigues e JoSo Vaz, christios novos, por dizerem que o inglez que tinha sido quei- mado morrera martyr. No mesmo dia compareceu Ruy Taborda que confìrmou o depoimento anterior. No dia a5 compareceu Jor^e Affonso, odreiro, que denunciou Francisco Algarespor bigamo. (Nota: Fot preso por tsto). No mesmo dia compareceu Ignez Femandes que confìrmou o depoimento anterior. No dia lA de mar90 compareceu SiroSo Dias, capellao que foi chamado, e denun- ciou FeraSo vicente^ sapateiro, por bigamo. No mesmo dia compareceu Bartholomeu Preto, clerigo de missa, que foi chamido e confìrmou o depoimento anterior (Nota: FemSo Vicentey preso jd,J No dia 18 compareceu, chamada, Antonia Femandes, que disse que Beatrìs Feman- des, jà presa, tinha dito que Nosso Senhor estava nos céos e ed puttham-ìhe peftMi pretos^ a proposito da Paschoa, etc. No mesmo dia compareceu Leonor do Rego que confìrmou o depoimento anterior. No dia 20 compareceu Beatriz Lopes, que denunciou Maria Henriques, mourisca, por diser que tanto faz chamar por Jesus corno por AUee. No mesmo dia compareceu Isabel Gon^alves, chamada, que confìrmou os depoh meutos anteriorcs contra Beatriz Femandes. Idem, Maria Gon^alves, Catharina Mendes e Manoel Rodrigues. No dia 23 compareceu Gaspar Martins, chamado, que confìrmou o depoioaentoqve havia contra FemSo Vicente. No dia 14 de Abrìl compareceu Manuel Rodrigues, feitor do pa^o da Madeira, qu« denunciou Guiomar Dias por se ter casado duas vezes. No dia 14 compareceu Gonzalo Femandes, carpinteiro, que confìrmou 0 dejrai- mento anterior. A INQUISigAo EM PORTUGAL E NO BRAZIL 4t9 No dia 20 compareceu Femio Vicente, cura, que dcnundou Joio Gon9alYes comò bigamo. No mesmo dia compareceu Alvaro Sim6es, clango, que confirmou o depoimento anterior contra o clerìgo Francisco Fernandes. No mesmo dia compareceu o Padre Antonio Rodrìgues mandado chamar por causa do Padre Francisco Fernandes, atraz denunciado. No dia ai compareceu André Pires, pelo mesmo motivo. (Nota: Veio pedir perdSoJ. No dia 22 compareceu Henrique Luiz que denunciou comò bigamo Braa Annes. Idem, Martim Fernandes, Filippa Dias, JoSo de Chaves e Helena (Nota: Jd fot preso e penùenciadoj. No dia a8 de abril compareceu Maria Fernandes, mourisca, que denunciou Gaspar d'Arau|o, mo^o da Copa d'ÈlRei, corno bigamo. No dia 2 de Maio compareceu Gatharina Goncalves que denunciou Aliguel Looren- 90, tosador, por blasphemar. No dia 4 compareceu Tristlo Semige, fidalgo da casa d'El Rei, que denunciou Ruy Barbosa, escrìvSo da moeda, por Ihe dizer mal de frades, que dormir com uma mulher nio era peccado etc. No na presen9a dos ndalgos D. Joio d'Abrin- ches e Jorge da Silva^ para que era adorar a cruz e pdr-se de Joelnos deante d'eiia,tal reverencia so era devida aos Evangelhos e és Epistolas de S. Paulo. A testemuDha ou- viu dizer a Francisco de Mello que Ihe dìssera o Padre Cbainho que o mesmo capilo nSo consentirà que se fìzesse urna procissao, dicendo que ella bastava no corallo. Tarn- beni ouviu a Francisco Monteiro dizer o que o capitSo affirmara que levava a giosa de Filippe Melanchton sobre Virgilio e ao seu companheiro, jesuita, Antonio Aivares, que o capìtSo desdenhara da Gompanhia de Jesus. No dia 7 compareceu Gonzalo Ghama, cavalleiro da casa d'El-rei, que testemunhoa contra Ruy Pereira da Gamara. No dia 10 compareceu Gatharina Fernandes que denunciou Gonzalo Luis, repoi- teiro d'El*Rei corno bigamo. No dia 12 compareceu, chamado, D. JoSo d'Abranches, morador no Rodo emcasa de seu irmSo D. Francisco d'Almada, capitSo, que viu o Virgilio de Ruy Pereira da Ca* man, que Ihe ouviu dizer que as obras de Melanchton nSo eram defesas e oada mais. No dia i8 compareceu. chamado, Francisco Monteiro de Pelle, fidalgodacasad'el- rei e cavalleiro do nabito de Ghrìsto, que disse ter ouvido a Ruy Pereira da Gamara qoe Deus e os Santos nSo tinham poder para o offenderem na sua néo, e que, corno mao- dassem pedir por D. Antonio de Noronha uma bomba para esgotar ao capitSo-mÓT) e aste Ih'a nio mandasse, a testemunha aconselhou-o a que enviasse os padres Gom o crucifizo e o capitio respondeu que nem a Deus pedina misericordia. No ultimo de Julho compareceu, chamada, Leonor Fernandes, a Bigota d'alconha, que denunciou um marceneiro francez» Filberte, que veiu de Sevilna, onde foi peoiteB- ciado pela Inquisirlo, denunciou-o por ter dito que n3o havia dia de juizo. No dia 8 de Agosto compareceu Diogo Soares, sapateiro, que denunciou Nano Vai por blasphemo. No mesmo dia compareceu, chamada, a mulher da testemunha atraz Gatharina Vai cujo depoimento confirmou. No dia i6 compareceu Jeronymo Garvalho, sollicitador, que denunciou JoSoEsta- Tes corno bigamo. No primeiro de Setembro compareceu o Doutor Pedro Fernandes Gorreia, o^^J^ da ordem de Ghristo, que denunciou Fr. Martinho, franciscano, por ter dito que Deoi nSo tinha tanta paciencia quanta Fr. Martinho havia tido com a testemunha. No mesmo dia compareceu SimSo Lopes^ morador em Niza, que coafinnoQ o d^ poimento anterior. No dia ao compareceu, chamada, Ignez Prestes e denunciou o mourìsco Dnarte Fernandes Abdela, por praticar actos de judaìsmo. No dia aa compareceu Pedro Fernandes que denunciou Filippa Alvares por ter ditD que Deus nlo tinha poder para £uer casamentos senio o diabo. Antonio BAUft INDICE CRONOLOJICO ia56 (era de 1 294), fevereiro — Carta pela qual o alcalde, juixes e sesmeirosdo concelho de Clvas doaram a D. Joao Perez de Aboim urna herdade no termo da vila, onde chamam Mo9arava, 67. ia6o (era de 1298), Janeiro — Carta de venda feita por Martim Balzani e mulher de urna herdade na Alcarapinha, termo de Elvas, a D. JoSo Perez de Aboim, 66. » (era de 1208), Janeiro — Carta pela qual Maria Paes a Corda vendeu a D. Jofio Pe* rez de Aboim uma herdade na Alcarapinha, termo de Elvas, 67. » (era de 1298), mar^o — Carta da venda feita por JoSo Estevez, cavaleiro, e sua mulher^ a D. Joio Perez de Aboim, de uma herdade nas Atalaias, termo de Evora, 72. » (era de 1298], julho — Carta pela aual o Prior e os Frades do mosteiro de S. Vi- cente de Lisboa doaram a D. joio Perez de Aboim uma herdade no termo de Elvas, situada entre o Cabe^o da Alcarapinha e a Cabe^a de Moderava, 67. » (era de 1298), agosto 16 — Carta pela qual Martim Louren^o e sua mulher ven* deram a Montessino uma herdade no termo de Elvas, no sitio de Mofarava, 66. 1263 (era de i3oiXmar90 — Carta da venda feita por Louren9o Martinz, cavaleiro, e sua mulher, a D. Joao Perez de Aboim de toda a sua herdade de Ameeira de Maura ao Guadiana, 74. » (era de i3oi), marco — Carta pela aual Sueiro Estevez, cavaleiro, e sua mulher, venderam a D. JoSo Perez de Aboim, todo o seu herdamento entre a Ameeira de Maura e o rio das Galinhas, 74. » (era de i3oi), mar^o — Carta da venda feita por Domlngos Gon^alvez, mercador, por si e por seus filhos, a D. Joio Perez de Aboim, de todo o seu herdamento desde a fonte da Figueira até ao rio das Galinhas, j5. » (era de i3oi), mar^o — Carta pela qual JoSo Martinz Ciza e outros, venderam a D. JoSo Perez de Aboim, todo o seu herdamento entre a Ameeira de Maura e o rio das Galinhas, 72. » (era de i3oi), mar^o — Carta da venda feita por EstevSo Mendez Godinho e mu* Iher, a D. Joao Perez de Aboim, de todo o seu herdamento entre o Gua- diana e a Ameeira de Maura, 73. » (era de i3oi), marfo — Carta da venda feita por Domingos Martinz Saturnino e mulher, a D. JoSo Perez de Aboim, de toda a sua herdade desde a Ameeira de Maura até o Guadiana, 73. » (era de i3oi), mar^o — Carta da venda feita por Domingos Saturnino e mulher, m D. JoSo Perez de Aboim, de toda a sua herdade desde a Ameeira de Maura até ao Guadiana, 74. 9 (era de i3oj), mar^o — Carta da venda feita por Sueiro Salvador e sua mulher a D. JoSo Perez de Aboim, de todo o herdamento que possuiam entre o Gua- diana e o rio das Galinhas, 73. 9 (era de i3oi), mar^o— Carta da venda feita por JoSo Martinz FeijSo e mulher, a D. Joao Perez de Aboim, de todo o herdamento que possuiam entre a Ameeira de Maura e a fonte da Figueira, 73. » (era de i3oi),^mar9o — Carta da venda Ulta por Miguel Diaz Galega e sua mulher a D. JoSo Perez de Aboim de quatro herdades entre a Ameeira de Maura e o Guadina, i5o. ^Sa ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ ia63 (era de i3oi), inarco ~ Carta da venda feita por Domingos Gon^alvez, mercador, por SI e por seus fìlhos, a D. Joao Perez de Aboim, de todo o seu herda- mento situado entre o Guadiana e a Ameeira de Maura, i5o. » (era de i3oij, inar9o —Carta da venda feita por Martim Pedro Reimondez e sua mulher, a D. Joao Perez de Aboim, de todo o seu herdamento entre o Gua- diana e a Ameeira de Maura, i5o. » (era de i3oi), mar^o, — Carta da venda feita por Vicente JultSes e sua mulher a D. Joao Perez de Aboim de todo seu herdamento da Ameeira de Maura até ao Guadiana, i5i. 9 (era de i3oi), roar9o — Carta de venda de Pedro Goterrez e sua mulher a D. Joao Perez de Aboim de todo o seu herdamento desde a Ameeira de Maura ao rio das Galinhas, i5i. » (era de i3oi), mar^o — Carta da venda feita por Estevao Rolam e sua mulher a D. Joao Perez de Aboim, de todo o seu herdamento desde a Ameeira de Maura até ao rio das Galinhas, i5i. » (era de i3oi), mar^o — Carta da venda feita por Afonso Martinz Calvo e sua mu- lher, a D. Joao Perez de Aboim, de todo seu herdamento desde a Ameeira de Maura até ao Guadiana, i52. » (era de i3oi), mar^o — Carta, da venda feita por Joao Martinz Narizes e sua mu- lher a D. Jolo Perez de Aboim de todo seu herdamento no termo deEvora, da Ameeira de Maura até ao Guadiana, i5a. » (era de i3oi), mar^o — Carta da venda feita por JoSo Martinz Cotìm de Seda e sua mulher a D. Joao Perez de Aboim, de todo o seu herdamento desde a Ameeira de Maura até ao Guadiana, i52. » (era de i3oi)y mar90 — Carta da venda feita por Domingos Perez e sua mulher a D. JoSo Perez de Aboim, de todo o seu herdamento desde a Ameeira de Maura até ao Guadiana, 1 52. » (era de i3oi), mar^o — Carta da venda feita por Domingos Mendez e sua mulher a D. Joao Perez de Aboim, de todo o seu herdamento entre a Ameeira de Maura e o Guadiana, i53. > (era de i3oi), mar<;o — Carta da venda feita por Joao Perez Falcar e sua mulher, a D. JoSo Perez de Aboim de todo o seu herdamento desde a Ameeira de Maura ao Guadiana, i53. 9 (era de i3oi}, mar^o — Carta da venda feita por JoSo Mendez da Amida e sua mulher a D. Joao 'Perez de Aboim, de todo o seu herdamento situado eotre a Ameeira de Maura e o rio das óalinhas, 1 53. • (era de i3oi), mar^o — Carta da venda feita por Martim Mendez Diogo, porsie por seus fìlhos, a D. JoSo Perez de Aboim de todo seu herdamento desde a Ameeira de Maura até ao rio das Galinhas, i53. 9 (era de i3oi), abril — Carta pela qual JoSo Pascoal, mercador, e sua mulher, Yen- deram a D. JoSo Perez de Aboim, todo o seu herdamento desde o rio das Galinhas até é Ameeira, 74. 1265 (era de i3o3), novembro — Carta da doa^So feita por Paio Dominguez, sua mulher e outros, a D. Joao Perez de Aboim, de toda a herdade que possuiam no st- tio que chamam Pecenas, no termo de Portel, 154. » (era de i3o3), novembro — Carta pela qual Pedro Paez IrmSo e sua mulher faxem doa^So a D. JoSo Perez de Aboim, de toda a sua herdade no sitio chamado Monte de Trigo, termo de Evora, 154. 1267 (era de i3o5), oitubro — Carta pela qual Domingos Perez SarrSo e sua mulher, recebem por fìlhos a D. JoSo Perez de Aboim e a sua mulher, 68. 1268 (era de i3o6), abril 9 — Carta da venda feita por Lourenco Perez e sua mulher a D. JoSo Perez de Aboim, mordomo do Rei de Portugal, de urna vioha em Valada, termo de Santarem, 228. ^ » (era de i3o8), julho 17 — Carta pela guai Mem Perez Pestana vendeu a D. Joao Perez de Aboim, mordomo do Rei de Portugal, urna herdade de quinxe has- tins e meio no termo de Santarem, no sitio do Tóxe, 227. 1270 (era de i3o8), setembro 16 — Carta pela qual Martim Dade, alcalde de Santarem, vendeu a D. JoSo Perez de Aboim^ mordomo do Rei de Portugal, urna he^ dade no termo de Santarem, no sitio do Tóxe, 227. . 1271 (era de i3o9), novembro iX — Carta da venda feita por Martim Mendez e sua mulher a D. JoSo Perez de Aboim de urna herdade no Tóxe, termo de Santarem, a». INDICE CRONOLOJICO ^83 laya (era de i3io)y fevereiro 9 — Carta da venda feita por Domingos Peres e sua mu- Iher a D. Joao Perez de Aboim de um hastil e um quarto no sitio do Tóxe, termo de Santarem, 229 • (era de iSio), dezembro 7 — Escrìtura de troca feita entre D. J080 Perez de Aboira, mordomo do Rei de Portugal, e Rodrigo Paez Bugalho, de bens no sitio do Tóxe, termo de Santarem , 229. » (era de i3io), dezembro 28 — Carta da venda fetta pelo testamenteiro de Pascasio Dominguez e por sua viuva, a D. JoSo Perez de Aboim de um hastil e meio de terra no sitio do Tóxe^ 229. 1273 (era de i3ii), dezembro 18 — Carta réiia nomeando a junta extraordinarìa que havia de emendar os males do reino, 23 1. ^ 1274 (era de i3i2}, mar^o 14 — CaHa pela qual o Mestre da Ordem de Santiago, com outorga do seu cabido geral, doou a D. Joio Perez de Aboim a vila de Aguiar em troca da povoa de Canha, 232. 1275 (era de i3i3), abrii 28 — Carta da venda feita por JoSo Dominguez e sua mulher a D. JoSo Perez de Aboim, de urna vinha em Valada, termo de Santarem, 68. 1276 (era de i3i4), fevereiro 4 — Carta da venda feita a D. JoSo Perez de Aboim pelos testamenteiros de D. Maria Reinaldiz, de ciuco tendas em Montemor, fre- guesia de Sanca Maria do A^ougue, 71. 1279 (^>^& de i3i7), abril i5 — Procura<^9o dada pela mulher de Martim Paez, para assi- nar a escrìtura de venda A D. Joao Perez de Aboim de uma herdade em Odi- vellas, termo de Porte!, 69. » /era de i3i7), abril i5 — Procurarlo analoga dada para o mesmo fim^jSg. » (era de i3i7), iunho ao — Carta da venBa feita por varios a D. Joio Perez de Aboim de herdade em Odivellas, termo de Portel, 69. » (era de i3i7), junho 22 — Carta da venda feita por FernSo Tocho e outros, a D. Joio Perez de Aboim de toda a herdade que tinham em Odivellas, termo de Portel, 70. » (era de i3i7), junho 24 — Carta da venda feita por JoSo Martinz e sua mulher, e outros, a D. JoSo de Aboim de todo o seu herda mento no termo de Portel, onde chamam o no das Galinhas, 23o. » (era de i3 17), Junho 25 — Carta da venda feita por Domingos Mendez e mulher a D. JoSo Perez de Aboim de uma herdade no termo de Portel, onde chamam a de Mem da Arruda, 70. 1280 (era de i3 18), iunho 16 — Carta pela qual JoSo Cofa^ e sua mulher venderam a D. JoSo Perez de Aboim uma adega na fireguesia da Sé de Evora, e uma vi- nha em Val Bom, 71. » (era de i3i8), julho 22 — Carta pela qual o procurador de D. JoSo de Aboim deu ao Prìor e ra^oeiros da igreja de S. Pedro de Evora uma casaria no arra- balde da cidade, onde chamam a Eira das Freiras, em troca por outra casa- ria, 71. 1282 (era de i32o), fevereiro 21 —Carta da venda feita por JoSo Aires, cavaleiro, e sua mulher, a D. Joao Perez de Aboim da metade de duas coirelas no termo de Santarem, no sitio do Tóxe, 23o. 1293 (era de i33i), maio io — Carta réjia aprovando a institui^So da bolsa de comer- cio fundada pelos mercadores portuguSses em Flandres, 416. 1410, mar^ 26 — Instrumento de doa^So de uma capella pelos frades de S. Domingos de Brujes aos mercadores da na^ao portuguSsa, residentes nessa cidade, 417. 141 1, dezembro 26 — Prìviiejios concedidos aos PortuguSses em Flandres, 417 a 422. 1421, fevereiro 20 — Confirma^So dos prìviiejios concedidos aos Portugu8ses em Flan- dres, 422. 1438, novembro 2 — Carta do Duque de Borgonha permitindo à na^So portugu8sa em Flandres elejer consules, etc, 423. » novembro 2 — Carta do Duque de Borgonha permitindo aos PortuguSses vende- rem nos seus navios a cortina que nelles tragam, 42^ 1443, junho a3 — Carta de quita<;So de Pedr'Eanes, feitor em Flandres» 425 a 43a 1432, julho, 14 — Carta de quita^So de JoSo Rodriguez CarvalhO;de dinheiros recebidos em Brujes, 43o. 1457, agosto, 8 — Carta réjia com as respostas a certos capitulos apresentados pelos Flamengos, HolandSses e Zelandeses, etc. 431 a 4^4. ^ ARCHIVO raSTORICO PORTUGUEZ 1459, fevereiro, 23 — Aivaré de 0. Afonso V, ordenando que todos os estraojeiros qne carregarem ecn navios nossos para Flandres, paguem em Brujes na bolsa da nossa na^ao, 484. 1465, dezembro, 17 — Carta de quita^ao de Martim Gon9alvez, feitor em Flandres, 434 a 436. 1466, mar^o, 27 — Carta de quita^ao dada aMarcos Lomelino, genoves, estante emLis* boa, pelas contas que prestou do contrato da cortÌ9a, 36a 1467, setembro, io — Carta de quita9ao dada a Juda Abravanel, pelas 3:ooo coroas qae entregou em Flandres por ordem de D. Afonso V, 363. 1468, abrìl, 3o — Carta de privilejios dos mercadores flamen^os, 436. 1471, fevereiro, 19 — Carta de quitafao de Joao Estevenz, feitor em Bniies, 437. » novembre, 2 — Carta autorizando os rejedores e ofìciaes da cidade de Lisboa a celebrarem com a Duquesa de Borgonha o contrato para a institui^So de um anniversario por alma do Infante D. Fernando, na capella de Santo Antonio, 440. » novembro, 4 — AWarà réjio ordenando ao Correjedor e ofìciaes da cidade de Lis- boa Que celebrem com a Duquesa de Borgonha o compromisso da capella que ella pretende fundar em Santo Antonio, 439. » novembro, i5 — Alvarà autorizando oualquer tabelì§o a lavrar a escritura pela qual os ofìciaes e cidadaos da ciaade de Lisboa obrigam as rendas da cidade por certos dinheiros destinados pela Duquesa de Borgonha à funda^ao de urna capella, 442. » novembro, 18 — Institui^So da capella fundada pela Duqueza de Borgonha eo Santo Antonio de Lisboa por alma de seu irmao o Infante D. Fernando, 438 a J42. 1483, agosto, 8 — Confirma^io da carta réjia de 1457 com as respostas a certos capito* los apresentados pelos Flamengos, Holandéses e Zelandéses, 43 1 a 434. » agosto, i3 — Confirma^ao da carta de privilejios dos mercadores flamengos, 436. 1497, julho 36 — Carta de quita^ao ao Almoxarife de Avis, 77. 1498, |ttnho, 28 — Carta de quita^ao de 10.000 francos das presas feitas pelos FraocS- ses, i5q. » julho, 16 — Carta de quita^So dos annos de 1494 a 96, ao Almoxarife de Ceuta,78. 14991 julho, 16 — Carta de quitacao dos annos de i486 a 1491 ao Almoxarife das leti- rias de Vila Franca, i58. i5oo,maio, 16 — Carta de quitacao de Vicente de Avis, de dinheiros recebidos para obras em certos castellos, i55. » dezembro, 23 — Carta de quitacao dos annos de 1497 a 1499 ao Recebedor dos quartos dos a^ucares da ilna da Madeira, 76. i5o3, abril 10 — Carta de quitacao ao comprador del Rei, desde i de Janeiro de i5oi até ao fìm de fevereiio de i5o3, i38. > maio 4 — Cademo do assentamento do Pa^o da Madeira de Lisboa, 234. » maio 5 — Cademo do assentamento da sisa das carnes de Lisboa» 235. i5o4, fevereiro 20 — Carta de quita^So dos annos de i5oi a iSoi^ ao Recebedor dote- soiro de D. Manuel, 80. » fevereiro 28 — Cademo do assentamento da sisa dos vinhos de Lisboa, 236. » maio 3o — Carta de quitacao de TrtstSo da Cunha, do conselho, por dinheiros recebidos nos annos de i5o2 e i5o3 por ordem de D. Manuel, i5q. i5o5, agosto 6 — Caderno do assentamento da sisa dos panos do Algarve, 2j6. i5o6, junho 25 — Caderno do assentamento da portajem de Lisboa, a37 i5o7, niftio 12 — Cademo do assentamento da sisa da fruta de Lisboa, 237. • maio 12 — Caderno do assentamento da sisa do trìgo de Lisboa, 238. » malo 14-- Cademo do assentamento da sisa dos panos do Algarve, 23^. i5o8, maio 2 — Cademo do assentamento da sisa do pescado e madeira de Lisboa, 139. » maio 2 — Cademo do assentamento da sisa das herdades de Lisboa, 443. » maio 2 — Cademo do assentamento da sisa da fruta de Lisboa, 240. » maio 4 — Cademo do assentamento do almoxarifado de Ponte de Lima, 444* » julho 28 'Carta de quitacao dos annos de i3o4e i5o5 ao Recebedor dos quar- tos dos a^ucares do Funchal ; e dos annos de i3o7 e i5o8 ao mesmo, pelos afucares carregados para Veneza e Flandres, 76. » — Carta de quita9ao a Vicente Gomez, de cai e outras coisas que recebea no Algarve, i56. INDICE CRONOLOJICO 485 i5o9, abrìl i3 — Alvarà a Diogo Brandio ordenando a compra de tres mli arrobas de carne salgada e embotada para a gente da conaarca do Porto, que là ha de embarcar, 3o2. » maio 4 — Carta de quita^So de Vicente Femandes, oorivet del Rei, i55. » julho 38 — Mandado de pagamento a favor de Tome Lopea, feitor que fora am Flandres, do dioheiro por elle là emprestado à na^o, 377. i5io, mar^o la — Carta de quita9ao dos annos de i5o6 a i5o8 ao Alrooxarife da casa dot escravos em Lisboa, i5S. » mar^o 23 — Carta de quita9§o dos annos de 1 5o5 a 1 5o8 ao Almoxarìfe de Ceuta, 78. » junho 3o — Mandado ao Almozarife de Ponte de Lima para entregar 72:000 rs. à peasoa que Diogo Brandio enviar por elles, 3o2. > julho 10 — Carta de quita9So a Vasco Femandez, da venda dos a^ucares do um por cento das rendas das ilhas da Madeira, Cebo Verde, A^oret e Porto Santo, 77. • agosto 22 — Carta de quita^So ao Tesoureiro da Casa da India, de satembro de i5o4 a maio de i5o5, 80. • oiiubro IO — Carta de Tome Lopex a el Rei D. Manuel, datada de Antuerpia, 38^. i3ii, setembro 18 — Carta de quita^ào dos annos de i5o7, ^^^ ^ parte de i5o9fto Fei- tor de Veneza, 157. i5i2, abrìl ao — Inventano das alfaias e vestimentas da capella da na^io porcuguSaa em Bruies, 386. i5i3, Janeiro 4-- Àlvarà de quita^ao de Alvaro do Cadaval, de mil cruxados recebidos do T esoireiro da uasa da India para compra de cai em SUves, 160. » abrìl 23 — Carta de quita^ao dos annos de iSog e i5io ao- AlmoxariCe de Evora, i58. » maio 21 — Carta de D. Manuel ao Feitor de Flandrea, ordenaodo-lke que allie- tasse alguns charamélas e sacabuxas, a firn de virem para o reiiio, 394. » julho I — Carta de quita^So de Vicente Gomei, por todo o dinheiro que recebeu no Algarve, i3o. ' » deaembro, 1 1 — Carta de Tome Lopez, sobre negocios de Flandres, 388* i5i4, marfo, 4 — Alvarà ordenando ao Feitor de Flandres o pagamento de694 cnuadoai preco de uma soma de chamalotes, 3q2. 9 mar^o, li — Carta del Rei D. Manuel ao Veitor de Flandres, ordenando-lhe q«e desse 3oo cruzados em especiarias e 10 quintaes de encenso aos fìrades do capitulo geral da Ordem de S. Domingos reunido em Antuerpia, 392. 9 maio 28 — Alvarà ordenando ao Feitor de Flandres que entregue 40.000 rs. à Ca- mareira da Rainha, por conta da pimenta que me fòi comprada na Casa da India, 3o2. 9 junho 14 — Alvarà ordenando ao Feitor de Flandres que pague em preataf6es aaooo cruzados ao Affai tati, 392. 9 junho 16 — Alvarà ordenando ao Feitor de Flandres que mande por i5.ooo cruza- dos na feira de Medina, à ordem da pessoa là enviada .para comprar trìgo, 392. 9 junho 20 — Carta de Tome Lopez ao Feitor de Flandres ordenando*lhe que en- tregue 2.200 cruzados a Cristovao de Haro, 392. 9 noverabro i3 — Alvarà ordenando ao Feitor de Flandres que entregue 538:ooo rs« a Pero Ximenes de Castilho, 393. 9 novembro 28 — Alvarà ordenando ao Feitor de Flandres oue mande faaer duas du- zias de livros e re meta dez duzias de pergaminhos, S93. 9 — Alvarà declarando ao Feitor de Flandres e ao escrivao da feìtorìa, qne cum- pram em tudo as ordens que Ihes der Tome Lopez, feitor das Casas da India e de Guiné, enviado entSo a Flandres, 393. i5i5, fevereiro 17 — Carta de Louren^o Lopez a D. Manuel, datada de Antuerpia, 3^3. 9 abril 29 — Carta de D. Manuel ao Feitor de Flandres, acusando a recep^o de certo dinheiro por elle enviado, 393. 9 maio 6 — Carta de Rai Fernandez a D. Manuel, datada de Bruxelles, 393. 9 maio 23 — Carta de Tome Lopez a D. Manuel, datada de Augusburgo, 3q3. 9 maio 29 — Carta de Louren^o Lopez a D. Manuel, datada de Antuerpia, 394. 9 junho 0 — Alvarà ordenando ao Feitor de Flandres que pague 4.6o8:33o ra« a Ra- rael de Medicis e parceiros, por conta de certo cobre, 394. 486 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ iSi5 CMtobro 6 — Alvarà ordenando ao Feitor de Flandres que pague a Joao Francisco Affaitad o cobre a elle là comprado, $94. i5i(i| fevereiro 5 — Alvarà ordenando ao Feitor de Flandres que entregue 11:000 cruza- dot a Filipe Gualtarotti^ por conta do cobre, 3gb. • inarco 3 — Carta de quita^Io dos annos de 1 5 10 a 1 5 1 3 ao Almoxarife de Ceuta, 79. » juiiho ai — Fragmento de urna carta enviada de Flandres, com urna lista de pre- qo% de varias oiercadorias, 3ai. » julho 9 -—Carta diri jida de Madrid por Femao Brandao, escrìvSo da embaiztda junto ao governo de Castella, a el Rei D. Manuel, 317 a 320. 9 |olho 10 — Outra carta de Femio Brandào a el Rei D. Manuel, 3 20. » oitubro 4 — Carta dos oficiaes da Casa da India ao Feitor de Flandres, acusaado a recep^io de certo cobre, 395. a oitubro io — Confisaio do mestre da nàu Santa Ana, de Antuerpia, de haver re- , cebido certas mercadorias para transportar para Lisboa, 39$. h noTOmbro aa— Coofissao do mestre da nàu Maria de Squidam, de baver recebido certas mercadorias a firn de transportar para Lisboa, 3q3. i3i7, feyereiro 6 — Carta de Rui Fernandez a D. Manuel, datada de Bruxellas, 393. » fevereiro i5 — Confisslo do mestre da nàu S. Fedro de baver recebido um barrii de pergaminhos, para conduzir a Lisboa, 395. » nar^o 1 —> Alvarà nomeando Rui Fernandez escrìvio da feitoria de Flandres, Sga » mar^ 8— Recibo do mestre da nàu Madalena, passado em Antuerpia, de certa qtiantia por urna por^So de cobre que desaparecera, 395. a marfo i3 — ConfisaSo no mestre da nàu Madalena de haver recebido urna porrlo de cobre para transportar para Lisboa, 396. » lulho 7 — Carta dirijida de Antuerpia por Louren^o Lopez a D. Manuel, 397. • falbo i3 *- Carta de Rui Fernandez a D. Manuel, datada de Antuerpia, 397. i3i9i setembro 18— » Carta de Rui Fernandez a D. Manuel, datada de Nurembergue, 397. » novembre 19 — Decreto da Archiduqueza Governadora dos Paises Baixos, man- dando manter integra a liberdade de exporta^So da prata, 378. » desembro 9 — Carta de Rui Fernandez a D. Manuel, datada de Augusburgo, 397. » desembro 9 — Outra carta do mesmo, 397. i5ao^ Janeiro 10 — Carta de Rui Fernandez a D. Manuel, datada de Augusburgo, 398. » tevereiro 4 — Carta de Rui Fernandez a D. Manuel, datada de Antuerpia, 379, 399. » fevereiro 4 — Outra carta do mesmo, 399. a JQoho i3 — - Alvarà ordenando ao Feitor de Flandres a compra de vinte falcoes e doia a^ores, 400 • novembro S7 — Carta de Rui Fernandez a D. Manuel, datada de Antuerpia, 399. novembre 27 — Outra carta do mesmo, 309. abril i5 — Carta de Rui Fernandez a D. ManueL datada de Antuerpia, 4o3. julho 2% — Carta de i5:ooo reaes de ten^ a Ines Alvarez, ama da infanta D. Bea- tris, i3i. » desembro 3o — Instrumento de posse dado à Infanta D. Beatriz, duqueza de Sa- bota, de uma das terras do seu dote, 134. iSaa, julho 3i -^ Carta de quitacao de Diogo Ferreira pelas despesas da armada, que conduziu a Saboia a Infanta D. Beatriz, i3o. i5a3 — Verba do Itvro das ten^as del Rei, i3i. i5a4, agosto 16 — Carta de confirma^ao de i5:ooo reaes de ten^a concedida a laes Al- vares, ama da infanta D. Beatriz, i3i i5a5| agosto 3o— Carta de D. Beatriz, Duqueza de Saboia, a D. Joao III, i3i. • aetembro 4 — Carta de D. Beatriz, Duqueza de Saboia, a D. Joao III, i32. i5a6, julho 4 — Caru de D. Beatriz, Duqueza de Saboia, a D. Antonio de Atafde, védor da fozenda, i32. m novembro i3 -~ Mandado de pagamento de certos dinheiros à mulher e berdeiros de Joio Brandao, 402. i527i fevereiro 16 — Carta de D. Beatriz, Duqueza de Saboia, a Antonio Cameiro, se- cretarlo del Rei, i32. » julho 17 — Carta réjia ordenando ao Correiedor da Estremadura que mandaste proceder ao arrolamento dos moradores na sua correi^ao, 282. » oitubro 3i —* Conto dos moradores da comarca e correifio da Estremadara, tot- nos Lisboa, 243 a 282. » i5at, INDICE CRONOLOJICO 489 i3a8| oitubro io — Carta mandando pagar no almozarifadod« Eatr«oioaEOSi5xiMr«M8 da ten^a de Inés Alvares. ama da infanta D. Beatrb, i3o. • - i53i (?), setembro 5 -—Carta de D. Beatrìs, Duqoesa de Sabota, a IX Antonio 4e Ataf*: de, i33. 1534, oitubro 10 — Carta de prìvìlejio de ctdadfio do Porto a Diogo Gtaies, iSS. ' i53o, mar^o a — Carta de quita^ao de Femand'Alvareg, do dote da Infanta Duquesa de Sabota, 1S9. i537 — Denuncias recebidas neste anno na InquisÌ98o de Evora, 8», 81, 84. » — Idem na InquisÌ9So de Lisboa, 84. i538 — Denuncias recebidas neste anno na Inquisifio de Lisboa, 85, 86, 87. 1539 — Denuncias recebidas neste anno na Inquisì^fio de Lisboa, 87, ^. 9 fevereiro ai — Carta de perdio de MaWesado, fiador de um preso, 1S4» 1540 — Denuncias recebidas neste anno na Inquisirlo de Lisboa, 88, 89. 1541 — Denuncias recebidas neste anno na Inquìsi^So de Lisboa, 89 a 107. 1542 — Denuncias recebidas neste anno na Inquisi^So de Lisboa, 107 a ut; 1543 — Denuncias recebidas neste anno na Inquisirlo de Lisboa, 111 a 117 e 1698 171. i544 — Denuncias recebidas neste anno na Inquisi^ao de Lisboa, 173 a 175. iSji — Denuncias recebidas neste anno na InquisirSo de Lisboa, 175 a 178. » marfo 20 — Alyarà de D JoSo III, facendo mercS à Inquisirlo de Lisboa do toda a fasenda e dinheiro pertencènte A Corda por se tentar levar jNira fora do reino, pelos portos de Lisboa e de Setubal, inchiindo todo o )à aaqoeatra- do, 42. 1546 — Denuncias recebidas neste anno na Inquisirlo de Lisboa, 178 a 180. 1647 — Denuncias recebidas neste anno na Inauisir9o de Lisboa, iHo, 181. » fevereiro 4 — Apostila posta no alvaré de io de roarro de i545, iaentando o neUo preceituado das concess5es anteriormente feitas é RedenrSo doa CativoS| 48. 1548 — Denuncias recebidas neste anno na Inquisirlo de Lisboa, 181 e i8a. i5Ì9 — Denuncias recebidas neste anno na Inquisirlo de Lisboa, i8a a 184. i55o — Denuncias recebidas neste anno na Inquisirlo de Lisboa, 184, i85, 4169 a 471. » fevereiro — Minuta da circular aos correjedores, na qual se anuncia a prorogar^ por mais dois annos do tribunal de presas, i63. i55i — Denuncias recebidas neste anno na Inquisirlo de Lisboa, 471 a 474* » novembro — Retarlo dos navios portuguSses apresadot pelos franoSses e vice- versa, 164. t553 — Denuncias recebidas neste anno na Inquisirlo de Lisboa, 474 a 476. • fevereiro a3 — Notificarlo feita pelo Ouvidor do Duque de Braganra aoa marean- tes de Esposende, de urna carta réjia, na qual se Ihes proibe navegara» par» ocidente, i65, 166. » fevereiro 24 — Notificaclo feita pelo Ouvidor do Duaue de Braganra aos marean- tes do lcios da Inquisiclo, prislo de Franc€ses por ella ordenada, etc^ 5i. ro t8 — Carta de perdio de um cigano ferreìro contra quem haviam que- relado outros ciganos, 467. » desembro 6 -— Carta de perdio de Jolo Giciano, naturai do reino de Greda, 468. 4W ARGHIVO HISTORICO PORTUGUEZ i^\ Anfimhm Q — Alvaré cgnfiriiiando outro de 20 de inarco de i345 e a apostìlade 4 de Mvereiro de 1547 a elle )unta| 48. i5M| maio 114*— Carta de perdio a uns individuot que deixaram fujir tres cìganoi pr»* SOS na cadeia de Vila de Nogueira, 464. • falbo II ^ Carta de perdio do alcalde e carcereiro de Panoias por ter ddudo lÌBJir um cigano da cadeia, 465. iSyi, novemoro ai — Traslado da nsitacao ordenada pelo Cardeal Infante Inquisidor geral à lomùai^lo de Lisboa, 53. » desembro 1 — Termo da publicacao da primeira visita^ So da Inquisito de Lis- boa fetta a todos os oìScìaes da mesma, 53. 1574, ferereiro 1 — Alvaré esclarecendo que os bens dos Crìstaos-novos tomadospart a laquìai^So de Lisboa, em virtude de disposi^ 5es anterìores, se enteodi somente nos qoe forem achados embarcados em Lisboa ou Setubal, porqne 05 eocontrados noutras partes serio incorporados na camara resi, 49. 1576, juiho la^-Provisio com as instru^6es dadas à InquisÌ9Ìo de Lisboa em coose- Quenda da visitarlo feita nesse mesmo anno, 54. 1 novenobro 10 — Notifica^io feita ao inquisidor Diogo de Sousa da provisSo de 12 de julbo precedente, 56. » flovembro a6 — Publica^io aos guardas do carcere da Inquisito de Lisboa, da provisio de is de fulbo desse mesmo anno, 56. ii8CI| aaarfo ai — Alvaré de Ftlipe I confirmando à Inquisirlo de Lisboa a doa^So doi bens tomados aos Cristios-novos nos portos de Lisboa e Setubal, 48. 1596— Caderfio das teo^ da Infanta D. Maria, extractos, ai a 41. 1597 — Cademo das ten^as da Infanta D. Maria, extractos, i38 a 149 e 385 a 292. i6oD a 1710— Dea assentos de baptismo e casamento de parentes de Camilo Castello Branco, 19. i6a6, novembro i3 — Carta de cirurjia de Antonio Sucarello Claramonte, 459. i638y junho 17 — Carta ré|ia autorìzando Joao Sucarello Claramonte a usar ds cieoda de ctrurgia, 190. 164O1 aeiaoabro i — Alvarà facendo merc8 a D. Fradique da Camara, de urna via)em de capitio mór das nàus da India, 454. 1649, oaaio 17 — AWarà confirmando a D. Fradique da Camara a mercé de urna yiajea de caoitSo mór das néus da India, 454. » aetembro 18 — Mandado da Camara de Lisboa ordenando o pagamento do resto do ordenado devido ao fiilecido cirurjiio da cidade, Antonio Sucarello da- lamonte^ 190. i63o^ oitabro i5 — Oficio do Conde de S. Louren^o, general do exercito do Alemteio, expondo a necessidade que havia naquelle exercito de um bom ctrurjiao, raraotendo incluso e recomendando com empenbo o memorial de Joio Su- carello Claramonte, 193. » noTembro a ^ Consulta do Conselbo de Guerra sobre o oficio do Conde de S. Lonren^o, de i5 de oiiubro do mesmo anno, i9a. • novembro 7 — Resolu^So réjia exarada na consulta do Conselhio de Guerra de s de novembro do mesmo anno, 193. » dexembro 18 — Carta patente nomeando Joio Sucarello Claramonte cìrurjiao mór do exercito do Aiemtejo, 191. > dasambro ao— Porterìa pela qual D. Joao IV fez merce a Joio Sucarello Claramoate monte do titulo de seu medico e de quarenta mil réis com o habito de ChristO) 193. idSs, Kniko a4— Carta réjia mandando lan^ar o habito de Chrìsto a JoSo Sucarello Claramonte, 193. a oitttbro 7 — Alvaré regulando a pensio de familia a D. Fradique da Canura,454- 1654, novembro a6 — Al vara de promessa a D. Fradique da Camara de urna comendi da Ordem de Chrìsto, de lote de 5oo4^ooo réis, 455. 1655, faveraaro ao*— Tres alvacàs para se lani^ar o habito de Christo a D. Fradique da Camara, e ser admitido a professar, 456. 1661, agosto ^ Decreto da Rainha u. Luisa de Gusmao, ordenando ao Secretarlo de Estado Gaspar de Feria Severim, que na leitura que havia de fazer no Coo« aalbo de Estado do tratado de casamento da Infanta D. Caterina com 0 Rei de Inglaterra, Carlos II, omitisse os artigos em jue se declarava terem '^^^ dadaa corno dote à refenda Infanta as pra^as de Tan|er e Boabém^w* INDICE CRONOLOJICO 4S9 i665, feverdro 6 — Carta patente nomeando D. Fradique da Camara goveroador do MaranhSo, 458. 1668, agosto 24 — Alvaré permitindo a D. Fradique da Camara renunciar a caphania mór das nius da India, em que estava provido, 458. 1669, mar^o i — Carta de padrSo, transferìndo para D. Fradique da Camara a ten^a de 200:000 réis que havia sido concedida a sua irmS D. Joamia de Toledo. ^Sj. 1754-1761 — Matrìculas de Domingos José Correla Botelho na Universidade de Coim- bra, 18. 1763, agosto 29 -— Despacho no reouerimento do bacharel Domingos José Correla Bote- lho pedlndo alvaré de nan^a para tratar de seu livramento e mostrar a sua defesa do crime de assassinio de (|ue era acusado, 16. » oitubro 23 — Informa^So favoravel do juiz de fora de Vila Real, no requerìmeoto do bacharel Domingos José Correla Botelho, 16. 1765-1770 — Matrìculas de José Correla Botelho de Meneses na Universidade de Coim- bra, IO. 17661 abril 12 — Provis&o réjia perdoando a Manuel Correla Botelho e a seua fllhoa a morte de um soldado, 17. iSaa, abril 21 — Carta de Maximo José dos Reis, capitio mór de Sintra, a um seu ami- go, 61. 1846, agosto 28 — Carta esenta por Camillo Castello Branco, ao aue parece, a Alexan- dre Herculano, pedindo a sua protec^io para vir a LisDoa, i5. INDICE ALFABETICO Abiul, popula^So. 271. Aboim (D. JoSo Perez de), mordomo mór, 68, 227, 228, 229, 23 1. — Vide Liyro de D. JoSo de PorteL Abraldea (Joao) ^44. Abranches (D. Alvaro de), capìtio de Axa- mor, 82. Abranchet (Conde de) 36 1. Abranchea (D. Joio ae), morador no Ro- cio, 480. Abrantes: Condado, 264. —Moradores, loa — Popula^io, a63. Abravanel (Juda), negocìante judeu, 346, 362, 363, 437. Abrea (Alonso de), criado de Jo&o de Atafde, 2^. Abren (D. iMlipa de) 180, 181. Abren (Jole Gomez de) 444. Abren (Pero Goiqez de), yeador e pagador das ooras no castello de LapeUa, i55, 444. Aceiceira, popula^io, 266. A^òres (Ilhas dos) 365, 38 1. Acucar do fìrasil. 164. — De S. Tome, 164. — EmFlandres, 368, 369, 371, 372, 373, 383, 408. Afucares da ilha da Madeira, carregados para Flandres, 76 ; para Veneza,76, 137; dos quartos, 7O ; das rendas da ilha da Madeira, 77, i65 ; das rendas das ilhas dos A^ores, 77 ; das rendas da ilha de Cabo Verde, 77. Adibe, familia judia, 1 1 1. Adriano VI, Papa, 3o8, 3 10. Aftitali (JoSo Francisco), banqueiro cre- monSs, 375, 392, 304, 395, 3^^ 410. Afife, Comenda de §anta Cnstina, 314. Afonao (D.), Conde de Barcellos e Duque de fìragan^a, 35 1, 345. Afonso I7D.), Rei de Portugal, 3 12, 323. Afonao III (D.), Rei de Portugal, 23 1 — Ri- cos homens da sua córte, 23 1, 232. Afonie IV (D.), Rei de Portugal, 25, 145. — Suas capellas, 262. Afonao V (D.), Rei de Portugal, 140, u6, 47,354,355,356,358,; 366; 36», 364, 365, 377, 388, 425,430,431, 148, 204/206, 233, 296, 328,329, 33o,332, 334, 335, 346, 347, 354, 355, 356,358,359, 434, 436, 437, 439. Afonao (Mestre) 443. Afonso (Mestre), cinirgiSo, 90. Afonao (Mestre), cinirgiSo de Torrea Ve- dras, 102. Afonao (Dioffo)| mercador portugiiSs ea- tante em Bru}es, 35 1, 425, 426. Afonao (JoSo), cidadSo de Lisboa, criado do Infante D. Henrìque, 349, 425. Afonao (Marttm), coroprador del Rei, qui- ta^So, i58. Afonao (Dr. Paulo), do Conselho goral do Santo Oficio, 56. Africa, barcos para li firetados, 334.— >I>es- pesas dos seus logarea, 375. -* Espodi* 95es, 373. Aguas Bellas, popula^ao, 268. Aguda, populB9§o, 270. Aguiar, doa^So da yila, 232. Agniar (Filipe de), mo^o da camara del Rei, 175. Agniar (Francisco de), cavaleirO| 104, i8i. Aguieira, popula^So, 275. Agnilar (Joao de), armetro, 91, 91, 93. Agnatin (D. Antonio), Vice Ghanouer da AragSo, 3io, 3 18.' Alrea (Fernando), 235. Aires (JoSo), cavaleiro, a3a Alio de Moraea, escrìtor, 195, 196, Alào de Moraes (CristaySo), PedOhura Im^ sitana^ 298. Alba (Duaue de), 3io, 3ii, 3i8, 319. Albarim (JoSo do), mercador de Brafesi 349, 425. Albamas (Martini), vereador de Sintra, 257. Alberto (Cardeal), Vice*rei de Porlngal, 143, 147. Albret (JoSo d'). Rei de Navarra, 3i2| 319. Albufeira, moraaorea, 112. Albnqnerqne (Afonso de), filho do Gorer^ nador da India, 473. Albnqnerqne (Afonso de), Govemador da India, 142, 146, 2i3, 214, 215^ 253 295. Albnqnerqne (Francisco de) 235. Albnqnerqne (JoSo de) 36k 363, 437. Albnqnerqne (Lopo de) 238. Albnqnerqne (Matias de) 455. Alcacer do Sai, 106, 170, 468. Alcacerquibir (Batalha de) 30| 140» 1481 149. 49» ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Alea^ora (FemSo da) 443. Aleafora (Isabel da), mulher de Pero de Paiva, 3o7. Alca^ora ^Pedro da), secretarlo, i6a. Alca^ova (Pero da), o moco, porteiro da ca - mara, 303, 365, 4.37, 438. Alcains (Comendador de) 357, 358, 43 1. Alcanede, popula^ao, a63. Alcantara (Ordem de) ao3, 204. AlcatrSo, 365, 437. Alcoba^a, mosteiro, 146. — Popula^io, 249. Alcoentre, popula^So, 261. Alcolorado (Gonzalo VaK) 444. Alcontim (CoDde de) «40. Aldek Galega, moradores, 117. — Popola- lo, a6a — Siseiro, 172. Alemiea: Os sena navios yisitados por um familiar do Santo Oficio, 44. — Na Inquisito, 99, 169, 170, 178,47! — Sua capella« i6a Alemaaha, Elettores e outroa arandes se- nhores, 399. — Especiarìas, 38o, 414. — Ladroice, 38o, 398, 414. — Moeda, ^14. -*Povoe principes partidarìos de Lu- tero, 40S. — Sacordote, 473. Alemqoer. Alcalde pequeno, i83. — ^Corre- jedor, 60. — Moradores, io5. — Popola- 980, 2 So. Alemqner (JoSo de), mestre de ama cara- vela de Guiné^ 159. AlemtejoL Ciror|fio roór do exercho, 191, 192, 19J. — Govemador das annas da pro- TiQcia e exercìto, 1^1, 102, 193. Alexandria (Especiaria de) 411. Alfarrobeira (Batalha da) 296, 298, 35 1. Alfeìsèrfoy popala^So, 249. Algarve, Alfandegas, 368. — Alfandegas, seu rendimento em i5o7, i56. — Bispo, i83, 184. — Gal, i56.--*Chanceler da correi- 980, 4*7. — Diridas e restes, recebi- nemo, i5^ i56. — Mercadores, 35 1. — Naus, 383. — Navios na costa, i63. — Permiasio para ahi se comprar TÌnho, fhitas e sai, 325. — Portos onde os mer- cadores estrangeiros podiam exercer o sei» eomercio : Tavira, Faro e Silves, 3a6w*^Sisa dos panos,^ caderno do as- sentamento de i5o5, 236; idem, de i5o7, 139. AlaodSo, 368, 371, 373. AlKaadra, popula^o, a58. Alhos Vedros, 114, 11 5. Aljubarrota, batalna, 146. — Popolarlo, 248. Allenteiròs, 371. Almada, juiz das sisas, iii.-* Moradores, 178. '-^TabeliSo, 467. Alaaada (D. Francisco de), capitio, 48a Alauda ( Joio Almrea de), recebedor mór do dinheiro dos Judeus castelhanoa das sels* ceiHas casas e oito cmaados, 297, 298. Almada (Jolo Vaz de) 87. Almada (Joao Vaz de), védor da casa Afonso V, 36i. Almada (Dr. Manuel de), inquisidor, 184. Almada (Rui Fernandez de) 379. Vide F nandez (Rui). Almeida (D. Antonio de) 29. Almeida (D. Antonio de), senhor do doai, 263, 264. Almeida (D. Antonio de), vereador da mara municipal de Lisboa, 29. Almeida (Diogo Fernandez de), védor dt| fazenda, 35o, 427. Almeida (D. Duarte de) 90. Almeida (Femand' Aires de), do desei bargo, correjedor do civil de Lisboa, Almeida (D. óuiomar de), freira em ^ tos, 3a Almeida (Jeronimo de), cigano, 461. Almeida (D. Lopo de) 471 Almeida (Marttm de), rendeiro da Uba dil Madeira, 76. Almeida (Nicolau de), ouvidordoduqoeda Bragan^a em Entre Doiro e Minho, eoa Beira, i65^ 166, 167. Almeida (D. Pedro de) 83, 84. Almeida (P. Tkeodoro de), Recrtafio Fkh losophica^ 33. Almeida do Espirito Santo (Jacinta Rosa de). Vide Espirito Santo (Jacinta Rosa do). Almeida Garrett fViseonde de)^ Um Att de Gii Vicente^ 128. Almendra, moradores^ 174. Almoxarifados do remo (Receita annual dos) 375. Alpedriz, popula^So, 248. Alpoem (Joao Martina de) 219. Alsada (Fiiipe de), Coode de Flandres, 323, 337. Alte da SUva (Bemardim de) 32, 33, 34, 35, 36. Alvaiazere, popula^fio, 26^ Alvares (Femand*), tesoireiro mór, isi, 129, i3o. Alvares (InSs), ama da infanta D. Beatria de Pomigal, duqueza de Saboya, la^» 125, 126, 12^ i3o, i3i. Alvares (Luis) 235. Alvares (Nuno), mo^o da camara, 258. Alvares (Pedro), continuo da conladorìa da Infanta D. Maria, 38. Alvares (Pedro), inquisidor, 475. Alvares (SebastiSo), mo^o da camara da Infanta D. Maria, 3o. Alvares (Tornea), 124, i25. Vide Tawea (Tornea). Alverca, populacSo, a58. Atvide fBras de), eoviado em Franca, 161. AMto (BarSo ae), védor da fitsenda, a36^ 238, 239, 375. INDICE ALFABETICO 4^ * IroraitthA, popula^&ò» 35 1. j^;juiral (Francisco Diax do)» desembarga- ' dor do pa^o, 465, 466. ajjjjUDarantc, 187. e> ;jai]Mres (Louren^o de), impressor, 186. '^ imendoa, popuIa^So^ 264. ^ imerìca, guarda mór das mmas, 143. 'k^.UicS, popula^ào, 279. todaiufiaf Armada, Soo. — Feltor, SgB. f^iadrtde (Francisco def, 3 la. ^ wdrada ì Francisco dej^ Chronica de D. r/ln'» JoaO llìy I23y l6l, SOQ. 2 IO, 21 6, 21 7, 321, *• • 323, 333. bidrada (Pero de) Boi. ' «indi (Estevao), almoxarìfe das leztrias de l^f! Vila Franca, quita^io, i58. Ingo (JoSo), a sua carta de marca, 137. ""•^'Angra, Bispo, i^S, 461. — Morador, 83, 178. Annaes da Bibhotheca Nacional do Rio de *"" Janeiro.462. Anselme (rèrejy Histoire généalogique^ 3 1 2. 'J^kumlha (Caterina) 3a ^''Antoao, popula^So, 275. Antonio (Dom) 238. ^ .intonio (Mestre) 84. '^Aotuerpia, Bolsa do comercto de Portusal, 334. — Casa da feitorìa, 384, 385, 388, 390, — Casa de Gaspar Duarte, 382. — Entrada do Principe D. Filipe de Espa- nha, 389. — Especiarias, 378. — Feitoria, 295, 322, 384, 385, 388, 400,401,406,407. — Irmandade dos Portuguéses, 385. — Portugueses eram os negociantes estran- jeiros mais considerados, 379. — Capi- tulo da Ordem de S. Francisco da Obser- vancia, 392. — Prìvilejios concedidos aos mercadores portugueses, 384, 385. — Transferem para li a sua residencia os ^ mercadores portugueses, 385. Antones (Filipe), desembargador do Pa^o e peti0es, 466, 467, 468. s: Antanes (Manuel), secretano do Conselho geral do Santo Ofìcio, 56. il Arada, popula<;So, 277. f* Aragao, Kainha, 3 10, 3i2, 3 18. — Vice- Chanceler, 3 io, 3 18. Animo (Fettores de) 394. 1 Araldo (JoSo de), bomba rdeiro, 104. ^ Araiqo (Pero Rodriguez de) 444. Archivo dos Agóres^ 365. Archivo Pittoresco^ 147. ' Arega, popula^ao, 269. Arganii (Pedro Afonso de) 23 1. ( Arguim, Feitoria, 410. — Coma, "571, 413. Ariosto^ Orlando furioso^ 12S. Armada da costa, 44^ 455, 458. — de D. Garcia, 99. — do AUrichal, i^. — de S&« boia, 121, 133, i3o. ■fili ifjii «1 }* Armaiem de Gmmé^ìjh Armendm (Pano de) Ì69. Armentins, panos, 371. Arnéses, 35 1, 438, 439; de Tornay, 354, 4*^ Arouca, Abadessa, 375. Arraes (Paulo), mo^o da camara, iii. Arraiolos, 97, 09. Arras (Panos de) 370. Vide Rèa. Arruda, populacfio, 358. Anmda (Jloao Mendec da) i53. Art (V) de vérifier les dates^ 333, 343, 344» 366. Artelharia, Mestres, 307, 398. — Védor, 36i. Anindel (Conde de) 345. Arsila, Soccorro, 41 5. — Tomada, 206^ Hè^ 35i. Ascensio (Luisa da), freira em Santa Clara de Santarem, 37. Ataide (D. Afonso de)^ senbor de Cemache e Atouguia da Baleia, 344, 353. Ataide (D. Alvaro de) 335, 340. Ataide (D. Antonio de) a38. Ataide (D. Antonio de), Conde da Caata* nheira, i35. 136, 137, i33, i33, 356, 35q. Ataide (Dr. Diogo de), juiz do ci?el de Lisboa, 27, 35, 41. Ataide (J080 de), senhor de Penacova, 396. Atalaia, igreja^ 173. — Popula^o, 365. Atouguia, 163. Atouguia da Baleia, populacSo, 353. Augusburgo (Banqueiros de) 32 1, 378, 379» Aastria (Arquiduque de) 3o8. Vide Car- los V, ìmperador. Aastria (Arquiduque de) 343, 346. Vide Mazimiliano, ìmperador. Aastria (Isabel de), Rainba da Dinamarca, 3ii. 319. Aastna (Margarida de), Govemadora dea Pafses Baizos, 343, 3é6, 383, 384, 389. Aveiras de Baixo, popula9Ìo, 261. Aveiras de Cima, popula^io, 261. Aveiro, moradores, 87, 97, 98. — Popola» 9ao, 279. ATeiro (Duques de) 61. A velar, popula^So, 270. ATalar (Joao Alvares do), Tigario da Aia* mor, 82. Avel&s do Caminho, popolalo, 373. Avila (Bispo de) 3iOy 3i8. Arila (Joao de), roorador na Ribeira ém Santarem, 09. Avintes (Senhores da quinta e coulo da) 3i5. Avìs, Almoxarìfe, 77. — Prior do convaiitOi 77. — Rendas da Ordem 77. Aria (Vicente da), atcudeiro del Rai, quita* 980, i55. Azambuja, Alcalde, 323. -^ Doario ao$ Fia»' mangos, 333, 344. -^ Moradora^ 1 11. «-• Popnla^fioi, 261. 4 494 ARGHIVO MBTORICO PORTOGUEZ Aiaoilnda (Fr. Jeroatmo di) 473. Aiamb^t (D. JoSo Afonso da), Cardeal e Arcebisrò de Lisboa, 344. Asamor, CapitSo^Sa. — Fronteìro, ao6, 211, — Juix do8 orfaos, 82. — Moradores, 82, 83, 104, 108, no, III. — Tomada, 146, aio. — Vigario, 82. Aseitio, moradores, 180. Azevedo e Meneses (José de)^ As costellas do sr. viscottde de Correla Boielko^ 10. Anirara (Gomes Eanes de), cronista, 357, 358,431. Baliiiiao (Fedro), frances preso pela Inqui- sirlo, 45, 52. Bacalar (Femfio Rodrìgues de), veador e pagador das obras de Valenra, i55. Bttle de mourisca, 359, 353. BaltaBar Carlos (D.), prìncipe, 199, 200, 194. Baliam (Martim^ de Elvas, 66. Banco de deposito de Barcelona, 1 39. Barba (J080 Afonso de), mercador portu- gu€s estante em Brujes, 353. Barbante (Len^o de) 370, 371. Barbosa (Dr.), crìstao novo, i83. Barbosa Machadoj Bibliotheca Lusitana^ ^ »^ «47; "87, 194, 197, 198, 200, 293, 3o2| 448, i}5a Barcarena, igreja, ?''j?^* Barcellos jConde de) S45, 35 1, 426. Barco (Isabel do), mulher de mestre Hen* rì<|ue, cirurjiao, 3i. Barinel, 35o, 35i, 355, 426, 427, 428, 429. Barreiro, 101, ioÌ. Barrerà y Leirado^ Catalogo bibliografi' coy biografico del Theatro Aniiguo És- pàkol^ 448. Burraio (D. Filipa), mulher de Francisco da Costa, 236. Barrò de Aguada, popula<;Io, 212. Barros (Diogo de) 239. Batma (Joao de), almoucé mór, 478. Barros fJoSo de)y DecadaSy 21 3, 21 5. Barroi (JoSo de), feitor da Casa da India, 47»» Baiìroa (ione de)^ feitor em Flandres, 406. Barroso ( Cristo vao), secretano e embai- xador de Carlos V, 3io, 3i8, 320, 347. Batalha, popula^So, 247. Baùtoa, 357, 43o. Beatrii (D.), Condessa de Anindel, 345. Baatrte jD.), Infanta, Daquexa de Saboia, 3i3, 304, 401 ; seu dote, 1 18 a i37. Baalna (iX), Infanta, roàe de D. Manuel, 235. Baaa (Liooel de), tesooreiro da Moeda do Porto, 296. Bairaif opmarca, 295. Bajay'frwnnria.ito» Saou Maria, 146.--ES- crivSo da camara, ii5j-** Hospital, 564. —Moradores, 175. — ^Mosteiro de S. Fruì- cisco, 145. — Vereador, 148. B^a (Alvaro Anes de), embaixador em Cas- tella, 145. Beja (Diogo Femandez de), capitlo da nao Fior de la Mar, 146, 147, 149. Bela (Duo uè de) 368, 371. Bma (Fr. Joao de) 27, 149. Bqa iJoio Afonso de), veador do Infante D. Luis, 146, 147, 14J9. 149. Beja (JoSo Domtnguez ae), escrivio da pu- rìdade de D. Dinis, 145. 146. Beja (JoSo Rodriquez de), veder da fazen- da aa Infanta D. Maria e Infante D.Luis, 25, 27, 145, 147» «48, I49> 20^ 207,224. Bida (Nuno Rodriguez de), provincia] da Companhia de Jesus na India, 147. Bda (Rodrigo Afonso), manteeiro do io- fante D. Luis, 146, 147, 14^. Bdaa, sua orijem e genealo)ia, 145 a 149. Belem, 88. — Mercadorìas do mosteiro, 3& — Obras, 414. Belmonte, moradores, 1 1 1. Belver, comendador,a3i.— Popula^fo^aéS. BeBibo (Afonsoj 285. Bemfìca, mosteiro, 237. Bemposta, popula^ao, 277. Benavente, juiz e mordomo da confrarìado Santo Sacramento, 102.— Mestre de eo- sinar moqos, io3. — Moradores, 172.— T^ soureiro da igreja, io3. Benim, feitoria, 410. — Pimenta, 369. Bergues (Feira de) 384, 414. Bermudei (Fernandoì 444. Béstas de ^arrucha, ^55, 428, 429. Biblia em Imgoajem, 85, 87, 89. Biscaia (Néus de) 355, 428. Biscainhos na Inquisi^ao, 94, iTJ» Bispo ^Antonio), alemao, coadestavel dos bombardeiros, 160, 170. Bivar (Isabel Diaz de) 37a Bluteauy Vocabulario^ 33o, 357. Bocasis (Pe^as de) 356, 357, 4^^t ^^' Boi far, popula^So, 274. Bombaim, dote da infanta D. Caterina, it3. Bombardasi 35o, 35 1, 354, 427,42^,4^ Bordeus, colegio,470, 471.— Mercador, 17 '• Bordos, 365, 409, 437. Borgonba (Duque de) 328, 338, 339, 341, 345, 417, ^2, 423, 424, 437. Bargonba (Duqueza de) 346.347,345,^491 3^2, 355, 425, 428, 429, ^o. Borgonba (Joao de^, livreiro, 181. Borgonba (Maria de), mulher do ArqQidi|* que Mazimiliano de Austria, 342, 343, 346, 363. Borgonhoes (Irmandade dos) 33i. Boijes (Antonio), sr. de libavo, 277- Bmjai Garloi, o Temerario, Duque de Borgoaha, 341,342, 346,347. Carloa Ili, Duque de Saboia, seu casama* to com a Infanta D. Beatrìi, 1 18 a iS;, 364. Carloa ^Micé), genovés, estante em Bro- jes, 356. Carloa T, Imperador de Alemanha, isii 123, 127, 162, i63, 3ii, 347, 379,381,3891 400, 401 , 4o5, 406. Carloa I, Rei de Castella, 3o8, 309, 3 io, 3 11, 3 17, 3 18, 319, 320, 378, 392, 401. Carloa ¥111, Rei de Franca, 366, Ì67. Carlos IX, Rei de Franila, 43. Carloa n, Rei de Inglaterra. 225. Cariota Joaqnina (D ), Rainha de Poriugai, 58, 59. Cameiro (Antonio), secretano, ii5, iw, 127, i32, 141, i58, 160, 297, 3 15,397, 40f Cameiro (Vasco), cidadSo do Porto, 3i3. Caroto, bailador, 29. Caroto (Antao), do desembargodelRei,)^ Cartas de marcar (Pessoas quefaziam) % 108. Cartas de quita^io del Rei D. Manuel, 761 80, 1 55 a 160. Carralhal (Rodrigo do), genro de D. Go- terre de Monroy, 2o5, 208, 209, «10,219- Canrallio (Cristovao Mendez de), dese^ bargador do pa^o e peti^des, 463, 406, 467, 468. Canralho (Domingos), pintor, 00. Carvalho (Gaspar), deao da Se, 104. Carralbo (Joao), fidalgo castelhano, 207* 209, 210, 218. Canralho (JoSo Rodrigues de), afeote de D. Afonso V em Brujes, 356, 358. Carta de quitacio, 43o. Canralho (Manuel) 240Ì INDICE ALFABETICO 497 GaiTallio (Ruì Lopez de), inquisidor, 82. Gairalbo (Vasco), fidalgo da casa, 3oi. Carvalho da Costa^ Corografia^ aS, 26, 146, 311. Carvalho e Mello (Sebastiao José dej^ Pla- no para se regular o alinhamento das mas qut ja^em entre a Rua Nova do Almaaay publicado nas Memorias das Principaes ProvidenciaSy 36. GarvaUiO e Menesei (D. Maria), mulher de Manuel Correla Boteiho, i3. Carvoeiro, popula^So, 265. Casa de Ceuta, Recebedor, 78, 79. — Tesou- reiro «ór, 78^ 79, 3o6. Casa do Civel, Chanceler,34. — Desembar- gador, 375. — Governador, 1 3o, 238, 240, 461. — Livro das rela^Òes, 49. — Rejedor da justi^a, 35 1. — Solicitador, 177. Casa dos Contos, 234. Casa dos Escravos,373. — Recebimento nos aoDos de i5o6 a i5o8. i58. Casa de Guìnéy 373, 39Ì. 414. Casa de Gumé e Mina, ^73. Casa da India^ 373, 397, 4o3, 404, 407, 412, ^14. — Diaheiro entrado, 373, 374, ^75, J7J5. — Feitor, 378, 393, 471. — Tesou- reiro, 80, 114, 160, 392. — Tesoureiros da especiaria, 374, 38o. — Trabalhador, 86. — Varaodas, 94. Casa da Mina, 370, 373. — Crìado do tesou- reiro, 175 — Feitor, i55. — Recebedor, 159. — ^Tesoureiro, 70, i55, i55. Casa da Moeda : Tesoureiro, 354, 406, 429. Casa da Suplica^So : Desembargadores, 375, 477. — Livro das reU0es, 49 — Re- jedor. 48, 49, i3o, 278. Casal d Alvaro, popula^ao, 274. Cascaes, 88, 162. — Bens de capella. 6a — Juiz de fora, 4, i3, 17. — Popula^ao, 257. — Predios, 60. Gaserai (Pedro Martinz) 23 1. Casianheda^ Hisioria da India^ 366. Cattanheira (Conde da) 126. Castanheira, moradores, 104. — Popula^io, 259. Casteibraaco (Diogo Gon^alvez) 427. Castalbranco (Gonzalo Vaz de), védor da fazenda, 296. GaiMbranGO (D. Martioho de), védor da fazenda, 235, 237, 240, 374, ^43. Caatelbranco (D. Fedro de) 238. Castelhanos na Inquisi^ao, 90, 92, 94, 96, 99, 100, loi, io3, 104, io5, I IO, 112, 1 16, 172, 178, 180, i85, 471, 473, 475, A77.— servindo em Poitugal, 211, 212, 21 3. Castella, embaizada, 145, 307, 3o8, 309. — Guen-8^377.*RevoUas, 3io^ 3ii. Castello Branco, morador, 471. Gattello Branco (Camillo), vide Camillo (Os antepassados de). I Castello Branco fCamilloJ^ Amor de Per* dtfSoy 3, 5, 7, 9, 10. — Cariay i5. — O Ja* figo de HerculanOy 3. Gattello Branco (Jorje Camillo), visconde de S. Miguel de Seide, i3. Gattello Branco (D. Rita Teresa Margarìda de), mulher de Domingos José Correla Boteiho, 5, 6, i3. Castello Real, em Berberia, 412. CastelÓes, morador, 427. Castilho(AlexandreMagnode\DescripgSoe Roteiro da Costa Occidental dcAfrica^ 208. Castilho (Antonio deh Elogio de D. JoSo III^ i63. Castilho ("Antonio Feliciano dej^ Garda de Resendcy 3o2. Castilho usabel de), castelhana, 104. Castilho (Jo3o de) 48. Castro (D. Alvaro de), conde de Monsanto, 35o, ^5i, 425, 420. V Castro (D. Alvaro de), governador da Casa do Civel, 238, 240. Castro (D. Diogo de) 470. Cattro (EstevSo de), sr. da quinta da Azoei- ra, 255. Cattro (Femao de) 240. Cattro (D. Filipa de) 235, 238. Cattro (Hortencia de), mo^a da camera da Infanta D. Maria, 29. Cattro (D. InSs de) 345. Cattro (Jorje de) 235. Cattro (Jorje de), sr. da quinta da Ribei- ra, 255. Cattro (Lopo de), copeiro da Infanta D. Maria, 3i, 32. Cattro (D. Luis de Castro), sr. de Cascaes, etc, 253, 257, 275, 279. Cattro (D. Miguel de), do Conselho goral do Santo Oficio, 56. Cattro (D. Pedro de), sr. da quinta da Ca- duriceira, 255. Cattro (D. Pedro de)^ védor da fazenda, 235, 237. 253, 255. 257, 275, 279. Cattro (D. Rodrigo de) 117, 221. Cattro (D. Rodngo ae), comendador de Sea 255. Cataldo (Dr.) 370. Caterina (D.), Rainha de Inglaterra, 225. Cativos (Reden^ao dos), 42, 48. Cavaleiros-viloes, 12. Cayt (Honorato de), embaixador de Franca em Lisboa, 119, i2a Cela, popula^So, 25o. Celas^ mosteiro, 244. Gelone o, 196. Cemache, povoa^So, 244. Cerra Bodet (Pedr'Éanes), 348, 425. Vide Eanet (Pedr'). Certi, alcaide mór, 142, 143. -^ Almoxarife, 141.— Familia dos Caldeirasi 143. 498 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Geuta, Altnoxarìfado, recebitnento nos aa- not de 1404 a 96,78. — /iiem, nos de 1 5o5 a i5o8, 75. — /itfm, nos de i5io a i5i3, 7p. — Armazem, 80, 415. — Bispo, Sa — Capitio, 78, 35 1. — Contador, 78. — Mo- radores, 109. — Recebedor, 78. — Védor das obras, 78. — Vide Gasa de Ceuta. Cezìmbra. Almoxarìfe, iSg. — Moradores, 180. — Navìos mercantes, i6a, 168. Chamalote (Sainho de), 88. Chancelaria da Córte (Recebedor da), 356, 43o. Chancelaria de D. JoSo I, 349. Chancelaria de D. JoSo II, 349. Chatal (Claudio), secretano da Duquesa de Sabota, lao^ 126, i33. Chiòvres (Guilherme de Cro)r, Conde de), ?;ovemador e primeiro ministro de Car- os I de Castella, 3oq, 3ì8. Cbièrret (Madame de) 411. Chilheiros, populai^ao, i56. Ciganos (Os) em Portugal no seculo XVi e XVII, 460 a 468. Ciganos (CapitSo de) 461. Girne (Manuel), feitor em Flandres, 406. Ciaretta (Gaudenzio), Notizie storiche in- torno alla vita ed ai tempi di Beatrice di Portogallo^ 118, lao, 121, 124, 1 25, 128. Cobre, 330, 354, 383, 392, 393, 394, 396, 399, ^o3, 404, 409, 410, 413, 428, 429, 433. Cobre (Contrato do), 379, 398, 4o3, 40 >. Cochim, Bispo, 2o5. — Capitao, 206. — Fei- tor, 365. GoeU&o (Aleixo), mo^o da camera do in- fante b. Luis, loi. Coelho (Fernao), almoxarife da alfandega da ilha da Madeira, 76, 77. Coelho (Dr, Francisco Adolfojy Os ciganos em Portugal^ 460, 461, 462, 464. GoeU&o (Fr. Joio), comendador de Le^a, 206. Goelho (Joio Soarez) 23 1. Goelho (Nicolau) 235. Goelho (Tom^s), juiz de Aveiro, 277. Cofala — CapitSo, 2 1 2.— Feitoria, 4i3. Cofres de Flandres, 357, 430. Gogominho (FernSo Fernandez) 23 1. Coimbra: Biblioteca da Universidade, 196. — Bispo, 244, 272, 278, 280, 344. — Colejio real, 471. — <2onego de Santa Cruz. 474. — Divo-dienos, sociedade secreta de es- tudantes, 58, 59. — Lente da Universidade, 191, 1 93, 470, 474. — Livreiro, 474. — NatJ- raes, 474. — Povoa^Io, 243. Goimbra (Duque de) 238. Colares, popula^io, 256.— Moradores, 109. Golonia (Henrique de), livreiro de Coim- bra, 474. ComprSis del Rei, despesa de i de Janeiro de i3ot a 28 de fevereìro de i5o3, i58. Condado (Pano de) 364, 360, 370, 437. Gonflnhao fMonseor de), estribeiro mór di infanta D. Beatriz, duqueza de Sabota. 126, l32. Goiila90 (JoSo), mercador de Evora, 71. Constantim (Feira de) 33 1. Constituifoens do Arcebispado de LisboOj 290, 3QI. Contos (Provedor dos) f3o. Contratos na Fazenda, 374, 375. Cootray (Pano de) 360. Gorbinel (Francisco) 239. Cordeiro (Jacinto)^ Elogio de poetasj 187, 198, 448. Gordeiro (Manuel), notano do Santo Ofi- cio, 43, 40. Corei xas (Torre de) 298. Cornoalha (Estanho de) 411. Gorreia (Diogo Fernandez), feitor cm Flan- dres, ^65, 366, 367, 371. Correia (Gaspar)^ Lendas^ 142, I47» ^^ì 206, 207, 20S, 21 3, 218, 219,220, 121, w, 366. Gorreia (JoSo Mendez) 159. Gorreia (Pedro), escudeiro fidalgo, na Gorreia (Pero) 238. Gorreia (Pero), senhor de Bellas, embaixi- dor em Flandres. 295, 391, 395. Gorreia (TristSo) 2Ì8. Gorreia de Andrada (Pero), mo^o da cf- pella da Infanta D. Maria, 3i. Gorreia de Barros (Pedro), de Silvdla, 6. Gorreia Botelho (Domingos José), jua de fora de Cascaes e de Viseu, 2, 3, 4, 3, 6} 7, 9, 12, 16, 17, 18. . Gorreia Botelho (Domingos), picheleiro, i3, 19, 20. Gorreia Botelho (JoSo), fidalgo da Casa Real, 6. Gorreia Botelho (José), vide Saa Banirio (Fr. José de), 1 Gorreia Botelho (Manuel), escrivio do p»- blico e judicial de Vila Real, 4* ^h i7i 18, 19. Gorreia Botelho (Pero) 6. j Gorreia Botelho (Visconde de)i3. Gorreia Botelho de Meneies (Dr. José) ), 3, 4, 6, 17, 19, 20. Gorreiai Botelhos, de Vila Real, 1, S)^ i^ i3. Gdrte Real (FernSo Vaz) 236. Gdrte Real (Vasco Anes) 357. CortÌ9a (Contrato da) 327, 328, 35», 359, 36o. «. Cortina em Flandres, 328, 334, 341, 3»i 36o, 424. Gesta (Diego da), escudeiro fidalgo da w da Infanta D. Beatriz. duqoeza de »• boia, 126^ 127, i32, i33. Gesta (Francisco da) 236. INDICE ALFABETICO 499 GMta (Gii da), escrìvSoda disima do Duque de Bragan^a, 23. Coita (Helena da), freira de Odìvellas, 3 1 . Gotta (Joana da), mo^ da camara da In- fanta P. Maria, 24. Costa (Joao da), escrivao da camara, 3i. Cotta (Mestre Joao da), lente, 471. Gotta (Jorje da). 3a. Gotta (Jorje da), escrivfio da camara, 48. 49- Gotta (Jorje da), de Lagos, 239. Gotta (Labaro da), marchante, 6, 12, 19, 20. Gotta iLouren^o da), de Vila Real, 4, 16. Gotta (Manuel da), escrivao da camara, 48, 49- Gotta (Vasco Anes da), armador, 357, 43 1. Costa Goodoiphiniy As MisericordiaSy 289. Costa Loboj Histaria da sociedade em Por- tugal no secuio XV^ 353, 407. Costa e SUya^ Ensaio biographico-critico soàre os melhores poetas portuguef^es, 302. Gota (Luis), clerigo do habito de Santiago, 101. Cotas, 354, 428, 429. Cotim (JoSo Martinx) i52. Cotrim (André) 126. Gotrim de Cattanheda (Rui), ucham del Rei D. Manuel, i56. Cowot (Joana de), fìlha de Filipa Giròa, 3o. Gontinlio (Alvaro Gon^alvez), o Magrì^o, 3^ 4»7- GontiAlio (Gonzalo) 238, 240. Gontialio (D. Maria) 235. Cottto (Diogo do)y DecadaSy 2o5, 206. Conto (EstevSo do), morador em An^ra, 83. Conto (Francisco do), feitor da pimenta molhada em Flandres, 389. Conto (Gaspar do), crìado do infante D. Luis, 114. Conto (Tome do), inspector do tesoireiro da Infanta D. Maria, 41. Covilìll^ moradores, 108. Coz, popula^ao, 248. Cozinna (Ofìciaes da) 371. Grato (Pnorado do) 265. Gravo, 374,411. Gretentim (Conde de) 126, i32. (>istaos novos denunciados na Inquisii §0» 82 a 1 16, 169 a 182, 470 a 478. — Privile- jios concedidos em F ran^, 162. Crisffdy Egloga, 293, 402. Crpnicas de D. Afonso V, D. Dinis, D. Duar- te, D. JoSo II, D. Manuel, D. Sancbo 1, 3 13, 3i4 Grn (Gomet), 444. Oiff ìFr. Bernardo da)y C4kromca del Rei D. Sebastiaoy 140, 1461 148, 149. Gwihn (Ampnio dó)^ contador dìos Conto^, 9^ S7- Gnnha TJoio da), cerieiro, 24a Gnnha (Tristio da), do conselho» 236, 383, 4o5, 408, 417. — Quita^So, 159. Cnnlia (D. Violante da) 238, 240. Gnnha Soaros (SimSo da) 3a Cnrntelo (FemSo Martinz), cavaleiro, 72. Dado (Martim), alcalde de Santarem, 227, 23 1. Dado (Martim Martinz) 228. Damme (Porto de), 328, 420. Darque (Navios mercantes em) i65, 166. Dentes de elefante, 368. Oerderqne (Filipe), hospede dos portuguS- ses em Brujes, 353, 426. Dent (Luis de), mostre da nàu Bretoa, 35o, 425. Dias(DamiSo) i3i. Diaz (Gaspar), feitor em Veneza, 157. Dias (In8s) 443. Diaz (Joao), correjedor de Viana da Fos de Lima, 478. Diaz (Jorje),, provedor dos Contos, i3o. Dias da Silva (Epifanio)^ Obras de Chris- iovSo FalcSOj 204. Diceto (Raul de), Ymagines historiarum^ìiò, Dinamarca (Rainha da) 3 11, 319. Dinit (D.), rei de Portugal, 144, 145, 146, 323, 337, 41.6 Dinit (Pero), mercador estante em Brujes, 327, 426. Diogo (D.), fìlho do Marqu8s de Vila Real, 23 5. Dioao (Martim Mendez) 1 53. Diploma secreto (Um) 225, 226. Domingot (Micer), ourives veneziano, 02. Domingnez (Afonso), senhorìo da nàu Pi- lèteira, 35o, 35 1, 427. Domingnez (Joao), mercador de Santarem, 68. Domingnaz (Pelaio) 154. Dornes, popula^So, 268. Drago (Gaspar), bacharel, 112, ii3. Dnarte (D.), Infante, 295, 3i5. Dnarta (D.), rei de Portugal, 146, 237, 295, 3 1 5, 345, 349. Dnarta (Diogo), portugu8s nascido em Bru- jes, 382. Dnarte (Dr. Femfio), fisico mór do Prìncipe D. Carlos de Espanha, 38 1. Dnarta (Gaspar), proprietario em Antuer- pia, 382. Du Cange^ Glossarium^ 3ì6^ 332. Du Moni, Corps diplomahque^ 338, 343, 366,367. Dnrer (Alberto), famoso pintor de Nurem- bergue, 401, 402. Eanes (Afonso), mestre de urna nàu do PortOL, 35o, 35 1, 425. Eanet (Dr. Luis), do desembargo, i34. £aiiea (Eatevao), cbanceler de U. Afonso III, 23 1. 5oo ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Eantt (Pedro), prìmeiro feitor portuguSi em Bnifes, 348, 349, 353, 334, 3>6. - Carta de qutta^3o, 425 a 43o. ^ Egiciano, 461. E^a (D. Jorje de) a35, 238, 238, 240, 240. E^a, poyoa^io, 245. Eixo, popula^io, 273. Elvas, Abadessa de Santa Clara, 207. — Al- caide, 66, 67. — Arc|uivo municipal, 460. — Bens, 66, 67. — ^Juizes, 67.— Logares do termo : Mo^arava, 66, 67 : Alcarapinha, 66, 67. — Moradores, 87. — Naturaes, 475. — Provedor duma capella, 295. — Sesmei- ros, 67. £lvas (Pero Lourei)(;o de) 297. Elvas (Rui de) 235. Emgega, vide Anjeja. Entre Doiro e Minho (Fortalesas de) i55. Envedo, popula^So, 265. Enxara dos Cavaleiroa^ popula^So, 255. Erasmo, 116, 117. Ericeira, populacio, 255. Esclusa, Chegada da Infìinta D. Isabel 345. ' Cortina là vendida, 341. EscocSs (Corsario) 382. EsQOliur (Pero) 23o, 240. Escrìvio da fasenda, 369, 375. Esgueira, popula^ao, 277. Espanha, revoltosos, 401. Sspanha (Femio de), tesoureiro da Casa da Mina, 78, i55, 239,>444. Especiarias, Contratos de venda, 374, 375. — Rendimento no reinado de D. Manuel, 373, 374, 375, 376. Especianas em Fiandres, 397, 398, 399, 407, 41 1. — Vendidas na Casa da mdia a te do comprador, 407. Espingardas de ferro, 365, 4^8. Esplrtto Santo (Jacinta Rosa do), mSe de Camillo Castello Branco, 10. Esposende (Navios mercantes de) 162, i65, 166, 167 Ettaro (Jofio Rodrìguex), morador em Asa- mor, 82. Estado (OJ de S, Paulo^ 462. Estamenha, 332. Estanho, 384. Estatistica de Lisboa de /552, 242. Battrens (Dr. CrìstovSo), advogado consul- tor da casa da Infanta D. Maria, 34, 177. EsteveiiBfJoSo), feitor em Brmes, 358, 36i, 36a, 363. — Carta de quica^ao, 437. Satevens (JoSo), saquiteiro da Duqueza de Borgooha. 3oi. Eatarem (Nicolau), maitre do barinel do ' Duque de Bragan^a, 36o, 426, EstereiiB (Rodrigo), mercador portuguSs estante em Brujes, 352. 427. Itlawai d'Alto (Bernarttm), chanceler da Gasa do Civel, 34. Efterai (Dr. CrìstovSo), do cooselho, iS^. Estavei (Estevio), cavaleiro de Afit, 175. Esteves (Soeiro), cavaleiro, 74. Estran)eiros mercadores (Privilejio eoo- cedido aos), por D. Fernando I, de tereo consul^ 326 Estranjeiros residentes ero Portogli, vide em Santo Oficio. Estrelis, 410. Elstréla (Maninhos da serra da) 3i3. Estremadura, Correjedor, 274, 282.— Po- voa^So no XVI seculo, 241 a 284. Estremoz, 97,99- — Almoxarifodo, iS4,i3i. Aimoxarue, 77. — Moradores, 177.- Mosteiro de 5. Joao, 48, 207. Estudantes no estrani eiro (Subsidioi a) 396^ 387. Evangellio ( Afonso Martine), 435, 437. Evangelho (Luis Martinz), cavaleiro de Santiago, 108 Evangelho Moreira (Vicente Rodrìgoa) cavaleiro da casa del Rei, 107. Evora, 89, 90. — Al moxarifado, rendimento nos annos de i5o9 e io, i58. — AloKnu* rife, 354^429.— Arcebispo, 56.— Beos,^i, ?2. — Bispo, 23 1, 239, 290, 346.— Fen, 3 1 . — Inouisi^ao, 1 1 5 ; deDancias U fò- tas, 82 a 84. — Juiz, 72. — Mercador, 7i> — Moradores, log, no, 1 15, i58.— Moi- teiro do Espinheiro, 282. — Prior de S. Pedro, 71. — Provedor da comarca, i^ — Termo : Ameeira de Maura, i5s;Ein das Freiras, 71 ; Monte de Trìgo, i^i Valbom, 71. -7- Vizinhos, 69. Evora (Branca de), enfermeira das dama da Infanta D. Marìa^ 29, 286. Evora (Pero de), escnvSo da nobreza, 3IK, 387. Evora de Alcoba^a, popula^fio. 93a Excelente Senhora (A) 370, 44Ì. Fabricio (Mestre}, lente de grego oa iw- versidade de Qnmbra^ 474. Facanha (Martim Soares), cavaleiro de Evora, 72. Faial (Cigano naturai do) 461. Falcào (Alvaro) 38 1. ^^ Falcào (CrìstovSo), morador em Vertnoi, 247. Faleao (Cristov8o),iiidicado autor da eglo- ga Crisfaly 294. Falcar (Joao Peres) i53. Fio (Navios mercantes em) 16S, 107* Farla (Afonso de), cavaleiro, 271. Farla (AntBo de) 235. Farla (inSs de) 85. Farla (Louren^o de) 238, 24a . Farla Severfm (Gaspar de), secretano « Estado, 2a5, 126. „_^ Fatta e Sana {itmmel d^ Àfrica f*^ guesoj 2o3, ao7y 109, 216, S171 »h^ ira>I€E AlJ^ABETIGO 5oi — Cótmneniarios aos Lusiadas^ laS, aiO| tia, tSo. Farinha (Fr. Alonso Peres) 23 1. Faro, moradores, 1 IO, 171, 426.— Porto on- de OS estranjeiros podiam cooierciar, 326. fanao (CrìstovSo), morador em Azamorf 111. Fanao pìogo) 235. Fìuraio (Frandsco), juù doi orfaos em Axa* mor, 02. Feira, popula^So, 376. Feira (Conde da) 276. Feiras na idade media^ 33 1. Feitores ena Flandres : em tempo de D. Jofto I, 348 : no de Afonto V, 348 a 365 ; no de D. Joio II, 365 a 371 ; no de D. Manuel, 371 a 406 ; no de O. Joao III, 4U)6, 407. — Seu ordenado, 378, 382, 389, Feitorìa de Flandres, 322 a 442 ; movimen- to : em dinheiro, 349, 356, 358, 362, 378, 38o, 382, 401 ; em mercadorìas, 354, ^^^i 356, 357, 363, 364, 365, 368, 371, 372, 408 a 416. Femandea (Alvaro) 239. FenuoidaB (Alvaro)^ homem da camera da Duqueza de Sabota, 126, i3i. Femandes (Alvaro), tesoureiro de D. Afon- so V, 36i. Fernandai (Alvaro), tesoìreiro da Infanta D. Maria, 21, 27, 35, 37, 38, 39,41, 126, 131,285,287,288. taraaadei (Arcangela), mulher de Domin- {$oa Correla fìotelho. i3, 19, 20 llMniaadea (Diogo), tettor em Flandres, vide Correla (Diogo Femandez). Vernandas (Duarte), 22, 32, 36. Femandes (Gregorio), contador, 237, 24a Faraaadei (Dr. ierommo), fisico da Infanta D. Maria, 28, 3^, i38, 285. Femandes (JoSo)^ contador, 80, i58. Femandes (JoSo), porteiro da camera da Inforna D. Maria, 37. Famanées (Jorìe), escrìvSo da chancela- ria da comarca da Estremadura, fez em i527 o Rejìstro das cidadet e vìlas da Estremadara, 243 a 283. Femandes (Lopo), 238. Femandes (Manuel), feitor em Flandres, 368, 371, 372. Femandes (Rui), alcalde da Azambuja, 323. ftamaBdas (Rui>, escnvSo da feitorìa em FlaikU^s, e depoìs feitor, 3 12. 3 20, 379, 388, 390, 393, 3f95, 396, 397, 398, 399, 400, 402, 405, 406, 41 2. Femódes (SebastiSo) 238, 240. Famandas (Dr. Vasco) 37a famandas (Vasco), recebedor dos quartos dos a^cares aa ilha da Madeira, quita- Femandes (Vlceata), oorhras dal Rei, qui- ta^io, i55. Femandez de Elras (Antonio), tesoureiro da Infanta D. Marta, 38. Femandes Tomàs (Anibal), bibliofilo, 61, 2oa Femandetf Thomas fAnnibalJ, Cartas Bi- bliographicas^ 124, Fernando (Mestre), cirurjiSo do hospital, 100. Fernando (Dom) 240. Fernando (D.), Conde de Guimaff es, 36 1. Fernando (D.). Infante, iilbo de D. Joio I, 296, 345, 346, 438. Fernando (D ), Infante, filho de Di Manuel, 263, 264, 307. Femando (D.), Inftnte^ filho de D. Sancho I, 323. Femando n, o Catolico, rei de AragSo, 204, 307, 3o8, 3 IO* Fernando I (D.), Rei de Portugal, 1 18, 324, 325, 326. Ferraz (Jeronimo), cavaletro fidalgo, 87. Ferreira, popula^io, 267. Ferreira (Ór. Antonio)^ Poemas luskanoSy 3 16. Ferreira (Diogo), feitor da annada de Sa- boia, quita^So, 121. Ferreira (Femio de) 237, 338. Ferreira (Francisco Jose), ferido eas Vi- seu, 8 Ferreira (Jofo), tesoureiro da Moada do Porto, 207. Ferreirìm (Morador em) 117. Farrim, flameogo, morador em Lisboa, 426. Ferro (Folhas de) 364, 437. Fez (Judeus de) 86, 104, 110. Flaàho fC&nde de), edicio dos Càhfmas dos simphs e drogai de Garekt da Orfa, 324. Fidalgos, 12, 47, 55. Figneira (Rui), alcaide de Lisboa, 433. Figneira (Rui), manteeiro del rei D. Ma- nuel, i5o. Figneira DurSo (Jùaonio)^ Laurea Poma- setf, 45i. Figueiredo, coQcelho, 277. Fifneinsdo ^Afonso de) 36. Figueiredo (Diogo Gome^ dej^ NoMUtrio^ 293. 294. Flgnelrado (Diogo Gomes de), sagfento mór de batalha^ an3. Figaatredo (Diogo G^mez de), teneoae ge- neral de artilharìa^ 293. Fignetredo (Gaspar de), clerigo, 108. Figneiredo (Gaspar de), desembargador do pa^o e peti^5es, 465, 467^ ^68. Figneiredo (Gaspar de), esonvao do tesou- reiro da Infanta D. Maria, 36^ 38,40^ 140, 287. 5o» ARGHIVO HISTORICO PORTUGUEZ flfiMlMdo (HMrktue . Fraacforte (Feira de) 414. FnncJaco (Doro), filho do Bispo de Evora, 239. Francisco I, Rei de Franca, 127, 3o8, 309, 3 17, 319. Francisco (Martina), mercador portugues estante em Bnijes, 352^ 426, 427. Franco (Joao), ministro de Estado» 14. Franccdialde, vide Fraleobalde (Jeronimo.) FrasGolMddo, vide Flralcobalde (Jeronimo). Freire de Oiiveiraj Elementos para a his- tona do municipio de Lisboa, 25, 28, 190, 211, 324, 326, 327, 346. Frsitas (Anibal de) 236. Freiias (Estevao de), cavaleiro, 176. Freitas (Jordio da), escritor, 14. Freitas (Jorje de), bomem da camara da rainha, 83. Freitas (Rui Dìas de), cavaleiro iidalgo, 476. Fronteira, 104. Fmta (Contrito da), 349, 355, 425, 428. Fruta em Flandres, ^24, 368. Fnggar (Jacobo), banaueiro de Augusbur- go, 321, 378, 379, 393, 397, 398, 399, 403, 4o5, 410, 414. Fanchal, quartos dos a^ucares, 76. — Mora- dores, 182. FundSo (Sinagoga 00) 108. Furembergue (Prata de) 414. Fnscobalda^ vide Fraleobalde (Jeronimo). Gabóes de burel, 83. Ga^o (Alvaro), mantieiro da Infanta D. Ma- na, 3i, i38. Cago ^ndré), almoxarife de Setubal, i6a ttago (Rui), cavaleiro da ordem de Chris- to, 90. Galego fMi^el Diogo), mercador, i5o. Galegos (Puatas) 35 1, 354, ^^^1 429* Gailardoy Ensayo de una biblioteca de li" bros raroi y curiosasi 197, 198, 2oa Gallway (Guilherme Miguel) 64. Galtway (Miguel David) 64, 65. OalTio (lìuarte), embaixador em Flandres, 366. ttama (Alvaro da), recebedor do almozari- £ido de Estremos, 77. ttaain (Dr. Antonio da), vereador da cama- ra de Lisboa. 28. Guna (Simfio da) 182. Oama (D. Vasco da), almirante, 235. Gama Btarros^ Historia da administragSo^ 33 1. Gama Pereira (Dr. Antonio da) 28. Gante, Estada do infante D. Pedro, 345. — Pano, 33 1, 36q, 371. Gnniattses revoludos, 336» 338, 343, 366. Garcès (Afonso), escrivio da camara, 433. Garcés (InSs) a37Ì Garda Peresf (Dcmimga$J^ Catalogo ra- i(onadOy 2oa 201. Garrotea de Jasam, 4o5. GascÓes na Inquisi^So, 171. Gelves (Conde de) 309. Genobra (D.), mulher de Alvaro Gago, 3ty i38. Genjibre, 337« 38o, 384, 4.), fìlha do Conde de Abranches, 36i. laabel (D.^, Rainha de Portugal, mulher de D. Manuel, 3o6, 307. Iialianos oa Inquisirlo, i83. Japio (Principes do) 147* Jerusalem, moateiro de S. Franciscoi 36 1. Jeaiu (Soror Madalena de), freira no Salva- dor, 3o. Joana, Condessa de Flandret, 323. Joana (D.), Infanta, 371. Joào, Duque de Borgonha, 339, 417. Joào (D.), Principe 3 12. Vide Joào m (D.). JqIo I (DO, Rei de Portugal^ 146, ao3, 237, 328, J40, 349, 441. Jt^o II (0.)^ Rei de Portugal, 146. 204, 206, 207. 298. 293, 33o. 332, 334, 346, 347, 362, 3o3, 3o5, 366, 367, 3691 370, 371, 377, 38o, 408, 43 1, 436. Joào m j[D.), Rei de Portugal, aS, 29, 41, 121, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 144, 147, 162, i63, 208, 209,210, 214,217,210,2101 220, 221, 3i3, 3i4, 375, 389,396,404,406, 407^61. Joào IV (D.), Rei de Portugal, 33« 191, 192, 193, 225, 445, 447- , ^ Joào V (D.), Rei de PortugaU 146. Joào VI (D.), Rei de Portugal, 1, 60. Judaicas (Ceremonias) 89, 93. Judeus castelhanos no Porto, 2^« Judeus denunciadoa na Inquisito. 82, 85, 86, 87, too, 108, Il 3, 180.— em Ancona, i83.*--para Turquia, i83. Joliàaa (Vicente) i5i. Juromenha fVisconde dejj Cintra pintu- resca, 61. Jnsarte (Vasco), almozarife de Evora, 354 429. Justas rVaras de) 357, 43 1. Kiesselhach, Der Gang des Wdthandels^ etc, 334. LabordCy Les Ducs de Bourgogne^ 352. La Ghanlz, embaixador de Carlos V, 121. vLa Feitade (Joào Francisco de), banqueiro, 157. Vide AffaiUti. La Feitade (Ludovico de) i57. Lafeitate (Joio Francisco de), banqueiro cremonés, 375. — Vide Affaitati. Lafuente^ Historia de EsvaHa^ 3o8, 3 11. Lago (Simao Gonj^alves ao) 229. Lagos, Casa de Guiné, 373. — Moradores, 104, 108, 239. — Navios, 102. Lamego, Almoxarìfe, 160.— Naturai, 469. Lan^as de armas, 354, 428, 429. Langeac (Joao de), embaixador de Franca, 309. Lanhoso, obras no castello, i55, Lannoy (Carlos de), L'expansion coloniale du Portugal jusgu'au debut du XIX.* siè" c/e. 383. Lapella, obras no castello, i55. Laranjas em Flandres, 352. Latam ^estre) 362, 437. Latào (Fio de) 364, 437. 5ò6 ARGUIVO HISTORIOO PORTUOUEZ Lavradio, morador, 47?. Leio (br. Antonio de), d 114. desembargador, 1 1 1, Léborato (Vasco Fernandes), almoxarife de Avis, quita^f o, 77. Le^a, Comendador, 296.— Navtos. i65. Leiria, Conego da Sé. 57.— Cristaos novos, 96.— Mercadores, 55 1, 427.*'Povoa^o, Laltio (Domin^oa), fidalgo da casa da In- fanu D. Mana, 3a. Leitao (Francisco), cozinheiro na casa da Infonta D. Marta, 3». Leitao Galdalra (Manoel), capeltSo del Rei, a5, 144. Leitao F$rreira^ Catalogo dos Bispos de Coimbra^ 34A. Laite (Antonio), capttSo de MaxagSo e Axa- mor. 8a, 82. Leita (Bartolomeu), mo^o da camara, 100. Leitos de Flandres, 364. Lama (Antooioì, cavaleiro da casa do Prìn- cipe, 141, 3a8. Lame (Henrìque), 140, 143. Lame (Jeronima), freira em Odivellas, 33. Lama (Luisa), filtia de Henrìque Leme, 140. Lama (Martim), alcalde mór e feitor da fbrtaieza de Malaca, 142. Lama (Martini), mercador de Brujes esta- belecido em Portugal, 140, 141, ^27,328, 329, 33o. 352, 359, 36o, 36i, 431, 432, 433. Lema (Pedro Dias Paes), guarda mór das minas na America, 142. Lemea (Familia dos) 141, 142. Lamoa (Duarte de), sr. da Trofa, 274. Laonor (D.), Rainha de Portugal, mulher de D. Joao II, 238. Laonor, (D.), Rainha de Portugal, mulher de D. Manuel, i23. Lila, Bancaes, 430. — Pano, 33 1, 356, 370, 43 1. — Panos de ras, de armar, 356. Urna (D. Dioeo de) 444. Lima (Diogo Lopez de) 444. Uma da AieTedo (D. Antonio de), fìdalgo da casa del rei, i83. Lia (Estevio de) 238. Uaboa, Alcalde, 212, 433. — Alcantara, 88. Alfama, 94. — Alfandega, 348, 37f, 427, 433.— Aljube, 114. — Almazem, 3.Si, 354, 355. — Almota^aria, 173. — Almoxarìfado, 258. — Almoxarife do Almazem, 429. — Almoxarife dos pa^os, 362. — Alvala- de, 82, 83. — Arcebispo, 43, 49, 241, 290, 291, 202, 344. — Arco dos Barre tes, 107. — Arco dos Pregos, 472. — Arco do Rocio, Il 3. — Arquivo da Torre do do Tombo, 460. — Assentos de baptismo e casamento em algumas das suas fre- guesias, 19, 2a — Àuto da fé na rìbei- ra^ 100, 101. — Banqueiro fiorentino, 374. — Barbeiro contratado pala Sea^ do, i8o.^BéoadoSalvaao,2ii.-*B8co do Tibéu, 38 1. — Caea do Sodré^ 38i. — Caes do Tofo, logar da forca, Si).^ Cal^ado Velho, 173. — Camara niaaici- pai, 346, 348, 438, 442.— Campo de San- ta Clara, 292. — Campo da Tnndade, s5. — Capella da confrarìa de Jesus, sJy.— Capelia dos Flaipengos, 332, 333.— Ca- pella dos Iogl€ses, 332.--CapeUa de San- to Antonio junto é Sé, 340, 363, 438.— Casa do Civel, 35 1 . — Casa dos Escravoi, 1 58.--Casa da Guiné. 373.<-Casa da Moe- da, 406.— Cata que raras, 182.— Chafarìs de Arroyos, 86.— Chafarìz del Rei, 346, 44i.-~Cidadio, 348^ 'Ì49, 381,425,438.— Cirurgiao de pamdo da Camara, 189, iQO.—Colegio da doutrìna da Fé, 197.— O>legio de NossaSenhora daBstrela,)4, 25.--Colegio de Jesus, 476.— CooModa- dor de San Martinho, 442. — Comproaàs- SOS da Misericordia, 289, 29O.'-Goaeg!0 da Sé, 322. — Confrarìa dos bombardeiros alemaes e fìamengos, na igreja de S. JuliSo, 160, 170. — Confrarìa da gente fla- menga, 3i2.— Confrarìa de Santa Luna, 89. — Confrarìa de Santo Antonio, 441. — Conservadordos Alemfies a prìTilejia- do?, 3o. — Contador mór, 332, 4Ì6, 437.— Convento de S. Domingos, 332, 333, Ì48. — Convento de S. Viccnte, 67.— Corrcjc- dor, 442. — Corre jedor do civel, 3a— Cor- re ter, 426.— Cruzados na sua conquista, 322. — Escolas Geraes, 108, 177. — ^Escri- v§es da sisa dos panos, 436. — Escrivao da camara, ^2. — EscrivSo do crime, 86. — EscrìvSo da Misericordia, 280.— Escrì- v3o da moeda, 479. — Escrivao da sisa dos vinhos, 35o, 426, 427. — Estalajem na pra- ^a da Falba, 96. — Estéus, 88.— Fangasda farìnba, 25, 26.---Feira do Rocio, 99.— Gracas e franquias, 326. — Horta à porta de Santo AntSo, 90. — Horta junto ao adro de Santos, 94. — Hospital dos pobres desamparados, na Ribeira, debaizo das varandas dos pa^os, 11 1. — Hospital de Todos OS Santos, 93, 97, 235, 236, a38, 239, 240, 443, 459.— Igréjas : da Concd- ^ao, 88, 100, 472 ; da Magdalena, 95, 114, 178, 179, 473 ; dos Martyres, 99 ; de San Cristo vao^ no ; de San Mamede, g5; de San Martinho, 1 14 ; de San Nicolau, 106, no, 173 ; de San Roque, 93 ; de Santa Justa, 86, 91. — Inquisi^So, 42 a 56.— In- quisidor, 54. — Juiz da alfandega, 33o, 42^. — Juiz do civel, 27, 33, 438.— Juiz do cri- me, 86, 438.— Juiz dos orfaos, a85.— Jui2 da Rela^So, 64. — Lapa de Alfiama, 109. — Livraria de D. Afonso V, 357,358,43i. — Livraria defronte da Misarìcordia, 177* INDICE AI.PA&ET100 *5tì^ — Livrcìro na Rua Npva, loi. — iiadico, 187. — MercadoreSf 3^6, 35 1, 363, 436, 437, 43 1. — Mercadores : alemies, 3a5 ; estran- jeiroi, 325, 3a6, ì%y ; flamengos, 3a5, 327, 3%Qj 426, 43 . ; geDovéses, 32Ò, 327 ; in- fleses, 325 ; italiaoos, 325. — Mestre da alanf a da cidade, 435. — Moradores, 426, 427, 46Ó, 467, 469. — Mosteiros : da Anun- ciada, 00; do Carmo, 237; de Cbellas, 06 ; da Madre de Deus, 3o ; do Salvador, 3o, 3i, 173, 237 ; de S. Bento, o novo, 24, 25, 106 ; de S. fìento, o velho, 24 ; de San Donùng^, ^ 97> 1 > 3, 237 ; de ban Fran- cisco, 2 li, 237 ; de Santa Clara, 443 ; de Santa Maria da Gra^a, 237 ; de Santos, 3o, 94, 261, 289; da Trindade, 2^.— Néus, 383. — Paco da madeira, 234. — Pa- ^os de Cima da Alca^ova, 176. — Pa^os da Rtbeira, 122, 214. — Pampalha, 92. — Po^ do ChSo, 25. — Po^o da Fotea, 107. — PopuIa^flOy 241, 242.— Porta do Mar, 106. — Porta de Santa Caterina, 107. — Porta de Santo Antao, 9a — Porta do Sol, 1 12, 173. — Portaiem,rendìmentoem i5o6) 237.— Pra^a da Palha,96. — Receita da ci- dade^ 375. — Recolhimeoto do Castello, 207. — Rejistos dos baptisoios, casamen- tos e finados, 291, 292.— Ribeira, 86, oo, 112. — Ruas : dos Alemos, 3o ; de Calca Frades, 106 ; da cal^ada de Pai de No* vaes, 26; da Cardosa, 109; do Chiado, 25, 26 ; da Cutelaria, 111; direita da Por- ta de Santa Caterina, 25^ 26; de dom Rolim, 1 IO, 173 ; das Esteiras, 106, 107 ; de Martin) Alno, 170; Nova, 25, io5, 172; Nova do Aimada, 26 : Nova dos Merca- dores, 107; Nova del Rei, 107; da Ou- rivezarìa, ip ; do Pato, 178; de San Pedro Mar tir, 3o ; de Sancno de Toar, 212; de Santo Esprito, 26. — Senado da Camara, 189.— Sinagoga, 88.— Sisa das carnea, rendimento em i5o3, 235. — Sisa da fruta, rendimento em 1 507, 237 ; idem em i5o8, 240. — Sisa das kerdades, ca- dérne do assentamento de i5o8, 443. — Sisa do jpa^o da madeira, rendimento em i5o3, 234. — Sisa do pescado e madeira, rendimento em i5o8,239. — Sisa dotrigo, reodimeoto em i5o7, 2*38. — Sisa dos vi- nhos, rendimento em i5o4, 236. — Ter- reiro do Pelourìnho Velho, onde vendem as cousas da almoeda, 108.— Terreiro do trìgo, 26, 97. — Tesoureiro da cidade, 190. — Torre do Tombo no castello, 349^ — Travessa do Salvagem, 211. — Tribunal da Boa Hora, 25.— Tumba da Misericor- dia, 289, 200. — Valverde, 88, 92, 93. — Va- randas da Kibeira, 90. — Varandas da Ca- sa da India, 94. — Vereador da Camara, 28, 29, 3o, 438. Lisboa (Joao de)^ U»ro de Livrarìa real, 357, 358. 43 1. Lhfro da$ gerofèes desie JRaiMo^af». Livro de horas, 363, 437. Liyro de D. JoSó de PorUi^ 66 a 75t| i5o a i54« 227 a 232, 3i6. Liyro das tengas^ vide Mexia (AfomoU Ltvros h^raicos, 84, 86, 90^ Livros missaes, 363, 437. Loba (Maria) 235. Lobam., morador, 296. Lob&o (Pero de), copeiro, 1 56> Lobato (Alvaro), contador, 239. Lobato (Femio), almoxarìfa na Arawhnia» 261. Lobeira (Vasco àej^ Amadi» de Gauta^ laS. Lobo (Martim Lopea), deputado da laqui- si^ao, 469. Lobo (D. Rodrigo), védor da faaenda, i3a Lobo (Rui), correiedor na cidade de Lfe- boa, 442. Lomaiio (JoSo de) 36. Lomelino (Marcos), meroador geoovSa, 327, 35o, 36o, 36i. Londres, educar H vendido, 369rf^-i^Éldri- Iha, 370.— Pano, 371. Lopei (Alvaro), secretario, s36. Lopes (Dtogo) 238. Lopejf (Femaojf Cromica de D. JoSù 2» 146^ Lopes (Femio), cronista, 358. Lopes (Femio), fìlho do tesoureiro da he* ran^a da loranta D. Maria, 22| Si^ 36, Lopes (Femio), guarda- roupa deirei D. Ma- nuel, i56. Lopei( (FranàscoJ^ Vida^ aefSes e wùkagrtM de Santo AnUmiOf 197. Lopes (Gonzalo), almoxarife da Casa dos Èscravos, quita^io, i58. Lopes (Joio), pedreiro, 19, aa Lopez (Joaqutm Mauriciok Les Porfugais à Attvers au XVLi^me Siècle. 342, 373, 382, 385. Lopes (Louren^), mercador eatabelecido em Aniuerpia, 387, 393, 394, 3g^ 40!, 404,411. Lopes (Rui) 235. Lope2 (Dr. Rui), deputado e cooselheiro do Santo Ofìcio, 82. Lopes (Tomés) 402. Lopes (Tome), feitor e embaixador em Fiandres, 3i2, 3i3, 3 18, 820, 368, 371, 377, 378, 38o, 384, 387, 388, 390, 392, 393, 394, 396, 402, 403, 414. Lopes (Tome), mercador, 388. Lopes de Andrade (Tome) 3 12. Vide Lo- pes fTomé), feitor. Lopes Fernandes (Manuel Bcmardo)^ nu- misma ta, 61. Lope:[ de Menden^a fHenrique)^ Mem^ria^ 181. ^ 5eB ARGHIVO MSTORICO PORTUGU£Z 244^ B77. Loulé. mortcbres, 420, 417. Lounm (Lab do), captiSo de Masa^kx, H7i «74. ^ Lonrmro e Selxtt (José Jerooimo deX im plicado num crime de lerìmentos em Vi- seo, 8. Lonren^o (Femio), tesoureiro da Casa da lAina, i55, i58, i5o. Lourìnhan, popula^ao, 253. Lousada^ Sumarios da Torre do Tomkoj 3o5, 306, 307, 3i3, 314. Lucana (Francisco de) 490. L— ana (Vaaco de), escudeiro portoguSa residente oos Paises Baizos, 347. Lida (D.X infante, 90, 101, 114, 143, 144, 145, 146, 147, 149, 175, 177, 179, 475. Lnia XI, Rei de Franca, 346, 366. Lvia XII, Rei de Franca, 38a. LbU (Cristovio), ourives, 3s, 39. Lvtero (Fr. Martinho), 09, i83, 4o5. Lux — Apontador das obras na capella da, 3S.^*Sitio da,oa. Luf Fof (Fr, Antonio da)^ Memorias se- jwfeftroef. 314, 3i5. Ma^arelos (Navios de) i65. Ma^f o, popula^io, 204. Ma^is ae Caminha, popala^Io, 369. Ma^is de Dona Maria, popula^o, 269. Haceira (Miguel), M090 da camera da In- canta D. Maria, 3i. Machado fFr, Buenaveniura)^ Primeira parie dei libro iiamado Silva de espiri' tuales, 44^. Machadia(JoaoAnes), moradorno Porto,427. Machado (Rui), mercador em fìrujes, 33o, 35 1, 352, 427. Machado Fìnto (Martinho^ cavaleiro de San- tiago, 6, 2a Macnico, atmoxarìfe, 76, 77. Madof^ Dice, Geog, Estad. Hist. de Es- pafiaj 2o3, 288. Madre da Deaa(Rodrìgo da), inqaisidor,475* Malaldo (Redro) 23a Mafira, popula^So. 255. Magalhaes ( Jor je ae), cavaleiro fìdalgo, 477. Magre {Rni Gii), capitSo e anadel mór dos bésteiros da camara, 369, 371. Maia (Alvaro da), escrìvio da camera, 78, 79, 80. Maia (Manuel da), guarda mór da Torre do Tombo, 349. Maiorga, popula^So, 249. Malaca, alcaide mór, 142. — Bispo, aoS. — Feitor da fortaleza, 142. Malaiàia (Luis Gon^alvez), védordafasen- da, 35o, 35 1. Malagueta, 324. 334, 337, 368, 371, 380,384, 4ia,4i5.--I>e Cióiné, 373. Maldonado (Alonso) 87. MaHeaede (D. Joanna), mo^ da caman da Infanta D. Maria, 29, 287. Malaga (Bada de) 107. Malha : Armaduras, 363, 437. — Gotas, 363, 437. — Gorjaes, 363, 437. Malha de latao, 363, 437. MalToaado, 12S, i34. Manda de verga, 357, 43a Manso de Urna fJacinto LeitaoJ^ Familias do Reino de Poriugal^ 143, 146, 147, 149^ 202, 2o3, 204, 2o5, 206, 207, 208,209,211, 216. Manaal(D.), Rei de Portugal, loo^iigiiM, 121, 123, 124, "-S 128, i3i, 142,144,146, 212, 233, 234, 3oi, 3o7, 3o8y 309, 3 12, 317, 320, 335, 342, 347, 368, 36q, 371,375,376, 377, 379, 38o, 382, 387, 388, 380, 39S, SgS, 397. 400, 402, 4o3, 404, 405,406,407,408. — (^artas de quitacSo rejistadas na sua Chancelarìa, 76, 1 55, 233. — Oideraosdos assentamentos, outro capitulo das finaa- ^s manuelinas, 233, 433.— Saasprodiga« lidades, 376, 377, 404. Manne! (Escolastica), mulher de Lopo S«a- til, 25, 41, 144. Manuel (O. Jo3o), senhor de Belmonte, ca- valeiro do Tos§o, 3oQ, 3 18. Manoel (Maria), freira de Odivellas, a8, a85, 286. Manuel de MellofD, Francisco)^ Cartas^^ i. — Hospital das letrasy 1 8 1 ,4.5 1. — Cttrai metricaSf 448. — Viola de Talia^ 448. Maranhao (Governador do) 458. MarckantiuSy Flandria Commentariùmmy 324. Marchione (Bartolomeu), banqueiro floren- tino estabelecido em LìsIkhi, i57, 374, 38 1, 388. Marco (Micé) 79. Marfim, 368, 37 ^ 373. Maria (D.), Infanta, filha de D. Manuel, as suas ten^as testamentarias, 21 a 41, i38 a 140, 202 a 224, 285 a 202. Maria Brandoa, a do Crisfal^ 293 a 442. Marialva (Joiz das sisas de) 174. Maria de Andrade (Heitor de), cavaleiro de Malta, i la Marreiroa (Aires Diaz) 239. Martas comuns e zebeiinas, 356, 357,364, 430, 43 1. Martina (Afonso), feitor em Brujes, 343, 367, 368, 38o, 38i. Martina (Afonso), senhorìo de urna niu de pescadores, 35o, 35i, 425. Martini (Féfnao), confeiteiro da Infanta D. Maria, 32, i38. Martini (JoSo), de Portel, aSo. Martini (Louren^o), cavaleiro, 74. Martini (Vasco), almoxarife de Cauta, qvi- ta96es, 78, 79. INDICE ALFABETKX) 5o9 Martins de Cah^iho fJoaquònJ^ Aponia^ menias para a kistoHa amtemporanea, 59. Martini Mtmém (Francisco), vide Kartisa Meaeaea (Francisco). Martina Menaaea (Francisco) i3. Marvio, moradores, 1 10. Waacaranliaa (D. Beatrìa de), condessa de Cresentim, ia6^ x3a. Mastros cocnprados em Flandres, 383, 413. Mataiote, 337, 430. Mattia (Paro)^ contador em Santarero, aóa. Matoa (Francisco de), escrivSo da feìtorìa de Flandres, 377. Matoa (Fedro de) ta Matosinhoa, qaTÌos mercantes, i63. MaxindUano, Arquiduque de Austria, 343, 346. MaiHriHaiiO I, Imperador, 3o8, 309, 3ia, 317, 3i8, 3ao, 347, 393, 394, 398,399,400, MaziàiUnno, Rei dos Romanot, 366, 367, 371, 382. MaaagSo, capitSo, 8a, 174. — Moradores, 8a, lOO, no, 172,174, i8i. Madma (Raroel de), mercador em Bnijes, 394. Medicos poetai, 186 a aoi. Medina, taira, 3q2« Maira (Afonso de), contador, i55. Malanoliton (Filipe) 480. Malgaro, feira, 33i.— Sisetros, i55. — Vea* dor dai obras, i55. Mallo (D. Alvaro de), maitre da campo, 446, 455, 458. MaBo (Diogo de), capicSo de Ormuc, so5. MéBo (utiiomar de), nlha da JoSo de Mello, 936. Mallo (D. laabel de),vìuTa do ViacoDde,444. MaQo (JoSo de) a3Ì6w MaBo (Dr. I080 de), imiuìsidor. Sa, 84, 86, 8^ i07t «^ "74- Malto ( Jorje de) a35, a38, 240. Hallo (Joiie de), mastre sala, 24a Mallo (D. Maria da), freira em Odivellas, 23. MaBo (Rat da) 363, 437. Mundaiiìia (Francisco da) 236. 441. Mandai ^DamiSo), oMÌrìnho do Santo 06- cio, 46, 54. Mandai (Domingos) i53. Mandan (Franctaca), mulber de Laaro da Costa, 19, ao. Handas (Mo), viiinbo de Santarem, 68. Mandas (Martim)i de Santarein, 228. Memie( Stira (RodrigoJ, Caudogo Reedy Genealogico de EspalSa. . . 199, 200, 201. Mienéeif de SOva^ Luntamo (RBàngo)y Vida y hechoi heroicos del graa Candeeiatre de PariHgal D. Nìdto Àhare» Peréyra^ 449 Mandott^a (D^ Helena de), mollier de Joiò de Mendon^a, 29, 3o, i38, 287, 289, 290^ 292. Mendon^a (Jeronimo dejy Jornada de Afri-- ca, 148. Mendon9a (TrìstSo de) 435. Mendo^a (joSo de), o Cacio, mordomo da casa e fozenda da Infanta D. Maria, 29, 3o, 138,^87, 288, 390. Mand09a Fnrtado (Joio de) 287, 288. Manaaaa (D. Antonio de), morto em Alca- cerquibir, 140. Menaaea (D. Antonio de), sr. da quinta da Torre oa Rainha, 255. Manaaaa (D. Brìtes de), filha de D. Antonio de Almeida, 29, 286. Manaaaa (D. Fernando de) 445^ 447, 457. Menaaaa (D. Helena da), filha de D. Anto* nio de Almeida, 20, 3oy 286. Menaaei (D. Isabel de) 444. I ]D. Jorje de), sr. de Cantanheda, 104, 263, 265, 266, 279. (D. Mariana da), filha de D. Aa- BHHVWV» l*'* '•■■WAVIBa^ «AVI, Ul tonio de Almeida, 29, 286. Maneaaa (D. Fedro de) 21, 22, 36, 39, 140. Menaaea (D. Rodrigo de) 235. Menim (Pano de) S^o, 371. Mercadoras estraaieiros (PriTileiios conca* didos aos) 325, S26, 334. Mercadores flametigos em Portugal, 327 a 333, 335, 426, 436. Mercadores portugnSses em Flandres, 325, 328, 337, 338, 344, 35i, 352, 362,363, 367, 416, 417, 418, 422, 423, 426. Mercadorias (Lista dai) permutadas com OS estados de Flandres e Brabante no reinado de D. Manuel, 408 a ai 6. Mercadorias importadaa, privilefios, 335. Mertola, feittn-, 79. Maaa (Diogo de), contraste da córte, i25. Maaa (Goo^alo de), ovrivaa, i25. Mesto Frio. 190, 191, 427. Maanita (Diogo de), lesiiita, 147. MaaqniU (D. Isabel de), filha de Jorje da Costa, 3t. Maaqnita ia Garralho (Joio da) 2, to. Maatttita Vinta (Gon^o de), proprietario no Porto, 6. Mazia (Afonso), eacrìvSo da faienda,'78, 375. Aiexia (AfansoJ, Somanr^^ ou Làrroéas ter^aSj 29, i25, i3i, 306, Sia, 3t4,375, Mignal (D.), Incinte da Portugal, So. Mina, feitoria de S. Jor)a,4ia — Ma, 171. — Oiro, 159. Mira, popnlacSo, 279. Miragaia, na^os mercantes, |63. Miranda, popnla^So, 271. Mfarattda (Amnso de), sr. da qdnta da Fa- tameira, 255, 274* 5 3io ARCHIVO HISTORICO PORTUGUE/ Miranda (Antonio de), sr. de Serem, 374. Miranda (Francisco de) 233. Miranda (Isabel de) 29, 286. Miranda (SìmSo de) 2^8, ^o. Miranda Henriquez (SimSo de), desembar- gador do pa^o e petic5es, 468. §0, feitoria, 37 5. Mo<;ambique, feitorìa, 416. Moeda (Valores da) 347, 353, 354, 36o, 362. Molnes (Paio de) 229. Mdmos (Saio de) de mitao, coni penden« tes de lata de Flandres, 370. Monaco, arquivos, 128. MoncSo, védor e pagador das obras^ i55. Mon^fào (Dr.), prior da Madalena, 473. Monchique, freiras, igS, 196. Monforte, moradores, 171. Monis ( Ana), mulher de Joao l'obias Cal- dei ra, 25, 142, 143, 144. Moniz (Belchior) 25, 25, 142, 144. Mottii (Branca), mulher de Francisco Diaz, 144- Moniz (Dingo), sr. de An)eja, Pìnheiro, etc , 275, 277. Moniz (Febos) 235. Moniz (Pero) 426. Monizes da CertS, 144. Monroy, orijem e genealogia desta familia, 202 a 210. Monroy (D. Afonso de), 204, 2o5. Monroy (D. Afonso de), claveiro de Alcan- tara, 203, 204, 205, 210, 21 1. Monroy (D. Afonso de), morto na perda de Aguer, 207, 208, 224. Monroy (D. Afonso de), soldado ha India, 207. Monroy (D. Elvira de), mulher de Rodrigo do Carvalhal, 2o5, 210. Monroy (D. Fernando de) 204, 2o5, 206, 2i3, 214, 216. Monroy (b, Francisco de) 204, 205, 208. Monrojr (ÌD. Gu terre de), capitSo de Goa e depois da fortaleza do Gabo de Aguer, 148, 202, 204 a 224. Monroy (D. Jeronimo de) 207, 208, 321, 224. Monroy Sontomaior (D. Joio de), capitSo mór de urna armada de fiistas na India, 204, 2o5, 21 3, 216. Monsanto (Conde de) 35 1. Monsanto (Prìor de) 82. Monsio, termo, 176. Montalvfio, moradores, 174. Montalvo de Sdr^ 344. Monte Agra^o, popula9&o, 255. Montelavar, moraaores, 172. Montemór (Jorje de)yDianay 128. Montemór o Noto^ alcaide, 71. *— Bens, 71. — Freguesia de Santa Maria do A90U- goe. 71.^ Juties, 71. -<- Moradores, i8a ^ Porta de Santarem, 72. Montemór o Velho, popolando, 280. Montenegro, cristSo novo relaxado, 96, 97. Monterroioy FamUias de Portugal, 204, so5. Montorroio (Alvaro Femandez de), rece- bedor do tesouro de D. Afonso V, 35;, 43o. Montezellos, auinta, 9. Monti io, batalna, 461. Moraaias (Pagador das) 160. Moraes, Diecionario da Hngua partuguesa^ 325, 33i, 364. Moraez (Baltazar de), ptntor de Setobal, 47^- Moraez (Teodosio de) 33, 35, 36. Aform, Dictionnaire historifue^ 288. Morselho (Licenciado), sacerdote cast^ Ihano, 92. Mota (Gon<^alo Eanes da) 426. Mota (Hennque da), poeta do Canàamro^ 241, 243. Mota (Pero da), escrìvSo da camara, 76. Moura, morador, 460. Moura (D. Rodrigo de), sr. da Azafflbo- ja, 261. MourSo, ^6, 448, 456. Monr&o (Ana Margarida), mulher de Loa- ren^o da Costa, 4, 5, 16. Mouriscos na Inquisirlo, 02, 93, % ^ 100, loi, 104, 173, 175, tfo, 182, 470, 474) 476, 477, 478, 480. Mufa (Pacos de) 410,412, 414. Narizez (Joio Martinz) 1 Sa. Nassau fConde de), stadhouder general dos Paises Baixos, 37S. Néus: Almadaninha, 35 1, 355, 428.; Bre- toa, 35o, 35 1, 425.; Gaminheira, 35i, 355, 428, 429 ; do Conde de Vila Real, 350, 35 1, 425; Despenseira, 362, 365,437, t38; Ferro, iS?; Galega^ 480; lof^resa, 5o, 35 1, 425 ; Julioa (dois termos da sua carga), 383; Nazaré, 157, 369;dosDesr cadores, 35o, 35 1, 425; Pileteìra, 35o, 35 1, 427; S. Mateus, 157: Santo Anto- nio (dota tercos da sua carga) 383; To- neira, 3 So, 3Ji, 427 ; de Vasco God^- vez, do Porto, 35o, 3S4, 425; Vogada, 35o, 35 1, 427, 429. Nius, mestres, 338, 3So, 35i, 355,425,417- — Senhorìos, 35o, 35 1, 427. Nàus (Fem§o das) 182. IfaTirra, Rainha, i83.— -Rei, 3i2, 319. NavarrSses na Inquisi^So, 171. Navega^&o (Defesa da) de Pomml oontrt OS FrancSses em iSSa, 161 a 108. Navios mercantes de Esposende, Fio e Se* simbra, i65, 166, 167. Navios portuguSses aprosados pelea Fria- c€ses, 164, i65. Nicot (JoSo), embaixador franc8s, 44, 4^1 INDICE ALFABETICO Su Nixa, morador, 48a Nobre (Louren9o)y fiorentino, morador em Bru|es, 35o, 428. Nobrega (Mosteiro de Santa Maria de Je- sus da) 287. Nobreza actual, 11, 12. Nogueira (Antonio Alvarez), licenciado, 2, Nogneira (Francisco) 238, 240. Nonnandia, bolsa de comercìo, 824, 416. Noronha (D. Fernando de). Conde de Vila Real, Capitao de Ceuta, j5i. Noronha (U. Francisco de) 182. Noronha (D. Pedro de), sr. de Vila Verde, 261. Noruega, a^ores, 400, 408; falc6es, 400, 411. Note (JoSo da), alcalde de Lisboa, 2 12, 21 3. Nnnei (Heitor), tesoureiro da Casa da In- dia, 70^ 160, 392. Hnnai (Isabel), mulher de Diogo BrandSo, 3o5. Hnnei ifSilvestre), feìtor em Flandres, 120, 389, Sqo a 396, 404. Nunai (Violante), mulher de Diogo Rodri- guez. alfaiate, 3i, Nurembergue, cotas, 354, A^9* — Emporio de todas especiarias, 38o. — Pintor de le naturai, 401. Obidos, popula^So, 23 1. Oderoira, feitor, 79. Odemira (Condessa de) 279. Odivellas, freiras, 23, 3i, 285. Oficios, proiìss6es, titulos, cargos, etc. : al- faiates, 84, 85, 87, 98, 106, 108, 169, 180, 184, 470, 475, 477; aljibebes, 92, 99; ai- mirante, 235; almocreve, 154; almotacé mór, 478; anadel roór, 272, 3Ó9; an- zoleiro, 87 ; aposentador mór, 101 ; ar- cebispo, vide Braga, Evora, Goa, Lis- boa ; armador, 357, 481; armeiro^ 01, 92, 98; assadores, 871 ; atabaqueiro del Rei, 128, i3^; atafoneiro, 104, 177, i83; bailadores, i52\ bafnheiro, 86 ; banquei- ro, 375; barbeiros, 85^ 189, 471, 472; Dar- queiros, 478; barreteiros, 101; biscoitei- ros, io5 ; bispo, vide Àlgarve, Ansra, Avila, Cafìro, Ceuta, Cochim, Coimbra, Evora, Malaca, Porto, SigUen^a, Silves, Tanjer, Targa, Viseu; bombardeiros, 92, 104, 169, 170, 171, 172, i8i, 397, 398, 400; boticarios, 3i, 475; bruxas, 86, 94, ii2; ca^adores del Rei, 400; calafates, 173, 35o, 352^ 425 ; calceteiros^ 180, 18^ i85; caldeireiro, i54 ; camareira da Rat- nha, 392 ; camareiro do Infante D. Fer- nando. 807, 314; camareiro mór, 235, 238, 2j8, 240 ; camareiro roór do Infan- te D. Fernando, 807; canastreiro, 181; carpinteirosy 89, io3, 112, 116, 175, 184, 476, 478 ; carpinteiros de nàus, 352 ; ca- tivos, 83, 180: cerieiros, 240, 472; chan- celer mór, 370; charamellas, 894; cirur- jiSes, 86, 90, 100, 102, ii3 179, i83, 189, 190, 459 ; cirurjiSo mór, 190, 45^; cirur- iiao mór do ezercito do Alemtejo, 191 ; clerigos denunciados e deounciantes na Inquisi^So, 82, 83^ 85, 88, 9 1 , 92, 94, 95, 99, 101, 102, io3, 100, 108, 109, 110, III, 114, 116, 171, 175, 176, 179, 181, 182,471,473, 474, 475, 477, A78, 47Q, d8o. ; colchoeiro, 474, 473 : condes, vide Alcoutìm, Casta- nneira, Cresentiro, Feira, Flandres, Gel- ves, GuimarSes, Monsanto, Nassau, Ode- mira, Ourem, Penela, Ponte, Portalegre, Prado, S. Lourenco, Sortelha, Tentusal, Vila Franca, Vila Real, Vimioso; condes - tavel dos bombardeiros, 169, 170; con- feiteiros, 32, 1 12, 1 38, 177 ; contador mór, 235, 362, ^36, 471 ; contraste da córte, 123; copeiro, 106; copeiro mór, 206; corrieiro, 23o ; corre)edor do civel, 454 ; correiedor da córte, 26 ; corretores, 2^ 426, 73; cortadores, 107, ii3: cozinhei- ro, 352 ; cozinheiros móres, 871 ; cozi- nheirospequenos, 371; cronista mor, i63, 175, 170, 181, 182, 3i3; cutileiros, 172 ; desemoargadores, 85, 465, 466, 467, 408 ; desembargadores do Pa^o, 12, 18; des- penseiro, ^29, 849 ; doceiro, 83 ; duques, vide Boréonba, Bragan^a, Coimbra, Guel- dres, SaDoia, Saxonia; eichao del Rei, 68; enfermeiros, 2^ 88, 286; escravos, 83, 85, 91, 93, 97, 173, 373, 383, 476, 477 ; escrivio da puridade, 145, 146, 206 ; es- tribeiro, 89 ; fanqueiro, 85 ; ferreiros, 71, 84, 96, 101, 102, io5, 172, 176 ; fisico roór, 190, 197 ; fisico mór do Principe de Es- panha, ^81, 382 ; fìsicos, 28, 100, 1 10^ 1 13, i38, 175, 182, 190, 23i, 283, 439, 460; for- neira, 474; fundidores de metaes, 307,399; guarda roór do Infante D. Fernando, 897; §uarda mór da Torre do Tombo, 3i3, 49; guarda- roupa, i36; hortelSo, 90, 172; iropressores, i83, ià(; interpretes, 170, 472 ; joeireiro, 89 ; lapidarios, 90, i83, 184, 472, 474; latoeiros, 89; lavador de coirò, 89; lavradores, 107* 11 5, 172, 180, 477 9 livreiros, loi, 181, io3, 474; luvei- ros, 83, 88, 89, 90, 91, 08, loi, 173, 175 ; mantieiro, 146, 156,348, 365; marceneiros, 90, 95, no, i83, 184, i85, 480; marchan- lesj 12, 99; mareantes, 109, 110, i65, 160, 167, 108 ; marìnheiros, 109. 33o, 35o, 425, 426 ; marqueses, vide Pomoal e Vila Real ; roedicos, 186 a aoi, 352, 474 ; roei- rinho mór, 23 1 ; mercadores, 79, 104, io5, 109, III, 171, 172, 174, 175, i83(, i85, i5o, 2 li, 228, 229, 23 1, 472, 473; mer^ cieirosy no ; mestre «m anoaas, 473 ; mes- 5ii ARCHIVO HISTORICO PORTOGUEZ tre de barineis, 35o, 427 ; mestre dos bis- coìtos, ii5; mestre cantor, ii5; mes- tre de dan^a, 96 ; mestre de ensinar mo- 90S, to3 ; mestre de gramatica, 469 ; mes- tres de minas. 365. 438, vide minadores ; mestres de iiaus, Ì38, 35o, 35i, 355, 4a5, 427; mestre sala, 240; minadores, 400, vide mestres de minas ; roo9as da cama- ra, 286, 370 ; mo^o da ca^a, 400 ; mo^o da camara, 100, ili, ii3, 144, 175, 180, 181, 184, 258, 38q, ^77; mo^o da cama- ra do Infante D. Luis, 177; mo^o da ca- ro ara do Marqués de Vila Real, 107; mo- 90 da copa, 479 ; moleiros, 90 ; mordomo mór, 68, 227, 228, 229, 23 1 ; musicos, 128^ 352 : odreiro, 478 ; oleiros, 11 3 ; ourìves, 32, 39, 84, 02, 08, 99. 125, i55, 172, 178, 180, 182, i83, 35i, 426, 427, 433, 472,473^ 474; ourìves de prata, 173, 178, 179, 180; ourìves de ouro^ engastador, 184; pacei- ro, 235 ; pasteletro, 37i ; patrio de néus, 235 ; pedreiros, 19, 80, 23o, 23 1 ; peletei- ros, 109; pentieiros, 171 ; pescadores^ io3, 106, icgu 174, 35o, 3Ì!, 425, 476: ptche- leiros, I j, 1 II ; pilotos, 127, 164, 35o, 425 ; piloto genovSs, 127; pintador, 71 ; pin- tores, 86, 90^ 475, 477 ; porteiro del Rei, 228 ; Portugal, rei de armas, 235 ; profes- sor, 117; professor de gramatica, 177; professor de grego, i83 ; rei de armas portusuSs em Inglaterra, 387; repostei- ro del Rei, 83 ; sapateiro, 32, 70, 71, 84, 86, 88, QOj^ ioO| 104, 109, 112, iij^ 116, 169, 172^ 180. 35i, 4«7, 469, 476, 478» 480; saquabujas, 304: saquiteiro, 36i ; secre- tano, 102, 230,^1 5, 397, 404 ; secretano de Estado, 225 ; seleiros, iti; serrado- res, 112 ; serralheiros, 106^17^ i83, 184; sirgueiros, 3i, 101, 474 ; sobre juiz ou juiz em casa del rei, 12; sobre juizes, w ; solicitadores, 172, 177, 179, 180,480 ;som- breireiros, 80, 479 ; tabemeiros, 95, 181 ; tamborì, 355, 428; tanjedores, 96; ta- noeiros, 35 1, 426, 427; tecelSes, 91, 04, io3, 106, li 5 178, 179; tendeiros, 83, 88, I II ; tesoureiro da Casa de Ceuta, 3o6 ; tesoureiro mór, 121 ; tesoureiro da na^So portuguSsa em Flandres, 377, 388 ; tesou- reiro del Reiy i56, i58, 36i ; tintureiros, 112, 181 ; torneiros, 94; tomeiros de re- lojios de sol, i83 ; tosadores, 88, 80, 104, io5, 174, 176, 178, 470, 473, ^76, 479. trabalhadores, 112; uchSo, i56; védor da artelharìa, 36 1 ; védor da casa del Rei, 36i ; védores da Fazenda, 126, i3o, 235, 236, 337, 238, 239, 240, 253, 296, 35o,35i, 374, 375, 427, 444 ; yiscondes, vide Gor- reia Botelho e S. Miguel de Seide. Oiro (Pedido dos Flamenj^os para ser isento de dizima a importa^ao do) 33o. Ois da Ribeìra, popula^So, 273. Olam (Len^o de) 356, 430. Oliveira (JordSo de). escrìvSo da camara da Infanta D. Maria, Ìi, 3o. Oliveira (Leonor de), mulher de BrAs Rey- neh 28, 285. Olivtnra (Rodrigo de), escrMo dos orfSos em Tavira, 477. Oliveira de Bairro, popula^So, 272. Oliveira Martins^ Os filhos de D. Joao I, 345. Oliveira Finto (Manuel), desembai|^ador, i3. Olmedo (Mestre), mastre em teolo)ia, 47a Ordem de Alcantara, 2o3, 204. Ordem de Avis : Mestrado, 263. — Mestre, 232. — ■' Rendas em Avis, 77. Ordem de Chrìsto: Comenda, 45S. — Co- mendador, 143. — Merc8 do habito, iqa, iq3, 456. — Mestrado, 245, 25^ 263, 267, 208, 269, 275, 281. — Ouvidor do mestra- do, 267, 480. — Dom Prior de Tomar^ tQ3. Ordem da Jarreteira (Colar da) 4o5. Ordem de Malta : Comenda de Foro^os, 275. — Comenda de Sorens e Bustos, 279. — Prìorado do Crato, 265. Ordem de Santiago : cabido geral em Mè- nda, 232. — Comenda de Sosa, 278. — Co- mendador mór, 232. — Mestrado, 248, 258. Mestre, 89, loi, io3, 17^, 232. 238,240» 266, 271, 277, 280.— Ouvidor do mestra- do, 168. Ordem do Teniplo (Mestre da) 23 x Ordem do Tosao de Oiro, 404 ; colar, 405* Ordenag6es AfonsinaSj 326. Ormuz (CapitSo de) 2o5. Omellas fJoana de), mulber de SìmSo da Cunha Soarez, 3o, 143. Ortia de YilliegaB (D. Diogo), Bispo de Vi- seu. 114. Ossella (Quinta de) 2^7, 3o6. Ourao, feitor ; 379 ; feitorìa, 371. Ourem, popula^ao, 267. Onrem (Conde de) 346. Ovar, popula^So. 276. Pacheco (Duarte), mo^o da camara del Rei^ ii3. Pa^o da Madeira, cademo do assentamen* to de i5o3, 234. — ^Feitor, 478. — ^Paceiro, 235. — Rendeiro, 100. Paea (Isabel) 235. Pai de Pele, popula^fio, 263. Pafses Baizos, centros de fabricacSo de te- eidos, 33o. — Mercadorìas para là ezpor^ tadas, 334. — PortuguSses là resìdentes, 347. Paiya (Pero de), escudeiro, 3o6. Palya (Pero de), tesoureiro mór da Casa de Ceuta, 3o6. ìndice: alfabetico 5i3 Paiya de Andrade (Diego dej^ Casamento perfeitoy 449. Palavano (Guedelha) 36), ^"y. Palenfo (Alvaro Fernandez), capitao de na* vios, 33o. Palengo (Vasco), flamengo, 33o, 433. Palha (Fernando)^ Carta de marca de Joào Palha (Gaspar) 127, i33. Palhaes : i^eja, 114. — Moradores, ti 5. — Popula^ao, 370. Palma, morador^ 182. Palma (Afonso Eanes de), mercador e juiz da nacao portuguésa em Flandres, 344, 368, 388. Palma (Louren^o de), mo^o da cacnara, 477- Panealdo (LeSo), piloto genovés, 1 27. Panoias, 465. Panos de cor (Sisa e dizima dos) 332, 335, 436. Panos estran jeiros fomecidos pelos Fla- mengos, 33o. Panos flamengos» 33 1, 332. Paoos das manufacturas flamengas, 369. Paraiso (Quinta do) 259. Paredes, popula^ao, 25o. Paris, colegio de Santa Barbara, 470. — Es- tudante, 471. — Tribunal de presas, i63. Pan (Pero do) 349, 425 Péus, popula^ao, 274. Pavia (Rui Garda de) 23 1. Pederneira, naturai, 479.— Popula^ao, 240. Pedro (Fr.), Dom Prior do convento de Avis, 77. Pedro (m, 345, 346, 348, 351, 356. Infante, Rejente, 139, 148, 296, Pedro I (D.), rei de Portugal, 145, 247. PedrogSo (Alcalde mór do) 142, 143. Pedrogio pequeno, almoiarife, 143. — ^Mo- radores. 85. Fellicer de Tovar (D. José), Anfiteatro de Felipe et Grande^ 198. Pelouros de ferro de esperas, 395, 41 3. Penacova, popula^ao, 281. Penacova (Senhor de) 296. Penafìel (Torre de Coreixas junto a) 298. Penela, popula9ao, 270. Penela (Conde de) 255, 259, 270. Penhoranda (Antonio de), juiz de Sintra, 257. Peragallo (Prospero), escritor, 128. Peragallo (Prospero)^ Cenni intomo alla colonia italiana in Portogallo nei secoli x;f, xKèxv/, 359. Pereira (FemSo), fidalgo, 444. Pereira (Francisco), sr. da quinta do Vara- tojo, 253. Pereira (Garcia Rodriguez) 235. Pereira (Jo9o),almoxarife einEstreinoz,77. Pereira (JoSo), sr. de Aguas BeUas, 268. Pereira (Rui Diaz) 235. Pereira de Berredo (Bernardojj Annaes do MaranhaOy 447. Pereira Bracamonte (Dr. Domingos), vide Bracamonte (Domingos Pereira). Pereira Bracamonte (Ucenciado Domin^ gosjy Banquete que Apolo hi^o a los em- baxadores del rer de Portugal Don Juan Quarto,,. 186. — Vellocino de oro^ 188. Pereira Dantas (JoSo), enviado em Fraa^ a, 45, 5i, 52. Pereira de Jusao, popula^So, 275. Pereira de Mesqmta (Frandsco), familiar do Santo Oficio, 1 3. Pereira Nato (Manuel), soldado assassinado em Vila Real, 4, 17. Pereira de Sampaio •Bruno» (José), Por- tuenses illustres^ 19^, 339. Pereatrello (Bartolomeu) 182. Perestrello (Rafael) 182. Pereatrello (Caterina), filha de um pintor, 477- Pereatrello (Joao Lopez) 476. Perez (Domingos) i52. Perez (Domingos), pintador, 71. Perez ^Domingosi, de Santarem, 220. Perez (Louren^o), de Santarem, 220. Pere^ de Montalvan^ Para todos, 187. Pergaminhos vindos de Flandres, 357, 358, 393, 43 1. Pernambuco (Ciganos moradores em) 462. Persy (Margarida), mulher de Luis Tava- res, 24. Pesaanha (Joao) 176. PesBoa (Francisco), feitor em Flandres, 38o, 389, 390, 391, 393, 395, 396 a 401, 402,404. Pestane (Francisco) 236. Pestane (Francisco), recebedor da Casa de Ceuta, 78. Pestane (Jo§o) 238, 240. Pestane Oolo), tesoureiro mór, 442. Pestane (Mem Perez) 227, 227. Petarino (Pedro Martinz) 23 1. Piedade e VasconcelhSy Historia de San- taremj 461. Pimenta (Contratos de) 374, 375, 406. Pimenta em Flandres, 3J7, 3o8, 369, 371, 38o, 384, 304, 397» 398, 404t 410, 4>4- Pimenta molhada, 382, 383, 384, 411, 414. Pimentel f Alberto), Amores de Camillo^ 7, 12, i3, i5. — O romance do Romandsta^ 9, i3, i5. Pimentel (Alvaro), contratador, 239. Pina (FernSo de), cronista mór, 175, 176, 181, 182, 3i3, 314. Pina (Isabel de), nlha de FemSo de Pina, 181. 5f4 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Pina (Isabel de), mulher de FernSo Bran- dao, 3o6, 3i3, 3i5. Pitta (JoSo de\ escrìvao do tesoureiro da fazenda da Infanta D. Maria, 27, 37, 38, 40,41. Pina (Rùi de), cronista mór do reino e guarda mór da Torre do Tombo, 3f3, 314. Pina (Rai de)y Cronica del Rei D. Afon- so V, 3i3, 314, 3^. — Cronica del Rei D, JoSo II, 3 1 3, 314, 365, 366, 369. Pina (Simlo de), deserobargador, 173. Pinheiro, popula^So, 275. Pinheiro (Alvaro) 444. Pinheiro (Antonio), prégador del Rei, 43 1. Pinheiro (Gonzalo), deputado e conselhei ro do Santo Ofìcio, 82. Pinheiro (Maria), mulher de Pero de Sou- sa, 444. Pinheiro (D. Rodrigo), bispo de Angra, 461. Pinheiro (D. Rui Uomex), bispo de Angra, inquisiaor, 169, 175. Pinheiro da Veiga (Tome) 461. Pinto (Aires) 426. Pinto (Alvaro), cavaleiro da casa del Rei, io5, 106. Pinto (Domingos Rodrìguez), de Silvella, ó, 20. Pirei (Cristovio), homem da casa da in- fanta D. Beatrìz, duqueza de Sabota, 127, i33. Pirei (Luis) 233. Poco (Cloutim doì, mercador flamengo re- sidente em LisDoa, 333. Podentes, popula^3o« 272. Poetas (£k>is) de apelido Camera, 443 a 439. Polim, 429. Polonia (Cspeciarìas na) 38o. Polvora de Flandres, 33 1, 334, 363, 418, 420, 438. Pombal, populacao. 243. Pomhal (Marques de) 3, 211. Ponte Delgada, 164. Ponte (Conde da), embaizador em Ingla- terra, 225. Ponte (Joio de), mostre da néu dos pesca- dores, 33o^ 33 1, 425, 427. Ponte de Lima, alcaide, 444- — Caderno do assentamento do almoxarifado para i3o8, 444 — Cadeia, 466, 467. — Feira, 33 1. — Mercadores, 33i. >~ Moradores, 426. — Mosteiro, 44^ Ponte de Sòr, 344. Portalegre, recebedor do almoxarifado, 77. — Recebedor dos milh6es, 77. Portalegre (Conde de) 235. Portel: Bensno termo, 69, 70, 72, 73,74,73, i3o, i3i, i52, i53, 1 54,230. — Cavaìanas, 74. — Juiz,70. — Sitios do termo: A de Mem da Amida, 70, 1 53; Amieira de Maura, 72, 73, 74, i5o, i5i, i52, i33; FontedaFi- gueira, 73, 75; Odivelas, 69,70; Pece- nas, 154. Porto : Alcaide mór, 3oo, 3oi, 3o6.—Altno- xarìfe, 296. — Armas para M, 428.— Bi- blioteca publica municipal, 195, iq6.- Bispado, 291. — Bispo, 184, 314.— Casas na rua das Flores, 6. — CidadSo, 3i5.— CirurjiSo, 189.— -Conego da Sé, 3i3,3i4. — Congrega 41 «t 4i4t 433. Prata (fmportacao da) 33o, 378. Prazentins, mercadores, 326. Presas (Tribunaes de) i63, 164. Proan^a (Jacinta Rosa de), vide Eipirìto Santo (Jacinta Rosa do). PU90S, popula^ao, 268. Quadro! (Manuel de), do Conselho geral do Santo Ofìcio, 54. Quartanay (Pano de) 371. Queimado (Vasco), recebedor do tesouro de D. Manuel, i58, quitacSo^ 8a— tesoa- reiro da Casa da India, qoita^lo. So— pagador das rooradias, 160. INDICE ALFABETICO 5i5 Quiftanes (Dr. Juan de)^ El Mante Vesu- vio^ ahora la Montana de Soma^ dedica- do a D. Felipe /V, el Grande^ nuestro senor,. . lap. QninlioneB (Maria de), freira no mosteiro de Nossa Senhora dos Martires, de Sa- cavem, 24, Zi, Raba^al, popula^io, 27 1 Ranjel de Macedo, genealojista, 147, 148, 149, 2o3, 204, 2o3. 2o6f 207t 20S. Ranna, porto da Zeiandia, 383, 884. Raposo (Alvaro), escrivSo de urna caravela de Guiné, iSq. Rapoio (Tome), trinchante das damas da Infanta D. Maria, 3 1. Ras: almofadas, 370. — Bancaes, 356, 370, 43o, 43 1. — Canias, 363, 364,437. — Cos- taneiras, 370. — Coxins, 364, 4Ì7. — Cu- brecamas, 370. — Emparamentos de ca- mas, 370. — Panos de armar, 356, 357, 364, 370, 43o, 43 1, 437. — Reposteiros, 370. — Testeira para cama, 370. Ras de iiguras: ceus para camas, 370. — Guarda- portas, 364, 370, 437. Rates (Estevao Perez de) 23 1. Ranlino, alcaide da Azambuja, 323^ 344. Rebello (JoSo), feitor em Flandres, 406, 407. Rebello da Silva^ Historia de Portugal nos seculos XVII e XVII /^ 407. Reberte (Joqe), mercador, 398, 399. RecardSes, populajao, 272. Redinha, popula^ao, 245. Rego (Martim Femandez do) 229. Reoras (Lopo das), escrìvSo do Armazem de Lisboa, 429. Re^ula^o dave^uena posta, 24. Reimondei (Marta), mulher de Manuel da Fonseca, 32. Reimondei (Martim Perez) 1 5o. Reinaldes (D. Maria) 71. Reinel (Bris) 28. Reinel (Pedro), que faz cartas de roarear, 108. Reinel (Vicente Lopez) 40. Rais (Maximo Jose dos), Capitao mór de Sintra, Sy a 64. RelojioS; i83^ 472. Rem (Lucas), ajente dos Fugger em Lisboa, 398, 399. Resende (Garda de), Cancioneiro geral, 212, 241, 2q5, 296, 297, 298, 299, 3oo, 3oi, 3o2, 3o3, 3o6, 352. — Ida da Infanta D, Beatrisf para Sabota^ 119, 120, x2i, 122, 123, 124, 3 1 3. — Trovas à morte de Inés de Castro^ 3o2.— Vida de D, Joào Ily 365, 366, 367. Reaende Cabrai (Antonio Rufino de), ca- pitao mór de Sintra, 6o. Revista Archeologica^ 33. ReToredo (Antonio de), mo^o da ca^a, 400 Ribadeneira (Francisco Mendez de) 23o. Ribadeneira (Pedro Lopez de) a36, 239. Ribatejo (Quinta no) 348. Ribeiro (Bernardim)^ SaudadeSy ou Me- nina e mogay 128, 294. Ribeiro (Diogo), poliglota, 387. Ribeiro (Diogo Lopez), recebedor dos mi- Ihoes de Portalegre, 77. Ribeiro (Duarte), DOticario da Infanta D. Maria, 3i. Ribeiro (Francisco), livreiro, 101. Ribeiro (J, P.^, Additamentos à Synofsis chronologica de J, A» de Figueiredo^ 336. — DissertagSes chronologicaSy 126, 344, 386, 4o5, 416. Ribeiro (Miguel), escrivSo da matricula da casa da Infanta D. Maria, 28, 285. Ribeiro (Nuno), feitor na Andaiuzia, 79, 392, 393- Ribeiro GuimaràeSy Sumario de varia his- toria^ 242. Ricos homens da córte de D. Afonso III, 23l. Rietstapy Armorial general^ 327. Ri« ( Joane Mendez do) 239. Rio Tinto (Abade de) 3 14. Roberto, tecelao alemSo, 178, 179, 182. Robestson, Histury of Charles the Fifìhy 3o8, 3i 1,366. Rocba (Joao da),despenseiro mór da Infanta n. Maria, 37. Rochella, bolsa de comercio, 3 24, 416. Rodes (Commendas de) 275. Rodrigaei (Antonio), prior de Monsanto, inquisidor, 82. Rodrignes (Antonio), sapateiro da Infanta D. Maria, 32. Rodrignes (Caterina) 235. Rodrignes (Grecorio), moco da estribeira da Infanta D. Maria, 37, 3^, 40. Rodrignes (JoSo), almozarìfe de Evora, r'ta^So, i58. gnes (Licenciado Jorje), inquisidor, 88,90,91,94,98,102. Rodrignes (Luis), livreiro, i83. Rodrignes (Paio), contador mór da cidade de Lisboa, 332, 362, 436, 437. Rodrignes (Roque), prior de Vinhó, 32, 39. Rodrignes (Simao), ca^ador del Rei, 400. Rodriguez de Oliveira (Cristovao)^ Sum- mario e que brevemente se contem algvas cousas (assi ecclesiasticas corno secula- resj qve ha na cidade de Lisboa^ i5, 26, 211, 212, 241. Rodrignez de Vilarinbo (Dr. Paio), mestre em teolojia na Universidade de Coimbra, 470. Rodrigo (Dr. Mestre) 369. Rolam (EstevSo) i5i. 5i§ ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ RoUm de Honra (Antonio) 148. Rolin (Dr, Gustavo), Documents relatifs à rhistaire du commerce des draps dans la féninsule ibériaue au Xlll^ siede, SzS, 34, 326, 33o, 3)1, 332. Roma (Afucar em) 3yS. Rondella, 35j, 430. Rottbio da Gotta (Dr. SimSo), fisico mór de D. Filippe III, 190. Russia (Éspeciarias na) 38o. Sa (Antonio de), do Porto, 106. Sa (Henrique de), alcalde mór do Porto, poeta do CancioneirOy 207, 3oo, 3o6. Sé (Joio de), tesoureiro da Casa da India, 114. Sa (Joio Rodriguez de), alcaide mór do Pòrto, embaixador a Castella em i5i5, 106, 3oo, 3oi, 3o2, 3o6, 307. Sa (Joào Rodrigueìf de)y Quintilhas keral- dtcaSy 295. Sa f Jofje de), medico, 474. Sa (Luis de), escudeiro tidal^o, 1 14. Sa Pereira (Simao de), inquisidor de Lis- boa, 54. Saboia (Duque de), vide Carlos m. Saboia (Duquesa de), vide Beatria (D.), In- fanta, Duquesa de Saboia. Saboia, Embaixador do Duque, 120. — Na- turai do ducado, no. Sabugosa (Conde de), O pa^ de Cintra^ Sacavem, 116. 160. — Igreja, 116. — Mosteiro de N. Sra. dos Marttres,32. — Quinta, 182. Sai em Flandres, 334, 355, 372, 428. Salado (Batalha do) 145. Salasar (Francisco de), biscainho e profes- sor de gramatica, 177. Sala^ar y Castro^ Casa de Lara^ 2o3, 204. — Glorìas de la Casa Farnese, 288. Saldanha (JoSo de), veador da casa da rai- nha D. Maria, 212. Salir do Mato, popula^So, 25 1. Salir do Porto, popula^ao, 25 1. Salva, Boleiim hibliographico espaHoly 200, 201. Salvago (Antonio), mercador genovSs resi- dente em Lisboa, 211. Salsedo (Antonio de), castelhano natura- lisado portugués, 211. Sampaio (Amadis Vaz de), juiz da alfande- ga de Lisboa, 329. Sampaio (Ruy Lopez de) 148, 207. SanÌBemardo (Fr. José de) i, 2, 4, 19, 20. San Loaren^ (Conde de), general do exer- cito do Alemtejo, 191, 192, 193. San Louren^o do Bairro, popula^So, 279. San Martinho, popula^io, 249. San Miguel de Seide (Visconde de) i3. San Tome, Chantre da Sé, 474, 475, — Deao da Sé, 474. Sana^aroy Arcadia, 128. SancheB (Joio) cidadlo do Porto, 294, 3i5, 3 16. Sanchez (Lopo), védor das obras de Gea* ta, 78. Sanchef de Bùena (Visconde dejy ìndke heraldico^ 202,2o3, 2o5, 216. Saneho I (D.), Rei de Portugal, 323, 333| 344. Sande (Crìstovio de), cavaleiro fidalgo, 475. Sande (P Duarte de^y Itinerario da Em- baixada Japone^a a Curia Romanày 147. Sanfìns, morador, 2p5. Sangalhos, popula^ao, 272. Santa Caterina, popula^ao, 25o. Santa Caterina (Fr. Lucas de)y Farga festival que se revrezentou em o sitio de Nassa Senhora do Cabo na occasiào da chegada do sirio de Usboay 462. Santa Maria (Monteiro na terra de) 396. Santarem : Àlca^ova, 23 1. — Alcalde, 337, 23 1. — Alvazis, 227.— Bens, 68, 227, 338, 229, 23o. — Clerigo da Alca^ova, 228.— Contador, 262. — Córte, 23i. — Frcgue- sia de Santa Irla, 68.— Moradores, iia^ Mosteiros: da Piedade, 4; de San Domin- gos, 24, 142, 3i5 ; de Santa Clara, 37.— Popula^ao, 262. — Ribeira, 99^ 109.- Santa Maria da Alca^ova, a3o. — Sitios do ter mo : Almonda, 23o ; Pedrafita, 23o ; Tó- xe, 68, 227, 228, 229, 23o ; Valada, 6S, 228 ; Ventosa, 23o. Santarem f Visconde dejy Quadro elemoh taTy 145, 161, 3o9, 345, 346. Santiago (Frei Jorje de), inquisidor, k^i 107, 111, 114, 169. Santiago de Cacem, moradores, io3. Santo Agoatinlio (Fr. JoSo de) 27. Santo Antonio {Fr, Manuel de)y Thesouro da nobreja das familias gentUicas deste reynoy 140, 141, 142, 144, 285, 38i. Santo Aiitonio (Sebastiana de), freira no Salvador, 3i. Santo Oficio : Alcaide do carcere, 47, 35, 56. — Apontamento dos nomes das pes- soas estranjeiras que vinham residir pa- ra Portugal, 44. — Audienciaa judiciaesi 45, 53. — Cademos das ilenuncia^&es, 45, 81. — Cadernos dos presos, 46, 54— Coo- selho geral, 42, 45,46. 53, 54, 55, 56.— De- putados,82. — Deputaaos do Conseiho ge- ral, io. — Despenseiro, 47, 55.— Edito so- bre OS livros proibidos, 5i. — Espionajcm exercida em volta dos estranjeiros, 44*~~ Lista dos estranfeiros residentes em Por- tugal, 44, 5o. - Lista das pessoas que aga- saiham ou dSo de corner aos estranjeiros residentes em Portugal, 44* 50.— Livros das denuncia^oes, 45, 53, 55, 81.— Livros INDICE ALFABETICO *«7 aspeckes j^ara recontiUa^es, 45. — Li* vros proibidos e suspeitos, ^, 44. — Lo- ?ares na mesa, ^7, 35. — Meinnho, 46, 47, 4, 35.~ Meirmho, seu ordenado, 47, So. — Navios estraa|eiro8 mandados visitar por um familiar, 44. — ^Notano, 43, 43,46» 49, 33, 35, 56, 82. — Oficiaes,43, 46,48, 3o, 3i, 33, 33, 34, 33, 56. — Porteiro, Ì7, 55. — Porteiro da casa do despacho, 33. — Pragmatica nos lof^ares da sala da aa- diencia, 47. — Privilejios, 43. — Promo- tor, 45, 40, 33, 55. — ProvisÒes que com- pletavam o Regimento, 46. — Reconcilia- ^6es, 81 • — Rejisto de tudo quanto de li saisse, 43. — Repertorios, 46, 33.— Secre- tarlo do Consemo Geral, 36.--Solicitado* res, 44, 46, 47, 3o, 33* 469.— Solicitado- res, seu ordenado, 47, 36. — TesteoiuMhas^ 81. — Visitarlo dos navios estranjeiros, 44- Smìo Thomas (Fr. Leao dejy Bénedictìna Lusitana^ 24, 23. Saona (Caraca de) 400, 411, 412. Saraiva (Cardtal)^ Ubras compleias, 307, 3i^, 38o. 397, 401, 404. Sardinha ( Joanna), mo^a da camara da In- fanta D. Maria, e depois freira do con- vento de S. Joio de Setubal, 29, 41, i38, 286. SardiAlia (Jorje), prégador, 101, io3. Sardiaha (Luis) 286. Sardoal, popula^io, 264. Sarjas, ^37, 364, 43o, 437. Sarr&o (Domingos Perez) 68. Sarrea (Gasnar de) 23q. Satnmino (Domingos Martina) 73, 74. Sévedra (Francisco de), mestre em armas^ 473. Saxonia (Duque de) 367. Scherer (Henrique)^ Tabdlce Geographicof^ 217. Sea (Comendador de) 253* Sebaitiio (D.) 42, 48, 3i, 461. Seda (Tecidos de) 336, 430. Segadies, popula^fio, 273. Seguro (Premio de) J33. Seeuro maritimo em Portugal, 334. Selias para baùtos, 337, 430, 43 1. Sem (Dr. Gii do) 3i6. Sem (Joio do), Chanceler mór, 3 16. Sem (Martim do), Chanceler mór do In- fante D. Duarte, 3i5, 3i6, 363. Sem (Pero do), Ouvidor de D. Afonso V e seu Chanceler mór, 3 16. Sem (Pero do), sr. da quinta da torre de Pero do Sem no Porto, 3 16. Sem (Pero Martinz do), cavaleiro, vizinho de Evora, 72, 3 16. Sentii de Barres (Lopo) 23, 143. SepolTeda (Diogo de) 443. Seqnaira (Aoa de), mulher de Afonao ée Figueiredo, 36. Seqnaira (fìaltasar de) 444. Seneira (Gonzalo), tesoureiro mór da Casa de Ceuta, 78, 79. Seqneira (Joao Lopez de) 208» Seoneira (Manoel de), cavaleiro da casa del Rei, io3. SeqiMira (Pero Vaz de), sr. da Torre de Palma, 2o5. Serem, popula^lo, 274. Sergtpe, ferreiro la residente, 461. Serpa ^Alcalde mór de) 206^ Setubal,almoxarile, 160. — Iiv|«iridor e ooa- tador, 473. — Mercador, ^3. — \ ' 94, io3, 106, 172, 173, i76,47a--Moecako de S. J080, ^ i38, 286. — ^Nttvipa» ié3«^ Pintor, 473.— TabeUio ^73. Severim de Faria^ NcOcms de PcriugaU 142, 162, i63, ao2, 212. Sevilha, 90, 104.— Frete das naoa para là carregadas, 3a4^ 416. SigUenca (Bispo eie) 3 18. Silva (Aires Gomez da), Re)cdor da ins- tila da Casa do Civel de Lisboa, 35o, 331,333,427,429. Silva (Dr. Custodio Manuel da) 2, 1^ Silva (Inocencio Francése^ daj^ "^ rio bibliographico^ 147, 186. Silra (Joio da), Rejedor da Casa da Su- plicacSo, 48, 278. Wva (D. Leonor da) 238. Silva (D. Miguel da), bispo de Viseu, 221, 223. Silva (Sebastiana da), freira no Salvador, 3i. Silva de Menetea (Luis da), capitio de Tan- jer, 294, 298, 402. Silva Pereira ^Frederico Guilherme da), juiz da Re]a Os ciganos em Portugal no sec. XVI e XVII^ 460. > Defesa da navegofoo de Portugal contra os Francéses, em j552y 161. > Livro de D. Joao de Portel. Continua^ao, 66, i5o, 227. Baifio (Antonio) — A Inquisì f So em Portugal e no Brasil. Subsidios para a sua historia. Continua^ao, 42, 81, 169, 469. Braamoamp Freire (A.) — Cartas deauitafSo del Rei u. Manuel. Con- tinua^ao, 70, i55. > Maria Brandoa^ a do Crisfal^ 293. Gap. L OsBrand6espoetasdo Cancioneiro^^S. Gap. IL A feitoria de Flandres^ 822. > Outro capitulo dasjinangas manuelinas^ os Cader- nos dos AssentamentoSy 233, 443. » PovoafSo da Estremadura no XVIseculOy 241. Figueiredo da Guerra (L. de) — Um diploma secreto^ 225. Gtomes de Brito — As tengas testamentarias da Infanta D. Maria. Gonti- nuagao, 21, i38, 202, 285. Scasa Viterbo — Dois poetas de apelido Camara. Ainda o poeta Suca- re//o,445. » O dote de D. Beatri\ de Portugal^ Duque\a de Saboia^ 1 1 8. > Maximo José dos RioSjO ultimo Capitdomórde Cintra^S']. > Tres medicos poetaSy i86. LIVROS E FOLHETOS OFERECIDOS AzBRKDO LcME PiNTO E Mello (Alvaro de), Cs meus parentes. Arvores de geraqcto" Lisboa, ipo8. EdifSo de loo exemplares, exemplar n.* 74. Barata (A. FC), Illumtnuras iitterarias ouCentóes epigraphicos diversos sobre oisunt' ptos moraes e sociaes recolhidos por A. F. B. Evora, 1907. O BrasU. Suas riquezas naturaes, Suas industrias, Volutne I — IntroducgSo — InduS' tria exiractiva. Rio de Janeiro, 1907. Publica^So do Centro Industriai do BrasiU Oferta do sr. Capristanode Abreu que naquelle voi. escreveu as interessantes ATo- gSes de Historia do BrasU aSé 1800. Brion (Hypacio de), A India portuguésa, Conferencia fetta em 16 de marqo de igo8. Lisboa, 1Q08. Oferta da Socieoade de Geografìa de Lisboa. Bruno (José Pereira de Sampaio), A Dictaduray subsidios moraes para seujuijo critico. Porto, 1909. Bruno (José Pereira de Sampaio), Do livro da •Arte de Furtar^ e de seu verdadeiro auctor» Separata dos «Trabalhos da Academia de Sciencias de Portugal». Lisboa, 1908. Bruno (José Pereira de Sampaio), Portuenses illustreSy III voi. Porto, looS. Bulletin of the John Rylands Library ^ edited by the Ubrarian, VoL L Aprila igo3. Octo- beTj igo8, Manchester, igo8. Oferta do sr. Edgar Prestage. Cabrxira (Antonioì, Um additamento ao Jnstituto^ revista scientifica e litteraria, Volw me 54.^ Coimbra^ '907 * Lisboa, 1908. Carta de el^rei D. Manoel para ojui^^ vereadores e procurador da villa d'Elvas^ dando parte da tomada do reino de Ormuf. Coimbra, impr. da Universidade, 1908. Edilio do sr. Eugenio do Canto, de 60 exemplares para ofertas. Caria de e/* rei D Manoel para osjuv^esy vereadores^ etc.y da cidade do Porto^ ordenando para se fa^er urna procUssao solemne em acqào de gra^as pelas victorias havidas so- ibre o rei de Calecut, 8 de Julho de i5o5, — Carta de el-rei D. Manoel aosjuijes e vereadores de Elvas para solemni^arem as victorias havidas na India. 26 de Maio de i5o6. Reproducao foto^rafìca das duas cartas e sua transcri^So impressa. Lisboa, impr. nac, 1900. Edi^ao do sr. Eugenio do Canto, de 60 exemplares para ofertas. Costa (JoSo Carlos da), Arique^a petrolifera de Angola. Communicafao fetta emsessao de So de marco de igo8. Lisboa, 1908. Oferta da Sociedade de Geografia de Lisboa. Costa Fbrrbira (A. Aurelio da)^ Algumas consideracóes sobre uns retratos historieos de D. Manuel I e de D. Joao HI. Separata dos «Trabalhos da Academia de Sciencias. de Portugal». Lisboa, 1008. Costa Fxrreira (A. Aurelio aa), Sobre um retrato anthropometrico do poeta Jo^o de Deus Separata dos «Trabalhos da Academia de Sciencias de Portu^al». Lisboa, ii)o8. EspRKGUEiRA (Manuel Afonso de), lÀsta civil eioias da Corda. Dtscurso prof erido na Ca* mora dos Senhores Deputados na sessào de 14 de julho de 1^08. Lisboa, 1908. Ferrbira Borjes (Joaquim), Annuario dos servigos florestaes fi^3'igo4). Nono anno. Lisboa, impr. nac, i907. Figueireoo da Guerra (L. de), Exvosifao de Arte Ornamentai do districto de Vianna em agosto e setembro de j8q6^ em beneficio das obras do Monte de Santa Lupa. Phototy- ptas da Casa E. Biel é C.* Catalogo descriptivo. Viana do Castello, 1898. Figubiredo da Guerra (L. del Manuaì do brasao. Viana, 1901. FuscHiNi (Augusto), Ensaios aa historia da Arte. A arehitectura religiosa na Edade -mèdia» Lisboa, impr. nac, 1904. Oferta da Comissao dos Monumentos Nacionaes. 526 ARCHIVO HISTORICO PORTUGUEZ Gago (iacinto), Os que voltami Lisboa, 1908. GuiMARAES (Delfìm), Ares do Minho. Lisboa, 1908. GuiMARÀES (Delfìm), Bernardini Riheiro (o Poeta CrisfalJ. Lisboa, 1908. GuDiARAES (Delfìm), Juramento sagrado. Comedia num actOy em verso. Lisboa, igoi. GuiMARAES (Delfìm), Outonaes. Lisboa, s. d. GuniARAEs (Delfìm), Trovas de Crisfcd de Bemardim Riheiro. Lisboa, 1908. Exemplar da editilo especial de 12 que nao entraram no mercado. GuiMARAES (Delfìm) e Camara(Joìo da), Aldeia na Córte, Drama em 3 aetos, Lisboa, s.d. The John Rylands Library Manchester: Catalogne of an exhibition of originai editkms of the principal works of John Milton, Arrangea in celebration o/the tercentenary ofhis birth, Manchester, 1908. Oferta do sr. Edgar Prestage. LouREiRO (Adolpho), Porto de LeixÒes. Projecto do melhoramento do porto de abrigo e criaqào de um porto commercial annexo elaborado pelos engenheiros Adolpho lou* reiro e Antonio dos Santos Viegas. PublicagSo mandadafa^er pelo Conselko de Ai- ministralo das Docas do Porto e Caminhos de Ferro Peninsulares. Lisboa, impr. nac, 190Ì8. Machado (Bernardino), Da monarchia para a republica. 1883- igaS. Coimbra 1905. Marqubs thmz (Francisco), Prìor de Sacavem, Discurso gratulatorio recitado na Sé Po- triarchal de Lisboa no dia /." de deifembro de ìgoj, Lisboa, 1908. Marques Gomes, Centenario da guerra peninsulare iSoS-i^, Contribui^ào da Camara Municipal de Aveiro para a sua historia. Notas e documentos. Aveiro, 1908. Mathews (Thomas), TAtf G'Neills of Ulster, their history and genealogy.. . With Ulus- trations, some notices of the Northern Septs; and an Introduction by Francis Jostf . ^Igg^^' • • Dublim, 1907, tres vois. Oferta do sr. Jorje 0*Neill. Miranda do Valle (José), Bovideos portugueffes. Subsidiopara o estudo da Pecuarìa Na» donala com 47 gravuras intercaladas no texto. Lisboa, 1Q07. Miranda do Valle ^osé), Infiuencia do Herd'Books no aporfeigoamento das ra^as hwi' nas. Conferencia- realisada a a3 de margo de igo8 na Aeal Associalo da Agricvi- tura Portugue^a, Lisboa, 1908. Miranda do Valle (José), Notes sur Panesthésie des animaux domestiques. Separata de la «Revista de Medecina Veterinaria». Lisboa, 1907. Miranda do Valle (José), Urna rèplica. Resposta à critica feita pelo sr. Jo&o Tiemoao livro uBovideos portugue^es,T» Separata da «Revista agronomica». Lisboa, 1908. MoROTE (Luis), De la Dict adura à la Republica, Valencia, s. d. (1908). OsoRio DB Castro (Alberto), A cin^a dos myrtos* Poemas. Nova óoa^ 1^06. Ex. n.* 140. Paula Nogueira (J. V.), A festa escolar da arvore. Conferencia pro/ertda na cidadeit Setubal em 22 do dezembro de /por. Lisboa, 1908. Peragaixo (Prosoero), Cenni intomo alla colonia italiana in. Portogallo nei secoli X/r, XV e XVI. Nueva edizione notevolmente aumentata. Genova, 1907. PicoTAs Falcào, Da evolugào dos estylos e dos Methodos na pintura expressiva e mi artes decorativas. Lisboa, 1906. PicoTAs Falcào, O Municipio de Lisboa e as casas da sua Camara. Lisboa, 1902* Relacion de la iomada expognacion^ y conquista de la Isla Terceray y las demos òr* cunue^inas^ que hi^o don Alvaro de Bagan^ Marques de Santacruif, Comendador mayor de Leon, y Capitan general de su Magestad: Y de los enemièos que aula en la dicha Isla^r de losfuertes^ artilleria^y municiones^y armada FrancesayPv- tuguesa: y del sitio y dispusicion de la cxudad de Angra^y Viilasy Lugares de» contorno^ y de los moradores dellas^y castigos que se hiperon en ellos. Rcprodu^o imitando o orìjinal, por o méu estado delle n§o permitir fotografa r-se, deste estre- mamente raro opusculo existente na Bodley's Library da Umversidade de Oxford. Lisboa, impr. nac. 1908. Edi^So do sr. Eugenio do Canto, de 60 exemplares para ofertas. Ressano Garqa (Frederico), A Lista civil. Discursos nas sessSes de 2g dejulho e de 3 e 22 de agosto de igo8. Lisboa, impr. nac, 1909. Ribbiro (Victor), -4 j/riic/a5. Guia pratico da industria e commercio dasfruetas. Lisboa, 1908. Sabugosa (Conde de), Embrechados, Lisboa, 1907. SousA E Faro (Conde de), A Bha de S. Thomé e a Ro^ Agua-I^é, Lisboa, 1908. SousA Viterbo, A armaria em Portugal, Noticia documentada dos fabricantes de armas brancas que exerceram a sua profissao em Portugal. Memoria apresentada à Aca- demia Real das Sciencias de Lisboa. Extracto da «Hist. e Mem. da Acad.» pelo autor dedicado ao director do «Arch. hist. port.». j LIVROS E FOLHETOS OFERECIDOS Saj SousA Viterbo, Artes e industrias metallicas em Portugal. Serrcdheiros e ferreiros. Separata do «Jnstituto». Coimbra, 1908. SousA ViTKRBO, Ajoràmagem em Portugal, Apontamentos para a sua historia. Separata do «Instìtuto». Coimbra, iqqS. SousA VmRBO, Fr, JoSo das Chagas ou Frey Juan de las lÀagas. Separata do «Insti- tuto». Coimbra, 1908. SousA Viterbo, Musicos do appelido Palacios. Separata da «Arte musical». Lisboa, 1908. SousA Viterbo, Tangedores da Capella ReaL Separata da «Arte musical». Lisboa, 1907. Tbllbs (Ricardo Michael), Apontamentos para a historia archeologica dos Reis^magoSy s. L 1908. Vecchi (Prof. Emilio Augusto), Antonio Cabreira, Noticia succinta da sua vida e obras, Lisboa, X907. Oferta do sr. Antonio Cabreira. Xavier da Cunha, Impressóes Deslandesianas. Diyagagdes bibliographicas, Lisboa, impr. nac, 18^5, dois vols. Oferta do sr. conselheiro venancio Deslandes. Xavier da Cunba, Quem era Pedro Nolasco de Seixas. Tragos biographicos, Coimbra, impr. da Universidade, 1908. CORREgÒES Paj. 33 linha « 144 » » 147 « » 202 » » 205 » 1» 210 » n 2l5 » » 210 » 235 » » » 292 » >» 307 « » 321 » » 322 » • » H u » » M » » » » » » 342 » 3I? : » 414 » 1» 4i5 » » 417 » » 419 » » 436 » 1» 441 » 36 Archìvos 3 aos sogros deste 5i Sixto IV IO das familias de Hespanha 36 das inexactid6es 25 do PoSma 46 Doo. Ili 2 Acinja-mo-nos 24 D. Fedro [de Castro] fo em que, aquelle o daquelle anno 27 p. 06 20 Lisboa (2) 3i Sé (3) 33(1) 34 W 35 J3) 46 XVJéme 6 l521 47 sczopopre 47 renda 40 Serrietas 4 25 de mar^o 47 on 27 uos 58 p. 106, do rajisto leia-se Architedos » aos sogros do alcaide mór » Gregorio XIII » das familias nobres de Hi » das diversas inexactidóes » ao Po8ma » Dee. Ili » Acinjamo-nos » [D. Pedro] de Castro « em que aquelle » do precedente anno » p. 56 » Lisboa (i) Sé (2) nota tire^se està leia-se > i VlJéme l520 scypper venda Servietas 26 de roar^o ou nos p. 106, tìrada do reìisto HM DO SEXTO VOLUME i 3 2044 048 711 667 ^